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Diversificar e adequar técnicas e instrumentos de avaliação

1. Para refletir sobre este tema, analise os seguintes documentos, ponderando quais os aspetos
que temos ou não em conta na avaliação das aprendizagens.

Técnicas e instrumentos de avaliação. Como diversificar? Como adequar?

Como facilmente se compreende, não é possível avaliar tudo o que um aluno sabe e é capaz de fazer. O que normalmente
fazemos é avaliar amostras de desempenhos dos alunos, relativamente a domínios previstos no currículo, na sequência da
resolução de tarefas de natureza diversa. Em geral, se tudo correr bem, as amostras de desempenho numa variedade de
tarefas permitem-nos afirmar com alguma segurança se os alunos aprenderam, ou não, o que era suposto aprenderem
relativamente a um dado domínio.

Sabemos, por outro lado, que sempre que avaliamos estamos a cometer um erro. Ou seja, não há nenhuma estratégia,
técnica ou instrumento que nos permita avaliar exatamente determinadas aprendizagens dos alunos. Todos têm as suas
vantagens e desvantagens e todos nos induzem num erro que, naturalmente, temos de procurar reduzir à sua ínfima
expressão. Também não é fácil garantir que a avaliação abranja todos os domínios do currículo ou mesmo o essencial de
cada um dos domínios.

O desenvolvimento das aprendizagens dos alunos está condicionado por um conjunto complexo e interdependente de
fatores tais como as suas capacidades intelectuais, os seus sistemas de conceções, as suas capacidades metacognitivas, as
suas atitudes, desejos, persistência ou os contextos socioculturais em que se inserem. Convém ter em atenção que os alunos
possuem conhecimentos, aptidões, motivações, estilos e ritmos de aprendizagem que podem variar significativamente. Há
alunos que resolvem situações problemáticas por escrito com facilidade, mas podem não apresentar a mesma facilidade se
têm de as resolver oralmente, ou perante o grupo da sua turma. Há alunos com uma inteligência linguística de fraco nível,
mas que podem ter uma inteligência lógico-matemática ou uma inteligência espacial de nível bom ou mesmo muito bom.

A recolha de informação, que toda a avaliação pressupõe, tem de ter em conta as considerações que acima se fizeram. Por
isso se propõe um princípio de triangulação aplicável às estratégias, técnicas e instrumentos, aos intervenientes no processo
de avaliação, aos tempos ou momentos de avaliação e aos espaços ou contextos.

Triangulação de estratégias, técnicas e instrumentos

É necessário diversificar os métodos e instrumentos de recolha de dados e encontrar formas de dar alguma estrutura à
avaliação de natureza mais informal. É através da avaliação que os alunos tomam consciência do tipo de atividades,
experiências de aprendizagem, atitudes, valores, conhecimentos e competências que são valorizados. A utilização
privilegiada de testes de papel e lápis é manifestamente insuficiente. É desejável que se recolha informação através de
relatórios, de pequenos comentários, de observações mais ou menos estruturadas, de conversas (entrevistas) mais ou menos
formais ou de trabalhos e produtos de diversas naturezas realizados pelos alunos. Perante a diversidade de tarefas de
avaliação, os alunos percebem que não chega estudar para o teste e que se espera que desenvolvam um alargado leque de
aprendizagens. A diversidade de métodos de recolha de informação permite avaliar mais domínios do currículo, lidar melhor
com a grande diversidade de alunos que hoje estão nas salas de aula e também reduzir os erros inerentes à avaliação.

Triangulação de intervenientes

Para poder dar resposta a tudo o que hoje dele se exige, o processo de avaliação deve poder contar com os próprios alunos,
com os pais, com outros professores e, se necessário, com outros técnicos, como é o cado dos assistentes sociais e dos
psicólogos escolares. Assegura-se deste modo a triangulação entre os principais intervenientes no processo de avaliação, o
que, como se imagina, tem consequências a diversos níveis. Um deles é o da disponibilidade dos professores partilharem
genuinamente o poder que lhes é conferido pela avaliação.

Triangulação de espaços e de tempos

Na mesma linha dos raciocínios anteriores, parece importante que a avaliação possa decorrer em diferentes contextos ao
longo de diferentes períodos de tempo. Isto significa pelo menos duas coisas. Uma é a de que pode ser importante recolher
informação dentro da sala de aula, onde se podem criar situações muito diversificadas (e.g., trabalho individual, em pequeno
grupo, em grande grupo, interpares, dramatizações, simulações de conferências, apresentações, leitura, etc.), mas também
fora dela como é, por exemplo, o caso de visitas a museus, a unidades empresariais, a mercados, a instituições científicas ou
a instituições de outra natureza. Outra é a de que a informação, desejavelmente, deve ser recolhida em tempos
diversificados; sempre que possível ao longo dos períodos escolares e não em dois ou três momentos previamente
anunciados.” (Fernandes, 2005, pp. 80-82)

2. Atente ao quadro seguinte sobre técnicas de recolha de informação (Neves e Ferreira, 2015).

2.1 Refira o(s) instrumento(s) que poderá(ão) ser mais útil(eis) à avaliação formativa centrada nos
processos e não no produto final. Argumente.

3. O quadro da direita traduz a perceção do grau de eficácia de diferentes formas de avaliação


num estudo realizado por Marília Cid
em 2017.
3.1 Reflita sobre as formas de
avaliação mais e menos valorizadas
em termos de eficácia. Concorda
com o posicionamento destes
docentes?
4. Com base na informação anterior, associe cada uma das situações passíveis de serem avaliadas
(Coluna A) à(s) tarefa(s) de avaliação que considere mais adequada(s) (Coluna B). Justifique, para
quatro das situações da Coluna A, a(s) tarefa(s) escolhida(s).
COLUNA A COLUNA B
Se pretende avaliar se o aluno consegue/é capaz de… Tarefas de avaliação
1- Apresentar um contra-argumento a- teste;
2- Formular uma hipótese a partir de um conjunto de dados b- exposição oral;
3- Utilizar linguagem científica c- registo de vídeo de um debate;
4- Ouvir os argumentos dos outros d- questionário escrito;
e- registo de vídeo de uma
5- Identificar as palavras-chave num artigo científico entrevista;
6- Convencer os colegas a ler um determinado livro f- relatório de uma atividade
7- Respeitar os procedimentos de segurança no experimental;
laboratório g- registo de uma observação;
8- Delinear uma experiência para validar uma hipótese h- questionário oral;
i- comentário crítico;
9- Utilizar com destreza o material de laboratório j- organização de uma exposição
10- Conjugar o verbo “to be” coletiva de trabalhos;
11- Trabalhar em equipa K- apresentação oral;
12- Justificar opiniões l- relatórios

5. Tendo em conta as consequências do perfil do aluno em vigor abaixo citadas, identifique para
um instrumento de avaliação estratégias para trabalhar mais do que uma área de competência
do perfil do aluno de forma integrada.
Áreas de competência:

a. Linguagem e textos; b. informação e comunicação; c. raciocínio e resolução de problemas; d.


pensamento crítico e criativo; e. relacionamento interpessoal; f. desenvolvimento pessoal e autonomia; g.
bem-estar, saúde e ambiente; h. sensibilidade estética; i. saber científico e tecnológico; j. consciência e
domínio do corpo.

Consequências práticas do perfil do aluno


• abordar os conteúdos de cada área do saber, associando-os a situações e problemas presentes no quotidiano da vida do
aluno ou presentes no meio sociocultural e geográfico em que se insere, recorrendo a materiais e recursos diversificados;
• organizar o ensino prevendo a experimentação de técnicas, instrumentos e formas de trabalho diversificados, promovendo
intencionalmente, na sala de aula ou fora dela, atividades de observação, questionamento da realidade e integração de
saberes;
• organizar e desenvolver atividades cooperativas de aprendizagem, orientadas para a integração e troca de saberes, a
tomada de consciência de si, dos outros e do meio e a realização de projetos intra ou extraescolares;
• organizar o ensino prevendo a utilização crítica de fontes de informação diversas e das tecnologias da informação e
comunicação;
• promover de modo sistemático e intencional, na sala de aula e fora dela, atividades que permitam ao aluno fazer escolhas,
confrontar pontos de vista, resolver problemas e tomar decisões com base em valores;
• criar na escola espaços e tempos para que os alunos intervenham livre e responsavelmente;
• valorizar, na avaliação das aprendizagens do aluno, o trabalho de livre iniciativa, incentivando a intervenção positiva no
meio escolar e na comunidade.
6. Os quadros seguintes procuram identificar alguns métodos de ensino e respetivos recursos
pedagógicos, bem como práticas inovadoras na escola. Identifique as metodologias que se
enquadrarão melhor numa pedagogia atualizada (perspetiva comunicacional OU sócio-
-construtivista). Argumente.

Ferramentas/práticas inovadoras:
• a aprendizagem baseada no pensamento;
• a aula invertida;
• a aprendizagem baseada em projetos;
• a aprendizagem cooperativa;
• a gamificação (princípios de progressão: atinge e avança);
• a aprendizagem baseada em problemas;
• desenho do pensamento (design thinking)
• aprendizagem baseada em competências.

7. Tendo em conta as formas de devolver informação sobre a avaliação aos alunos – feedback,
identifique situações de como potenciar os instrumentos de avaliação como o referido no
exemplo.

Por exemplo, fichas de avaliação em dois momentos:


no segundo momento, o professor devolve o teste
com anotações e pistas de orientação para melhorar
respostas, mas também permitindo que o aluno
aprenda autonomamente entre os dois momentos.

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