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"O que nos compete é dignificar a pessoa humana, impedindo a exploração do homem pelo homem; o que nos
compete é humanizar o trabalho; o que nos compete é banir os privilégios injustos; o que nos compete é
impedir o triunfo dos aventureiros, enquanto o povo morre na miséria."
Goffredo da Silva Telles Jr
JORNADA DE TRABALHO
Capítulos 30 e 31
Algumas Súmulas a respeito:
Jornada de Trabalho : 55, 60, 85,102, 110, 113, 118, 119, 124, 178, 230, 287, 346, 360, 366, 370, 391, 423, 429, 444 do TST;
Súmulas horas extras: 24, 45, 60, 85, 90, 96, 102,109, 110, 113, 115, 118, 132, 172, 199, 226, 253, 264, 338, 340, 347, 354, 366, 370,
376, 384, 391, 423, 428, 429;
Súmulas horas in itinere: 90, 320;
Súmula Cargo de confiança: 102, 372 TST
Súmula compensação de horário: 146;
Alguns Artigos a respeito do conteúdo: 57 até 75 DA CLT
1- Breve histórico
A jornada de trabalho, por volta de 1800, era na Europa de 12 a 16 horas, principalmente entre mulheres e
menores. Em 1847, na Inglaterra, foi fixada a jornada de 10 horas, nos EUA, em 1968, a jornada foi
determinada em 08 horas.
O papa Leão XIII, na Encíclica Rerum Novarum, de 1891, já se preocupava com uma limitação da jornada,
para que não excedesse a força dos trabalhadores, devendo a quantidade de repouso ser proporcional a
qualidade do trabalho. A partir de 1915, a jornada foi sendo limitada a 08 horas diárias.
No Brasil existiam decretos esparsos que limitavam a jornada em 08 horas diárias, até que a CF de 1937,
especificou o dia de trabalho de 08 horas. A CF de 1988 manteve a duração diária de trabalho de 08 horas e
a semanal em 44 horas.
2- Limitação da jornada
a) o biológico;
b) social;
c) o econômico;
d) o humano
A natureza jurídica da jornada de trabalho é pública, pois é interesse do Estado em limitar a jornada de
trabalho, é privada, pois as partes podem limitar as jornadas livremente (para menos, e não para mais)
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Ex.2: digitador (intervalo de 10 minutos a cada 90 minutos trabalhados - art. 72 da CLT e Súmula 346 do
TST), câmaras frias (descanso de 20 minutos para cada 1 hora e 40 minutos laborados - art. 253 da CLT),
mineiros (15 minutos para cada período de 3 horas trabalhadas - art. 298 da CLT).
- MINUTOS QUE ANTECEDEM E QUE SUCEDEM A JORNADA DE TRABALHO (artigo 58, parágrafo 1º) -
C- TEMPO DE DESLOCAMENTO: *TEMPO “IN ITINERE” (art. 58, parágrafo 2º da CLT, súmulas 90
e 320 do TST): tempo gasto pelo empregado no deslocamento residência-trabalho e trabalho-
residência.
B- Por ANALOGIA a jurisprudência aplica a outras categorias e não somente aos ferroviários (motoristas,
médicos, eletricitários), desde que preenchidos os requisitos do artigo 244, parágrafo 2º CLT.
O empregado efetivo que permanecer em sua própria casa, aguardando a qualquer momento o
chamado (previamente ajustado) para o serviço tem direito a receber por essas horas de sobreaviso
na razão de 1/3 do salário normal independente de ser chamado para o serviço efetivo. A jornada de
sobreaviso pode ser de no máximo de 24 horas.
Obs: Para que se aplique o artigo 422 da CLT, jornada de sobreaviso, é indispensável que esse equipamento
(celular, telefone fixo, mensagem eletrônica), esteja por imposição patronal, sempre acionado e em área de
cobertura para permitir um chamado previsível e contratualmente acertado.
B- TEMPO DE PRONTIDÃO (ART.244, PARÁGRAFO 3º DA CLT): o empregado que ficar nas dependências
da estrada, aguardando ordens.
A prontidão caracteriza-se pelo empregado permanecer fora de seu horário habitual de trabalho, nas
dependências do empregador ou em local por ele determinado, aguardando ordens de serviços.
O empregador que estabelece escala de prontidão para seus empregados fica obrigado apenas a pagar-lhes
um percentual pelas horas de mera expectativa, independente de ser chamado para o serviço, a razão de 2/3
do salário hora. O limite de hora de prontidão é de 12 horas.
QUANTO À DURAÇÃO:
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Nota: Para se compor as horas trabalhadas por dia, não se deve computar o período de intervalo intrajornada
concedido ao empregado. Exemplo: das 8:00 às 17:00 com 1:00 hora de intervalo temos 9hs na empresa,
mas 8hs de trabalho excluindo o intervalo.(CLT) artigo 71, §2º da CLT.
D)- ILIMITADA: quando não há limite na lei para a prestação (ex: casos de força maior);
E)- CONTÍNUA: quando não tem intervalos.
F)- DESCONTÍNUAS : quando tem intervalos;
G) - INTERMITENTE: quando tem sucessivas paralisações (motoristas rodoviários);
H)- TEMPO PARCIAL: ( art. 58-A da CLT) - não excedem de 25 horas semanais. O salário é
proporcional à duração.
QUANTO AO PERÍODO
QUANTO À PROFISSÃO
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- ESPECIAIS: determinadas profissões têm distinção na jornada de trabalho Ex.: bancário (6 horas- art. 224
e seguintes da CLT); telefonista ( 6h e 36 semanais- art. 227 e seguintes); jornalista ( 05 horas), advogados (4
horas e 20 semanais se não for ), assistente social (30 horas semanais) etc.
JORNADAS ESPECIAIS- VER capítulo I- do Título III- Das normas especiais de tutela do trabalho- artigos
224 até 351 da CLT
QUESTÕES:
QUANTO À FLEXIBILIDADE:
- FLEXÍVEIS e INFLEXÍVEIS – (flexíveis - não utilizada no Brasil – chega-se mais cedo e sai mais tarde (vice-
versa) desde que cumpra jornada. Não temos legislação a respeito.
Artigo 58-A- CLT e parágrafos- Considera-se trabalho em tempo de regime parcial aquele cuja duração não exceda a
25 horas semanais.
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a) - os empregados que exercem atividade externa incompatível com a fixação do horário de trabalho.
Trabalho externo. EX: vendedores, motoristas, propagandistas;
O Ilustre Maurício Godinho Delgado, ao discorrer acerca da presunção jurídica criada pelo artigo 62, I, da
CLT, expõe que:
... cria aqui a CLT apenas uma presunção de que tais empregados não estão submetidos, no
cotidiano laboral, a fiscalização e controle de horário, não se sujeitando, pois, à regência das
regras sobre jornada de trabalho (...), havendo prova firme (sob o ônus do empregado) de que
ocorria efetiva fiscalização e controle sobre o cotidiano da prestação laboral, fixando fronteiras
claras à jornada laborada, afasta-se a presunção legal instituída, incidindo o conjunto das regras
clássicas concernentes à duração do trabalho. (Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: LTr,
2003, pág. 869)
OU SEJA: se o empregador controlar, ainda que de forma indireta, a jornada praticada pelo
trabalhador, deve-se respeitar o limite máximo da jornada previsto no art. 7º, XIII, da Constituição
Federal, e se comprovado o trabalho em jornada extraordinária, terra direito a receber pelas horas
excedentes.
MOTORISTAS:
Tacógrafo: o tacógrafo por si só não implica em controle da jornada do empregado.
Vide OJ da SDI do TST – 332- MOTORISTA. HORAS EXTRAS. ATIVIDADE EXTERNA. CONTROLE DE
JORNADA POR TACÓGRAFO. RESOLUÇÃO Nº 816/86 DO CONTRAN (DJ 09.12.2003)
O artigo 62 exclui os empregados da aplicação do capítulo II da CLT- (Da duração do trabalho), isso quer
dizer que além de não receberem horas extras, ficam excluídos da proteção da jornada noturna reduzida e
dos períodos de descanso.
Assim, pode-se afirmar que o exercício da função de confiança, de acordo com a Lei e a doutrina, exige a
conjugação do elemento subjetivo (poder de mando, controle, direção, gestão) e do objetivo (padrão salarial
diferenciado ou gratificação de função, se houver, de no mínimo 40% do salário do cargo efetivo e não
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sujeição a controle de horário) conforme Art. 62, II, da CLT. Se os requisitos não estiverem presentes, são
devidas as horas extras.
c) ininterrupção do revezamento.
Note-se que o turno ininterrupto é identificado com relação ao empregado e não com relação à
empresa. Ou seja, esta não precisa funcionar 24 horas em todos os setores para que haja a sua
ocorrência, bastando que o empregado, ainda que apenas um, tenha a sua jornada constantemente
alterada.
Obs: se o empregador estabelece o empregado em turno fixo (sempre de dia, sempre de noite), no
mesmo horário, sem revezamento, não faz jus a jornada de 6 horas.
A interrupção do trabalho destinada a repouso e alimentação, dentro de cada turno, ou o intervalo para
repouso semanal, não descaracteriza o turno de revezamento com jornada de 6 (seis) horas previsto no art.
7º, XIV, da CF/1988. (Res. 79/1997, DJ 13.01.1998)-
Vide súmulas:
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JORNADAS EXTRAORDINÁRIAS:
HORAS EXTRAS- (HORAS SUPLEMENTARES)
São as prestadas além do horário contratual, legal ou normativo, que devem ser remuneradas com o
adicional respectivo. Pode ser realizada antes ou depois da jornada de trabalho e durante os
intervalos.
O adicional de hora extra tem natureza salarial, por isso integra férias 1+/3, DSR, FGTS, 13º salário.
Não podem prorrogar a jornada : menores de 18 anos (salvo em se tratando em acordo de compensação
de horas ou na hipótese de força maior); trabalhador parcial;
B- SISTEMA DE COMPENSAÇÃO DE HORAS (ARTIGO 59, §2º DA CLT): É o acordo mediante o qual as
horas excedentes das normais, prestadas num dia, são deduzidas em outros dias. Diferente da prorrogação,
o sistema de compensação não enseja o pagamento do adicional. Exemplo do empregado que trabalha 1
hora a mais de segunda a quinta feira, para folgar no sábado. Pode ser feito por contrato individual ou
Convenção.
B-1- BANCO DE HORAS: O chamado "banco de horas" é uma modalidade singular de compensar horas.
Art. 59,
§2º Poderá ser dispensado o acréscimo de salário, se por força de acordo ou convenção
coletiva de trabalho, o excesso de horas em um dia for compensado pela
correspondente diminuição em outro dia, de maneira que não exceda, no período
máximo de um ano, à soma das jornadas semanais de trabalho previstas (44 ou 36
semanais), nem seja ultrapassado o limite máximo de 10 horas diárias.
§3º-Na hipótese de rescisão do contrato de trabalho sem que tenha havido a compensação
integral da jornada extraordinária, na forma do parágrafo anterior, fará o trabalhador jus ao
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pagamento das horas extras não compensadas, calculadas sobre o valor da remuneração na
data da rescisão.
§ 4o Os empregados sob o regime de tempo parcial não poderão prestar horas extras.
Trata-se de um sistema de compensação de horas extras mais flexível, mas que exige autorização por
convenção ou acordo coletivo, possibilitando à empresa adequar a jornada de trabalho dos empregados às
suas necessidades de produção e demanda de serviços, desde que estabelecido por Acordo Coletivo ou
Convenção Coletiva de Trabalho.
OBS:
COMPENSAÇÃO DE HORAS= ACORDO INDIVIDUAL OU COLETIVO
BANCO DE HORAS = SOMENTE POR NEGOCIAÇÃO/CONVENÇÃO COLETIVA ou ACORDO COLETIVO
C) HORAS EXTRAS NO CASO DE FORÇA MAIOR (artigo 61 da CLT): Força maior é acontecimento
inevitável, imprevisível, que o empregador não deu causa. Ex: furacões, inundações, incêndios..
Menor = pode fazer hora extra até o limite de 12 hs diárias, em caso de força maior e desde que seu
trabalho seja imprescindível ao funcionamento do estabelecimento, e seja informada a autoridade competente
em 48 hs. O menor tem direito a receber um adicional de no mínimo 50% sobre a hora normal (arts. 413, II
da CLT e art. 7º., XVI da CF).
D)- HORA EXTRA PARA CONCLUSÃO DE SERVIÇOS INADIÁVEIS: Serviços inadiáveis são os que devem
ser concluídos na mesma jornada de trabalho, não podendo ficar para o dia seguinte sem acarretar prejuízos
ao trabalhador.
Ex: produtos perecíveis, saída de navio, ameaça de chuva em colheita, serviço de transporte antes de
terminado o trajeto do ônibus.
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Horas extras prestadas com habitualidade integram a indenização por antigüidade (Súmula. 24 TST), o 13º.
Salário (Súmula 45 TST), o FGTS (súmula 63 TST), o aviso prévio indenizado (parágrafo. 5º. do art. 487 da
CLT), as férias (parágrafo 5º. Do art. 142 CLT), e o DSR (súmula 172 TST).
BIBLIOGRAFIA:
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