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Zinco Proteína de ervilha D3 + K2 Melatonina

Qual a relação desse Ela é realmente Descubra o poder Fique por dentro
mineral com a
eficiente para o dessa dupla! das novidades
queda de cabelo?
ganho de massa
muscular?
Vitamina C 4

O papel do zinco na queda de cabelo 9

Proteína Vegetal 14

Proteína de ervilha e ganho de massa muscular 20

Melatonina - Benefícios Além do Sono 26

Benefícios do uso da Vitamina D3 com a Vitamina K2 33

Alzheimer – Sinais, sintomas e como tratar? 38

Uso de agrotóxicos e impactos para a saúde 44


Suplementação
Envelhecimento e microbiota intestinal

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Ácido ascórbico, essa forma de Vitamina C traz ʟ-gulonolactona oxidase, que é necessário
benefícios? O que dizem os estudos? para a fabricação da vitamina C a partir da
glicose.

Alimentos ricos em Vitamina C


A vitamina C, também conhecida como ácido
ascórbico, é um micronutriente essencial para A vitamina C pode ser encontrada em uma
a saúde humana, atuando como um potente ampla variedade de alimentos, incluindo
antioxidante e participando de uma variedade frutas cítricas, tomates, kiwis, brócolis e
de reações biológicas importantes. Alguns outros vegetais de cor verde escura. Mas vale
dos seus papéis incluem a participação na ressaltar que a vitamina C é uma substância
hidroxilação do colágeno, na biossíntese da frágil que tende a se deteriorar com facilidade
carnitina, no metabolismo de aminoácidos, ao ser submetida a cozimento, congelamento
na formação de neurotransmissores e ou luz. Portanto, é importante ter cuidado ao
no crescimento de tecidos. Além disso, procurá-la em alimentos pré-preparados ou
a vitamina C pode diminuir os níveis de sucos, como o suco de laranja, que é vulnerável
colesterol sanguíneo e aumentar a absorção à degradação devido ao contato com o ar, a
de ferro. A baixa ingestão de vitamina C luz e o calor. Para garantir a preservação da
tem sido associada a um maior risco de vitamina C, a melhor opção é consumir o suco
desenvolvimento de doenças graves, incluindo imediatamente ou, no máximo, dentro de 4
doenças cardiovasculares, hipertensão, horas de sua produção, armazenado em uma
acidente vascular cerebral, diabetes mellitus, embalagem bem fechada e resfriado, longe
câncer e doença de Alzheimer.¹ da luz.

O ácido ascórbico é a forma mais comum e Embora a ampla variedade de fontes


amplamente estudada de suplementação de alimentares disponíveis para se obter bons
vitamina C. É também a forma mais disponível níveis de vitamina C, relatórios indicam que a
e acessível em comparação com outras opções. falta dessa vitamina é comum entre adultos
Além disso, ele é altamente biodisponível e jovens, mesmo em países desenvolvidos. Essa
facilmente absorvido pelo corpo, o que significa insuficiência de vitamina C em jovens pode
que a maioria da vitamina C suplementada ser causado por fatores externos, tais como
em forma de ácido ascórbico é eficazmente o tabagismo, o consumo excessivo de álcool
utilizada pelo corpo. Por estas razões, o ácido e hábitos alimentares pouco saudáveis que
​​
ascórbico é geralmente considerado a melhor não fornecem uma dieta equilibrada e rica em
opção para suplementação de vitamina C. vitamina C. Portanto, mesmo jovens saudáveis​​
podem correr o risco de falta dessa vitamina
Nós, seres humanos, somos seres dependentes
e, consequentemente, sofrer com funções
de fontes alimentares para obter vitamina
corporais deficientes devido a esses fatores
C, pois não temos a capacidade de produzi-
relacionados ao estilo de vida. Entretanto, em
la internamente. Isto se deve à falta do gene

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comparação com os idosos, a falta de vitamina A suplementação de vitamina C aumentou
C em jovens pode passar despercebida ou ser o desempenho cognitivo
subestimada.¹
O estudo avaliou a atenção sustentada e a
velocidade de processamento após o estresse
mental por meio do teste Stroop de cores
Ingestão-recomendada
e palavras. Embora não houvesse diferença
significativa entre os números de respostas
A recomendação de ingestão diária
corretas dos dois grupos (com vitamina C
de vitamina C foi aumentada ao longo
e placebo), o grupo com vitamina C teve
do tempo, com a descoberta de suas
um tempo de reação significativamente
funções no organismo. Atualmente, a
menor em comparação ao grupo placebo
recomendação é de 75mg para mulheres
na condição incongruente. Além disso,
e 90mg para homens. No entanto, a
houve uma tendência clara de significância
ingestão de até 2.000mg por dia pode ser
na correlação entre a concentração final de
benéfica, mas a partir desse limite pode
vitamina C no sangue e o tempo de reação.¹
causar efeitos colaterais. Para crianças, a
recomendação varia de acordo com o peso, A vitamina C associada à prevenção de
sendo de 25 a 50mg por quilo de peso. doenças cardiovasculares
O limite de ingestão diária de vitamina C
A vitamina C tem sido investigada como
recomendado pelos estudos é de 1.000mg.
uma possível proteção contra doenças
Os estudos mais recentes sobre cardiovasculares devido a seu efeito
suplementação de ácido ascórbico apontam antioxidante positivo na disfunção endotelial.
para algumas vantagens, incluindo: Níveis mais elevados de vitamina C plasmática
estão associados a um menor risco de doenças
A concentração sérica de vitamina C
cardiovasculares, mas apenas quando os
associada ao nível de atenção
níveis são inadequados. A suplementação
O estudo avaliou a relação entre os níveis de com vitamina C tem pouco efeito em níveis
vitamina C no sangue e o estado de humor das adequados de vitamina C no plasma. Revisões
pessoas. Não foi encontrada uma associação recentes mostram evidências limitadas para
significativa entre os níveis de vitamina C e os o efeito da suplementação de vitamina C em
escores de estresse, depressão, afeto positivo biomarcadores de doenças cardiovasculares
ou negativo. No entanto, foi descoberto que a ou seus fatores de risco, como rigidez arterial
atenção dos indivíduos estava positivamente e controle glicêmico. Há evidências fracas de
correlacionada com os níveis de vitamina C que a suplementação de vitamina C pode
no sangue. Para investigar esse vínculo, foi melhorar esses biomarcadores em subgrupos
realizado um estudo randomizado, duplo- populacionais específicos. Algumas revisões
cego e controlado por placebo.¹ sistemáticas recentes sugerem que a vitamina

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C pode diminuir a incidência de fibrilação atrial estressadas fisicamente. Alguns estudos
e tempo de permanência no hospital, mas clínicos também sugerem que a vitamina C
não teve efeito significativo na mortalidade pode ajudar a tratar condições respiratórias
hospitalar. Dados sobre o efeito da vitamina graves, como a sepse, e pode ter um papel
C em resultados clínicos de pacientes de na prevenção de COVID-19. No entanto, mais
cirurgia cardíaca ainda são insuficientes para pesquisas são necessárias para confirmar
conclusões firmes.² seus efeitos. Além disso, a afirmação de
que a vitamina C pode prevenir infecções
urinárias recorrentes foi desmentida por
Câncer pesquisas que mostraram que mesmo
altas doses não alteram o pH da urina.²
Os pacientes com câncer frequentemente
Vitamina C e a síntese de colágeno
têm níveis mais baixos de vitamina C no
sangue do que as pessoas saudáveis. A
falta de vitamina C está ligada a níveis mais A vitamina C pode acelerar a cicatrização
elevados de proteína C-reativa e a uma maior óssea após uma fratura e aumentar a síntese
taxa de mortalidade. A administração de de colágeno tipo I, de acordo com estudos
altas doses de vitamina C por via intravenosa pré-clínicos. Além disso, a suplementação
é necessária para obter níveis terapêuticos de vitamina C também pode reduzir
no sangue dos pacientes. No entanto, essas os parâmetros de estresse oxidativo e é
doses elevadas podem ser pró-oxidantes e considerada segura, sem relatos de efeitos
aumentar os efeitos de alguns tratamentos adversos em modelos animais ou em seres
contra o câncer. Alguns estudos clínicos humanos. No entanto, são necessários mais
apontam que a terapia com altas doses de estudos clínicos antes que a vitamina C possa
vitamina C administrada por via intravenosa ser recomendada como suplemento após
é bem tolerada e melhora a qualidade de uma lesão.
vida dos pacientes, mas a eficácia precisa ser
comprovada em ensaios clínicos maiores.²

Saúde imunológica

A vitamina C é importante para a saúde


imunológica e tem um papel na proteção
contra infecções, segundo uma revisão
recente. Embora os estudos em humanos
não sejam conclusivos, há evidências de que
a vitamina C é eficaz em situações específicas,
como baixos níveis de vitamina C em pessoas

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Conclusão

Os resultados dos estudos sobre os


efeitos da suplementação com Ácido
Ascórbico (Vitamina C) são mistos,
com alguns estudos apontando be-
nefícios e outros não encontrando
resultados significativos. Alguns estu-
dos sugerem que a suplementação
pode ajudar na melhoria do sistema
imunológico e prevenção de doenças
crônicas, enquanto outros estudos
apontam que a suplementação pode
não ter benefícios significativos e
pode ter efeitos prejudiciais à saúde
se consumida em excesso.²

Em conclusão, a suplementação de
vitamina C pode ser benéfica para a
saúde em geral, pois é um nutriente
importante que desempenha um
papel vital em muitos processos cor-
porais. Mas vale lembrar, que é sem-
pre de extrema importância ter um
profissional para te orientar de forma
individualizada.

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Suplementação proteica e sarcopenia
Saúde capilar

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O papel do zinco na queda de cabelo integridade e elasticidade dos fios de cabelo
e da pele7;8;9;10.

A queda de cabelo é uma desordem As principais fontes alimentares de zinco são


estética que acomete boa parte das peixes e carnes. A deficiência é mais comum
mulheres e também dos homens em idade em indivíduos que consomem mais grãos em
adulta. Podendo ter diferentes etiologias e detrimento a outros alimentos, devido ao fato
nomenclaturas referentes à estas. Atualmente que nos grãos existe a presença dos fitatos,
a queda de cabelo é descrita dentro de 8 fator antinutricional considerado um quelante
subtipos, sendo eles: alopecia androgenética; do zinco (ou seja, os fitatos se ligam ao zinco
eflúvio telógeno; alopécia areata; alopécia impedindo sua absorção)10.
cicatricial; alopecia cicatricial central; queda
Baixos níveis do mineral podem interferir
de cabelo no pós parto; menopausa e por
diretamente nas atividades enzimáticas
estress 1;2
das quais ele participa, prejudicando o
Embora agrupada em diferentes subtipos, metabolismo dos tecidos, incluindo pele,
têm sido alvo de investigação pontos comuns cabelo e unha, uma vez que esta deficiência
nutricionais entre elas, um destes pontos é a acarretará em uma resposta direta de
relação do zinco e sua possível interferência enfraquecimento destas estruturas. O zinco
nos processos de crescimento capilar.. O também age como um potente inibidor
assunto tem sido alvo de interesse progressivo da regressão do folículo piloso e acelera a
há muitas décadas com estudos datados recuperação do mesmo6;7;8.
desde 198110.
Além do mais, inibe a ação da enzima 5-alfa
O zinco é um oligoelemento essencial, ou redutase7;8, de modo que se pode considerar
seja ele é um elemento considerado “traço” sua participação positiva no manejo da
e nosso corpo não o produz, de modo que alopécia androgenética que será discutida
deve ser ingerido através da alimentação adiante.
e da suplementação ..10
Desempenha
Um dos padrões de quedas mais estudados
importante papel no metabolismo celular
atualmente é a Alopecia androgenética,
pois atua no controle enzimático, participa
uma queda de cabelo masculina de padrão
da síntese proteica e também do transporte
progressivo. De acordo com os dados que se
de gorduras. Na pele, o zinco possui uma
tem, até o presente momento 30% dos homens
ação de manutenção da integridade das
apresentarão essa condição até os 30 anos4.
células epiteliais chamadas queratinócitos,
Embora exista um padrão genético associado
que estão presentes também nas unhas
à origem desta condição, se pode considerar
e nos cabelos. Está também envolvido na
a deficiência de alguns micronutrientes,
síntese de colágeno, cujos níveis adequados
incluindo de maneira bastante relevante, o
são fundamentais para a manutenção da
zinco8.

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Um estudo realizado na Rússia com 48 o autor Cheueng em sua amostra de 115
homens de idade entre 18 e 50 anos no estágio participantes já com quedas acentuadas e
inicial da alopecia utilizando caso controle e crônicas, encontrou valores deficientes de
intervenção tópica além suplementação com zinco em 9.6% dos participantes3.
oligoelementos, encontrou uma associação
Embora seja uma discussão de amplo
positiva entre a suplementação de zinco e
interesse no meio da dermatologia e já em
resposta positiva à terapia conservadora,
voga a algumas décadas, os dados ainda não
o mesmo autor ainda observa que em
são homogêneos a ponto de que se possa
trabalhos utilizados como embasamento
estabelecer dosagens suplementares efetivas
de sua pesquisa, foram encontrados dados
em cada subtipo de queda de cabelo, de
onde a condição capilar denominada eflúvio
modo que ainda são necessários mais estudos
telógeno, apontava nos portadores níveis
a fim de que se haja robustez de dados para
séricos mais baixos de zinco4.
padronização de dosagem e protocolos.
Devido à intrínseca relação do zinco com
a síntese da enzima superóxido dismutase
(enzima antioxidante), alguns autores
sugerem que o desequilíbrio entre os níveis
de cobre e zinco geram uma irregularidade
nessa enzima e consequente alteração na
atividade antioxidante, fator que pode estar
envolvido na gênese da alopécia e também
do eflúvio telógeno9. A maioria dos estudos até
o presente momento, revela níveis de zinco
sérico deficientes em pacientes com alopecia
em estágios avançados9.

Em 2012 na Universidade do Japão, um


ensaio clínico realizado com indivíduos já
apresentando queda capilar com comprovada
deficiência de níveis séricos de zinco, obteve
em sua amostra 100% de resultados na
intervenção com suplementação de zinco
reduzindo a queda. Este resultado é bastante
notório, uma vez que a obtenção de total
efetividade em uma intervenção é um evento
um tanto quanto raro5.

Alguns outros estudos reforçam essa hipótese,

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Existem evidências bastante interessantes
como foi brevemente discutido anteriormente,
de modo que a partir delas é possível a
construção um raciocínio clínico individualizado
para a suplementação do mineral, é importante
avaliar a causa da queda, níveis séricos do
mineral e condições intestinais para absorção
da suplementação. É importante ressaltar
a necessidade da avaliação periódica dos
indivíduos suplementados e suas necessidades
individuais.

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Benefícios do azeite de olivia

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PROTEÍNA VEGETAL 50 anos, a musculatura tende a reduzir cerca
de 0,3 a 0,8% ao ano devido a atrofia muscular
Introdução
relacionada a idade em conjunto com a
A proteína é um nutriente formado a partir redução da força muscular (sarcopenia);
da combinação entre os aminoácidos. A diminuição da função mitocondrial; aumento
proporção de aminoácidos determinará do estresse oxidativo e inflamação sistêmica
uma função específica para ela, podendo ser (06, 09).
estrutural, reguladora, de transporte e defesa. A princípio, o consumo de fontes biodisponíveis
Contudo, a qualidade de uma proteína não de proteína, a fim de maximizar a síntese
deve ser mesurada apenas pela composição de proteica, o ganho de massa muscular e força,
aminoácidos essenciais, mas pela capacidade é fundamental para evitar a sarcopenia e
de absorção da molécula pelo próprio corpo, aumentar a qualidade de vida (06). Todavia, há
também chamada de biodisponibilidade. um número crescente de pessoas reduzindo
Ainda existem fatores que podem prejudicar o consumo de alimentos derivados de
a digestibilidade e qualidades das animais, principalmente a carne vermelha, e
proteínas, como a presença de compostos interessadas no vegetarianismo/veganismo.
antinutricionais; (inibidores de tripsina e Em 2021, o Ipec (Inteligência em Pesquisa e
quimiotripsina; lectinas); processamento dos Consultoria) verificou que 46% dos brasileiros
alimentos; estrutura e interferência de outros já deixam de consumir carne, por vontade
nutrientes (11). própria, pelo menos uma vez por semana.
Entende-se que o desenvolvimento de massa A principal motivação para essa mudança
magra está associado com maior qualidade é a ética, seguida pela saúde e, em menor
de vida, longevidade e saúde em geral. proporção, meio ambiente e sustentabilidade.
Dessa maneira, uma alimentação saudável, Qualidade nutricional e digestibilidade das
com oferta suficiente de proteína, se torna proteínas animais e vegetais
imprescindível. A necessidade proteica diária
Historicamente, as proteínas de origem animal
deve ser determinada de forma individual,
são consideradas completas, essenciais para o
levando em consideração idade, composição
organismo e utilizadas como referência em
corporal, objetivo e grau de atividade diária.
relação ao perfil de aminoácidos. Entretanto,
Atualmente, recomenda-se um consumo
apesar das proteínas de origem vegetal serem
próximo a 1,2-1,5g/kg de peso corporal/dia,
classificadas como parcial ou totalmente
associado com estímulo de físico, para adultos
incompletas, por não apresentaram todos os
com objetivo de ter melhorias na musculatura
aminoácidos essenciais em um único alimento,
e força. Para praticantes de atividade física,
existem ótimas fontes, como as leguminosas
essa recomendação pode subir para 1,6-2,2g/
(contendo 10 a 30% de proteínas) e os cereais
kg de peso corporal/dia. Contudo, vale ressaltar
(contendo 6-15% de proteína). Também é
que, a partir dos 30 anos, em especial após os

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de extrema importância considerar que, ao suplementar 50 jogadores de futsal durante
durante a alimentação diária de um indivíduo 8 semanas com um blend de proteína vegetal
vegetariano, ocorre o consumo de alimentos (proteína de ervilha, proteína de levedura
variados, ocorrendo um efeito complementar e BCAA 4:1:1) ou proteína do soro do leite.
dos aminoácidos essenciais, ou seja, uma Informação reforçada por Banaszek et al
mistura adequada de cereais e leguminosas, o (2019), que concluiu que a suplementação de
famoso arroz e feijão, ao longo do dia, é capaz proteína do soro do leite ou proteína de ervilha,
de entregar o mesmo valor nutricional de uma durante 8 semanas, promoveu resultados
alimentação de origem animal (09, 11). similares nas adaptações fisiológicas de
15 homens submetidos a Treinamento
A digestibilidade é outro fator de relevância,
Funcional de Alta Intensidade. Outro estudo
visto que uma rápida digestão e absorção
randomizado, elaborado por Kritikos et al
garante uma resposta de síntese proteica
(2021), comparou os efeitos da suplementação
muscular mais aguda comparada a outras
de proteína do soro do leite e proteína de
fontes, como as proteínas de origem vegetal.
soja na performance, desempenho e dano
Isso pode acontecer dependendo do método
muscular após treinamento de resistência
de processamento e da presença dos fatores
de velocidade em 10 jogadores de futebol
antinutricionais, portanto, realizar o remolho e
e não encontrou diferenças. Ambos foram
cozimentos desses alimentos, principalmente
igualmente eficazes, colocando a proteína de
de leguminosas, e evitar o consumo de alguns
soja como uma possível alternativa, eficiente e
alimentos junto ou logo após a refeição
econômica, para recuperação de treinamentos
principal, como chá, refrigerantes, café e
de alta intensidade e resistência.
laticínios, pode ser uma estratégia eficiente
para aumentar a biodisponibilidade (06, 09, 11). Em contrapartida, existem estudos que
apontam que a suplementação com proteína
Proteína animal versus Proteína vegetal:
vegetal leva a uma síntese proteica muscular
resposta muscular
mais baixa, como demonstrado na pesquisa
A mesma associação é feita com os realizada por Volek et al (2013), no qual a
suplementos proteicos. A proteína do soro do suplementação de proteína do soro do leite
leite é amplamente utilizada como principal aumentou significativamente os ganhos
fonte de suplementação proteica pela alta de massa magra em comparação com a
digestibilidade e perfil de aminoácido em suplementação com proteína de soja. Outro
comparação a proteínas vegetais, como da estudo mais recente, elaborado por Nieman
soja, arroz e de ervilha. Contudo, Teixeira et al (2020), concluiu que o consumo de
et al. (2022), não encontrou diferenças em proteína do soro do leite durante 5 dias após
conteúdo mineral ósseo, massa magra, exercício excêntrico intensivo atenuou o dano
massa gorda, água corporal total, marcadores muscular enquanto a ingestão de proteína de
bioquímicos, teste de força máxima e VO2máx ervilha resultou em um efeito intermediário.

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Entretanto, há indícios de que doses mais Conclusão
altas de proteína vegetal (>30g) combinadas
A tendência da população em
com estímulo de força, levam a resultados
reduzir o consumo alimentos de
musculares semelhantes. Por exemplo, Joy et
origem animal, ou até mesmo parar
al (2013), avaliou a suplementação de 48g de
por completo, está cada vez maior.
proteína do arroz ou proteína do soro do leite
Portanto, a fim de evitar prejuízos à
isolada, após o treino de musculação, em 24
saúde, é de grande valia que ocorram
homens durante 8 semanas e não detectou
adequações nutricionais da base
nenhuma diferença entre as formas de
alimentar desses indivíduos para que
proteína, ambas resultaram em melhorias na
a alimentação continue entregando
composição corporal e performance no treino.
todos os nutrientes essenciais, em
Em 2021, Li et al. dividiu 16 mulheres em dois
destaque para as proteínas. Entende-
grupos, exercício aeróbio + suplementação de
se que, para manutenção da massa
placebo ou exercício aeróbio + suplementação
magra durante envelhecimento e
de 40g de proteína de soja e, após 8 semanas,
para uma boa resposta muscular com
concluiu que o grupo suplementado obteve
estímulo de treino, uma quantidade
uma melhora relevante na composição
de suplemento proteico vegetal entre
corporal e medidas antropométricas
30-50g/dia, ou um consumo diário de
comparadas com o grupo placebo
1,6-2,2g/kg de peso corporal, é capaz
de maximizar a saúde muscular.
Entretanto, é importante ressaltar que
os estudos com dietas vegetarianas
possuem um viés grande devido a
falta de consistência na definição do
vegetarianismo; autorrelato; incerteza
do conteúdo nutricional de alimentos
vegetarianos; erro na medição
dietética em relação à ingesta proteica
e um número pequeno de amostras,
sendo necessário a continuidade
das pesquisas para resultados mais
concretos. Contudo, os benefícios
para a saúde e redução do risco de
mortalidade por Doenças Crônicas
Não Transmissíveis (DCNT) com uma
alimentação vegetariana já é algo
comprovado e, dentro do âmbito

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do esporte, sabe-se que não há
diferenças entre uma alimentação
onívora e vegetal, ambas são capazes
de entregar um ótimo desempenho
ao atleta.

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suplementação de ômega-3 no transtorno
Poder verde
bipolar: estudos sobre os possíveis
benefícios

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Proteína de ervilha e ganho de massa Muscular (SPM), a proteína do soro do leite
muscular. (Whey Protein) é uma escolha comum para
a suplementação proteica entre populações
Introdução
ativas e atletas; no entanto, embora a
O musculo esquelético corresponde a suplementação da proteína do soro do leite
aproximadamente 40% do peso corporal seja efetiva visando melhorar as adaptações
total e aproximadamente 50-75% da ao treinamento resistido, nem todos os
proteína corporal total em seres humanos. A indivíduos que necessitam de uma dieta
importância deste tecido vêm sendo cada hiperproteica são capazes ou estão dispostos
vez mais estudada por diversos autores que, a consumir a Whey Protein. Indivíduos que
inclusive, sugerem que o musculo esquelético aderem a dietas veganas/vegetarianas ou
deve ser visto como um órgão endócrino, aqueles que apresentam outras restrições
devido sua já reconhecida capacidade de alimentares necessitam, muitas vezes, de
exercer efeitos endócrinos na gordura visceral uma fonte alternativa de suplementação para
e no metabolismo de lipídios e glicose 1, 2. complementar seu consumo proteico diário
O consumo de proteínas, em consequência nas diretrizes recomendadas 4.
da importância já conhecida do musculo Proteína de ervilha e ganho de massa
esquelético, também vêm sendo cada vez muscular
mais estudado na literatura científica atual. Um
Uma das alternativas para o consumo da
posicionamento publicado pela Sociedade
proteína do soro do leite é a proteína de
Internacional de Nutrição Esportiva (ISSN
ervilha. Em média, este suplemento contém
– International Society of Sports Nutrition)
85% de proteína em sua composição, 9% de
trouxe dados que sugerem que um consumo
gordura, 0% de carboidratos e 4% de cinzas.
de 1.4-2g/kg de proteína ao dia seria ideal para
Além do alto percentual proteico, uma
a maioria dos indivíduos que se exercitam; o
dose de 30g de proteína de ervilha contém,
posicionamento ainda sugere que indivíduos
em média, 2500mg de leucina em 30g de
treinados que visam a redução de massa gorda
produto – quantidades de 700-3000mg de
poderiam se beneficiar de doses maiores (>3g/
leucina na refeição são recomendadas visando
kg/dia), mas cada caso deve ser analisado em
estimular a SPM. Outros aminoácidos como
sua individualidade 3.
Isoleucina e Valina que, em conjunto com a
Pensando na importância de uma alimentação Leucina, formam os Aminoácidos de Cadeia
hiperproteica em diferentes públicos, diversos Ramificada (BCAAS – Branched-chain Amino
suplementos proteicos foram lançados ao Acids) também estão presentes na proteína de
mercado visando facilitar o consumo deste ervilha, o que teoricamente garante a ela um
nutriente nas mais diversas populações. Pelo perfil de aminoácidos efetivo para melhorar
seu alto teor de leucina, rápida digestibilidade construção muscular; em contrapartida, a
e capacidade de estimular a Síntese Proteica

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presença de aminoácidos como metionina e dias de treinamento ou entre as refeições em
cisteína é limitada nesta suplementação, o que dias sem treinamento. Todos os participantes
levou diversos autores a verificarem, através tiveram sua espessura muscular avaliada por
de estudos, os efeitos da suplementação em ultrassonografia, mensuraram sua composição
desfechos clínicos mais ‘’práticos’’ 1, 3, 7.
corporal por bioimpedância (BIA), bem como
realizaram testes de força. No final das 08
Para avaliar a real eficácia da proteína
semanas, ambos os grupos apresentaram
de ervilha em melhorar adaptações ao
resultados equivalentes em parâmetros como
treinamento físico, diversos trabalhos foram
força, desempenho, composição corporal e
publicados com tal intuito. Em 2015, um
adaptações musculares, o que levou os autores
ensaio clínico duplo-cego randomizado e
à conclusão de que ambas as suplementações
controlado por placebo analisou 161 homens,
apresentam efetividade semelhante para
com idades entre 18 e 35 anos, que foram
praticantes da modalidade – com a ressalva
submetidos a 12 semanas de treinamento
do baixo número de participantes no estudo,
de força. Os grupos foram divididos entre o
o que demanda cautela na interpretação dos
consumo de proteína de ervilha (n = 53), Whey
resultados 4.
Protein (n = 54) ou placebo (n = 54), e todos
ingeriram 25g dos suplementos ou placebo Além de trabalhos realizados com seres
2x por dia ao longo das 12 semanas. Após humanos, alguns autores também analisaram
a análise da espessura muscular do bíceps as diferenças entre a proteína de ervilha e
braquial ao final do estudo, tanto o grupo proteínas derivadas do leite em roedores,
suplementado com Whey Protein como o visando um maior controle do estudo. Após
grupo suplementado com proteína de ervilha 16 semanas fornecendo a suplementação de
tiveram melhorias semelhantes de espessura proteína de ervilha, proteína do soro do leite
muscular nesta região, o que sugere um ou caseína para 30 ratos Wistar, os autores
benefício potencialmente semelhante entre não encontraram diferenças significativas
ambos os suplementos 5.
no balanço nitrogenado, na digestibilidade
da proteína ou na capacidade de absorção
Um estudo piloto, publicado em 2019, avaliou
da proteína nos roedores; por consequência,
os efeitos da suplementação de proteína de
não houveram diferenças expressivas em
ervilha durante 8 semanas em indivíduos
parâmetros como composição corporal
que realizavam um treinamento funcional
e no balanço de síntese/degradação do
de alta intensidade. Quinze indivíduos, sendo
musculo esquelético. Além disso, a atividade
8 homens e 7 mulheres, participaram do
mitocondrial muscular, o estado de inflamação
estudo. Os participantes consumiram 24g de
e parâmetros de resistência à insulina se
proteínas provenientes do soro do leite (n =
mantiveram iguais entre os grupos o que
8) ou provenientes da proteína da ervilha (n
sugere que, em condições experimentais,
= 7), antes e após a prática de exercícios em
a eficiência para a utilização da proteína se

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mantém fisiologicamente a mesma com fisiculturismo, duas diferentes estratégias
a proteína de ervilha ou com proteínas podem ser efetivas para elevar a pontuação
provenientes do leite 6.
DIAAS da proteína de ervilha para próximo de
100, promovendo-a um patamar de proteína
Determinação da qualidade proteica
considerada como de excelente qualidade:
Com os dados anteriormente citados, a a primeira delas seria consumir uma porção
literatura fornece evidências iniciais de que maior de proteínas, buscando uma maior
a suplementação com proteína de ervilha absorção de aminoácidos no plasma. Numa
pode ser tão efetiva quanto a suplementação média, o consumo de uma porção de 1.45x
de Whey Protein. A principal hipótese para (ou aproximadamente uma porção e meia)
os resultados positivos que a suplementação de proteína de ervilha já seria suficiente para
de proteína de ervilha conferiu a maioria atender todas as demandas fisiológicas;
dos participantes dos estudos publicados alternativamente, a combinação de proteínas
acima tem direta relação com a qualidade da visando garantir a complementaridade de
proteína da ervilha, baseada no método DIAAS seus aminoácidos também tende a aumentar
(Digestible Indispensable Amino Acid Score). a pontuação DIAAS – nestes casos, a mistura
O DIAAS analisa a digestibilidade de de uma proteína proveniente de um cereal (ex:
aminoácidos essenciais e, por consequência, arroz) com a proteína de ervilha (leguminosa)
têm relação direta com a capacidade de parece eficiente para aumentar a pontuação
aproveitamento da proteína ingerida para DIAAS 7.
maximizar a SPM. Neste método, as proteínas Conclusão
são classificadas em 03 níveis: sem alegação de
O ganho de massa muscular tem relação
proteínas de qualidade (DIAAS <75), proteína
direta com o consumo adequado de proteínas.
de alta qualidade (DIAAS 75-99) e proteína
Além de uma alimentação hiperproteica, é
de excelente qualidade (>99). Ainda que
importante também que o fracionamento
proteínas animais (como carne e ovos) sejam
dessa proteína ao longo do dia esteja feito de
classificadas como proteínas de excelente
maneira eficiente – doses entre 0.25-0.4g/kg
qualidade, a proteína da ervilha é uma das
ou 20-40g de proteína por refeição parecem
proteínas vegetais que recebe a classificação
capazes de maximizar a SPM. Devido à esta
de alta qualidade (DIAAS aproximadamente
necessidade, suplementos hiperproteicos
75-80). Com isto, torna-se uma das principais
vêm ganhando cada vez mais espaço no
alternativas de suplementação de proteínas
mercado fitness pela praticidade aliada a
vegetais visando um aumento de massa
eficácia no auxílio para a hipertrofia muscular.
muscular.
Ainda que suplementos como Whey Protein
Contextualizando indivíduos que se sejam reconhecidamente eficazes, alguns
beneficiem de um processo de SPM em atletas possuem limitações para o consumo
sua máxima eficiência como atletas de

22
GOAHEAD NUTRITION | 27ªed.
desta proteína, havendo uma demanda
para proteínas alternativas no mercado de
suplementos 3.

A suplementação de proteínas provenientes da


ervilha se demonstrou capaz de maximizar a
SPM tanto em estudos preliminares (realizados
com roedores) como também em trabalhos
de mais alta evidência clínica, realizados com
seres humanos e controlados por placebo.
Ainda que mais estudos sejam necessários
visando avaliar a eficácia da suplementação
da proteína de ervilha em diferentes cenários,
os dados atualmente disponíveis reforçam
a proteína de ervilha como uma excelente
alternativa para a suplementação de Whey
Protein. A qualidade da proteína de ervilha
pode ser ainda mais elevada quando seu uso
for realizado concomitantemente à proteínas
provenientes de cereais (ex: blends proteicos
de proteína de ervilha combinada com
proteína do arroz) ou mesmo quando as doses
do suplemento forem levemente superiores
quando comparado a suplementação de
Whey Protein; a necessidade destes ajustes
fica por conta do profissional que, analisando
as demandas e particularidades de cada um,
deverá tomar a melhor decisão baseada na
Prática Baseada em Evidências (PBE).

23
GOAHEAD NUTRITION | 27ªed.
SIBO: SINAIS, SINTOMAS E TERAPIA
Potência extra
NUTRICIONAL

24
GOAHEAD NUTRITION | 27ª ed.
A melatonina é um hormônio que nos A melatonina vem sendo explorada como
mamíferos é produzida principalmente uma molécula neuroprotetora em condições
pela glândula pineal durante a noite e isquêmicas, como acidente vascular cerebral.
inibida pela luz, sendo regulada pelos Nesta ocasião, vários estudos em modelos
núcleos hipotalâmicos em função do ciclo animais mostraram que a terapia com
circadiano.  No entanto, vários estudos melatonina diminui a toxicidade induzida pelo
também demonstram a síntese de melatonina aumento do cálcio intracelular desencadeado
extrapineal em outros órgãos e sistemas, pelo glutamato na isquemia cerebral focal,
como trato gastrointestinal, coração, fígado, aumentando também a taxa de sobrevivência
placenta, rins, ovários, linfócitos, macrófagos, e reduzindo a neurodegeneração e a perda
retina e pele. (1, 2) neuronal pós-isquêmica, além de seu
papel promissor na prevenção de doenças
neurodegenerativas como Alzheimer e
Trata-se de uma indoleamina sintetizada a Parkinson. (2)
partir do aminoácido triptofano, produzida
em animais e plantas.  Os humanos fazem a
sua ingestão de forma contínua através de A eficácia da melatonina para melhorar a
fontes dietéticas exógenas ou produzem este viabilidade neural não apenas após lesão
hormônio endogenamente. (3, 4) aguda, mas também como um agente
terapêutico a longo prazo, garante sua posição
como um neuroprotetor promissor. (2)
A produção de melatonina pode ser
influenciada pelo envelhecimento, doenças,
alimentação, fatores ambientais como luz Melatonina e imunidade
forte à noite, uso de medicamentos e estilo de
A melatonina é um importante hormônio
vida. (3)
imunomodulador, que desempenha um
papel de destaque em inúmeros distúrbios,
tais como infecções, autoimunidade e
Sendo assim, além de seu já conhecido
imunossenescência, se mostrando importante
papel no sono, a melatonina está envolvida
no combate a infecções bacterianas e virais. (1)
em outras múltiplas atividades, as quais
incluem a homeostase mitocondrial,
regulação genômica e modulação de
Os efeitos benéficos da melatonina foram
citocinas inflamatórias e imunes, impactando
postulados contra infecções por gripe e
diretamente as propriedades anti-
também como opção preventiva e de
inflamatórias sistêmicas e agudas. (3)
tratamento contra o COVID-19, responsável
Melatonina e sistema nervoso pela pandemia que atingiu todo o mundo.
As vias melatoninérgicas parecem interagir

26
GOAHEAD NUTRITION | 27ªed.
com os vírus e têm efeitos diretos nas danos causados pelo
​​ estresse oxidativo e pela
infecções.  Assim, estes dados sugerem um inflamação. (4)
potencial terapêutico da melatonina em
doenças respiratórias e demais distúrbios
induzidos por vírus humanos. (1, 2, 3) Assim como nos demais órgãos, a melatonina
também tem a capacidade de eliminar uma
ampla gama de espécies reativas de oxigênio
Uma razão intuitiva para o efeito terapêutico e de otimizar a regulação de várias enzimas
da melatonina no COVID-19 é baseada em suas antioxidantes, assumindo uma função de
propriedades anti-inflamatória, antioxidante e hormônio anti-inflamatório no intestino. (4)
imunomoduladora e também na observação
de que crianças e pacientes jovens, os quais
possuem níveis mais altos de melatonina, Ainda há uma especulação sobre como a

apresentam formas mais leves da doença do melatonina produzida pela glândula pineal e

que os idosos. (2) a melatonina derivada do intestino se inter-


relacionam e se realmente existe uma ligação
entre o eixo intestino-pineal, e como diferentes
No entanto, mais estudos são necessários padrões de dietas, alimentos específicos ou
para uma melhor compreensão de como os horário das refeições (crononutrição) podem
vírus interagem com a melatonina exógena. alterar os níveis sistêmicos de melatonina
Além do mais, a sua eficácia ainda não foi ou a relevância fisiológica de quaisquer
devidamente demonstrada em ensaios alterações. No entanto, a melatonina advinda
clínicos. (1, 2) do estilo de alimentação e do intestino é
um campo ainda carente de pesquisas com
muitas dúvidas a serem elucidadas. (3)
Melatonina e Intestino

A melatonina parece restaurar o equilíbrio


Melatonina e seu papel antioxidante e anti-
da microbiota intestinal, promovendo o
inflamatório
crescimento de bacteroides que são bactérias
benéficas para o trato gastrointestinal.  A A melatonina desempenha o papel de
melatonina gastrointestinal, conectando-se a um poderoso antioxidante exercido por
receptores de membrana e/ou suas moléculas mecanismos diretos e indiretos e possui uma
de sinalização intracelular e extracelular, função protetora tanto intracelular quanto
durante a atividade fisiológica, participa da extracelular. É encontrada abundantemente
regulação da motilidade, produção de ácido nas mitocôndrias, onde dá-se a maior
clorídrico, proliferação celular, equilíbrio da produção de espécies reativas de oxigênio
microbiota e síntese de prostaglandinas, além (EROs). Nas mitocôndrias, a melatonina atua
de proteger os tecidos gastrointestinais contra como um eliminador direto de radicais livres e

27
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produtos não radicais relacionados e estimula não farmacológico com cálcio e vitamina D.
enzimas antioxidantes, incluindo superóxido No entanto, estudos pré-clínicos e clínicos
dismutase 2 (SOD2), catalase e glutationa sugerem que o tratamento com melatonina
redutase, enquanto suprime enzimas pró- pode reverter a perda óssea de forma efetiva.
oxidantes e melhora a eficiência de outros (1)
antioxidantes. (4, 1, 2)

Um estudo controlado randomizado incluindo


Uma recente meta-análise concluiu que um tratamento noturno de um ano com
a suplementação de melatonina pode melatonina (1 mg, 3 mg) em mulheres entre
ser eficaz na redução de biomarcadores 56 e 73 anos, mostrou que a melatonina
inflamatórios, especialmente de citocinas aumentou a densidade mineral óssea (DMO)
pró-inflamatórias TNF-α e IL-6. A melatonina do colo do fêmur de maneira dependente
também aumenta as defesas antioxidantes da dose.  Além disso, a dose de 3 mg/dia de
ao induzir epigeneticamente o Nrf2, que se melatonina aumentou a espessura trabecular
liga aos elementos de resposta antioxidante na tíbia em 2,2% e a densidade mineral óssea
localizados na região promotora de genes que volumétrica na coluna vertebral em 3,6%. No
codificam enzimas antioxidantes. (1) entanto, não houve influência considerável
na DMO em outros locais do esqueleto ou
 
marcadores de remodelação óssea. (1)
Por fim, este hormônio desempenha um
papel de suma importância na manutenção
das funções mitocondriais normais e no Melatonina e obesidade
metabolismo celular.  No entanto, outros
No contexto da melhora dos aspectos
estudos sobre os efeitos da melatonina
relacionados à obesidade, a melatonina
nas funções mitocondriais em vários
demonstrou diminuir a secreção de TNF-α e
tecidos e órgãos nos auxiliarão a elucidar os
IL-6 pelos adipócitos, aumentar o colesterol de
mecanismos de sua ação protetora e seu uso
lipoproteína de alta densidade (HDL), reduzir
para o tratamento de inúmeras patologias (1)
os níveis plasmáticos de triglicerídeos, LDL e
lipoproteína de densidade muito baixa (VLDL),
além de diminuir a gordura visceral. (1)
Melatonina e saúde óssea

Vem
sendo demonstrado que
uma diminuição na produção noturna Ademais, a suplementação com melatonina
de melatonina está associada a um pode ser uma boa alternativa para reduzir a
enfraquecimento da estrutura óssea e a obesidade levando em consideração o tecido
um risco aumentado de fraturas.  Este risco adiposo marrom, um tecido metabólico ativo
costuma ser atenuado graças ao tratamento capaz de converter energia extra em calor. Por

28
GOAHEAD NUTRITION | 27ªed.
esta razão, este hormônio foi recentemente
proposto como um agente de emagrecimento
Estudos experimentais utilizando corações
em humanos devido à sua capacidade de
isolados ou cardiomiócitos mostraram que o
proporcionar o crescimento e a atividade
tratamento prévio ou adição de melatonina
metabólica do tecido adiposo marrom. (1)
diretamente ao meio de reperfusão diminuiu
a incidência de arritmias. (1)

Outros trabalhos acerca da suplementação


com melatonina como adjuvante no
No entanto, ainda faltam evidências concretas
tratamento da obesidade e da síndrome
e bem estabelecidas acerca da eficácia
metabólica originam-se de um ensaio clínico
deste suplemento como uma abordagem
realizado em pacientes com síndrome
terapêutica para o tratamento de doenças
metabólica, que apresentou efeitos benéficos
cardiovasculares em humanos, o que ainda
de um tratamento durante o período de 2
não foi alcançado através de ensaios clínicos
meses com melatonina na dosagem de 5mg
randomizados. (3)
ao dia na dislipidemia, hipertensão e estresse
oxidativo. (1)
CONCLUSÕES

Melatonina e doenças cardiovasculares Ao tirarmos conclusões acerca da segurança


da suplementação com melatonina,
Nos últimos 20 anos, alguns estudos vêm
encontramos limitações envolvendo inúmeros
mostrando que a redução da melatonina
aspectos, como dados obtidos através de
é um fator de risco para várias doenças
estudos experimentais in vitro e in vivo,
cardiovasculares (DCVs). Foi demonstrado que
estudos clínicos com resultados inconsistentes
níveis noturnos diminuídos de melatonina
e utilização de métodos limitados ​​
para
estão associados a um risco aumentado de
expor os possíveis efeitos adversos de sua
lesão miocárdica isquêmica, hipertensão,
administração. (1, 2)
aterosclerose, insuficiência cardíaca e dano
miocárdico induzido por drogas. (4)
Tendo em vista que este hormônio está
amplamente distribuído em órgãos e tecidos
A suplementação com melatonina mostra
do corpo e está envolvido nos mecanismos
alguns efeitos protetores contra a lesão de
moleculares de vários processos patológicos,
isquemia/reperfusão (I/R) em vários órgãos,
também pode ser considerado como um
dentre eles coração, cérebro, rins, intestinos e
possível alvo como terapia personalizada
fígado. Porém, estes mecanismos ainda não
para otimizar a prevenção e o tratamento
foram totalmente esclarecidos. (2)
de doenças. Além disso, a combinação de

29
GOAHEAD NUTRITION | 27ªed.
melatonina com terapias tradicionais pode
aumentar a eficiência do tratamento de
doenças infecciosas, doenças cardiovasculares,
câncer e doenças neurodegenerativas,
diminuindo também os efeitos colaterais
a longo prazo de outras medicações
convencionais. Sendo assim, é necessário
que mais investigações sejam feitas para
determinar a segurança e a dosagem de
sua suplementação em humanos de forma
assertiva. (1, 4, 2)

Por fim, hábitos de vida saudáveis, como


adequada exposição à luz e à escuridão e
baixa exposição à luz azul no período noturno
e hábitos alimentares saudáveis também são
importantes para que sejam estabelecidos
níveis adequados ​​de melatonina. (3)

30
GOAHEAD NUTRITION | 27ªed.
Creatina e saúde feminina
Poderosa aliança

32
GOAHEAD NUTRITION | 27ª ed.
Benefícios do uso da Vitamina D3 com a Em relação às fontes alimentares
Vitamina K2 de vitamina D, podem ser encontradas na
natureza de duas formas: ergocalciferol
(vitamina D2) e colecalciferol (vitamina D3).
A vitamina D3, também conhecida como
Para que a vitamina D consiga de fato exercer
colecalciferol, é um dos 24 micronutrientes
sua função, ela necessita ser transformada
essenciais para a sobrevivência humana, além
em sua forma ativa: 1,251,25(OH)2D3 (1,25 di-
de também ser considerada como um “pró-
idroxicolecalciferol), também conhecida como
hormônio” 1,2. Esta, por sua vez, é sintetizada
calcitriol3.
na pele por via não enzimática devido a ação
dos raios ultravioleta-radiação B (UVB), sendo Essa forma ativa regula a expressão de um
assim, é fundamental que a exposição solar número significativo de genes que codificam
ocorra. para proteínas transportadoras de cálcio
(Ca) e proteínas da matriz óssea. Além disso,
Apesar das quantidades de vitamina D
a vitamina D também modula a expressão
nos alimentos não serem tão adequadas
de genes relacionados ao ciclo proteico
quanto necessitamos e os alimentos serem
que diminuem a proliferação e aumentam
altamente gordurosos, as principais fontes
a diferenciação celular (p. ex., precursores
alimentares da vitamina D são: óleo de fígado
osteoclásticos, enterócitos, queratinócitos etc.).
de peixe, derivados de leite como manteiga,
Essa propriedade pode explicar sua atuação
queijos mais gordurosos, ovos e margarinas
na reabsorção óssea, no transporte intestinal
enriquecidos. Um dos fatores que interferem
de cálcio e na pele3.
no teor de vitamina D nos alimentos é a adição
de colecalciferol na ração de animais, como A principal função da 1,25 (OH)2 D3 vitamina D
é o caso da gema do ovo. Outra condição está relacionada com o metabolismo ósseo,
que interfere na quantidade de vitamina D tendo a função de aumentar a absorção
presente nos alimentos é a estação do ano, de cálcio e fosfato do trato intestinal, inibir
sendo no inverno o período que proporciona a secreção de paratormônio (PTH) e a
menores quantidades da vitamina nos proliferação das glândulas paratireoides,
alimentos3. portanto, regula positivamente a formação
óssea4.
Dentre os compostos que possuem atividade
de vitamina D, estão: o colecalciferol, o Assim como a vitamina D, a vitamina
qual é encontrado na epiderme e derme k2 também é lipossolúvel e, além de
devido a sua formação na pele através da desempenhar diversas funções, apresenta-se
irradiação; e o ergocalciferol, sendo obtido sob diversas formas, sendo elas: filoquinona
de leveduras e de esteróis de plantas (K1-predominante), dihidrofiloquinona (dK),
(ergosterol), além de ser muito utilizado para menaquinona (K2) e menadiona (K3). As
o enriquecimento e fortificação de alimentos . 3
principais fontes alimentares de vitamina K são

33
GOAHEAD NUTRITION | 27ªed.
alimentos folhosos verde escuro, oleaginosas,
frutas como kiwi, abacate, uva, ameixa e figo 2.

O papel biológico mais conhecido da vitamina


K está relacionado com sua atuação como
cofator para a reação de carboxilação, reação a
qual envolve-se na homeostase, metabolismo
ósseo e crescimento celular 2.

No caso do metabolismo ósseo, a vitamina K


é essencial para a formação normal do osso.
A osteocalcina, proteína Gla do osso, é uma
proteína dependente de vitamina K produzida
pelos osteoblastos durante a formação óssea,
sendo uma das mais frequentes proteínas
não colagenosas na matriz extracelular do
osso, atuando como reguladora da maturação
óssea 2,5.

Com o intuito de prover a calcificação normal


do osso, o ácido γ-carboxiglutâmico na
osteocalcina liga íons cálcio, sendo a transcrição
e tradução de osteocalcina regulada pela
1,25-di-hidroxivitamina D, e sua capacidade de
ligar cálcio é dependente da γ-carboxilação
de três resíduos de Glu. A γ-carboxilação de
osteocalcina é um mecanismo de proteção do
osso influenciado pela vitamina K25,6.

Como supracitado, a vitamina D possui


uma grande influência quando o assunto é
metabolismo ósseo, visto que é uma grande
responsável pelo estímulo da absorção de
cálcio. Sua associação com a vitamina K2
é muito importante e é responsável pelo
direcionamento até os ossos, fazendo com que
a saúde óssea seja otimizada e promova uma
redução para minimizar o risco de doenças
cardiovasculares por evitar a deposição
indesejada de cálcio nas paredes dos vasos.

34
GOAHEAD NUTRITION | 27ªed.
Suplementação infantil
Nutrição cognitiva

36
GOAHEAD NUTRITION | 27ª ed.
Alzheimer – Sinais, sintomas e como tratar? Os fatores de risco mais fortes para a doença
Como pode ser feita a prevenção? de Alzheimer são idade avançada (mais de
65 anos, embora não seja uma definição fixa)
e carregar pelo menos um alelo APOE ε4.
Introdução
Além disso, as mulheres são mais propensas
A doença de Alzheimer (AD) (em homenagem a desenvolver a doença de Alzheimer do que
ao médico alemão Alois Alzheimer) é o tipo os homens, especialmente após os 80 anos de
mais comum de demência e pode ser definida idade6.
como uma doença neurodegenerativa
lentamente progressiva como resultado da
ação do peptídeo beta-amilóide (Aβ) na área Critérios de Diagnóstico da Doença de
mais afetada do cérebro, no lobo temporal Alzheimer
medial e nas estruturas neocorticais1.
Um paciente com suspeita de DA deve ser
Alois Alzheimer notou a presença de placas submetido a vários exames, incluindo exame
amiloides e uma perda maciça de neurônios ao neurológico, ressonância magnética (RM)
examinar o cérebro de seu primeiro paciente para neurônios, exames laboratoriais como
que sofria de perda de memória e mudança vitamina B12 e outros exames, além do seu
de personalidade antes de morrer e descreveu histórico médico e familiar7. De acordo com
a condição como uma doença grave do córtex alguns estudos, a deficiência de vitamina
cerebral. 2,3
B12 é conhecida há muito tempo por sua
associação com problemas neurológicos
A perda progressiva das funções cognitivas
e riscos crescentes de desenvolvimento
pode ser causada por distúrbios cerebrais
do Alzheimer. Um marcador especial de
como a doença de Alzheimer (DA) ou
deficiência de vitamina B12 são níveis elevados
outros fatores como intoxicações, infecções,
de homocisteína, que podem causar danos
anormalidades nos sistemas pulmonar e
cerebrais por estresse oxidativo, aumento do
circulatório (os quais causam redução no
influxo de cálcio e a apoptose8,9
suprimento de oxigênio para o cérebro),
deficiência nutricional, deficiência de vitamina Em 2011, o National Institute on Aging—
D e B12, tumores e outros .4,5
Alzheimer’s Association fez várias alterações
e atualizou os critérios NINCDS-ADRDA de
Atualmente, existem cerca de 50 milhões de
1984 para maior especificidade e sensibilidade
pacientes com DA em todo o mundo e esse
no diagnóstico da doença de Alzheimer.
número deve dobrar a cada 5 anos e aumentar
Existem duas categorias de biomarcadores da
para 152 milhões em 2050. A doença de DA
doença: (a) marcadores de amiloide cerebral,
afeta indivíduos, suas famílias e a economia,
como tomografia por emissão de pósitrons
com custos globais estimados em US$ 1 trilhão
(PET) e líquido cefalorraquidiano (LCR), e (b)
anualmente.
marcadores de lesão neuronal, como tau do

37
GOAHEAD NUTRITION | 27ªed.
líquido cefalorraquidiano, fluorodeoxiglicose persecutória são comuns.
(FDG) para atividade e imagem por ressonância
magnética (MRI) para medição de atrofia10-12.
Os estágios da doença de Alzheimer
Existem dois tipos de alterações
neuropatológicas na DA que fornecem As fases clínicas da doença de Alzheimer

evidências sobre o progresso e os sintomas podem ser classificadas em (1) fase pré-clínica

da doença e incluem: (1) lesões positivas ou pré-sintomática, que pode durar vários anos

(devido ao acúmulo), que se caracterizam pelo ou mais. Esta fase é caracterizada por perda

acúmulo de emaranhados neurofibrilares, leve de memória e alterações patológicas

placas amilóides, neurites distróficas, fios de precoces no córtex e hipocampo, sem

neurófilos, e outros depósitos encontrados comprometimento funcional nas atividades

no cérebro de pacientes. Além de (2) diárias e ausência de sinais e sintomas clínicos

lesões negativas (devido a perdas), que se da DA 1,15,16


. (2) O estágio leve ou inicial da DA,

caracterizam por grande atrofia devido a onde vários sintomas começam a aparecer

uma perda neural, neurófila e sináptica. nos pacientes, como dificuldade na vida diária

Além disso, outros fatores podem causar do paciente com perda de concentração e

neurodegeneração, como neuroinflamação, memória, desorientação de lugar e tempo,

estresse oxidativo e lesão de neurônios mudança de humor, e um desenvolvimento de

colinérgicos12-14. depressão17,18. (3) Estágio de DA moderado, no


qual a doença se espalha para áreas do córtex
cerebral, resultando em aumento da perda de
Sinais do aparecimento da doença de memória com dificuldade para reconhecer
Alzheimer familiares e amigos, perda do controle dos
impulsos e dificuldade para ler, escrever e falar17.
As primeiras manifestações mais comuns da
(4) DA grave ou em estágio avançado, que
doença de Alzheimer é perda de memória de
envolve a disseminação da doença para toda
curto prazo, como exemplo, o paciente passa
a área do córtex com acúmulo grave de placas
a fazer perguntas repetitivas, frequentemente
neuríticas e emaranhados neurofibrilares,
perder objetos e esquecer compromissos.
resultando em comprometimento funcional
Outros déficits cognitivos tendem a envolver
e cognitivo progressivo, em que os pacientes
demais funções, como: Raciocínio prejudicado,
não conseguem reconhecer sua família e
disfunção de linguagem (dificuldade na
podem ficar acamado com dificuldades para
formulação de frases simples, erros ao falar e/ou
engolir e urinar, podendo levar à morte do
escrever), disfunção visuoespacial (dificuldade
paciente devido a essas complicações1,19.
de reconhecer pessoas ou objetos comuns).

No estágio mais grave da doença


perambulação, agitação, gritos e ideação

38
GOAHEAD NUTRITION | 27ªed.
Fatores de risco da doença de Alzheimer ao aumento do risco de DA inclui o receptor
de vitamina D (VDR) polimorfismo do
1. Idade
gene, que afeta a afinidade da vitamina
O fator de risco mais importante na DA é D ao seu receptor e pode causar doenças
o envelhecimento. Indivíduos mais jovens neurodegenerativas e danos neuronais23. Além
raramente têm esta doença,e a maioria dos disso, fatores epigenéticos como metilação de
casos de DA tem início tardio após os 65 anos DNA, histonas e modificações da cromatina
de idade19. demonstraram estar envolvidas na DA24.
A DA pode ser dividida com base na idade de 4. Fatores Ambientais
início precoce (EOAD), a forma rara com cerca
O envelhecimento e os fatores de risco
de 1-6% dos casos, em que a maioria deles são
genéticos não podem explicar todos os casos
DA familiar caracterizada por ter mais de um
de DA. Fatores de risco ambientais, incluindo
membro em mais de uma geração com AD e
poluição do ar, dieta, metais, infecções
varia de 30 a 60 ou 65 anos. O segundo tipo é a
e muitos outros podem induzir estresse
DA de início tardio (LOAD), que é mais comum
oxidativo e inflamação e aumentar o risco de
com idade de início acima de 65 anos. Ambos
desenvolver DA25,26.
os tipos podem ocorrer em pessoas que têm
uma família com história positiva de DA e 5. Dieta
famílias com início tardio doença .
20
Nos últimos anos, o número de estudos sobre o
papel da nutrição na DA tem aumentado. Vários
suplementos dietéticos, como antioxidantes,
2. Fator genético
vitaminas, polifenóis e peixes, foram relatados
Fatores genéticos foram descobertos ao para diminuir o risco de DA, enquanto ácidos
longo dos anos e desempenharam um papel graxos saturados e ingestão de alto teor
importante no desenvolvimento da DA. 70% calórico foram associados com aumentando o
dos casos de DA foram relacionados a fatores risco de DA27. O processamento de alimentos
genéticos: a maioria dos casos de EOAD causa degradação de micronutrientes
são herdadas em um padrão autossômico sensíveis ao calor (por exemplo, vitamina C
dominante e mutações nos genes dominantes, e folatos), perda de grandes quantidades de
como Proteína precursora amilóide (APP), água e formação de produtos secundários
Presenilina-1 (PSEN-1), Presenilina-2 (PSEN-2) tóxicos (produtos finais de glicação avançada,
e apolipoproteína E (ApoE) estão associados à AGEs) da glicação não enzimática de grupos
DA21,22. amino livres em proteínas, lipídios e ácidos
ZZZ nucléicos.

3. Outros Genes O efeito tóxico dos AGEs é referido como


sua capacidade de induzir estresse oxidativo
O polimorfismo de outros genes associados

39
GOAHEAD NUTRITION | 27ªed.
a ACh, o que resulta no aumento dos níveis
e inflamação, modificando a estrutura e a
de ACh na fenda sináptica30-32. Por outro
função dos receptores da superfície celular
lado, a superativação de NMDAR leva a níveis
e proteínas corporais. Diferentes estudos
crescentes de influxo de Ca2+ influxo, que
demonstraram que níveis séricos elevados de
promove a morte celular e disfunção sináptica.
AGEs estão associados a declínio cognitivo e
progressão da DA. O receptor AGE (RAGE) Apesar do efeito terapêutico dessas duas
está localizado em diferentes lugares dentro classes, elas são eficazes apenas no tratamento
o corpo, incluindo micróglia e astrócitos, e dos sintomas da doença, mas não curam
foi estabelecido para ser super expresso no ou previnem a doença33,34. Por outro lado, a
cérebro de pacientes com DA e servem como maioria dos fatores de risco modificáveis da
um transportador e um receptor de superfície doença, como hábitos cardiovasculares ou
celular para Aβ28. A desnutrição é outro fator de de estilo de vida, podem ser evitados sem
risco para DA. A deficiência de nutrientes como intervenção médica. Além disso, a dieta
folato, vitamina B12 e vitamina D pode causar mediterrânea (MD), atividade intelectual e
uma diminuição da função cognitiva, além educação superior podem reduzir a progressão
do fato de que os pacientes com DA sofrem da doença, perda de memória e aumentar a
de problemas associados à alimentação e capacidade cerebral e as funções cognitivas.
deglutição, o que pode aumentar o risco de Vários estudos revelaram que a intervenção
desnutrição29. multi-domínio que inclui estilo de vida (dieta,
exercício e treinamento cognitivo), podem
causar a depressão dos sintomas, controlar
Tratamento os fatores de risco cardiovasculares, aumentar
Mesmo que o Alzheimer seja um problema de ou manter função cognitiva e prevenir novos
saúde pública, até o momento, existem apenas casos de DA em pessoas idosas35.
duas classes de medicamentos aprovados Exercício físico como prevenção
para o tratamento da doença, incluindo os
Alguns estudos mostram os efeitos benéficos
inibidores à enzima colinesterase (análogos
do exercício físico sobre a função cerebral,
naturalmente derivados, sintéticos e híbridos)
uma vez que pode diminuir o risco de
e antagonistas N-metil d-aspartato (NMDA).
declínio cognitivo e retardar o início de
Vários processos fisiológicos na doença
demência. Estudos demonstram que
destroem as células produtoras de Ach que
pessoas que não realizam exercício físico
reduzem a transmissão colinérgica através
aumentam significativamente o risco de
do cérebro. Inibidores da acetilcolinesterase
comprometimento cognitivo. Portanto, o
(AChEIs), que são classificados como
exercício físico é proposto como medida
reversíveis, irreversíveis e pseudo-reversíveis,
de fácil acesso, baixo custo e poucos efeitos
agem bloqueando as enzimas colinesterase
colaterais. Além disso, não seria necessário
(AChE e butirilcolinesterase (BChE)) quebram

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realizar um exercício físico excessivo para Nessa linha, alguns estudos que utilizam
obter benefícios. Com o passar dos anos a ressonância magnético nuclear (NMR) para a
prática de exercício físico tende a diminuir quantificação de atrofia ou medição do volume
e no período em que há um maior risco do cerebral, confirmam que a atividade física
aparecimento da doença a atividade física é está relacionada a um maior volume da área
menor ou as vezes nula. É importante ressaltar hipocampal, proporcionando maior reserva
que a prática de atividade física deve ser cerebral capaz de retardar a deterioração
iniciada desde muito jovem, principalmente cognitiva.
em pessoas que possuem fator de risco para o
Além disso, alguns estudos sustentam que
desenvolvimento da doença.
o exercício físico diminui a fosforilação da
Porém, quando o assunto é genética, a proteína Tau e a produção da proteína beta-
pratica de atividade física não é um critério amilóide esta última está depositada em maior
necessário nem o suficiente para que ocorra extensão no córtex cerebral de pacientes com
o seu desenvolvimento. Alguns estudos em Alzheimer em comparação com a população
pacientes com carga de risco genético têm geral, mesmo pré-clínica36.
demonstrado que a atividade física pode não
ser suficiente para prevenir o aparecimento
da doença. Além da influência genética, Tratamento com extrato natural

fatores de estilo de vida devem ser levados em Durante muito tempo, compostos naturais
consideração, que sendo retificáveis, agindo foram utilizados como agentes terapêuticos
sobre eles, poderíamos alcançar efeitos para diversas doenças, e estudos recentes
positivos na evolução da doença. mostraram que eles possuem um efeito

Dentre os mecanismos fisiológicos estudados, neuroprotetor. In vitro e in vivo estudos

a atividade física reduz o risco da doença comprovaram que compostos naturais

por apresentar um papel neuroprotetor possuem potencial terapêutico para a DA, o

e proporcionar maior sobrevida neuronal. que permitiu para alguns deles entrar nas fases

Promove aumento da angiogênese e de ensaios clínicos. A nicotina foi o primeiro

neurogênese, diminui inflamação e reduz composto natural introduzido nos ensaios

significativamente os fatores de risco clínicos para DA, então outros compostos como

cerebrovascular. Em relação a este último vitaminas C, E e D ganharam mais atenção

efeito, deve-se lembrar que as doenças de e interesse devido ao seu papel protetor

distúrbios vasculares estão intimamente contra neuroinflamação e dano oxidativo.

ligados ao Alzheimer, portanto sua prevenção Recentemente, A briostatina, um macrólido

e controle são importantes. Outros estudos extrato de lactona do briozoário Bugula

mostraram que o exercício físico pode levar a neritina, foi avaliada e mostrou a capacidade

mudanças na estrutura e função do cérebro. de induzir a atividade da α-secretase, reduzir


a produção de Aβ e melhorar o aprendizado e

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a memória em um modelo de camundongos
DA37. Outros compostos naturais utilizados
na medicina popular (tradicional chinesa
medicina (TCM) demonstrou um grande
potencial no tratamento da DA por atuar em
vários mecanismos.

Conclusão

Em conclusão, o sucesso do tratamento


da doença de Alzheimer depende de sua
administração precoce e monitoramento
do paciente afim de retardar a progressão
da doença. Vários estudos têm mostrado
que a modificação no estilo de vida, hábitos
como dieta e exercício podem melhorar a
saúde do cérebro e reduzir o aparecimento
sem intervenção médica e é considerado
como uma intervenção de primeira linha.
Futuros medicamentos e terapias estão
sendo estudados para que consigamos barrar
certos mecanismos da doença, mas por hora,
o que temos são apenas medicamentos que
retardam a progressão da doença. Porém,
o estilo de vida pode ser uma excelente
prevenção, beneficiando a saúde física e
mental do cérebro.

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Nutrição comprometida

CARBOIDRATOS & MUSCULAÇÃO

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Uso de agrotóxicos e impactos para a saúde prejuízos dos agrotóxicos para a saúde do ser
humano.

Introdução:

O uso de agrotóxicos nas plantações para Desenvolvimento:


garantir o cultivo. A Organização Mundial da
Alguns pesticidas já têm comprovações de
Saúde e a Organização para Agricultura e
sua ação sobre a saúde humana. Por exemplo,
Alimentação definiram pesticidas (agrotóxico)
o Dieldrin é um produto amplamente usado
como: qualquer substância ou mistura de
como inseticida e está associado a apoptose
substâncias destinada a repelir, destruir
neural (morte dos neurônios) ou a Retonona
ou controlar qualquer praga durante ou
que também tem ação neurotóxica (1).
que interfira na produção, processamento,
armazenamento ou comercialização de Uma das grandes limitações em torno dos

alimentos (1). estudos com agrotóxicos é que o limite


máximo de resíduos pode variar muito de
Um pesticida ideal deve realizar o trabalho
acordo com cada legislação. O clorpirifós,
de controlar as pragas e depois se degradar
por exemplo, tem limite de 0,01 mg/kg no
sozinho. Porém, depois de pulverizar as plantas,
Brasil, porém, para a União Européia, o limite
os resíduos podem se manter presentes e
proposto é de 4,0 mg/kg, cerca de 400 vezes
gerar prejuízos para saúde humana (1). Cerca
maior (4).
de 30% das perdas na produção de alimentos
acontecem por ação de pragas (4). No Brasil temos 3 órgãos oficiais que
possuem a responsabilidade pela avaliação
O Brasil é considerado desde 2008 o país
e regulamentação de agrotóxicos. A Agência
que mais consome agrotóxicos no mundo.
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA),
Segundo a Agência Nacional de Vigilância
que avalia os riscos dos agrotóxicos para
Sanitária (Anvisa), o consumo de alimentos
a saúde humana, já o Instituto do Meio
que contêm resíduos de agrotóxicos gira em
Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis​​
torno de 15% (1).
(IBAMA) avalia os riscos ao meio ambiente,
O primeiro movimento ambiental contra os enquanto o Ministério da Agricultura,
agrotóxicos aconteceu por conta da escritora Pecuária e Abastecimento (MAPA) avalia a
e bióloga marinha, Rachel Carson. Após esse eficiência desses compostos na melhoria da
movimento, foi visto uma queda no uso produtividade agrícola (5).
de agrotóxicos em 1970, que em conjunto
Um dos efeitos dos pesticidas nos mamíferos
também teve a proibição de princípios ativos
é o bloqueio da acetilcolinesterase (AChE), que
nos pesticidas com grande capacidade
vai gerar sinais clínicos no sistema nervoso
carcinogênica (4).
central. Só que isso não ocorre a curto prazo,
Nesse artigo vamos abordar os principais mas sim a um longo prazo de exposição a

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esses produtos (1).

Porém, o risco não se limita só ao consumo


dos produtos, mas também a exposição
ocupacional. É muito importante que os
produtores e trabalhadores que manipulem
esses produtos estejam protegidos sobre
regulamentações e padrões de saúde
ocupacional controlados para manter a sua
integridade (1,3).

Mulheres em período gestacional trabalhando


na agricultura estão expondo o seu bebê
a diversos riscos, por exemplo, aborto
espontâneo, parto prematuro, retardo
no crescimento intrauterino, entre outras
consequências. Só o fato de os pais terem uma
exposição ocupacional aos agrotóxicos antes
da concepção já pode aumentar os riscos de
complicações no desenvolvimento do feto (2).

Além disso, os agrotóxicos têm uma ação


negativa no desenvolvimento de crianças
quando exposta no início da vida. Landrigan et
al. (1999) relatou que essa exposição pode levar
a risco aumentado de doenças neurológicas,
alterações hormonais e outras doenças
relacionados ao desenvolvimento das crianças
(2).

Considerações Finais:

Os agrotóxicos têm um papel importante


no cultivo de diversos alimentos, pois sem
eles ficaríamos muito limitados em relação
a quantidade de produtos que poderiam ser
cultivados, afetando o acesso das pessoas
e com certeza impactando no custo dos
produtos.

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Porém, já está claro que a exposição, seja
através da ingestão ou pela exposição
ocupacional, podem acarretar a diversos
prejuízos para saúde do seu humano. Além
disso, esses produtos afetam o meio ambiente
e os animais no geral.

Esperamos que no futuro seja desenvolvido


produtos que não apresentem esse nível
toxicidade. Enquanto isso não acontece,
é recomendado que os funcionários de
plantações utilizem equipamentos de
proteção e os consumidores que tiverem
condições aumentem a ingestão de produtos
orgânicos, dessa forma seria possível reduzir a
exposição aos agrotóxicos.

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As oportunidades não caem do
céu! Elas são construídas por
você! Acredite no impossível!

- Rodolfo Peres

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