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Curiosidades e

mitos da mecâ-
nica de cami-
nhões

Óleo ajuda a preservar o chassi do caminhão? E será que descer


em ponto morto é bom para economizar combustível? No artigo a
seguir, veremos alguns mitos sobre a mecânica de caminhões; e
como isso pode influenciar no funcionamento do mesmo.

Já parou para pensar na quantidade de coisas que acabamos fazen-


do na mecânica de caminhões apenas porque “todo mundo faz
assim”? Algumas vezes funcionam. Outras, nem tanto.

Há conselhos populares que têm algum fundamento – depois


acabam até sendo comprovados pela ciência. Mas há aqueles que
carecem de qualquer razão.

Na mecânica, o cenário é
parecido.
Há tantos macetes ensinados pelo colega de firma ou pelo Youtuber
que dá altas dicas em um canal temático… que simplesmente não
conseguimos saber, por certo, o que é verdade ou mito.

Contudo, quando falamos do nosso bom e velho companheiro, o ca-


minhão, não podemos confiar em conselhos aleatórios. Precisamos
checar a informação. Ou correremos o risco de prejudicar o bom
funcionamento da nossa principal ferramenta de trabalho.

Mitos mais comuns da mecânica de caminhões

01 Ligar o caminhão 15 minutos


antes de sair

Dizem por aí que, antes de pegarmos estrada, o ideal é deixar o ca-


minhão esquentando durante uns 15 minutos. Assim – garantem –
ele fluirá melhor na pista. Em parte, essa ideia é verdadeira, pois
antes da injeção eletrônica, de fato, aquecer o motor era recomen-
dável. O procedimento adiantava a circulação dos fluidos pelo motor
e demais peças, e isso era positivo do ponto de vista da eficiência.

Mas da década de 80 pra cá, os caminhões passaram a ter sistema


de injeção eletrônica. E isso aprimorou todos os sistemas internos de
funcionamento do veículo.

As montagens dos motores passaram a ser muito mais precisas. Os


materiais utilizados na fabricação dos mesmos também melhora-
ram significativamente. Por fim, os lubrificantes também evoluíram
e, na atualidade, são bem mais eficientes.
Por todas essas razões, hoje em dia podemos assegurar que ligar o
caminhão previamente, só para aquecer o motor, de modo que ele
funcione melhor, é um mito.

Contudo, para zelar pela mecânica de caminhões, é interessante


ligar o motor uns três minutos antes da partida para encher os siste-
mas de freio e ar.

Retirar a válvula
termostática 02
Outro papo recorrente é que podemos retirar a válvula termostática
sem prejuízo. A verdade é que essa válvula ajuda a regular o fluxo de
líquido do sistema de arrefecimento.

Quando o motor está frio, ela trava e mantém o líquido de arrefeci-


mento circulando somente dentro do motor. Isso faz com que ele
esquente mais rápido.

Quando a temperatura começa a aumentar, então, ela destrava e


libera o líquido para que ele circule também no radiador. Daí a tem-
peratura passa a cair novamente.

Essa circulação ordenada, mediada pela válvula, garante a tempera-


tura ideal.

03 Ficar em ponto morto (desengre-


nado) economiza

Também falam que deixar o possante na banguela, desengrenado,


é garantia de economia. Na verdade, ocorre bem o contrário. Em
ponto morto, os bicos injetores “querem” manter o giro do motor e,
para isso, permanecem dispensando combustível. O gasto continua.

Os sistemas de injeção atuais conseguem reconhecer quando o mo-


torista, engrenado, não está acelerando. Como resultado, reduzem,
ou mesmo zeram, o consumo nesta situação.

Óleo de mamona no
chassi 04
Essa aqui muita gente acha que é verdade: passar óleo de mamona
no chassi ajuda a prevenir ferrugens.

Pra começar, a pintura do chassi é feita com tinta anticorrosiva. Isso,


por si só, já dispensaria o uso do óleo.

Além de não trazer nenhum efeito prático, benéfico, ao caminhão,


aplicar óleo de mamona no chassi pode: ressecar as peças emborra-
chadas, danificando-as; propiciar grande acúmulo de sujeira no
local; e, de brinde, ainda criar uma pasta espessa, suja, de difícil
remoção.

Lembre-se: a tinta do chassi já resolve tudo isso.

O que realmente faz bem na mecânica de


caminhões

O sistema de arrefecimento me-


lhora se usarmos um aditivo?
Sim, melhora. Ele altera os componentes da água, otimizando pro-
cessos de vaporização e congelamento. E ainda tem mais um bene-
fício: diminui o processo de corrosão.

O pneu precisa estar frio quando


vai ser calibrado?

Sim, precisa. A temperatura ideal do pneu, ao ser calibrado, é de 21º


C. Mas os pneus sempre aquecem quando estão rodando. Isso
ocorre em função do atrito com a estrada. Aquecido, a pressão inter-
na aumenta, uma vez que toda massa, ao esquentar, se expande.

Se você for calibrar após rodar alguns quilômetros, pode ser que ao
equipamento informe que o pneu já está “ok”, mas, na verdade ele
ainda precisaria de um reforço, mais ar.

Tente calibrar o pneu 4 horas após a parada do caminhão.

No asfalto, prudência total


Pronto! Agora que você já desmistificou algumas informações que
correm por aí, mas que não passam de mito, podemos seguir adian-
te com muito mais segurança.

Além dos tópicos elencados acima, alguns outros cuidados também


são importantes: respeite os limites de carga do seu caminhão; ande
sempre nos limites de velocidade; esteja atendo aos sinais… Como
diz o ditado, “o caminhão fala conosco o tempo todo”.

Finalmente, na dúvida, busque um especialista.

O barato, na maior parte das vezes, pode acabar custando muito


caro.

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