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Avaliaçao Biomecanica de Atletas para Olimpicos Brasileiros
Avaliaçao Biomecanica de Atletas para Olimpicos Brasileiros
ORIGINAL
8,00 Seqüência1
6,00 Seqüência2
4,00 Seqüência3 Vmédia Freq. média Comp. médio
2,00 Seqüência4 100m (m/s) (ciclos/s) (m/ciclo)
0,00
Ádria Maria Jose A.S. 7,76 2,06 3,77
Atletas M.J. 7,33 1,98 3,70
A.L. 8,77 2,15 4,08
Fig. 1 – Gráfico de velocidades parciais no teste de 100m rasos das
A.D. 8,77 2,15 4,08
atletas de atletismo
S. 8,29 1,74 4,76
10,00 Seqüência1
8,00 Seqüência2
6,00
Seqüência3
A figura 3 mostra o comportamento da velocidade dos
4,00
2,00 Seqüência4 atletas a cada 100 metros no teste dos 400 metros rasos. O
0,00
atleta S. mostra uma alta velocidade nos primeiros 200
André Luiz Antonio Delf. Sandro
Atletas
metros experimentando nos 200 metros finais uma subs-
tancial redução na mesma. Talvez seja uma estratégia inte-
Fig. 2 – Gráfico de velocidades parciais no teste de 100m rasos dos ressante dosar um pouco melhor a velocidade durante toda
atletas de atletismo a prova no sentido de economizar energia para o final da
TABELA 4
Velocidades parciais no teste dos 200m rasos em m/s
TABELA 7
V(0-50) V(50-100) V(100-150) V(150-200) Valores de velocidade média, freqüência e
comprimento de passadas no teste de 1.600m
M.J. 6,96 7,74 7,49 7,50
A.L. 7,81 9,03 9,28 9,45 Vmédia Freq. média Comp. médio
(m/s) (ciclo/s) (m/ciclo)
10,00
Velocidade (m/s)
8,00 Seqüência1
6,00 Seqüência2
Velocidade nos 1.600m
4,00 Seqüência3
5,40
Velocidade (m/s)
2,00 Seqüência4
5,35
0,00 Seqüência1
5,30 Seqüência2
Maria Jose Andre Luiz
5,25 Seqüência3
Atletas
Seqüência4
5,20
Fig. 4 – Velocidades parciais nos 200 metros rasos 5,15
Aurelio
Atleta
para a mesma fase de movimento. Enquanto na seqüência A atleta com amputação de um dos membros apresenta
B o calcanhar toca nas nádegas, que é o padrão desejável uma boa técnica de arremesso podendo no entanto ampliar
para corridas de velocidade, nas seqüências D e E o joelho sua rotação e flexão lateral do tronco.
flexiona-se pouco mais que 90º não permitindo desta for- A terceira atleta apresenta alguns problemas coordena-
ma que o calcanhar toque as nádegas. Com isso a inércia tivos, devido sobretudo à sua deficiência, mas que podem
desse membro aumenta, acarretando uma sobrecarga para ser minimizados com alguns procedimentos. Foi sugerido
a musculatura impulsora do balanceamento da coxa (fle- a ela que intensificasse o trabalho de flexibilidade, sobre-
xores dos quadris), além de alterar o ritmo das passadas. tudo do tronco.
Esse padrão de movimento foi observado em todas as Arremesso de dardo. Foi executado pela atleta com am-
três corridas (100m, 200m e 400m). Durante a corrida de putação de um dos membros e aquela com AVC.
100 metros pode ser detectado através da filmagem da pro-
va, no plano frontal, uma ligeira inclinação da atleta para o A primeira apresentou uma boa técnica carecendo no
seu lado esquerdo (H” 6º), o que provoca ao longo da cor- entanto de uma melhor preparação do ponto de vista físico
rida, um desvio lateral em relação à sua trajetória ideal, (melhoria da amplitude dos movimentos do tronco).
aumentando dessa forma o espaço percorrido pela atleta e Foi sugerido a essa atleta que começasse a treinar esse
conseqüentemente um incremento do tempo total da corri- tipo de prova sem o auxilio da cadeira de apoio. Dessa
da. forma, com a introdução do deslocamento horizontal ao
movimento as chances de uma melhor performance seriam
2) Arremessos enormemente ampliadas, devido à possibilidade de aplica-
Os arremessos serão analisados de maneira genérica sob ção do princípio da transmissão do impulso a esse movi-
o ponto de vista da técnica e de acordo com o implemento mento. Os problemas de desequilíbrio gerados pela utili-
lançado. Serão estudados os arremessos de peso (3 atle- zação de apenas uma das pernas poderá ser perfeitamente
tas), dardo (2 atletas) e disco (2 atletas). Os testes foram minimizado e superado ao longo do período de treinamen-
realizados na Universidade Estadual de Pernambuco na to e adaptação à essa nova técnica.
cidade do Recife. A segunda atleta apresentou os mesmos problemas nes-
Arremessos de peso. Foram executados por três atletas sa modalidade que aqueles apresentados no arremesso de
do sexo feminino que apresentavam amputação de um dos peso. Foi sugerido a ela que fizesse um treinamento de ar-
membros inferiores, uma com dupla amputação e uma ter- remesso estático, o que demandaria menor processamento
ceira com AVC (acidente vascular cerebral). de informação e provavelmente um melhor nível da per-
A atleta que apresentava dupla amputação dos membros formance. O arremesso com deslocamento apresentou uma
inferiores apresentou uma boa técnica de arremesso no fase de descoordenação entre as passadas de aproximação,
entanto com alguma deficiência na fase de preparação com a preparação, o bloqueio e o arremesso propriamente dito,
pouca rotação e flexão lateral da coluna. Na fase principal o que prejudicou bastante a performance do movimento.
do exercício apresentou ainda um rebaixamento do coto- Foi tentado então uma execução sem deslocamento. Exe-
velo do braço de arremesso que prejudicava a potência fi- cutando o exercício sem deslocamento foi possível obser-
nal imprimida ao aparelho. var-se uma melhoria da fase principal devido a uma me-
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lhor preparação da fase precedente, o que não pode ser As saídas
observado na execução com deslocamento. As saídas foram executadas das mais diferentes formas:
Arremesso de disco. Foi executado pelas duas atletas do bloco de saída com ajuda e sem ajuda, da água com e
com amputação dos membros inferiores e pelo único atle- sem ajuda. Aqueles que não têm movimentos dos mem-
ta arremessador. bros inferiores e saem de cima (do bloco), apenas caem na
A atleta com dupla amputação apresentou os mesmos água, o mesmo ocorrendo com aqueles que com problema
problemas observados nos arremessos anteriores, ou seja, semelhante saem de dentro da água.
pouca amplitude dos movimentos no tronco, devido prin- Aqueles que apresentam controle dos movimentos nos
cipalmente ao excessivo acúmulo de tecido adiposo nessa membros inferiores fazem saídas relativamente boas, po-
região, verificável na tabela 5. rém com deficiências na fase aérea e conseqüentemente na
A outra atleta mostrou uma técnica de arremesso muito penetração na água. Os erros aparecem de maneira geral
boa. Sua principal limitação encontra-se no fato de a mes- na entrada na água, com todo o corpo tocando ao mesmo
ma arremessar apoiada sobre uma cadeira, o que lhe impe- tempo ou quase ao mesmo tempo na água.
de de movimentar-se linearmente. Foi sugerido a ela que A fase de deslize algumas vezes vem sendo prejudicada
tentasse adaptar uma técnica de arremesso em movimento pelo início prematuro das batidas de pernas e rotação de
com o intuito de maximizar a sua performance. braços.
O atleta apresenta boa técnica de arremesso, sem gran-
Movimentos indesejáveis na fase aérea (extensão dos
des problemas do ponto de vista técnico. Ele apresenta algu-
ombros) e movimentos desejáveis e necessários que por-
ma inconstância durante os arremessos, que pode significar:
ventura não são executados nessa fase (flexão de joelhos
a) que o padrão de movimentos ainda não se encontra
e/ou quadris), assim como posturas inadequadas (flexão
bem fixado ou,
dorsal dos tornozelos, cabeça fora de alinhamento, mem-
b) baixos níveis de concentração durante os arremessos.
bros superiores afastados etc.) e início prematuro dos mo-
Deve-se ressaltar aqui que as condições encontradas para
vimentos de pernas e braços durante o deslize são plena-
se executar todos os arremessos não eram ideais, compro-
mente, nesses casos, passíveis de correção.
metendo dessa forma, a performance dos atletas.
As viradas
3) Natação
Para aqueles atletas que não têm controle sobre os mem-
Na natação os atletas foram avaliados, na medida do
bros inferiores as viradas se constituem numa etapa crítica
possível, dentro das modalidades que iriam disputar. Os
da prova. Para esses atletas a melhoria da velocidade de
testes foram realizados na piscina da Universidade Esta-
aproximação deve ser enfatizada para que a reação sobre a
dual de Pernambuco na cidade do Recife.
borda possa ser bem aproveitada.
A análise da performance dos atletas paraolímpicos de
natação é uma tarefa muito complexa. A complexidade São fatores determinantes da performance e não obser-
advém da grande gama de deficiências apresentadas pelos vados na maioria dos atletas:
nadadores. Entenda-se aqui não deficiência técnica, mas 1) alinhamento do corpo após o abandono da parede;
física. Os parâmetros de comparação do desenvolvimento 2) rotação rápida do corpo com flexão nos quadris e joe-
técnico apresentado por esses atletas ainda continua sendo lhos;
aqueles descritos na literatura, ou seja, os parâmetros dos 3) preparação do posicionamento do corpo para tocar a
competidores olímpicos. Sob esse prisma o atual desen- borda.
volvimento técnico da equipe de natação paraolímpica bra-
sileira deixa um pouco a desejar. A ausência de parâmetros Os nados
relativos de comparação é uma deficiência que devemos Para a atleta deficiente visual seria importante ressaltar
superar, a fim de que as análises sejam melhor conduzidas. o treinamento de alinhamento para que não haja oscilação
Nesse trabalho usamos como parâmetros de compara- lateral (de uma raia à outra), aumentando dessa forma o
ção a técnica olímpica de performance, não nos esquecen- percurso da prova e desacelerando a cada toque na raia.
do contudo de considerar as limitações apresentadas pelos Esse tipo de comportamento pode estar sendo gerado por
atletas. um erro técnico, ou seja, ultrapassagem da linha média do
As filmagens puderam mostrar, de maneira geral, o esta- corpo pelo braço durante a entrada do mesmo na água.
do atual de desenvolvimento dos atletas brasileiros, o que Foram observados diversos comportamentos inadequa-
passo agora a relatar, sem contudo relacionar observações dos que eram gerados por deficiência técnica ou pela pró-
com observados. pria deficiência apresentada por cada um.
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Muitos atletas mostraram uma quebra no ritmo das bra- 2) alguns atletas de natação devido aos comprometimen-
çadas, rotação demasiada de um dos ombros no nado cos- tos oriundos da própria deficiência não apresentam, apa-
tas, cruzamento da linha média do corpo durante a fase rentemente, potencial de melhoria técnica, porém há enor-
aérea no nado costas, rotação demasiada de todo o corpo me potencial de crescimento no ponto de vista atlético
no nado costas, tração deficiente na fase principal tanto do (melhoria de parâmetros fisiológicos);
nado livre quanto do nado costas. A deficiência na tração 3) os atletas precisam passar por uma avaliação técnica
dos nados aparece sob várias formas, dentre elas: falta de bianual;
manutenção da posição adequada das mãos na fase suba- 4) métodos e processos de controle de treinamento (par-
quática; membros superiores estendidos na maior parte da te técnica) precisam ser desenvolvidos para os atletas de
tração; no nado peito foi observada a abertura lateral exa- modalidades paraolímpicas;
gerada dos membros superiores; recolhimento precoce dos 5) padrões de movimento precisam ser descritos e ava-
cotovelos no final da fase de tração. liados para cada tipo de deficiência, a fim de que se tenha
A baixa de velocidade observada durante a fase suba- um padrão de normalidade para futuras comparações.
quática pode ser explicada não por alguma falha técnica,
mas sobretudo pelos comprometimentos físicos apresenta- AGRADECIMENTOS
dos por cada um dos atletas. • Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB)
As oscilações laterais do corpo foram observados em • Secretaria Nacional de Esportes
todos aqueles atletas que não apresentavam controle sobre • Rede Cenesp/Unifesp
as partes baixas do corpo (abdômen e membros inferiores) • Associação Fundo de Incentivo à Psicofarmacologia (Afip)
e que foram algumas vezes potencializados por deficiên- • Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
cias na técnica de tração (nado costas e crawl).
As batidas de pernas apresentaram algumas pequenas REFERÊNCIAS
deficiências, quais sejam: flexão excessiva dos joelhos na 1. Ballreich R. Grundlagen der biomechanik des sports. Stuttgart: Ferdi-
pernada de borboleta e saída da perna da água no nado nand Enke, 1996.
crawl. 2. Menzel HJ. Conceito de pesquisa e do ensino da biomecânica no esporte.
Revista brasileira de ciência e movimento 1997;8:52-8.
3. Winter DA. Biomechanics of human movement. Ontário: John Wiley &
CONCLUSÃO sons, 1979.
4. Baumann W. Métodos de medição e campos de aplicação da biomecâni-
A análise técnica das performances no atletismo e na
ca: estado da arte e perspectivas. VI Congresso Brasileiro de Biomecâni-
natação mostraram que: ca. Brasília, Conferência, 1995.
1) os atletas apresentam enorme potencial de progresso 5. Amadio AC. Fundamentos biomecânicos para a análise do movimento
técnico em especial os atletas de atletismo; humano. São Paulo, EEFUSP,1996.