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Obs2: revista de bolsas e pertences

"REVISTA REALIZADA EM BOLSAS E PERTENCES DOS EMPREGADOS . DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL


NÃO DEMONSTRADA. ARESTO SUPERADO PELA ATUAL, ITERATIVA E NOTÓRIA JURISPRUDÊNCIA DESTA
CORTE . Trata-se de pedido de indenização por danos morais coletivos decorrentes de revista realizada
em bolsas e pertences dos empregados do reclamado. Prevalece nesta Corte o entendimento de que o
poder diretivo e fiscalizador do empregador permite, desde que procedido de forma impessoal, geral e
sem contato físico ou exposição do funcionário a situação humilhante e vexatória, a realização de revista
visual em bolsas e pertences dos empregados. Desse modo, a revista feita, exclusivamente, nos
pertences dos empregados, sem que se constate nenhuma das situações referidas, não configura ato
ilícito, sendo indevida a compensação por dano moral. O ato de revistar bolsas, sacolas e pertences de
empregado, de modo geral e impessoal, sem contato físico ou exposição de sua intimidade, não se
caracteriza como "revista íntima", à luz da jurisprudência deste Tribunal, e não ofende, em regra e por si
só, os direitos da personalidade do trabalhador, pelo que não se defere a indenização compensatória
correspondente." (E-RR-130700-22.2008.5.03.0084, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais,
Relator Ministro Jose Roberto Freire Pimenta, DEJT 01/10/2021).
- sem contato físico
"(...) B) RECURSO DE REVISTA. PROCESSO SOB A ÉGIDE DA LEI 13.015/2014 E ANTERIOR À LEI
13.467/2017 . DANO MORAL. REVISTA EM BOLSAS E SACOLAS. AUSÊNCIA DE CONTATO FÍSICO. NÃO
CONFIGURAÇÃO DE VIOLAÇÃO À INTIMIDADE, À DIGNIDADE OU À HONRA DO RECLAMANTE.
IMPROCEDÊNCIA DO PEDIDO DE INDENIZAÇÃO. JURISPRUDÊNCIA DOMINANTE NO TST. Em função da
pacificação jurisprudencial promovida pela SBDI-1 do TST, prevalece, nesta Corte, o entendimento de
que a simples revista visual de bolsas e sacolas, desde que sem contato físico, não enseja indenização
por dano moral. Na hipótese dos autos, o TRT reformou a sentença para condenar o Reclamado ao
pagamento de indenização por danos morais à Reclamante, em face da constatação de fiscalização de
bolsas e sacolas. Restou incontroverso que a Obreira era submetida a revistas de seus pertences, no
entanto, verifica-se que não houve qualquer contato físico com a Autora, de forma a não caracterizar a
ilicitude que configura o dano moral gerador do dever de indenizar - segundo a interpretação que se
tornou dominante. Nesse sentido é o entendimento da SBDI-1 do TST, que não considera cabível
indenização por dano moral em decorrência de simples revista de bolsas e sacolas. Ressalva da
compreensão do Relator. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-20835-15.2015.5.04.0303, 3ª
Turma, Relator Ministro Mauricio Godinho Delgado, DEJT 21/02/2020).
- sem caráter discriminatório

"(...) B) RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. REVISTA ÍNTIMA. A jurisprudência atual desta
Corte é a de que a mera revista visual realizada nos pertences dos empregados (bolsas, armários
e outros), de forma razoável e sem caráter discriminatório, não configura, por si só, ato ilícito a
ensejar a indenização por dano moral, constituindo exercício regular do poder de direção e
fiscalização do empregador. Precedentes. Recurso de revista conhecido e provido" (ARR-21-
25.2017.5.10.0018, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da Costa, DEJT 10/02/2020).
- Pode ser realizada na presença de clientes? Divergência

"RECURSO DE REVISTA. REVISTA EM PERTENCES DO EMPREGADO REALIZADA NA PRESENÇA DE


CLIENTES E COM ETIQUETAGEM DE PRODUTOS . A jurisprudência desta Corte tolera as revistas
em bolsas, sacolas e pertences apenas em hipóteses nas quais os procedimentos sejam
generalizados, sem contato físico e realizados de forma que não exponham o trabalhador à
presença de terceiros. Todavia, esse não é o caso dos autos, uma vez que o acórdão recorrido
registra que as revistas eram realizadas na presença de clientes e que o procedimento não era
dirigido aos gerentes e encarregados. Além disso, foi registrado no acórdão que quando o
trabalhador adquiria produtos da loja, estes eram etiquetados, o que configura conduta
patronal abusiva, que extrapola o poder fiscalizatório do réu e ataca a intimidade e privacidade
do empregado. Precedentes. Recurso de revista não conhecido" (RR-545-17.2018.5.05.0021, 3ª
Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza Agra Belmonte, DEJT 18/02/2022).
"(...) B) RECURSO DE REVISTA. DANO MORAL. REVISTA AOS PERTENCES DO EMPREGADO. A
jurisprudência atual desta Corte é a de que a mera revista visual realizada nos pertences dos
empregados (bolsas, armários e outros), de forma razoável e sem caráter discriminatório, não
configura, por si só, ato ilícito a ensejar a indenização por dano moral, constituindo exercício
regular do poder de direção e fiscalização do empregador. Ademais, esta Turma, inclusive, já se
manifestou no sentido de que a particularidade acerca da revista visual empreendida na
presença de clientes não teria o condão de alterar esse entendimento. Recurso de revista
conhecido e provido" (RR-431-84.2016.5.05.0462, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da
Costa, DEJT 13/09/2019).
Obs3: Monitoramento de e-mails
a) Possibilidade de controle de e-mail corporativo
"AGRAVO DE INSTRUMENTO. RECURSO DE REVISTA. JUSTA CAUSA. PROVA ILÍCITA. Nenhum dos
dispositivos declinados como violados, incluindo-se o art. 5º, XII, da CF, disciplina a matéria
inerente à ilicitude da prova para que se possa reputar violado. Além disso, a ilicitude da
obtenção da prova pressupõe inobservância de norma disciplinadora, o que não sucedeu. Sob o
prisma de violabilidade do sigilo dos e-mails, tampouco há falar em violação do art. 5º, XII, da
CF, por se tratar de e-mail corporativo e não privado, meio de comunicação disponibilizado pelo
empregador apenas para uso profissional conforme normas internas de conhecimento do
empregado e com " expressa previsão de gravação e monitoramento do correio eletrônico,
ficando alertado que o colaborador não deve ter expectativa de privacidade na sua utilização
(item 6.1 - fl. 176)", conforme noticia o acórdão regional. JUSTA CAUSA. RECURSO DE REVISTA
AMPARADO APENAS EM DIVERGÊNCIA JURISPRUDENCIAL. Sem valia as ementas transcritas,
pois não informam a fonte de publicação. Súmula 337 do TST. Agravo de instrumento conhecido
e desprovido " (AIRR-1461-48.2010.5.10.0003, 3ª Turma, Relator Ministro Alexandre de Souza
Agra Belmonte, DEJT 27/02/2015).
"1. PROVA ILÍCITA. "E-MAIL" CORPORATIVO. ACESSO E UTILIZAÇÃO DO CONTEÚDO DAS
MENSAGENS DOS EMPREGADOS PELO EMPREGADOR. POSSIBILIDADE. NÃO CONHECIMENTO. I.
Consoante entendimento consolidado neste Tribunal, o e-mail corporativo ostenta a natureza
jurídica de ferramenta de trabalho . Daí porque é permitido ao empregador monitorar e rastrear
a atividade do empregado em e-mail corporativo, isto é, checar as mensagens, tanto do ponto
de vista formal (quantidade, horários de expedição, destinatários etc.) quanto sob o ângulo
material ou de conteúdo, não se constituindo em prova ilícita a prova assim obtida. II. Não viola
os arts. 5º, X e XII, da Constituição Federal, portanto, o acesso e a utilização, pelo empregador,
do conteúdo do "e-mail" corporativo. III . Acórdão regional proferido em consonância ao
entendimento desta Corte Superior . IV. Recurso de revista de que não se conhece. (...)" (RR-
1347-42.2014.5.12.0059, 4ª Turma, Relator Ministro Alexandre Luiz Ramos, DEJT 26/06/2020).
b) Uso de email corporativo para fins privados não gera necessariamente justa causa, mas
pode gerar punição
DISPENSA POR JUSTA CAUSA. NÃO CARACTERIZAÇÃO. 1. O Tribunal Regional concluiu não
restarem configuradas as supostas faltas graves justificadoras da justa causa - quais sejam, uso
indevido do e-mail coorporativo; burla ao sistema de aferição do tempo despendido pelo cliente
em filas para o fim de obter vantagem em programa de premiação; e assinatura pelo
empregado, em nome de clientes, de propostas de planos de previdência privada. Registrou que
, "embora seja evidente o uso inadequado do e-mail corporativo, não houve, conforme constou
da própria defesa, utilização da ferramenta para promoção de molestamento, abuso sexual,
vulgaridades ou obscenidade" , de modo que "o ato praticado pelo autor" não se equipara
"àqueles passíveis de dispensa por justa causa" , mormente tendo em mira que há previsão, em
norma interna da empresa, no sentido de que a utilização do e-mail corporativo para fins
particulares é passível "de termos de compromisso, advertências e suspensões" , bem como
que "o reclamado jamais impôs ao reclamante qualquer sanção prévia à dispensa motivada,
situação que implica inadequação do direito de resilir o contrato por justa causa". (...) 2 . O
Tribunal Regional reconheceu o uso do e-mail corporativo para fins particulares, concluindo,
contudo, que tal fato não é suficiente a ensejar a dispensa do reclamante por justa causa, pois
há norma interna do reclamado que estabelece que o uso de e-mail corporativo para atividades
que não sejam de interesse do empregador é passível de assinatura de termo de compromisso,
advertência e suspensão. Nesse contexto, e à luz das disposições contidas em norma editada
pelo próprio empregador, conclui-se que o uso de e-mail corporativo para fins particulares não é
suficiente a ensejar a dispensa do reclamante por justa causa. Acresça-se que a pretensão do
reclamado de demonstrar que o conteúdo dos e-mails enviados pelo reclamante teria sido
libidinoso exigiria o revolvimento de fatos e provas - o que é vedado em sede extraordinária, a
teor da Súmula 126/TST -, pois o Colegiado a quo concluiu, ao exame do conjunto probatório,
pela ausência de conteúdo sexual ou libidionoso nas referidas mensagens eletrônicas. (...)"
(AIRR-1417-87.2010.5.10.0016, 1ª Turma, Relator Ministro Hugo Carlos Scheuermann, DEJT
12/06/2015).
c) Impossibilidade de controle do e-mail pessoal

CF
Art. 5º (...)
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral decorrente de sua violação;
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das comunicações telegráficas, de dados e das
comunicações telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial, nas hipóteses e na forma
que a lei estabelecer para fins de investigação criminal ou instrução processual penal;
"PROVA ILÍCITA. E-MAIL CORPORATIVO. JUSTA CAUSA. DIVULGAÇÃO DE MATERIAL
PORNOGRÁFICO. 1. Os sacrossantos direitos do cidadão à privacidade e ao sigilo de
correspondência, constitucionalmente assegurados, concernem à comunicação estritamente
pessoal, ainda que virtual (e-mail particular). Assim, apenas o e-mail pessoal ou particular do
empregado, socorrendo-se de provedor próprio, desfruta da proteção constitucional e legal de
inviolabilidade. (...)" (RR-61300-23.2000.5.10.0013, 1ª Turma, Relator Ministro João Oreste
Dalazen, DEJT 10/06/2005).
Obs4: Uso do banheiro

a) a restrição ao uso, seja por tempo, seja por frequência, gera violação à dignidade

"(...) INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. RESTRIÇÃO DE USO DO BANHEIRO. VALOR. 1 - Esta Corte
Superior considera que a restrição ao uso do banheiro (tempo e frequência) expõe de forma
desnecessária a privacidade e a intimidade do trabalhador, ofendendo a sua dignidade. É que
não há como estabelecer de forma objetiva o tempo e a frequência do uso do banheiro para
todas as pessoas, devido às particularidades fisiológicas ou de saúde de cada um. No caso, o TRT
registrou que havia restrição ao uso do banheiro (tempo e frequência). Assim, o procedimento
adotado pela reclamada, no caso dos autos, é passível de indenização por dano moral. (...)"
(ARR-109-03.2015.5.09.0005, 6ª Turma, Relatora Ministra Kátia Magalhães Arruda, DEJT
26/04/2019).
b) a mera necessidade de comunicação para fins de substituição da pessoa não gera dano

"(...) 2. DANO MORAL. RESTRIÇÕES AO USO DE BANHEIRO. NÃO CONFIGURAÇÃO. A


configuração do dano moral, segundo dispõe o art. 186 do Código Civil, pressupõe a existência
de conduta ilícita do pretenso ofensor, que produza efeito lesivo no íntimo do ofendido. O
quadro fático descrito pelo Eg. Regional evidencia que não se trata de proibição de usar o
banheiro, mas, somente, a necessidade de se comunicar a ida ao toalete para providenciar a
substituição do empregado na linha de produção, não se divisando a existência de conduta
ilícita da reclamada. Incabível, assim, a indenização pretendida pela autora. Agravo de
instrumento conhecido e desprovido. (...)" (ARR-987-27.2018.5.12.0008, 3ª Turma, Relator
Ministro Alberto Luiz Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 14/02/2020).
b) a mera necessidade de comunicação para fins de substituição da pessoa não gera dano
“(...) INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS - RESTRIÇÃO AO USO DO BANHEIRO - NÃO
CONFIGURAÇÃO - MERA COMUNICAÇÃO. Este Tribunal Superior consolidou o entendimento de
que a limitação ou restrição da utilização dos toaletes fere o princípio da dignidade da pessoa
humana (art. 1º, inciso III, da Constituição Federal), bem como o direito à honra e à intimidade
(art. 5º, X, da Carta Magna), traduzindo-se em verdadeiro abuso no exercício do poder diretivo
da empresa (art. 2º da CLT). No caso, não verificou, a Corte a quo, efetiva limitação ou restrição
ao uso do banheiro pela reclamante, mas sim, necessidade de comunicação prévia para
interrupção de seu trabalho. Nesse sentido, esta Corte tem entendido que a necessidade de
comunicação, sem que haja restrição ou limitação do uso dos sanitários, não configura abuso do
poder direito o do empregador e, consequentemente, não gera direito a indenização por danos
morais. Precedentes. Agravo de instrumento a que se nega provimento. (...)" (RR-761-
98.2015.5.02.0042, 7ª Turma, Relator Ministro Renato de Lacerda Paiva, DEJT 24/06/2022).
c) necessidade de autorização gera dano
“INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. LIMITAÇÃO DO USO DE BANHEIRO. NECESSIDADE DE
COLOCAÇÃO DE NOME EM LISTA ELETRÔNICA PARA UTILIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES SANITÁRIAS
DO SUPERMERCADO. I . A jurisprudência desta Corte Superior sedimentou posição de que a
restrição ao uso de banheiro por parte do empregador, em detrimento da satisfação das
necessidades fisiológicas dos empregados, acarreta ofensa aos direitos de personalidade.
Entende, ainda, que o condicionamento do uso de banheiros à autorização prévia viola o
princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da Constituição da República), traduzindo-
se em verdadeiro abuso no exercício do poder diretivo da empresa (art. 2º da CLT), o que
configura ato ilícito, sendo, assim, passível de compensação por dano moral. Nesses termos, o
ato ilícito ora discutido diz respeito à própria restrição ao uso do banheiro (a restrição
desarrazoada em si mesma), em detrimento das necessidades fisiológicas do empregado, e não
a algum ato pontual e específico de constrangimento do trabalhador no contexto de tal
restrição. (...)" (RR-597-38.2015.5.02.0203, 7ª Turma, Relator Ministro Evandro Pereira Valadao
Lopes, DEJT 31/03/2023).
Obs5: Monitoramento por câmera

a) monitoramento de banheiro, vestiário e refeitório gera dano

"RECURSO DE REVISTA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS. INSTALAÇÃO DE CÂMERA DE VÍDEO


EM BANHEIRO. A instalação de câmeras de vigilância em banheiros e vestiários de empregados
configura invasão de privacidade e intimidade a ensejar o pagamento de reparação por danos
morais. In casu, muito embora não tenha sido comprovado que a instalação das câmeras foi
determinada pela empregadora, não há como eximi-la de sua responsabilidade, na medida em
que é responsável pelo seu ambiente de trabalho, devendo zelar pela intimidade e privacidade
de seus trabalhadores e pela inocorrência de ilícitos dentro de suas dependências. Nesse
contexto, não há como afastar a responsabilidade civil da reclamada. Recurso de revista
conhecido e provido" (RR-1793-64.2016.5.12.0030, 8ª Turma, Relatora Ministra Dora Maria da
Costa, DEJT 25/10/2019).
b) Impossibilidade de fixação por norma coletiva

"I - RECURSO ORDINÁRIO DOS SUSCITADOS FIESP, SINDIREPA E SINAEMO - DISSÍDIO COLETIVO
DE NATUREZA ECONÔMICA - CLÁUSULA 25 - VIGILÂNCIA INTERNA Como a questão diz respeito
à garantia da dignidade humana (art. 1º, III, da Constituição) e à inviolabilidade da intimidade e
da vida privada das pessoas (art. 5º, X, da Constituição), a instalação de câmeras de vigilância
não se restringe à negociação entre as partes, podendo ser objeto do exercício do poder
normativo para adequá-la às normas constitucionais. A jurisprudência da C. SDC entende só ser
possível utilizar câmeras de vigilância em locais que não violem as mencionadas garantias
constitucionais, como pátio, corredores e locais de trabalho, sendo vedada a instalação em
vestiários, banheiros, refeitórios e locais similares, razão por que a cláusula deve ser alterada
para refletir o entendimento desta Corte. (...)" (RO-51049-84.2012.5.02.0000, Seção
Especializada em Dissídios Coletivos, Relatora Ministra Maria Cristina Irigoyen Peduzzi, DEJT
04/03/2016).
Obs6: Monitoramento de redes sociais
a) utilização de informações para exercício de poder disciplinar
"RESCISÃO DO CONTRATO DE TRABALHO. DISPENSA POR JUSTA CAUSA. ARTIGO 482, ALÍNEA
"G", DA CLT. DEMONSTRAÇÃO INEQUÍVOCA DE FALTA GRAVE. VIOLAÇÃO DE SEGREDO DA
EMPRESA CARACTERIZADA. MATÉRIA FÁTICA. SÚMULA 126 DO TST. RECLAMANTE ESTÁVEL.
MEMBRO DE CIPA. INAPLICABILIDADE DA SÚMULA Nº 339 DO TST. GARANTIA NÃO ABSOLUTA.
(...) II - Para tanto, assentou o TRT que " é patente que o autor publicou no seu facebook
informações de cunho sigiloso, o que implica quebra de fidúcia e, portanto, atrai a incidência do
disposto no artigo 482, g, da CLT ". III - Nesse passo, asseverou que "é indene de dúvidas de que
o reclamante tinha ciência de que era proibido tirar e publicar fotos do estaleiro, ainda que
tenha impugnado o termo de confidencialidade, pois, todas as testemunhas ouvidas no
processo confirmaram a ciência da aludida obrigação". IV - E ponderou que "analisado as fotos
colacionadas, verifico que o reclamante não publicou uma ou duas fotos, mas dezenas de fotos
dos mais diversos ângulos, onde é possível observar todo o parque industrial e processo
de montagem de um navio, não precisando ser um profissional da área para deduzir que violam
segredo da reclamada". V - Ressaltou, ainda, que "a hipótese não comporta a aplicação de gradação
de penas pedagógicas, como pretende o reclamante, vez que o ato praticado pelo empregado é
grave o suficiente para autorizar, de imediato, o rompimento do pacto laboral, por justa causa". (...)
IX - Nesse sentido, concluiu que "não há dúvidas, portanto, que a atitude do reclamante gera, para a
empresa, o direito de rescindir o contrato de trabalho por justa causa, ante a impossibilidade de se
continuar a relação empregatícia sem a necessária confiança, que constitui seu elo de manutenção".
X - Cumpre salientar que a base fática da controvérsia não pode ser revolvida pelo TST. A este órgão
incumbe apenas a conclusão jurídica dela resultante, ou seja, examinar se os fatos lançados no
acórdão impugnado tiveram o correto enquadramento jurídico. XI - Fixado pelo TRT que "não há
dúvidas, portanto, que a atitude do reclamante gera, para a empresa, o direito de rescindir o
contrato de trabalho por justa causa, ante a impossibilidade de se continuar a relação empregatícia
sem a necessária confiança, que constitui seu elo de manutenção", só seria possível a reforma do
julgado mediante o revolvimento da prova, atividade refratária ao âmbito de cognição do TST, a teor
da Súmula nº 126. (...)" (AIRR-544-92.2015.5.17.0121, 5ª Turma, Relator Ministro Antonio José de
Barros Levenhagen, DEJT 25/11/2016).
b) uso para verificação de suspeição ou impedimento de testemunha

"AGRAVO DE INSTRUMENTO INTERPOSTO EM RECURSO DE REVISTA CERCEAMENTO DE DEFESA.


CONTRADITA DE TESTEMUNHA. SUSPEIÇÃO. AMIZADE ÍNTIMA. TROCA DE MENSAGENS EM
REDE SOCIAL. NULIDADE NÃO CONFIGURADA. A caracterização do cerceamento do direito de
defesa está jungida às hipóteses em que determinada prova, cuja produção foi indeferida pelo
juiz, revela-se indispensável ao desfecho da controvérsia. No caso, segundo o Regional, ficou
configurada a amizade íntima entre a autora e a testemunha por ela convidada, conforme
apurado em publicações na rede social "facebook". Desse modo, para se chegar à conclusão
diversa do Regional, a respeito da configuração de amizade íntima entre autora e testemunha,
por meio de rede social, seria necessário rever a valoração do conteúdo das publicações no
"facebook", providência não permitida nesta instância recursal de natureza extraordinária,
consoante o disposto na Súmula nº 126 do TST. (...)" (AIRR-1001538-20.2016.5.02.0434, 2ª
Turma, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, DEJT 28/06/2019).
Obs7: Quebra de sigilo bancário
a) monitoramento indiscriminado de contas de clientes e empregados por força de lei e ato
normativo
LC 105/01
Art. 1o As instituições financeiras conservarão sigilo em suas operações ativas e passivas e
serviços prestados.
§ 3º Não constitui violação do dever de sigilo:
IV – a comunicação, às autoridades competentes, da prática de ilícitos penais ou
administrativos, abrangendo o fornecimento de informações sobre operações que envolvam
recursos provenientes de qualquer prática criminosa;
V – a revelação de informações sigilosas com o consentimento expresso dos interessados;
VII - o fornecimento de dados financeiros e de pagamentos, relativos a operações de crédito e
obrigações de pagamento adimplidas ou em andamento de pessoas naturais ou jurídicas, a
gestores de bancos de dados, para formação de histórico de crédito, nos termos de lei
específica.
Lei 9.613/98
Art. 9º Sujeitam-se às obrigações referidas nos arts. 10 e 11 as pessoas físicas e jurídicas que
tenham, em caráter permanente ou eventual, como atividade principal ou acessória,
cumulativamente ou não:
I - a captação, intermediação e aplicação de recursos financeiros de terceiros, em moeda
nacional ou estrangeira;
II – a compra e venda de moeda estrangeira ou ouro como ativo financeiro ou instrumento
cambial;
III - a custódia, emissão, distribuição, liqüidação, negociação, intermediação ou administração
de títulos ou valores mobiliários.
(...)
Lei 9.613/98
Art. 10. As pessoas referidas no art. 9º:
I - identificarão seus clientes e manterão cadastro atualizado, nos termos de instruções
emanadas das autoridades competentes;
II - manterão registro de toda transação em moeda nacional ou estrangeira, títulos e valores
mobiliários, títulos de crédito, metais, ou qualquer ativo passível de ser convertido em dinheiro,
que ultrapassar limite fixado pela autoridade competente e nos termos de instruções por esta
expedidas;

Art. 11. As pessoas referidas no art. 9º:


I - dispensarão especial atenção às operações que, nos termos de instruções emanadas das
autoridades competentes, possam constituir-se em sérios indícios dos crimes previstos nesta
Lei, ou com eles relacionar-se;
II - deverão comunicar ao Coaf, abstendo-se de dar ciência de tal ato a qualquer pessoa,
inclusive àquela à qual se refira a informação, no prazo de 24 (vinte e quatro) horas, a proposta
ou realização:
a) de todas as transações referidas no inciso II do art. 10, acompanhadas da identificação de que
trata o inciso I do mencionado artigo; e
b) das operações referidas no inciso I;
III - deverão comunicar ao órgão regulador ou fiscalizador da sua atividade ou, na sua falta, ao
Coaf, na periodicidade, forma e condições por eles estabelecidas, a não ocorrência de
propostas, transações ou operações passíveis de serem comunicadas nos termos do inciso II.
§ 1º As autoridades competentes, nas instruções referidas no inciso I deste artigo, elaborarão
relação de operações que, por suas características, no que se refere às partes envolvidas,
valores, forma de realização, instrumentos utilizados, ou pela falta de fundamento econômico
ou legal, possam configurar a hipótese nele prevista.
§ 2º As comunicações de boa-fé, feitas na forma prevista neste artigo, não acarretarão
responsabilidade civil ou administrativa.
"RECURSO DE EMBARGOS. REGÊNCIA DA LEI Nº 11.496/2007. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO.
ANÁLISE INDISCRIMINADA DAS MOVIMENTAÇÕES NAS CONTAS BANCÁRIAS DOS CORRENTISTAS
E EMPREGADOS. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. 1. A eg. Segunda Turma proferiu acórdão
em harmonia com a jurisprudência deste Tribunal Superior no sentido de que o exame , pela
instituição bancária da movimentação financeira de correntistas, inclusive seus empregados,
desde que ocorra de forma indistinta, não implica, necessariamente, quebra do sigilo bancário,
mas o cumprimento do que determina o ordenamento jurídico (art. 11, II, § 2º, da Lei nº
9.613/98), não configurando, portanto, dano moral passível de indenização. 2. Nesse contexto,
os embargos se afiguram incabíveis, nos termos do art. 894, II, da CLT, considerada a redação
dada pela Lei nº 11.496/2007 . Recurso de embargos de que não se conhece" (E-RR-155-
88.2012.5.03.0158, Subseção I Especializada em Dissídios Individuais, Relator Ministro Walmir
Oliveira da Costa, DEJT 21/06/2019).
"DANO MORAL. EMPREGADO BANCÁRIO. MONITORAMENTO DE CONTA CORRENTE. VIOLAÇÃO DE
PRIVACIDADE. QUEBRA ILEGAL DE SIGILO. NÃO CARACTERIZAÇÃO 1 . O monitoramento
indiscriminado das contas correntes de todos os empregados de instituição financeira não constitui
violação ilícita do sigilo bancário se observados os limites da legislação vigente acerca da
obrigatoriedade de prestação de informações, por parte das instituições bancárias, ao Conselho de
Controle de Atividades Financeiras (COAF) e ao Banco Central do Brasil - Lei nº 9.613/1998 (alterada
pela Lei nº 12.613/2012) e Lei Complementar nº 105/2001. 2 . Em razão de previsão legal expressa,
o empregador confunde-se com a autoridade a quem o sistema normativo incumbe o direito-dever
de guardar o sigilo bancário e, ao mesmo tempo, prestar aos órgãos de controle informações acerca
do conteúdo das movimentações de todos os correntistas, o que inclui seus próprios empregados.
Não dispõe o Banco, em face desse quadro, da alternativa de não monitorar as contas-correntes dos
clientes, dentre os quais figuram seus empregados. 3 . Ao meramente atender determinação legal, o
Banco empregador não lesiona o patrimônio moral dos empregados. Inexistência de afronta ao
direito fundamental à privacidade. 4 . Embargos de que se conhece, por divergência jurisprudencial,
e a que se dá provimento" (E-RR-2688-50.2011.5.03.0030, Subseção I Especializada em Dissídios
Individuais, Relator Ministro João Oreste Dalazen, DEJT 20/03/2015).
- Não pode haver excesso

“INSTITUIÇÃO BANCÁRIA. ANÁLISE ESPECÍFICA DA MOVIMENTAÇÃO FINANCEIRA DO EMPREGADO.


QUEBRA DO SIGILO BANCÁRIO - CONFIGURAÇÃO. INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL. A pesquisa,
pela instituição bancária, da movimentação financeira de seus correntistas, aí incluídos, também, os
seus empregados, decorre de expressa obrigação prevista nos arts. 10, II, e 11, I e II, da Lei nº
9.613/98, não acarretando, por si só, quebra do sigilo bancário, conforme disciplina o § 2º do art. 11
do dispositivo legal. Contudo, revelado excesso e desvirtuamento no cumprimento, pelo
empregador, da obrigação estabelecida em Lei, confira-se a ilicitude em sua atuação, de modo que
se sustenta a pretensão do reclamante à indenização por dano moral. Agravo de instrumento
conhecido e desprovido." (AIRR-701-41.2017.5.14.0004, 3ª Turma, Relator Ministro Alberto Luiz
Bresciani de Fontan Pereira, DEJT 26/11/2021).
b) acesso a dados bancário para auditoria interna, sem autorização, gera dano
"RESPONSABILIDADE CIVIL DO EMPREGADOR. DANOS MORAIS CAUSADOS AO EMPREGADO.
CARACTERIZAÇÃO. QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. (...) No particular, deixa-se claro não ser
possível monitoramento, pela empresa bancária, da conta-corrente dos seus empregados,
diante da clara distinção entre as relações jurídicas de emprego e consumerista. Ao ser
admitido, o empregado não transfere para o empregador senão a possibilidade de dispor de sua
força de trabalho, o que não se confunde, em absoluto, com o controle sobre a sua vida pessoal,
salvo naquilo que disser respeito ao primeiro dos vínculos mencionados, diante da clara
possibilidade de até mesmo haver punições por atos praticados na esfera privada. Claro que
desconhecer a possibilidade de o banco, na condição de participante da relação jurídica que
ensejou a abertura da conta-corrente, ter acesso às informações a ela pertinentes seria ignorar
a realidade, mesmo porque há casos em que dados devem ser repassados ao Banco Central, a
exemplo de depósitos feitos acima de determinado valor ou mesmo o agendamento de pedidos
de resgate de quantias elevadas, que, em regra, devem ser feitos antecipadamente, aquisição
de moeda estrangeira ou simplesmente para venda de produtos a clientes que efetuam
depósitos de elevada monta. No caso, o quadro fático registrado pelo Tribunal Regional revela
que o sigilo bancário da autora foi quebrado pela instituição financeira, em procedimento de
investigação interna, inexistindo registro acerca de sua autorização ou mesmo ciência a respeito
desse procedimento. Independentemente da ausência de exposição dos dados bancários, o
simples fato de o réu investigar as contas do reclamante, sem seu consentimento , configura
dano de ordem moral. Precedentes. Agravo conhecido e não provido" (Ag-RR-4273-
87.2013.5.12.0040, 7ª Turma, Relator Ministro Cláudio Mascarenhas Brandão, DEJT
14/06/2019).
c) impossibilidade de utilização de extrato bancário como prova sem autorização judicial

"(...) QUEBRA DE SIGILO BANCÁRIO. UTILIZAÇÃO DE EXTRATOS BANCÁRIOS DO RECLAMANTE,


EM RECLAMAÇÃO TRABALHISTA, PELA PRIMEIRA RECLAMADA, INSTITUIÇÃO FINANCEIRA, PARA
COMPROVAÇÃO DO REEMBOLSO DE DESPESAS COM COMBUSTÍVEIS. AUSÊNCIA DE PREVISÃO
LEGAL PARA QUEBRA DE SIGILO. OFENSA À INTIMIDADE DO RECLAMANTE. INDENIZAÇÃO POR
DANOS MORAIS (...) Discute-se, pois, se utilização de extratos bancários da conta corrente do
reclamante, de que a primeira reclamada (empregadora) dispunha como instituição financeira
depositária, para comprovação do pagamento de verba por ele pleiteada (reembolso de
quilômetros rodados), constitui quebra de sigilo, a ensejar a condenação do empregador ao
pagamento de indenização por dano moral. Cabe destacar que, ao contrário da tese adotada
pelo Regional, os extratos da conta corrente do reclamante não constituíam o único meio de
prova de que a primeira reclamada dispunha para demonstrar o pagamento do reembolso dos
quilômetros rodados. Poderia ela ter se valido do recibo de depósito efetuado na conta do
reclamante ou requerido autorização judicial para acessar a movimentação bancária do
reclamante e juntar extratos bancários à ação em curso. (...) Assim, com base na jurisprudência
desta Corte, a quebra de sigilo bancário do empregado, fora das hipóteses previstas na
legislação, é ilícita, ensejando a responsabilização da instituição financeira (empregadora) pela
afronta à intimidade e privacidade do autor, nos termos dos artigos 5º, inciso X, da Constituição
Federal e 186 do Código Civil. Recurso de revista conhecido e provido" (RR-144700-
40.2009.5.04.0512, 2ª Turma, Relator Ministro José Roberto Freire Pimenta, DEJT 26/08/2016).
4- Poder disciplinar

O empregador, quando constata alguma irregularidade perpetrada pelo empregado, pode


exercer o poder disciplinar. Pode, assim, aplicar penalidades ao empregado.

Normalmente, existem três tipos básicos de penalidade: justa causa (punição mais grave),
suspensão e advertência.

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