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Universidade De Santa Cruz do Sul

Departamento de Engenharia, Arquitetura e Ciências Agrárias


Engenharia Civil
PATOLOGIA DAS ESTRUTURAS DE CONCRETO ARMADO

Mecanismos de
Degradação

Lucas Alexandre Reginato


lucasreginato@unisc.br lucas.reginato@ufrgs.br
Aula 4 – Mecanismos de Degradação

Classificação dos Mecanismos de


Degradação
• CEB N° 182 (1989)
• Processos físicos:
• Fissuração causada por diversos fenômenos
• Ciclos de gelo e degelo
• Erosão, abrasão e cavitação
• Processos químicos:
• Ataque químico no concreto
• Ataque de ácidos
• Ataque por sulfatos
• Ataque por álcalis
• Processos biológicos:
• Liquens, algas, fungos, raízes de plantas
• Corrosão de armaduras
Lucas Alexandre Reginato
Mecanismos de caráter predominante químico

 Águas Puras
 Ataque ácido
◼ Reações Deletérias
 Lixiviação - Eflorescência ◼ Formação de produtos
 Ataque por sulfatos expansivos
Se manifestam através
Corrosão de armadura


de efeitos físicos
 Reação álcali-agregado ◼ ↑ porosidade e
permeabilidade
◼ ↓ resistência
mecânica
◼ Fissuração
◼ Lascamento
Mecanismos de caráter predominante químico

 AÇÃO DE ÁGUAS PURAS


Água do degelo, condensação de vapor, destilada, etc;
Dissolução do hidróxido de cálcio;
Lixiviação para superfície do concreto;
Reduz alcalinidade do concreto.
Prognóstico:
Aumento da porosidade;
Exposição dos agregados na superfície do concreto;
Corrosão da armadura.
Mecanismos de caráter predominante químico
Ataque Ácidos
◼ Ambientes com pH < 6,5 (< 4,5
muito severo).
Exemplo: tanques de óleo ou
dejetos industriais, vinificação,
esgotos domésticos, etc

◼ Decomposição produtos
hidratação → formação de outros
produtos
Solúveis → lixiviação
Insolúveis → expansão

◼Manifestação:

Erosão superficial
Aumento da rugosidade
Superfície
5 friável
Silva Filho e Caetano
Mecanismos de caráter predominante químico
Ataque Ácidos
Mecanismos de caráter predominante químico
Ataque Ácidos
Mecanismos de caráter predominante químico
Outros ataques

LEITE

MELADO

Ácidos
Bases
Derivados do petróleo
Óleos Industriais
Óleos Vegetais
Gorduras animais
Outros
Mecanismos de caráter predominante químico
 REAÇÕES QUÍMICAS
◼ Eflorescência
◼ Lixiviação do Ca(OH)2 → reação com CO2 → CaCO3
◼ Lixiviação de sais
Mecanismos de caráter predominante químico
◼ Eflorescência
Mecanismos de caráter predominante químico
◼ Eflorescência
Mecanismos de caráter predominante químico
Ataque por Sulfatos
• Reação químicas na qual íons sulfato (SO4) presentes na mistura ou oriundos do
ambientes circundante reagem com aluminatos, formando compostos expansivos
(etringita / gesso) que absorvem água, gerando tensões internas que fissuram o
concreto.

• Em alguns casos (sulfato de magnésio), a reação química pode causar a


desestruturação dos silicatos de cálcio que formam a estrutura resistente do
material;

• O ataque desagrega a superfície do concreto, tornando-a friável;

• A velocidade de ataque é normalmente lenta (pode necessitar 10 a 20 anos para


que o ataque se manifeste de forma severa);

• Pode gerar movimentações globais da estrutura;


Mecanismos de caráter predominante químico
Ataque por Sulfatos

Esgotos
Solos Contaminados
Fábricas de Adubo
Processos Industriais
Mecanismos de caráter predominante químico
Ataque por Sulfatos
Mecanismos de caráter predominante químico
Ataque por Sulfatos
Mecanismos de caráter predominante químico
Ataque por Sulfatos
Mecanismos de caráter predominante químico
Ataque por Sulfatos

NORIE/UFRGS
Mecanismos de caráter predominante químico
Ataque Sulfatos - Prevenção
 Estudos foram realizados nos anos 40 pelo US Bureau of Reclamation (USBR), em um
programa de ensaios de campo de larga escala, não acelerados, para verificar quais os
parâmetros de dosagem que minimizavam o ataque por sulfatos.

 Foram considerados fatores influentes no fenômeno a relação a/c, o tipo de cimento


e a quantidade de adição.

 Foi estabelecido que concretos com relação a/c inferior a 0.45 e teor de C3A menor
que 8% teriam vidas úteis superiores a 40 anos, sendo indicados para ambientes
contaminados com sulfato.

 Cimentos com alto conteúdo de C3A tendem a desempenho ruins, mesmo com
relações a/c moderadas. O uso de 25% a 45% de cinza volante melhorava o
desempenho das misturas
Fonte: ( Monteiro P J M; Kurtis K E / Cem.Concr.Res. 33, No.7, v 2003, p.987-993)
Mecanismos de caráter predominante químico
Ataque por Sulfatos - Tratamento

• Remoção do concreto afetado ou contaminado, com


recomposição da seção da peça (complexa e custosa).

• Nos Estados Unidos ataques químicos de origem externa


normalmente não são coberto pela seguradoras. Se for
provado que os sulfatos tiveram origem em tubulações cloacais
rompidas é possível incluir na cobertura.
Mecanismos de caráter predominante químico
Ataque por Sulfatos - Tratamento
Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão
◼ Processo eletroquímico → células corrosão (2 metais ≠
ou ≠ concentrações íons) + O2 + umidade → reação →
degradação
◼ Destruição passivação do aço:
◼ Cloretos: retêm umidade e ↓ resistividade elétrica
◼ Aditivos
◼ Agregados
◼ Sais degelantes
◼ Água do mar
◼ Carbonatação: Ca(OH)2 + CO2 → CaCO3 = ↓ pH
Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão
Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão

Normalmente causada
pela
redução do Ph do
concreto (corrosão por
carbonatação) ou pela
presença de cloretos
(corrosão por cloretos)

Silva Filho e Caetano


Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão

Pilares

Silva Filho e Caetano


Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão

Pilares
DANIEL CUSSON, 2008
Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão

26 Silva Filho e Caetano


Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão Lorensini e Diniz, 2006

Antes do início da Produto da corrosão Produto da corrosão


corrosão ocupando a zona porosa causando expansão
estrutura de poros (espaço disponível) x formação de produtos de corrosão

Densidade produtos
Influência temperatura
Mecânica da fratura
Cascudo, 1997
Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão
40 Carga Primeira fissura (kN)
35 Carga Ruptura (kN)

30
Carga [kN]

25

20

15

10

0
0% 2% 5% - irreal 10% 20%
10%
Grau de Corrosão [% de perda de massa]

100%
Perda da capac. de carga [%]

80%

60%

40%

20%

0% 2%
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10

28 Área da armadura [%]


Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão

40 Carga Primeira fissura (kN)


35 Carga Ruptura (kN)

30
Carga [kN]

25

20

15

10

0
0% 2% 5% - irreal 10% 20%
Grau de Corrosão [% de perda de massa]
Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão
100%
Perda da capac. de carga [%]

80%

60%

40%

20%

0%
100 90 80 70 60 50 40 30 20 10

88 Área da armadura [%]


Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão

5%
0%

10 %
140

120

100
Área [mm²]

80

60 2% antes
5% antes
40
10% depois
20

0
0 5 10 15 20 25
nº plano [espaçados de 5mm]

Silva Filho e Caetano


Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão
Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão
Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão

Xc = espessura carbonatada < Cobrimento

K = coeficiente de carbonatação, que reflete a resistência básica do traço utilizado


(relação a/c, tipo de cimento, presença de adições, etc) em condições padrão de
ensaio, submetido a condições de exposição de referência (UR, Concentração de
CO2). Também embute a qualidade de execução.

W(t) = função de exposição ambiental, que corrige a equação para as condições


específicas mesoclimáticas de exposição consideradas em projeto para os
componentes de concreto em análise
Em novas estruturas – podem ser derivados da literatura, ensaios
e/ou de estruturas existentes com características semelhantes

Para análise da Vida Útil remanescente podem ser deduzidas da


análise de dados coletados da própria estrutura
Silva Filho e Caetano
Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão – Modelos de Previsão

Xc = espessura carbonatada < Cobrimento

K = coeficiente de carbonatação, que reflete a resistência básica do traço utilizado


(relação a/c, tipo de cimento, presença de adições, etc) em condições padrão de
ensaio, submetido a condições de exposição de referência (UR, Concentração de
CO2). Também embute a qualidade de execução.

W(t) = função de exposição ambiental, que corrige a equação para as condições


específicas mesoclimáticas de exposição consideradas em projeto para os
componentes de concreto em análise
Em novas estruturas – podem ser derivados da literatura, ensaios
e/ou de estruturas existentes com características semelhantes

Para análise da Vida Útil remanescente podem ser deduzidas da


análise de dados coletados da própria estrutura
Silva Filho e Caetano
Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão – Modelos de Previsão

Baseado na 2ª. Lei de Fick


Mecanismos de caráter predominante químico
ARIELA TORRES
Corrosão – Modelos de Previsão
METANALISE
ESTUDOS
Principal processo de deterioração CORROSÃO NO
Elevado impacto financeiro BRASIL
Fator limitante da VU
Referencia norma
Concentração dos estudos

Muitos estudos
Falta de padronização
Dificuldade de comparação
Obstáculo para consolidação de modelos de VU
Mecanismos de caráter predominante químico
Corrosão – Ensaios

Propagação
Acelerado

Difusão de Cloretos
Natural
Mecanismos de caráter predominante químico
Reação Álcali-Agregado
Mecanismos de caráter predominante químico
Reação Álcali-Agregado (RAA)
Processo químico pelo qual alguns constituintes mineralógicos do agregado reagem com
hidróxidos alcalinos (provenientes do cimento, água de amassamento, agregados,
pozolanas, agentes externos, etc.) que estão dissolvidos na solução dos poros do
concreto.

Forma um produto de reação na forma de um gel higroscópico expansivo. A expansão,


deletéria, ocorre quando o gel, formado pela reação absorve água e se expande. As
características deste gel dependem de sua composição química e da presença de água.
A manifestação da reação álcalis-agregado pode se dar de várias formas, desde expansões,
movimentações diferenciais nas estruturas e fissurações até desplacamentos localizados,
exsudação do gel e redução das resistências à tração e compressão.
Os principais fatores que influenciam sua formação são:

 Existência de sílica reativa


 Disponibilidade de álcalis
 Presença de umidade
 Temperatura
Mecanismos de caráter predominante químico
Reação Álcali-Agregado (RAA)

 Reação álcali-sílica
envolve a presença de sílica amorfa ou certos tipos de vidros naturais (vulcânicos)
e artificiais.

 Reação álcali-silicato
é da mesma natureza da reação álcali-sílica porém, o processo ocorre mais
lentamente, envolvendo alguns silicatos presentes nos feldspatos, folhelhos,
argilosos, certas rochas sedimentares, (como as grauvacas), metamórficas, (como
os quartzitos) e magmáticas (como os granitos)e, fundamentalmente, a presença
do quartzo deformado (tensionado) e minerais expansivos.

 Reação álcali-carbonato
ocorre entre certos calcários dolomíticos e as soluções alcalinas presentes nos
poros do concreto
Mecanismos de caráter predominante químico
Reação Álcali-Agregado (RAA)

Formação do gel expansivo


Mecanismos de caráter predominante químico
Reação Álcali-Agregado (RAA)

Aspecto da Deterioração
Mecanismos de caráter predominante químico
Reação Álcali-Agregado (RAA) - Tratamento
 A melhor maneira de combate à reação álcalis-agregado (RAA) é evitar sua
ocorrência!!!!!

 Antes da construção
Efetuar as análises e ensaios recomendados dos agregados e do conjunto
agregado-aglomerante. Caso haja potencialidade de ocorrência da reação usar
neutralizadores da mesma no concreto, tais como materiais pozolânicos, sílica
ativa, escória granulada moída de alto forno, em proporções previamente
estudadas, ou utilizar cimentos pozolânicos ou cimentos de escória de alto forno
contendo materiais pozolânicos ou escória em quantidades adequadas.

 Após a construção
Caso a estrutura esteja sofrendo os efeitos da RAA há uma série de
procedimentos descritos na literatura técnica especializada que podem auxiliar a
diminuir as influências deletérias da reação.
Mecanismos de caráter predominante químico
Biodeterioração

Ação de algas, fungos, bactérias, líquens


protozoários, plantas, animais e seres humanos

◼ Física ou mecânica: pressão na superfície durante


crescimento e locomoção
◼ Estética: mudança de coloração, manchas...
◼ Química: assimilatória (nutrientes para microorganismos)
e não-assimilatória (produtos metabólicos)
Mecanismos de caráter predominante químico
Biodeterioração

Estética
Salubridade
Degradação
revestimentos
Mecanismos de caráter predominante químico
Biodeterioração
Bactérias nitrificadoras – Produtos
Ácidos + Sulfatos

◼ Microorganismos + nitrogênio do ar → formação de ácido


nítrico

◼ Esgoto doméstico + ↑ T° → compostos enxofre +


bactérias anaeróbias → H2S + umidade → oxidação por
bactérias aeróbicas → H2SO4 → dissolução da pasta
Mecanismos de caráter predominante químico
Biodeterioração
Colonização por algas, líquens e/ou
vegetação de grande porte
Mecanismos de caráter predominante químico
Biodeterioração
Ação de animais

Pássaros

Roedores

Humanos
urina
calcinação
Mecanismos de caráter predominante químico
Biodeterioração
Mecanismos de caráter predominante químico
Biodeterioração
Manifestações Patológicas

1. Fissuras
2. Lixiviação/Eflorescência
3. Corrosão das Armaduras
4. Infiltração/Umidade

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