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Antiplaquetários

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INTRODUÇÃO

A cascata de agregação plaquetária inicia-se com as plaquetas em repouso e células endoteliais


sadias, que liberam prostaciclina no plasma. A prostaciclina se liga aos receptores de membrana
das plaquetas (IIb/IIIa) e os estabiliza, gerando um equilíbrio dinâmico desses fragmentos celulares
no sangue. Quando ocorre alguma lesão endotelial, as plaquetas, antes em repouso, passam a ser
ativadas, cobrir e aderir a superfície endotelial lesada e são ativadas, liberando mediadores químicos
que são responsáveis por recrutar mais plaquetas que serão, então, aglutinadas. Essa aglutinação
junto com moléculas de fibrina, ativadas por fatores químicos, gera um tampão responsável por
conter a hemorragia.

Esse processo é muito benéfico para o nosso organismo, já que em situações de lesões vasculares,
esse é o mecanismo que nos salva de uma morte por hemorragia. Apesar disso, em algumas
situações, a hiperestimulação ou a estimulação desnecessária da cascata descrita acima gera
trombose, que corresponde a um evento em que há a formação de um coágulo indesejado dentro
dos vasos sanguíneos, sendo a anormalidade mais comum da hemostasia. Os distúrbios
trombóticos incluem infarto agudo do miocárdio (IAM), trombose venosa profunda (TVP), embolia
pulmonar (EP) e acidente vascular encefálico isquêmico (AVEi).

Os antiplaquetários diminuem a formação de coágulos ricos em plaquetas ou diminuem a ação dos


sinais químicos promotores da aglutinação plaquetária, sendo benéficos na prevenção e no
tratamento de doenças cardiovasculares oclusivas, na manutenção de transplantes vasculares, na
patência arterial e como auxiliares dos inibidores de trombina ou do tratamento trombolítico do IAM.

Medicamentos antiplaquetários

- Ácido acetilsalicílico (AAS)

O AAS é o medicamento mais usado dessa classe de drogas. Age através da inibição irreversível
da COX-1, impedindo a síntese do tromboxano A2 (prostaglandina que induz a agregação
plaquetária). Isso desloca o equilíbrio dos mediadores químicos a favor dos efeitos antiagregantes
da prostaciclina, prevenindo a agregação plaquetária. Esse mecanismo faz com que esse
medicamento seja um importante redutor de eventos cardiovasculares. Sendo assim, o uso
terapêutico do AAS ocorre em casos de isquemia cerebral transitória, na redução da incidência de
IAM recorrentes e para reduzir a mortalidade em casos de IAM secundário.
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Apesar de ser uma ótima droga para prevenir eventos cardiovasculares, o AAS é um anti-
inflamatório não esteroidal (AINE) e, portanto, pode gerar os efeitos adversos relacionados à essa
classe de drogas como dispepsia e doença ulcerosa péptica. Além disso, o tempo de sangramento
do indivíduo torna-se alongado com o uso desse medicamento, podendo causar complicações como
aumento da incidência de acidente cerebral hemorrágico e sangramento gastrintestinal. Os
pacientes que apresentam maior risco de sangramentos são os de idade avançada, portadores de
hipertensão, tabagistas, portadores de diabetes mellitus, portadores de coagulopatias e obesos. É
necessário ter precaução ao indicar essa droga para esses subgrupos de pacientes.

Baseado nos riscos relacionados ao AAS, foi estabelecido que ele oferece um benefício que supera
o malefício para pacientes com risco muito alto, estando indicado para eles. Nos pacientes com risco
intermediário ou baixo, o risco supera o benefício, tornando-se não indicado. Já em pacientes com
risco alto, devemos considerar o seu uso e avaliar individualmente cada paciente para estabelecer
se o medicamento causará mais riscos ou benefícios.

INDICAÇÕES DO AAS DE ACORDO COM O RISCO CARDIOVASCULAR


Baixo/ intermediário Alto Muito alto

Não indicado Avaliar individualmente Indicado

- Tienopiridinas (Clopidogrel, ticlopidina, prasugrel e ticagrelor)

Esses medicamentos inibem especificamente a ativação plaquetária ADP-induzida através da


inibição da glicoproteína IIb/IIIa. Além disso, eles reduzem os níveis de fibrinogênio circulante e
bloqueiam parcialmente os receptores da glicoproteína IIb/IIIa, impedindo sua ligação ao
fibrinogênio e ao fator de von Willebrand. Todas essas ações geram inibição e modulação da
aglutinação plaquetária.

O clopidogrel é aprovado para a prevenção de eventos ateroscleróticos em pacientes com IAM ou


AVEi recentes, naqueles com doença arterial periférica estabelecida, em associação com o AAS
após intervenção com stents (por pelo menos 30 dias) e após IAM por 12 meses. É a droga de
escolha para os pacientes que apresentam contraindicações ou intolerância ao AAS, já que ele
também reduz mortalidade.
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O Prasugrel e Ticagrelor já possuem uma grande importância nas síndromes coronarianas agudas,
mas ainda não foram suficientemente testados na doença crônica.

Em relação aos efeitos adversos, estes fármacos podem prolongar o tempo de sangramento, para
o que ainda não existe antídoto, podendo gerar sangramentos extensos. A ticlopidina está
associada à graves reações hematológicas que limitam seu uso. São elas: granulocitose,
agranulocitose, púrpura trombocitopênica trombótica e anemia aplásica.

- Dipiridamol

O dipiridamol é um vasodilatador coronário que aumenta os níveis intracelulares de AMPc inibindo


a fosfodiesterase, resultando, assim, em diminuição da síntese de tromboxano A2. Geralmente é
administrado junto com o AAS e é amplamente prescrito como antitrombótico para a prevenção de
IAM, isquemia cerebral transitória, AVEi, manutenção da desobstrução de pontes de safena e
prevenção de trombose.

Esse medicamento é contraindicado em pacientes portadores de angina pois ele desvia sangue das
áreas cardíacas com menos irrigação e aumenta a quantidade sanguínea nas áreas com maior
irrigação. Geralmente, é o medicamento utilizado na cintilografia miocárdica com sobrecarga para
ajudar a identificar regiões de isquemia.

Como efeitos adversos, apresenta cefaleia e possibilidade de hipotensão ortostática.

- Cilostazol

O Cilostazol é um antiplaquetário de uso oral que tem atividade vasodilatadora. Esse medicamento
e seus metabólitos ativos inibem a fosfodiesterase tipo III e previnem a degradação do AMPc,
aumentando, assim, os seus níveis nas plaquetas e nos tecidos vasculares. Esse aumento previne a
aglutinação das plaquetas e promove a vasodilatação. É um medicamento aprovado e utilizado para
diminuição dos sintomas de claudicação intermitente.

Como efeito pleiotrópico, o Cilostazol melhora o perfil lipídico através da diminuição dos níveis de
triglicerídeos e aumento do HDL.

Os efeitos adversos mais comuns relacionados ao uso desse fármaco são cefaleia e sintomas
gastrintestinais como diarreia, fezes anormais, dispepsia e dor abdominal. Alguns estudos
demonstraram que esse medicamento aumenta a mortalidade em pacientes com insuficiência
cardíaca avançada, sendo contraindicado nesses casos.
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- Dextran 70 e Dextran 75

Esses medicamentos são polímeros da glicose parcialmente hidrolisados, que são usados como
expansores do volume plasmático, mas possuem ações antitrombóticas em virtude da sua
capacidade de reduzir a adesividade plaquetária. Eles revestem as plaquetas e o endotélio dos
vasos e podem reduzir a formação do trombo por diminuir os níveis do fator de von Willebrand,
incrementar a suscetibilidade dos coágulos à fibrinólise e reduzir a agregação de eritrócitos, a
viscosidade e a estase sanguínea.

Os efeitos colaterais mais comuns são reações alérgicas, hipervolemia, desidratação extravascular,
insuficiência renal e aumento significativo do tempo de sangramento.

Esses medicamentos são contraindicados em pacientes com anemia grave, trombocitopenia grave
e concentração reduzida de fibrinogênio plasmático. Além disso, deve-se ter precaução no seu uso
em pacientes com edema pulmonar, insuficiência cardíaca e insuficiência renal.

REFERÊNCIAS

1. GOODMAN, A. As Bases Farmacológicas da Terapêutica. 11. ed. Rio de Janeiro:


McGraw-Hill, 2006;

2. Silva P. FARMACOLOGIA/ Penildon Silva. - 8.ed. - Rio de Janeiro: Guanabara Koogan


2010. il.

3. Whalen K, Finkel R, Panavelil TA. Farmacologia Ilustrada.


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