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UNIVERSIDADE SANTA ÚRSULA - USU

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Patologia Clínica da Reprodução Animal

CAMPILOBACTERIOSE

Jaci de Almeida

Botafogo
2020
Campilobacteriose Genital Bovina

SINONÍMIA: Vibriose Bovina; Esterilidade Enzoótica.

É uma infecção sexualmente transmissível ocasionando


nas fêmeas um quadro de infertilidade.

 sobrevive ao congelamento do sêmen;


 infertilidade devido a morte embrionária;
 repetição de cio;
 metrite;
 retenção de placenta;
 abortamento por volta do sexto mês.
ETIOLOGIA
 bactéria Gram Negativa;
 pleomórfica;
 podendo apresentar-se em forma (vírgula, longo S, espiral, e cocoides);
 mede de 0,2 a 0.5µ largura por 1,5 a 5,O µ de comprimento;
 possui de 1 a 2 flagelos polares, o que possibilitando motilidade;
 não é capsulada e nem forma esporo;
 cresce a temperatura de 37ºC;
 microaerófica, exigindo 10 a 15% de tensão de CO2, para o seu crescimento
inicial;
 facilmente destruído quando exposto a dessecação, raios solares e
desinfetantes químicos;
 altamente susceptíveis a luz, por isto as culturas estoques para preparação
do antígeno e da vacina, devem ser guardadas em ambiente escuro;
 culturas mantidas a temperatura ambiente, resistem mais do que guardadas
no frio.
Campilobacteriose
Patogenia Genital Bovina
Monta natural

Multiplicação de C. fetus
na vagina (7 a 14 dias)
Fêmea

Útero

Repetição de cios Abortamento


Metrite
ESPÉCIES SUSCEPTÍVEIS A CAMPILOBACTERIOSE

Tipos Bovino Ovino Suíno Homem


C. fetus fetus infertilidade - - -
Aborto
C. fetus fetus infertilidade
Sub tipo 4 Aborto - - -

C fetus Aborto aborto - -


intestinalis
C. bubalis saprófita do saprófita do - -
trato genital trato genital
C. coli - - Trato intestinal -

C. jejuni diarréia - diarréia diarréia


LOCALIZAÇÃO DO C. f. fetus no BOVINO

MACHOS:
 criptas prepuciais;
 uretra;
 vesículas seminais;
 ampolas.

FÊMEAS:
 vagina.
VIAS DE TRANSMISSÃO
 Venérea;

 Mecânica: uso de utensílios para Inseminação Artificial sujos;

 Através do touro jovem (até 4 anos), que não se contaminou,


mas pode cobrir uma vaca infectada e logo depois cobrir outra
vaca, e assim infectá-la.
PATOGENIA
 Período de incubação após a monta infectante é de 7 a 14 dias;

 Provoca vaginite discreta;

 Ação dos anticorpos vaginais faz o C. fetus migram para o útero;

 Feto apresenta edema de tecido subcutâneo com derramamento de líquido


hemorrágico, e deposito de fibrina na cavidade pleuro-pericárdica e
peritoneal, e no estômago a presença de líquido também espesso e
amarelado.

 Devido a falta de nutrição materno-fetal, ocorre o aborto, acompanhado de


retenção placentária.

 O C. fetus coloniza a cavidade uterina, provocando o colabamento das


glândulas uterinas, impedindo a nidação do ovo, e consequentemente
ocorre a morte embrionária, e com isto, há o aumento da duração do ciclo
estral.
SINTOMAS
Machos:
 ausência de sintomas (reservatório da infecção).

Fêmeas:
 Há cervicite e uma endometrite as vezes imperceptível ao toque retal.
 Morte do feto por volta do 5º ao 6º mês de gestação;
 As novilhas são mais susceptíveis a ocorrência do aborto em comparação
as vacas de 3ª e 4ª cria;
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

FÊMEAS:
 Exame Bacteriológico (Aparelho de Frank);

 A pesquisa de aglutininas anti-Campylobacter fetus é realizada pela prova


de MUCOAGLUTINAÇAO LENTA, serve para indicar a incidência da
campilobacteriose no rebanho, para então realizar técnicas mais elaboradas
para o isolamento do microorganismo.
COLETA DE MATERIAL

Fonte: Almeida, J. (2013).


Fonte: Almeida, J. (2005).

Fonte: Almeida, J. (2005).


DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

EXAME BACTERIOLÓGICO:
 Coleta-se o material da cavidade uterina. assepticamente usando o
Aparelho de Frank, e semea-se o swab uterino no meio de NEIL (meio de
transporte) ou no caldo soro ou caldo simples, conservado no frio.

 No laboratório, após incubação de 24 horas, plaquea-se este material em


Agar Infuso Cérebro-Coração com antibióticos ou sem antibióticos,
incubados na atmosfera de 10% de CO2, a 37ºC, durante 5 dias
consecutivos.

 Para um resultado negativo, há necessidade de no mínimo 5 coletas


consecutivas do mesmo animal, com intervalos semanais.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

FÊMEAS:
• Pesquisa de aglutininas;
• Na Mucoaglutinaçâo lenta, trabalha-se com o muco vaginal, o qual e obtido
da seguinte maneira:
- Limpeza do vestíbulo vulvar e através do especulo vaginal;
- Deposita-se a gaze de uma grama no fundo da vagina, através do
especulo vaginal;
- Decorrido no mínimo de 20 min., puxa-se o cordão (ligado a gaze) de
dentro da vagina;
- Deposita-o no frasco receptor (com o seu peso assinalado);

- Este material deve ser transportado e conservado no frio.


DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
• FÊMEAS:

 No laboratório, adiciona-se ao frasco com a gaze, a Solução Tampão de Sorensen.


Na proporção de 1 gr, de muco para 11,5 ml da solução tampão.
 Deixar em repouso por 24 horas na geladeira;
 Após 24 horas, espremem-se os tampões de gaze e o líquido é centrifugado durante
20 minutos a 6000 r.p.m.
 O sobrenadante será usado para a prova de mucoaglutinação lenta.

 Sobrenadante do material centrifugado prepara-se a bateria com os tubos de


hemólise;
 No primeiro tubo de hemólise de uma série de 6 tubos, coloca-se 1 ml do Antígeno
concentrado de C. fetus e nos cinco tubos restantes colocamos 1 ml do Antígeno
diluído de C. fetus (50% do antígeno concentrado + 50% de salina);
 No primeiro tubo, coloca-se 1 ml do muco centrifugado + 1 ml do antígeno
concentrado;
 Homogeniza-se a mistura (no máximo 5 a 6 vezes) e passa-se 1 ml para o 2o tubo,
mistura-se sucessivamente ate o 6o tubo, e o ml final despreza-se;
 A bateria é incubada por 48 horas a 370C, para então efetuar a leitura.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
• Leitura da seguinte forma de interpretação:

NEGATIVO:
• quando se adiciona aos tubos de hemóllse o antígeno + o muco
centrifugado. obtém-se um líquido ligeiramente opaco, e no resultado
negativo, o líquido continua como no início da prova (turvo).

SUSPEITO:
• quando ocorre aglutinação no primeiro tubo de hemólise, na diluição 1:25,
no qual tem-se um líquido cristalino e um depósito de grumos no fundo do
tubo, o qual não se desfaz mesmo após agitação do tubo.

POSITIVO:
• quando ocorre aglutinação a partir do 2o tubo de hemólise (1:50) em diante.
Portanto há formação de grumos que depositam no fundo dos tubos e o
clareamento total do líquido, ficando de opaco a translúcido.
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

MACHOS
Exame bacteriológico:
Coletar o esmegma, com auxílio de uma pipeta esterilizada, e o
material e inoculado no meio de Neil, e utilizamos o mesmo processo usado
para as fêmeas (plaqueamento).

Imunofluorescência Direta:
Coletar o lavado prepucial, após um período de descanso sexual de no
mínimo 7 dias, com objetivo de aumentar o número de microorganismo na
cavidade prepucial, e o lavado coletado deve ser mantido sob refrigeração.

Prova de Adler:
Se na propriedade dispor de um grupo de novilhas virgens, que
possam ser cobertas pelo touro examinado e depois de 7 a 14 dias, coletando
o muco vaginal das novilhas e realizando a prova de Mucoaglutinaçâo lenta.
DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL
 TRICOMONOSE BOVINA;
 BRUCELOSE
 LEPTOSPIROSE;
 RINOTRAQUEITE INFECCIOSA BOVINA (IBR):
TRATAMENTO

 Parada na reprodução por 60 dias, com intuito de aumentar a resistência


dos animais a infecção.

 Aplicação Intramuscular de ESTREPTOMICINA, tanto para os machos


como para as fêmeas, na dose da 10 mg/kg de peso vivo, durante 5 dias
consecutivos.

 Nas fêmeas, que apresentarem problemas reprodutivos, tais como: metrites,


endometrites, abortos, retenção de placenta, etc.. pode-se realizar infusões
intrauterinas com o mesmo produto citado acima, usando um frasco de 5
(cinco) gramas diluído em 40 mL de água destilada ou filtrada e fervida,
duas infusões são suficientes com intervalo de 3 dias entre elas.

 Nos machos, devemos realizar lavagens prepuciais com a


ESTREPTOMICINA, diluindo um frasco de cinco gramas em 40 mL de água
destilada, duas lavagens são suficientes com intervalo de 3 dias entre elas
(5 gramas de creme de vaselina, lanolina, etc...).
PROFILAXIA
VACINAÇÃO:
 Dose de 2 mL/sub., dando a dose reforço, após 30 dias da primeira
vacinação;

 As novilhas que vão entrar em reprodução, devem ser vacinadas 90 dias,


antes de serem inseminadas;

 Uso da inseminação artificial;

 Adquirir animais jovens, fora da reprodução;

 Gado de corte, utilizar touros até 4 anos de idade, pois estes


animais estariam supostamente livre da infecção.
Até
outro
dia!

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