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ESCOLA ESTADUAL DE ENSINO MÉDIO GALÓPOLIS

Aluno(a)__________________________________________Nº:_____ Turma:_____ Componente Curricular:Literatura

1. Papos 2. Uma ouriça


— Me disseram… Se o de longe esboça lhe chegar perto,
— Disseram-me. se fecha (convexo integral de esfera),
— Hein? se eriça (bélica e multiespinhenta):
— O correto é “disseram-me”. Não “me disseram”.
e, esfera e espinho, se ouriça à espera.
— Eu falo como quero. E te digo mais… Ou é “digo-te”?
— O quê? Mas não passiva (como ouriço na loca);
— Digo-te que você… nem só defensiva (como se eriça o gato);
— O “te” e o “você” não combinam. sim agressiva (como jamais o ouriço),
— Lhe digo?
do agressivo capaz de bote, de salto
— Também não. O que você ia me dizer?
(não do salto para trás, como o gato):
— Que você está sendo grosseiro, pedante e chato. […]
— Dispenso as suas correções. Vê se esquece-me. Falo como bem daquele capaz de salto para o assalto.
entender. Mais uma correção e eu… Se o de longe lhe chega em (de longe),
— O quê? de esfera aos espinhos, ela se desouriça.
— O mato.
Reconverte: o metal hermético e armado
— Que mato?
— Mato-o. Mato-lhe. Mato você. Matar-lhe-ei-te. Ouviu bem? Pois na carne de antes (côncava e propícia),
esqueça-o e para-te. Pronome no lugar certo é elitismo! e as molas felinas (para o assalto),
— Se você prefere falar errado… nas molas em espiral (para o abraço).
— Falo como todo mundo fala. O importante é me entenderem. Ou
entenderem-me? Com apuro formal, o poema tece um conjunto semântico que
metaforiza a atitude feminina de
Nesse texto, o uso da norma-padrão defendido por um dos a.tenacidade transformada em brandura.
personagens torna-se inadequado em razão do(a) b.obstinação traduzida em isolamento.
A.falta de compreensão causada pelo choque entre gerações. c.inércia provocada pelo desejo platônico.
B.contexto de comunicação em que a conversa se dá. d.irreverência cultivada de forma cautelosa.
C.grau de polidez distinto entre os interlocutores. e.desconfiança consumada pela intolerância.
D.diferença de escolaridade entre os falantes.
E.nível social dos participantes da situação.
3.
d.referência à mescla dos trabalhos manual e digital.
e.uso de elementos gráficos voltados para o público-alvo.

4. Sítio Gerimum
Este é o meu lugar [...]
Meu Gerimum é com g
Você pode ter estranhado
Gerimum em abundância
Aqui era plantado
E com a letra g
Meu lugar foi registrado.

Nos versos de um menino de 12 anos, o emprego da palavra


“Gerimum” grafada com a letra “g” tem por objetivo
a.Valorizar usos informais caracterizadores da norma nacional.
b.Confirmar o uso da norma-padrão em contexto da língua poética.
c.Enfatizar um processo recorrente na transformação da língua
portuguesa.
d.Registrar a diversidade étnica e linguística presente no território
brasileiro.
O que assegura o reconhecimento desse texto em quadrinhos como e.Reafirmar discursivamente a forte relação do falante com seu lugar
prefácio é o(a) de origem.
a.função de apresentação do livro.
b.apelo emocional apoiado nas imagens.
c.descrição do processo criativo da autora.
5. TEXTO I
João Guedes, um dos assíduos frequentadores do boliche do A oposição entre campo e cidade esteve entre as temáticas
capitão, mudara-se da campanha havia três anos. Três anos tradicionais da literatura brasileira. Nos fragmentos dos dois
de pobreza na cidade bastaram para o degradar. Ao morrer, autores contemporâneos, esse embate incorpora um
não tinha um vintém nos bolsos e fazia dois meses que saíra elemento novo: a questão da violência e do desemprego.
da cadeia, onde estivera preso por roubo de ovelha.
As narrativas apresentam confluência, pois nelas o(a):
A história de sua desgraça se confunde com a da maioria dos a.criminalidade é algo inerente ao ser humano, que sucumbe
que povoam a aldeia de Boa Ventura, uma cidadezinha a suas manifestações.
distante, triste e precocemente envelhecida, situada nos b.meio urbano, especialmente o das grandes cidades,
confins da fronteira do Brasil com o Uruguai. estimula uma vida mais violenta.
c.falta de oportunidades na cidade dialoga com a pobreza do
TEXTO II campo rumo à criminalidade.
Comecei a procurar emprego, já topando o que desse e d.êxodo rural e a falta de escolaridade são causas da violência
viesse, menos complicação com os homens, mas não tava nas grandes cidades.
fácil. Fui na feira, fui nos bancos de sangue, fui nesses lugares e.complacência das leis e a inércia das personagens são
que sempre dão para descolar algum, fui de porta em porta estímulos à prática criminosa.
me oferecendo de faxineiro, mas tava todo mundo
escabreado pedindo referências, e referências eu só tinha do
diretor do presídio.
– Não vejo a graça.
6. De domingo – Você vai concordar que não é uma palavra de todos os dias.
– Outrossim… – Ah, não é. Aliás, eu só uso domingo.
– O quê? – Se bem que parece mais uma palavra de segunda-feira.
– O que o quê? – Não. Palavra de segunda-feira é “óbice”.
– O que você disse. – “Ônus”.
– Outrossim? – “Ônus” também. “Desiderato”. “Resquício”.
– É. – “Resquício” é de domingo.
– O que é que tem? – Não, não. Segunda. No máximo terça.
– Nada. Só achei engraçado. – Mas “outrossim”, francamente…

No texto, há uma discussão sobre o uso de algumas palavras da


língua portuguesa. Esse uso promove o(a) os mineiros da roça façam troça de mim porque nunca os vi falar de
“varrição”. E se eles rirem de mim não vai me adiantar mostrar-lhes
a)marcação temporal, evidenciada pela presença de palavras o xerox da página do dicionário com a “varroa” no topo. Porque para
indicativas dos dias da semana. eles não é o dicionário que faz a língua. É o povo. E o povo, lá nas
b)tom humorístico, ocasionado pela ocorrência de palavras montanhas de Minas Gerais, fala “varreção” quando não “barreção”.
empregadas em contextos formais. O que me deixa triste sobre esse amigo oculto é que nunca tenha
c)caracterização da identidade linguística dos interlocutores, dito nada sobre o que eu escrevo, se é bonito ou se é feio. Toma a
percebida pela recorrência de palavras regionais. minha sopa, não diz nada sobre ela, mas reclama sempre que o
D)distanciamento entre os interlocutores, provocado pelo emprego prato está rachado.
de palavras com significados pouco conhecidos.
E)inadequação vocabular, demonstrada pela seleção de palavras De acordo com o texto, após receber a carta de um amigo “que se
desconhecidas por parte de um dos interlocutores do diálogo. deu ao trabalho de fazer um xerox da página 827 do dicionário”
sinalizando um erro de grafia, o autor reconhece
8. Sou feliz pelos amigos que tenho. Um deles muito sofre pelo meu
descuido com o vernáculo. Por alguns anos ele sistematicamente me a)a supremacia das formas da língua em relação ao seu conteúdo.
enviava missivas eruditas com precisas informações sobre as regras B)a necessidade da norma padrão em situações formais de
da gramática, que eu não respeitava, e sobre a grafia correta dos comunicação escrita.
vocábulos, que eu ignorava. Fi-lo sofrer pelo uso errado que fiz de C)a obrigatoriedade da norma culta da língua, para a garantia de
uma palavra num desses meus badulaques. Acontece que eu, uma comunicação efetiva.
acostumado a conversar com a gente das Minas Gerais, falei em D)a importância da variedade culta da língua, para a preservação da
“varreção” — do verbo “varrer”. De fato, trata-se de um equívoco identidade cultural de um povo.
que, num vestibular, poderia me valer uma reprovação. Pois o meu E)a necessidade do dicionário como guia de adequação linguística
amigo, paladino da língua portuguesa, se deu ao trabalho de fazer em contextos informais privados.
um xerox da página 827 do dicionário, aquela que tem, no topo, a
fotografia de uma “varroa”(sic!) (você não sabe o que é uma
“varroa”?) para corrigir me do meu erro. E confesso: ele está certo.
O certo é “varrição” e não “varreção”. Mas estou com medo de que
9. Art. 2º Considera-se criança, para os efeitos desta lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito
anos de idade. […]
Art 3º A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção integral de que
trata esta Lei, assegurando-se-lhes, por lei ou por outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes facultar o desenvolvimento
físico, mental, moral, espiritual e social, em condições de liberdade e de dignidade.
Art 4° É dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar, com absoluta prioridade, a efetivação dos direitos
referentes à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao esporte, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à
convivência familiar e comunitária. […]

Para cumprir sua função social, o Estatuto da criança e do adolescente apresenta características próprias desse gênero quanto ao uso da língua e
quanto à composição textual. Entre essas características, destaca-se o emprego de

A)repetição vocabular para facilitar o entendimento.


B)palavras e construções que evitem ambiguidade.
C)expressões informais para apresentar os direitos.
D)frases na ordem direta para apresentar as informações mais relevantes.
E)exemplificações que auxiliem a compreensão dos conceitos formulados.

10. Só há uma saída para a escola se ela quiser ser mais bem-sucedida: aceitar a mudança da língua como um fato. Isso deve significar que a escola
deve aceitar qualquer forma da língua em suas atividades escritas? Não deve mais corrigir? Não!

Há outra dimensão a ser considerada: de fato, no mundo real da escrita, não existe apenas um português correto, que valeria para todas as
ocasiões: o estilo dos contratos não é o mesmo do dos manuais de instrução; o dos juízes do Supremo não é o mesmo do dos cordelistas; o dos
editoriais dos jornais não é o mesmo do dos cadernos de cultura dos mesmos jornais. Ou do de seus colunistas.

Assim sendo, o domínio da língua portuguesa implica, entre outras coisas, saber

11.A)descartar as marcas de informalidade do texto.


B)reservar o emprego da norma padrão aos textos de circulação ampla.
C)moldar a norma padrão do português pela linguagem do discurso jornalístico.
D)adequar as formas da língua a diferentes tipos de texto e contexto.
E)desprezar as formas da língua previstas pelas gramáticas e manuais divulgados pela escola.

Assinale a alternativa que contém um trecho em que o autor apresenta as informações numa
linguagem altamente conotativa.
a) ... soltou um bafo pesado de álcool na cara de Nacib...
b) Os olhos do árabe fitavam Gabriela a dobrar a esquina...
c) Já cumprira Nacib, na véspera, seu dever de cidadão...
d) Mas descobriu um broche engraçado, uma sereia dourada.
e) Parecia feita de canto e dança, de sol e luar, era de cravo e canela.

12. Aquele bêbado

— Juro nunca mais beber — e fez o sinal da cruz com os indicadores. Acrescentou: — Álcool.

O mais ele achou que podia beber. Bebia paisagens, músicas de Tom Jobim, versos de Mário Quintana. Tomou um pileque de Segall. Nos fins de
semana, embebedava-se de Índia Reclinada, de Celso Antônio.

— Curou-se 100% do vício — comentavam os amigos.

Só ele sabia que andava mais bêbado que um gambá. Morreu de etilismo abstrato, no meio de uma carraspana de pôr do sol no Leblon, e seu
féretro ostentava inúmeras coroas de ex-alcoólatras anônimos.

A causa mortis do personagem, expressa no último parágrafo, adquire um efeito irônico no texto porque, ao longo da narrativa, ocorre uma
a) metaforização do sentido literal do verbo “beber”.
b) aproximação exagerada da estética abstracionista.
c) apresentação gradativa da coloquialidade da linguagem.
d) exploração hiperbólica da expressão “inúmeras coroas”.
e) citação aleatória de nomes de diferentes artistas.

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