Você está na página 1de 20

UNIDADE DE ESTUDO 2

CONCEITOS BÁSICOS

PALAVRAS CHAVE
A Casa do Sistema Toyota de Produção,
Princípios Lean e Desperdícios
24 MÓDULO II BÁSICO • LEAN MANUFACTURING

Nesta Unidade de Estudo você conhecerá algumas definições básicas sobre métricas utilizadas pelo
Lean, fundamentos e princípios da filosofia e sobre os tipos de desperdícios, suas respectivas classifica-
ções e características. Você também entenderá a importância das pessoas no processo de implantação
da filosofia Lean nas organizações e que o seu entendimento e disseminação é crucial para seu sucesso
na eliminação de desperdícios.

Ao final desta Unidade você terá subsídios para:


a) compreender as principais características do STP;
b) identificar os 5 princípios do pensamento enxuto;
c) classificar e caracterizar os desperdícios;
d) nortear ações para eliminar os desperdícios, valorizando o homem.

Você vai iniciar seus estudos nesta Unidade conhecendo os conceitos básicos do Lean. Acompanhe!

CONCEITOS BÁSICOS
Na Unidade de Estudo anterior, você estudou sobre a evolução dos sistemas produtivos e suas res-
pectivas contribuições para o STP. Agora você irá aprofundar seus conhecimentos sobre a filosofia Lean.
Nesse contexto, é importante inicialmente fundamentar algumas métricas, principalmente as relacionadas
com tempos. Essas métricas podem ser aplicadas tanto nos processos produtivos quanto administrativos.
Conforme Taiichi Ohno 1997, um dos diferenciais da STP é incluir a dimensão-tempo.

O que estamos fazendo é observar a linha de tempo desde o momento em que o cliente nos faz
um pedido até o ponto em que recebemos o pagamento. E estamos reduzindo essa linha de tempo,
removendo as perdas que não agregam valor (OHNO, 1997).

A seguir você vai conhecer as principais métricas e suas respectivas definições.

a) Lead time (L/T): tempo que a peça leva para se mover ao longo de todo um processo ou fluxo de
valor, desde o começo até o fim.
2 • CONCEITOS BÁSICOS 25

b) Tempo de ciclo ou cycle time (T/C): frequência com que uma peça é totalmente completada em um
processo ou o tempo que um operador leva para executar todos os seus elementos de trabalho antes
de repeti-los.

c) Tempo de agregação de valor ou value added time (TAV): tempo dos elementos de trabalho que
efetivamente transformam o produto de modo que o cliente esteja disposto a pagar.

d) Tempo takt ou takt time: taxa de demanda dos clientes, expressa de quanto em quanto tempo eles
compram uma unidade do produto.

e) Tempo de troca ou (TR) ou setup: tempo necessário para preparar um dispositivo, máquina ou
processo para que ele mude de um produto A para um produto B, considerando o tempo a partir da
última peça boa do último lote até a primeira peça boa do novo lote.

Geralmente, o lead time é maior que o T/C, que é maior que o TAV. O ideal é que o T/C seja igual ao
tempo takt.

O Sistema Toyota de Produção (STP) requer uma filosofia de menores lead times para entregar produtos
e serviços com elevada qualidade e baixos custos, por meio do fluxo produtivo via eliminação de desper-
dícios ao longo do fluxo de valor.

Como você pode visualizar na figura a seguir, o processo de manufatura Lean caracteriza-se principal-
mente por:

a) nivelamento da produção (Heijunka);

b) trabalho padronizado;

c) melhoria contínua (Kaizen);

d) produção por demanda (just in time);

e) fabricação com qualidade ou qualidade na fonte (Jidoka);

f) eliminação de desperdícios.
26 MÓDULO II BÁSICO • LEAN MANUFACTURING

Sistema Toyota de Produção (STP)

Objetivo: A mais alta qualidade, menor custo e menor prazo

Just in time Alta Qualidade Jidoka

Operar com o recurso


Desperdícios
mínimo necessário para
entregar consistentemente:
Processo · Detectar anormalidades
· Apenas o que é necessário mínimo
máximo
de · Parar e responder
· Apenas a quantidade entrada
de saída
necessária · Harmonizar humanos
Método e máquinas
· Apenas onde é necessário
· Apenas quando for
necessário Mínimo prazo

Heijunka Trabalho padronizado Kaizen

1tech (2016)
Estabilidade

Figura 3 - A Casa do Sistema Toyota de Produção


Fonte: Adaptado de 1Tech (s.d)

Conforme definido por Womack e Jones (1992), em “A Máquina que mudou o mundo”, existem cinco
princípios do Lean Manufacturing. Veja!

Valor

Cadeia de
Perfeição
valor
Princípios
Lean Thinking
Rodilson Silva (2015)

Pull Fluxo

Figura 4 - Princípios Lean


Fonte: Adaptado de Silva (2015)
2 • CONCEITOS BÁSICOS 27

Cada um dos cinco princípios do Lean Manufacturing desempenha uma função. Acompanhe!

a) Identificar valor: o que o meu cliente valoriza?

b) Identificar a cadeia de valor: por onde passa o valor?

c) Introduzir fluxo na cadeia: o valor deve chegar rápido ao cliente.

d) Puxar a produção: produzir somente o necessário e aquilo que o cliente quer.

e) Buscar a perfeição: melhorar sempre (Kaizen).

“Valor” é aquilo que o cliente percebe e está disposto a pagar. O restante é classificado como desperdício.

Nesse contexto, pode-se definir “Lean” como uma filosofia de melhoria contínua baseada na eliminação
de desperdícios por meio da valorização do homem, obtendo assim resultados significativos de produtivi-
dade, competitividade e rentabilidade.

A melhoria na operação individual não garante o aumento da eficiência do processo. Logo, visão
sistêmica é fundamental.

Dando continuidade aos seus estudos, na sequência você vai conhecer a classificação de desperdícios
segundo a filosofia Lean.

TIPOS DE DESPERDÍCIO
Tudo aquilo que não agrega valor, no ponto de vista do cliente, é classificado como desperdício.

A filosofia Lean classifica os desperdícios nos oito grupos a seguir:

1) superprodução (excesso de produção, produção além do necessário);

2) espera (tempo de espera, ociosidade);

3) transporte (transportes desnecessários);

4) excesso de processamento (processamento impróprio, processos desnecessários);

5) estoque (excesso de inventário, excesso de estoque, inventário);

6) defeitos (falhas e reparos, retrabalho, correção de processamento, correção de processos, refugo,


reprocesso);
28 MÓDULO II BÁSICO • LEAN MANUFACTURING

7) movimentação (movimentos desnecessários, excesso de movimentos, movimentos improdutivos);

8) intelectual (não usar a criatividade dos empregados).

Os 7 despedícios + 1

Defeitos ou
Inventário Superprodução Transporte retrabalho

+ Não usar a
criatividade
dos

slideplayer (2015)
empregados
Processos Movimentos Espera
desnecessários

Figura 5 - Tipos de desperdício


Fonte: Adaptado de Volvo do Brasil (2015)

Você pode considerar também o desperdício intelectual (oitavo), e para identificá-lo é necessário ma-
pear os processos (fluxo de materiais e fluxo da informação), identificar a cadeia de valor e classificar os
processos como:

a) que geram valor;

b) que não geram valor, mas são importantes para a manutenção dos processos e da qualidade;

c) que não agregam valor (desperdícios).

Nesse contexto, uma das principais ferramentas utilizadas é o mapa de fluxo de valor (MFV) ou value
stream mapping (VSM); este é aplicado para identificar as oportunidades de melhoria e definir as ferramen-
tas para tratar os desperdícios encontrados. As ferramentas para dar as tratativas são: 5S, Troca Rápida de
Ferramenta, Fluxo Contínuo, Qualidade na Fonte, Trabalho Padronizado, Produção Puxada, entre outras.
Você estudará mais profundamente essas ferramentas na próxima Unidade de Estudo sobre as ferramen-
tas do Lean.

Confira na sequência o detalhamento de cada um dos oito grupos de desperdício. Acompanhe!

SUPERPRODUÇÃO
O que é?

a) Produzir mais que o necessário.

b) Produzir antes que seja necessário.


2 • CONCEITOS BÁSICOS 29

Principais causas:

a) metas e incentivos por volume (bonificação, pagamento, PPR, etc.);

b) equipamentos com capacidade superior ao takt time;

c) linha de produção desbalanceada (mura);

d) agendamento deficiente e lentidão na resposta a mudanças;

e) planejamento e controle de produção ineficientes;

f) práticas contábeis que incentivam o aumento de estoques;

g) falta de comunicação;

h) cultura “just in case”.

A superprodução ocorre quando o volume produzido em determinado espaço de tempo é maior do


que o que a empresa pode vender, resultando em um aumento no estoque de produtos acabados.

Felipe Dupouy ([20--?])

O excesso de produção esconde desperdícios, já que muitos pensam que o estoque é considerado um
ativo de valor para a empresa, desconsiderando a linha do tempo no fluxo de caixa e o risco dos produtos
estocados se tornarem obsoletos ou implicarem custos para mantê-los até que possam ser vendidos, além
do risco de não serem vendidos de fato.

As regras de Kanban são uma excelente alternativa para evitar o excesso de desperdício referente à
superprodução. Um fato importante é que a aplicação de sistemas Lean favorece equipamentos de menor
porte em grande parte, com o intuito de evitar a superprodução.

Toda produção além do mínimo necessário para atender à demanda é o sinal mais claro da produção
empurrada.
30 MÓDULO II BÁSICO • LEAN MANUFACTURING

Pergunta-chave: É possível produzir para a demanda conforme o tempo Takt ao invés de produzir
para o estoque?

Na sequência você terá mais informações sobre o excesso de inventário. Confira!

ESTOQUE
O que é?

a) Acúmulo de matéria-prima, insumos, componentes, semiacabados, peças ou produtos acabados


além do mínimo necessário para atender à demanda em processo ou armazenados.

Principais causas:

a) produção acima da demanda (superprodução);

b) linha de produção desbalanceada;

c) lotes de produção grandes;

d) lead time longo;

e) taxa de refugo e retrabalho elevadas;

f) gestão de materiais ineficiente (falta de materiais);

g) planejamento e controle de produção ineficiente;

h) prazo de entrega dos fornecedores.

A origem do desperdício de estoque pode ocorrer na compra e armazenamento de excedentes de


insumos, materiais ou outros recursos e também no excesso de materiais em processo (work in process)
acumulados.

Na maioria das vezes, a principal causa é a falta de planejamento e o desconhecimento do setor de


compras com relação ao consumo real ou taxa de utilização de um determinado recurso.

O excesso de estoque constitui um maior custo para a empresa: ocupação de área e manutenção do
inventário e do estoque, ratificando a possibilidade de se armazenar produtos obsoletos.
2 • CONCEITOS BÁSICOS 31

gojjump ([20--?])
É necessário um planejamento de compras eficiente, um fluxo contínuo no processo produtivo e que,
ao finalizar sua produção, o produto seja enviado ao cliente.

Pergunta-chave: A produção poderia trabalhar sem estoque ou operar somente com o estoque mínimo?

O próximo processo de desperdício a ser estudado é a espera. Acompanhe!

ESPERA
O que é?

a) Qualquer tempo ocioso ou tempo de espera da mão de obra.

b) Qualquer tempo ocioso ou tempo de espera de máquinas, equipamentos ou material.

Principais causas:

a) linhas de produção desbalanceadas;

b) superdimensionamento da equipe, máquinas ou equipamentos;


32 MÓDULO II BÁSICO • LEAN MANUFACTURING

c) ciclos ou distâncias longas;

d) força de trabalho inflexível;

e) interrupção no fluxo de produção;

f) não agendamento de máquinas para produção;

g) longos tempos de setup;

h) falta de material ou atraso.

O desperdício de espera ocorre quando os recursos humanos ou materiais são obrigados a esperar
desnecessariamente em função de atrasos na chegada de materiais ou indisponibilidade de recursos, in-
cluindo informações.

Imagine a situação:

Você possui dois relatórios a serem editados e entregues no período da manhã, e uma reunião
não programada é agendada, a qual terá início somente com a presença de todos os convidados.
Um participante atrasa o início da reunião por perder o horário e chega 15 minutos atrasado.

Ao sair da reunião, você envia os relatórios a serem editados para seu superior imediato e aguar-
da a validação dos dados por meio de uma assinatura, para que assim o seu processo continue.
Trata-se de relatórios simples, cuja edição não dura mais do que 30 minutos. A reunião durou apro-
ximadamente 2 horas, e os documentos ficaram sobre a mesa do superior imediato por quase 2
horas até serem analisados e assinados. A análise, por sua vez, não durou mais do que 10 minutos.
Considerando que você iniciou o processo de edição do relatório na primeira hora de trabalho, por
quanto tempo o relatório ficou esperando para ser editado?

Pergunta-chave: A produção pode executar atividades em paralelo ao invés de apenas em série?

A seguir você vai estudar o desperdício relacionado ao transporte. Confira!

TRANSPORTE
O que é?

a) Mover materiais, produtos ou informação desnecessariamente.

b) Movimento de ferramentas e máquinas sem necessidade.


2 • CONCEITOS BÁSICOS 33

Principais causas:

a) não entregar os materiais, produtos ou informações no local e momento exatos;

b) planejamento ineficiente da rota do produto;

c) complexidade no fluxo dos materiais ou informação;

d) longas distâncias de movimentação;

e) layout fabril inadequado;

f) desorganização do local de trabalho (sem lugar para cada coisa);

g) sistema de transporte ineficiente.

Toda vez que um recurso humano ou material (pessoas, equipamentos, suprimentos, ferramentas,
documentos ou materiais) for movido de um local para outro sem necessidade, um meio de transporte é
desperdiçado.

É possível exemplificar esse desperdício citando o transporte de peças erradas, o envio de materiais
para o local errado ou na hora errada, ou o envio de documentos para lugares errados.

painellogistico ([20--?])

Uma forma de reduzir esse desperdício é criando um layout eficiente, no qual os clientes são atendidos
por fornecedores próximos, alocando em proximidade células que trabalham entre si ou servem umas às
outras, posicionando materiais e ferramentas de trabalho ao lado ou perto dos usuários.

É geralmente intrínseca nos processos a necessidade de transportar recursos no ambiente fabril, mas
se não houver planejamento e estudos que minimizem esse tempo, ela se torna uma atividade que não
agrega valor ao produto. Logo, é necessário acompanhar in loco para constatar lacunas ou falhas que pos-
sam ser ajustadas.
34 MÓDULO II BÁSICO • LEAN MANUFACTURING

Pergunta-chave: É possível configurar a produção como uma linha de montagem ou células na qual
os itens em processo possam ser conduzidos automaticamente pelo parque fabril?

Na sequência você vai estudar os movimentos desnecessários.

MOVIMENTAÇÃO
O que são?

a) Todo e qualquer movimento feito pelo operador que não agrega valor.
Principais causas:

a) layout fabril ruim;

b) desorganização do ambiente de trabalho;

c) inadequação dos postos de trabalho;

d) má localização de ferramentas e equipamentos;

e) instruções de trabalho não padronizadas ou não compreendidas;

f) fluxo de materiais ou informação no processo desorganizado.

O desperdício ocorre quando há movimentos desnecessários do corpo ao executar uma tarefa. Ele
pode ser constatado quando os trabalhadores fazem movimentos corporais desnecessários, tais como
andar, flexionar, elevar, abaixar, entre outros, para procurar ferramentas ou documentos, geralmente
quando o seu local de trabalho está cheio ou desorganizado. Esse desperdício por vezes atrasa o início dos
trabalhos e interrompe o fluxo das atividades.

Para reduzir ou eliminar o desperdício de movimentação dos operadores, é necessário analisar os mo-
vimentos e identificar quais são necessários ou não. Os desnecessários devem ser imediatamente mitiga-
dos ou eliminados, e para as movimentações necessárias, o importante é verificar se é possível torná-las
mais práticas. Os ganhos podem ser obtidos reorganizando o local de trabalho ou mesmo, se necessário,
redesenhando o layout fabril.

Pergunta-chave: É possível rearranjar o layout fabril ou dos postos de trabalho para reduzir a movi-
mentação desnecessária dos trabalhadores?
2 • CONCEITOS BÁSICOS 35

A seguir você vai estudar o desperdício relacionado ao excesso de processos.

EXCESSO DE PROCESSAMENTO
O que é?

a) Tarefas desnecessárias realizadas pelo homem e/ou pelas máquinas.

b) Promover uma qualidade superior à requerida pelos clientes.


Principais causas:

a) identificação das necessidades/desejos do cliente;

b) excesso de etapas;

c) mudanças frequentes na engenharia do produto;

d) excesso de qualidade (refinamento);

e) identificação inadequada de valor;

f) instruções de trabalho mal elaboradas ou não compreendidas.

Esse desperdício se refere aos processamentos que não agregam valor ao item que está sendo pro-
duzido, tais como etapas adicionais que não aumentam a qualidade do produto ou que excedem a
qualidade pedida pelos clientes. Documentação desnecessária é também uma forma de desperdício de
processamento.

Analisando criteriosamente, é possível identificar atividades e tarefas dentro dos processos que são
irrelevantes e que afetam a produtividade e aumentam seu custo.

Pergunta-chave: É possível combinar ou eliminar algumas tarefas ou operações? Pode-se sistemati-


zar as atividades inerentes aos processos?

Na sequência você vai entender os desperdícios relacionados aos defeitos. Acompanhe!

DEFEITOS
O que é?

a) Produção de produtos com defeito.

b) Inspeções em função de processamento inapropriado.


36 MÓDULO II BÁSICO • LEAN MANUFACTURING

c) Operações extras (refazer, reparar, corrigir, etc.) devido ao retrabalho dos produtos defeituosos.

d) Materiais utilizados na ocorrência de produtos com defeito.

Principais causas:

a) pouca objetividade ou não satisfazer às especificações do cliente (requisitos da qualidade);

b) processos incapazes;

c) processos mal geridos (controle);

d) ferramentas inadequadas;

e) mão de obra não qualificada;

f) setorização ou departamentalização ao invés de qualidade total;

g) fornecedores desqualificados.

Qualidade é fazer a coisa certa na primeira vez. Nesse sentido, qualidade é prevenção e planejamento,
e não correção e inspeção.

A má qualidade ou defeito, além de resultar na insatisfação do cliente e em danos à imagem da empre-


sa, também gera desperdícios devido aos custos e tempo envolvido para repor um produto defeituoso.

Medidas de prevenção e melhoria contínua são os meios mais eficazes para reduzir os desperdícios
causados por defeitos.

Pergunta-chave: É possível implementar sistemas antifalhas (poka-yoke) para eliminar erros na


produção?

Agora você vai compreender o que é e como reduzir o desperdício intelectual. Confira!

INTELECTUAL
O que é?

a) Não utilização em plenitude da capacidade intelectual e criativa da mão de obra.


Principais causas:

a) cultura organizacional;

b) práticas de contratação inadequadas;


2 • CONCEITOS BÁSICOS 37

c) não envolvimento dos funcionários na proposição de novas ideias;

d) não aplicação do conceito dos 3 P’s (pessoas, processo e produto).

Os processos devem ser criados para servir às pessoas; as pessoas criam o produto e o produto valida o
processo.

É importante ratificar que o Lean é uma filosofia de melhoria contínua baseada na eliminação de
desperdícios por meio da valorização do homem, obtendo assim resultados significativos de produtivi-
dade, competitividade e rentabilidade. Nesse contexto, a participação e valorização dos indivíduos são
fundamentais. Um dos meios para isso é a participação, na qual os indivíduos, no processo de melhoria
contínua, devem:

a) fazer parte (participar de uma reunião);

b) tomar parte (expor suas ideias na reunião);

Davi Leon (2016)


c) ter parte (ter uma de suas ideias expostas na reunião).

Figura 6 - Participação dos indivíduos nos processos de melhoria contínua


Fonte: Do autor (2016)

Obter a participação dos indivíduos nos processos de melhoria (Kaizen), além de mitigar, ou até mesmo
eliminar o desperdício intelectual, apresenta como vantagem:

a) resolução de problemas e comprometimento;

b) fortalecimento do processo decisório;

c) realização pessoal e profissional;

d) compromisso com os resultados;


Davi Leon (2016)

e) cumprimento fiel das decisões.


Figura 7 - Vantagens da participação dos indivíduos nos processos de melhoria contínua
Fonte: Do autor (2016)
38 MÓDULO II BÁSICO • LEAN MANUFACTURING

Depois de conhecer os oito tipos de desperdício e entender o que são e quais são suas principais cau-
sas, a seguir você vai estudar como eliminar esses desperdícios. Acompanhe!

COMO ELIMINAR OS DESPERDÍCIOS


Você vai conhecer agora alguns passos fundamentais que podem ser seguidos para uma efetiva elimi-
nação dos desperdícios. Veja!

a) Caso o desperdício esteja oculto, torne-o visível (fatos e dados).

b) Conscientizar as partes envolvidas sobre o desperdício.

c) Assumir a responsabilidade pelo desperdício.

d) Mensurar o desperdício.

e) Eliminar ou reduzir o desperdício.

Resumidamente, para eliminar os desperdícios, é necessário vê-los, reconhecê-los e identificar quem


é o responsável por eles. Posteriormente, ele deve ser mensurado de forma a estabelecer seu tamanho e
magnitude.

Os desperdícios que você não pode ver não podem ser eliminados; quando um desperdício é negli-
genciado, também não é possível eliminá-lo; quando alguém se recusa a aceitar a responsabilidade pelo
desperdício, ele(a) não vai trabalhar para eliminá-lo.

Por fim, quando o desperdício não é medido, as pessoas podem pensar que ele é pequeno demais ou
trivial e, por esse motivo, não estarão motivadas em detê-lo.

O MFV apresenta várias oportunidades de melhoria, e para cada oportunidade de melhoria, um con-
junto de ferramentas é mais adequado. Na próxima Unidade de Estudo, você conhecerá métricas que o
auxiliarão nesse contexto. É importante ressaltar aqui que o mais importante é você compreender e dis-
seminar a filosofia Lean.

Como direcionador, é possível sugerir e aplicar quatro ideias principais, independente da ferramenta a
ser aplicada para eliminar ou reduzir desperdícios. São elas:

a) valorização da força de trabalho;

b) fabricação com qualidade (Jidoka);

c) produção flexível;
Davi Leon (2016)

d) produção por demanda (Just in Time).


Figura 8 - Quatro ideias para eliminar e reduzir desperdícios
Fonte: Do autor (2016)
2 • CONCEITOS BÁSICOS 39

Confira na sequência mais detalhes sobre cada uma das quatro ideias para eliminar ou reduzir
desperdícios.

VALORIZAÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO


Para valorizar e qualificar a mão de obra, você pode agrupar os operários em equipes, sendo um deles
líder. Após organizadas as equipes, você deverá dar a elas todo o suporte necessário para que elas sejam
treinadas devidamente para planejar suas atividades e otimizá-las.

Confira na sequência como fabricar com qualidade.

FABRICAÇÃO COM QUALIDADE OU QUALIDADE NA FONTE (JIDOKA)


A fabricação com qualidade tem o objetivo de eliminar desperdícios oriundos de operações extras e
demais recursos em função da não qualidade. Ela é composta por três elementos básicos:

a) fazer certo na primeira vez;

b) corrigir os erros em suas causas raízes;

c) utilizar equipes de melhoria contínua (Kaizen).

A seguir você entenderá como tornar a produção flexível.

PRODUÇÃO FLEXÍVEL
Sempre que possível, você deve substituir as máquinas de única função por máquinas de múltiplas
funções que produzam diferentes coisas em pequenos lotes, de acordo com a demanda (tempo takt), ou
simplesmente otimizar os métodos. Há casos em que é inexequível flexibilizar a produção de máquinas.
Na próxima Unidade de Estudo, serão exemplificadas técnicas para mitigar a problemática.

Acompanhe a seguinte situação:

Taiichi Ohno treinou seus operadores de prensas para trocarem o molde das prensas. Após o
treinamento, a troca, que levava cerca de um dia, passou a levar apenas 3 minutos.

Confira agora como realizar a produção por demanda.


40 MÓDULO II BÁSICO • LEAN MANUFACTURING

PRODUÇÃO POR DEMANDA (JUST IN TIME)


Um dos objetivos da produção por demanda é estabelecer um fluxo contínuo de material (fluxo dos
materiais) sincronizado com a programação de produção (fluxo da informação), que deve ser elaborada
conforme a demanda (takt time), reduzindo assim a necessidade de estoque. Nesse processo, você tam-
bém deve contar com a parceria de fornecedores para a reposição ágil dos materiais e insumos.

Você chegou ao final desta Unidade de Estudo. Na próxima Unidade, você irá aprofundar os seus conhe-
cimentos em algumas ferramentas usualmente aplicadas por empresas que usam o STP ou que desejam
usá-lo. Nesse contexto, lembre-se que é importante aplicar a ferramenta mais adequada para cada caso,
mas é essencial estar ciente do verdadeiro objetivo da implantação da ferramenta, ou seja, o que e como
você estará introduzindo a cultura Lean na organização com o uso de uma ou um conjunto de ferramentas.

Somente após compreender os princípios do Lean será possível praticar essa filosofia.
2 • CONCEITOS BÁSICOS 41

Anotações:

Você também pode gostar