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cultura organizacional
MARIA TEREZA LEME FLEURY
JADER Dos REis SAMPAIO
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283
dominação. Nesse periodo, especialmente-"rioíftn do seculo XIX, os estudos sobre
cultura depararam com a'noção d diversida' , as empregaram algumas ideias
danainistas para se fazer entender como culturas su- eriorel e de alguma forma jus-
1.1 litica '_ou econórnicã_”JFF
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tificar a dominaç
,___,f Edward B .ntropólogo ingles, deftniu cultura, em 1871, como um
___-t' complexo total e conhecimentos crenças, artes, moral leis, costumesequaisquer
'toutras aptidóes e hãbitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade”, o
que demarcou seu campo de estudos, remetendo o conceito para os níveis do indi-
viduo e da sociedade.
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ficação, descartando~sc qualquer relação determinística de uma sobre a outra.
Os antropólogos, como aponta Eumce Durhan (1984), renderam a conceber
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Urna discussão sobre cultura organizacional l 285
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Figura I.
I Modelo teórico
:dos estudos
I transnacionais
:segundo
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286 | As pessoas na organização
fil-.lfi-f'jilConceito de cultura____w
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com os problemas de adaptacao externa _e_ 1ntegracao i11__te__111a_ e que funcionaram bem rim)
o suficiente paramserem consrderados _validos e ensinados a novos membros como a
forma correta de perceber pensare- sentir em relação a esses problemas".
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Schein elaborou 11111 concerto de cultura concebericlo--a com 11m modelo dinavzI
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__il igrnico em que e aprendida transmitida e mudada. O autor acredita que o conceito;
.211 plexo suf1c1ente para ser empregado 11a compreensão de fenomenos deg1u-
pofiquenos como uma equipe de trabalho ______
ug1ar1des _11Q111o uma nação ou uma
sociedade. \_
Ha' treslldiferentes niveis atraves dos quais a cultura de urna organização pode
ser apreend1da como se pode ver na Figura 2.
EFigura 2.
E Níveis de
:apreensão da
Nivel dos artefatos visíveis -.
šcultura
I organizacional
f segundo Schein
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_ Esse modelo não consiste apenas em uma forma de as informaçoes sobre a cul-
tura organizacional serem apresentadas. Os niveis interagem, ou seja, os niveis iiyfe-
riores são fundamentais para a compreensão dos artefatos visíveis. Schein afirmou
que os empregados de uma empresa formal e burocratizada podem compartilhar
valores e pressupostos basicos semelhantes aos de uma empresa do tipo casual e
horizontalizada. Por isso os estudos de cultura organizacional não podem se res-
tringir ã observação dos artefatos visíveis, mas precisam interagir com os membros
de uma organização para o entendimento de seu significado. Mesmo as explicações
dos-membros da organização não são suficientes, pois existem pressupostos consiJ
derados tão obvios que eles nem sequer tomam consciencia deles. Tais pressupos-
tos influenciam todo o processo de interaçãodos membros da empresa sem que
eles seapierreelsanaçdisso na maior parte do tempo. _ -_a.
Scheiri ribui importancia fundamental aodpgpreldg__,fgridadores a organiza-
ção-nowpfrfo/¡Itfesso de moldar seus padrões culturais: os pri ' i eres, ao desen-
volver formas proprias de equacionar os problemas da organização, acabaram por
imprimir sua visão de mundo nos demais e tambem sua visão do papel que-a orga-
nização deve desempenhar no mundo.
Essespressupostos basicos não estãoprganigagiosaleatoriaiiiente, padronizam-
se em paradi mas culturais, com alguma ordem e consistencia para orientar a ação
._do_§erjumano. No entanto, e possivel coexistirem pressupostos""iiiíó'fnpaíiveise
iasaãs stentes em uma organização.
t comp mmensão""'dãiíul'tura de uma organização implica a discussão de seus
,ff-Ó'r-essuwoU/Los/J__l¿`sicoS.ƒ Schein, utilizando como referencia os trabalhos de
Kluclghohnfflšâóõ), propoe um conjunto de categorias para o_._estudo---da-c_ultur.a,
como se ve a seguir: `
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' O termo “padrao de comportamento” possui um significado especifico em. geologia. Foi desenvolvido originalmente
por biologos parafeferím/aešmimsiçoes-inaias auerinfluenciariani a vida mental das pessoas. É
uma alternativa do termo *instinto"É muito empregado no seculo XIX que permitiu aos autores do seculo XX evitar a
associacao corn ideias que eles nao aceitavarn mais.
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290 ] As pessoasin'a organização
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isador e pesquis ado, relação medida _por um contrato'_ social que
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,f aLJ-fliga por a disposição do pesquisador
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palavras de Schein: “Eu creio que a
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Êerspectiva clinica prove um contraposto util para a perspectiva puramente etnografim
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ca, pois oferece melhores possibilidades de apreender coisas sobre a organização”.
Apesar das fortes raizes antropologicas e psicologicas, essa linha de-estudos
assume os sistemas culturais apenas ern sua capacidade de comunicação e de
expressão de urna visão consensual da propria organização dimensão do
e~seu~p-apel-de-iegitmaçãgla_o rdem
®Éšiíiãêããã..ã'nê.__.si.sternas.sinabõlieos?»
vigente e ocultarnento das contradições,.. das relações _de dominação, estão ausen-
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ÉÊSIÊÊÊÊÊS..-Éämdns_..
_ QL. Êeššemponto, o trabalho desenvolvido po' Mart Pages seus colaboradores
___ gia-É representou um rnarco nas pesquisas sobre a temática-db poder e suas articulações
na vida de uma organização. .
_ Segundo os autores, na empresa pesquisada os empregados partilham forte-
mente a ideologia ã rnedida que participamde sua elaboração, num processo de
autogrsuasãofqulellhes permite contribuir para 'a propria subjugação. lsso signifi-
sr que e ídseiesie res reside remess a. .discuta das diriarriesmas É elabora da
pelo conjunto de empregados. Os autores ressaltam que a contribu ição ñdo indivi-
duo ã produção'dep'e'nde muito de sua integração ideolõgica. A função especial da
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f _- _ "- tal fenomeno. Na proposta elaborada por Fleury '(lgõgfii'cultura'organizacional e
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i concebida corno urn conjunto de valores e pressupostos basicos, expresso ern elementos
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às i n i'sirnbõlicos, que, em sua capacidade de ordenar; atribuir significações, construir a identiF l ¡__,s
r_~_ , _ dade organizacional, tanto agern corno elemento de comunicaçao e consenso corno ocul-
âj " _ iarn e instrunrentalizarn as relações de dominação.
r,____ I Analisar, pesquisar e ate mesmo procurar _gerenciaraçultura das organizações
i incorporando _'essai_,çiiirn_ensã_o_pol_it_ica das relações de poder tern sido o desafio de
ç pesquisadores e profissionais.
Çhe ar aos
valores da organização. Essas politicas e praticas _ por exemplo asWpolíticas e
gestão de pessoas que revelam valores da natureza humana ou da natureza da ati-
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šFigura 3.
10 processo de _ __
idesvendar a comportamentos
:cultura da uma --: " viSíiS
organização ` 'I
E111 urrrdiainosrico de cultura __e necessario sempre trabalhar com uma pers-
pectiva histórica), observando o oon1ea1o em que a organização foi criada e o papel
do fundador.
A titulo de informação: o uso de diferentes metodologias para o estudo da cul-
tura organizacional desenvolvido por Fleury.L Shinvashilti e Stevenatto (1997) pro~
move uma discussao aprofundada sobre o uso de metodologias qualitativas versus
metodologias quantitativas, a abordagem teorica que da sustentação a cada um dos
enfoques e o uso de diferentes tecnicas de investigação.
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ventures Verificando que “as questões culturais se tornam mais barulhentas e visí-
veis” . Esses casos assemelham-se aos experimentos de figura e fundo que os psicod
logos estudaram no inicio do seculo, nos quais uma imagem se modifica diante dos
olhos do observador apos uma simples mudança de perspectiva e ponto de vista
nunca eram questionados ev1denc1am se, podendo, segundo Schein (2001), pro-
mover diferentes desfechos na nova cultura formada: a coexistência de culturas
separadas, o dominio de uma cultura pela outra e a mistura ou integração das cul-
turas (a criação de um novo conjunto de valores sobrepostos, que e “vendido as
varias unidades culturaisii) I
Outro tema que tambem vem recebendo as atenções dos pesquisadores e o da
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5. Conceitos básicos
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lie Cultura: na antropologia, foi definida por Tylor como um “complexo total de
conhecimentos, crenças, artes, moral leis costumes e quaisquer outras apti~
dões e habitos adquiridos pelo homem como membro da sociedade”.
ão Cultura organizacional. conjunto de valores e pressupostos basicos expresso
em elementos simbolicos que, em sua capacidade de ordenar, atribuir significa-
ções, construir a identidade organizacional, tanto agem como elemento de
comunicação e consenso como ocultam e instrumentalizam as relações de
dominação.
ã-“r Cultura nacional ou regional: crenças e valores, expressos ou não ein elemen~
tos simbólicos, adquiridos por uma pessoa socializada em determinada nação
ou regiao.
lie Nível de artefatos visíveis: nivel mais superficial de apreensão de uma cultu-
ra, refere-se a comportamentos, rituais, mitos, crenças e documentos, entre
outros.
lr: Nível dos valores: nivel intermediário de apreensão de uma cultura, consiste
nas convicções basicas que justificam determinados modos de conduta, partid
lhados pelosmembros de determinada cultura Geralmente associado a conteú-
do emocional, possui implicações sobre a identidade das pessoas como mem-
bros da organização. Essas convicções podem ou não ser claramente expressas
pelos individuos.
Fe:- Nível dos pressupostos basicos ou suposições basicas: nivel mais profundo
de apreensão de uma cultura, consiste nas certezas que fundamentam e per-
meiam os demais elementos da cultura organizacional. São geralmente tãcitos e
referem-se a ideias amplas como o relacionamento do homem corn a natureza,
a realidade, a verdade, a natureza humana, os relacionamentos humanos, o
tempo e o espaço São de dificil apreensão-
TP Subcultura organizacional; conjunto de valores e pressupostos basicos inerenF
tes a um grupo'ou a uma parte da organização. Pode ter contornos proprios as
atividades realizadas e diferenças em relação ã cultura organizacional, mas aliJ
nhada a ela, ou constituir uma fonte de conflito com a cultura dominante (nesse
caso, alguns autores a denominam de contracultura).
Se Clima organizacional: termo empregado para definir o conjunto de satisfaç.ões
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