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Definição
CONCEITO! O AVE (ou AVC) é um déficit neurológico agudo, de origem vascular, com duração
maior que 24 horas.
Epidemiologia
Atualmente, é 2ª causa mais comum de óbito no mundo (atrás apenas da cardiopatia isquêmica,
mostrando a predominância dos eventos vasculares como causas de morte), e é o distúrbio neurológico
mais incapacitante. No Brasil, é a causa mais freqüente de óbito da população adulta, e corresponde a
grandes gastos anuais nos setores de saúde pública portanto sua prevenção é de interesse não só para a
saúde, mas para a economia nacional.
Sendo assim, os fatores de risco para o AVE podem ser divididos em modificáveis (que podem
ajudar na prevenção) e não modificáveis.
OBS: A hipertensão arterial é o principal fator de risco para ambos os tipos de AVE, isso porque é
importante causa de aterosclerose de artérias carótidas e vertebrais, causando o AVE isquêmico, além
de ser um dos fatores responsáveis pela formação dos aneurismas de Charcot-Bouchard, pequenos
aneurismas que promovem fragilidade vascular e contribuem para o AVE hemorrágico quando
rompidos, em geral durante um pico hipertensivo.
Fisiopatologia
O AVE isquêmico é causado por uma obstrução súbita do fluxo arterial encefálico, devido, na
maioria das vezes, a uma causa embólica (trombo proveniente de circulação distante) ou, mais
raramente, trombótica (o trombo é formado na própria artéria envolvida no AVE). Quando não é
possível determinar a causa do AVE, o denominamos AVE criptogênico.
O AVE criptogênico é responsável por grandes
partes dos AVEs. Embora não tenha fisiopatologia
esclarecida, estu- dos sugerem que seja decorrente de
embolia paradoxal através de um forame oval patente no
coração, ou que seja causado por êmbolos provenientes de
placas ateromatosas instáveis da aorta ascendente. Têm,
em geral, quadro clínico semelhante aos AVEs isquêmicos
embólicos!
OBS: O AVE isquêmico trombótico mais comum é o AVE lacunar! São pequenos infartos causados
pela oclusão das artérias cerebrais perfurantes – que nutrem tálamo, cápsula interna e gânglios da
base – em razão do espessa- mento hialino da camada média dessas artérias (a chamada “lipo-
hialinose”, que tem como um dos fatores de risco também a HAS!). O AVE isquêmico trombótico de
artérias médias é mais raro, sendo o mais comum o AVE por trombose de artéria basilar, devendo ser
suspeitado quando o déficit neurológico se instala de forma subaguda (é o chamado “AVE em
evolução”).
Nas primeiras 24 horas após o AVE, métodos como o PET scan podem delimitar as áreas
infartadas e as zonas de penumbra.
A interrupção do fluxo sanguíneo subsequente gera isquemia, privando neurônios e células gliais
de oxigênio e glicose, e causando disfunção neuronal (quando o fluxo cerebral de oxigênio cai abaixo de
20ml/100mg/ min). Caso essa não haja reversão dessa situação, acontece o infarto do núcleo isquêmico,
a morte do tecido e uma lesão irreversível.
Ao redor da região infartada, existe a zona
de penumbra, onde um mecanismo de
extração aumentada de oxigênio apesar do
baixo fluxo permite que a lesão causada seja
potencialmente reversível, contanto que o
fluxo sanguíneo seja restaurado (por
recanalização do vaso ocluído ou circulação
colateral, altamente dependente da pressão
arterial – por isso, é preciso ter cuidado no
controle da PA na fase aguda do AVE
isquêmico!).
UC 24 – Problema 01 – Desorientação - @resumosdakali 3
OBS: Existem 2 tipos de AVE isquêmico de causa embólica: Cardioembólico: o êmbolo é proveniente
do coração, na maior parte das vezes formado em razão da fibrilação atrial (trombo no átrio
esquerdo); seguido do IAM de parede anterior (trombo no ventrículo esquerdo) e pelas
cardiomiopatias (trombos no átrio ou ventrículo esquerdo).
Arterioembólico: o êmbolo é proveniente de uma artéria – em geral, uma placa aterosclerótica instável
prin- cipalmente em artérias carótidas ou vertebrais (logo, como vimos, a HAS é fator de risco para AVE
isquêmico arterioembólico por causar aterosclerose nessas artérias!)
Após o infarto neuronal, instala-se principalmente o edema citotóxico (intracelular, devido ao
desbalanço da bomba de Na/K pela falta de ATP), mas o edema vasogênico também pode acontecer
(mais raramente e principalmente nos estágios tardios do infarto, extracelular, por extravasamento do
líquido dos vasos para o parênquima em razão da permeabilidade capilar aumentada), e têm seu pico de
3-4 dias após o AVE, podendo causar complicações como hipertensão intracraniana e herniação
cerebral.
Nas primeiras 48 horas após o AVE, há migração de neutrófilos e monócitos para a região
infartada, contribuindo para a inflamação local e edema cerebral. Após cerca de 10 dias, o edema
citotóxico é resolvido, e a zona infarta- da fica nítida na fotografia. Após esse período, as células
fagocitárias produzem necrose de liquefação nessa região, deixando um aspecto cístico pelo centro
liquefeito.
O Ataque isquêmico transitório (AIT) é um evento também isquêmico, mas não pode ser
considerado AVE visto que trata-se de um déficit neurológico focal reversível, transitório, e de duração
inferior a 24 horas. Em geral, é proveniente de causas arterioembólicas, e um pequeno número de casos
advém de trombose em evolução.
Além de ter manifestações clínicas semelhantes ao AVE isquêmico, é também um fator de risco
para o mesmo: Cerca de 25% dos AVEs isquêmicos são precedidos de ataques isquêmicos transitórios,
muitas vezes não identificados.
OBS: Alguns sinais são bem característicos de AVE de território vertebrobasilar: hemianopsia,
agnosia visual, síndrome de Balint (apraxia oculomotora) e síndrome de Anton-Babinski (o paciente
perde a visão, mas afirma ser capaz de enxergar)
Se o AIT do tipo sintomas transitórios com infarto (TSI) faz lesão irreversível, como diferenciá-
lo do AVE isquêmico? Pelo tempo, visto que o AIT tem sin- tomas com tempo inferior a 24 horas. Além
disso, a região infartada do TSI costuma ser bem inferior que a do AVE isquêmico. Entretanto, seu
reconhecimento é importante por se tratar de uma condição com altíssimo risco para AVE isquêmico.
Quadro clínico
Devemos ter em mente que o AVE é uma doença tempo-dependente, ou seja, reconhecer
precocemente seus sinais clínicos é de extrema importância para se agir rápido no tratamento e aumentar
as chances de recuperação completa.
Os sinais e sintomas dependem da área acometida do encéfalo; por isso, ter conhecimento da
anatomia vascular encefálica e das suas regiões de irrigação é de extrema importância para a avaliação
clínica.
O encéfalo é irrigado por dois sistemas arteriais: um mais anterior (sistema carotídeo) e outro
mais posterior (sistema vertebrobasilar).
A depender da região infartada no AVE isquêmico, diferentes manifestações clínicas podem ser
observadas:
Sistema carotídeo
• Artéria cerebral anterior: sinais de frontalização, déficit motor e sensitivo na região proximal do
membro superior contralateral
UC 24 – Problema 01 – Desorientação - @resumosdakali 5
• Artéria cerebral média: déficit motor; perda sensorial em face ou membro superior; afasia de Wernick
(área da compreensão da fala) e Broca (área motora da fala) no hemisfério dominante; Neglingência no
hemisfério não dominante; hemiplegia fascio braquio-crural (por atingir cápsula interna); síndrome
piramidal contralateral (por interrupção da via corticoespinhal).
Sistema vertebrobasilar
OBS: Dentre as causas do RNC associado ao AVE, podem estar: Edema cerebral, Transformação
hemorrágica do AVE isquêmico nas primeiras 48 horas, Crises convulsivas, Distúrbios
hidroeletrolíticos (principalmente hiponatremia e hiperglicemia), Infecções de repercussão sistêmica.
A artéria mais afetada pelo AVE isquêmico é a cerebral média, afetando locais irrigados por essa
artéria, enquanto as mais atingidas pelo AVE hemorrágico são os ramos perfurantes. Se incluem nesse
quadro paresias e parestesias plenas ou no lado contralateral à artéria afetada, alterações na visão,
afasias, rebaixamento de nível de consciência, tontura e distúrbios de marcha (principalmente nos AVEs
cerebelares), cefaléias súbitas (muito relacionadas à HSA), dentre outros.
O chamado “AVC isquêmico maligno” ou “infarto maligno cerebral” é definido como o infarto
de mais de 50% do território de irrigação da artéria cerebral média, representando grande parte do
hemisfério cerebral, e têm mortalidade de 80% apesar do tratamento conservador adotado, sendo uma
importante causa de morte encefálica.
No AVE hemorrágico, os sintomas aparecerão de acordo com o local em que a hemorragia esteja
concentrada. Os locais mais acometidos na Hemorragia Intraparenquimatosa (HIP) são: Putâmen,
Tálamo, Cerebelo e Ponte.
Diagnóstico
UC 24 – Problema 01 – Desorientação - @resumosdakali 6
Escala FAST: É usada na triagem para reconhecimento rápido de sinais clínicos de AVE, baseada na
escala de suspeita pré-hospitalar de Cincinnati, que se baseia em Face (paralisia facial), Arms (fraqueza
nos MMSS), Speech (alterações de fala) e Time (tempo dos sintomas). Déficit neurológico focal súbito
> 15 minutos = internação e exame de imagem!
Saber o tempo do início de sintomas é essencial, já que a janela terapêutica para se fazer uma
trombólise intravenosa no caso de AVE isquêmico é de apenas 4,5 horas!
Escala NIH: A escala frequentemente utilizada para quantifcar o défcit neurológico é a National Institute
of Health (NIH), podendo ser executada de forma rápida por uma ampla gama de profssionais da saúde.
Ela avalia o déficit do AVE através da pontuação de 15 parâmetros, variando de 0 (sem déficit) a 42
(maior déficit). Os parâmetros são: nível de consciência observado, orientação no tempo (em relação a
mês e idade), resposta a comandos, olhar, campo visual, movimento facial, função motora de membros
superiores e inferiores, ataxia de membros, sensibilidade, linguagem, articulação da fala, e extinção ou
desatenção durante o exame.
Tomografia Computadorizada sem contraste: é o exame de imagem de escolha, por ser mais acessível
e ter boa sensibilidade. Recomenda-se realizá-la em duas etapas:
◊ A primeira TC na chegada do paciente (importante na exclusão do AVE hemorrágico e também
diagnóstico de possíveis tumores, sangramentos meníngeos e intraparenquimatosos)
◊ A segunda TC após 72 horas do início dos sintomas (TC de controle e definidora da anticoagulação
do paciente no caso de AVE isquêmico).
A primeira TC deve estar laudada em menos de 45 minutos para se proceder ao tratamento
o mais rápido possível. Lembrando que este NÃO é o exame para diagnóstico de pequenos infartos
corticais e subcorticais, ou daquelas lesões localizadas em fossa posterior.
OBS: TC de crânio deve ser realizada em dois momentos: Uma TC sem contraste assim que o paciente
chegar com suspeita de AVE, que deve estar laudada em no máximo 45 minutos e uma TC de controle
após 72 horas de início dos sintomas.
O escore ASPECTS é usado para avaliação do dano isquêmico na TC de crânio do AVE
isquêmico, subdividindo o território de irrigação da artéria cerebral média (ACM) em 10 regiões que
serão avaliadas em dois cortes: o primeiro na altura do tálamo e núcleos da base e o segundo acima dos
núcleos da base.
A TC normal corresponde a um escore ASPECTS de 10, e o escore 0 se refere à isquemia
difusa de todo o território da ACM. Cada área hipodensa na TC sem contraste diminui um ponto no
escore. Pacientes com escore menor ou igual a 7 têm um maior risco de transformação hemorrágica e
pior evolução neurológica.
UC 24 – Problema 01 – Desorientação - @resumosdakali 7
Em caso de suspeita de HSA e TC normal, devemos realizar uma punção liquórica – que
apresentará sangue se nas primeiras 12 horas após o evento, e aspecto xantocrômico (amarelado, devido
à conversão de hemoglobina em bilirrubina) após esse período.
Ressonância Magnética com difusão: mais sensível que a TC, diagnóstica área isquêmica muito
precocemente, tendo mais acuracia que a TC no AVEi; porém, é um exame que demora e não tão
acessível, é a TC é superior à RM na hemorragia subaracnoidea. Muito útil nos casos de dúvida se há
AVE na TC, ou então nos pacientes com janela terapêutica desconhecida ou fora da janela, para se
avaliar melhor a zona de penumbra. Além disso, é o exame de escolha para avaliação da fossa encefálica
posterior, região que não pode ser bem avaliada na tomografia.
Coagulograma: Devemos esperar seu resultado antes de realizar a trombólise (no caso de AVE
isquêmico) caso haja história de uso de anticoagulantes ou suspeita de alterações.
Angiotomografia helicoidal: faz rápida análise dos grandes vasos intra e extracranianos e permite
reconhecer obstruções e estenoses nos
grandes vasos; quando comparada à
angiografia cerebral, apresenta grande
acurácia na identificação de obstrução de
grandes vasos.
Tratamento
Objetiva preservar a vida, limitar o dano cerebral, diminuir as incapacidades e evitar repetição do
AVE. O manejo na urgência é oposto em cada tipo de AVE: No isquêmico, queremos desobstruir as
artérias e permitir maior afluxo sanguíneo para o cérebro, enquanto que, no hemorrágico, precisamos
controlar o sangramento.
AVE isquêmico
Medidas de suporte:
• Temperatura: a temperatura corporal deve ser monitorada e mantida dentro da faixa normal, próxima
aos 36,5 °C, isso leva a uma redução na morbimortalidade dos pacientes com AVCI. Já a hipertermia
aumenta a liberação de radicais livres no tecido isquêmico, eleva a atividade metabólica neuronal, além
de alterar a atividade de alguns neurotransmissores.
• Monitorização cardíaca: é obrigatória nas primeiras 24 horas, pois as arritmias cardíacas geralmente
estão presentes no período pós-AVCI, e algumas delas são causadoras de eventos isquêmicos.
• Pressão arterial: Se hipertensão arterial: não baixar no primeiro dia. Exceto quando PA > 220 x 120
mmHg; Droga de escolha: Nitroprussiato de Sódio (0,5 mcg/ kg/min) 24 horas após Trombolítico se
PA > 185 x 110 mmHg. Nos pacientes não submetidos à trombólise, somente administrar anti-
hipertensivos se PA > 220x120mmHg.
• Glicemia: deve ser monitorada de 6/6 horas; Deve-se descartar a hipoglicemia, que isoladamente já
causa lesão cerebral. Se hiperglicemia, iniciar insulina se glicemia > 140-185 mg/dL nas primeiras 24
horas, pois indicam pior desfecho clínico, sendo necessária intervenção terapêutica para hiperglicemia.
Outras medidas:
• Monitorizar: Natremia (diariamente, normal 135-145 mEq/l) e Hidratação (se necessário, usa-se ringer
lactato)
• Deve-se evitar a hiper-hidratação e o uso de soro glicosado (pelo risco de hiponatremia dilucional e
hiperglicemia)
Medidas específicas:
• Antiagregante plaquetário: o ácido acetilsalicílico (AAS) é a droga de escolha no AVE, podendo ser
usado em pacientes sem indicação de rtPA e como forma de prevenção de recidiva, na posologia 100 a
325mg/dia VO.
• Heparina: Deve ser usada na dose profilática para tromboembolismo venoso, e não a heparinização
plena. Usa-se HNF 5000 UI 8-12h ou HBPM (enoxaparina 40mg SC/ dia). O anticoagulante oral de
escolha é a warfarina sódica.
Idade > 18 anos; diagnóstico de ACVI em qualquer território cerebral; evolução < de 4,5 horas até a
infusão do trombolítico; TC de crânio sem evidências de hemorragias; possibilidade de se estabelecer
precisamente o horário do início dos sintomas; paciente ou familiar responsável capacitado a assinar
termo de consentimento informado.
UC 24 – Problema 01 – Desorientação - @resumosdakali 9
• Uso de anticoagulantes orais ou TP > 15 segundos (INR > 1,7); uso de heparina nas últimas 48 horas
e PTTa elevada;
• AVC ou traumatismos cranioencefálicos (TCE) grave nos últimos 3 meses;
• Evitar acesso venoso central ou punção arterial antes da trombólise até 24 após.
• Evitar sondagem vesical ante e após 30 minutos da trombólise.
Trombólise: uso de rt-PA com dose total = 0,9 mg/kg, até no máximo de 90 mg, sendo 10% da dose em
bolus EV e 90% em 60 minutos, de preferência em bomba de infusão.
Cuidados pós trombólise: manter a cabeceira a 0º nas primeiras 24 horas, e depois a 30º; PA e NIHSS
a cada 15 min por 2h, depois a cada 30 min por 6h, depois a cada 1h por 24h (objetivo é manter PA
<180x105 mmHg, a droga de escolha é o nitroprussiato de sódio); não realizar cauterização e sonda
naso nas primeiras 24h e não passar sonda vesical pelo menos 30 min após; realizar TC de controle em
24h; não utilizar antiagregantes e anticoagulantes nas primeiras 24h; fazer controle glicêmico e de
temperatura. Devemos ter cuidado especial com o controle da PA, para evitar uma transformação
hemorrágica!
UC 24 – Problema 01 – Desorientação - @resumosdakali 10
Trombectomia mecânica: deve ser considerada em pacientes com oclusão de vaso proximal ou que não
apresentaram resposta à trombólise com rtPA, contanto que estejam dentro dos critérios de inclusão:
ictus < 6h; idade ≥ 18; oclusão de carótida interna ou ramo M1 da artéria cerebral média; NIHSS ≥ 6.
Edema cerebral: O tratamento inicial começa com algumas medidas também profiláticas, como o
controle de PA e a elevação da cabeceira. Em casos em que a hipertensão intracraniana é uma urgência
(PIC>20mmHg), medidas como o uso de diuréticos osmóticos e descompressão cirúrgica podem ser
adotadas.
Transformação hemorrágica: o uso precoce do AAS pode aumentar o risco dessa complicação, além de
ser influenciada por fatores como localização da isquemia, tamanho e mecanismo. Eventos petequiais
pequenos não têm importância clínica em comparação aos hematomas parenquimatosos, que evoluem
com deterioração neurológica.
Convulsões: em geral, acontecem nas primeiras 24 horas após o AVEi. Hoje, a profilaxia
anticonvulsivante com fenitoína está indicada apenas se secundária.
AVE hemorrágico
Aqui, devemos aproveitar a “golden hour”, ou seja, a primeira hora depois do AVE, para
promover cuidados intensivos e avaliar a necessidade de cirurgia. Para parar o sangramento, temos que:
fazer controle rígido da PA e reverter possíveis coagulopatias. A avaliação de um neurocirurgião também
é necessária, embora as indicações de reversão cirúrgica ainda sejam restritas e pouco estabelecidas.
Hemorragia intraparenquimatosa
O tratamento da HIP é basicamente de suporte: pacientes com RNC devem ser intubados,
suportados por ventilação mecânica, bem como monitorização hemodinâmica com cateter de PA
invasiva e, na maioria das vezes, um cateter ventricular para a monitorização da PIC (pressão
intracraniana).
• Hematoma lobar ou putaminal volumoso, com extensão para a periferia e repercussões clínicas
Obs.: A instalação de uma derivação ventricular externa (DVE) está indicada na presença de hidrocefalia
com repercussão clínica.
Hemorragia subaracnóidea
Assim dado o diagnóstico, o paciente deve ser internado na UTI e avaliado por um
neurocirurgião. Se estiver dentro das primeiras 72 horas após o início dos sintomas e tiver pontuação <
III na escala de Hunt-Hess, o exame padrão ouro a ser realizado é a arteriografia cerebral, para localizar
o aneurisma.
Após constatação do aneurisma, a cirurgia de clipagem aneurismática é a primeira escolha (já
que é a medida mais eficaz para prevenir ressangramento, a complicação com maior letalidade da HSA).
Uma outra abordagem possível para o aneurisma é a terapia endovascular com embolização.
Se houver RNC, uma monitorização invasiva da PIC deve ser realizada (o procedimento de
escolha é o cateter intraventricular, já que tem caráter diagnóstico e terapêutico, permitindo a drenagem
do LCR).
Se o aneurisma não for clipado, a PA sistólica deve ser mantida entre 140- 150mmHg, com o uso
de nitroprussiato de sódio. A manutenção de altos níveis pressóricos traz elevado risco de
ressangramento, enquanto uma PA muito baixa aumenta o risco de vasoespasmo.
O uso de anticonvulsivantes, como a fenitoína 100mg IV a cada 8 horas, hoje está indicado apenas
se o paciente apresentou crise convulsiva em algum momento.
O uso de nimodipino 60mg via enteral a cada 4h é indicado pois há a prevenção de seqüela
neurológica do vasoespasmo, e seu uso deve ser mantido até o 14º dia após o evento.
O vasoespasmo é uma das principais complicações da HSA e é reconhecido pelo surgimento de
novo déficit focal a partir do 3º dia. O tratamento dessa condição baseia-se nos “3 Hs”: hemodiluição
hipervolêmica (com 3l de soro fisiológico isotônico) e hipertensão (se o aneurisma já foi clipado, pode
se deixar a PAS chegar a níveis até 200mmHg).
UC 24 – Problema 01 – Desorientação - @resumosdakali 12
❖ PROGNÓSTICO
Após um AVE, o resultado do quadro é influenciado por vários fatores, mas dentre eles existem
dois principais: a natureza e a gravidade do déficit neurológico resultante. Idade do paciente, etiologia
do AVE e comorbidades também são fatores importantes.
O prognóstico de AVEs hemorrágicos é pior do que AVEs isquêmicos, e depende de alguns
fatores principais, dentre eles: tamanho do hematoma intraparenquimatoso (> 30cm³), presença de
hemoventrículo, nível de consciência (glasgow < 8), idade (>80 anos), localização (infratentorial tem
pior prognóstico) e uso prévio de anticoagulantes. Pacientes com sinais de herniação trasntentorial
dificilmente sobrevivem.
De forma geral, 80% desses pacientes sobrevivem pelo menos um mês após o episódio, mas
apenas 35% têm um prognóstico superior a 10 anos. Grande fator de piora é a recidiva do AVE, que
acontece em 25% desses pacientes nos 5 anos subsequentes, e costuma deixar sequelas mais debilitantes
que o primeiro episódio.
A recuperação neurológica completa ocorre em apenas 10% dos pacientes, e a maioria dos déficits
que permanecem após 12 meses é permanente. Porém, um fator de esperança é a neuroplasticidade
cerebral: os primeiros 3 meses após o AVE são os mais importantes para o cérebro reaprender antigas
atividades e funções, mostrando a importância do tratamento correto e atividades fisioterápicas para a
recuperação e reabilitação pós-AVE.
TOPOGRAFIA
Os sinais e sintomas dependem da área acometida do
encéfalo; por isso, ter conhecimento da anatomia vascular
encefálica e das suas regiões de irrigação é de extrema importância
para a avaliação clínica. O encéfalo é irrigado por dois sistemas
arteriais: um mais anterior (sistema carotídeo) e outro mais
posterior (sistema vertebrobasilar).
A depender da região infartada no AVE isquêmico,
diferentes manifestações clínicas podem ser observadas:
Sistema carotídeo:
• Artéria oftálmica: alterações visuais monoculares
• Artéria cerebral anterior: sinais de frontalização, déficit motor e sensitivo na região proximal do
membro superior contralateral
• Artéria cerebral média: déficit motor; perda sensorial em face ou membro superior; afasia de
Wernick (área da compreensão da fala) e Broca (área motora da fala) no hemisfério dominante;
Neglingência no hemisfério não dominante; hemiplegia fascio-braquio-crural (por atingir cápsula
interna); síndrome piramidal contralateral (por interrupção da via corticoespinhal)
o Obs.: Síndrome do 1º neurônio motor: ocorre quando atinge as artéria perfurantes do
sistema lentículo-estriado, que irriga a cápsula interna (local mais atingido no AVE
lacunar!). O paciente apresenta sincinesias, sinal de Babinski, hiperreflexia, espasticidade
e sinreflexias.
Sistema vertebrobasilar
UC 24 – Problema 01 – Desorientação - @resumosdakali 13
A artéria mais afetada pelo AVE isquêmico é a cerebral média, afetando locais irrigados por essa
artéria, enquanto as mais atingidas pelo AVE hemorrágico são os ramos perfurantes. Se incluem nesse
quadro paresias e parestesias plenas ou no lado contralateral à artéria afetada, alterações na visão,
afasias, rebaixamento de nível de consciência, tontura e distúrbios de marcha (principalmente nos AVEs
cerebelares), cefaléias súbitas (muito relacionadas à HSA), dentre outros.
O chamado “AVC isquêmico maligno” ou “infarto maligno cerebral” é definido como o infarto de
mais de 50% do território de irrigação da artéria cerebral média, representando grande parte do
hemisfério cerebral, e têm mortalidade de 80% apesar do tratamento
conservador adotado, sendo uma importante causa de morte encefálica
No AVE hemorrágico, os sintomas aparecerão de acordo com o local
em que a hemorragia esteja concentrada. Os locais mais acometidos na
Hemorragia Intraparenquimatosa (HIP) são: Putâmen, Tálamo,
Cerebelo e Ponte.
• Hemorragia no putâmen: Costuma atingir a cápsula interna, cursando com quadro súbito de
hemiplegia fasciobraquiaquicrural contralateral. Desvio do olhar conjugado contrário à
hemiplegia também pode ocorrer. Aqui, a hemorragia pode se estender e causar
hemoventrículo.
UC 24 – Problema 01 – Desorientação - @resumosdakali 14
elevados de colesterol sérico são associados com aterosclerose prematura em adolescentes e adultos
jovens. Estudos de necropsia demonstraram alta prevalência de lesões ateroscleróticas em indivíduos
entre 2 e 39 anos e evidenciaram a influência dos fatores de risco na formação da placa ateromatosa1.
Hiperlipidemia
Surgiram algumas evidências indicando que a hiperlipidemia é um fator de risco independente
para AVC, sendo que alguns estudos demonstraram reduções dramáticas no risco de AVC com o uso de
estatinas.
Um teste prospectivo, randomizado e controlado por placebo que envolveu a aplicação de doses
elevadas de atorvastatina em 4.731 pacientes com AVC não cardioembólico recente ou AIT e níveis de
colesterol com lipoproteína de baixa densidade entre 100 e 190mg/dL, mostrou que houve uma redução
na incidência de recorrências de AVCs e de eventos cardiovasculares no período de acompanhamento
de 5 anos.
Da mesma forma, os órgãos Medical Research Council/British Heart Foundation Heart
Protection Study, que incluíram 20.500 pessoas com doença na artéria coronária, cujas características os
haviam excluído de estudos prévios com estatinas, mostrou que o tratamento de longo prazo com
sinvastatina (isto é, 40mg/dia por mais de 5 anos) diminuiu em 27% a incidência de todos os tipos de
AVC.
Este estudo incluiu pacientes com níveis de colesterol total de 135mg/dL ou mais e os benefícios
foram aparentes mesmo em pacientes com níveis normais de colesterol total. Outros testes clínicos
demonstraram a eficácia da pravastina na prevenção de AVCs.48 Uma das metas da JCSM é a alta
hospitalar após a terapia com estatinas.
A eficácia das estatinas possivelmente seja resultado dos efeitos sobre o colesterol com
lipoproteína de baixa densidade. O efeito protetor das estatinas também poderá se materializar através
de outros mecanismos além do mero controle das concentrações lipídicas séricas. Esses efeitos incluem
processos envolvidos em inflamação e trombólise.
O papel dos agentes alternativos para abaixar os níveis lipídicos é bem menos claro. Observou-se
que o genfibrozil reduz modestamente os AVCs em pacientes com doença na artéria coronária. O papel
dos agentes que abaixam os níveis lipídicos em pacientes sem doença aterosclerótica também é incerto.
Doença oclusiva em vasos menores. Vasos menores são pequenas ramificações terminais nos
vasos maiores como as que se localizam em pontos como a cápsula terminal, a coroa radiada, o tálamo
e a ponte. O mecanismo do processo oclusivo é incerto, embora a ocorrência de lipo-hialinose,
aterosclerose local, microembolismo e microtrombose seja possível.
A oclusão de vasos menores é mais comum em pacientes com diabetes melito ou hipertensão
permanentes e se caracteriza pela presença de várias síndromes clínicas específicas, geralmente
conhecidas por síndromes lacunares.
ALIMENTAÇÃO E AVC
Diferentes tipos de alimentos estão associados a riscos dos diferentes tipos de acidente vascular
cerebral (AVC), de acordo com o maior estudo feito até o momento.
O AVC é a segunda principal causa de mortes em todo o mundo. Existem duas formas: o AVC
isquêmico, o mais comum, ocorre quando um coágulo sanguíneo bloqueia uma artéria que fornece
sangue ao cérebro ou se forma em outras partes do corpo e segue para o cérebro onde bloqueia o fluxo
sanguíneo. Já o AVC hemorrágico ocorre quando o sangramento no cérebro danifica células próximas.
O estudo, publicado na revista científica European Heart Journal, descobriu que uma dieta rica
em frutas, vegetais, fibras, leite, queijo e iogurte pode estar ligada a um menor risco de AVC isquêmico,
mas não há associação significativa com um menor risco de derrame hemorrágico. Maior consumo de
ovos foi associado a um maior risco de AVC hemorrágico, mas não ao AVC isquêmico.
A maioria dos estudos anteriores investigou a associação entre alimentos e todos os tipos de AVC.
O presente estudo analisou o AVC isquêmico e hemorrágico separadamente. Os pesquisadores
analisaram dados de mais de 418.000 participantes do estudo European Prospective Investigation on
Cancer and Nutrition (EPIC).
A Dra. Tammy Tong, epidemiologista nutricional do Departamento de Saúde Pública da
Universidade de Oxford, no Reino Unido, e autora principal do estudo, disse que “a descoberta mais
importante é que o maior consumo de fibra alimentar e frutas e vegetais esteve fortemente associado a
menores riscos de AVC isquêmico, o que apóia as diretrizes europeias atuais”.
A quantidade total de fibras (incluindo frutas, vegetais, cereais, legumes, nozes e sementes)
consumida foi associada à maior redução potencial no risco de AVC isquêmico. Cada ingestão adicional
de 10g de fibra por dia foi associada a um risco 23% menor. Isso é equivalente a cerca de dois casos a
menos de AVC isquêmico a cada 1000 pessoas em dez anos. Somente frutas e legumes foram associados
a um risco 13% menor para cada 200g consumido por dia, equivalente a um caso a menos a cada 1000
pessoas em dez anos. Estatisticamente, nenhum alimento foi associado a um risco maior de AVC
isquêmico.
Com base nas estimativas do Reino Unido, duas fatias grossas de torrada integral fornecem 6,6 g
de fibra, uma porção de brócolis (cerca de 8 floretes) fornece cerca de 3 g e uma maçã crua e descascada
média fornece cerca de 1,2 g de fibra. A Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) e o Escritório
Regional da Organização Mundial da Saúde para a Europa recomendam consumir pelo menos 400 g de
frutas e legumes por dia. A ESC também sugere o consumo de 30 a 45 g de fibra por dia.
As associações encontradas entre os diferentes tipos de alimentos e o AVC isquêmico e
hemorrágico podem ser explicadas em parte pelos efeitos na pressão sanguínea e no colesterol.
Este estudo observacional não pode indicar alimentos específicos que causam aumento ou
diminuição do risco de AVC isquêmico ou hemorrágico, apenas os tipos que estão associados aos
diferentes riscos.
UC 24 – Problema 01 – Desorientação - @resumosdakali 17
O encéfalo é irrigado por dois sistemas arteriais: (1) carotídeo (anterior); (2) vertebrobasilar
(posterior).
O primeiro começa na carótida interna, que, logo após penetrar no crânio, faz um “S” (sifão
carotídeo), local de onde se origina a artéria oftálmica (artéria da retina) para depois se dividir em artéria
cerebral média, artéria cerebral anterior e artéria coroide anterior.
Cerebral média: é a principal artéria do cérebro, infelizmente a mais acometida no AVE isquêmico...
Emite em seu segmento proximal (M1) os ramos lenticuloestriados (artérias perfurantes que irrigam o
tálamo, os gânglios da base e a cápsula interna). Esses são os ramos acometidos no AVE lacunar. Após
o primeiro segmento, a artéria verte-se para cima, aparecendo na convexidade cerebral, bifurcando-se
nos ramos superior e inferior. O ramo superior irriga o córtex e a substância subcortical (fibras) de quase
todo o lobo frontal (córtex motor piramidal, pré-motor, área do olhar conjugado, área de Broca), todo o
lobo paritetal (área somatossensorial primária e associativa, área associativa geral dos giros
supramarginal e angular) e parte superior do lobo temporal (área de Wernicke).
Cerebral anterior: irriga a porção anterior, medial e orbitária do lobo frontal. Seu segmento proximal
(A1) emite ramos perfurantes para nutrir a porção anterior da cápsula interna, corpo amigdaloide,
hipotálamo anterior e uma parte da cabeça do núcleo caudado.
Coroide anterior: irriga a porção posterior da cápsula interna (juntamente com a cerebral média).
CIRCULAÇÃO CAROTÍDEA
- Oclusão na origem da cerebral média: lobo frontal, parietal e parte superior do temporal.
Hemiparesia/plegia contralateral desproporcionada, com predomínio braquifacial e disartria com desvio
da língua para a hemiplegia (córtex motor, coroa radiada, cápsula interna), desvio do olhar conjugado
contrário à hemiplegia nos primeiros três dias (área do olhar conjugado), apraxia contralateral braquial
UC 24 – Problema 01 – Desorientação - @resumosdakali 18
- Oclusão do ramo superior: é o tipo mais comum de AVE isquêmico! Lobo frontal e parte anterior do
parietal. Hemiparesia/plegia contralateral desproporcionada, com predo- mínio braquiofascial e
disartria com desvio da língua para a hemiplegia (córtex motor, coroa radiada, cápsula interna), desvio
do olhar conjugado contrário à hemiplegia nos primeiros três dias (área do olhar conjugado), apraxia
contralateral braquial (córtex pré-motor), hemi-hipo/anestesia contralateral, astereoagnosia (córtex
somatossensorial e associativo). Se for no hemisfério dominante ou esquerdo, acrescenta-se afasia de
Broca (afasia motora). A lesão de ramos menores pode causar apenas afasia de Broca.
- Oclusão do ramo inferior: lobo parietal e parte superior do temporal. Não causa hemiplegia nem
hemianestesia... No hemisfério dominante, cursa com afasia de Wernicke (afasia sensorial) e síndrome
de Gerstamann (apraxia ideomotora, agrafia, alexia, acalculia, desorientação esquerda-direita, agnosia
digital). No hemisfério não dominante, cursa com heminegligência, apraxia construcional e amusia. A
lesão de ramos menores pode causar apenas afasia de Wernicke ou apenas a síndrome de Gerstmann ou
apenas amusia.
- Oclusão unilateral: lobo frontal e parietal medial anterior unilateral. Hemiparesia/ plegia, apraxia
contralateral e hemi-hipo/ anestesia do membro inferior contralateral.
- Oclusão bilateral: ocorre quando os dois segmentos distais das cerebrais anteriores originam-se de
apenas um segmento proximal (atresia do segmento proximal do lado oposto) e o mesmo é ocluído.
Paraparesia/ plegia, com perda da sensibilidade nos membros inferiores, apraxia da marcha, síndrome
do lobo frontal (abulia ou mutismo acinético, disfunção esfincteriana).
CIRCULAÇÃO VERTEBROBASILAR
- Oclusão dos ramos do segmento proximal: mesencéfalo, tálamo. Síndrome de Weber (síndrome
cruzada piramidal do III par): AVE do pedúnculo cerebral, hemiplegia fasciobraquiocrural contralateral
+ paralisia do III par ipsilateral, que pode ou não ser acompanhada de parkinsonismo (lesão da
substância negra) e hemibalismo contralateral (lesão do núcleo subtalâmico). Síndrome de Benedikt
(síndrome do nú- cleo rubro): AVE do tegmento mesencefálico, tremor cerebelar e/ou coreia
contralateral (síndrome do núcleo rubro) + paralisia do III par ipsilateral. Síndrome de Dejerine-Roussy:
AVE do tálamo posterolateral (artéria talamogeniculada), hemianestesia contralateral + dor talâmica
espontânea (refratária a analgésicos, responde à carbamazepina). Síndrome talâmica anterolateral
(artéria talamoperfurante), tremor cerebelar e/ou coreoatetose.
- Oclusão bilateral no segmento distal: lobos occipitais. Síndrome de Anton: cegueira cortical, sem
reconhecimento deste estado. Síndrome de Balint.
- Oclusão da cerebelar superior: quase todo o hemicerebelo. Síndrome cerebelar (ataxia cerebelar)
ipsilateral + vertigem rotatória, nistagmo.
- Trombose da basilar: toda a ponte. Síndrome lockedin (enclausuramento): o paciente está lúcido, mas
tetraplégico, mexendo apenas os olhos. Síndrome pseudobulbar: disfonia e disfagia graves pelo
comprometimento piramidal bilateral. O quadro costuma ser subagudo (AVE em evolução).
- Oclusão dos ramos medianos da vertebral: bulbo anteromedial. Síndrome de Dejerine: síndrome
cruzada do XII par (hemiplegia contralateral, sempre flácida + paralisia do hipoglosso ipsilateral, com
disartria). A língua desvia para o lado contrário à hemiplegia.
Regras gerais de localização do AVE isquêmico: Sugere território carotídeo (cerebral média,
anterior): afasia, síndromes cerebrais clássicas (Gerstmann, amusia, agnosias, síndrome do lobo frontal
etc.);
Sugere território vertebrobasilar (cerebral posterior, tronco): hemianopsia, agnosia visual,
síndrome de Balint, síndrome de Anton. Diplopia sugere AVE de tronco. Vertigem e nistagmo sugerem
AVE pontino ou cerebelar. Ataxia cerebelar sugere AVE de cerebelo, mesencéfalo (núcleo rubro) ou
tálamo;
Síndromes típicas de infartos lacunares: (1) hemiplegia fasciobraquiocrural (cápsula interna); (2) afasia
de Broca ± hemiparesia; (3) hemianestesia (tálamo ventrolateral); (4) disartria com apraxia da mão e
braço; (5) hemiparesia atáxica.
UC 24 – Problema 01 – Desorientação - @resumosdakali 20
Losartana
INDICAÇÕES
CONTRAINDICAÇÕES
INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS
Há redução dos níveis de metabólito ativo quando combinados com rifampicina e fluconazol.
O uso com fármacos diuréticos poupadores de potássio, podem aumentar os níveis de potássio sérico.
O efeito anti-hipertensívo pode ser diminuído por AINEs,incluindo inibidores seletivos da cicloxigenase-
2, e ainda, para aqueles pacientes com função renal comprometida, a combinação desses medicamentos
pode gerar maior deterioração da função renal, levando a uma insuficiência renal aguda.
Sua administração junto a inibidores da ECA está associada ao aumento das reações adversas como:
hipotensão, hipercalemia e diminuição da função renal.
Hidroclorotiazida
do cotransporte de Na+-Cl– apical pelos tiazídicos pode favorecer a entrada de Cl– através dos canais
de Cl– basolaterais, e a consequente hiperpolarização da membrana pode favorecer a entrada apical de
Ca2+.
A hidroclorotiazida é o protótipo dos diuréticos tiazídicos. Além de seus efeitos sobre o
processamento renal dos eletrólitos, a hidroclorotiazida diminui a tolerância à glicose e pode
desmascarar a presença de diabetes em pacientes com risco de comprometimento do metabolismo da
glicose. O mecanismo desse efeito não é conhecido, mas pode ser atribuído ao comprometimento da
secreção de insulina e/ou diminuição da sensibilidade periférica à insulina induzidos pelo fármaco. Os
diuréticos tiazídicos não devem ser administrados concomitantemente com agentes antiarrítmicos que
prolongam o intervalo QT (por exemplo, quinidina, sotalol), visto que a co-administração desses
fármacos predispõe o paciente a torsades de pointes (taquicardia ventricular polimórfica,) . O mecanismo
desse efeito adverso pode estar relacionado com a hipocalemia induzida pelos tiazídicos, que aumenta
o potencial de arritmias cardíacas.
Os diuréticos tiazídicos constituem agentes de primeira linha para o tratamento da hipertensão.
Em numerosos estudos clínicos randomizados, foi constatado que esses fármacos reduzem tanto a
mortalidade cardiovascular quanto a taxa de mortalidade total. Além disso, os diuréticos tiazídicos são
freqüentemente utilizados com diuréticos de alça pelos seus efeitos diuréticos sinérgicos na IC. Esse
sinergismo depende do fato de que a carga aumentada de Na+, proveniente do RAE bloqueado pelo
diurético de alça que chega ao TCD bloqueado pelo diurético tiazídico, deve pros- seguir para o ducto
coletor, que possui apenas uma capacidade limitada de supra-regular a reabsorção compensatória de
Na+. A dose de tiazídico precisa ser cuidadosamente considerada nesse contexto, visto que, à
semelhança dos diuréticos de alça, os diuréticos tiazídicos podem aumentar a secreção de K+ e de H+
através de um aumento no aporte de Na+ ao ducto coletor, resultando, assim, em desenvolvimento de
alcalose metabólica hipocalêmica.
CONTRAINDICAÇÕES
Sinvastatina
concentração plasmática de colesterol LDL. Cerca de 70% dos receptores de LDL são expressos pelos
hepatócitos, enquanto o restante é expresso por uma variedade de tipos de células no organismo.
Em numerosos estudos clínicos, foi constatado que as estatinas reduzem significativamente a
mortalidade após um infarto do miocárdio. Essa ação é designada como prevenção secundária. Estudos
recentes também concluíram que a redução das LDL com estatinas pode diminuir a mortalidade, mesmo
na ausência de doença cardiovascular franca, constituindo a denominada prevenção primária.
A magnitude da redução do colesterol LDL depende da eficácia e da dose da estatina
administrada. Em geral, as estatinas reduzem as concentrações de colesterol LDL em 25 a 55%. As
estatinas aumentam as concentrações de colesterol HDL em 5%, em média, e reduzem as concentrações
de triglicerídeos em 10 a 35%, dependendo da dose de estatina e do grau de hipertrigliceridemia. O efeito
das estatinas sobre os níveis de triglicerídeos é mediado pela produção diminuída de VLDL e depuração
aumentada de lipoproteínas remanescentes. Na atualidade, seis estatinas — lovastatina, pravastatina,
sinvastatina, fluvastatina, atorvastatina e rosuvastatina — estão aprovadas para uso na
hipercolesterolemia e na dislipidemia mista. São consideradas como terapia de primeira linha para níveis
aumentados de LDL, e numerosos estudos clínicos demonstraram que as estatinas diminuem tanto a
mortalidade cardiovascular quanto a taxa de mortalidade total. Esses fármacos também reduzem o
acidente vascular cerebral. Acredita-se que todas as estatinas atuam através do mesmo mecanismo. As
principais diferenças são atribuíveis à potência e aos parâmetros farmacocinéticos. Entre as estatinas, a
fluvastatina é a menos potente, enquanto a atorvastatina e a rosuvastatina são as mais potentes.
CONTRAINDICAÇÕES
Metoprolol
Captopril
Nitroprussiato de sódio
No mercado, pode ser encontrado com os nomes comerciais Nipride® e Nitropress®, em frasco
de 50 mg que deve, inicialmente, ser dissolvido em 2 mL de solução de glicose a 5% que vem em ampola
e, em seguida, o produto resultante deve ser diluída em 250 mL de soro glicosado a 5%.
A solução deve ser administrada por via endovenosa (EV) em bomba de infusão contínua. Deve-
se ter o cuidado de proteger da luz, pois tem uma estrutura molecular instável.
A dose inicial, geralmente, é de 0,25 – 0,5 µg/kg/min e a pressão arterial (PA) do paciente deve
ser constantemente monitorizada, preferencialmente de forma invasiva para um maior controle, por
causa do potente e rápido efeito hipotensor do fármaco.
A PA deve ser checada a cada 2 minutos e a dose deve ser ajustada conforme a necessidade até
uma dose máxima de 10 µg/kg/min. Se ainda assim a PA alvo não for atingida, a dose deve ser
diminuída pelos possíveis efeitos tóxicos que uma administração exacerbada pode gerar.
MECANISMOS DE AÇÃO
A molécula do nitroprussiato de sódio é formada por um centro férrico com cinco grupos cianeto
e um componente nitroso. Reage rapidamente com grupos sulfidrila dos eritrócitos e da parede vascular,
liberando cianeto e óxido nítrico (NO).
O NO age na musculatura lisa dos vasos ativando a enzima guanilil ciclase, que, por sua vez,
converte GTP presente no citoplasma da célula em GMPc. O aumento da concentração de GMPc causa
desfosforilação da cadeia leve da miosina e consequente relaxamento da muscular, resultando em
vasodilatação.
A vasodilatação das arteríolas diminui a resistência vascular periférica (RVP), o que causa o
potente efeito hipotensivo do nitroprussiato de sódio, pois, como você deve lembrar da fisiologia, a PA
tem uma relação direta com a RVP, ou seja, se esta cair, aquela também cai, uma vez que o débito
cardíaco (DC) em paciente sem insuficiência cardíaca congestiva (ICC) pouco se altera com o uso desse
fármaco ou diminui ligeiramente.
Outra consequência da diminuição da RVP é a redução da pós-carga cardíaca, já a venodilatação
reduz o retorno venoso ao coração. Esses dois efeitos são benéficos ao paciente com ICC e baixo débito
cardíaco, pois reduzem a carga contra a qual o coração tem que trabalhar, aumentando o DC.
UC 24 – Problema 01 – Desorientação - @resumosdakali 26
INDICAÇÕES
A principal indicação do uso de nitroprussiato de sódio é no manejo de emergências
hipertensivas, por causa do seu rápido e potente efeito de diminuição da PA, entre elas:
• Edema agudo de pulmão: sendo o anti-hipertensivo de escolha se pressão arterial sistólica (PAS)
> 180 mmHg, caso contrário, prefere-se a nitroglicerina EV;
• Dissecção aguda de aorta: usado para alcançar a PAS alvo entre 100-120 mmHg nos primeiros
20 min. Importante notar que, nesse caso, deve ser usado concomitantemente a um
betabloqueador EV, pois, se usado sozinho, pode piorar a condição do paciente, causando uma
ativação reflexa do sistema nervoso simpático (aumento da frequência e contratilidade cardíaca);
• Encefalopatia hipertensiva: visando diminuir 10-15% da PA na primeira hora e uma diminuição
não maior que 25% nas primeiras 24 horas;
• Lesão renal aguda rapidamente progressiva: pode ser usado enquanto aguarda hemodiálise,
quando a terapia inicial de diurético de alça, hidralazina e betabloqueador não forem bem
sucedidos;
• Crise hipertensiva do feocromocitoma ou outras crises adrenérgicas: pode ser usado se PA
estiver muito alta
O nitroprussiato é indicado também para manejo de pacientes com insuficiência cardíaca aguda
descompensada, visando a redução da pós-carga e pré-carga sobe o coração. Usado em pacientes sem
isquemia coronariana aguda (ver adiante)
Em cirurgias, esse fármaco é utilizado para provocar hipotensão controlada no paciente, a fim de
diminuir eventuais sangramentos. Salvo contraindicações, como em pacientes com circulação cerebral
inadequada.
Na gravidez, só pode ser usado em situações excepcionais de urgência, como a presença de edema
agudo de pulmão, hipertensão arterial grave e refratária e parto iminente com insucesso da hidralazina
EV, fármaco de escolha nesses casos, em controlar a pressão arterial.
CONTRAINDICAÇÕES
Pacientes hipotensos (PAS < 90 mmHg) ou com hipertensão compensatória, shunt arteriovenoso
ou coarctação da aorta, não devem usar o nitroprussiato de sódio. Assim como, pacientes que usaram
recentemente (últimas 24 horas) medicamentos inibidores da fosfodiesterase do tipo 5, como avanafil e
sildenafil, estão contraindicados a receber nitroprussiato de sódio, com risco de potencialização do efeito
hipotensor, por causa do mecanismo de ação semelhante desses fármacos.
Pacientes com síndrome coronariana aguda (SCA) devem evitar o nitroprussiato, por causa do
risco de “roubo de fluxo coronário” que ele pode causar pela vasodilatação em coronárias saudáveis e
UC 24 – Problema 01 – Desorientação - @resumosdakali 27
não na obstruída, pois já se encontra em dilatação máxima. Esse efeito desvia o fluxo sanguíneo para as
coronárias normais, aumentando a isquemia e o risco de morte.
Outras condições que contraindicam o uso de nitroprussiato de sódio são: gestação, apenas
excepcionalmente, pois é um fármaco de classe C; condições raras, como atrofia óptica congênita e
ambliopia por tabagismo; na abordagem de ICC aguda com resistência vascular periférica reduzida; e
hipersensibilidade ao fármaco ou outro composto presente em sua formulação.
EFEITOS ADVERSOS
Alguns dos efeitos adversos mais comuns dessa droga são: bradiarritmias, taquiarritmias, cefaleia,
tontura, sonolência, rubor facial e hipotensão, que pode ser grave pela vasodilatação excessiva.
Uma complicação séria é a intoxicação por cianeto, ocorrendo especialmente em infusões
maiores 2 mcg/kg/min e/ou por um tempo prolongado, geralmente mais 3 dias. É particularmente
importante em pacientes hepatopatas e nefropatas, nos quais a metabolização e excreção do cianeto
estão prejudicadas. Causa acidose láctica, sinais e sintomas incluem: ansiedade, confusão mental, coma,
convulsões, cefaleia, fraqueza generalizada, náuseas, vômitos, dor abdominal, dispneia e bloqueio
cardíaco inexplicado.
A profilaxia da intoxicação por cianeto, quando são administradas infusões maiores que as
habituais (entre 4 e 10 mcg/kg/min), e o seu tratamento são: uso concomitante ao fármaco de infusão
de tiossulfato de sódio, um doador de enxofre (necessário para a metabolização hepática do cianeto),
ou, mais comumente, uso de hidroxicobalamina, que reage com o cianeto resultando em
cianocobalamina, um composto menos tóxico.
Pode causar também: acúmulo de tiocianato, especialmente em nefropatas, sendo, porém, menos
grave que a intoxicação por cianeto; metemoglobinemia, aumento da concentração da forma oxidada
da hemoglobina no sangue; e pode, por vezes, causar hipotireoidismo por diminuir a captação de iodeto
pela tireóide.
Em pacientes com DPOC pode piorar a hipoxemia arterial, pois interfere no mecanismo de
vasoconstrição pulmonar hipóxica, causando um desbalanço entre ventilação e perfusão.
Alteplase
elevação ST ou com embolia pulmonar potencialmente fatal. O fármaco também está aprovado para o
tratamento do acidente vascular cerebral isquêmico agudo.
banho, além de adequação do ambiente físico, quando necessário, por meio de critérios
seguros e que auxiliem nos primeiros cuidados pós-evento;
• Incentivo à formação de programas de Reabilitação Baseada na Comunidade (RBC);
• Promoção de campanhas educativas por variadas mídias, para a população em geral, com
uso de linguagem acessível e não alarmante, visando à prevenção com divulgação dos
fatores de risco e a sinais precoces do evento, para que a própria população possa
reconhecer os grupos de risco e procurar assistência o mais rápido possível, quando
necessária;
• Estimulação da educação em saúde dos grupos de risco, coordenada por profissionais de
Saúde habilitados nas UBS, com o objetivo de promover a discussão acerca de medidas
preventivas, tais como mudanças de hábitos alimentares e estímulo à atividade física, além
de permitir a troca de experiências;
• Ações que facilitem a inclusão escolar, laboral ou social de pessoas com AVC;
• Realização de abordagens e práticas grupais e oficinas socioeducativas, focais, operativas,
terapêuticas, entre outras;
• Integração das ações da reabilitação aos outros equipamentos do território (escolas,
igrejas, associações, áreas de esporte e lazer).