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Assédio Moral e Sexual

O que é?
Como se defender?
Assédio sexual X moral
Assédio moral e sexual
Embora os dois tipos de assédio sejam mais
comuns do que imaginamos – e ambos
indesejados –, o assédio sexual é mais
“explícito” do que o moral.
O assédio moral, muitas vezes, é mais difícil de
ser comprovado do que o sexual, por
apresentar mais nuances e disfarces.
Há que ter bom senso e cuidado para não
cometermos e nem sermos vítimas de um ou
de outro.
ASSÉDIO MORAL
O que é assédio moral?

Assédio moral ou violência moral no


trabalho não é um fenômeno novo. Pode-se
dizer que ele é tão antigo quanto o trabalho.
A novidade reside na intensificação,
gravidade, amplitude e banalização do
fenômeno e na abordagem que tenta
estabelecer o nexo-causal com a organização
do trabalho e tratá-lo como não inerente ao
trabalho.
O que é assédio moral?

A reflexão e o debate sobre o tema são


recentes no Brasil, tendo ganhado força após
a divulgação da pesquisa brasileira realizada
por Dra. Margarida Barreto.
Tema da sua dissertação de Mestrado em
Psicologia Social, foi defendida em 22 de
maio de 2000 na PUC/ SP, sob o título "Uma
jornada de humilhações“.
O que é assédio moral?

A primeira matéria sobre a pesquisa


brasileira saiu na Folha de São Paulo, no dia
25 de novembro de 2000, na coluna de
Mônica Bérgamo. Desde então o tema tem
tido presença constante nos jornais, revistas,
rádio e televisão, em todo país.
O assunto vem sendo discutido amplamente
pela sociedade, em particular no movimento
sindical e no âmbito do legislativo.
O que é assédio moral?
Em agosto do mesmo ano, foi
publicado no Brasil o livro de Marie
France Hirigoyen "Harcèlement
Moral: la violence perverse au
quotidien".
O livro foi traduzido pela Editora
Bertrand Brasil, com o título
“Assédio moral: a violência perversa
no cotidiano”.
Há leis a respeito?
Atualmente existem mais de 80 projetos de lei em
diferentes municípios do país.
Vários projetos já foram aprovados e, entre eles,
destacamos: São Paulo, Natal, Guarulhos,
Iracemápolis, Bauru, Jaboticabal, Cascavel,
Sidrolândia, Reserva do Iguaçu, Guararema,
Campinas, entre outros.
No âmbito estadual, o Rio de Janeiro, que, desde
maio de 2002, condena esta prática.
Existem projetos em tramitação nos estados de São
Paulo, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Paraná,
Bahia, entre outros.
No âmbito federal, há propostas de alteração do
Código Penal e outros projetos de lei.
Há leis a respeito?
A Constituição Federal em seu artigo 196 diz
textualmente:
Art. 196 - A saúde é direito de todos e dever do
Estado, garantido mediante políticas sociais e
econômicas que visem ‘a redução do risco de doença
e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário
as ações e serviços para a sua promoção, proteção e
recuperação’.
A Carta Magna também em seu artigo 200 fala sobre a
saúde do trabalhador da seguinte forma:
Art. 200 – Ao sistema único de saúde compete, além
de outras atribuições nos termos da lei.
[...]II – Executar as ações sanitárias e epidemiológicas,
bem como as da saúde do trabalhador.
Há leis a respeito?
O Código Civil Brasileiro, por sua vez afirma o
seguinte respectivamente em seus artigos 186 e
187, sobre dano moral e material:

Art. 186 – Aquele que, por ação ou omissão


voluntária, negligência ou imprudência, violar
direito e causar dano a outrem, ainda que
exclusivamente moral, comete ato ilícito.

Art. 187 – Também comete ato ilícito o titular de um


direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os
limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Há leis a respeito?
A Constituição Federal Brasileira também reza em seu
artigo 1º como seu fundamento entre outras
considerações a dignidade da pessoa humana, assim de
maneira expressa:
Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela
união indissolúvel dos Estados, dos Municípios e do
Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de
Direito e tem como fundamentos:
[...] III – A dignidade da pessoa humana.
O Código Civil Brasileiro reza por sua vez que:
Art.43 – As pessoas jurídicas de direito público interno
são civilmente responsáveis por atos de seus agentes
que nessa qualidade causem danos a terceiros,
ressalvado direito regressivo contra os causadores do
dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo.
Há leis a respeito?
De acordo ainda com a Constituição Federal em seu
artigo 5º, inciso X, está assegurada a reparação a
ofensa ao patrimônio moral da pessoa:
X – São invioláveis a intimidade, a vida privada, a
honra e a imagem das pessoas, assegurado a
indenização pelo dano material e moral decorrente de
sua violação.
Ainda segundo o Código Civil Brasileiro em seu artigo
927, está previsto o dano moral e material ao
assediado agredido pelo assediador, seja ele o dono
da empresa, o seu chefe ou superior hierárquico que
lhe causou assédio moral assim descriminado:
Art. 927 – Aquele que, por ato ilícito [arts. 186 e 187],
causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Há leis a respeito?
Há, também, na Consolidação das Leis do Trabalho
um artigo que obriga o dono da empresa a mantê-la
funcionando de maneira que se respeitem os
direitos dos trabalhadores em relação a sua
integridade física e moral, sendo ele o principal
responsável pelo que vier a ocorrer na referida
repartição. Afirma textualmente o Artigo 483 da
Consolidação das Leis do Trabalho [CLT]:
Art. 483 - O empregado poderá considerar
rescindido o contrato e pleitear a devida
indenização quando:
a) forem exigidos serviços superiores às suas
forças, defesos por lei, contrários aos bons
costumes, ou alheios ao contrato;
Há leis a respeito?
b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores
hierárquicos com rigor excessivo;
c) correr perigo manifesto de mal considerável; 
d) não cumprir o empregador as obrigações do
contrato;
e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele
ou pessoas de sua família, ato lesivo da honra e boa
fama;
f) o empregador ou seus prepostos ofenderem-no
fisicamente, salvo em caso de legítima defesa, própria
ou de outrem;
g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este
por peça ou tarefa, de forma a afetar sensivelmente a
importância dos salários.
Há leis a respeito?
No Brasil o Assédio Moral, só existe legislação punitiva
na esfera legislativa de alguns municípios brasileiros e
em três estados da federação: São Paulo, Rio de
Janeiro e Pernambuco, existindo projetos de lei em
tramitação em outros estados e outros no Congresso
Nacional acrescentando um artigo a Lei que
regulamenta os direitos e deveres dos servidores
federais, conhecida como Regime Jurídico Único dos
Servidores Públicos Federais, relatados abaixo:
O projeto de lei 4591/2001 que acrescenta ao art. 117
do Regime Jurídico Único – Lei 8112/90 (estatuto dos
servidores federais), conduta punitiva de quem
assedia moralmente inferior hierárquico define o
assédio moral assim: 
Há leis a respeito?
"§ 1º Para fins do disposto neste artigo considera-se
assédio moral todo tipo de ação, gesto ou palavra
que atinja, pela repetição, a autoestima e a
segurança de um indivíduo, fazendo-o duvidar de si
e de sua competência, implicando em dano ao
ambiente de trabalho, à evolução profissional ou à
estabilidade física, emocional e funcional do
servidor incluindo, dentre outras: marcar tarefas
com prazos impossíveis; passar alguém de uma área
de responsabilidade para funções triviais; tomar
crédito de ideias de outros; ignorar ou excluir um
servidor só se dirigindo a ele através de
terceiros;
Há leis a respeito?
sonegar informações necessárias à elaboração de
trabalhos de forma insistente; espalhar rumores
maliciosos; criticar com persistência; segregar
fisicamente o servidor, confinando-o em local
inadequado, isolado ou insalubre; subestimar
esforços".
Em relação ao Código Penal Brasileiro, já existe um
artigo punindo tal prática, o artigo 146-A,
constituindo crime a prática de assédio moral nas
dependências de repartições federais, estaduais,
municipais, empresas públicas, autarquias, e
fundações, inclusive abrangendo os Três Poderes da
União.
Há leis a respeito?
A Lei nº 13.467, de 13 de julho de 2017, que altera a
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT) – a
famigerada “reforma trabalhista” –, entra em vigor
no mês de novembro. O artigo 223-B da norma
determina que "causa dano de natureza
extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda a
esfera moral ou existencial da pessoa física ou
jurídica, as quais são as titulares exclusivas do
direito à reparação“.
A redação do artigo da Lei nº 13.467 não é tão clara
e poderia dar margem para interpretação. O
problema é quem seriam esses titulares do direito:
apenas o trabalhador ou os autores da ação, no caso
os herdeiros?
Há leis a respeito?
A advogada trabalhista Daniela Yuassa, do escritório
Stocche Forbes Advogados, também concorda que o
texto ainda pode trazer as mais diversas
interpretações. "O texto apenas diz que é direito
exclusivo do titular. Não está excluindo de forma
explícita o espólio. Ainda existe margem para
discussão", afirma.
Todo esse capítulo da lei que trata do dano
extrapatrimonial e de sua precificação, segundo a
advogada, traz previsões polêmicas, que podem ainda
ser alteradas por medidas provisórias pelo governo
federal. Sem ajustes no texto, acrescenta, deverão
gerar controvérsias no Judiciário. "Tudo isso deve ser
ainda muito questionado daqui para frente", diz
Daniela.
O que é humilhação?
Conceito: 
• É um sentimento de ser ofendido/a,
menosprezado/a, vexado/a, rebaixado/a,
inferiorizado/a, ultrajado/a, submetido/a,
constrangido/a pelo outro/a. É sentir-se
um ninguém, sem valor, inútil.
Magoado/a, revoltado/a, perturbado/a,
mortificado/a, traído/a, envergonhado/a,
indignado/a e com raiva.
• A humilhação causa dor, tristeza e
sofrimento.
O que é assédio moral no
trabalho?
É a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras
a situações humilhantes, repetitivas,
constrangedoras e prolongadas durante a
jornada de trabalho e no exercício de suas
funções, sendo mais comuns em relações
hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que
predominam condutas negativas, relações
desumanas e aéticas de longa duração, de um
ou mais chefes dirigida a um ou mais
subordinado(s), desestabilizando a relação da
vítima com o ambiente de trabalho e a
organização, forçando-o a desistir do emprego.
O que é assédio moral no
trabalho?

Caracteriza-se pela degradação deliberada


das condições de trabalho em que
prevalecem atitudes e condutas negativas
dos chefes em relação a seus subordinados,
constituindo uma experiência subjetiva que
acarreta prejuízos práticos e emocionais para
o trabalhador e a organização. A vítima
escolhida é isolada do grupo sem
explicações, passando a ser hostilizada,
ridicularizada, inferiorizada, culpabilizada e
desacreditada diante dos pares.
O que é assédio moral no
trabalho?
Estes, por medo do desemprego e a
vergonha de serem também humilhados
associado ao estímulo constante à
competitividade, rompem os laços afetivos
com a vítima e, frequentemente,
reproduzem e reatualizam ações e atos do
agressor no ambiente de trabalho,
instaurando o ’pacto da tolerância e do
silêncio’ no coletivo, enquanto a vitima vai
gradativamente se desestabilizando e
fragilizando, ’perdendo’ sua autoestima.
O que é assédio moral no
trabalho?
A caracterização do assédio moral
pressupõe:
repetição sistemática;
intencionalidade (forçar o outro a abrir
mão do emprego);
direcionalidade (uma pessoa do grupo é
escolhida como bode expiatório);
temporalidade (durante a jornada, por dias
e meses);
degradação deliberada das condições de
trabalho.
O assédio moral no mundo
A violência moral no trabalho constitui um fenômeno
internacional segundo levantamento recente da
Organização Internacional do Trabalho (OIT) com
diversos paises desenvolvidos. A pesquisa aponta
para distúrbios da saúde mental relacionado com as
condições de trabalho em países como Finlândia,
Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos.
As perspectivas são sombrias para as duas próximas
décadas, pois segundo a OIT e Organização Mundial
da Saúde, estas serão as décadas do “mal estar na
globalização”, onde predominará depressões,
angustias e outros danos psíquicos, relacionados
com as novas políticas de gestão na organização de
trabalho e que estão vinculadas às políticas
neoliberais.
Estratégias do agressor
Escolher a vítima e isolar do grupo.
Impedir de se expressar e não explicar o
porquê.
Fragilizar, ridicularizar, inferiorizar,
menosprezar em frente aos pares.
Culpabilizar/responsabilizar publicamente,
podendo os comentários de sua
incapacidade invadir, inclusive, o espaço
familiar.
Estratégias do agressor
Desestabilizar a vítima emocional e
profissionalmente.
A vítima gradativamente vai perdendo
simultaneamente sua autoconfiança e o
interesse pelo trabalho.
Destruir a vítima (desencadeamento ou
agravamento de doenças pré-existentes).
A destruição da vítima engloba vigilância
acentuada e constante.
Estratégias do agressor
A vítima se isola da família e amigos,
passando muitas vezes a usar drogas,
principalmente o álcool.
Livrar-se da vítima que são forçados/as a
pedir demissão ou são demitidos/as,
frequentemente, por insubordinação.
Impor ao coletivo sua autoridade para
aumentar a produtividade.
Como são realizados
os atos de assédio moral

gestos,
condutas abusivas e constrangedoras,
 humilhar repetidamente,
inferiorizar,
amedrontar,
menosprezar ou desprezar,
ironizar,
difamar,
ridicularizar,
não explicar a causa da perseguição,
Como são realizados
os atos de assédio moral

risinhos,
suspiros,
piadas jocosas relacionadas ao sexo,
ser indiferente à presença do/a outro/a,
 estigmatizar os/as adoecidos/as pelo e
para o trabalho,
colocá-los/as em situações vexatórias,
falar baixinho acerca da pessoa,
olhar e não ver ou ignorar sua presença,
difamar,
Como são realizados
os atos de assédio moral

rir daquele/a que apresenta dificuldades,


 não cumprimentar,
sugerir que peçam demissão,
dar tarefas sem sentido ou que jamais
serão utilizadas ou mesmo irão para o lixo,
dar tarefas através de terceiros ou colocar
em sua mesa sem avisar,
controlar o tempo de idas ao banheiro,
 tornar público algo íntimo do/a
subordinado/a.
As manifestações do assédio segundo o sexo

Com as mulheres: os controles são


diversificados e visam intimidar, submeter,
proibir a fala, interditar a fisiologia,
controlando tempo e frequência de
permanência nos banheiros. Relaciona
atestados médicos e faltas a suspensão de
cestas básicas ou promoções.
Com os homens: atingem competência e a
virilidade, preferencialmente.
Frases discriminatórias frequentemente utilizadas pelo agressor

Você é mesmo difícil... Não consegue aprender as


coisas mais simples! Até uma criança faz isso... e só
você não consegue!
É melhor você desistir! É muito difícil e isso é pra
quem tem garra!! Não é para gente como você!
Não quer trabalhar... fique em casa! Lugar de
doente é em casa! Quer ficar folgando...
descansando.... de férias pra dormir até mais
tarde....
A empresa não é lugar para doente. Aqui você só
atrapalha!
Frases discriminatórias frequentemente utilizadas pelo agressor

Se você não quer trabalhar... por que não dá o


lugar pra outro?
Teu filho vai colocar comida em sua casa? Não
pode sair! Escolha: ou trabalho ou toma conta do
filho!
Lugar de doente é no hospital... Aqui é pra
trabalhar.
Ou você trabalha ou você vai a médico. É pegar ou
largar... não preciso de funcionário indeciso como
você!
Pessoas como você... Está cheio aí fora!
Frases discriminatórias frequentemente utilizadas pelo agressor

Você é mole... frouxo... Se você não tem


capacidade para trabalhar... Então porque não fica
em casa? Vá pra casa lavar roupa!
Não posso ficar com você! A empresa precisa de
quem dá produção! E você só atrapalha!
Reconheço que foi acidente... mas você tem de
continuar trabalhando! Você não pode ir a médico!
O que interessa é a produção!
É melhor você pedir demissão... Você está
doente... está indo muito a médicos!
Frases discriminatórias frequentemente utilizadas pelo agressor

Para que você foi a médico? Que frescura é essa?


Tá com frescura? Se quiser ir pra casa de dia... tem
de trabalhar à noite!
Se não pode pegar peso... dizem piadinhas "Ah...
tá muito bom para você! Trabalhar até às duas e ir
para casa. Eu também quero essa doença!"
Não existe lugar aqui pra quem não quer
trabalhar!
Se você ficar pedindo saída eu vou ter de transferir
você de empresa... de posto de trabalho... de
horário...
Frases discriminatórias frequentemente utilizadas pelo agressor

Seu trabalho é ótimo, maravilhoso... mas a


empresa neste momento não precisa de você!
Como você pode ter um currículo tão extenso e
não consegue fazer essa coisa tão simples?
Você me enganou com seu currículo... Não sabe
fazer metade do que colocou no papel.
Vou ter de arranjar alguém que tenha uma
memória boa, pra trabalhar comigo, porque você...
Esquece tudo!
Frases discriminatórias frequentemente utilizadas pelo agressor

A empresa não precisa de incompetente igual a


você!
Ela faz confusão com tudo...
É muito encrenqueira! É histérica! É mal casada!
Não dormiu bem... é falta de ferro!
Vamos ver que brigou com o marido!
Danos da humilhação à saúde
A humilhação constitui um risco invisível, porém
concreto nas relações de trabalho e a saúde dos
trabalhadores e trabalhadoras, revelando uma das
formas mais poderosa de violência sutil nas relações
organizacionais, sendo mais frequente com as
mulheres e adoecidos.
Sua reposição se realiza ’invisivelmente’ nas práticas
perversas e arrogantes das relações autoritárias na
empresa e sociedade.
A humilhação repetitiva e prolongada tornou-se
prática costumeira no interior das empresas, onde
predomina o menosprezo e indiferença pelo
sofrimento dos trabalhadores/as, que mesmo
adoecidos/as, continuam trabalhando.
Danos da humilhação à saúde
Frequentemente os trabalhadores/as adoecidos são
responsabilizados/as pela queda da produção,
acidentes e doenças, desqualificação profissional,
demissão e consequente desemprego.
São atitudes como estas que reforçam o medo
individual ao mesmo tempo em que aumenta a
submissão coletiva construída e alicerçada no medo.
Por medo, passam a produzir acima de suas forças,
ocultando suas queixas e evitando,
simultaneamente, serem humilhados/as e
demitidos/as.
Danos da humilhação à saúde

As emoções são constitutivas de nosso ser,


independente do sexo.
Entretanto a manifestação dos sentimentos e
emoções nas situações de humilhação e
constrangimentos são diferenciadas segundo o sexo.
As mulheres são mais humilhadas e expressam sua
indignação com choro, tristeza, ressentimentos e
mágoas, estranhando o ambiente ao qual
identificavam como seu.
Danos da humilhação à saúde
Os homens sentem-se revoltados, indignados,
desonrados, com raiva, traídos e têm vontade de
vingar-se.
Sentem-se envergonhados diante da mulher e dos
filhos, sobressaindo o sentimento de inutilidade,
fracasso e baixa autoestima.
Isolam-se da família, evitam contar o acontecido aos
amigos, passando a vivenciar sentimentos de
irritabilidade, vazio, revolta e fracasso.
Danos da humilhação à saúde

Mas ambos passam a conviver com depressão,


palpitações, tremores, distúrbios do sono,
hipertensão, distúrbios digestivos, dores
generalizadas, alteração da libido e pensamentos ou
tentativas de suicídios que configuram um cotidiano
sofrido.
É este sofrimento imposto nas relações de trabalho
que revela o adoecer, pois o que adoece as pessoas
é viver uma vida que não desejam, não escolheram
e não suportam.
Consequências do Assédio Moral à Saúde

Sintomas Mulheres Homens


Crises de choro 100 -
Dores generalizadas 80 80
Palpitações, tremores 80 40
Sentimento de inutilidade 72 40
Insônia ou sonolência excessiva 69,6 63,6
Depressão 60 70
Diminuição da libido 60 15
Sede de vingança 50 100
Aumento da pressão arterial 40 51,6
Consequências do Assédio Moral à Saúde

Sintomas Mulheres Homens


Dor de cabeça 40 33,2
Distúrbios digestivos 40 15
Tonturas 22,3 3,2
Idéia de suicídio 16,2 100
Falta de apetite 13,6 2,1
Falta de ar 10 30
Passa a beber 5 63
Tentativa de suicídio - 18,3
Fonte: BARRETO, M. Uma jornada de humilhações. São Paulo:
Fapesp; PUC, 2000.
Como comprovar o assédio
moral?

Segundo Resolução 1488/98 do Conselho Federal de


Medicina, "para o estabelecimento do nexo causal
entre os transtornos de saúde e as atividades do
trabalhador, além do exame clínico (físico e mental)
e dos exames complementares, quando necessários,
deve o médico considerar:
A história clínica e ocupacional, decisiva em
qualquer diagnóstico e/ou investigação de nexo
causal;
O estudo do local de trabalho;
O estudo da organização do trabalho;
Os dados epidemiológicos;
Como comprovar o assédio
moral?
A literatura atualizada;
A ocorrência de quadro clínico ou subclínico em
trabalhador exposto a condições agressivas;
A identificação de riscos físicos, químicos,
biológicos, mecânicos, estressantes, e outros;
O depoimento e a experiência dos trabalhadores;
Os conhecimentos e as práticas de outras
disciplinas e de seus profissionais, sejam ou não da
área de saúde." (Artigo 2o da Resolução CFM
1488/98);
Duração e repetitividade da exposição dos
trabalhadores a situações de humilhação.
O que a vítima deve fazer?
Resistir: anotar com detalhes toda as humilhações
sofridas (dia, mês, ano, hora, local ou setor, nome
do agressor, colegas que testemunharam, conteúdo
da conversa e o que mais você achar necessário).
Dar visibilidade, procurando a ajuda dos colegas,
principalmente daqueles que testemunharam o fato
ou que já sofreram humilhações do agressor.
Organizar. O apoio é fundamental dentro e fora da
empresa.
Evitar conversar com o agressor, sem
testemunhas. Ir sempre com colega de trabalho ou
representante sindical.
O que a vítima deve fazer?
Procurar seu sindicato e relatar o acontecido para
diretores e outras instancias como: médicos ou
advogados do sindicato assim como: Ministério
Público, Justiça do Trabalho, Comissão de Direitos
Humanos e Conselho Regional de Medicina
(ver Resolução do Conselho Federal de
Medicina n.1488/98 sobre saúde do trabalhador).
Recorrer ao Centro de Referencia em Saúde dos
Trabalhadores e contar a humilhação sofrida ao
médico, assistente social ou psicólogo.
Buscar apoio junto a familiares, amigos e colegas,
pois o afeto e a solidariedade são fundamentais para
recuperação da autoestima, dignidade, identidade e
cidadania.
O que a vítima deve fazer?
Importante:
Se você é testemunha de cena(s) de
humilhação no trabalho supere seu medo,
seja solidário com seu colega.
Você poderá ser "a próxima vítima" e nesta
hora o apoio dos seus colegas também será
precioso.
Não esqueça que o medo reforça o poder do
agressor!
Lembre-se
O assédio moral no trabalho não é um fato isolado.
Como vimos, ele se baseia na repetição ao longo do
tempo de práticas vexatórias e constrangedoras,
explicitando a degradação deliberada das condições
de trabalho num contexto de desemprego,
dessindicalização e aumento da pobreza urbana. 
Lembre-se
A batalha para recuperar a dignidade, a
identidade, o respeito no trabalho e a autoestima,
deve passar pela organização de forma coletiva
através dos representantes dos trabalhadores do
seu sindicato, das CIPAS, das organizações por local
de trabalho (OLP), Comissões de Saúde e procura
dos Centros de Referencia em Saúde dos
Trabalhadores (CRST e CEREST), Comissão de
Direitos Humanos e dos Núcleos de Promoção de
Igualdade e Oportunidades e de Combate a
Discriminação em matéria de Emprego e Profissão
que existem nas Delegacias Regionais do Trabalho.
Lembre-se

O basta à humilhação depende também da


informação, organização e mobilização dos
trabalhadores.
Um ambiente de trabalho saudável é uma
conquista diária possível na medida em que haja
"vigilância constante" objetivando condições de
trabalho dignas, baseadas no respeito ’ao outro
como legítimo outro’, no incentivo a criatividade, na
cooperação.
Lembre-se
O combate de forma eficaz ao assédio moral no
trabalho exige a formação de um coletivo
multidisciplinar, envolvendo diferentes atores
sociais: sindicatos, advogados, médicos do trabalho
e outros profissionais de saúde, sociólogos,
antropólogos e grupos de reflexão sobre o assédio
moral.
Estes são passos iniciais para conquistarmos um
ambiente de trabalho saneado de riscos e violências
e que seja sinônimo de cidadania.
Assédio sexual
Assédio sexual
Assim como o assédio moral, o assédio sexual
também traz consequências danosas para quem sofre
um ou outro, às vezes até os dois.
A Organização Internacional do Trabalho – OIT –
definiu o assédio como atos de insinuações, contatos
físicos forçados, convites impertinentes, desde que
apresentem umas das características a seguir:
a) ser uma condição clara para dar ou manter o
emprego;
b) influir nas promoções na carreira do assediado;
c) prejudicar o rendimento profissional, humilhar,
insultar ou intimidar a vítima.
Lei
A Lei n. 10.224, de 15 de maio de 2001, introduziu no
Código Penal o artigo 216-A, criminalizando o
assédio sexual nas relações de trabalho e de
ascendência.
Ela define a prática do assédio como “Constranger
alguém com o intuito de obter vantagem ou
favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da
sua condição de superior hierárquico ou ascendência
inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função”,
e fixa pena de detenção de um a dois anos para o
assediador. Portanto, atualmente o assédio sexual é
considerado crime quando praticado nas relações de
trabalho e de ascendência inerentes ao exercício de
emprego, cargo ou função.
Assédio sexual
Quando se trata do assédio sexual no âmbito civil,
laboral ou administrativo, a hierarquia ou a
ascendência não são requisitos imprescindíveis.
Disso resultam duas espécies: o assédio sexual por
chantagem e o assédio sexual por intimidação.
O assédio sexual por chantagem depende,
necessariamente, do abuso de poder por parte do
assediador, ou seja, a vítima sente-se ameaçada de
perder certo benefício ou lhe é oferecido
determinado ganho se consentir com as investidas.
Assédio sexual
Já no caso do assédio sexual por intimidação (assédio
sexual ambiental, assédio sexual ‘clima de trabalho’
ou ‘clima de trabalho envenenado’), funda-se na
criação de um ambiente hostil à vitima.
A relação de poder ou hierarquia não é relevante,
podendo o assediador ser até mesmo de nível
hierárquico inferior ao da vítima.
Pode ocorrer, por exemplo, entre pais e filhos, médico
e paciente, enfermeira e paciente, professor e aluna,
religioso e fiel.
Assédio sexual
Para caracterizar o assédio sexual não é necessário o
contato físico.
São várias as condutas que podem constituir a prática
do assédio, desde expressões verbais ou escritas
claras, comentário sutis, gestos, imagens transmitidas
por meios magnéticos etc.
Assédio sexual
O que diferencia o assédio sexual das condutas de
aproximação de índole afetiva é a ausência de
reciprocidade. Assédio é o ato que causa
constrangimento à vítima, que se sente ameaçada,
agredida, lesada, perturbada, ofendida.
Nesse sentido, afirma-se que “a ofensa deve ser grave,
ofensiva, desrespeitosa, chula e com poder de
intimidar; de causar mal-estar anormal e de colocar a
vítima em situação vexatória e diminuída ou
desmoralizada perante terceiros, enfim, agredida em
sua imagem e ferida moralmente”.
Assédio sexual
Para configurar o crime de assédio sexual não é
necessário que a conduta seja praticada no local de
trabalho.
O que se exige para o crime de assédio sexual é que
tenha relação com o trabalho.
Exemplo adequado é o assédio praticado em uma
carona oferecida após o término da jornada, na qual o
assediador intimida a vítima com ameaças de
prejuízos no trabalho.
Providências
Quando ocorre o crime de assédio sexual a vítima
deve tomar as seguintes providências:
O crime é de ação penal privada. Isso significa que
basta que a vítima procure um advogado e que esse
dê início à ação penal, que ocorre mediante queixa.
No caso em que a vítima não possua elementos
suficientes para que seu advogado providencie a
queixa, deverá ser realizado previamente o inquérito
policial, o qual dependerá da comunicação do fato e
autorização da vítima ou de seu representante legal
para que o Delegado de Polícia possa investigar.
Providências
Deve-se destacar que no caso de miséria da vítima
ou de seus responsáveis, o crime passa a ser de ação
penal pública condicionada à representação.
Nesse caso, o Ministério Público (Promotor de
Justiça) será o autor da ação penal, agindo em nome
da vítima.
Para tanto, depende de prévia representação
(comunicação do fato e autorização para propor a
ação) e prova da miserabilidade.
Ou seja, mesmo que a vítima não tenha condições
financeiras de arcar com as custas de um advogado,
ela poderá ser assistida por um promotor público.
Assédio sexual fora do
ambiente de trabalho
O assédio fora do ambiente de trabalho, pode ser
enquadrado em outras formas de crime:
Mesmo antes de ser promulgada a Lei n. 10.224,
portanto, dependendo da prática do assediador, a
conduta podia receber a necessária reprimenda
criminal, sendo enquadrada em uma das seguintes
condutas:
a) Constrangimento ilegal: é o ato de coagir, forçar,
reduzindo a capacidade de alguém para esta
praticar algo contra sua vontade;
b) Ameaça: é a promessa da prática de mal grave
feita a alguém, restringindo a sua liberdade
psíquica;
Assédio sexual fora do
ambiente de trabalho
c) Injúria: é a ofensa à dignidade ou decoro de
outrem, manifestação de desrespeito e desprezo, um
juízo de valor depreciativo capaz de ofender a honra
da vítima;
d) Atentado violento ao pudor: constranger alguém,
mediante violência ou grave ameaça, a praticar ou
permitir que com ele se pratique ato libidinoso
diverso do ato sexual;
e) Ato obsceno: aqueles atos praticados com
característica sexual, atritando com o sentimento
médio de pudor e bons costumes;
Assédio sexual fora do
ambiente de trabalho

f) Sedução: é o ato de seduzir a menor de 18 anos,


com juras de amor e promessas, convencendo a
jovem inexperiente à prática da conjunção carnal;
g) Tentativa de estupro: é a tentativa de constranger a
mulher ao ato sexual, mediante violência ou grave
ameaça;
h) Importunação ofensiva ao pudor: molestação de
forma ofensiva à dignidade e pudor da pessoa, e
i) Perturbação da tranquilidade: atrapalhar, atordoar,
pôr fim ao sossego ou tranquilidade de alguém.
Assédio sexual fora do
ambiente de trabalho

Assim, aquele que assedia sexualmente


alguém que não está em relação de trabalho,
de hierarquia ou ascendência, não pode ser
condenado por crime de assédio sexual, pois a
hierarquia ou ascendência são imprescindíveis
para a configuração desse delito. Entretanto,
como referido, a conduta pode ser
enquadrada de outra forma.
Responsabilidades
O assediador pode ser responsabilizado na esfera civil
(indenização por danos materiais e morais),
administrativa/laboral (desde a advertência até a
demissão) e penal.
Em sendo o assediador servidor público, o Estado
(União, Estado Federado ou Município) pode ser
responsabilizado pelos danos materiais e morais
sofridos pela vítima, porque possui responsabilidade
objetiva atribuída por lei (independe de prova de sua
culpa).
Comprovado o fato e o dano, cabe ao Estado indenizar
a vítima, podendo, entretanto, processar o assediador,
visando reparar os prejuízos que sofrer.
Responsabilidades
Já no caso de relações trabalhistas, tal
responsabilização pode recair sobre o empregador,
até mesmo porque é seu dever reprimir condutas
indesejadas, como é o caso do assediador. Tal
afirmação encontra base na Constituição Federal e no
Código Civil. Segundo Rui Stocco, a responsabilidade
do empregador é subjetiva, por dolo ou culpa, mas
com culpa presumida, de modo que se inverte o ônus
da prova, ou seja, o empregador deve provar que não
agiu culposamente. Essa responsabilização do Estado
e do empregador decorre do dever de escolher bem
os servidores/empregadores, manter um bom
ambiente de trabalho, adotando condutas que evitem
e desestimulem o assédio.
Responsabilidades
Se o agressor for terceiro, estranho ao quadro
funcional da empresa, estará configurada a
responsabilidade do empregador, desde que
evidenciada a sua contribuição para a materialização
do incidente, mediante conduta intencional ou
culposa resultante no descumprimento dos deveres
de respeitar a dignidade do empregado e de oferecer
um ambiente de trabalho seguro e saudável.
No caso de assédio sexual por intimidação praticado
por terceiro (cliente, prestador de serviços, visitante,
etc.) sobre o empregado no ambiente de trabalho, por
conseguinte, para a responsabilização patronal, deve
ser comprovada a culpa do empregador. Do contrário,
o próprio agressor responderá pelo ato.
Responsabilidades

É importante observar que há casos


em que o próprio empregador cria
condições para o assédio, por
exemplo quando faz com que as
trabalhadoras usem roupas
provocantes para atrair clientes.
Para evitar o assédio sexual
A formação de um bom ambiente de trabalho é um
dos primeiros passos para evitar o assédio sexual.
Para isso devem ser evitadas piadas de índole
sexual, fotos sensuais ou pornográficas, comentários
jocosos sobre sexo, por exemplo.
A instituição de um código de ética ou de conduta é
uma recomendação adequada para evitar condutas
indesejadas.
Nota-se que entidades sindicais estão preocupadas
com o problema, cuidando assim de orientar os
trabalhadores para evitar tal fato e como se
comportar diante dele.
Para evitar o assédio sexual
A empresa e o Estado também devem adotar uma
postura preventiva constante, pois o assédio aumenta
abstenções, provoca a queda de produtividade e a
rotatividade da mão de obra.
Assim, sugere-se que se estabeleçam diretrizes
contra o assédio, sejam proporcionados programas de
treinamento, fixação de regras para apuração das
reclamações, isso porque ambientes desorganizados,
sem hierarquia e funções claras dão margem à que a
pessoa não tenha capacidade de portar-se
adequadamente com a situação.
Os conteúdos deste material foram
coletados nos sites abaixo:

http://www.assediomoral.org/spip.php?article9

http://
coral.ufsm.br/ouvidoria/images/Cartilha_AssedioSexual
.pdf

http://www.webartigos.com/artigos/o-assedio-moral-n
a-legislacao-constitucional-civel-e-trabalhista/29477
/

http://www.contabeis.com.br/noticias/35443/reforma-
da-clt-deve-impedir-herdeiro-de-cobrar-danos-morais/

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