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Definição
Mas afinal, o que é o Lean Manufacturing, ou Manufatura Enxuta na tradução para o
Português?
É uma abordagem sistemática para identificar e eliminar o desperdícios (atividades que
não agregam valor) através da melhoria contínua, com o fluxo de material puxado pelo
pedido do cliente.
As Origens do Lean
O lean manufacturing é o nome que se dá ao Sistema Toyota de Produção, que se baseia
numa abordagem sistemática para identificar e eliminar o desperdício (aquilo que não
agrega valor) através da melhoria contínua, com fluxo de material puxado, buscando
qualidade total. E esse contexto de desafios e mudanças requer funcionários motivados,
satisfeitos e comprometidos, uma vez que eles são fundamentais no processo de
desenvolvimento organizacional.
Mas a história do lean remonta muito antes da fase em que começou a ficar conhecido.
O conceito do lean manufacturing, como chamamos o Sistema Toyota de Produção,
surgiu com o pai do fundador da Toyota, foi quando Sakichi Toyoda (1867-1930),
fundador da Toyoda Teares (Toyoda Automatic Loom) criou, em 1924, o primeiro tear
automatizado em que, além de fazer as trocas automaticamente, também parava a
produção, caso o fio arrebentasse. Esse é o conceito jidoka (capacidade do equipamento
parar e sinalizar em caso de problema), que é um dos pilares do Sistema Toyota de
Produção.
Kiichiro Toyoda (1894-1952), filho de Sakichi, ao viajar para os Estados Unidos com o
intuito de licenciar a fabricação de teares, ficou entusiasmado com os automóveis e a
indústria que estava em franco crescimento nessa época. Voltando para o Japão, iniciou,
em 1933, uma linha de fabricação de automóveis dentro da própria indústria do pai. Em
1936 é lançado o primeiro automóvel, o Standard Sedan AA 1936, ainda com a marca
Toyoda, e não Toyota.
Em 1937, Kiichiro funda a Toyota Motor Co, e convida seu primo, Eiji Toyoda (1913-
2013), para trabalhar com ele. No ano seguinte, Kiichiro lança o JIT (just-in-time), que
significa entregar o que é pedido, quando e onde é requerido. Isso implica em
eliminação de estoques desnecessários e aumento de produtividade. O JIT é o segundo
pilar do Sistema Toyota de Produção.
Com o ingresso de Taiichi Onho (1912-1990) na Toyota, em 1943, reforça-se o time
que estava construindo as bases do modelo Toyota de Produção. Taiichi Ohno, um
engenheiro nascido na China, por suas contribuições ao desenvolvimento do Sistema
Toyota de Produção, é reconhecido como um dos maiores responsáveis pelo seu
sucesso.
Em 1953, o engenheiro Shigeo Shingo (1909-1990), que na época já fazia consultoria,
inicia sua jornada na Toyota. Nesse mesmo ano, Taiichi adota o kanban na fábrica. Mais
de 10 anos depois, seria adotado também com os fornecedores, completando todo o
ciclo de puxada de material.
A criação do sistema, em resumo, se deve principalmente a 5 pessoas:
Uma curiosidade: o termo “enxuta”, do inglês “lean”, foi criado, na verdade, por John
Krafcik, do MIT (Massachussetts Institute of Technology), na década de 80, num artigo
em que ele descrevia as técnicas do sistema de produção e técnicas de trabalho
desenvolvidas pela Toyota. John Krafcik chamou o sistema de enxuto pela redução de
quantidade, custos e tempo, ou seja: menos esforço dos funcionários, menos espaço para
a fabricação, menos investimento em ferramentas, menos tempo em planejamento,
menos estoques, menos fornecedores, e redução de defeitos, com uma maior variedade
de produtos. O termo "pegou" e é uma das maneiras como o Sistema Toyota de
Produção é referenciado.
"Tudo o que fazemos é olhar para a linha do tempo, do momento em que o cliente nos
dá um pedido até quando recebemos o pagamento. E estamos reduzindo este tempo
removendo os desperdícios." Taiichi Ohno (vice-presidente/Toyota), considerado por
muitos como o pai do Lean Manufacturing.
TERMO SIGNIFICADO
Significa "luz" em japonês, e no lean tem o sentido de aviso luminoso. É utilizado no processo para sinalizar o
Andon status do processo: verde (sem problema), amarelo (risco, atenção requerida) e vermelho (produção parada,
assistência requerida).
Genchi
Significa "vá e veja você mesmo".
Gembutsu
Gemba Tem o sentido de "local onde as coisas acontecem", ou "onde o problema existe".
Heijunka Produção nivelada, em volumes e mix, com o objetivo de melhor utilização da mão-de-obra e equipamentos.
Just In Time É a essência do Lean. Significa fazer o que é necessário, quando necessário, e na quantidade necessária.
Processo informal em que se procura atingir os envolvidos em uma determinada decisão, objetivando conhecer
Nemawashi
sua opinião e obter consenso.
Water Spider Pessoa responsável em dar suporte ao operador de produção, principalmente nas situações como alimentação
(Mizusumachi) de material.
Movimentação Movimento de 5S
pessoas que não
agrega valor Cell Design (projeto e layout adequado na
estação de trabalho)
VSM (mapeamento da cadeia de valor)
Evento Kaizen
PDCA
Ferramentas da Qualidade
Etapas do processo / Usualmente, para evitar um interminável e confuso mapa, representa-se uma
Controle de produção área ou linha em uma mesma caixa, agregando, então, as etapas intermediárias.
Caso existam etapas disconexas, ou estoques significativos, você pode
representar em caixas diferentes. Vale sempre o bom senso, pois o objetivo é
visualizar o processo para atividades de melhoria. Cuide sempre das áreas onde
haja problemas.
Indique o C/T (tempo do ciclo), C/O (tempo de set up), up time, turnos,
Dados do processo
informações da qualidade do processo, etc.
Flexas de fluxo de Indicam o caminho percorrido pelo material, que pode ser através de um fluxo
produção puxado ou empurrado.
Flexas de fluxo de
Indicam o sentido do fluxo das informações, que podem ser eletrônicas ou não.
informação
Kanban de produção Indica a necessidade de produção de peças para suprir o sistema kanban.
Indica onde quer que haja um sinal kanban que deflagra um abastecimento,
como no caso de duas caixas de material na célula de processo, onde uma caixa
Sinal de kanban
em pé significa que está vazia e que precisa ser reabastecida. O sinal pode ser
também um espaço vazio, ou outro qualquer.
Heijunka
Heijunka é o nivelamento da produção, em volumes e mix, com o objetivo de criar
estabilidade, base para análise de fluxo, padronização, utilização do kanban e melhor
controle da qualidade.
Vamos analisar os dois quadros abaixo para entender melhor:
Veja que ambos os quadros tem uma produção diária balanceada em volume, ou seja,
produz-se quantidades iguais em todos os dias; porém, apenas o segundo quadro está
balanceado em mix, ou seja, produz-se com muito mais regularidade todos os tipos de
produto. Para entender melhor, vamos olhar especificamente o produto B. No primeiro
quadro são produzidas quantidades apenas na terça e na sexta-feira, enquanto que no
segundo, produz-se uma menor quantidade diária, mas ela ocorre em todos os dias da
semana. Esse é o princípio do nivelamento heijunka, como já dissemos, ele proporciona
uma maior estabilidade da produção, facilitando o uso de kanban, bem como, maiores
controles de fluxo e qualidade. O objetivo é amortecer as variações de demanda, de
modo a permitir um ambiente de manufatura o mais regular possível, com produção dos
vários modelos, em quantidades que atendam aos pedidos. O heijunka ameniza o efeito
chicote (lembrando que o chamado "efeito chicote" diz que uma pequena variação na
demanda do cliente pode desencadear grandes variações nos fornecedores).
KanBan
O kanban é uma metodologia de movimentação de materiais e produção, deflagrada por
um sinal visual. O kanban poderá utilizar cartões e quadros para controle, ou apenas um
sinal visual como o espaço vazio (onde estava o material) ou a caixa vazia de material
em um local específico. O kanban funciona melhor quando a produção é nivelada
através do heijunka (ver tópico específico), pois nesse caso, evitam-se as alterações
abruptas de consumo de material.
Kanban de 2 caixas: no kanban de duas caixas o material é disposto como no exemplo
da figura abaixo (lado esquerdo). O operador de linha de produção, ao consumir o
material da primeira caixa, a coloca na parte superior do rack, e passa a consumir o
material da caixa que estava atrás. O abastecedor da linha poderá, então, ver o sinal
visual que indica a necessidade de abastecimento, sinal este que é a caixa vazia na parte
superior do rack. Ao retornar com a caixa cheia, o abastecedor de linha a recoloca atrás
da caixa que está sendo utilizada. Deve-se ter em mente que a quantidade e o tamanho
das caixas deve ser dimensionado de acordo com a demanda de produção e com a
disponibilidade de abastecimento. E assim o processo segue sem interrupções.
Kanban de 2 cartões: no kanban de 2 dois cartões, um deles indicará a autorização para
produzir, e o outro indicará a autorização para movimentar uma caixa de material.
Funciona da seguinte maneira, quando o operador consome todo o material da caixa, ele
retira o cartão de movimentação da caixa vazia, colocando-a no local de caixas vazias.
Com esse cartão, ele vai ao local de caixas cheias e substitui o cartão de produção, que
está na caixa, pelo de movimentação, levando a caixa cheia para sua área de trabalho,
para consumo. O cartão de produção que estava na caixa, ele o deixa no painel de
produção, o que serve como autorização para que o operador daquele setor produza o
equivalente a mais uma caixa. Veja a figura abaixo:
Poka-Yoke
É um método de montagem a prova de erro. Uma forma de não permitir que o processo
seja executado de forma indadequada. Veja, na figura, alguns exemplo de poka-yoke.
Evento Kaizen
Evento Kaizen é uma atividade de 3 a 5 dias, com o objetivo de analisar oportunidades
de melhoria e tomar as ações necessárias dentro do próprio período da atividade, de tal
modo que as mudanças sejam percebidas por todos. Os membros do time devem se
dedicar 100% do tempo ao evento kaizen.
O evento kaizen deve buscar:
Simplificar o processo
Gestão Visual
Metodologia que busca mostrar informação devida em locais apropriados, com o
objetivo de melhorar a eficiência do processo, garantir a correta execução, ou distribuir
a informação de forma mais efetiva.
Exemplos:
Setup Rápido
Setup rápido, surgiu como SMED (single minute exchange of die), uma metodologia
criada por Shingeo Shingo, e que buscava o setup no tempo de um dígito, ou seja,
abaixo de 10 min. Hoje, por extensão, tem o sentido de buscar reduzir o tempo de todo e
qualquer setup de processo.
Porém, o fluxo unitário de peças nem sempre é produtivo ou interessante, pois devemos
levar em conta outras variáveis como o tempo de transferência entre estações ou o custo
do setup do equipamento. Como exemplo, o fluxo unitário de peças não funciona em
algumas operações de fundição ou jateamento.
Cell Design
“Cell Design” é uma metodologia de trabalho que busca projetar uma célula de trabalho
de modo a se obter melhor aproveitamento do espaço, da ergonomia, e dos fluxos de
materiais e pessoas, visando obter qualidade e um tempo ótimo de processo.
P.O.U.S.
Point of usage storage (POUS) é a armazenagem do material no próprio local de uso, ou
seja, não existe uma armazenagem no almoxarifado, quando o material é recebido, ele é
enviado diretamente ao local de uso. Com isso, busca-se redução de manuseio e espaço.
O Programa 5S
Histórico do Programa 5S: Iniciou no Japão pós-guerra e consolidou-se a partir da
década de 70, buscando melhoria do ambiente de trabalho e da atitude das pessoas,
melhorando a qualidade de vida dos colaboradores, diminuindo desperdícios, reduzindo
custos e aumentando a produtividade das Organizações. Seu nome provém de palavras
que, em Japonês, começam com a letra “S”: Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu, Shitsuke.
Objetivos: Proporcionar um aperfeiçoamento de conduta, com a intenção de atingirmos
as seguintes metas:
aumento de produtividade
qualidade total
satisfação do funcionário
Cultura da Qualidade
Assim como ocorre com o six sigma e com outras metodologias que demandam
mudança, também na implantação do lean algumas empresas cometem alguns erros
básicos. O primeiro erro comum é o de imaginar que basta treinar um processista e ele
vai voltar para a empresa implementando lean. É preciso aculturar as pessoas, preparar
o ambiente. É preciso divulgar dentro da Organização o que é o Lean Manufacturing, e
os ganhos potenciais que ele pode proporcionar, procurando aproximar a todos da nova
ferramenta, realizando treinamentos de base, de acordo com a responsabilidade de cada
um. Outro erro é não haver o engajamento necessário da alta direção, pois é
fundamental num ambiente de mudança haver a participação e o exemplo das principais
lideranças.
O GestaoIndustrial.com
nasceu em 2009 com o objetivo de compartilhar informações online, instigar o
conhecimento, inspirar reflexões, e contribuir para o desenvolvimento de competências.
Depois da visita de mais de 270 mil profissionais e estudantes, estamos convencidos de
que o esforço e a dedicação a esse projeto valeu a pena. Não pretendemos que o
conteúdo do portal seja visto como suficiente ou única fonte, apenas que possa agregar
valor e ser uma boa vertente. Esperamos continuar seguindo esse caminho, acreditando
que o poder da informação pode transformar processos, construir coisas boas e
entusiasmar pessoas. Obrigado pela visita!
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