Você está na página 1de 22

Bioestatística

Material Teórico
Obtenção e Expressão de Dados Utilizados em Bioestatística

Responsável pelo Conteúdo:


Prof. Me. Sidney Silva Santos

Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Obtenção e Expressão de Dados
Utilizados em Bioestatística

• Introdução;
• Elaboração de Questionários e de Instrumentos de Coleta de Dados;
• Elaboração de Tabelas e Gráficos.

OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Apresentar como é elaborado um questionário e demais instrumentos para coleta de dados;
• Discutir como é feita a tabulação dos dados;
• Abordar o processo de elaboração de tabelas e gráficos.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.

Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.

Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.

Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;

Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre­se de que uma


alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;

No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você tam­
bém encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão sua
interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;

Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus­
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e de
aprendizagem.
UNIDADE Obtenção e Expressão de Dados Utilizados em Bioestatística

Introdução
Hoje iremos falar sobre assuntos importantes que serão preparatórios para as
análises estatísticas ou a finalização (exposição) dos resultados obtidos. São eles:
1. Elaboração de questionários e de instrumentos de coleta de dados;
2. Tabulação de dados;
3. Elaboração de tabelas e gráficos.

Será um módulo bem interessante. Esperamos que você o aproveite e aprenda


da melhor forma possível.

Elaboração de Questionários e de
Instrumentos de Coleta de Dados
Depois do nosso primeiro módulo, percebemos que toda linguagem teórica
­precisa ser transformada em uma linguagem operacional, isto é, ser convertida
para condições que nos permita agrupar e relacionar uma informação (dados) com
­outra, bem como expressar informações a respeito do fenômeno investigado.

Isso porque será a partir dessa transformação, do teórico para o operacional,


que poderemos avançar na estatística.

Tomemos como ponto inicial deste conteúdo o mesmo exemplo já abordado na


aula anterior:

Linguagem teórica Linguagem operacional


– Um possível escore que varie de zero a dez (variável quantitativa);
Preconceito – Categorizar as respostas de acordo com a intensidade do preconceito: “muito”, “razoável”,
“nenhum” (variável qualitativa);
– Nível de estudo: fundamental, médio ou superior (variável qualitativa);
– Anos de escolaridade (variável quantitativa);
Escolaridade
– Quantidade de anos cursados, não importando o tipo de curso: técnicos, de idiomas etc. (variável
quantitativa).

Perceba que, no exemplo acima, se fôssemos criar um questionário para cole­


tar as informações de pessoas, possivelmente teríamos alguns problemas, já que
teríamos mais de uma forma de entender o que seria “preconceito” e “escolari­
dade”. Sendo assim, qual seria a melhor forma de se obter informações sobre
esses dois conceitos?

8
Figura 1
Fonte: Getty Images

Problematização
Para discutirmos isso, vamos pensar na seguinte situação (que poderia ser bem real!):

Figura 2
Fonte: Getty Images

Situação A: imagine que fosse apresentado aos participantes de uma pesquisa


de uma grande empresa de tratamento de água e de esgoto o seguinte formulário:
1. Qual o seu preconceito para aceitar uma campanha sanitária?

(__) muito (__) razoável (__) nenhum

9
9
UNIDADE Obtenção e Expressão de Dados Utilizados em Bioestatística

2. Qual a sua escolaridade?

(__) fundamental incompleto

(__) fundamental completo

(__) médio incompleto

(__) médio completo

(__) superior incompleto

(__) superior completo

Na sua opinião, temos um formulário de fácil entendimento?

Figura 3
Fonte: Getty Images

Pense nessa condição e, ao final deste módulo, veremos se você acertou ou errou.

Quando se pretende realizar análise estatística, precisamos de dados. No mó­


dulo anterior, vimos que os dados são definidos a partir da criação de variáveis.
A classificação dos dados em variáveis é que permitirá a elaboração de tabelas,
gráficos e também a investigação das relações de duas ou mais variáveis. Uma das
formas mais usuais de obtenção de dados é a partir do uso de questionários ou de
roteiros. Esses podem obter informações (dados) pela simples observação (por
exemplo, se a pessoa é muito alta ou muito baixa), pelo questionamento (saber a
opinião de uma pessoa sobre o atendimento que teve em uma determinada loja),

10
medição (por exemplo, a circunferência abdominal de uma mulher) ou por testes
(um exame de sangue, um teste ergométrico). Todas essas formas permitem a ob­
tenção de dados.

Exemplo:

Se desejarmos saber o sexo e a idade de uma pessoa, o questionário poderia ser


elaborado assim:

Orientações: Gostaríamos que o(a) senhor(a) nos fornecesse algumas informa­


ções a seu respeito. Por favor, responda as seguintes questões:
1. Qual o seu sexo? (__) Masculino (__) Feminino

2. Qual a sua idade? _____ anos

Comentários:

Nesse exemplo, pode­se perceber que as informações quanto ao sexo foram


obtidas a partir da criação de uma variável nominal que possui as duas categorias
(masculino e feminino), e temos ainda a idade do entrevistado, a partir da criação
de uma variável contínua (anos).

Tabulação de Dados
A tabulação de dados seria a etapa seguinte. Nela, podemos visualizar a quan­
tidade e a qualidade dos dados obtidos. Consideremos agora uma pesquisa que
procurou investigar os fatores socioeconômicos de mulheres frequentadoras de um
supermercado. Veja, na tabela abaixo, a distribuição das informações coletadas
após a aplicação de um questionário:

Figura 4 – Dados sociodemográficos de mulheres frequentadoras de um determinado supermercado


Fonte: Acervo do Conteudista

11
11
UNIDADE Obtenção e Expressão de Dados Utilizados em Bioestatística

Abaixo, a codificação dos dados. Nesse modelo, foi utilizado um programa dis­
ponível na grande maioria dos computadores e também nas dependências da nossa
universidade, o Excel.

Figura 5 – Apresentação da descrição e da forma de mensuração/categorização das variáveis apuradas na Figura 4


Fonte: Acervo do Conteudista

Nessa tabulação, podemos verificar a distribuição dos dados. No caso acima,


visualizamos as variações de idade, de profissão, número de filhos, renda etc. Ao
final, percebemos (Figura 4) que boa parte da amostra possui filhos. Sempre usa-
mos a tabulação dos dados para, a partir dessa etapa, começarmos a realizar
análises estatísticas descritivas e analíticas.

Elaboração de Tabelas e Gráficos


Agora que já entendemos como devemos coletar e tabular os dados, vamos expres­
sar as informações obtidas. Muitos já devem ter lido as informações descritas a partir
de textos (parágrafos), tabelas e gráficos. Vamos saber como usá-los adequadamente.

Texto
A divulgação dos dados a partir de textos deverá ser feita sempre com muito
cuidado. Não se pode colocar em um único parágrafo muitas informações, pois, ao
final da leitura desse parágrafo, o leitor já não se lembrará de tudo o que leu. Veja
o exemplo a seguir:

12
Foram detectadas duas fases distintas de uso de drogas. A primeira, com drogas lícitas, sendo
o cigarro e o álcool as mais citadas pela amostra. Parentes e amigos dos entrevistados foram os
incentivadores do consumo, e o motivo alegado para o uso dessas substâncias foi a necessidade
de autoconfiança. A idade precoce do consumo e o uso pesado de uma ou ambas as drogas foram
determinantes para o início de uma escalada de drogas ilícitas. A maconha foi a primeira droga
dessa segunda fase. Uma postura mais ativa na busca da droga como fonte de prazer passou a
ser o motivo do consumo.

Fonte: Revista de Saúde Pública, v. 36 n. 4, p. 420-430, 2002. Disponível em: https://goo.gl/cWg4b6

Perceba que no texto acima foram sintetizadas as informações mais importantes


que os pesquisadores encontraram. É claro que uma pesquisa contém muito mais
informação do que a existente em um parágrafo, mas o detalhamento dos dados é
melhor compreendido pelo uso de tabelas e gráficos.

Gráficos
Os gráficos, que em estatística e metodologia também podem ser chamados de
figuras, servem para expressar de forma generalizada (considerando toda a amos­
tra ou população) ou detalhada (apresentando cada elemento da amostra) os dados
apurados. Há diversos tipos de gráficos, vejamos alguns deles:

Exemplo 1: Gráfico de pontos

Figura 6 – Curva ajustada para coeficientes de mortalidade por homicídios segundo


local de residência e renda nominal média. Município de São Paulo, 2000
Fonte: Rev. Saúde Pública, 2005

13
13
UNIDADE Obtenção e Expressão de Dados Utilizados em Bioestatística

Exemplo 2: Gráfico de setores

Figura 7 – Distribuição do local onde o agressor foi encontrado


Fonte: Saúde Soc. São Paulo, 2008

Exemplo 3: Gráfico de barras

Figura 8 – Percentagem de vítimas de acidentes de trânsito segundo sexo, regime de internação e tipo de acidente
Fonte: Rev. Saúde Pública, 1993

14
Exemplo 4: Gráfico de barras

Figura 9 – Número de substâncias psicoativas que motivaram a procura de tratamento pelos


farmacodependentes classificados como jogador social, jogador problema e jogador patológico
Fonte: Rev. Saúde Pública, 2005

Exemplo 5: Gráfico de barras

Figura 10 –Frequência de diagnóstico de dependência de álcool, cocaína/crack e maconha


Fonte: Rev. Saúde Pública, 2005

As tabelas são muito utilizadas para facilitar (e muito) as informações obtidas e


apuradas. Se a variável for qualitativa, realiza­se a simples contagem; se for quan­
titativa, usamos os cálculos matemáticos básicos (soma, divisão, multiplicação, di­
visão etc.).

Veja o exemplo seguir, no qual são descritos dados quantitativos:

15
15
UNIDADE Obtenção e Expressão de Dados Utilizados em Bioestatística

Figura 11 – Evolução dos gastos sociais por função nos Estados brasileiros – R$ 2002-04
Fonte: Ciências & Saúde Coletiva, 2007

Já nesta outra tabela temos a descrição de dados qualitativos:

Figura 12 – Características quanto ao sexo, idade e ano do curso na


amostra de estudantes de Medicina (N = 449). Pelotas, 1996
Fonte: Rev. Saúde Pública, 2001

Os exemplos acima são considerados como modelos simples de tabelas. Há


diversos outros formatos de tabelas que expressam as relações de duas ou mais
variáveis, sejam elas de natureza quantitativa ou qualitativa.

A grande vantagem das tabelas mais complexas, isto é, as que mostram as


relações de duas ou mais variáveis, é que essas conseguem explicar e esclarecer
melhor o fenômeno investigado. São essas as tabelas que buscaremos compreender
e elaborar ao final dos nossos estudos.

16
Exemplo 6:

Figura 13 – Modelos finais para as associações entre categorias de fumo e características associadas
Fonte: Rev. Saúde Pública, 2001

E Quanto ao Problema que foi Exposto no Começo desta Unidade?


Na verdade, temos duas perguntas que podem gerar uma série de dúvidas quan­
to às suas respostas. Vamos entender as razões:

Sobre o termo “preconceito”


1º) Quando se pergunta qual o nível de preconceito para aceitar uma campa­
nha sanitária, é possível que muitas pessoas jamais tenham pensado que pudesse
ser usado o termo “preconceito” fora das condições sociais, étnicas e socioeconô­
micas. Daí que muitas poderiam responder sem ter entendido realmente o signi­
ficado de “preconceito”, que é um pré­julgamento, um pré­conceito a respeito de
algo ou alguém;

2º) A falta de conhecimento amplo sobre esse conceito poderia obrigar o pes­
quisador (aquele que formulou as perguntas) a criar breves definições para conceitos
como esse. Possivelmente, ninguém iria admitir muito preconceito, pois, na nossa
sociedade, causa má impressão admitir isso. Definir o que seria muito preconceito,
razoável ou nenhum preconceito talvez fosse uma forma eficiente de obter respos­
tas com mais fidedignidade.

17
17
UNIDADE Obtenção e Expressão de Dados Utilizados em Bioestatística

Sobre o termo “escolaridade”


3º) Em relação à escolaridade, se fossemos entrevistar pessoas de todas as ida­
des, talvez os idosos não tenham a resposta exata, pois, no “tempo deles” de estu­
do, não existia “esse tal” de ensino fundamental e médio; havia o ginasial e outros
níveis de escolaridade. Perceba que o “erro” foi na formulação da pergunta, pois
não havia essa divisão de níveis de escolaridade.

4º) Definindo “escolaridade” como “anos de estudo”, você poderia entender que,
independentemente da divisão vigente quanto aos níveis de escolaridade, as reais
chances de identificarmos os anos estudados de cada participante seria muito maior
– isso se fosse do nosso interesse investigar os anos estudados dos entrevistados.
No entanto, se a pesquisa fosse realizada apenas com adolescentes, essa divisão de
escolaridade não traria qualquer problema.

Conclusão
Esperamos que, ao final desta unidade, você tenha percebido a importância da
coleta, tabulação e expressão de dados. A estatística é também coleta, análise e
expressão dos dados.

18
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:

Leitura
Técnicas de coleta de dados e instrumentos de pesquisa
https://goo.gl/nJfHKW
A elaboração de questionários na pesquisa quantitativa
https://goo.gl/vRHQuf
Estatística Descritiva: Tabelas e Gráficos
https://goo.gl/24BZx
Gráficos e tabelas para organizar informações
https://goo.gl/V4UwAi

19
19
UNIDADE Obtenção e Expressão de Dados Utilizados em Bioestatística

Referências
HULLEY, Stephen B. Delineando a Pesquisa Clínica – Uma Abordagem Epi-
demiológica. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

20

Você também pode gostar