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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

OBSERVAÇÃO, PRÁTICA E REFLEXÕES NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO II:


EDUCAÇÃO INFANTIL

EFRAIM AURELIANO DE MELO

GROSSOS-RN
2016
EFRAIM AURELIANO DE MELO

OBSERVAÇÃO, PRÁTICA E REFLEXÕES NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO II:


EDUCAÇÃO INFANTIL

Relatório apresentado ao
Curso de Pedagogia, na
modalidade a distância, do
Centro de Educação, da
Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como
requisito parcial para
obtenção do título de
Licenciatura em Pedagogia,
sob a orientação do professor
Ms. Josenildo S Martins.

GROSSOS-RN
2016
OBSERVAÇÃO, PRÁTICA E REFLEXÕES NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO II:
EDUCAÇÃO INFANTIL.

Por

EFRAIM AURELIANO DE MELO

Relatório apresentado ao
Curso de Pedagogia, na
modalidade a distância, do
Centro de Educação, da
Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como
requisito parcial para
obtenção do título de
Licenciatura em Pedagogia.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________
Prof. Ms. Josenildo da Silva Martins (Orientador)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

_____________________________________________________
Prof. Raimundo Paulino da Silva (Examinador)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte

______________________________________________________
Prof. Ms. Francisco Leilson Silva (Examinador Externo)
Secretaria de Estado da Educação e da Cultura do Rio Grande do Norte
RESUMO
Este relatório parte do pressuposto de que o estágio é o momento de se relacionar teoria
e prática como partes constituintes de um mesmo processo. Para tanto, tem como
objetivo principal resumir sobre o processo de observação e regência no Estágio
Supervisionado II – Educação Infantil, desenvolvido na Unidade de Educação Infantil
(UEI) Amélia Ferreira de Souza. Como objetivos específicos tem-se a necessidade de
examinar os principais aspectos da relação entre teoria e prática, bem como apresentar
as vivências pedagógicas nesse processo formativo. Dentre as técnicas de pesquisas que
qualificam o trabalho acadêmico, este se utiliza da pesquisa de caráter bibliográfico no
contexto de uma abordagem qualitativa e utiliza a técnica de observação in loco.
Apresenta o cuidar e o educar na Educação Infantil como prática de suma importância no
processo de ensino, aprendizagem e no desenvolvimento da criança. Salienta que
apreensão e a compreensão do mundo pelas crianças em relação ao próximo e ao
distante da realidade delas se dar por meio de interações, mediações, brincadeiras e
vivências pessoais e coletivas. Outrossim, revela que a rotina na Educação Infantil é
muito importante para o desenvolvimento das crianças, pois, através delas as crianças
crescem mais centradas, com uma noção de espaço, de tempo e de organização.

Palavras-Chave: Estágio Supervisionado. Educação Infantil. Vivência Pedagógica.

ABSTRACT

This report assumes that the stage is the time to relate theory and practice as constituent
parts of the same process. Therefore, the main objective to reflect on the process of
observation and conducting the Supervised Internship II - Early Childhood Education,
developed at the Pediatric Education (UEI) Amelia Ferreira de Souza. The specific
objectives has been the need to examine the main aspects of the relationship between
theory and practice, as well as presenting the pedagogical experiences in this training
process. Among the research techniques that qualify academic work, this is used the
bibliographical research in the context of a qualitative approach and uses the in situ
observation technique. It shows the care and education in early childhood education as a
practice of paramount importance in the teaching, learning and development of children.
Underlines that apprehension and understanding of the world by children in relation to the
next and from the truth of them occur through interactions, mediations, jokes and personal
and collective experiences. Moreover, it revealed that the routine in child education is
very important for children's development because through them children grow more
focused, with a sense of space, time and organization.

Keywords: Supervised Internship. Child education. Teaching experience.


SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

2. O CAMPO DE ESTÁGIO: CARACTERIZAÇÃO

3. ESTÁGIO: CONCEPÇÕES TEÓRICAS

3.1 AÇÃO PEDAGÓGICA REALIZADA NO ESTÁGIO:


PLANEJAMENTO

3.2 Uma reflexão sobre as observações e a prática de regência no


Estágio Supervisionado

4. ROTINAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

REFERÊNCIAS
1

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho tem por finalidade refletir sobre o processo de

observação e regência no Estágio Supervisionado II - Educação Infantil,

desenvolvido na Unidade de Educação Infantil (UEI) Amélia Ferreira de Souza,

especificamente, em uma sala de aula da Educação Infantil, com crianças na

faixa etária de 5 anos, no turno matutino. O período de duração deste estágio

corresponde a 6 (seis) meses. É objetivo também examinar os principais

aspectos da relação entre teoria e prática, bem como a importância das

vivências nesse processo formativo.

Dentre as técnicas de pesquisas que qualificam o trabalho

acadêmico, este se utiliza da pesquisa de caráter bibliográfico no contexto de

uma abordagem qualitativa e do uso da técnica de observação in loco. O

desenvolvimento deu-se a partir de material já elaborado (livros, artigos,

dissertações e teses) no contexto das temáticas: Estágio Supervisionado e

Educação Infantil. Sendo, pois, que a principal vantagem desse tipo de

pesquisa “reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama

de fenômenos muitos mais ampla do que aquela que poderia pesquisar

diretamente” (GIL, 1999, p. 65). Assim, foram de grande avalia as contribuições

Pimenta (2004), Barbosa (2006), Fontana (1997), Brasil (1998), dentre outras

expostas ao longo da discussão.

Este trabalho é partidário da ideia de que o exercício docente não

pode se restringir a repetições de leituras, escrita e cálculos, mas, à apreensão

e a compreensão do mundo pelas crianças em relação ao próximo e ao

distante da realidade delas por meio de interações, mediações, brincadeiras e

vivências pessoais e coletivas. Com isso, o processo de ensino e

aprendizagem poderá desenvolver, nas crianças, significativas e concretas


2

assimilações cotidianas da realidade, enriquecendo o desenvolvimento de

habilidades cognitivas em relação ao conhecimento de mundo.

A temática deste trabalho surge a partir das observações in loco

como parte do Estágio Supervisionado na Educação Infantil. A escolha da

escola Amélia Ferreira de Souza como campo de pesquisa se deu por essa ser

uma escola que solicita olhares direcionados e preocupados com sua melhoria.

Quanto a turma de Educação Infantil, a escolha se deu por afinidade, por essa

ser uma etapa em que o cuidar e o educar cumprem papel fundamental na

formação para a vida.

Além desta seção introdutória, o trabalho apresenta, na seção 2

(dois), a caracterização do campo de estágio do relatório; na seção 3 (três)

aborda uma discussão teórico-prática sobre o estágio enquanto conceito.

Destaca, também, uma ação pedagógica como intervenção no estágio e uma

reflexão sobre a etapa de observação e regência no Estágio Supervisionado;

na seção 4 (quatro), trás uma discussão sobre a importância da rotina na

Educação Infantil; na seção 5 (cinco) apresenta as considerações finais da

experiência no estágio; e, por fim, são disponibilizadas as referências que

subsidiaram as reflexões como aporte teórico.


3

2 O CAMPO DE ESTÁGIO: CARACTERIZAÇÃO

O desenvolvimento deste estágio se deu na Unidade de Educação

Infantil (UEI) Amélia Ferreira de Souza, situada na Rua Filgueira Filho, s/n, no

Bairro Alto de São Manoel, Mossoró/RN. A UEI supracitada apresenta uma

estrutura física limitada, pois, a possui apenas 03 salas de aulas; 01 área

aberta pequena onde as crianças realizam suas refeições e usam também para

a prática de atividades de recreação; 01 cozinha apertada; 02 banheiros, sendo

um masculino e outro feminino; 01 sala para a Direção que também é usada

pela Coordenação e Professores. Não existe biblioteca e os livros ficam em

armários nas salas de aulas. Na parte de fora das salas tem uma área que

serve para as crianças realizarem suas atividades externas e para a

distribuição do lanche.

Esta unidade de Educação Infantil (UEI) é administrada pela prefeitura

de Mossoró, por intermédio da Secretária de Educação que busca a melhoria

do funcionamento do ambiente escolar e do processo de ensino e

aprendizagem do alunado. Compõe o quadro de funcionários 06 (seis)

professores licenciados em pedagogia, 03 (três) auxiliares que ajudam no

desenvolvimento das atividades em sala, juntamente com 01 (uma) diretora, 01

(uma) coordenadora, merendeiras e auxiliares de serviços gerais (ASGs). Seu

funcionamento se dar nos turnos matutino e vespertino com a Educação

Infantil.

A rotina da sala de aula acompanhada se dar da seguinte forma:

07h00 - acolhimento; 07h30 - lanche; 08h00 - brincadeiras livres; 09h00 -

segundo lanche; 09h30 - apresentação do tema de aula seguida por atividades

relacionadas; 10h15 - atividades para casa; e, 11h00 - ida para casa. Estão
4

inclusos, paralelo a essa rotina, as idas ao banheiro, tomar água e higienização

das mãos.

Nesta Unidade de Educação Infantil as reuniões acontecem

bimestralmente. Nelas, são expostos os problemas, as sugestões para

soluções destes e para melhoria do ambiente escolar. É discutida, também, a

melhoria cada vez mais da aprendizagem dos alunos, encarados com sujeitos

partes do processo de construção do conhecimento.

A visão da escola é caracterizada pela perspectiva sócio-

interacionista buscando compreender o aluno como um sujeito que interage

com o meio e que faz parte do processo de ensino e aprendizagem. Dessa

forma, são levadas em considerações elementos internos e externos aos

sujeitos no processo de ensino aprendizagem. Esta perspectiva que a escola

adota está pautada nas ideias de Vygotsky (2002), que defende que o

desenvolvimento humano se dá em relação, nas trocas entre parceiros sociais,

através de processos de interação e mediação. Processos de interação são,

para este autor, processos onde o indivíduo interage com a sua cultura. Já o

processo de mediação ocorrer também entre os membros de uma comunidade,

em suas trocas comunicativas, através dos bens materiais e simbólicos criados

pelos membros da comunidade.

A sala de aula onde se desenvolveram as observações e a regência

do Estágio Supervisionado era composta por 18 alunos. Sendo uma com

necessidade especial. Essa criança portadora de necessidade especial

apresentava atraso no seu desenvolvimento Neuro-Psicomotor, em outras

palavras, ela demorava a firmar a cabeça, sentia dificuldades de andar, sentar,

falar e no aprendizado. O trabalho com essa criança especial era realizado com

o apoio de uma auxiliar de sala e suas “tarefas” eram iguais as das outras
5

crianças, só que com um atendimento “diferenciado” para ela, por ela não ter

como controlar seus movimentos sozinha.

A sala apresentava um espaço com cadeiras e mesas próprias para

crianças. Além disso, disponibilizava uma estante com livros e materiais de

apoio pedagógico, um ventilador, duas lâmpadas florescentes e uma lousa. Era

arejada e clara, com paredes bem ilustradas, dando uma boa visão ao

ambiente. O que contribuiu diretamente na aprendizagem das crianças, pois,

quando se tem um ambiente acolhedor, a aprendizagem se desenvolve de

forma prazerosa. As pinturas, gravuras, cartazes fixados nas paredes

chamavam a atenção das crianças e mantiveram relação com as aulas da

professora pela interatividade que ela construía.

A turma é bem heterogênea, cada aluno tem particularidade e a

construção do conhecimento se dava de maneira diferente de um para outro.

Ou seja, uns apresentavam mais facilidades, outros tinham dificuldades na

realização, construção e participação das atividades pedagógicas. Mesmo

assim, eram bastante interativas e sempre tentavam fazer as tarefas da melhor

maneira possível.

Em relação à linguagem oral, os alunos se expressam muito bem, em

bora alguns focem tímidos. É sempre gratificante ver o desenvolvimento de

cada um na aprendizagem, seja através da exposição oral, seja na exposição

escrita, nas artes etc.

Diante da realidade estudada e praticada por meio do Estágio

Supervisionado um questionamento foi levantado, a saber: como é possível

desenvolver um trabalho pedagógico atendendo as individualidades do

alunado? Esforço grande há de se exercer para encontrar resposta a esse


6

questionamento. É preciso, pois, uma educação de qualidade e a promoção de

meios para que essa conquista seja alcançada.


7

3 ESTÁGIO: CONCEPÇÕES TEÓRICAS

O estágio é o momento de relacionarmos a teoria com a prática. É a

hora de estabelecer relações entre o que se ver na academia e a realidade que

se apresenta na prática. É através dele que temos a oportunidade de manter

aproximações com a realidade educacional. É, pois, um momento de reflexão

teórico-prática e, consequentemente, aquisição de conceitos e saberes para

melhorar a prática docente, na perspectiva de favorecer a melhoria de ensino e

aprendizagem das crianças e a reflexão sobre nossos pensamentos e ações.

Podemos afirmar que muitos alunos em processo de formação e

profissionais da educação apontam certa existência de dicotomia entre a teoria

e prática no processo de formação acadêmica, ganhando eco a expressão de

uso corriqueiro “a prática na teoria é outra”. Nesse contexto, afirma Pimenta

(2004, p. 33) que

no cerne dessa afirmação popular, está a constatação, no caso


da formação de professores, de que o curso nem fundamenta
teoricamente a atuação do futuro profissional nem torna a
prática como referência para a fundamentação teórica. Ou seja,
carece de teoria e de prática.

Ainda segundo Pimenta (2004, loc cit.) a teoria e a prática devem

está juntas, pois, “a dissociação entre teoria e prática resulta em um

empobrecimento das práticas nas escolas”. Pensando assim, a teoria e a

prática devem está lado a lado, caminhando juntas, Assim, podemos relacioná-

las sem que haja distinção entre ambas, fazendo inter-relações, visto que a

educação é um processo contínuo.

Isto dito, compete aos professores uma maior reflexão para

compreender a complexidade das práticas pedagógica em sala de aula e se

preparar para melhorar o desenvolvimento dessas práticas, associando-as à

teoria. Nesse contexto, deve-se pensar a prática do estágio supervisionado de


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docência com posturas e habilidades reflexivas, que valorizam os saberes da

prática e da teoria como o resultado de um mesmo processo.

Ao relacionar as ideias expressas por Pimenta (2004), com a prática

do Estágio Supervisionado vivenciado na UEI Amélia Ferreira de Souza,

percebi que a teoria não se distância da prática, se complementam,

caminhando lado a lado. Os termos teoria e prática transitam no universo dos

professores da instituição.

No contexto da legislação, depois da promulgação da Lei de

Diretrizes e Bases da Educação, LDB 9394/96 (BRASIL, 1996), foram

propostos alguns fundamentos no Art. 61, Título VI desta Lei para subsidiar a

associação entre teoria e prática no universo educacional, a saber:

Art. 61. A formação de profissionais da educação de


modo a atender aos objetivos dos diferentes níveis e
modalidade de ensino e as características de cada fase
do desenvolvimento do educando, terá como
fundamentos:
I – A associação entre teoria e prática inclusive mediante
a capacitação em serviço (BRASIL, 1996, s/p).

Pensando assim, se faz necessário perceber a importância desta

associação nos cursos de formação. Será que todos percebem essa inter-

relação entre teoria e prática? Será que buscam compreender esses aspectos

em sua formação e atuação profissional? Estes questionamentos são

fundamentais para se refletir sobre a formação e prática docente. O estágio

supervisionado é uma boa oportunidade de verificação destes

questionamentos!

3.1 AÇÃO PEDAGÓGICA NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO:


PLANEJAMENTO
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O planejamento das aulas direcionadas à regência deste estágio foi

construído partindo do que os alunos já sabiam. Está ideia tem estreita relação

com as ideia de Coll (1996, p.6) para que “uma aprendizagem é tanto mais

significativa quanto mais relação com sentido o aluno for capaz de estabelecer

com o que já conhece”.

Nesse processo, tiveram contribuições significativas: brincadeiras,

cartazes, jogos de matemática utilizando palitos de picolé e de fósforo,

confecções de jogos com cartolinas, caixas de pastas e sapatos, brincadeiras

de rodas, cartazes com desenhos para se completar os espaços. Estas

estratégicas formam preponderantes no desenvolvimento e aprimoramento do

processo de ensino e aprendizagem e subsidiaram todo o processo.

Estas atividades chegam a ter uma consagração

pelas oportunidades da vivência de algumas


brincadeiras imaginarias e que seja criada por elas
mesmas que podem acionar seus pensamentos
para a resolução de problemas que lhes são
importantes e significativas (BRASIL, 1998, p.48)

A UEI faz reuniões com os professores mensalmente para rever e

fazer os planejamentos. Bimestralmente traz alguns professores para falar e

discutir a importância do mesmo, mas, todas as segundas-feiras a

coordenadora pedagógica observa os planos, dá sugestões para desenvolver

outras atividades e utilizar os espaços e materiais oferecidos pelo ambiente

escolar.

Nesse contexto, a ação pedagógica realizada no estágio partiu de

um planejamento de aula que organizava os conteúdos, as atividades e a

metodologia, de maneira que a aula se tornasse mais proveitosa e prazerosa,

dando oportunidade de descontração, socialização e ampliação dos

conhecimentos, através de atividades diversificadas, jogos recreativos e outros.


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Ocorreu dentro do percurso traçado, pois, bem se sabe que o plano é

primordial para o desenvolvimento das aulas e da assimilação da

aprendizagem. Assim, concordo com Haydat (1995, p. 38) quando ele destaca

que:

O professor ao planejar o ensino antecipa, de forma


organizada, todas as etapas do trabalho escolar.
Cuidadosamente, indica os conteúdos que serão
desenvolvidos, seleciona os procedimentos que utilizará
como estratégica de ação e prevê quais os instrumentos
que empregará para avaliar o progresso dos alunos.

Nesse sentido, o ato de planejar é o ato de refletir sobre as

condições existentes e prever alternativas para a ação didática, para alcançar

os objetivos desejados (HAYDAT, 1995). Dessa forma, o plano serviu como um

norteador das atividades realizadas. De maneira geral, o plano é um elemento

chave para o ensino eficaz, uma síntese das construções pedagógicas do

professor com finalidades e intenções (OLIVEIRA, HADWICK, 2002).

O plano construído e aplicado na aula prática teve como tema

“Interagindo Com o Cotidiano”. Compreender a diversidade textual

identificando-a, no cotidiano, através de bilhetes, recados, foi o objetivo

norteador deste projeto. Como objetivos específicos, destacaram-se:

desenvolver o hábito e gosto pela leitura; desenvolver o senso crítico e a

criatividade; registrar ideias e opiniões; assimilar regras de grafia da língua

portuguesa; desenvolver a linguagem oral e escrita; desenvolver atitudes de

interação, de colaboração e de troca de experiências em grupos.

Para tanto, os conteúdos trabalhados foram: Língua Portuguesa -

características dos bilhetes e recados; produção textual; Matemática - Os

números no dia a dia; Estudos da Sociedade - História no cotidiano; Estudo da

Natureza - Estações do ano. Foram trabalhados de forma que, na produção


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textual, estivessem presentes, de alguma forma, fosse na abertura, fosse no

fechamento de um bilhete, de um recado, à maneira de escrita das crianças

(incluindo desenhos).

Dessa forma, os alunos foram incentivados a terem contatos com

diversos tipos de recados e bilhetes, produziram bilhetes e recados (à maneira

deles) abordando os conteúdos propostos, interagiram com demais colegas na

troca de bilhete e recados.

Como metodologia, foi traçado o seguinte percurso: 1º momento -

Exposição e demonstração de variedade de bilhetes e recados por meio de

slides; 2º momento - Produção textual de bilhetes e recados abortando os

conteúdos propostos. Como recursos materiais foram utilizados projetor

multimídia para slides, pinceis, cartolinas, lápis, papel A4, lápis de colori.

A avaliação do projeto se deu no âmbito de uma avaliação formativa,

processual, contínua, objetivando a efetivação do processo ensino e

aprendizagem. Para tanto, foram observados e registrados em relatórios alguns

pontos, a saber: realização das atividades propostas e desenvolvimento do

hábito e gosto pela leitura; utilização da criatividade, durante o registro de suas

ideias e opiniões; avanços no processo de leitura e de escrita; e,

desenvolvimento de atitudes de interação, de colaboração e de troca de

experiências em grupos.

3.2 Uma reflexão sobre as observações e a prática de regência no


estágio supervisionado

Na etapa da observação percebemos que o cuidar e o educar na

Educação Infantil têm importância fundamental no processo de ensino,

aprendizagem e no desenvolvimento da criança. Quando se cuida e se educa

como duas faces de um mesmo processo, como dois pares indissociáveis, se


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garante, de maneira saudável, um desenvolvimento eficaz e concreto à criança.

Cuidar e educar são, pois, preocupar-se com o outro, está atento ao que o

outro precisa para que se possa ajudar, contribuindo no desenvolvimento das

habilidades e competência das crianças. Isso porque,

Comtemplar o cuidar na esfera da Instituição da


Educação Infantil significa compreendê-lo como parte
integrante da educação, embora possa exigir
conhecimentos, habilidades e instrumentos que
extrapolam a dimensão pedagógica (BRASIL, 1998;
p.24).

Portanto, é necessário que o professor goste de estar em sala de

aula, pois, o cuidar está presente no cotidiano, sendo importante que a criança

se identifique com o ambiente escolar e desenvolva com prazer suas

habilidades.

Segundo os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação

Infantil (RCNEI) “além da dimensão afetiva e relacional do cuidar, é preciso que

o professor possa ajudar a criança a identificar suas necessidades e priorizá-

las, assim como atendê-los de forma adequada” (BRASIL, 1998, p. 25).

Dessa forma, o professor de Educação Infantil deve agir como um

mediador, estimulando a capacidade intelectual da criança. Sendo grande a

responsabilidade desse profissional, uma vez que lhe é dado, também, o papel

de estimular à criança para que, no contexto escolar, ela possa desenvolver o

seu raciocínio lógico, a criatividade e a sua capacidade de imaginação (BRASL,

1998).

Na Educação Infantil, o ato de cuidar e educar são indissociáveis,

pois, não se pode exercer um, sem, ao mesmo tempo estar exercendo o outro.

Tanto o cuidar quanto o educar estão presente em todas as práticas diárias do


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educador infantil e contribuem diretamente no desenvolvimento emocional,

cognitivo, afetivo, motor das crianças.

Esta assertiva é defendida nos Referenciais Curriculares Nacionais

para a Educação Infantil (RNCEI) ao afirmar que educar significa

proporcionar situação de cuidados, brincadeiras e


aprendizagem orientados de forma integrada e que
possam contribuir para o desenvolvimento das
capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e
estar com os outros em uma atitude básica de aceitação
respeito e confiança, e o acesso pelas crianças aos
conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural
(BRASIL, 1998, p. 23).

Nessa etapa de observação notei, também, que as formas que eram

conduzidas as aulas poderiam ser mais lúdicas. Isso porque, era necessário

oferecer às crianças situações, interações e brincadeiras capazes de revelar

essa face do lúdico no ensino e aprendizagem. Pois, o brincar é ação

fundamental para uma construção de autonomia e da identidade das crianças.

Nas brincadeiras é possível observar e registrar as experiências e

aprendizagens que elas constroem (BRASIL, 1998).

Com o desenvolvimento de atividades lúdicas as crianças

conseguiam associar o real com o imaginário, resolver situações e problemas

de forma prazerosa e envolvente, desenvolver habilidades e potencialidades

com a mediação da professora e na interação com esta e com os colegas de

sala.

No decorrer Estágio Supervisionado na Educação Infantil, percebi,

também, que as Linguagem Oral e Escrita, a Matemática, a Natureza e

Sociedade, a Música e Artes são eixos temáticos de grande importância para o

trabalho desenvolvido com as crianças. Cada aula que era direcionada às

crianças solicitava delas envolvimentos e a manutenção de relação com dois


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ou mais eixos temáticos sem que, necessariamente, precisasse trabalhar

individualmente cada eixo. Havia, pois, o esforço para construir certa

interdisciplinaridade entre os eixos.

Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Infantil

(RNCEI) alertam que o objetivo de trabalhar com diferentes linguagens é

buscar as ações integradas que incorporam as atividades


educativas, assim como brincadeiras, buscando contribuir
para que possam realizar os objetivos socializadores e,
dessa forma, ampliarmos os conhecimentos da realidade
social e cultural da criança (BRASIL, 1998, p. 121).

Nesse contexto, o eixo Linguagem Oral e Escrita está, praticamente,

presente nos demais eixos de trabalho. Através desse eixo as crianças

ampliam as possibilidades de participação nas diversas práticas sociais. Essa

ampliação está relacionada ao desenvolvimento gradativo das capacidades

associadas às quatro competências linguísticas básicas: falar, escutar, ler e

escrever (MELLO; MILLER, 2008).

Para que as crianças tenham um bom desempenho nesse eixo,

percebi, na prática, que é necessário que o educador proporcione atividade de

identificação de letras, de escrita, do nome das crianças, momentos de

contatos com os livros, contação de histórias, narração de história das crianças

dos fins de semana por elas próprias, explicar como acontece determinada

brincadeira ou como se realiza determinado jogo. Isso porque,

Quanto mais as crianças puderem falar em situações


diferentes, como contar o que lhe aconteceu em casa,
contar histórias, dar um recado, explicar um jogo, ou
pedir uma informação, mais poderá desenvolver suas
capacidades comunicativas de maneira significativas
(BRASIL, 1998, p. 121)
15

No que diz respeito à prática de regência no estágio supervisionado,

foi muito importante para mim como futuro educador. Pois, nessa prática é

onde conseguimos praticar o que foi observado, estudado durante o tempo que

passei em sala de aula e com isso levar as crianças à confiança de que você

está preparado para ensinar. Nesse período de regência cada estágio durou

aproximadamente 6(meses) cada estágio com um total de 3(três) Estágios

Supervisionados, conseguir adquirir conhecimento no dia a dia em sala de

aula, buscando a cada dia estudar mais, ler e buscar métodos de estar

inovando as maneiras de como podemos melhorar os nossos ensinamentos

dentro de sala de aula.

Durante este tempo de regência, foi trabalhado com as crianças

vários conteúdos que estavam previstos nos ensinamentos da Instituição, pois

precisávamos acompanhar os planos de aula que já existiam e procurando-os

melhorar da melhor forma possível para se ter uma aula bem diversificada.

Procurei modificar as atividades realizadas em sala de aula, pois as mesmas

seguiam o método tradicional sem nenhuma modificação e com isso conseguir

trazer para sala de aula alguns exemplos, e maneiras de como poder modificar

e mobilizar a turma para uma aula mais criativa, da mesma forma foram feitas

com jogos e brincadeiras. E com isso, conseguimos mudar um pouco a turma

para que cada um conseguisse se adaptar e procuraram realizar tudo da

melhor forma possível, para que todos pudessem participar.

No inicio da regência encontramos um pouco de dificuldades, pois,

não tinha muita prática nem o domínio de sala de aula, mas com o passar dos

dias fui conseguindo observar como o professor trabalhava com as crianças em

sala de aula. Depois foi rápido para se adaptar, comecei auxiliando o professor

na organização da sala de aula, comecei a conhecer cada criança, procurei


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pesquisar e estudar os assuntos que estavam dentro do cronograma das aulas,

e como pouco tempo já estava executando como o planejamento ordenava e

com algumas modificações em sala de aula, nas atividades, nos jogos e nas

brincadeiras que seriam realizadas com as crianças.


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4 ROTINAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL

A rotina na educação Infantil é muito importante para o

desenvolvimento das crianças, pois, através dessas as crianças crescem mais

centradas, com uma noção de espaço, de tempo e de organização. Através

dela, as crianças assimilam noções de tempo e espaço, responsabilidade e

compromisso, direitos e deveres. Noções e conceitos fundamentais para a

formação humana da criança.

Atribuindo uma ordem para as experiências vividas pelas crianças

por meio da rotina, Barbosa (2006, p. 35) afirma que:

A importância das rotinas na educação infantil provém de


possibilidades de constituir uma visão própria como
concretização paradigmática de uma concepção de
educação e de cuidado. É possível afirmar que elas
sintetizam o projeto pedagógico das instituições e
apresentam a proposta de ação educativa dos
profissionais.

Desse modo, para desenvolver uma rotina diária o profissional que

atua na Educação Infantil poderá trabalhar com projetos de ensino, partindo da

realidade da instituição e de assuntos da própria realidade da criança. Dessa

forma, a rotina será algo bem atrativa e prazerosa para as crianças.

A rotina é, então, parte integrante do cotidiano da criança e deve ter

como objetivos “ordenar e operacionalizar o cotidiano da instituição e construir

a subjetividade de seus integrantes” (BARBOSA, 2006, p. 39).

Considerando as práticas previamente pensadas e planejadas nas

rotinas, vale destacar a importância da Roda de Conversa como parte da rotina

acompanhada durante as observações e práticas no Estágio Supervisionado.

Segundo os (RNCEI), a Roda de Conversa é


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Um momento privilegiado de diálogo e intercâmbio de


ideias. Por meio desse exercício cotidiano as crianças
podem ampliar suas capacidades comunicativas, como a
fluência para falar, perguntar, expor suas ideias, dúvidas
e descobertas, ampliar seu vocabulário e aprender a
valorizar o grupo como instância de troca de
aprendizagem. A participação na roda de conversa
permite que as crianças aprendam a olhar e a ouvir os
amigos, trocando experiências (BRASIL, 1998, p. 138).

Pensando assim, a roda de conversa se torna de extrema

importância, pois, o professor pode trabalhar os diferentes eixos da Educação

Infantil, trazer brincadeiras, contação de histórias, chamada das crianças,

quantidade de crianças no dia, tempo, apresentação do tema do dia, etc.

Para Barbosa (2006, p. 42) as rotinas pedagógicas “são elementos

estruturantes da organização institucional e de normatização da subjetividade

da criança”. Assim, as rotinas estão explicitas em uma noção de espaço e de

tempo:

de espaço, uma vez que a rotina trata de uma rota de


deslocamento espacial previamente conhecida, como são
os caminhos, as rotas, e de tempo, por trata-se de uma
sequência que ocorre com determinada frequência
temporal (BARBOSA, 2006, loc cit).

Pelo dito, as rotinas fazem parte da vida e servem, também, para

que se adquiram hábitos desde criança. Nesse processo, cumpre fundamental

papel não só a escola, mas, também, a família na manutenção e construção de

rotinas junto às crianças, por mais flexível que elas possam ser.

Na construção das rotinas na Educação infantil é fundamental a

participação das crianças “possibilitando-lhes a compressão do modo como as

situações são organizadas e, sobretudo, permitindo ricas variadas interações

sociais” (BARBOSA; HORN, 2001, p.67-68). Nesse sentido, o professor pode

apresentar seu plano de rotina, perguntar sobre o que as crianças pensam

acerca da proposta, suas preferências, anseios.


19

Para Barbosa (2006, p. 201):

A rotina é compreensiva como uma categoria pedagógica


da Educação Infantil que opera como uma estrutura
básica organizada da vida cotidiana diária em certo tipo
de espaço social, creches ou pré-escolas devem fazer
parte da rotina todas às atividades recorrentes ou
reiterativas na vida cotidiana coletiva, mas nem por isso
precisam ser repetitivas.

Assim, para se ter uma rotina de atividades em sala de aula, não

necessariamente é preciso ser repetitiva, pois, quando se torna de tal forma, as

aulas ficam cansativas e o rendimento das crianças pode ser insatisfatório.

Como professores precisamos buscar inovações, oferecer atrativos constantes

em nossas rotinas para que as crianças tenham prazer em aprende e participar

das aulas.

Pelo dito, a rotina na educação Infantil orienta espaço-

temporalmente os professores e as crianças, dar sustentação ao trabalho

pedagógico, flexibilidade e sucessões de tempo e espaço. Deve ser construída

levando em consideração os sujeitos como seres ativos e participativos, as

interações e necessidades das crianças e do professor. De modo que assegure

o trabalho docente de forma dinâmica e flexível, levando em consideração, em

cada etapa, o cuidar e o educar com faces de um mesmo processo de ensino e

aprendizagem.
20

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O percurso construído durante a elaboração do relatório capaz de

revelar que o estágio tem um papel de grande relevância para o

desenvolvimento cognitivo, profissional e pessoal do sujeito em processo de

formação acadêmica. Revela também a necessidade de se desenvolver um

trabalho pedagógico atendendo as individualidades do alunado e,

principalmente, a necessidade de se estabelecer relação entre prática e teoria

como um processo único. Dessa forma, a promoção de meios para que essa

conquista fosse/seja alcançada é de extrema importância e urgência.

Há, pois, uma necessidade latente de se relacionar teoria e prática

no exercício da regência docente, assim como abordar o cuidar e educar

integrados para uma formação sólida e consistente na Educação Infantil. O que

pode gerar significativa aprendizagem para as crianças e para os professores.

Visto sob uma perspectiva teórico-prática, a etapa de observação no

Estágio Supervisionado, além de propiciar uma experiência agradável, também

proporcionou um importante aprofundamento das disciplinas já estudadas, dos

conceitos e aperfeiçoamento da prática docente.

Por tudo, foi possível compreender, na prática, a criança como um

sujeito de direitos, um ser social, histórico, capaz de pensar, construir,

imaginar, tomar decisões (BRAISL, 1998). Um sujeito que interage, brinca,

aprende, mas também ensina. E, por meio de uma rotina, podem crescer mais

centradas, com uma noção de espaço, de tempo e de organização.


21

REFERÊNCIAS

BARBOSA, Maria Carmem Silveira. Por amor e por força: rotinas na


educação infantil. Porto Alegre: Artmed, 2006.

BARBOSA, Maria Carmem S.; HORN, Maria da Graça. S. Organização do


espaço e do tempo na escola infantil. In: CRAIDY, C.; KAERCHER, G. E.
(Orgs.). Educação Infantil: pra que te quero? Porto Alegre: ArtMed, 2001. P.
67-79

BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria da Educação


Fundamental. Referencial curricular para a educação infantil. Brasília: MEC/
SEF, 1998. (Vol. 1).

BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação. Lei nº 9.394/96, de 20 de


dezembro de 1996.

COLL, César (org.) O construtivismo na sala de aula. São Paulo, ática, 1996.

FONTANA, Roseli; CRUZ, Nazaré. Psicologia e trabalho pedagógico. São


Paulo: Atual, 1997.

GIL, Antônio Carlos. Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São


Paulo: Atlas, 1999.

HAYDAT, Regina Célia Cazaux. Curso de didática geral. 2. ed. São Paulo:
Ática, 1995.

OLIVEIRA, João batista Araújo; CHADWICK, Clifton. Aprender e ensinar. 5.


ed. São Paulo: global, 2002.

PIMENTA, Selma Garrido; LIMA, Maria S. Lucena. Estágio e Docência. São


Paulo: Cortez, 2004.

VYGOTSKY, Lev. Pensamento e Linguagem. São Paulo: Martins Fontes, 2002.

MELLO; MILLER (2008).

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