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RESUMO: Este artigo tem por objetivo analisar os limites para que ocorra a revista de
empregados. É exposto que é possível que ela ocorra como uma exceção e, de
preferência, sem contato físico ou que não cause constrangimento ao empregado, pois
isto violaria à intimidade e a dignidade do trabalhador. A jurisprudência trabalhista
admite a revista de pertences, por meio de contato visual, mas tende a reprimir as
revistas intimas. Não obstante, a depender do caso concreto, é possível que a revista
intima seja a única alternativa para proteger os bens do empregador. Em situações da
espécie, a conduta parece ser licita e não revestida de abuso do poder diretivo capaz de
ensejar uma indenização por danos morais.
Palavras-chave: Trabalho. Empregado. Intimidade. Revista. Poder diretivo.
Sumário: 1 Introdução. 2 As medidas de segurança para proteger o patrimônio. 3 A
revista de pertences dos empregados. 4 A revista íntima do empregado. 5 Conclusão.
1 INTRODUÇÃO
A revista de empregados é um tema que, por vezes, gera atritos na relação
de trabalho.
É certo que o empregador pode e deve buscar resguardar o seu patrimônio
de condutas delitivas porventura perpetradas por um trabalhador faltoso. Por outro lado,
o empregado tem o direito de ver resguardada a sua intimidade e dignidade, com apoio,
inclusive, constitucional.
Nessa senda, o presente artigo pretende, de maneira sucinta, responder a
seguinte indagação: quais são os limites para que ocorra a revista de um empregado?
Sobre o tema, o TST possui decisões que admitem a revista visual nos
pertences dos empregados ao entendimento de que, desde que não realizada de maneira
discriminatória ou com ofensa à intimidade e dignidade do trabalhador[1], se trata do
exercício dos poderes de direção e de fiscalização próprios do empregador[2]:
A revista, ela é possível, mas ela deve ser uma revista impessoal, deve ser
combinada previamente. Deve ser prevista em algum acordo coletivo ou
convenção coletiva ou em algum regulamento da empresa dizendo que pode
haver a revista. A empresa, ela sempre deve utilizar o meio mais alternativo
possível. Mas, se não puder, se não tiver um jeito, aquela revista deve ser
feita de forma superficial, de forma impessoal, mas nada que atinja a
dignidade dos trabalhadores.
Na mesma esteira, Alice Monteiro de Barros[4] entende que a revista não pode
ocorrer como primeira opção do empregador, mas sim quando seja o último recurso por
falta de outras medidas preventivas eficazes:
Observa-se, portanto, que a revista dos pertences do obreiro deve ser feita
vedando, em regra, a revista intima, vexatória ou que possa caracterizar
constrangimento além do necessário para a proteção do patrimônio do empregador.
Ademais, a revista deve ter cunho genérico, para que não caracterize o ato como
discriminatório, já que todo o universo de funcionários pode ser alvo da verificação de
pertences.
Além disso, é necessário que o empregado tome conhecimento da possibilidade de
revista, bem como a sua forma, nas normas da empresa ou no código de conduta
empresarial, com o intuito de demonstrar que ele tinha pleno conhecimento que naquela
empresa existe normas de segurança que podem resultar em uma revista.
Ultrapassada tal questão, pergunta-se: será que em nenhum caso é possível a
revista intima do empregado?
5 CONCLUSÃO
A revista de empregados acaba por gerar uma tensão adicional na relação
trabalhista estando em jogo, de um lado, a intimidade e dignidade do trabalhador e, do
outro, a segurança patrimonial do empregador.
Como visto, é possível que ela ocorra como uma exceção e, de preferência, sem
contato físico ou que não cause constrangimento ao empregado, pois isto violaria à
intimidade e a dignidade do trabalhador.
A jurisprudência trabalhista admite a revista de pertences, por meio de contato
visual, mas tende a reprimir as revistas intimas.
Não obstante, a depender do caso concreto, é possível que a revista intima seja a
única alternativa para proteger os bens do empregador. Em situações da espécie, a
conduta do empregador parece ser licita e não revestida de abuso do poder diretivo
capaz de ensejar uma indenização por danos morais.
REFERÊNCIAS
BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 6ª Ed. São Paulo: LTr.
2010.
BRASIL. Tribunal Regional da 12ª Região. RO 03816-2008-016-12-00-0. Relatora:
Viviane Colucci. Data de Publicação: 06/11/2009.
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. RR 154800-12.2012.5.13.0023. Relatora
Ministra Dora Maria da Costa. Data de Julgamento: 02/10/2013. 8ª Turma. Data de
Publicação: DEJT 04/10/2013.
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. RR 367000-67.2007.5.09.0245. Relator
Ministro Márcio Eurico Vitral Amaro. 8ª Turma. Data de Julgamento: 11/10/2011. Data
de Publicação: DEJT 14/10/2011.
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. RR 371400-80.2007.5.09.0001. Relator
Ministro Pedro Paulo Manus. 7ª Turma. Data de Julgamento: 17/08/2011. Data de
Publicação: DEJT 02/09/2011.
BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Você sabe quais são os limites da revista
pessoal no trabalho? Disponível em: . Acesso em: 20/02/2017.
NOTAS:
[1] BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. RR 367000-67.2007.5.09.0245. Relator
Ministro Márcio Eurico Vitral Amaro. 8ª Turma. Data de Julgamento: 11/10/2011. Data
de Publicação: DEJT 14/10/2011.
[2] BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. RR 371400-80.2007.5.09.0001. Relator
Ministro Pedro Paulo Manus. 7ª Turma. Data de Julgamento: 17/08/2011. Data de
Publicação: DEJT 02/09/2011.
[3] BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. Você sabe quais são os limites da revista
pessoal no trabalho? Disponível em: . Acesso em: 20/02/2017.
[4] BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. 6ª Ed. São Paulo: LTr.
2010. p. 589.
[5] BRASIL. Tribunal Superior do Trabalho. RR 154800-12.2012.5.13.0023. Relatora
Ministra Dora Maria da Costa. Data de Julgamento: 02/10/2013. 8ª Turma. Data de
Publicação: DEJT 04/10/2013.
[6] BRASIL. Tribunal Regional da 12ª Região. RO 03816-2008-016-12-00-0. Relatora:
Viviane Colucci. Data de Publicação: 06/11/2009.