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INSTITUTOFEDERALFLUMINENSE
LuizClaudioGonçalvesGomes
REFERÊNCIA
GOMES,L
uizClaudioGonçalves.F uritiba:EditoradoLivroTécnico,2015.
undamentosdoDesign.C
TEORIADAPERCEPÇÃO
DESIGN,CONFIGURAÇÃOESINAIS
1. ElementosBásicos
Se
o design
possui
um
alicerce
esse
é constituído
por
pontos,
linhas
e planos.
É partir desses elementos que tudo mais é realizado em maior ou menor
profusão.
Por
meio
da
interação
desses
elementos
designers
e artistas
visuais
criam imagens, gráficos, objetos e animações. Pontos
constituem
as
retículas
gráficas e os
pixels
das
imagens
digitais
são
micros
planos.
Seja
em
qualquer
época
ou
suporte,
esses
elementos
básicos
sempre
serão
os
constitutivos
das
imagensquevemos,tocamosouprojetamos.
Ponto(ST)
O ponto é o princípio de tudo. É a partir dele que toda e qualquer intenção
gráfica se desenvolve. Em teoria o ponto não possui uma massa, mas na
prática ele adquire corpo para
ser
visível
e dar
sentido
ao
trabalho
visual.
É
o
primeiro contato da ferramenta com a superfície que receberá o seu
registro,
sejaumlápissobreopapelouocliquedeumm
ousesobreatelabranca.
Sua
simples
inclusão
em
um
espaço
limitado
será
capaz
de
produzir
algum
tipo
de sentimento e movimento. Mas, se, ao invés de situar-se em uma posição
qualquer, o ponto ficar localizado no centro geométrico de um quadrado a
tensão diminui e o movimento cessa, mantendo a composição em repouso e
equilíbrioestável.
FiguraX.Pontodeslocadoepontocentralizado.
Em profusão e em grande quantidade, os pontos nos permitirão ver uma
imagem complexa tanto na forma como
em
seus
matizes,
como
é o caso
das
retículas
gráficas
constituídas
única
e exclusivamente
pelas
cores
básicas
mais
opreto.
Figurax.Asretículassãoformadasporpequenospontos.
Linha(ST)
A
linha
é composta
por
uma
sucessão
infinita
de
pontos.
É o primeiro
momento
da
constituição
de
uma
descrição
gráfica
que
se
desenvolve
em
reta
ou
curva.
De acordo com seu uso, a linha poderá transmitir sua própria harmonia e
estética, estabelecer uma determinada área, atrair e conduzir nosso olhar,
gerarumagradaçãodetexturaeservirdeestruturaparaprojetos.
Nem sempre as linhas são visíveis. É o caso do princípio gestáltico da
continuidade
que
pode
ser
percebido
em
alinhamentos
imaginários
de
textos
e
em tantos outros casos que o processo perceptivo entra em ação conduzido
peloleiaute1 proposto.
Plano(ST)
Do mesmo modo que a linha é o prolongamento ou o desdobramento
de
um
ponto, podemos dizer que o mesmo ocorre com a linha
em
relação
ao
plano.
Com a linha podemos representar a delimitação
de
um
plano
com
uma
forma
qualquer.
A ordenação, lógica ou não, de planos configurarão um sólido ou um
objeto
tridimensional. Podemos dizer que todos os objetos são tridimensionais uma
1
Leiaute,doinglêslayout,éumapeçaproduzidaparavisualizarasimulaçãodoprodutofinal,
geralmentenodesigngráfico.
vez
que
possuem
altura,
largura
e espessura.
Por
mais
fina
que
seja
uma
folha
de
papel,
ela
possuirá
uma
espessura,
além
de
uma
altura
e uma
largura,
que
sãoastrêsdimensões.
Formavolumétrica(ST)
A
representação
dos
objetos
em
um
suporte
plano
por
meio
de
desenho,
gravura ou pintura são apenas simulações do mundo real. Do mesmo modo
como uma fotografia registra esse mundo em uma folha de papel,
os
artistas
visuais reproduzem imagens se utilizando de recurso para sugerir a
profundidade e a terceira dimensão da forma volumétrica. O recurso da
perspectivaéquepromoveailusãodeumobjetorealesuaespacialidade.
Textura(ST)
As texturas são percepções diretas de nosso tato. No caso do design de
produto, de moda e ambientes poderemos percebê-las, então, por meio do
toque direto ao objeto. O mesmo não acontece com o design digital e na
maioria
dos
designs
gráficos
que
apenas
representam
visualmente
por
meio
do
monitorededistintossuportes,grafismosdetodaordem.
Tem
sido
cada
vez
mais
freqüente
o uso
de
sinalização
por
meio
de
“texturas”
normatizadas
para
guiar
os
cegos.
Não
é um
campo
muito
vasto
para
explorar
pois são previamente estabelecidos por convenções, o que não significa que
novas propostas possam
surgir.
Por
outro
lado,
o design
editorial
tem
sido
um
importante
aliado
para
projetos
que
exploram
a multiplicidade
de
papeis
e tintas
texturizados,ousuavesvernizes,oferecidospelasindústriasgráficas.
A textura imprime determinada atmosfera em uma ilustração. Cria certa
impressão sobre a superfície trabalhada. Acrescenta detalhes ao design,
proporcionando-lhe
melhor
qualidade
e recompensando
o olhar
do
observador.
Sobretudo,ajudaaentenderanaturezadascoisas.
2. Cor
As
três
cores
básicas
dos
pigmentos
são
o ciano,
o magenta
e o amarelo.
São
as cores puras chamadas “subtrativas” que, misturadas em maior ou menor
quantidade,
darão
origem
a um
número
infinito
de
matizes.
Por
meio
da
mistura
dessas
cores
obtemos
outras
três
ditas
secundárias
que
são
a laranja,
a verde
eavioleta.
FiguraX.Coresbásicasdasíntesesubtrativa.
No
centro
dos
círculos
coloridos,
a mistura
entre
as
três
cores
resulta
em
uma
cor muito escura. Na teoria, essa cor deveria ser totalmente negra, mas, na
prática,trata-sedeummarrombemescuro,tambémchamadodepretográfico.
Mas existe outro tipo de cor que advém da luz, também denominada síntese
“aditiva”.
É
a cor
que
você
vê
no
monitor
do
computador,
na
tela
da
televisão
ou
do cinema. Observe que as cores básicas da síntese aditiva não são as
mesmasdascoresbásicasdastintas(síntesesubtrativa).
FiguraX.Coresbásicasdasínteseaditiva.
CoresComplementares(ST)
Quem trabalha com cor sempre ouve falar de cores complementares. Essas
cores são fruto de um fenômeno natural. Toda cor possui uma outra
correspondentequelheécomplementar.
FiguraX.“Aura”decorcomplementaraoredordoscírculoscoloridos.
Observe, a seguir, a bandeira portuguesa. Está colorida com as
complementares
das
cores
originais.
Se
a olharmos
fixamente
durante
cerca
de
20 segundos, até
a saturação
da
retina
para
tais
cores
e depois
desviarmos
o
olhar para uma área branca, passaremos a ver
o vulto
da
bandeira
com
suas
corescorretas.
FiguraX.BandeiradePortugalcomcoresinvertidas.
Esse fenômeno da cor complementar somado à mistura ótica entre as cores
levou
Israel
Pedrosa
a publicar
um
livro
sobre
o tema
e ilustrá-lo
com
uma
série
de pranchas para demonstrar o fenômeno. A seguir, apresentamos uma
prancha, para demonstrar o que acontece quando entrelaçamos tiras apenas
comastrêscoresbásicas.
FiguraX.Misturaótica.
Todas as fitas verticais são nas cores amarela e ciano. As fitas horizontais
superiores
e os
círculos
são
de
cor
magenta.
As
fitas
horizontais
inferiores
são
de cor branca, a mesma do papel. Isso é surpreendente, pois o que de fato
vemoséumnúmeromaiordematizesdoquerealmenteexiste.
EfeitoPsicológico(ST)
Somos
muito
influenciáveis
pelas
cores,
principalmente
em
ambientes
internos
como
casas,
restaurantes,
lojas,
clínicas
e hospitais.
Como
fator
de
segurança,
também
é amplamente
utilizada
nas
indústrias,
a fim
de
proporcionar
conforto
e
alertarparariscoseminentes.
Experiências
com
cores
têm
demonstrado,
ao
longo
dos
tempos,
algum
tipo
de
influência das cores nas pessoas quando estão diante, ou sob a presença,
delas. Tanto assim que há um tratamento, denominado cromoterapia, que é
realizadoempessoaspormeiodascores.
A
seguir,
é apresentado
um
resumo
de
como
algumas
cores
podem
influenciar
oestadoemocionaldaspessoasemambientes.
Um ambiente alaranjado transmite alegria, vitalidade, força mental e aguça o
apetite.
Um ambiente verde acalma, por isso os hospitais e as vestimentas dos
cirurgiões
e auxiliares
são
verde-claros.
O frescor
e a esperança
são
sugeridos
poressacor.
Figurax.Coremambientes.
A cor azul é considerada fria. Ela sugere tranqüilidade e proporciona ao
ambiente certo equilíbrio e atemporalidade. As tonalidades azuis são
associadas à imensidão do céu, da água e à espiritualidade. Provocam, ao
mesmotempo,sensaçãodefrescor.
O amarelo é a cor do calor, do Sol e da luz. Transmite descontração e
otimismo. Quando bem empregado pode sugerir aspirações e ambições bem
desenvolvidas.
É
utilizado
em
combinação
com
o laranja,
em
restaurantes,
por
favoreceroapetite.
FiguraX.Daesquerdaparadireitaedoaltoparabaixo,melhorvisibilidade
entrepalavrasefundoscoloridos(vistosdeperto).
3. EstruturaeComposição
Quando vamos realizar um trabalho que tenha como resultado uma imagem,
seja ele um desenho, uma
fotografia
ou
um
objeto,
o resultado
final
será
uma
composição visual. Os princípios que regem essa composição têm influência
diretamentesobreresultadodenossosprojetos.
PesoeForçaVisual(ST)
Tudo
que
não
for
o vazio
será
percebido
como
um
jogo
de
forças
que
estimula
nossos
sentimentos.
Esse
campo
de
forças
visuais
pode
ser
comparado
com
o
magnéticoquepoderáexerceratraçãoourepulsãoentreosobjetospróximos.
O
campo
de
forças
visuais
atua
como
uma
balança
que
indica
se
o que
é mais
pesadoestánopratodadireitaounopratodaesquerda.
Essa
analogia
nos
ajuda
a compreender
o peso
visual
sob
vários
aspectos,
um
deles
é o fato
de
uma
composição
desequilibrada
sugerir
transitoriedade,
uma
vez que seus elementos passam a idéia de que mudará de posição ou de
forma.
FiguraX.Balançacomoanalogiadeequilíbriovisual.
O
peso
visual
é uma
qualidade
que
não
pode
ser
medida,
já
que
muitos
são
os
fatores que o influenciam, e somente a observação cuidadosa do projetista
será
capaz
de
captá-lo.
O peso
visual
influi
em
várias
situações
distintas,
entre
elastamanho,cor,localizaçãoeforma.
A forma regular tem maior peso que a irregular enquanto que a forma
compactada
é mais
pesada
em
relação
ao
seu
centro
que
a forma
dispersa.
Já
a direção horizontal é mais leve que
a inclinada,
que
por
sua
vez
é mais
leve
queavertical.
NivelamentoeAguçamento(ST)
A composição simétrica é, por sua própria natureza, equilibrada, enquanto a
busca do equilíbrio por meio da assimetria requer
maior
atenção
e habilidade
do projetista. Por isso é muito importante considerar os aspectos de
nivelamento e aguçamento para
melhor
solucionar
o equilíbrio
na
composição
visual.
FiguraX.Nivelamentoeaguçamento.
A psicologia chama de nivelamento e aguçamento aos sentimentos opostos
entre o previsível e o inesperado.
Uma
composição
visual
surpreendente
foge
aos princípios de estabilidade e harmonia. Essa “desobediência” às regras
deveserpropositalenãoumacidenteoucasualidade.
Regradoterço(IT)
Imagine sempre a área de trabalho dividida em nove partes iguais
e repouse
sobre as linhas imaginárias – sejam elas as duas verticais ou as duas
horizontais
– os
elementos
de
maior
importância
de
sua
composição
visual.
Um
pontodeinteressepoderácoincidircomocruzamentodeduasdessaslinhas.
FiguraX.Regradoterço.
Antagonismo(ST)
A sugestão de trabalhar com conceitos antagônicos e com a polaridade de
sentimentos pode ser comparada com o contraste entre o preto e o branco,
mas
sempre
lembrando
que
entre
estes
há
uma
enorme
gama
de
cinzas
a ser
considerada. Os contrapontos funcionam como os antônimos, tal qual o leve
estáparaopesadoouoescuroestáparaoclaro.
4. ComposiçãoModulareOrdenação
Equilíbrio(ST)
Uma composição pode ser pensada de modo estático ou dinâmico e em
ambos procuramos alcançar o equilíbrio. Sempre que a composição é
simétrica o equilíbrio se obtém automaticamente enquanto que a
composição assimétrica poderá ser equilibrada ou não. Essa dinâmica
proporcionada pela assimetria é mais provocadora e leva o observador a
umareaçãoativaeespontânea.
Se por um lado é mais fácil produzir um trabalho simetricamente equilibrado,
por outro o projeto assimétrico apresenta um resultado dinâmico e menos
monótono,edevidoaoseuresultadoimprevisívelémaisinteressante.
Uma analogia que podemos fazer sobre equilíbrio visual é com a balança,
que pode manter-se em equilíbrio pela simetria de dois pesos iguais (1), ou
pela soma de pesos diferentes (2), ou ainda pela mudança de posição de
pesosdiferentes(3).
1 2 3
FiguraX.Equilíbriovisualporpesosiguais,somadepesosdiferentes,e
mudançadeposição.
5. SinaisElementares
A noção humana de espaço, que se fundamenta nos opostos percebidos
diretamente na natureza. Somos influenciados pela gravidade que nos dá o
sentido
de
verticalidade.
Em
oposição,
o sentido
de
horizontalidade
nos
é dado
pela terrestre2 e pela
superfície linha
do
horizonte.
Essa
inevitável
experiência,
que faz parte de nossa essência, gera uma percepção física e também
psicológicadosfenômenosnaturais.
FiguraX.Forçasnaturais.
Nosso equilíbrio físico e também emocional está condicionado aos eixos
vertical e horizontal que regem nossas ações aqui na Terra. Aqui no solo
estamos
sujeitos
às
entidades
físicas
e materiais,
enquanto
que
seu
oposto
é a
imaterialidade
e a espiritualidade
que
se
estende
no
eixo
vertical
superior
para
alémdacompreensão.AverticalidadeuneocéusuperiorcomaTerrainferior.
Contrapondo-se ao eixo vertical da gravidade, temos a horizontalidade da
superfície terrestre que nos suporta e dá o sentido direita-esquerda. Nossa
2
HIPERLINK
– Devido
as
suas
grandes
dimensões,
sentimos
a superfície
terrestre
como
uma
linhahorizontal.
cultura ocidental reconhece o sentido da esquerda para
direita
como
sendo
o
dapositividadeeosentidoinversocomodoretrocessoedanegatividade.
Com esse princípio, os sinais gráficos foram pouco a pouco incorporados à
cultura e ao pensamento humano. A cruz e a seta foram um dos primeiros
sinais adotados e que permanecem até os dias atuais para designar
localizaçãoedireção.
FiguraX.Cruzeseta.
A
principal
função
de
um
sinal
é a de
comunicar
sua
mensagem
de
modo
que
possa ser percebida pelo receptor sem dar margens a dúvidas. Em razão
disso, a adoção de símbolos tradicionais é uma grande vantagem devido ao
seu reconhecimento
universal.
A seguir,
veremos
uma
pequena
demonstração
desinaisgráficosbásicos,dopontodevistadeseusignificado.
FiguraX.Sinaisgráficoselementares.
Observando a figura X encontramos os sinais gráficos e seus respectivos
significados, sejam eles explícitos ou não: (1) Ascensão, dificuldade; (2)
descida, facilidade; (3) retrocesso, regressão; (4) evolução, desenvolvimento;
(5) atividade; (6) passividade; (7) cruzamento entre opostos; (8) exatidão,
recinto; (9) movimento, dinamismo; (10) espiritualidade, masculino; (11)
terrenidade, feminino; (12) universo, movimento em si mesmo; (13) origem,
centrodoinfinito.