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10º ENCONTRO

A. Planejamento das atividades de


leitura do texto

Professor(a),

Como bem sabemos, a leitura é um processo de interação entre o leitor e o


texto. É, portanto, um processo que deve ser construído. Mas essa construção
deve ser feita pelo aluno. Para isso, você deve se colocar como um guia, um
mediador e não como um detentor do saber.

Neste ENCONTRO, iniciaremos nossas atividades com um planejamento da


leitura fazendo algumas propostas para desenvolver a leitura do texto “Uma
lição inesperada”.

Se possível, convide alunos de outra sala para fazer uma atividade conjunta
a fim de que os alunos se apresentem e se conheçam melhor. Depois abra o
debate sobre como se sentem ao conhecer novos colegas.

Antes de pedir que os alunos façam a primeira leitura, coloque apenas o


título no quadro e comece a averiguar o que eles já sabem sobre o assunto.

Vocês já mudaram de escola? Como foi a experiência?


Como vocês se sentem quando entram numa sala de aula onde
não conhecem ninguém?
É difícil fazer novas amizades? Por quê?

Nesse momento, você pode fazer antecipações com os alunos.

Será que o texto trata de uma nova disciplina?


Que lição será essa?
Será que o personagem aprendeu uma lição relacionada a
uma disciplina ou foi uma lição de vida?

Agora, mostre o texto aos alunos e procure articular essas informações com
outras, como:

Quem escreveu esse texto?


Com esse título, de que esse texto pode tratar?

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Essa é a hora da primeira leitura do texto, que pode ser silenciosa. Leitura
feita, vamos levar os alunos a buscar o sentido das palavras que constam do
Glossário. Caso haja muitas dúvidas ou divergências entre eles, convide-os a
consultar o dicionário.

Ao término dessa atividade, peça aos alunos que falem sobre as impressões
do que leram (livremente) para que você tenha uma ideia do perfil de cada
aluno/leitor. Em seguida, você pode fazer um exercício de compreensão do
texto, uma exploração topográfica, isto é, um exame parágrafo a parágrafo,
linha a linha, enfim, de tudo o que compõe visualmente o texto, com as
seguintes perguntas:

O que Lilico ganhou no Natal?


Lilico foi para a mesma classe?
Como foi feito o trabalho na sala de aula?
Ao final, com quem Lilico se engraçou?

Depois dessa primeira leitura, você pode ler o texto em voz alta, ou fazer
uma leitura compartilhada e, em seguida, pode levá-los a fazer algumas
inferências, ou seja, a construir novos sentidos para o texto. É o plano da
interpretação do texto, em que se usam estratégias que caracterizam o
comportamento reflexivo, de nível consciente do leitor.

Que sentimento levou o personagem a se sentir perdido na nova sala? Por quê?
O que levou o personagem a julgar de forma errada os novos companheiros?
O que levou o personagem a ver os novos colegas de outra forma?

Você pode aproveitar a leitura para relacionar o texto à época atual.

A experiência pela qual o personagem passou na escola pode acontecer


em qualquer local ou época? Por quê?
Hoje em dia, como as pessoas podem se conhecer melhor? Como poderíamos
ajudar pessoas tímidas a fazer novos amigos?

Outras estratégias de leitura podem ser adotadas. Estas representam


apenas algumas sugestões. Passemos, então, às atividades complementares
que deverão ser realizadas após a leitura do texto.

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10º ENCONTRO

Uma lição inesperada


No último dia de férias,
Lilico nem dormiu direito. Não
via a hora de voltar à escola
e rever os amigos. Acordou
feliz da vida, tomou o café da
manhã às pressas, pegou sua
mochila e foi ao encontro deles.
Abraçou-os à entrada da escola,
mostrou o relógio que ganhara
de Natal, contou sobre sua
viagem ao litoral. Depois ouviu as
histórias dos amigos e divertiu-se
com eles, o coração latejando de
alegria. Aos poucos, foi matando a
saudade das descobertas que fazia ali, das meninas ruidosas, do azul e branco dos
uniformes, daquele burburinho à beira do portão. Sentia-se como um peixe de volta
ao mar.
Mas, quando o sino anunciou o início das aulas, Lilico descobriu que caíra
numa classe onde não havia nenhum de seus amigos. Encontrou lá só gente
estranha, que o observava dos pés à cabeça, em silêncio. Viu-se perdido, e o sorriso
que iluminava seu rosto se apagou.
Antes de começar, a professora pediu que cada aluno se apresentasse.
Aborrecido, Lilico estudava seus novos companheiros. Tinha um japonês de
cabelos espetados com jeito de nerd. Uma garota de olhos azuis, vinda do Sul,
pareceu-lhe fria e arrogante. Um menino alto, que quase bateu no teto quando
se ergueu, dava toda a pinta de ser um bobo. E a menina que morava no sítio?
A coitada comia palavras, olhava-os assustada, igual a um bicho do mato. O mulato,
filho de pescador, falava arrastado, estalando a língua, com sotaque de malandro.
E havia uns garotos com tatuagens, umas meninas usando óculos de lentes
grossas, todos esquisitos aos olhos de Lilico. A professora? Tão diferente das que ele
conhecera...
Logo que soou o sinal para o recreio, Lilico saiu a mil por hora, à procura de
seus antigos colegas. Surpreendeu-se ao vê-los em roda, animados, junto aos
estudantes que haviam conhecido horas antes.
De volta à sala de aula, a professora passou uma tarefa em grupo. Lilico
caiu com o japonês, a menina gaúcha, o mulato e o grandalhão. Começaram a
conversar cheios de cautela, mas paulatinamente foram se soltando, a ponto de,
ao fim do exercício, parecer que se conheciam há anos.

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Lilico descobriu que o japonês não era nerd, não: era ótimo em Matemática,
mas tinha dificuldade em Português. A gaúcha, que lhe parecera tão metida, era
gentil e o mirava ternamente com seus lindos olhos azuis. O mulato era um caiçara
responsável, ajudava o pai desde criança e prometeu ensinar a todos os segredos de
uma boa pescaria. O grandalhão não tinha nada de bobo. Raciocinava rapidamente
e, com aquele tamanho, seria legal jogar basquete no time dele.
Lilico descobriu mais. Inclusive que o haviam achado mal-humorado quando
ele se apresentara, mas já não pensavam assim. Então, mirou a menina do sítio
e pensou no quanto seria bom conhecê-la. Devia saber tudo de passarinhos. Sim,
justamente porque eram diferentes havia encanto nas pessoas. Se ele descobrira
aquilo no primeiro dia de aula, quantas descobertas não haveria de fazer no ano
inteiro? E, como um lápis deslizando numa folha de papel, um sorriso se desenhou
novamente no rosto de Lilico.
João Anzanello Carrascoza. Disponível em< http://revistaescola.abril.com.br/fundamental-1/licao-inesperada-634273.
shtml > Acesso em 04/12/2012.

Glossário
Para ajudá-lo a compreender o texto, procure inferir o sentido das palavras
abaixo:
latejando (l. 13): batendo, pulsando, palpitando.
burburinho (l. 16): ruído indistinto e prolongado de muitas pessoas falando ao
mesmo tempo.
nerd (l. 24): inteligente, estudioso, porém com tendência a um isolamento social
arrogante (l. 25): pessoa que tem atitude superior à solicitada na situação ou
momento; que quer demonstrar que é melhor ou mais importante que outro.
cautela (l. 37): cuidado, prudência.
paulatinamente (l. 37): de modo lento; um pouco de cada vez.
caiçara (l. 41): pescador que vive na praia.

B. Planejamento das atividades


complementares

1 Desenvolvendo habilidades de leitura

1. Esse texto pode ser resumido com o seguinte provérbio:


A) Se cair, do chão não passa.
B) As aparências enganam.
C) Quem tem boca vai à Roma.
D) A união faz a força.
D4 - Inferir uma informação implícita em um texto.

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2. O trecho “Sentia-se como um peixe de volta ao mar.”, (l. 16-17), significa


que Lilico sentia-se
A) agitado.
B) às tontas.
C) à vontade.
D) fresquinho.
D3 – Inferir o sentido de uma palavra ou expressão.

3. Nesse texto, o fato que deu origem à narrativa foi


A) a chegada do primeiro dia de aula para o menino.
B) a tarefa de fazer um trabalho em grupo.
C) os amigos conversarem com outros colegas.
D) os novos colegas serem estranhos.
D7 – Identificar o conflito gerador do enredo e os elementos que constroem a
narrativa.

4. O pronome destacado em “Tão diferente das que ele conhecera”, (l. 30-
31), refere-se a
A) “um japonês”. (l. 23)
B) “menino alto”. (l. 25)
C) “filho de pescador”. (l. 28)
D) “Lilico”. (l. 23)
D2 – Estabelecer relações lógico-discursivas presentes no texto, marcadas por
conjunções, advérbios, etc.

5. A descoberta de Lilico no primeiro dia de aula deixou-o


A) aborrecido.
B) indiferente.
C) mal-humorado.
D) perdido.
D1 – Localizar informações explícitas em um texto.

2 Compreendendo o texto

6. O que Lilico ganhou no Natal? Um relógio.


7. Lilico foi para a mesma classe? Não.
8. Como foi feito o trabalho na sala de aula? Foi um trabalho em grupo.
9. Ao final, quem Lilico gostaria de conhecer? A menina do sítio.

3 Interpretando o texto

10. Que sentimento levou o personagem a se sentir perdido na nova sala?


Por quê?
Insegurança. Ele se sentiu perdido no meio de pessoas estranhas.

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11. O que levou o personagem a julgar de forma errada os novos
companheiros?

O desconhecimento daqueles meninos e meninas. Preconceito.

12. O que levou o personagem a ver os novos colegas de outra forma?


A convivência durante o exercício em grupo.

4 Pensando sobre o texto

13. Lilico teve reações diferentes no seu primeiro dia de aula. Comente, pelo
menos, duas delas.
Contentamento de rever os amigos; decepção por ter caído numa sala nova;
aborrecimento por ter que se apresentar à turma; surpresa ao ver os antigos
colegas conversando com seus novos colegas; surpresa ao entender que os
novos colegas eram legais.

14. Qual foi a “lição inesperada”?


Que as pessoas que não conhecemos ou que são diferentes não devem ser
rotuladas e descartadas sem que as conheçamos primeiro. Cada uma tem
seu encanto.

15. O trabalho em grupo deu ao Lilico e aos colegas a oportunidade de se


conhecerem, desfazendo a primeira impressão que tiveram uns dos
outros. Comente essa afirmação concordando (com ela) ou discordando
(dela).

(Resposta pessoal)

5 Explorando a gramática no texto


Uma ação pode ocorrer no passado, no presente ou no futuro. Os tempos
verbais indicam o momento em que ocorre essa ação.

Ação no passado (pretérito): ocorreu antes do momento da fala.


Ação no presente: ocorre no momento da fala.
Ação no futuro: ocorrerá depois do momento da fala.

16. Indique o tempo dos verbos destacados em


“Logo que soou o sinal para o recreio, Lilico saiu a mil por hora, à procura
de seus antigos colegas. Surpreendeu-se ao vê-los em roda, animados,
junto aos estudantes que haviam conhecido horas antes.”. (l. 32-34)
Passado.

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17. Agora, reescreva o trecho anterior colocando os verbos destacados no


tempo presente.

O sinal toca para o recreio, Lilico sai a mil por hora, à procura de seus antigos
colegas. Surpreende-se ao vê-los em roda, animados, junto aos estudantes
que haviam conhecido horas antes.

18. Escreva, ao lado de cada frase, o tempo verbal empregado.


Aquele menino parece muito metido. ( Presente )
A amizade melhorará com o tempo. ( Futuro )
Não gostei de entrar numa turma nova. ( Passado )

Desenvolvendo a escrita
6 Atividade para casa

www.pexels.com

Essa história foi narrada por uma pessoa que não teve participação nela.
Vamos modificar? Reescreva o texto como se fosse o Lilico contando a sua
experiência de retorno à escola. Uma dica para começar:

No último dia de férias, eu nem dormi direito.___________________________

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7 Conhecendo o gênero textual

Crônica
A crônica já foi um gênero largamente utilizado pelos viajantes para
informar detalhes sobre tudo o que descobriam no período das grandes
navegações. Entre as crônicas, talvez a mais famosa delas seja a de Pero
Vaz Caminha relatando ao rei de Portugal a descoberta da nova terra, que
expandia os domínios da Coroa. Hoje é um dos textos mais frequentes na
imprensa escrita. Assim como a fábula, a crônica é um gênero narrativo.
Como diz a origem da palavra (Cronos é o deus grego do tempo), narra
fatos históricos em ordem cronológica, ou trata de temas da atualidade
abordando acontecimentos do cotidiano, no estilo de narração que tem
por base fatos que acontecem em nosso cotidiano. Por esse motivo, é
uma leitura agradável, pois o leitor interage com os acontecimentos e
por muitas vezes se identifica com as ações tomadas pelas personagens.

8 Conhecendo o autor

João Luiz Anzanello Carrascoza


Nasceu em 1962, em Cravinhos, interior do estado de São Paulo, e mora na
cidade de São Paulo desde 1980. É redator de propaganda e professor da ECA-USP.
Publicou os livros de contos Hotel Solidão, O vaso azul, Duas tardes, Meu amigo
João e Dias raros. Carrascoza também é autor de novelas e romances para o
público infantojuvenil. Recebeu alguns dos mais importantes prêmios literários
do Brasil, entre eles, destaca-se o Guimarães Rosa - Radio France Internationale.

Sugestões de leitura
1. Zezinho, o dono da 2. Os Cavalinhos de
porquinha preta, Platiplanto,

Z O
Jair Vitória, Ática. José J. Veiga,
Civilização Brasileira.

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