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Tempo de Trabalho
Local de Trabalho
TEMPO DE
TRABALHO
Sobre o tempo de trabalho importa ainda falar sobre o horário de trabalho, que consiste na aplicação do
período normal de trabalho à cada trabalhador, fixando as horas de entrada e saída, os intervalos diários
de descanso e de refeição e o dia de descanso semanal (92.º LGT). Os tempos máximos do trabalho estão
fixados no artigo 95.º/1 da LGT, podendo no então ser alargados.
A LGT consagra, no seu artigo 97.º/1, vários regimes especiais de horários de trabalho, dos quais vamos
destacar o regime de disponibilidade (97.º/1, c)), que mereceu durante a última fase do Estado de
Emergência uma referência especial do legislador emergencial (16.º/3 DP n.º 128, de 8 de Maio). Durante
este período, os trabalhadores a exercer a sua actividade no domicílio estavam sujeitos aos regime de
disponibilidade.
TEMPO DE
TRABALHO
O regime de disponibilidade vem previsto no artigo 103.º da LGT e é definido, no artigo 3.º/3 , da
mesma Lei, como aquele em que o trabalhador, fora do período normal de trabalho deve manter-se à
disposição do empregador, dentro ou fora do centro de trabalho, durante certo período de tempo, a fim de
ocorrer a necessidades extraordinárias e imprevistas de prestação de trabalho.
Nesse regime o trabalhador realiza o seu trabalho à chamada (job on call, stand-by workers), não sendo,
por isso mesmo, uma prestação corrente, interrompida por intervalos de tempo significativos e
dependente da necessidade de serviço. O trabalho é organizado em duas fases, uma de espera, de
inatividade e outra de actividade, em que por chamada o trabalhador realiza a prestação acordada.
TEMPO DE
TRABALHO
Nos termos do art.º 103.º o regime de disponibilidade não se aplica, indiscriminadamente, à todas as
actividades. Apenas os centros que prestam serviços permanentes ou que laboram continuamente,
transportes, comunicação, distribuição de água e luz, etc., podem ter trabalhadores em regime de
disponibilidade.
Para estar em disponibilidade, o trabalhador deve ser escalado pelo empregador com, pelo menos, duas
semanas de antecedência e não pode estar em disponibilidade em dias seguidos (103.º/1, b) e c)). Por
outro lado, pelos dias de disponibilidade o trabalhador tem direito a uma remuneração adicional de 20%,
15%, 10% ou 5%, do salário base, consoante o empregador seja uma grande, média, pequena ou micro
empresa, respectivamente.
TEMPO DE
TRABALHO
Face às regras previstas no 103.º da LGT, não é possível sujeitar todos os trabalhadores no domicílio ao
regime de disponibilidade. Apenas aos trabalhadores de exercem a sua actividade em centros de
laboração contínua ou que, por força, da actividade que exercem, prestam serviços permanentes à
colectividade pode ser aplicado o regime de disponibilidade.
Por outro lado, a sujeição ao regime de disponibilidade confere, ao trabalhador, uma remuneração
adicional. Não parece ser ter sido uma solução inteligente na medida em que aumenta as despesas do
factor trabalho, numa altura em que as apresas se debatem com graves dificuldades de tesouraria. O
quadro que se criou desincentiva o recurso ao trabalho no domicílio, uma vez que se torna bastante
dispendioso para o empregador.
LOCAL DE
TRABALHO
O local de trabalho corresponde ao espaço, físico ou não, onde o trabalho é realizada ou a prestação de
trabalho é entregue ao empregador. O artigo 3.º/19 da LGT considera local de trabalho o centro de
trabalho onde o trabalhador exerce a sua actividade com regularidade e permanência. O local de trabalho
é definido com a celebração do contrato de trabalho (14.º/2 LGT) e a sua alteração obedece à regras
muitos apertadas (77.º - 79.º LGT).
O Contrato de trabalho no domicílio vem previsto no art.º 21.º/1, f) e vem tratado no art.º 27.º, ambos da
LGT. É celebrado por escrito (27.º/1 LGT) , o salário é fixado em função do rendimento (27.º/2 LGT) e o
empregador deve disponibilizar um instrumento de controlo da actividade laboral.
LOCAL DE
TRABALHO
O trabalho no domicílio não se confunde com o teletrabalho. Este é outra modalidade especial de
contrato de trabalho que a exemplo do trabalho no domicílio também é realizado fora das instalações
empregador. O teletrabalho, porém, pressupõe uma ligação entre o local de trabalho e as instalações do
empregador através de meios electrónicos.
Por outro lado, no teletrabalho o trabalhador continua sob autoridade e direcção do empregador, podendo
este exercer controlo e supervisão hierárquico, ainda que de forma diferente do controlo presencial.
A LGT não se refere ao teletrabalho é, portanto, omissa quanto à esta matéria. As partes podem, ainda
assim, optar pelo teletrabalho e aplicar, com as devidas alterações, as regras do contrato de trabalho no
domicílio.
LOCAL DE
TRABALHO
O Covid-19 acelerou transformações que timidamente vinha ganhando corpo. Estamos a assistir o
nascimento de uma era em que o trabalho já não será prestado exclusivamente nas instalações do
empregador e em que falar de horário de trabalho começa a deixar de fazer qualquer sentido.
OBRIGADO
ZANGUI CAUXEIRO
zanguicauxeiro@gmail.com
00 244 945 303 306