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Brasília
2012
Profº Jacob Moura
SUMÁRIO
Critério de Permanência 21
SEGUNDA PARTE: BIBLIOLOGIA
A REVELAÇÃO DE DEUS 23
Definição de Revelação 23
A Necessidade de Revelação 23
A Revelação Geral de Deus 23
A Revelação Especial de Deus 24
A GENUINIDADE DAS ESCRITURAS 26
Introdução 26
A Coerência das Escrituras 26
A Unidade das Escrituras 26
A Indestrutibilidade das Escrituras 27
A Sobrenaturalidade das Escrituras 27
A Confirmação Arqueológica das Escrituras 29
A Confirmação Bibliográfica das Escrituras 29
A INSPIRAÇÃO DAS ESCRITURAS 30
A definição de Inspiração das Escrituras 30
As Teorias de Inspiração das Escrituras 30
Os elementos Importantes da Inspiração das Escrituras 31
A Inspiração do Antigo Testamento 32
A Inspiração do Novo Testamento 32
A CANONICIDADE DAS ESCRITURAS 33
A definição de canonicidade 33
A canonicidade do Antigo Testamento 33
A canonicidade do Novo Testamento 34
Os critérios de canonicidade 34
As razões para a rejeição dos Apócrifos 35
A INERRÂNCIA DAS ESCRITURAS 36
A Definição de Inerrância bíblica 36
A Importância de Inerrância bíblica 36
Os Vários Conceitos de Inerrância bíblica 37
As Evidências de Inerrância bíblica 37
Os Limites de Inerrância bíblica 38
A AUTORIDADE DAS ESCRITURAS 38
Introdução 38
O Significado de Autoridade 39
As Fontes contemporâneas de Autoridades 39
A Definição de Autoridade Bíblica 39
A ILUMINAÇÃO DAS ESCRITURAS 40
A Definição de Iluminação Bíblica 40
A necessidade de iluminação bíblica 40
As Evidências de Iluminação bíblica 40
As posições acerca de interpretação bíblica 40
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DEFINIÇÕES DE TEOLOGIA
A natureza da religião1
1. O homem é um ser incuravelmente religioso – Em um artigo veiculado em sua edição
de 27 de abril de 2005, a Revista Veja declara: “Os marxistas previram o fim da reli-
gião. Com o fim da opressão o remédio representado por Deus não teria mais razão de
ser, dizia-se. Mas também eles foram obrigados a reconhecer que o sentimento religio-
so nunca acabou porque está verdadeiramente enraizado no homem.”2
2. Fatores comuns que aparecem nas descrições de religião:
1) Há a crença em algo superior ao próprio homem;
2) Há a distinção entre sagrado e secular (ou profano);
3) Envolve uma cosmovisão particular;
4) Inclui o estabelecimento de práticas rituais, comportamento ético ou ambos;
5) Envolve certas atitudes ou sentimentos;
6) Há alguma forma de relacionamento ou resposta do objeto superior em relação ao
indivíduo humano;
7) Geralmente, há algum tipo de dimensão social envolvendo os integrantes;
3. Tentativas para encontrar a essência de toda religião:
1) Como crença ou dogma – Idade Média;
2) Como uma maneira ou estilo de vida – Iluminismo (Kant);
3) Como sentimento de dependência do absoluto – Shleiermacher (Século XIX);
4. Portanto, ser cristão significa sustentar as crenças que Jesus sustentou e ensinou;
O que é teologia?
1. Etimologicamente falando, a palavra teologia é composta de duas palavras gregas
(Theós – Deus) e (lógos – fala ou expressão). Literalmente, Teologia significa
“o estudo de Deus”.
2. Na dogmática clássica, a teologia era definida como o conhecimento de Deus e das coi-
sas divinas, obtido em parte de modo natural, pelo uso da razão, e em parte de modo
sobrenatural, através de uma revelação especial.3
3. A Teologia pode ser, entretanto, definida como “o estudo de Deus, de sua criação e de
seu relacionamento com ela”. A Teologia, portanto, preocupa-se em estudar e apresen-
tar proposições compreensíveis ao intelecto humano a respeito do Deus Cristão, dos se-
res animados e inanimados que ele criou, e de seu relacionamento com estes seres.
Como, de acordo com a perspectiva cristã, todo o cosmo (incluindo os seres visíveis e
os invisíveis) foi criado e está, de alguma forma, relacionado com Deus, a teologia tem
a imensa incumbência de apresentar um estudo ordeiro tanto do criador quanto de suas
criaturas.
1
Traduzido e adaptado de ERICKSON, Millard J. Christian Theology. Baker Book House. p. 21.
2
REVISTA VEJA. Edição 1902, Ano 38, Nº 17. 27 de abril de 2005. In; Deus e os Homens na Visão
de Bento XVI. p. 72
3
BRAATEN Carl E. & JENSON Robert W. Dogmática Cristã, vol. 1. Editora Sinodal. p. 31.
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A Teologia Sistemática
1. Teologia Sistemática é a disciplina que procura dar uma declaração coerente da fé Cris-
tã, baseada primariamente nas Escrituras, colocada no contexto da cultura em geral, ex-
pressa numa linguagem contemporânea e relacionada à questões da vida.4
2. Características da Teologia Sistemática.5
1) A teologia precisa ser bíblica – baseada em exegese séria;
2) A teologia precisa ser sistemática – organizada e coerente;
3) A teologia precisa relacionar-se com questões da cultura e conhecimento em ge-
ral – física, astronomia, psicologia, antropologia, sociologia, etc.
4) A teologia precisa ser contemporânea – responder a perguntas e apresentar solu-
ções aos problemas do homem moderno;
5) A teologia precisa ser prática – relacionada com a vida;
A Teologia como Ciência6
1. A pergunta: A teologia pertence exclusivamente ao âmbito da fé ou também pode ser
encarada como uma ciência?
1) A palavra “teologia” não foi originalmente uma invenção da fé Cristã – na Grécia
antiga;
2) Os apologistas do século II foram os primeiros a apropriarem-se do conceito gre-
go de teologia e a introduzi-lo no discurso cristão;
3) Agostinho preferia o termo sapientia (sabedoria) ao termo scientia (conhecimen-
to) para a teologia.
4) Na época da escolástica medieval a teologia era entendida de duas maneiras:
a) Em sentido literal, como a doutrina de Deus;
b) Em sentido mais amplo, como a afirmação da verdade concernente a todos
os ensinamentos sagrados da Igreja, o que incluía toda a realidade.
5) Martinho Lutero deu início a tendência, presente na teologia protestante, de tor-
nar mais nítida a distinção entre teologia e filosofia;
➢ A teologia era baseada exclusivamente na Palavra de Deus.
6) Com a chegada do método histórico-crítico a teologia passou a ser subdividida
em vários campos de especialização;
➢ Abriu-se uma brecha entre as abordagens histórica e dogmática da teologia;
7) Nos últimos séculos a Teologia tem sido vista como uma matéria que trata apenas
de questões de fé.
➢ A teologia se alargou abrangendo outras áreas que contribuíam para a for-
mação do “profissional da fé”.
8) Karl Barth tem argumentado vigorosamente pela autonomia da teologia;
2. Os seis critérios de Heinrich Scholz para que a teologia seja aceita como Ciência:
4
Cf. ERICKSON, Millard J. op cit. p. 21.
5
Esboço traduzido e adaptado de ERICKSON, Millard J. op cit. pp. 21,22.
6
Cf. BRAATEN Carl E. & JENSON Robert W. op cit. pp.
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7
Adaptado de ERICKSON, Millard J. op cit. pp. 22-28.
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O DESENVOLVIMENTO DA TEOLOGIA8
5. A ortodoxia reformada foi, desde o início, muito pluralista, tendo se difundido em vá-
rios paises, com línguas e culturas variadas;
6. Na esfera do catolicismo romano, a teologia foi grandemente estimulada por seus con-
tínuos debates polêmicos com os representantes da Reforma;
1) Neste período, a teologia tomista ganhou a supremacia na esfera do dogma e da
política eclesiástica;
2) O Concílio de Trento definiu os termos da teologia católica romana;
A Teologia no pietismo e no iluminismo;
1. O intelectualismo da ortodoxia e seu sistema de autoridade provocaram a revolta do pi-
etismo e do iluminismo;
2. O pietismo não rejeitou as verdades objetivas da teologia ortodoxa como tais, mas es-
tava mais preocupado com a religião prática e a vida cristã;
3. O iluminismo rejeitou a dogmática supernaturalista da ortodoxia e tentou reduzir o cris-
tianismo ao que pode ser apreendido pela razão – Immanuel Kant.
➢ Os elementos específicos da dogmática tradicional foram submetidos a uma críti-
ca rigorosa e finalmente dissolvidos numa forma racionalista de misticismo, me-
tafísica e moralidade.
A Teologia no século XIX
1. A tarefa do século XIX era ir além do racionalismo e colocar a dogmática sobre um
novo fundamento;
2. Friedrich Schleiermacher defendeu que a religião é algo sui generis, distinta do conhe-
cimento racional e do princípio moral;
1) A essência da religião é “o sentimento de dependência absoluta”, “a consciência
de Deus”;
2) A dogmática deve ser a descrição da fé que existe na comunidade cristã;
3. Em 1818, Georg Wilherm Friedrich Hegel defendeu que a religião não era essencial-
mente sentimento subjetivo, e sim a representação simbólica da auto-realização dialéti-
ca do Espírito absoluto (Geist) na natureza da história.
➢ Isto abriu a luta pelo caráter verdadeiramente histórico da fé Cristã;
4. O restante do século XIX viveu na sombra dos três eminentes filósofos da religião:
Kant, Schleiermacher e Hegel.
A Teologia no século XX
1. O otimismo da concepção pós-iluminista do progresso humano foi despedaçado pela I
Guerra Mundial;
2. O período inicial da dogmática do século XX – tempo de descoberta;
1) Karl Barth e Emil Brunner recuaram para trás do moderno protestantismo e do
iluminismo até a teologia cristocêntrica da Palavra de Deus de Lutero e Calvino;
2) Oscar Cullmann e Gerhard von Rad desenvolveram as categorias de uma teologia
bíblica da história da salvação, visando suplantar os tradicionais conceitos dog-
máticos derivados da metafísica helenística;
3. O segundo período – a preocupação por uma interpretação significativa do evangelho
cristão em termos que pessoas modernas possam compreender;
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OS FUNDAMENTOS DA TEOLOGIA
A Possibilidade de Teologia10
O estudo teológico só é possível por causa de alguns fatos que são aceitos como verdadei-
ros pelo teólogo:
1. A existência de um Deus que se relaciona com o universo.
Embora este fato seja pressuposto por fé, porém, qualquer conhecimento da realidade
também parte de alguns pressupostos de fé, que podem ser ou não confirmados pelos
dados fornecidos pela realidade.
2. Na capacidade humana de conhecer Deus.
Tendo sido criado à imagem e semelhança de Deus, o homem tem a possibilidade de ter
conhecimento real de Deus, embora não exaustiva ou completamente. Este conhecimen-
to pode ser definido como analógico.
3. Na auto-revelação de Deus.
Deus mesmo decidiu se revelar às suas criaturas, tanto através de modo pessoal (através
de Cristo) quanto de modo proposicional (através das Escrituras Sagradas). Ao fazê-lo,
de certo modo, Deus se limitou ser apreendido pela linguagem e formas de pensamentos
humanos.
A necessidade de Teologia11
10 Adaptado de STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sitemática. São Paulo: Hagnos, 2003. v.1. 2.v.
pp. 23-41.
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11
Adaptado de ERICKSON, Millard J. op cit. pp. 28-30.
12
MILNE, Bruce. Estudando as Doutrinas da Bíblia. ABU Editora. 3.ª edição, 1993. p. 10.
13
STRONG, Augustus Hopkins. Op cit. p. 22.
14
STRONG, Augustus Hopkins. Op cit. pp. 66-69.
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17
Adaptado de ERICKSON, Millard J. op cit. pp. 39-58.
18
Tertuliano, De praescriptione haereticorum 7. citado em ERICKSON, Millard J. op cit. p. 40.
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d) Há áreas nas quais não podemos ficar satisfeitos com um tratamento descri-
tivo ou tratamento não-prescritivo – na ética, por exemplo;
4. A Filosofia do Processo
1) Precursor da Filosofia do Processo: Alfred North Whitehead;
2) Ensinamento: a mudança é a chave para o entendimento da realidade, de fato, a
mudança é a realidade.
Participamos de uma nova realidade concreta a cada fração de segundos. A reali-
dade divina participa da realidade como um todo, e portanto, também está sujeita
a mudança.
3) Influência sobre a Teologia:
a) A preocupação da Fé Cristã não deve ser com algo fixo, com uma essência
constante que permanece a mesma, mas com algo que está se tornando, que
virá a ser;
b) A natureza de Deus não é algo fixa, final, mas é algo que está sendo, está se
tornando;
4) Valor da Filosofia do Processo:
a) A ênfase sobre a mudança e o bem que ela pode resultar, pode evitar uma
estagnação e obsolescência do Evangelho;
b) A ênfase de que Deus é empático e não impassível é bíblica;
5) Problemas da Filosofia do Processo:
a) O que realmente é a base da identidade?
b) Qual é a base para avaliar a mudança?
c) Será que não há um meio termo entre a ênfase sobre a mudança como a rea-
lidade básica e a visão de que a realidade última é uma substância estática,
imóvel e fixada;
d) Qual a extensão do momento no qual a nova realidade passa a existir?
O uso da Filosofia pela Teologia
1. Nossa proposição fundamental é que a revelação mais que a Filosofia deve suprir o
conteúdo para nossa Teologia;
1) A Teologia Cristã tem uma cosmovisão definida da realidade – sobre Deus, a rea-
lidade e o próprio homem.
2) Tendo esta cosmovisão como ponto de partida, a Teologia Cristã deve utilizar a
capacidade racional dada por Deus para tirar as implicações do corpo de verdades
reveladas;
3) Tomando os conceitos bíblicos como o padrão da visão da realidade isto restringe
consideravelmente a corrente de cosmovisão filosófica que será aceitável:
a) A cosmovisão defendida é um objetivismo – há padrões objetivos de ver-
dade, do bom, do certo;
b) A cosmovisão defendida sustenta a verdade como unitária – não existem
vários tipos de verdades – objetiva e subjetiva;
➢ A lógica é a aplicável a toda verdade;
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2. Em segundo lugar, a Filosofia deve ser entendida primariamente como uma atividade,
filosofar, mais que como um corpo de verdades;
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3. Tendo considerado estes dois fatores básicos, a Filosofia tem o seu valor, no sentido de
ajudar-nos a desenvolver e empregar certas habilidades críticas no ato de fazer teologia;
1) A Filosofia aguça nosso entendimento dos conceitos;
2) A Filosofia ajuda-nos a perceber os pressupostos que estão por trás das idéias ou
sistemas de pensamentos;
a) Ter ciência dos pressupostos alheios nos ajudará a perceber os perigos que
existem por trás das idéias;
b) Ter ciência dos nossos próprios pressupostos ajudará a tornar-nos mais ob-
jetivos;
3) A Filosofia pode ajudar-nos a traçar as implicações de uma idéia;
4) A Filosofia nos torna também cientes da necessidade de testar as reivindicações
de verdade;
O MÉTODO DA TEOLOGIA
19
Adaptado de ERICKSON, Millard J. op cit. pp. 59-64.
20
Adaptado de ERICKSON, Millard J. op cit. pp. 64-66.
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21
STRONG, Augustus Hopkins. op cit. pp. 72-76.
22
Adaptado de ERICKSON, Millard J. op cit. pp. 66-79.
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rência do sistema teológico. Um outro cuidado a ser tomado é no sentido de que ele não
determine nossa seleção e interpretação dos textos bíblicos.
8. Estratificação dos tópicos.
É necessário organizar os tópicos teológicos de modo hierárquico, dispondo-os em divi-
sões principais, subdivisões e divisões menores. Os tópicos que estão no mesmo nível
também devem ser analisados, a fim de se decidir em que tipo de ordem serão arranja-
dos (cronológica, lógica, etc.). Também precisamos decidir qual deles precisam ser tra-
tados mais detalhadamente e quais receberão apenas tratamento superficial.
Graus da autoridade das declarações teológicas23
1. Declarações diretas da Escritura devem ser consideradas como tendo o máximo valor;
2. Implicações diretas da Escritura devem também receber alta prioridade;
3. Implicações prováveis da Escritura devem ser consideradas com menos autoridade que
implicações diretas.
4. Conclusões indutivas da Escritura variam em seu grau de autoridade.
5. Conclusões inferidas da revelação geral, a qual é menos particularizada e menos explí-
cita que a revelação especial, devem, por isso, sempre ser submetidas as mais claras e
mais explícitas declarações da Bíblia.
6. Especulações, que freqüentemente incluem hipóteses baseadas numa única declaração
ou alusão da Escrituras devem ser utilizadas com muito cuidado pelo teólogo.
Métodos de organização do material teológico24
1. O método analítico de CALIXTO começa com o admitido fim de todas as coisas, bên-
çãos e daí passa para o sentido pelo qual ele é assegurado;
2. O método trinitário de LEYDECKER e MARTENSEN considera a doutrina cristã uma
manifestação sucessiva do Pai, do Filho e do Espírito Santo;
3. O método federal de COCCEIUS trata a teologia sob duas alianças;
4. O método antropológico de CHALMERS e ROTHE começa com a doença do homem
e então passa para o remédio;
5. O método cristológico de HASE, TOMASIUS e ANDREW FULLER trata de Deus, do
homem, como pressuposição da pessoa e obra de Cristo;
6. O método histórico de URSINO – história da redenção.
7. O método alegórico de DANHAUER – o homem, Deus, o Espírito Santo, etc, são apre-
sentados sob figuras alegóricas.
8. O método sintético – o mais conhecido – trabalha logicamente da causa para o efeito.
A CONTEMPORIZAÇÃO DA TEOLOGIA25
O desafio da obsolescência
23
Adaptado de ERICKSON, Millard J. op cit. pp. 79-80.
24
Adaptado de STRONG, Augustus Hopkins. op cit. pp. 88-89.
25
Adaptado de ERICKSON, Millard J. op cit. pp. 105-125.
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A tarefa crucial da teologia será identificar as verdades atemporais, a essências das doutri-
nas e separar-las da forma temporal nas quais elas foram expressas, de modo que uma nova
forma possa ser criada – mas como localizar esta essência?
Serão apresentados, a seguir, alguns critérios pelos quais os fatores permanentes ou a es-
sência da doutrina possam ser identificados.
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A REVELAÇÃO DE DEUS
Definição de revelação
Revelação é a auto-manifestação de Deus ao homem com o propósito de relacionar-se
com ele. A palavra hebraica usada para falar da revelação de Deus ao homem é gala, a qual
vem de uma raiz que significa “nudez” (cf. Is 53:1; 2Sm 7:27). O equivalente grego é
apokalyptô, que por sua vez significa “revelar” ou “desvendar” algo que antes estava oculto.
A necessidade de revelação
Se existe um ser tão sábio, ordeiro e perfeito no universo, como toda a realidade parece
demonstrar, e se este ser foi o originador de toda a realidade, é de se esperar que tal Ser se re-
vele aos seres inteligentes que criou. Por outro lado a própria criatura é incapaz de, por si
mesma, estabelecer relações com um Ser que lhe é tão superior, se este não se fizer conheci-
do. Portanto, se pretendemos conhecer a Deus e relacionar-nos com Ele a Revelação é indis-
pensável, por dois motivos principais:
para toda a ordem e harmonia presente na natureza e intuir a existência de um Ser su-
premo que deu origem a tudo. Observando as características apresentadas pela criação,
o homem pode até chegar ao conhecimento dos atributos básicos que compõe este Ser.
2) Na consciência humana. Deus também se revela dentro da própria estrutura e natureza
humana, através do senso do certo e errado que Ele imprimiu dentro do ser humano.
Este senso é geralmente denominado de “consciência” (cf. Rom 2:14-15). Este código
ético básico que Deus imprimiu em nossa consciência nos capacita a saber o que é certo
e o que é errado. Ele é uma revelação básica da lei e da vontade de Deus a nós.
3) Na providência. A preservação das pessoas em vida, através do envio de chuvas e esta-
ções regulares é outro meio pelo qual Deus revela-se ao homem de modo geral (cf.
Atos 17:26-27). Nesta categoria incluem-se tanto as ações ditas naturais – providência
– de Deus quanto aquelas sobrenaturais – os milagres.
6) Deus revelou-se através das Escrituras (cf. Ex 31:18; Dt 28:58; 31:24, etc.).
A GENUINIDADE DAS ESCRITURAS
Introdução
Há uma idéia corrente a respeito da Bíblia, expressa por pessoas comuns, inclusive cató-
licas, de que “papel cabe tudo”. O que está por trás deste dito é que a Bíblia é um livro como
outro qualquer, produzida pela imaginação e engenhosidade de homens, sujeita aos mesmos
problemas e erros como todos os outros livros. Diante de pessoas que sustentem esta posição
é inútil lançarmos mão de textos bíblicos para comprovarmos o que estamos dizendo. Nossos
argumentos escriturísticos não farão qualquer sentido para elas, pois têm como pressuposto
que a Bíblia é um livro comum. Diante de pessoas que mantenham esta visão, precisamos
primeiramente demonstrar a genuinidade e a sobrenaturalidade da Bíblia. Precisamos esfor-
çar-nos para comprovar-lhes que a Bíblia é um livro singular, possuindo as credenciais do que
afirma ser, a Palavra de Deus e, portanto, a autoridade de suas afirmações.
Mesmo avaliado pelos padrões literários humanos, nenhum livro sagrado ou secular
apresenta as credenciais que a Bíblia. Ela mantém-se diante de qualquer teste crítico honesto e
imparcial a que seja submetida.
Bíblia demonstram que não foi produto de meras opiniões humanas, mas sim se uma mente
Todo-Sábia – a mente do próprio Deus.
26
Os escribas utilizaram vários outros recursos como determinar a letra que se encontrava no meio
do texto a fim de diminuir ao máximo a probabilidade de erros no processo de cópia. Todas estas
informações eram registradas no texto a fim de que escribas posteriores pudessem conferi-las.
27
Josh McDowell, Evidência que Exige um Veredito, p. 26.
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ao Antigo e Novo Testamentos no que diz respeito às profecias preditas e cumpridas no tempo
e espaço. Entretanto, cumprimento profético também é reivindicado por outros livros. Porém,
o que diferencia a Bíblia destes é a especificidade de suas predições e a exatidão de seu cum-
primento, demonstrando de modo inequívoco sua sobrenaturalidade.
1. Profecias acerca de cidades.
A Bíblia apresenta profecias acerca da destruição de cidades importantes, contendo de-
talhes específicos de como aconteceria. O mais surpreendente é que estas profecias foram da-
das no auge do domínio político e militar destas cidades. Isto aconteceu, por exemplo, com
Tiro, Sidom, Nínive e Babilônia. No caso da cidade de Tiro, o profeta Ezequiel (Ez. 26), pre-
disse, por volta do ano 592-570 a.C., que o rei Nabucodonosor a destruiria (v. 8), muitas na-
ções viriam contra ela (v. 3), seria lançada ao mar (v. 12), ficando como uma penha careca (v.
4), os pescadores estenderiam as redes no local (v. 5) e jamais voltaria a ser reconstruída (v.
14). O cumprimento da profecia veio depois de três anos da profecia dada, quando Nabuco-
donosor, depois de um cerco de treze anos (585-570 a.C.), conseguiu tomá-la. Porém, ao en-
trar na cidade ela estava praticamente vazia, pois seus moradores haviam mudado-se para uma
ilha à cerca de oitocentos metros da costa. O restante do cumprimento veio depois do ano 333
a.C., quando, para tomar a nova Tiro, Alexandre, o Grande, construiu uma ponte de aterro uti-
lizando os escombros da antiga cidade. O local ficou tão limpo e careca que os pescadores até
hoje estendem ali suas redes de pesca.
28
Falar da formação de um Estado Judeu antes da Segunda Guerra Mundial era algo absurdo e
completamente improvável. Porém, os eventos ali ocorridos tornaram-no necessários.
29
Deve ser notado que muitas das predições feitas por Nostradamus e outros ditos profetas são tão
gerais que são passíveis de interpretações dúbias e múltiplas.
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cunstancias de sua morte (Sl 41:9; cf. Mt 10:4; Zc 11:12; cf. Mt 26:15; Sl 22:16; cf. Lc 23:33;
Is 53:12; cf. Mt 27:38; Sl 22:18; cf. Jo 19:23,24; Sl 34:20; cf. Jo 19:33), sua ressurreição (Sl
16:10; cf. At 2:31) e várias outras circunstâncias acerca de sua vida e ministério30.
A confirmação arqueológica das Escrituras
Diversas dúvidas foram lançadas a respeito da existência de lugares, cidades, povos e
costumes que a Bíblia retrata. Porém, desde a década de 1920, a Bíblia tem sido constante-
mente vindicada pelas descobertas da Arqueologia. Exemplos notáveis disto são: as revela-
ções a respeito da veracidade da conquista de Canaã na data indicada pela Bíblia; não somen-
te a constatação de que – conforme indicado pela Bíblia – existiu um povo chamado Hitita,
mas que este representou uma poderosa potência da antigüidade.
Tanto o Antigo quanto o Novo Testamento têm sido vindicados por estas descobertas.
Havia uma questão acerca da aparente contradição entre os Evangelistas Marcos (Mc 10:46) e
Lucas (Lc 18:35), pois um afirma que Jesus estava saindo e o outro que estava chegando em
Jericó quando curou o cego Bartimeu. Descobertas arqueológicas constataram a existência de
duas cidades com o nome Jericó – a antiga e a Nova – próximas uma da outra. Portanto o Se-
nhor Jesus estava saindo de uma e chegando na outra.
Até hoje, nenhuma descoberta séria da Arqueologia contradisse qualquer declaração das
Escrituras Sagradas, pelo contrário, tem-lhe sido uma fiel aliada, e mesmo quando o intuito é
comprovar sua falsidade, as pesquisas acabam por reforçar sua veracidade.
30
Em seu livro Evidências que Exige um Veredito, pp. 185-212, Josh MacDowell alista 61 profecias
específicas e seus cumprimentos acerca da vida e ministério do Messias.
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31
Variante textual é a diferença apresentada no texto entre as diversas cópias. Por exemplo, numa
mesma passagem uma cópia pode apresentar uma palavra enquanto a outra cópia outra. Isto é
contado como variante textual.
32
Definição apresentada pelo Pr. Almir Marcolino Tavares, Anotações em Aula.
33
Porém, a palavra Theopneutos aparece quatro vezes na literatura grega pré-cristã e nos Oráculos
Sibilinos. Cf. KELLY, John N. D. I e II Timóteo e Tito: introdução e comentário. São Paulo: Edi-
ções Vida Nova, 1983. (Série Cultura Bíblica) p. 187.
34
Cf. GREEN, Michael. II Pedro e Judas: introdução e comentário. São Paulo: Edições Vida Nova,
1983. (Série Cultura Bíblica). p. 87.
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1. A teoria da intuição.
Este ponto de vista, defendido especialmente pelos Liberais, afirma que os autores bí-
blicos escreveram movidos apenas pela intuição religiosa superior que possuíam. Esta intui-
ção foi dada a eles por Deus de modo permanente. Da mesma forma como outros tiveram uma
inclinação natural para matemática, filosofia, e outras Ciências, os judeus tiveram-na para re-
ligião. Portanto, a Bíblia é uma grande literatura religiosa, refletindo as experiências espiritu-
ais do povo Hebreu.
2. A teoria da iluminação.
Mantém que o Espírito Santo exerceu uma influência positiva sobre os autores durante o
ato de escrever. Porém, esta influência apenas aumentou suas próprias capacidades e consci-
ências acerca das verdades religiosas. A natureza desta influência é semelhante a de um mes-
tre que orienta seu aluno e o deixa a vontade para escrever suas próprias percepções e conclu-
sões acerca da matéria. Não houve, portanto, nenhuma comunicação direta e verbalizada de
verdades eternas da parte de Deus aos homens.
3. A teoria dinâmica.
Esta teoria enfatiza a combinação dos elementos divino e humano no processo da inspi-
ração. Segundo este ponto de vista, o Espírito Santo esteve dirigindo o escritor às verdades ou
conceitos que ele deveria escrever, dando-lhe porém liberdade na escolha das palavras, no es-
tilo adotado e na forma de expressar estas verdades.
4. A teoria verbal.
De acordo com esta teoria, a influência do Espírito Santo sobre o escritor foi além de
simplesmente imprimir em sua mente os conceito e idéias, indo à escolha das próprias pala-
vras. Ou seja, cada palavra que o escritor das Escrituras usou era exatamente a que Deus que-
ria que fosse empregada para expressar o conceito que Ele queria que fosse revelado.
5. A Teoria do Ditado.
Sustenta que Deus realmente ditou a Bíblia aos escritores. Segundo este ponto de vista,
os escritores da Bíblia não tiveram liberdade para expressar estilos e formas individuais de
pensamentos. Esta posição pressupõe que a forma e o estilo usado em toda a Bíblia é basica-
mente o mesmo.
2. A Inspiração é Plenária.
Isto significa que, não somente algumas partes ou porções das Escritoras são divina-
mente inspiradas, mas toda ela – de Gênesis a Apocalipses – e cada uma de suas partes (cf.
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2Tm 3:16; 2Pd 1:19-21; Jo 10:34-35). Toda a Bíblia é igualmente inspirada, não havendo,
portanto, nenhuma parte mais ou menos inspirada que outras.
A inspiração do Antigo Testamento
Tanto judeus quanto Cristãos, sempre aceitaram a inspiração divina dos trinta e nove li-
vros que compõem o Antigo Testamento. Há grande número de evidências de que o Antigo
Testamento foi sobrenaturalmente inspirado por Deus.
Escrituras do Antigo Testamento. De seu ponto de vista, deturpar aqueles escritos era tão sé-
rio quanto deturpar “as demais Escrituras”, referindo-se obviamente ao Antigo Testamento.
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2. Jesus usou a expressão “a Lei de Moisés, os profetas e os Salmos” para referir-se aos
livros autoritativos (cf.; Lc 24:44,45). Esta era a divisão natural que o judeu fazia da Bíblia
hebraica.
3. Em Lucas 11:51 Jesus refere-se ao primeiro e último livro do “cânon” hebraico de-
monstrando que o aprovava. Na organização da Bíblia hebraica, o assassinato de Abel (Gên
4:8) e o de Zacarias (2Cr 24:20,21) figuravam, respectivamente, como o primeiro e o último
do Antigo Testamento35.
35
De acordo com a organização da Bíblia Hebraica, II Crônicas figurava como o último livro.
36
A alteração no cânon do Antigo Testamento universalmente aceito pela igreja Cristã, ocorreu ape-
nas no concílio de Trento (1545), quando a Igreja Católica Romana acrescentou outros livros e par-
tes de livros, aceitando-os como inspirados e igualmente autoritativos. Porém, esta decisão foi
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Os critérios de canonicidade
Ao definir o Cânon do Novo Testamento, a igreja usou alguns critérios para a inclusão
de um livro e o seu reconhecimento como inspirado por Deus.
1. Apostolicidade. O livro tinha que ser escrito por um apóstolo ou por alguém direta-
mente ligado a um deles.
4. Praticidade. Deveria que ser um livro comprovadamente útil para a edificação espi-
ritual da igreja.
Deve ser finalmente observado que nenhum concílio “determinou” quais eram os livros
inspirados por Deus. A igreja, apenas “reconheceu” aqueles livros que Deus havia inspirado e
o concílio apenas oficializou o que a igreja, como um todo, já havia reconhecido.
prontamente rejeitada pela ala evangélica do Cristianismo que continua reconhecendo como inspi-
rados por Deus apenas os livros também constantes no cânon hebraico.
37
Marcião foi um herege gnóstico do segundo século. Ele preparou um cânon contendo apenas os
livros bíblicos que alegadamente apoiavam suas doutrinas e rejeitou todas as porções e livros bí-
blicos que pareciam contrários ao que ensinava.
38
No início havia algumas divergências entre as igrejas do oriente e as do ocidente acerca de quais
livros eram divinamente inspirados, porém, foram logo superadas.
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39
Adaptado de General Biblical Introduction, por H. S. Miller.
40
Alguns livros bíblicos que hoje existem em dois volumes (Ex. I e II Samuel) eram apenas um livro
na Bíblia Hebraica. Daí o número de apenas vinte e dois livros alistados por Josefo.
41
Jerônimo foi quem preparou a Vulgata Latina, versão oficial da igreja católica romana. Foi ele que,
a contra gosto, traduziu pela primeira vez os apócrifos para o latim.
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Finalmente, o nível espiritual e moral dos apócrifos é bem mais baixo, de modo geral,
que o do Antigo Testamento. Depois de ler o Antigo Testamento, os apócrifos parecem estar
num mundo todo diferente.
5. Os apócrifos são diferenciados dos livros canônicos do Antigo Testamento.
Os livros apócrifos foram escritos muito depois do fechamento do cânon do Antigo Tes-
tamento. Alguns foram escritos pouco antes do nascimento de Cristo, outros, possivelmente,
depois disso. Alguns até professam suplementar os livros do Antigo Testamento. Contudo, se
mostram uma imitação superficial daquele.
Alguns dos apócrifos foram lidos para instrução, porém não tidos como canônicos, nem
de autoridade doutrinária por nenhum homem, grupo de homens, nem concílio da igreja, até o
Concílio Católico Romano de Trento (1546). Foi neste concílio que, por uma maioria peque-
na, os apócrifos foram declarados como sendo inspirados por Deus e todos os que pensassem
de outra maneira foram anatematizados.
Portanto, “colocar estes livros na mesma base com a Lei e os Profetas é bem impossível
ao estudante histórico. Há uma delimitação distinta entre os apócrifos e os livros do Antigo
Testamento. A diferença pode ser sentida mais do que definida. Realmente se condenam pelo
seu conteúdo.”42
2. A importância histórica.
A doutrina da inerrância bíblica tem sido crida ao longo de toda a história do cristianis-
mo. Agostinho, Lutero, Calvino e outros líderes importantes creram que as Escrituras canôni-
cas constituíam um registro completamente verdadeiro da revelação divina.
Além disto, a história tem mostrado que abrir mão desta doutrina abre caminho para
abandonarmos outras doutrinas importantes da fé Cristã. A coisa funciona como uma queda
em série de pedras de dominó.
3. A importância epistemológica.
Se admitirmos que qualquer parte das Escrituras contém erros, não teremos segurança
acerca das demais partes. Por exemplo, se a Bíblia errou ao fazer uma afirmação no campo
42
Robinson, Where Did We Get Our Bible? pp. 64-65
43
Feinberg, The Meaning of Inerrancy, pg 294, citado por Mark F. Willson, Apostila Estudos Sobre
Inerrância.
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histórico ou geográfico, quem garante que suas afirmações na área espiritual e religiosa tam-
bém não estão equivocadas? Deixar de crer na inerrância das Escrituras nos conduziria, por-
tanto, a um agnosticismo bíblico ou pelo menos a um relativismo cristão.
2. A inerrância completa
Sustenta que a Bíblia é completamente verdadeira em suas afirmações, porém, ela não
se atém a minúcias históricas e científicas. Estas questões são tratadas na Bíblia da forma fe-
nomenológica, ou seja, como eles se apresentam aos olhos humanos.
3. A inerrância limitada.
Defende que a Bíblia é inerrante apenas ao tratar de matérias doutrinárias e éticas, mas
não quando faz declarações históricas e científicas. Estas questões fogem ao seu escopo de au-
toridade e estão sujeitas a forma como os autores da época as entendiam.
4. A inerrância de propósitos.
Os que defendem este ponto de vista afirmam que o propósito da Bíblia não é comuni-
car verdades, mas levar as pessoas a um relacionamento com Cristo. Ela é inerrante, à medida
que cumpre seu propósito de reconduzir os homens à Deus. Isto significa que pode haver er-
ros em suas afirmações específicas, mas não no seu propósito geral.
5. A revelação acomodada.
Afirma que, uma vez que a Bíblia veio a nós através de canais humanos falhos, ela re-
flete os erros e ignorância de seus escritores, tanto em questões históricas e científicas, quanto
em questões éticas e doutrinárias. Este ponto de vista, portanto, sustenta que a Bíblia está
cheia de erros e afirmações incorretas.
escrituras teriam seu pleno cumprimento ao afirmar que “até que o céu e a terra passem, nem
um i ou um til jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra.” O i e o til eram respectiva-
mente a menor letra e uma simples pontuação.
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2. A inerrância deve ser julgada à luz do ambiente histórico-cultural no qual algo foi
declarado.
Isto significa que as declarações bíblicas não devem ser julgadas pelos padrões de pen-
samentos e conceitos atuais, mas sim àqueles prevalecentes nos dias de seus escritores. Isto
não significa que as Escrituras acomodaram-se aos erros de sua época, mas sim que elas se
expressam empregando os conceitos e formas de pensamentos de seu tempo. Por exemplo, na
época do Novo Testamento acreditava-se que a fonte das emoções era as entranhas, não o co-
ração como se pensa hoje.
No que diz respeito a assuntos espirituais, éticos e religiosos a realidade é similar. Ha-
verá uma autoridade que regulamentará estes fatos em nossa vida, quer estejamos consciente
disto, quer não.
O significado de autoridade
“Autoridade é o direito ou poder de exigir obediência”.44 A Autoridade pode ser repre-
sentada por uma pessoa, instituição ou lei, formal ou informal, que dirige e determina nossas
crenças, costumes e práticas.
1. Os credos.
Para muitos, a palavra final em questão de autoridade é dada pelos credos religiosos
e/ou confissões formais históricas da igreja. Estes credos foram geralmente formulados por
grupos de líderes da igreja e posteriormente reconhecidos e aprovados por ela.
2. A Igreja.
Para alguns, Deus age em e através da igreja e é por meio dela que Ele exerce sua auto-
ridade final. Para estes, a igreja, e não a Bíblia, tem a última palavra em questões relacionadas
a fé e a prática cristã. De acordo com este ponto de vista, a autoridade da Bíblia foi delegada
pela igreja e não vice-versa. Foi a igreja que produziu e canonizou a Bíblia e, portanto, tem
autoridade e, por assim dizer, monopólio sobre ela.
3. A voz interior.
Este ponto de vista afirma que Deus fala diretamente ao homem, sem qualquer media-
ção. A voz do Espírito Santo é sentida pelo indivíduo através de uma compulsão interior in-
tensa. Deste modo, o Espírito Santo fala diretamente ao coração humano, tornando-o consci-
ente de sua soberana vontade, sem nenhum intermediário neste processo.
4. A razão.
Somente o que pode ser captado e demonstrado racionalmente, constitui matéria autori-
tativa de Deus ao homem. Tudo que foge ao escrutínio da razão e da lógica deve ser rejeitado
como falso.
5. A experiência.
Para muitos crentes, o que eles experimentam fala mais alto que o testemunho da Pala-
vra escrita de Deus. A experiência, portanto, acaba determinando a crença e não vice versa.
6. As Escrituras.
Os evangélicos conservadores defendem que Deus nos fala hoje somente através da Bí-
blia, sua eterna e infalível Palavra. Somente as Escrituras canônicas devem ser consideradas
dignas de determinar juízos em questões de fé e prática. Para este grupo de cristãos, portanto,
a Bíblia, e somente ela, é autoridade em questões éticas e religiosas.
44
Bruce Milne. Estudando as Doutrinas da Bíblia, pg. 15.
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“Por autoridade da Bíblia queremos dizer que a Bíblia, como a expressão da vontade de
Deus para nós, possui o direito supremo de definir o que devemos crer e como devemos con-
duzir-nos”.45
A ILUMINAÇÃO DAS ESCRITURAS
A definição de iluminação bíblica
Iluminação, é o testemunho interno sobrenatural do Espírito Santo capacitando-nos a
aceitar a origem divina da Bíblia e a compreender seu significado (Ef. 1:18; 2Co 3:16, 18).
45
Millard J. Erickson, Christian Theology, pg. 241.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRAATEN Carl E. & JENSON Robert W. Dogmática Cristã. São Leopoldo: Editora
Sinodal, v.1, 2.v.
CHAFER, Lewis Sperry. Teologia Sistemática. São Paulo: Imprensa Batista Regu-
lar. 1986.
ERICKSON, Millard J. Christian Theology. 20. ed. Grand Rapids, Michigan, EUA:
Baker Book House, 1992.
McDOWELL, Josh. Evidência que exige um Veredito. 2. ed. São Paulo: Editora
Candeia, 1992.
MILNE, Bruce. Estudando as Doutrinas da Bíblia. 3. ed. São Paulo: ABU Editora,
1993.
STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sitemática. São Paulo: Hagnos, 2003. v.1.
2.v.