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DE
DIREITO COMEHCIAl BH4Sllf IHO
POR
,
JOSE XAVIER CARVALHO DE MENDONÇA
ADVOGADO
POR
*
VOLUME III
LIVRO II
PARTE III
M 2577
LIVRO SEGUNDO
(Continuação)
PARTE III
O Cód. Com. francês, no art. 18, dispõe de outro modo: "Le contrat de
société se regle par le droit civil, par les lois particulieres au commerce et par
les conventions des parties".
A lei belga de 1873, art. 1. 0 , mandava seguir a convenção das partes, as
leis particulares do comércio e o Direito Civil.
(1-2) Sôbre a legislação relativa às sociedades anônimas, veja-se a parte
especial em que a estudamos.
( 3) Publicado em virtude da autorização conferida ao Poder Executivo
pelo art. 2. 0 , n. XII, da Lei n. 953, de 29 de dezembro de 1902.
Vejam-se maiores explicações no Tít. IV, onde trataremos das sociedades
anônimas.
( *) O dec. n. 434, de 4 de julho de 1891, e as leis que êle consolidou
foram revogados pelo dec.-lei n. 2.627, de 26 de setembro, que hoje rege a3
sociedades anônimas.
(**) V. também lei n. 5.465, de 9 de fevereiro de 1928; Decreto-lei
n. 781, de 12 de outubro de 1938 e Decretos-leis ns. 1.392 de 29 de junho
de 1939 e 7.390, de 16-3-1945.
(***) Regem-se hoje os seguros pelo Dec.-lei n. 2.063, de 7-3-1940.
10 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
( I ) Promulgado que seja o Código Civil, e porque não temos usos co-
.merciais, constituirá êste Código a fonte mais direta e imediata, especialmento;:
para regular as relações dos sócios entre si, salvo nas sociedades anônima~.
O Cód. Com. referiu-se de preferência às relações das sociedades e dos sóci<Js
.para com terceiros. ( •)
( •) O Código Civil entrou em vigor no dia 1.0 de janeiro de 1917 •
TfTULO I
CAPfTULO I
CAPÍTULO II
Das condições fundamentais do contrato de sociedade
comercial
Sumário: - 522. Duas ordens de condições.
SEÇÃO I
Das condições com.uns a todos os contratos
SEÇÃO II
Das condições específicas do contrato de sociedade
Sum:irlo: - 528. As três condições específicas. Ra1.ão de
ordem.
ARTIGO I
Da cooperação ativa dos sócios
Sumário: - 529. A cooperação ativa dos sócios. - 530. A
comunhão e a sociedade. - 531. A participação e :i
sociedade. - 532. O empréstimo e a sociedade.
- 533. A venda com cláusula de participação e
a sociedade. - 534. A compra em comum da mas-
sa falida. - 534-A. A abertura de crédito e a
sociedade.
ARTIGO Il
Da f armação do capital social
Sumário: - 535. O capital social é da essência da sociedaae
mercantil. - 536. Fundo social é coisa diferente. -
537. Fixação do capital. - 538. Divisão do capital em
quotas e ações. Distinção entre umas e outras. -
539. Não há sociedade sem a contribuição dos só-
cios para o capital. - 540. Esta contribuição deve
ser efetiva, real e séria. - 541. Não pode ser a
título ou sob condição repugnante ao contrato. -
542. O sócio é devedor à sociedade do valor da
quota ou da ação. - 543. Conseqüências. - 544.
Coisas que podem servir de contingente para a foc·
mação do capital social. - 545. Coisas futuras. -
546. As quotas podem ter valores diversos e con-
sistir em coisas diferentes. - 547. A que título pode
ser feita a conferência. - 548. Quota conferida :1
tftulo de propriedade. - 549. A título de usufruto.
- 550. A título de uso. - 551. Forma por que pode
ser realizada ou paga a quota. - 552. Fundamento
da obrigação do pagamento da quota. Consequên-
cias. - 553. Sócio remisso. - 554. Garantia devida
pelo sócio à sociedade.
( J) Cód. Com., arts. 287 e 289; Dec. n. 434, de 4 de julho cte 1891,
art. 19 ( •).
( •) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 4.°.
32 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
s
34 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
(1) PONT, Sociétés civiles et commerciales, vol. 1, n. 60: " ... tout e~
qui pouvant être l'objet d'une obligation, est susceptible, soit isolémcnt, soit
par le concours d'éléments étrangers, de produire des bénéfices, est dans Ie cas
de servir d'apport". No mesmo sentido, LYON-CAEN et RENAULT, Traité
de droit commercial, 4.ª ed., vol. 2, P. 1., n. 15; GUILLERY, Des sociétés
commerciales, vol. 1, n. 100, "Tout ce qui peut se vendre peut se mettre en.
société".
A promessa de fazer ou de se abster de fazer tal ou tal ato não podei
constituir objeto de quota social. (HA YEM, Étude historique et critique co•z-
cernant les sociétés civiles, n. 46).
( 2) O Cód. Com., no art. 287, declara que a contribuição pode consistir
em "dinheiro ou em efeitos e qualquer sorte de bens ou em trabalho ou indús-
tria". O Dec. n. 434, de 4 de julho de 1891, no art. 17 dispõe: "O capital das
sociedades anônimas pode consistir em dinheiro, bens, coisas ou direitos" ( *).
( 3) A posição social ou política do indivíduo não pode constitui_r quota;
é coisa sem valor estimativo e quem, por êsse meio, procura enganar mcautos,
pratica ato condenado pela moral (Cód. Com., art. 129, n. 2).
(4) Cód. Com., art. 287. Ord. L_iv. 4, Tít. 44, § 9.º:. " ... pod~rá muitas
vêzes a indústria e saber de algum deles ser de mor vaha e proveito para a
mesma companhia, que o cabedal . que os o~tros ~eterem".
Srepe opera alicujus pro pec1Jma valet, diz a lei romana.
NAVARRINI, no Commentario al codice di commercio (ed. de Milão),
("') Decreto-lei n. 2.627, de 28 de setembro de 1940, art. 4. 0 •
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 35
(I) VIDARI, Corso di diritto commerciale, vol. 1. 0 , 5.ª ed., n. 924; PIC,
Des sociétés commerciales, vol. l.º, n. 18; ROUSSEAU, Des sociétés commer-
ciales, 4.ª ed., vol. 1, n. 82. Veja-se o que dizemos relativamente às socie-
dades anônimas.
(2) Nas sociedades anônimas, já dissemos em o n. 538, as ações são de
igual valor, podendo um só acionista ser possuidor de grande número.
(3) É o que já dizia o Direito Romano. Lei 1, Cód., pro sacio (4-37):
"Societatem, uno pecuniam conferente, ali operam, posse contrahi, magis
obtinuit".
Ins., Lei 2, Tít. 26 (de societate), § 2. 0 : "lta coiri posse societatem non
dubitatur, ut alter pecuniam conferat, alter non conferat, et tamen lucrum
inter eos comune sít, quia srepe opera alicujus pro pecunia valet".
(4) Dcc. n. 434, de 4 de julho de 1891, art. 17 ("').
( •) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 5. 0 •
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 37
(1) O Cód. Com. art. 289, dec. n. 434 de 4 de julho de 1891, art. 22,
n. 2, 30, 33, 34, 77 et passim ( •).
(2) ORLANDO, Código Comercial, 6.ª ed., nota 347.
( 3) Cód. Com., art. 289.
( •) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, arts. 23, § 2.º, 40,
IV, et passim.
( .. ) Cit. Decreto-lei n. 2.627, art. 76, a.
40 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
( 1) O Cód. Com. italiano, no art. 83, além do pagamento dos juros 'ie
a quota é em dinheiro, manda o sócio indenizar todos os prejuízos.
(2) Cód. Com., art. 289.
(3) Dec. n. 434, de 4 de julho de L891, art. 33; Dec. n. 2.475, de 13 de
março de 1897, art. 29, e.
( 4) Sôbre a garantia devida pelos sócios à sociedade, consultem-se o~
nossos trabalhos forenses na célebre causa entre partes, autora: a Companhia
Nacional de Tecidos de Juta, e réus: Antônio Alvares Leite Penteado e a Compa-
nhia Paulista de Aniagens, 2 vols., impressos no Rio de Janeiro, em 1912 e 1913.
( •) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, arts. 76.
<**) Decreto-lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945, art. 50.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 41
ARTIGO III
Da participação dos sócios nos lucros e da contribuição
correlativa nas perdas
Sumário: - 555. A participação dos sócios nos lucros é da
·essência úas sociedades comerciais. - 556. A dis-
tribuição nas perdas ou nos prejuízos sociais. -
557. A distribuição dos lucros e a contribuição nas
perdas, se são fâceis quanto aos acionistas, hã re-
gras especiais quanto aos sócios de responsabilidade
ilimitada. - 558. O contrato deve declarar a parte
dos sócios nos lucros e nas perdas. Silêncio do con-
trato. - 559. Proibição das clâusulas leoninas, quais
sejam. - 560. E' lícito segurar os lucros de um sócio.
- 561. Privação do direito dos lucros como pena. -
562. Limitação à distribuição dos lucros. - 56:1.
t.poca da distribuição dos lucros. - 564. Perma-
nência dos lucros na caixa social. - 565. Anteci-
pação na distribuição dos lucros. - 566. Juros na
falta de lucros.
( J) Cód. Com., art. 311; Dcc. n. 434, de 4 de julho de 1891. art. 216.
(2) Dec. n. 434, de 1891, art. 15 P).
(3) Dec. n. 916, de 24 de outubro de 1890, art. 3.0 , § 3.º.
( 4) Cód. Com., art. 321.
(5) Cód. Com., arg., arts. 321 e 322.
( 6) Cód. Com., art. 302, 11. 4.
( •) Dec.-lei n. 2.627. de 26 de setembro de 1940. art. 1.º
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 45
CAP1TULO III
CAPfTULO IV
SEÇÃO I
2. a sociedade em comandita;
(1) Cód. Com., arts. 287 e 387. (Veja-se o cap. IV, do Tít. III dêste vol.).
(2) Cód. Com., arts. 325 e 326. (Veja-se Tít. VI dêste vol.).
(3) Regulada pela Lei n. 1.637, de 5-1-1907, arts. 10 a 25 (*).
( 4) Regulada pelo Dec. do Govêrno Provisório n. 370, de 2 de maio da·
1890, arts. 278 e seguintes.
(5) Lei n. 1.637, de 1907, art. 10 (**).
(6) AUBRY et RAU, Cours de droit civil /rançais, 5.ª ed., vol. l.º..
§ 25, denominam Direito Civil especial o que regula estas sociedades.
(1) Cód. Com., art. 350; Regul. n. 737, de 1850, art. 531, § l.º.
(2) Cód. Com., art. 334.
(3-4) Cód. Com., arts. 311 e 313.
(5) Dec. n. 434, de 4 de julho de 1891, art. 15 (•).
(6) Dec. n. 434, arts. 23, 24, 25, 27 e 28 e legislação aí citada (U).
(*) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 74, in principilÃ
(**) Cit. Decreto-lei n. 2.627, arts. 27 e 75.
60
J · X. CARVALHO DE MENDONÇA
SEÇÃO II
Da transformação das sociedades comerciais
(1) Cód. Com., art. 307; Dec. n. 434, de 4 de julho de IS91, art. 150.
(2) Cód. Com., art. 308.
(3) Cód. Com., art. 307, 2.ª alínea; Dec. n. 434, de 1891, art. 91 (*).
(4) Dec. n. 916, de 24 de outubro de 1890, art. 8. 0 , princ.
(5) Trai/ato di diritto commerciale, 3.ª ed., vol. 2. 0 , n. 351.
( •) Decreto-lei n. 2.627, de 26-9-1940, art. 50, parágrafo único.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 65
'
66 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
-_.
(I) Veja-se O Direito, vol. 59, pág. 501.
TRAT/~Do DE DmEITO COMERCIAL D2lASJ:LEIRO 67
SEÇÃO III
Da fusão das sociedades comerciais
Eumfir!o: - 583. J\ fu,ão e su:·." c·.pfrie··. - ~84. A fusão
e a incorporação não são causas da dissolução das
sociedades comerciais. - 585. Diferençam-se d~
outros atos ou contratos. - 586. Entre que socieda-
des se realizam. - 587. Regra' sôbre a i"usão e a
incorporação.
CAPíTULO V
sabilidade solidária dos sócios é civil e inadmissível nos crimes, cujos efeitos e
conseqüências não passam da pessoa do delinqüente. (MAFRA, Jurisprudência
dos tribunais, vol. 2. 0 , págs. 306-311).
(1) Veja-se DR. WALDEMAR FERREIRA, na Revista de Comhciu
e Indústria, de S. Paulo, vol. t. 0 , pág. 203.
TíTULO II
CAPfTULO I
Da justificação da personalidade jurídica das sociedades
comerciais ( 1)
Sumário: - 601. O problema da personalidade jurídica da!!
sociedades comerciais. - 602. As sociedades co-
merciais e as pessoas jurídicas na doutrina e na
jurisprudência. - GDJ. Primeiras manifestações da
personalidade dessas sociedades. - 604. Esta perso-
nalidade reconhecida por Ferreira Borges, autor do
Código português de 1833, fonte próxima ~o nosso.
- 605. As sociedades comerciais surgindo do con-
trato e distinguindo-se de todos os sócios. - 606. A
personalidade manifestando-se nas relações ela socie-
dade para com terceiro e com os próprios sócios. -
607. A vontade e a atividade das sociec.iadcs comer-
ciais. - 608. Os órgãos da manifestação dessa von-
tade. - 609. As sociedades para a construção e ex-
ploração de obras e serviços póblicos. - 610. A
personalidade jurídica das sociedades irregulares. -
611. Continuação. - 612. Continuação. - 613. Res-
posta às objeções contra a personalioaJe jurídica da~
sociedades comerciais. - 614. Continuc;;ão. - 615.
Continuação. - 616. Continuação. - 617. Continua-
ção. - 618. Conclusão.
1.0
a capacidade de determinar-se e agir para defesa
e consecução dos seus fins, por meio dos indivíduos, que fi~
guram como seus órgãos;
( 1) "Si quid universitati debetur, singulis non debetur, nec quod debet
universitas, singuli debent.: Lei 7, § 1.º; Lei 2 Dig., quod cujuscunque universit.
(2) CARLOS DE CARVALHO, Nova consolidação, arts. 146 e segs.
(3) TEIXEIRA DE FREITAS, no Esbôço do Código Civil, art. 278,
contemplava as sociedades civis e comerciais entre as pessoas privadas de
existência ideal, reservando a denominação de pessoas jurídicas para as p~s
soas públicas de existência ideal, como o Povo, o Estado, as Províncias, os.
Municípios e a Igreja Católica; COELHO RODRIGUES, no Projeto do Có-
digo Civil, arts. 7. 0 e 18, distinguia as pessoas jurídicas em políticas e civis,
e entre as últimas incluía as sociedades comerciais; CLóVIS, no Projeto do
-Código Civil, arts. 18 e 20, estabelecia pessoas jurídicas de Direito Público e
de Direito Privado, e entre estas compreendia as sociedades comerciais, man-
tendo a mesma classificação na sua Teoria geral do Direito Civil, § 20; CAR-
LOS DE CARVALHO, Nova consolidação, arts. 146, 148 e 152, segue o
sistema de CLóVJS.
( 4) Reina incerteza, entre nós, sôbre a personalidade jurídica das so-
ciedades civis. A jurisprudência encaminhava-se no sentido de reconhecê-la, eis
que a Lei n. 173, de 10 de setembro de 1893, veio perturbar essa orientação,
-estabelecendo no art. 15, que as associações, que não adquirissem personalidade
jurídica nos têrrnos por ela prescritos, reger-se-iam pelas regras das sociedadel'
-civis. (Vejam-se na Gazeta Jurídica de S. Paulo, vol. 3. 0 , págs. 322-330, a<J
observações do Dr. M. DE ALVARENGA).
Sustentam a personalidade das sociedades civis: CLóVIS, Direito dus
obrigações, § 163, e AMARO CAV ALCANTI, Responsabilidade civil do Es-
tado, pág. 70. CARLOS DE CARVALHO, (Nova consolidação, art. 152, e),
entende que as sociedades civis somente têm personalidade quando revestem
a forma comercial. Contra a personalidade das sociedades civis: RIBAS, Curw
de Direito Civil, ed. 1880, vol. 2, pág. 136; LACERDA DE ALMEIDA, Das
pessoas jurídicas, pág. 181.
Jurisprudência: sufragam a personalidade das sociedades civis: o Tribunal
de Justiça de S. Paulo, em Acórdãos de 3 de maio e 11 de agôsto de 1893 (na
Revista Jurídica de S. Paulo, vol. 3.0 , págs. 322 a 331), de 21 de julho de
1897 (na Revista mensal, vol. 6, pág. 103) e de 14 de setembro de 1898 (na
.Revista mensal, vol. 9, págs. 263-264), reconhecendo a personalidade jurídica
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 81
1
98 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
CAPÍTULO II
'! ·- .-~
SEÇÃO I
SEÇAO II
Da nacionalidade das sociedades comerciais
Sumário: - 622. A nacionalidade das sociedades com.:r-
ciais. - 623. Continuai;ão. - 624. Sociedades na-
cionais.
SEÇÃO III
Da sede e domicílio das sociedades comerciais
Sumário: 625. - A sede ou domicílio das sociedades comer-
ciais. - 626. A designação no contrato social é im-
prescindível. - 627. A sociedade pode ter os seus
estabelecimentos fora da sede. - 628. Filiais ou
sucursais. - 629. Os gerentes podem renunciar o
fôro. - 630. Mudança da sede social.
social, quer contra os sócios, que:r dos sócios entre si, quer de
terceiros para com a sociedade (1), para as ações de nulidade,
para a dissolução e liquidação {2) e para a falência (3).
(*) Cód. Processo Civil, art. 141. V. também Cód. Civil, art. 35, § 3.0 •
( • •) V. Cód. Civil, art. 42.
104 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
SEÇÃO IV
(1) Cód. Com., art. 292; Lei n. 2.024, de 17 de dezembro de 1908, arts.
51, parágrafo único, e 132.
(2) Cód. Com., art. 292; Regul. n. 737, de 1850, art. 529, § 10; Decreto
n. 848, de 11 de outubro de 1890, art. 269, g; Decreto n. 3.084, de 5 de no·
vembro de 1898, P. III, art. 528, i ("').
Se forem penhorados bens da sociedade por dívida particular dos sócios,
aquela, "formando pessoa distinta da pessoa de cada um dos sócios, deve ser
considerada terceira senhora e possuidora para libertar da penhora os bens
apreendidos da casa social". (Acórdão da 2.ª Câmara da Côrte de Apelação, de
22 de setembro de 1908, na Revista de Direito, vol. 10, pág. 139).
( •) Cód. de Processo Civil, art. 942, n. XII.
106 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
dade, provando que o seu devedor não possui outros bens de-
sembaraçados, ou que, depois de executados os que possuía,
não bastaram para o pagamento (1). I
(1) Cód. Com., art. 292; Regulamento n. 737, de 1850, art. 529, § 10;
Dec. n. 848, de 11 de outubro de 1890, art. 270, e; Dec. n. 3 .084, de 5 de no-
vembro de 1898, P. III, arts. 529, f, e 533, a ( •).
(2) Regulamento n. 737, arts. 521 e 522; Dec. n. 848, de 1890, arts. 266
e 267; Decreto n. 3.084, de 1898, P. III, arts. 534 e 535.
(3) Julgou-se que, na constância da sociedade, se podia realizar essa
penhora, por pertencerem os bens penhorados à classe dos direitos e ações. "Os
fundos líquidos estão dependentes do balanço, que há de demonstrar a sua exis-
tência, quantidade e qualidade. Ora, direitos e ações são suscetíveis de avaliação,
arrematação e adjudicação como quaisquer outros bens. No juízo da execução,
deve-se prosseguir até a final, e na hipótese de serem adjudicados ao credor os
bens penhorados, tem êste o direito de, como sub-rogado, nos do sócio quanto
aos fundos líquidos, requerer, no Juízo do Comércio, a dissolução e liquidação
da sociedade". (Sentença do Dr. MACEDO SOARES, confirmada pela Relação
do Rio, em O Direito, vol. 46, págs. 21-33).
Mais tarde, a mesma Relação, em acórdão de 16 de julho de 1878 (em
O Direito, vol. 17, págs. 319-320), decidiu em sentido contrário, cingindo-s~ ~09
têrmos legais. Não se pode contestar que o sistema adotado pelo nosso Cod1go
dá ocasião a abusos e fraudes contra os credores particulares dos sócios.
O Cód. Com. italiano, no art. J02, concede aos credores particulares do~
sócios em nome coletivo e de responsabilidade ilimitada na comandita, tendo em
seu favor sentença passada em julgado, o direito de oposição à deliberação que
prorroga a sociedade. Esta oposição suspende, a respeito dos oponentes, 01
efeitos da prorrogação do prazo social.
O Coo. Com. alemão, no art. 135, adota outra providência: o credor par-
ticular do sócio, com sentença passada em julgado, não conseguindo durante seis
meses penhorar bens móveis do devedor para prosseguir com a execução, pod1~
penhorar o saldo que a êste sócio couber na liquidação da sociedade, ficando
sub-rogado em seus direitos. Para êsse fim, poderá, tenha embora a sociedade dn·
ração determinada, requerer a dissolução, seis meses antes do exercício i;orrente.
·-
O Cód. Federal Suíço das Obrigações, no art. 57 4, dispõe no mesmo sentido
do Cód. alemão, acrescentando que, enquanto durar a dissolução, a sociedade
ou outros sócios podem desinteressar o credor.
As normas do Cód. alemão ou suíço seriam dignas de figurar em nosso
Código. Não se compreende que, no caso de falência do sócio, se dissolva a
(•) Cód. de Processo Civil. art. 943, n. II.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 107
sociedade in bonis de que êle faça parte, para se apurarem os seus fundos líqui-
dos (art. 51, da Lei n. 2.024) (*), e se não possa liquidar a mesma sociedade.
no caso da execução singular.
(1) Cód. Com., art. 350; Regul. n. 737, arts. 497 e 531, § I. 0 ; Dec. n.
3.084, de 5 de novembro de 1898, P. III, arts. 498 e 533; Lei n. 2.024, de 17
de dezembro de 1908, art. 132, § I. 0 •
Acórdão da 2.ª Câmara da Côrte de Apelação, de 30 de julho de 1909: o
oficial da diligência não pode penhorar os bens particulares do sócio sem man-
dado prévio do Juiz competente e sem que o exeqüente prove, que, por falta de
bens sociais, a execução deve continuar nos bens do sócio (art. 350 do C6dig1J
Comercial e art. 497 do Regulamento n. 737). (Na Revista de Direito, vol. 15,
págs. 174-175).
(2) SRAFFA, Liquid., 2.8 ed., o. 70; MANARA, Societ., I, pág. 481 e n. 1.
( 3) Quanto à fiança, acórdão da 1. ª Câmara, de 25 de agôsto Je 1921,
na Revista de Direito, vol. 62, pág. 123.
(4) Cód. Com., arts. 335, n. 2, e 292, 2.ª e 3.ª alíneas; Lei n. 2.024 de
1908, 51, parágrafo único ( .. ). •
(5) Cód. Com., art. 335, n. 2; Lei n. 2.024, de 1908, art. 51, princ. (•••).
( •) V. Decreto-lei n. 7.661, de 21 de junho de 1945, art. 48.
( n) Cit. Decreto n. 7.661, art. 48.
(• .. ) Cit. Decreto n. 7.661, art. 48.
!OS J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
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D) O devedor da sociedade não pode compensar com o
que lhe deva um dos sócios pessoalmente nem a um dos só-
cios é lícito compensar com o que o seu credor deva à socie-
dade (1).
E) A falência do sócio não traz de pleno direito a falên-
cia da sociedade de que faz parte (2) .
635. 2. 0 ) Os sócios não tên1 sôbre o fundo social direito
de propriedade ou de co-propriedade, mas somente o direito
de crédito condicionado à liquidação social, nos têrmos expli-
cados em o n. 591 supra.
As quotas, uma vez conferidas, desintegram-se do patri-
mônio dos sócios para constituírem fundo autônomo da so-
ciedade. Se o sócio não entra com a quota prometida nos têr-
mos do contrato, é devedor da sociedade (n. 542 supra).
Ao sócio não é lícito, portanto, dispor discricionàriamente
da quota, salvo nas sociedades em que a sua parte é cessível
ou negociável, nem de qualquer bem da sociedade (3).
Apropriando-se de bens sociais, o sócio comete o crime de
furto (4).
SEÇÃO V
Da capacidade contratual das sociedades comerciais
Sumário: - 638. A capacidade das sociedades comerciais.
SEÇÃO VI
(1) Cód. Com., art. 302, n. 3; Dec. n. 434, de 4 de julho de 1~91, art.
101, número 1 (•).
A sociedade sàmente por intermédio dos seus representantes pode vir a
juízo oferecendo embargos à penhora sôbre bens sociais; não têm faculdade
para exercer êste direito os seus sócios, nesta simples qualidade, salvo o ·~aso dJ
assistência e conjuntamente com a sociedade. (Acórdão da Câmara Civil da Re·
lação de Minas Gerais, de 4 de setembro de 1909, confirmado pelo ck 11 de
dezembro do mesmo ano). (Revista Forense, vols. 12, págs. 457, e 13, pág. 445)
Quando a ação corre com a sociedade, a morte de um dos sócios não torna
necessária a habilitação, pois a pessoa jurídica sociedade é diversa da ·1e cada
um dos sócios. (Acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo, de J 5 de março
de 1895, confirmado pelo de 6 de dezembro do mesmo ano, na Revista Mensal,
vol. 2. 0 , págs. 316-318).
As sociedades comerciais, quando ofendidas, podem dar queixa criminal,
temos dito; quem oferece a queixa?
A própria sociedade por quem tiver qualidade de representá-la, ou melhor,
pelo seu órgão, seu gerente, independentemente de procura.;ão especial ~ prévia
licença do juiz (Cód. Penal, art. 407, § 1.º) (**). Assim julgaram os acórdão~
da Relação do Rio, de 22 de setembro de 1882 (em O Direito, vol. 29, pág.
305), da Câmara Criminal do Tribunal Civil e Criminal, de 11 de setembro de
1897 (na Revista de Jurisprudência, vol. 2.º, pág. 333), do Conselho do Tri-
bunal Civil e Criminal, de 23 de junho de 1904 (em O Direito, vol. 95, pág5.
519 e segs.), e da l.ª Câmara da Côrte de Apelação, de 12 de setembro de
1907 (em O Direito, vol. 105, pág. 320). São errôneas as decisões constantes
dos acórdãos da Relação do Rio, de 10 de novembro de 1882 (em O Direito,
vol. 30, pág. 53) e de 17 de agôsto de 1883 (em O Direito, vol. 32, pág. 289),
segundo as quais o gerente não é pessoa legítima para intentar queixa criminal
em nome da sociedade, independentemente da procuração especial dos sócios.
Em Razões de Apelação escreveu o Cons. CARLOS DE CARVALHO
(pela firma Pires Coelho & Cia.), depois de transcrever o dispositivo do art.
407 do Código Penal: A queixa não é um direito inerente à pessoa física, o
homem, mas a todo aquêle ente que sofreu uma lesão de direito. Parte ofendida
pode ser pessoa física ou pessoa moral e jurídica, id est, todo sujeito a quem
competem direitos. Ora, a sociedade comercial forma um ente moral que tem
sua individualidade e deve ser com todo o cuidado distinguida das pessoas que a
compõem; cada associado é considerado individualmente como distinto do corpo
social de que é membro e assim os acidentes que acontecem a um não :afluem
sóbre o outro. Estas proposições estão confirmadas pelos arts. 292 e 350 do
Cód. Com.; arts. 497, 498, 531 e 591 do Reg. n. 737, de 1850; arts. 1. 0 e 7J
do Decreto n. 917, de 1890.
Nas sociedades comerciais quem as representa? Por intermédio de quem
exercem os direitos que explicam sua existência e contraem obrigações? Não
anônimas, a diretoria; nas demais, os sócios que tiverem direito ao uso ou em·
.prêgo da firma, que é a fórmula do mandato que os associados se dão mutua-
mente, o símbolo da sociedade personificada, na expressão de BÉDARRIDF,
sendo cada sócio solidário com relação aos outros e reciprocamente um institor
.(Do Jornal do Comércio, de abril de 1894).
(*) Art. 116, § 2. 0 do Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940.
( .. ) Código penal, art. 102, § 2. 0 •
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 113
(1) VIDARI, Corso di diritto commerciale, 5.ª ed., vol. 1, n. 1005; DE-
LOISON, Des sociétés commerciales, vol. 1, n. 184; ARTHUYS, Traité des so-
ciétés commerciales, vol. 1, n. 223. MARGHIERI, no II codice di commercio
commentado, ed. de Verona, 2.ª ed., vol. 3. 0 , n. 71, entende que a presunç&\l
é esta, não se podendo, porém, proibir aos sócios a escolha de qualquer outra
forma de sociedade.
(2) Cód. Com., art. 306; Dec. n. 916, de 24 de outubro de 1890, art.
8. 0 , parágrafo único.
- É responsável para com terceiros quem aparece e se anuncia como sócio,
pois do contrário ficariam iludidos aquêles que a sociedade atraisse pela con-
fiança dêsse sócio, co-réu debendi solidário (acórdão da Relação da Côrte de 4
de julho de 1876, apud ORLANDO, Código Comercial, 6.ª ed., nota 395).
(3) Cód. Com., art. 287.
118 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
CAPfTULO I
SEÇAO I
ARTIGO I
Da escritura do contrato social de sociedade comercial
Sumário: - 649. O contrato de sociedade deve ser escrito.
- 650. Casos em que a lei exige ou dispensa a
exibição da escritura do contrato. - 651. Não é ad-
miss{vel a prova testemunhal contra e além do con-
teúdo no instrumento do contrato social. - 652. O
instrumento do contrato social pode ser público ou
particular. - 653. Casos em que a escritura pública
é necessária e conveniente. - 654. Requisitos inter-
nos da escritura do contrato social. - 655. Cláusu-
las ou condições ocultas. - 656. Nulidade do con-
trato por falta das formalidades legais. - 657. Os
dois exemplares do contrato. - 658. Direito Fiscal.
(1) Cód. Com., arts. 301, últ. alínea, e 303; regul. n. 737, de 1850,
art. 673, § 7. 0 •
(2) Regul. n. 737, de 1850, art. 150.
.<?> Assim bem. entendeu o art. 159 do regul. n. 737, de 1850, que se
conc1ha com o que dissemos no texto acima.
( 4) Cód. Com., art. 304.
(5) Cód. Com., art. 300, 2.ª alínea; regul. n. 737, de 1850, art. 182, § 2. 0 •
122 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
ARTIGO II
(1) Cód. Com., arts. 10, n. 2, e 301. (Veja-se o n. 213, in fine do 't.º
vol., 2 .a ed. d~~e Tratado). • . .
Muitos Cod1gos mandam fazer este registo mediante extrato com diversa,
enunciações. (Lei belga, art. 7.º).
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 129
(I) Cód. Com., art. 10, n. 2. (Veja-se n. 216 do I. 0 vol., 2.ª ed. dêste
Tratado).
(2) TEIXEIRA DE FREITAS nos Aditamentos do Código de Comércio,
pág. 666, entende que o registo não pode ser denegado porque a sociedade não
é comerciante sem o registo do instrumento social e não havendo comerciante
não é caso do art. 1O, n. 2, do Código, que estabelece uma obrigação dos
comerciantes.
Por engano, confiados nas considerações de ORLANDO, Código Comercial,
5.ª ed., nota 405, atribuimos opinião contrária a TEIXEIRA DE FREITAS
(Veja-se n. 217 do I.º vol., 2.ª ed. dêste Tratado). Retificamos aqui o nosso êrro.
A razão de TEIXEIRA DE FREITAS não procede, pois as sociedades sem
registo são comerciantes e estão sujeitas à falência. São sociedades irregulares.
(3) Regul. n. 737, de 1850, art. 693.
(4) Cód. Com., arts. 301 in fine e 304; acórdão da Relação da Côrte, de
5 de maio de 1874, em O Direito, vol. 4, pág. 801. (Veja-se o 11. 211, do 1.º
vol., 2.ª ed. dêste Tratado). Acórdão do Superior Tribuc:ll do Pará, de 11 de
outubro de 1902, em O Direito, vol. 94, págs. 254 e 255. Acórdão do Tribunal
de Justiça de São Paulo, de 11 de fevereiro de 1911, no S. Paulo Judiciário,
vol. 25, págs. 192-193.
ISO J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
SEÇÃO II
têrmo ilimitado, e sem exclusão de sócio algum da gestão social, sejam quais
forem as suas condições e estipulações acordadas".
O nosso legislador de 1850 afastou-se visivelmente do Código Comercial
francês de 1848, que, no art. 42, depois de impor as formalidades do registo e
publicação dos atos constitutivos das sociedades em nome coletivo e em coman-
dita, terminava dispondo: "Essas formalidades serão observadas, sob pena de
nulidade, relativamente aos interessados; a falta de qualquer delas não poderá,
porém, ser oposto pelos sócios contra terceiros". (Veja-se as notas de LOC~,
no Espirit du Code de Commerce, vol. 1, pág. 105).
Ao hwés de anular as sociedades irregulares, o nosso Código reconheceu-as
e foi bt:scar particularmente no Código espanhol a teoria por êste seguida.
Acreditamos que, por esquecimento dessas fontes, se tenha tornado difícil
a interpretação dos textos legais sôbre as sociedades irregulares.
(1) Cód. Com .• arts. 301, in fine, e 305, in fine.
(2) Lei n. 2.024, de 17 de dezembro de 1908, art. 6. 0 (*).
(3) Cód. Com., art. 301, in fine.
(4) Cód. Com., art. 303.
("') O Decreto-lei n. 7 .661, de 21 de junho de 1945 em seu art. 5. 0 dispõe
que o sócio solidário não é atingido pela falência da sociedade "mas fica sujeito
aos demais efeitos jurídicos que a sentença declaratória produza em relação à
sociedade falida" ...
134 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
1889, em O Direito, vol. 50, pág. 358. O Juiz de Direito da 4.ª Vara Cível
em sentença, confirmada pela 2.ª Câmara da Côrte de Apelação, no acórdão
de 23 de abril de 1912 (Revista de Direito, vol. 24, págs. 578-579), declarou
dissolvida uma sociedade irregular e mandou que os sócios indicassem pessoa
para exercer o cargo de liquidante. (Veja-se, também, o acórdão da Câmara Civil
de Minas Gerais, de 29 de janeiro de 1910, na Revista Forense, vol. 13,
págs. 204-205).
Contra: Não se pode pedir a liquidação da sociedade sem a exibição inicial
do contrato que é fórmula imprescindível em ações entre sócios, fundando-se a
intenção na existência da sociedade nos têrmos do art. 303 do Código Comer-
cial. E' nulo o processo que assim não se inicia. (Sentença do Supremo Tribunal
de Justiça, de 26 de agôsto de 1876, em O Direito, vol. 11, pág. 615; acórdão.
revisor da Relação do Rio, de 18 de maio de 1877, em O Direito, vol. 14,
pág. 83).
Mandou-se proceder à arrecadação dos bens de um negociante falido nos
têrmos do art. 21, § 2. 0 , do regul. n. 737, por não ter o liquidante nem o
sócio apresentado o instrumento probatório do contrato da sociedade. Presume-
se que esta não existiu. (Acórdão da Câmara Civil da Côrte de Apelação, de 30
de março de 1891, em O Direito, vol. 60, págs. 47-48).
(1) Acórdão do Trib. de Just. de S. Paulo, de 29 de agôsto de 1916, na
Revista dos Tribunais, vol. 19, pág. 78.
138 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
SEÇÃO III
(Aulete e Domingos Vieira); que na terminologia jurídica não tem outro sen·
tido o vocábulo prorrogação: "act pour lequel on fixe l'évenement d'~ne c~o~e:
notarnment l'expiration d'un délai à une date plus reculée que celle qu1 ava1t ete
primitivement fixée". (DALLOZ); Considerando que não se concede prorro·
gação daquilo que já so realizou - de uma sociedade que se dissolveu,. ou d.e
um prazo que expirou; Considerando "que as sociedades reputam·se d1ssolv1·
das ... expirado o prazo ajustado de sua duração" (Código Comercial, art. 3 35);
que a expiração dêsse prazo determina, ipso facto atque jure, a dissolução da
sociedade (acórdão do Supremo Tribunal Federal, n. 441, de 11 de maio de
1907; JOÃO MONTEIRO, Apli. de Dir., pág. 186) e "produce il suo effetto
irnmediatamente si verso i socii si verso i terzi" (GIORGI, Person. giurid., vol.
6, pág. 394; VIVANTE, vol. 2. 0 , n. 726). (Na Revista de Direito, vol. 19,
pág. 356).
( 1 ) Se na prorrogação se der o acréscimo do capital, deve ser pago o sêlo
proporcional sôbre êste acréscimo. (Decreto n. 3.564, de 22 de janeiro de 1900,
art. 4. 0 , n. 10) ("').
(2) A modificação da sociedade pela retirada ou saída de algum sócio
continuando nela os outros sócios, não importa mudança da pessoa jurídica
(acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo, de 16 de março de 1912, no
S. Paulo Judiciário, vol. 28, pá.g. 257, e na Revista dos Tribunais (S. Paulo),
vol. 1. 0 , págs. 374 e 375).
(•) Decreto n. 32.392, de 9 de março de 1953, art. 110 da tabela.
TRATAfJ(J DE DIREITO COMERCIAL BRASILEffiO 143
( 1) Arg. dos arts. 339 e 343 do Cód. Com. e do art. 6. 0 da Lei n .. 2.024,
de 17 de dezembro de 1908.
Escritores franceses entendem que, se no contrato social é estipulada a fa-
culdade da cessão, o cedente fica também exonerado vis-à-vis de terceiros, visto
como os que trataram com a sociedade aceitaram antecipadamente a substituição
(ARTHUYS, Traité des sociétés commerciales, vol. 1, n. 220).
PIC, Des sociétés commerciales, vol. J, n. 364, entende que, no Direito
Francês, esta cláusula estatutária é mais radical que o consentimento unânime
dos sócios por ocasião da cessão. e.ste consentimento liberta o cedente somente
para o futuro; ao passo que a cessão efetuada em virtude da cláusula contratual
coloca o cessionário na posição do cedente, que fica liberto também pelo pas-
sado, por efeito da delegação, e o cessionário é sub-rogado ativa e passivamente
em todos os seus direitos como em tôdas as suas obrigações.
(2) Acórdão do Tribunal de Justiça de S. Paulo, de 24 de julho de 1917.
na Revista dos Tribunais, vol. 23, pág. 273.
(3) Código Comercial, art. 339.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 147
CAP1TULO II
SEÇÃO I
SEÇÃO II
SEÇÃO III
11
1~ J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
SEÇAO IV
Das relações dos sócios entre si e dos sócios para com ter-
ceiros e vice-versa nas sociedades em nome coletivo
CAPiTULO IIl
CAP1TULO III
SEÇÃO I
(3) O Cód. parece não autorizar êsse ensino nos arts. 311 e 313, onde
fala somente da solidariedade dos comanditados. Medite-se devidamente e afas-
1e-se a confusão entre responsabilidade ilimitada e solidariedade, que se nos
dará razão.
Consultem-se: VIVANTE, Trattato di Diritto Commerciale, 3.ª ed., vol. 2.º,
n. 406; MARGHIERI, ll Codice di Commercio Commentato, Verona, 2.ª ed.,
vol. 3. 0 , n. 280; COSACK, Lehrbuch des Handelsrechts, 6.ª ed., § 111, pág. 537.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 177
1.2
17S J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
(1) Regul. n. 737, de 1850, art. 693; Cód. Com., art. 301, úit. alínea;
acórdãos da Relação da Côrte, de 5 de maio de 1874, em O Direito. vol. 4. 0 ,
págs. 801-808, e de 3 de setembro de 1878, em O Direito, vol. 17, pág. 315:
acórdão do Tribund de Justiça de S. Paulo, ce 11 de fevereiro de 1911, no
S. Paulo Judiciário, vol. 25, pág. 192 (Veja-se o n. 211, do 1.º vol., 2.ª ed.,
dêste Tratado).
A Relação do Recife, em acórdão de 30 de julho de 1875 (em O Direito,
vol. 18, pág. 104), decidiu em sentido contrf;fo. E' um acórdão injurídico,
patrocinando a fraude.
Em 1888, a questão foi discutida no Instituto da Ordem dos Advogados
Brasileiros. O Dr. ZEFERINO DE FARIA apresentou o relatório concluindo:
"a falta de registo no pr2.zo legal do instn:mento de uma sociedade em coman-
dita importa a solidaried2.de do sócio comanditário". Em sessão de 22 de no-
vembro daquele ano, foi essa conclusão aprovada contra dois votos (Revfata
daquele Instituto, vol. 12, págs. 241 e 250).
O C6d. Com. Alemão, no art. 176, tratando de sociedade em comandita,
não inscrita, obriga o sócio comanditário pelas dívidas sociais indefinidamente,
salvo quanto ao credor que conhecer a sua qualidade. No mesmo sentido, o
Cód. Federal Suíço das Obrigações, art. 599.
(2) O contrário foi decidido pelo Tribunal de Justiça de S. Paulo, em.
acórdão de 8 de outubro de 1903 (no S. Paulo Judiciário, vol. 3.0 , pág. 182
e na Gazeta Jurídica de S. Paulo, vol. 33, pág. 293), sob o fundamento de que
o Código, no art. 314, e a Lei de Falências, não cogitaram dessa respon·
sabilidade!!
Em parecer, publicado na Revista Forense (de Minas), vol. 3. 0 , pág. 448,
opinámos:
"Expirado o prazo fixado para a duração da sociedade comercial, esta:
a) dissolve-se "pleno jure" (Cód. Com., art. 335, n. 1), ou
b) continua, devendo, neste caso ser passado novo contrato com tôdas as
formalidades internas e externas do contrato institucional (Cód. Com., art. 306).
As sociedades em comandita que, para sua validade e efeitos jurídicos, têm
de ser regularmente instituídas e mantidas (C6d. Com., art. 301, in fine, 306 e
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 181
SEÇÃO II
SEÇAO III
Da administraç<io das sociedades em comandita simples
Sum6rio: - 743. Aplicam-se nqui as mesmas regras sôhrc
a administração das sociedades em nome coletivo,
sah·o o que se expõe nesta seção. - 744. Os co-
manditários são afastados da administração socinl.
- 745. Não podem praticar atos de gestão 11em ser
empregados os procuradores da sociedade. - 7-16.
~tes atos devem ser reais. - 747. - N5o podem
fazer pane da firma social. - 748. Atos que os cc-
manditários podem praticar. - 749. Os comanditá-
rios rc-dem d<>r pareceres e conselhos. - 750. Podem
autorizar atos que excedam a faculdade dos gere:t-
tes e aprovar atos e contas dêstes. - 751. Podem
negociar com a sociedade de que fazem pane. -
752. - Penalidades para os casos de infração das
proibições legais. - 753. Como se prova a infração.
- 754. Quem pode tomar efetiva a responsabilidade
solidária do comanditário.
(1) Cód. Com., art. 314. Neste sentido, art. 378 do Cód. Com. Argentino
(2) Cód. Com., art. 290. Acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo
de 21 de julho de 1912, citado em a nota l, da pág. 185; acórdão da 3.ª Câma-
ra da Côrte de Apelação, de 2 de dezembro de 1926, no Arquivo Judiciário,
vol. 1.º, pág. 254.
(3) PERDIGÃO MALHEIROS, Consultas, pág. 412; VIVANTE, Trattato
di Diritto Commercia/e, 3.ª ed., vol. 2. 0 , n. 402; DELANGE, Des Sociétés Com-
merciales, ed. belga, n. 396; PONT, Sociétés, vol. 2, n. 1.459.
188 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
SEÇÃO IV
Das relações dos sócios entre si e dos sócios para com ter-
ceiros e vice-versa nas sociedades em comandita simples
Suaário: - 755. Princípios gerais. - 756. Relações dos.
sócios entre si. - 7-:,7. O comanditário, que pagou·.
dívidas sociais, tem recurso contra a sociedade e os
comanditados? - 758. Relações dos sócios com ter-
ce:ros e vice-versa. A responsabilidade pelas obri-
gações sociais. - 759. Primeiro se executam os bens
sociais. - 760. A a~ão dos credores nos casos ,:k
falência da sociedade e depois de liquidada esta. -
761. Reposição dos lucros recebidos com fraude.
(1) Cód. Com., art. 350; Reg. n. 737, de 1850, adts. 491 e 531, § 1.0 ;
Dec. n. 3.084, de 1898, P. III, arts. 498 e 533, a.
(2) Lei n. 2.024, de 17 de dezembro de 1908, art. 53 ("').
(3) Lei n. 2.024, de 1908, art. 53, § 1. 0 (**).
Esta lei ainda dispõe no mesmo artigo: ·
§ 2. 0 Os liquidatários poderão propor a ação antes de vender os bens da
sociedade e apurar o ativo e sem necessidade de justificar a insuficiência dêste
para a solução do passivo da falência.
§ 3. 0 A ação poderá compreender todos os réus ou ser especial para cada
um devedor em condições de solvência.
("') (**) Decreto-lei n. 7.661, de 21-6-945, art. 50.
13
194 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
CAPÍTULO IV
SEÇÃO I
SEÇÃO II
SEÇÃO III
SEÇAO IV
CAP1TULO V
SEÇÃO I
Da dissolução
ARTIGO I
§ l.º
§ 2.º
14
:no J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
nova sociedade, sucessora. Dá-se sõmente que a sociedade não continua, dissol-
ve-se; forma-se nova sociedade, que sucede àquela (Veja-se TEIXEIRA DE
FREITAS, Consolidação das leis cfris, nota 27 ao art. 764).
(1) O acórdão da 1.ª Câmara da Côrte de Apelação, de 28 de novembro
de 1907 (em O Direito, vol. 105, pág. 29, e na Revista de Direito, vol. 12,
pág. I 09) chama dissolução parcial a essa verificação, "para o só efci~o de
apurar-se a quota do sócio pré-morto", com o fim de "remover os inconvem~ntes
ou delongas de uma liquidação ordinária em detrimento do regular func10na-
mento da sociedade".
A sociedade, no caso de que tratamos, não se dissolve, e por isso é que·
se contrata a sua continuação, com os sócios sobreviventes. Se não há dissolução.
muito menos se dá a liquidação, cujos Inconvenientes se procuram afastar. O
que ocorre é um ato equivalente à dissolução e liquidação da sociedade no que
diz respeito aos herdeiros do sócio pré-morto, idêntico ao caso da retirada de
sócio, ut n. 680, supra.
(2) Não havendo no caso liquidação da sociedade, não se lhe aplica a
disposição do art. 353 do Cód. Com. Isso não quer dizer que os menores
deixem de ser devidamente representados na apuração da parte pertencente a(}
sócio pré-morto. Não há necessidade, porém, do curador especial a que se
refere o citado art. 353.
Disse o Cons. RUI BARBOSA, em parecer de 12 de agôsto de 1909:
"O acidente da menoridade, em que por acaso o falecimento de um asso-
ciado vier a deixar um dêstes, não pode alterar o acôrdo mutuamente estabelecido
entre as partes como lei comum a elas e seus descendentes, obrigando os sócios
r;obrevivos a um regímen diverso do ajustado entre êles e o pré-morto".
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 211
"Se o contrato social, por conseguinte, estipula que a parte dos herdeiros
do sócio falecido lhes será paga em títulos repreSt:ntativos do seu valor consoante
o último balanço, claro está que o pensamento e objeto desta cláusula consisto:
precisamente em substituir as formalidades ordinárias da liquidação e partilha
pelo simples balanceamento do ativo e passivo da sociedade. Se da observância
de semelhante fato resultam inconvenientes ao herdeiro menor, desta redução
nos cômodos da herança a êle só lhes caberá culpar o ascendente que lha
deixou. ~ste por si e seus sucessores, obrigou-se a esta derrogação das normas
usuais, mediante a reciprocidade formal de um compromisso, que vinculou à
mesma condição os dois pactuantes, juntamente com os que nos seus direitos
e correlativos encargos lhes sucedessem. Da sucessão, pois, faz parte essencial
e inalterável o contrato, que a morte de um dos contratantes tornou definitivo,
assim com os seus benefícios, como com os seus ônus e descontos" (A questão
do ltuí, Manaus, 190:::1, págs. 116-117). (Nesse opúsculo acham-se, ainda, os
pareceres de LAFA YEITE, OURO P~TO, SILVA COSTA, R~GO MON-
TEIRO e o nosso no mesmo sentido) .
Assim decidia o Direito Romano para conservar intacta aos sócios a liber-
dade de testar e não os obrigar à companhia de pessoas desconhecidas.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 213
§ 3.º
§ 4.º
Da falência da sociedade
§ 5.º
ARTIGO II
ARTIGO II
§ 2.º
§ 3.º
Da fuga do sócio·
ARTIGO III
Da dissolução convencianal
SEÇÃO II
lS
226 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
posteriores ao dist~ ;:te, mas não é uma soleniuade da validade do ato, que fica
subsistente não obstante a falta de registo" (em O Direito, vol. 18, pág. 358).
O acórdão da Relação da Côrte, de 13 de agôsto de 1878, em O Direito,
vol. 17, pág. 106, decidiu que a notícia provada da dissolução supre a publi-
cação, conquanto não supra o registo, que é essencial, em vista do art. 338
do Cód. Com., para que se dê a exoneração da responsabilidade do sócio para
com terceiros.
(1) Cód. Com., art. 344. (Veja-se n. 209, do 2. 0 vol., dêste Tratado).
(2) Cód. Com., art. 340.
230 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
(1) Cód. Com. português, de 1833, art. 761: "Tôdas as ações contra só-
cios não liquidantes, suas viúvas, herdeiros e sucessores, prescrevem em cinco
anos a contar do fim estipulado no contrato social, se êste contrato ou o distrato
e dissolução se lançaram no registo público de comércio e se fizeram as parti-
cipações e anúncios ordenados por lei; e se depois de preenchidas estas sole-
nidades não houve interpelação judicial".
(2) Cód. Com. frances, art. 64 :"Toutes actions contre Ies associés non
liquidateurs et Ieurs veuves, héritiers ou ayants-cause, sont prescriptes cinq ans
apres la fin ou la dissolution de Ia société si I'acte de société qui en énonce
Ia durée, ou I'acte de dissolution, a été affiché et enregistré conformément aux
articles 42, 43, 44 et 46, et si, depuis cette formalité remplie, la prescription
n'a été interrornpue à leur égard par aucune poursuite judiciaire".
Esta prescrição figurou pela primeira vez no Cód. Com. francês devido a
observação apresentada à comissão por um negociante parisiense.
230 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
(1) Cód. Com. português, de 1833, art. 761: "Tôdas as ações contra só-
cios não liquidantes, suas viúvas, herdeiros e sucessores, prescrevem em cinco
anos a contar do fim estipulado no contrato social, se êste contrato ou o distrato
e dissolução se lançaram no registo público de comércio e se fizeram as parti-
cipações e anúncios ordenados por lei; e se depois de preenchidas estas sole-
nidades não houve interpelação judicial".
(2) Cód. Com. frances, art. 64 :"Toutes actions contre les associés non
liquidateurs et leurs veuves, héritiers ou ayants-cause, sont prescriptes cinq aos
apres la fin ou Ia dissolution de Ia société si l'acte de société qui ea éaonce
la durée, ou l'acte de dissolution, a été affiché et enregistré conformément aux
articles 42, 43, 44 et 46, et si, depuis cette formalité remplie, Ia prescription
n'a été interrompue à leur égard par aucune poursuite judiciaire".
Esta prescrição figurou pela primeira vez no Cód. Com. francês devido a
observação apresentada à comissão por um negociante parisiense.
232 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
SEÇÃO III
Da liquidação
Sumário: - 820. O que compreende a liquidação da socie-
dade. - 821. Esta liquidação não é operação essen-
cial. - 822. Casos em que não se dá a liquidação.
- 823. Os sócios podem regular a forma da liqui-
dação; regras que prevalecem no silêncio do con-
trato. - 824. A intervenção de um curador especial
na liquidação das sociedades, em que houver m~
nores interessados. - 825. A existência dêsses me·
nores não prejudica o que foi estipulado pelos sócios
no contrato social. - 826. A liquidação da socie·
dade em virtude da falência de um sócio. - 827. A
liquidação no caso da morte do sócio sem testamen·
to ou herdeiros presentes.
8Z2. Eis alg-uns casos em que não hP. razão de ser para
liquidação ou em que esta é dispensada:
a) a sociedade não tem passivo e o ativo se acha repre-
sentado em dinheiro ou, consistindo êste ativo em bens, os
sócios ajustam dividi-los in natura entre si;
b) se no contrato social se estipula que os sócios entra-
rão imediatamente com a quantia precisa para o pagamento
dos credores, ficando a cargo de um dêles o estabelecimento
ou emprêsa, com a obrigação de embolsar a quota dos outros
sócios, conforme o último balanço ou fixada por outra forma;
e) se se ajusta entre os mesmos sócios ou com outros
nova sociedade sucessora, assumindo esta a responsabilidade
do ativo e passivo da que se extingue;
d) se um sócio toma a si receber os créditos e pagar
as dívidas passivas, dando aos outros sócios ressalva contra
a responsabilidade futura nos têrmos do art. 343 do Código
Comercial (n. 817 supra);
e) se o estabelecimento industrial ou comercial explo-
rado pela sociedade, é vendido em bloco e o comprador paga
diretamente aos sócios em particular o preço da ,,nda (3).
quando, no art. 302, n. 6, e no arl. 344, atribui aos sócios o direito de ajusta-
rem, no contrato da sociedad,~, a forma da sua liquidação e partilha. Uma vez
pôsto em uso por êles êsse direito, com a celebração do contrato social, onde
submetem a liquidação e partilha futuras a condições sumárias, assentadas pelo
mútuo consenso dos contraentes, não podem elas ser alteradas pela superve-
niência. de herdeiros menores, cuja situação jurídica, enquanto meros sucessores
do sócio morto, se tem de reduzir forçosamente à criada pelo ato do contra-
tante, a quem sucedem.
O art. 353 não faz mais do que completar o regímen normal de liquidação
e partilha instituído nos arts. 345 a 352. Correndo o seu processo debaixo da
inspeção do Juízo do Comércio, quis a lei que nêle fôsse representado o Juízo·
de órfãos por um curador de sua nomeação. Mas, se a liquidação, por fôrça
do contrato social, reveste outras formas, não se lhe estende essa disposição.
Nem por isto, contudo, ficam abandonados à sua incapacidade os herdeiros
menores cuja defesa tem, com a presença do seu tutor, um órgão suficiente
e legal.
- O acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo, de 18 de dezembro de·
1912, confirmado pelo de 24 de maio de 1914, parece ter decidido que, havendo
menores interessados na liquidação não se poderia tazer amigàvelmente (Rev.
dos Tribunais, vol. 4, pág. 330 e vol. 10, pág. 85). Está tora de debate o caso
de haver cogitado o contrato da forma amigável da liquidação. Mas, ainda no
silêncio do contrato que foi o caso concreto, não nos parece boa a decisão.
(1) Acórdão da 2.ª Câmara da Côrte de Apelação de 13 de setembro de
191 O, na Revista de Direito, vol. 18, págs. 145-146; acórdão do Tribunal de-
Justiça de São Paulo, de 12 de novembro de 1914, na Revista do Tribunais,
vai. 12, págs. 83-84; acórdão da 2.ª Câmara de 22 de junho de 1915, na Rev.
de Direito, vol. 37, págs. 524-525.
(2) Lei n. 2.024, de 17 de dezembro de 1908, art. 51.
(*) O art. 48 do decreto-lei n. 7.661, de 21-6-1945, dispõe de maneira,
diversa.
-240 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
ARTIGO 1
~les
obram sem procuração especial dos soc10s, do mes-
mo modo que os sócios gerentes. São os órgãos da sociedade
16
242 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
ARTIGO II
Das atribuições, deveres e responsabilidades dos liquidantes
Sumúlo: - 834. Os liquidantes não empreendem nov.u
operações, ultimnm ns iniciadas. - 835. úbrigaçõts
dos liquidantes. - 836. Não podem transigir. ·-
837. Podem abrir crEditos? - 838. Podem hipotecnr
bens sociais? - 839. Responsabilidade dos liqui-
dantes.
SEÇÃO IV
Da partilha
SEÇÃO V
ARTIGO I
Da dissolução judicial
~ 1) A li9uida~ão não pode ser homologada pelo Juiz de úrL~os, sob. pena
de nao produZir efeito. (Acórdão revisor da Relação da Côrte, de 7 d;: 1unho
de 186.2, apud M~FR~, Jurisprudência dos Tribunais, vol. 3.º, pág. 86) · .
Am?a que ~eJam mte~essados menores sucessores do sócio premorto, ~UJ~S
ben~ se mven~anam no ~uizo de órfãos, êste não seria competente para a hqm-
daçao da sociedade (acord~o do Tribunal de Justiça de São Paulo, de 16 de
dezembro de 1895, ~a Revista Mensal, vol. 3.º, págs. 68-69).
No mesmo sentido o acórdão da 1.ª Câmara da Côrte de Apelação, de 28
de novembro de 1907, na Revista de Direito, vol. 8.º, pág. 102.
(2) Nosso parecer de 4 de agôsto de 1909, e mais os de LAFAYETfE,
~URO P~TO, RUI BARBOSA e R~GO MONTEIRO, no opúsculo A ques-
lao do ltm, Manaus, 1909. (Acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo, de
18 de setembro de 1914, na Revista dos Tribunais, vol. 12, pág. 46).
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 255
( 1 ) Em O Direito, vol. 20, pág. 713 . A mesma praxe foi aceita nos acór-5
dãos da Câmara Cível da Côrte de Apelacão' de 18 de novembro de 1901 e ?ª
Câmaras Reunidas da Côrte de Apelacão, de 24 de junho de 1902, na Revista
de Jurisprudência, vol. 15, págs. Ú5-3,58. . 13
A 2.ª Câmara da Côrte de Apelação, em acórdão de 29 de ab~Jl de 19 '
negando provimento à sentença do Juiz de Direito da 6.ª Vara, _Julgou_ qu;,
"como bem entendeu êste Juiz, para que pudesse ser decretada a d1ss?l~çao. ª
sociedade, sem dependência de ação ordinária e por processo adfl1:1mst~ativo
sumário, de acôrdo com o art. 336 do Cód. Com., era mister prova imedia!~/
concludente de alguma das hipóteses figuradas no mencionado artigo" (Revis a
de Direito, vol. 28, págs. 326-327). . ·d·10
A referida Câmara, em acórdão da mesma data, em outro feito, deci
que "no caso de violação do contrato social (art. 336, n. 3, do Cód. qom.),_a
dissolução da sociedade sàmente pode ser ordenada mediante a respectiva açao
ordinária", e as Câmaras Reunidas, em acórdão de 31 de julho do mesrr;io ano:
pelo voto de desempate do seu presidente, confirmara aquêle acórdão, d1ze'!d~.
"~e a requerifI!ento ~e qualquer dos sócios (art. 336) pode ser dec~etada iudi-
cialmente a d1ssoluçao, prescindindo-se do meio ordinário contencioso, essen-
cial, entretanto, é a prova cufl!prida do fato positivo, sob a sanção do art.. 336,
da qual resulta a verdade sabida, para, em jurisdição administrativa, ser distra-
tado o contrato, antes do têrrno convencionado sem 0 acôrdo recíproco dos
contratant~s·: (Revi~ta _de f!ireito, vol. 29, págs. '542-543) .
~te _ulti!Ilo acordao. i;iao resolve a questão com a clareza necessária; parece
~tes se_ mchnar a admitir o processo sem figura ou ordem do Juízo para a
d1ssoluçao com fundamento no art. 336 do Cód. Com., não tendo decretado
esta dissolução no ca~o concreto P?r falta de prova dos fatos argüidos.
Para mostrar, amda, a desonentação dos tribunais, temos o acórdão da
2.ª Câmara.da,Côrte .de Apel_ação de 30 de abril de 1907 dizendo: " ... pro-
cesso sumáno e o me10 própno de ser decretada a liquidação" (Rev de D·
vol. 8., págs. 131-132). · ir.,
(2) Acórdão de 19 de outubr-0 de 1912, em a nota 5 da pág. 253.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 257
(1) Cód. Com., art. 303; reg. 0 n. 737, art. 673, § 7. 0 • (Veja-se n. 650
supra).
( •) A matéria está hoje regulada nos arts. 655 e segs. do Cód. de Proc.
Civil.
(U) Hoje o recurso é o de apelação (art. 820 do Cód. de Processo).
17
258 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
ARTIGO II
Da liquidação judicial
ARTIGO III
Da nomeação, atribuições e destituição dos liquidantes
na liquidação judicial
ARTIGO IV
Da partilha judicial
(1) Há quem sustente que a partilha deve ser dos próprios bens in natura,
evitando-se a venda em leilão (voto do Des. HERMENEGILDO DE BARROS,
no acórdão da Câmara Cível da Relação de Minas, de 28 de julho de 1910, na
Rev. Forense, vol. 14, pág. 153) . Os tribunais têm admitido a venda em leilão:
quando há um só bem partível e os sócios não se harmonizam (acórdão da
2.ª Câmara da Côrte de Apelação de 10 de setembro de 1909, na Revista de
Direito, vol. 14, pág. 157), ou se não há outro meio para ultimar a liquidação,
não obstante trazer prejuízo (acórdão da Relação do Rio, de 13 de julho de
1879, em O Direito, vol. 19, págs. 537-538). (Veja-se o n. 396 do 2. 0 volume,
dês te Tratado) .
O Tribunal de Justiça de São Paulo em acórdão de 21 de janeiro de 1904
(no S. Paulo Judiciário, vol. 4, pág. 53) decidiu que, devendo a liquidação da
sociedade proceder-se na forma da estipulação expressa no contrato e em falta,
na forma dos arts. 344, 345 e 353 do Cód. Com., não é lícito o leilão das
mercadorias da casa, havendo oposição de um dos sócios, "porquanto importa
em obrigar uma das partes a alienar a sua propriedade, garantida em tôda a
sua plenitude pela Constituição e pelas leis, por uma forma não prescrita nas
leis e contrária à sua vontade". :E.ste porquanto, fundamento do acórdão, é o
que de mais fraco existe. Os bens não são dos sócios, mas da sociedade.
Veja-se no mesmo S. Paulo Judiciário, vol. 28, págs. 329-331, uma inte-
ressante sentença do Juiz de Direito de Araraquara sôbre a venda dos bens de
uma sociedade civil em liquidação.
(2) Acórdãos da l.ª Câmara da Côrte de Apelação, de 28 de janeiro de
1907 e de 18 de novembro de 1907 na Revista de Direito, vol. 8, págs. 106-107.
Diz êste último acórdão: "Considerando: que a liquidação no juízo comercial
é o mesmo processo do inventário no juízo comum; que a partilha acabada se
meterão os herdeiros na posse de seus quinhões não podendo impedir-se a dita
posse e entrega, pôsto que as partes apelem da dita sentença. (Ord., do L. 4,
Tít. 96, § 22); que sendo assim e tendo sido recebida no efeito devolutivo
sàmente, a apelação não podia fazer depender a entrega das respectivas quan-
tias de prestação da fiança ... "
TfTULO IV
b (1) O~tr?s acreditam que a hist6ria das sociedades anônimas começa com
%.doa~cosJubltcos da_ Idade ~édia, apresentando o Banco di S. Giorgi, fun-
mais bc~o /º~v; no ftm do seculo XV ( 1409) e dissolvido em 1799, como o
bilidade li~hada e~~~s 5 ?c.iedades, 0 n,de se encontrava caracterizada a responsa-
na Holanda e na 1 1socios · Nos seculos XV~I e XVIII, surgiram na França,
ng aterra grandes companhias de colonização, facilitando e
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 271
18
J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
(1) Anais da Câmara dos Deputados, sessão de 1878, vol. 3. 0 , pág. 160.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 275
CAPfTULO I
SEÇÃO I
(1) Decreto n. 434, art. 33; decreto n. 850, art. 4. 0 , parte 1.ª; lei n.
2.•J24, de 17 de dezembro de 1908, art. 53 ( •).
(2) Daí a figura de TROPLONG: "c'est une caisse sociale au delà de
laquelle il n'y a pas d'individus débiteurs et contraignables" (Du contrai de
sociéré, vol. 1.º, n. 444).
Veja-se o Acórdão da 2.ª Câmara da Côrte de Apelação, de 31 de maio
de 1907, em a nota 1 da pág. 63.
"A sociedade por ações é uma sociedade de dividendo no sentido estrito".
(PRIMKER, in Manuale di diritto commerciale, de ENDEMANN, trad. ita-
liana, vol. 1. 0 , pág. 569).
Mais rudemente disse um escritor inglês: a sociedade anônima é uma má-
quina de dividendo. Deita-se a contribuição e recolhem-se os dividendos.
(•) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 76. Quanto à.
falência, decreto-lei n. 7.661. de 21 de junho de 1945, art. 50.
288 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
19
SEÇÃO II
Ne~sas condições:
SEÇÃO m
Da denominação, sede e duração das sociedades anônimas
(1) Decreto n. 434, art. 14; lei n.-3.150, art. 2. 0 ; decreto n. 8.821, art. 6. 0 ;
decreto n. 164, art. 2. 0 ; decreto n. 916, de 24 de outubro de 1890, art. 4. 0 ( • ) .
(2-3) Decreto n. 434, art. 13; lei n. 3.150, art. 2. 0 , § l.º; decreto n. 8.821,
art. 5. 0 ; decreto n. 164, art. 2. 0 , § l.º; decreto n. 916, de 24 de outubro de 1890,
art. 4. 0 ("'*).
( 4) A infração da lei contendo preceito de ordem pública tem por sanção
a nulidade.
Fundou-se em São Paulo uma sociedade para adquirir as casas comerciais
de Payão & Cia., Bricola & Cia. e Borges & Cia. e deram-lhe a denominação
de "Companhia Payão, Bricola & Borges", nomes dos chefes das três casas.
~sse foi um dos fundamentos para a decretação da nulidade da sociedade
anônima, em virtude da manifesta infração do art. 13 do decreto n. 434. Sen-
tença do Juiz do Comércio (Dr. INÁCIO ARRUDA), de 3 de março de 1892,
confirmada pelos acórdãos do Tribunal de Justiça, de 18 de novembro de 1892,
e de 18 de janeiro de 1893, na Gazeta Jurídica, de S. Paulo, vol. 1, págs. 463-480.
( *) e ( *"') Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 3.º
in principio.
294 J. X. CA..'l=l.VALHO DE MENDONÇA
(1) Decreto n. 434, art. 14, § l.º; lei n. 3.150, de 1882, art. 2. 0 , 2.ª
alínea; decreto n. 8.821, art. 6. 0 , § 1.0 ; decreto n. 164, de 1890, art. 2. 0 , 2.ª
alínea. que dispõe: "A designação ou denominação deve diferençá-las de outras
quaisquer sociedades ( *).
(2) Decreto n. 434, art. 14, § 2. 0 ; lei n. 3.150, art. 2. 0 , 2.ª alínea; decreto
n. 8.821, art. 6. 0 § 2. 0 ; decreto n. 164, de 1890, art. 2. 0 , 2.ª alínea (**).
(3) Decreto n. 434, art. 147 (* . . ).
(4) A lei belga de 1873, art. 71, fixa o prazo máximo em 30 anos("""*"').
(*) e (**) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 3. 0 , § 2.º.
( * **) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de selem bro de 1940, arts. 8 8 e 99.
(•** •) Decreto-lei o. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 40, II.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 297
SEÇÃO IV
(I) Decreto n. 434, art. 50; decreto n. 8.821, art. 132 (""").
(2) Decreto n. 434, art. 46, n. 2 e legislação aí referida.
("') Também dependem de autorização do Govêrno as sociedades de
seguros (decreto-lei n. 2.063, de 7-3-1940); as de capitalização (decreto 22.456,
de 10-2-1933); as de economia coletiva ou caixas construtoras (decreto 24.503,
de 29-6-1934); as de mineração, de energia hidráulica e petróleo (Código de
Minas - decreto-lei n. 1.985, de 29-1-1940, e decreto-lei n. 395, de 29-4-938);
os bancos e casas bancárias (decreto n. 14. 728, de 16-1-1921); as de indústria
e comércio fronteiriças (decreto-lei 1.968, de 1-1-1940); as de navegação
de cabotagem e ar (decreto-lei n. 2.784, de 20-11-1940 e Código Brasileiro do
Ar: decreto-lei 483, de 8-6-1938); as de crédito e financiamento ou investimen-
tos (decreto-lei n. 7.514, de 25-5-1945).
(**) Veja-se decreto-lei n. 2.627,. de 26 de setembro de 1940, art. 61.
'298 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
(1) Decreto n. 434, art. 53; decreto n. 8.821, art. 132, § 1.0 ; decreto
n. 2. 711, de 19 de dezembro de 1860, art. 2. 0 ( *).
(2) Decreto n. 5.072, de 12 de dezembro de 1903, arts. 12 e 13 ( 0 ).
(3) Decreto n. 434, art. 67; decreto n. 2.711, de 19 de dezembro de
1860, art. 3. 0 , § 2. 0 •
(4) Decreto n. 434, art. 63; decreto n. 2.711, de 1860, art. 2. 0 •
(5) Decreto n. 434, art. 56; decreto n. 2.711, de 1860, art. 3. 0 , § 1. 0 •
( 6) Decreto n. 434, art. 54.
(7) Decreto n. 434, art. 55. ÊSte artigo diz: "o registo da carta de auto-
rização precederá a organização da companhia". Deve-se obter a aprovação dos
estatutos depois de organizada a companhia.
(*) Depois de c0!lstituída. Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de
1940, art. 61, d. A autorização precede, entretanto, à constituição, quando os
fundadores pretendam recorrer a subscrição pública. (Citado decreto-lei n.
2.627, art. 63) .
( u) Decreto-lei n. 2.063, de 7 de março de 1940, art. 35.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 301
(1) Decreto n. 434, art. 61; decreto n. 8.821, art. 132, § 3. 0 (*).
(2) Decreto n. 434, art. 62; decreto n. 8.821, art. 134, § 4. 0 •
(3) Decreto n. 434, art. 63; decreto n. 8.821, art. 132, § 5. 0 (*"'*).
( 4) Decreto n. 3 .564, de 22 de janeiro de 1900, tabela B, 1, § 4. 0 ,
n. 28 (**"'*).
(*) De maneira diversa dispõe o art. 73 do decreto-lei n. 2.627, de 26
de outubro de 1940.
(**) Decreto-lei n. 2.063, de 7 de março de 1940, arts. 34 e seguintes.
(*0 ) Cit. decreto-lei n. 2.627, art. 69.
(**""") Para o direito fiscal vigente veja-se o decreto-lei n. 4.655, de
3 de setembro de 1942, novamente publicado consolidando as alternrÕP<> -~
teriores pelo decreto n. 43.392, de 9-3-1951 ,, ... n1
30'.! J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
(I) Decreto n. 434, art. 61; decreto n. 8.821, art. 132, § 3.º (*).
(2) Decreto n. 434, art. 62; decreto n. 8.821, art. 134, § 4. 0 •
{3) Decreto n. 434, art. 63; decreto n. 8.821, art. 132, § 5. 0 (***).
(4) Decreto n. 3.564, de 22 de janeiro de 1900, tabela B, I, § 4.º,
n. 28 (*"'**).
.J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
CAPfTULO II
SEÇÃO I
( l) Decreto n. 434, arts. 5. 0 e 6. 0 , n. 1, 8.0 , 10, 12, 75, 86, 88, 89, 200,
n. l, et passim; lei n. 3.150, art. 5. 0 ; decreto n. 8.821, arts. 28, 37 e 38; decreto
n. 164, de 1890, art. 5. 0 ; decreto n. 1.362, de 14 de fevereiro de 1891, arts. l..º,
n. l, 3.0 , n. 2, 7. 0 e 9. 0 (* ).
GUILLERY, Des sociétés commerciales, vol. 2.º, n. 552: "Les fondateurs
sont ceux qui organisent la société, qui en ont eu tout d'abord, ou en ont
accepté l'idte, qui ont réglé les principales dispositions des statuts et lancé les
souscriptions".
ARTHUYS, Traité des sociétés commerciales, vol. 1. 0 , nota 1 ao n. 319:
"Les fonC.::.iteurs sont ceux qui prennent l'initiative de la formation de la société
et président aux actes nécessaires à sa constitution".
CÉLLERIER, Étude sur les sociétés anonymes, n. 198: "Le rôle du fon-
dateur consiste à établir la charte sociale, à reunir les concours nécéssaires, à
recueillir les souscriptions, et, cela fait, à constituer la société".
O Cód. Com. alemão, no art. 187, considera fundadores, também, os que
redigiram os estatutos ou que conferiram bens não consistentes em dinheiro.
( •) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 40, I.
TTIATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 307
(1) Decreto n. 434, arts. 85 e 86; decreto o. 164, art. 5. 0 , princ. ("').
Veja-se acórdão da Câmara Cível da Côrte de Apelação, de 29 de março
de 1894, confirmado pelos das Câmaras Reunidas, de 29 de abril de 1895 e de
8 de janeiro de 1900, na Revista de Direito, vol. 12, págs. 530-538.
(2) Decreto n. 434, art. 87; lei o. 3.150, art. 5. 0 ; decreto n. 8.821 art. 37·
decreto n. 164, art. 5. 0 , princ. ( º ). ' '
(3) Decreto n. 434, art. 88; lei n. 3.150, art. 5. 0 , 1.ª alínea· decreto
n. 8.821, art. 37, parágrafo único; decreto o. 164, art. 5. 0 , 1.ª alíne'a (*"'*).
(•) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 55, parágrafo
único.
0
Cit. decreto-lei n. 2.627 art 55 in pr1"nc1"p1"0
(•••>
( )
c·1t. decreto-lei. n. 2.627,
, art.
. 55,
, parágrafo. único.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 317
( 1) O Cód. Com. argentino dispõe, no art. 324, 2.ª alínea: "Si Ia socie-
dad no se constituye definitivamente, conforme ai articulo anterior, los gastos
y consecuencias de los actos practicados con ese fin por los fundadores, seráa
de su cargo esclusivo, sin recurso contra los suscritores".
(2) Decreto n. 434, art. 10; decreto n. 1.362, de 14 de fevereiro de 1891,
art. 7. 0 • O art. 1O do decreto n. 434 diz renda em vez de venda ( *).
(3) Decreto n. 434, arts. 10 e 20; decreto n. 1.362, de 1891, art. 7. 0 ; lei
n. 3.150, art. 3. 0 , § 3. 0 ; decreto n. 8.821, art. 9. 0 , parágrafo único, decreto
n. 164, art. 3.0 , § 3. 0 •
(4) Decreto n. 434, art. 11; decreto n. 1.362, de 14 de fevereiro de 1891,
art. 8. 0 •
( *) O decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940 não repetiu tal
disposição, certamente por ser da alçada de impôsto de renda.
318 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
SEÇÃO II
Cód. Com. português ( art. 162, n. 1) dez. O Cód. Com. alemão de 1897 ( art.
182) manda que o ato social seja assinado por cinco sucscritores ao menos:
em outros têrmos, que haja pelo menos cinco fundadores, a fim de responderem
para com terceiros pelos atos da organização.
Os Códigos italiano, húngaro e espanhol não fixam número. VIDARI os
aplaude (Corso di diritto commerciale, vol. 2.º, 5.ª ed., n. 1.135).
O Código Federal Suíço das Obrigações não é expresso. Da combina-;ão
de seus artigos resulta, porém, serem indispensáveis seis pessoas pelo menos
(ROSSEL, Manuel de droit fédéral des o.'Jligations, n. 805).
( 1) Com êsse fundamento PIRMEZ justificou, no seu relatório, o número
de sete acionistas, exigido no projeto convertido na lei belga de 1873, e man-
tido nas leis de 22 de maio de 1886 e de 25 de maio de 1913.
NYSSENS, no A vant projet de !oi sur les sociétés commerciales du Grand-
Duché de Luxembourg, diz não compreender o alcance do argumento de PIR-
MEZ e que somente par routine et sans discussion se: tem admitido o número
de sete (pág. 112).
(2) Decreto n. 434, arts. 1. 0 , 148, n. 6, e 151; lei n. 3.150, art. J7, n. 5;
decreto n. 8.821, arts. 1. 0 , 77, n. 6, e 80; decreto n. 164, art. 17, n. 5 (*).
(3) Decreto n. 434, art. 151, § 2. 0 ; lei n. 3.150, art. 17, n. 5, 2.ª alínea;
decreto n. 8.821, art. 80, § 2. 0 ; decreto n. 164, art. 17, n. 5, 2.ª alínea (**).
( •) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 13 7, d (até à
seguinte assembléia geral) .
( • •) A responsabilidade é dos diretores. - Decreto-lei n. 2.627, de 26
de setembro de 1940, art. 122.
320 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
SEÇAO III
Dos estatutos
Sumário: - 925. Definlç5o de estatutos. - 926. Quem <'!
formula e a dificuldade da claboraç5o. - 927. Que
devem conter. - 928. A sua assinatura. - 929. n
seu depósito no caso de subscrição pública e a sua
apresentação à assembléia constituinte e intangibili-
dade. - 930. Seu arquivo e publicidade. - 931. Mo-
dificação ou alteração dos estatutos.
(1) Decreto n. 434, arts. 14, §§ t. 0 , 17, §§ 2. 0 , 19, 79, n. 1, 80, 84; "esta-
tutos ou contrato social"; art. 72: "as cláusulas ou estatutos por que ela se há de
reger" ( • ).
As sociedades de grande importância podem organizar também o seu regu-
lamento interno, que se não confunde com os estatutos.
(2) A elaboração dos estatutos é amvre comp/iquée et délicate, na frase
~e FLOUCAUD _P~1'.'1~.RDILLE, L~s sociétés par actions, vol. 1, pág. 161; é
ch?se grave et d1/f1c1/e , na expressao de MARIA, Des modification du capital
social, pág. 1.
(•) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 45, § 3.º, b.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 321
(1) Decreto n. 434, art. 14, § l.º; decreto n. 8.821, art. 6. 0 , § 1. 0 (*).
(2) Vejam-se ns. 527 e 885 supra.
(3) Vejam-se ns. 625 e 892 supra.
(4) Decreto n. 434, art. 148, n. 5; lei n. 3.150, art. 17; decreto n. 8.821,
art. 77, n. 5; decreto n. 164, art. 17 (**).
(5) Decreto n. 434, art. 19; decreto n. 8.821, art. 9. 0 ; lei n. 177-A, de
15 de setembro de 1893, art. l.º, § 3. 0 (***).
(6) Decreto n. 434, art. 18; lei n. 3.150, art. 7. 0 ; decreto n. 8.821, art.
8. ; decreto n. 164, art. 7. 0 (****).
0
(7) Decreto n. 434, art. 100; lei n. 3.150, art. 10; decreto n. 8.821, art
44; decreto n. 164, art. 10, 1. ª parte ( * * ** *).
( *) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 40, II.
(oeo*) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 40, II.
(***) Cit. decreto-lei n. 2.627, art. 40, II.
('~***) O vigente decreto-lei n. 2.627 não cogita de frações, mas a
ação pode pertencer a mais de uma pessoa (art. 79).
( U***) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 116, § 1.º.
21
J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
-------
deres (1), fixa-se a caução qu2 devem prestar (2), regulam-se
a forma da convocação das assembléias gerais e a ordem a
guardar (3), as condições para o exercício do direito de voto
aos acionistas, isto é, o número mínimo de ações, necessário
para os acionistas serem admitidos a votar, o número de
votes que compete a cada um em razão do número de ações
que possuir (4), o modo da liquidação (5) e da repartição
dos dividendos, a instituição de fundos de rese1 va l6), etc.
928. Os estatutos d~vem ser assinados por todos os
subscritores (7) .
A assinatura importa adesão às cláusulas dos estatutos,
e não pode ser acompanhada de declaração contendo cúnai-
ções ou modificações nos seus dispositivos. Podem os esta-
tutos ser a~s.nados por procurador com poderes especiais.
929. No caso de subscrição pública, os estatutos são
deposir.ados com o prospec~o no escnwrio dos tundadores du-
rante cito dias (8) (n. 943 infra), e à assembléia con!ti-
tuinte da sociedade devem êstes apresentá-los devidamente
assinados (9) .
(1) Decreto n. 434, arts. 101, 102, 103, et passim; lei n. 3.150, art. 10,
§ l.º, n. 2, et passim; decreto n. 8.IS2.l, arts. 45, 46, et passim (*).
(.l) Decreto n. 4J4, art. 105; Je1 n. J.o\J, art . .tu, ~ J.º; uecreto n. 8.821,
art. 41; decreto n. 164, art. 10, !i J. 0 ( "'* ).
(3) Decreto n. 44J, ares. 13~, 141, 143 et passim; lei n. 3.150, art. 15,
§§ 6. 0 , 7. 0 et passim; aecreto n. IS.o.21, arts. 71, í3 et passim; decreto n 164,
arts. 15, §§ 6. 0 , 7. 0 e !/.º l • "'"' ).
(4) Decreto n. 4J4, art. 141; lei n. 3.150, art. 15, § 6. 0 ; decreto n. 8.821,
art. 71; decreto n. 164, art. 15, § 6. 0 (*•**).
(5) lJecreto n. 4J4, ans. 15/ e 160; uec. n. 8.821, arts. 86 e 89 ('"**º).
(bJ 1.Jecreto n. 4J4, art. !lo; uecreio n. IS.ó.21, art. 4L. ( "'•••r;.• ).
(1) .LiecreLo n. 4..>4, ares. ll. 0 , 14 e 75; oecreLo n. 1.J6L., art. 4. 0 , decreto
n. 8.lS.d, ares. L7 e 2lS, § 2.0 ( ** .. **** ).
(o) Uecreto n. 4..>4, art. -1. 0 , § 1. 0 ; aec. n. 1.362, art. 3.º, n. 1 ( ••••••**).
(~) l.Jecreto n. 4_,4, arts. !1. 0 , 74 e 75; uecreto n. 1.36.L, art. 5.º; decreto
n. 8.ll.d, ans . .L.I e 26, 9 L.O.
(*) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 116, § l.º, e.
( • •) <....1t. oecreto lei n. 2.62.7, art. 116, § 1. o, d.
( .. •) Cit. decreto-lei n. 2.62'7, art. 86, 88 e 89.
( • .. •) Cit. oecreto-1ei n. 2.627, art. ISO.
( .... •) Cit. oecreto-1ei n. 2..627, art. 139.
(******) Cit. oecreto-iei n. 2.62.7, art. 130, §§ I.º, 2.º e 3.º.
( ****: • •) . (Juanoo a socieciaae se constitui por subscrição pública, os
estatutos sao assmauos apenas pelos fundadores. - Decreto-lei n. 2. 627, de
26 de setembro de 1940, art. 40, 1.
c•••u• ••) CiL decreto-lei n. 2.627, art. 41.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 323
SEÇÃO IV
Da subscrição integral do capital das sociedades anônimas
Sumário: - 932. A subscrição inte'.)ral do ca:::iital. - ·B \,
Principias deduzidos da fixidez e da subscrição intc·
gral do capital social. - 914. Que se entende ror
subscrição. - 935. "t1. ato de comércio. - 936. A
outorga uxória nas entradas realizadas em imóveis.
- 937. As duas formas de subscrição.
ARTIGO ÚNICO
Da subscrição pública
SEÇAO V
tação não inferior a 10% sôbre o valor das ações, que é depo-
sitada na forma por que adiante se explica (1) (*).
Como êste depósito deve equivaler à déci11ia parte em
dinheiro do valor de cada ação, conforme os têrmos formais
do art. 3. 0 , princ., do decreto n. 164, de 17 de janeiro de 1890,
e do art. 3. 0 , princ., da lei n. 3.150, de 4 de novembro de 1882,
evidente é que cada subscritor deve para êle concorrer, en-
trando com a quantia correspondente ao número das ações
tomadas. É certo que o decreto n. 164, no art. 3. 0 , § l.º, n. 2,
e o decreto n. 1.362, de 14 de fevereiro de 1891, se referem ao
depósito da décima parte do capital, o que levou o decreto
n. 434, de 1891, a empregar essas palavras no art. 65. Mas, o
dispositivo legal acima reproduzido é claríssimo e outro meio
não poderia a lei adotar, a menos que não permitisse a fraude
de rodearem-se os fundadores de homens de palha, subscri-
tores de ações sem entradas. O depósito é de 10% sôbre o
capital subscrito, concorrendo cada subscritor com a porcen-
tagem sôbre as respectivas ações (••).
Daí a conseqüência de não ser possível a compensação
entre as entradas de diversos sócios, isto é, um subscritor
não pode pretender entrar com menos porque outro pagou
SEÇAO VI
ARTIGO I
Da constituição por escritura pública
Sumário: - 962. Motivos de preferência por essa forma de
constituição. - 963. Processo dessa constituição. -
964. A nomeação imediata dos administradores e do
conselho fiscal. - 965. Entradas em bens, coisas ou
direitos. - 966. Não é essencial a escritura pública
ainda que haja conferência de imóveis.
. , ' 26
(5) Decreto n. 434, art. 72, § 3. ; decretn n. 8.821, art. , n.
0 3 (••••) .
0
(*) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setemhro de 1940, art. 45, § 3. , b.
(*"') Citado decreto-lei n. 2.627, art. 45, ~ '1. 0 •
( ***) Citado decreto-lei n. 2.627, art. 47. .
( • • ••) Hoje a nomeação dos diretores e fiscais, na escritura de consti-
tuição da sociedade anônima é obrigatória. DecretC'-lei n. 2.627, de 26 de
setembro de 1940, art. 45, § 3. 0 , e.
::148 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
ARTIGO II
23
J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
SEÇÃO VII
Da avaliação dos bens móveis e imóveis, corpóreos e incor-
póreos, conferidos pelos subscritores, além de dinheiro
Sumário: - 976. As coisas ou direitos conferidos na socie-
dade devem ser avaliados rior louvados. - 977. Mis-
sfo dos louvados. - 978. ~stes respondem por per-
das e danos nos casos de fraude e lesão. - 979.
Processo da avaliação. - 980. Na constituição da
sociedade por escritura pública. - 981 . Continua-
ção. - 982. Continuação. - 983. Continuação. -
984. Na constituição da sociedade por deliberação
da assembléia dos subscritores. - 985. Continua-
ção. - 986. Direito Fiscal.
(1) Decreto n. 434, art. 73, § 1.º; dec. n. 8.821. art. 26, § t. 0 , n. 1 (•).
(2) Decreto n. 434, art. 73, § 2. 0 , princ.; decreto n. 8.821, art. 26, § 1.0 ,
n. 2, princ. (H).
( 3) Des sociétés, vol. 2. 0 , n. 989.
(4) Contra: o VISCONDE DE OURO PR~TO, em parecer de 30 de
dezembro de 1905 (Relatório do Presidellte da Câmara Sindical de Corretores
de Fundos do Distrito Federal, 1906, págs. 24-27) .
(5) Contra: DiDIMO, Código Comercial Comentado, vol. 2. 0 , pág. 69.
(*) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 5. 0 , in princ.
(**) Cit. decreto-lei n. 2.627, art. 5. 0 , § 1. 0 •
35S J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
SEÇÃO VIII
(1) Decreto n. 434, arts. 25 e 26; decreto o. 8.821, art. 13; decreto n.
850, arts. 2.0 e 3. 0 ; decreto n. 1.262, art. 1O ( •).
(2) Decreto n. 434, art. 9. 0 ; lei n. 1.363, art. 5. 0 • Parece que êste prazo
somente se refere ao caso em que se dá a subscrição pública. A razão, entre-
tanto, é a mesma no outro caso ( • •) .
( 3) A falta do arquivamento destas procurações no registo do comércio
foi um dos motivos para a nulidade da constituição de uma sociedade anônima.
(Sentença do Juiz do Comércio (Dr. INÁCIO ARRUDA), de 3 de março de
1892, confirmada pelos acórdãos do Tribunal de Justiça de São Paulo, de 18 de
novembro de 1892, e de 18 de janeiro de 1893, na Gazeta Jurídica de S. Paulo,
vol. 1. 0 , págs. 463-480).
(*) Hoje 30% - Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 14.
(**) Decreto n. 93, de 20 de março de 1935, art. 5. 0 •
( . . *) No vol. 4. 0 , n. 1.535, enumerou o autor outros atos que também
devem ser registados e publicados.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEffiO 363
(1) Decreto n. 434, art. 80, 1.ª alínea, e art. 81, 2.ª alínea; lei n. 3.150,
art. 3. 0 , § 5. 0 ; decreto n. ~.821, art. 33; decreto n. 164, art. 3. 0 , § 5.º.
(2-3) Decreto n. 434, art. 80, 2.ª alínea, e art. 81, 2. 8 alínea, e 147, § 3.º;
lei n. 3.150, art. 3. 0 , § 5.º; decreto n. 8.821, arts. 33 e 76, § 3. 0 ; decreto n. 164,
art. 3. 0 , § 5. 0 ; decreto n. 18.542, de 24 de dezembro de 1928, art. 176. A
2.ª alínea do art. 80 do decreto n. 434 refere-se ao art. 79. Há, entretanto,
incorreção; deveria ser ao art. 91, conforme se verifica do art. 3. 0 , § 5. 0 , do
decreto n. 164, e art. 33 do decreto n. 8.821.
(4) Decreto n. 434, art. 81, I.ª alínea; decreto n. 8.821, art. 33, § 1. 0 •
Muitas legislações não se satisfazem com esta publicidade da constituição
da sociedade anônima e a cercam de outra denominada publicidade permanente,
que consiste em designar o seu nome com o aditivo sociedadP. anônima e ainda
empregá-lo nas circulares, correspondência, faturas, anúncios, e demais do-
cumentos impressos ou autógrafos dela emanados. Alguns exigem ainda que
se declare a sede social. (Consultem-se a lei francêsa de 1867, art. 67 e o
Cód. húngaro, art. 14 e italiano, art. 104).
(5) Decreto n. 1.362, de 14 de fevereiro de 1891, art. 6.º.
(•) ~se arquivamento hoje é feito no Registo do Comércio - Dec.-lei
n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 54.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 365
SEÇÃO IX
(1) Decreto n. 3.564, de 1900, art. 32. O regulamento não exige guia
em duplicata, mas é indispensável a símile do art. 39, n. 3.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEffiO 367
(l) Decreto n. 434. art. 1.º; lei n. 3.150, art. 3. 0 , 2.ª alínea; dec. o. 8.821,
art. 1. 0 ; decreto n. 164, art. 3. 0 , 2. ª alínea ( *) .
(2) Decreto n. 434, arts. 65 e 83; lei n. 3.150, art. 3. 0 ; decreto n. 8.821,
art. 24; decreto n. 164, art. 3. 0 ; decreto n. 850, de 1890, art. 3. 0 (**).
(3-6) Decreto n. 434, arts. 82, 83 e 72; lei n. 3.150, art. 6. 0 , parágrafo
único; decreto n. 8.821, art. 34; decreto n. 164, art. 6. 0 , parágrafo único; decreto
n. 850, de 1890, art. 3. 0 (***).
(7) Decreto n. 434, art. I.º; lei n. 3.150, art. 3. 0 , 2.ª alínea; dec. n. 8.821,
art. 1. 0 ; decreto n. 164, art. 3. 0 , 2. ª alínea ( * * * *).
(8) Decreto n. 434, arts. 65 e 83; lei n. 3.150, art. 3. 0 ; decreto n. 8.821,
art. 24; decreto n. 164, art. 3. 0 ; decreto n. 850, de 1890, art. 3. 0 (****).
(9) Decreto n. 434, arts. 75, 82 e 141, § 2. 0 ; lei n. 3.150, arts. 6. 0 , parág.
único, 3. 0 , § I. 0 , n. 2, e 15, § 4. 0 ; decreto n. 8.821, art. 34; decreto n. 164,
arts. 6. 0 , parág. único, 3. 0 , § I. 0 , n. 2, e 15, § 4. 0 •
São inúmeras as decisões dos tribunais, anulando a constituição de socie-
dades anônimas pela falta de assinatura dos estatutos por todos os subscritores.
Vejam-se os acórdãos da Câmara Comercial do Tribunal Cível e Criminal
de 7 de junho de 1892, em O Direito, vol. 60, págs. 113-121, e de 17 de novem-
bro de 1893, no Jornal do Comércio de 10 de junho de 1894; da Câmara da
Côrte de Apelação de 30 de agôsto de 1894, em O Direito, vol. 65, págs. 559-
561; do Tribunal de Justiça de São Paulo, de 14 de novembro de 1892 e 17 de
março de 1893, na Gazeta Jurídica de São Paulo, vol. 3. 0 , págs. 198-202 de
18 de novembro de 1892 e de 18 de janeiro de 1893 na mesma Gazeta, vol., 1.º,
(*) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 38, 1.º.
(**) Cit. decreto-lei n. 2.627, art. 38, I. 0 •
(***) Cit. decreto-lei n. 2.627, art. 45, § 3. 0 , b e e, e § 2.º.
(****) Cit. decreto-lei n. 2.627, art. 38, § 1. 0 •
( . . ***) Cit. decreto-lei n. 2.627, art. 44 in princ.
( ... ****) V. cit. decreto-lei n. 2.627, art. 45, § t. 0 •
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 369
24
370 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
(1) Decreto n. 434, art. 83; lei n. 3.150, art. 6. 0 , parág. único. Decreto
n. 8.821, art. 34; decreto n. 164, art. 6. 0 , parág. único ("') .
(2) Decreto n. 434, art. 89; lei n. 3.1.SO, art . .S. 0 , in fine; decreto n. 8.821,
art. 38; decreto n. 164, art. 5. 0, in fine. (Veja-se n. 917 supra) (U).
(3) Reg. n. 737, de 2.S de novembro de 1850, arts. 684 e 686, § t. 0 •
( 4) L YON-CAEN et RENAULT, Traité de droit commercial, 4.ª ed.,
vol. 2. 0 , P. II, n. 783.
(5) Reg. n. 737, de 1850, art. 688.
(6) Regul. n. 737, de 1850, art. 686, § 3.0 ( . . *).
(*) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 45, § 4.º.
(,...) Cit. decreto-lei n. 2.627, art. 49.
( • • •) O Código de Processo Civil no tít. X dispõe hoje sôbre as nuli-
dades.
372 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
diretoria são eleitos dentre os acionistas, e até o momento ela sua eleição e
posse não passam de acionistas, nada têm que ver com a formação da socie-
dade, em que não se envolveram; e, se são considerados responsáveis por atos
qu_e ~ão praticaram, nenhuma razão há para deixar de responsabilizar os outros
acmm~t~s que em assembléia geral aprovaram uma sociedade, que ao depois
se verificou estar eivada de nulidade em sua constituicão, o que, além de ilegal,
fôra injusto e absurdo". .
Veja-se, ainda, o parecer do Dr. LUfS CARPENTER, de 31 de outubro
ele 1911, no Memorial da ação rescisória, autor, Antônio Januzzi, réus, Dr.
Gomes de Carvalho e outros, Rio de Janeiro, Jornal do Comércio, 1912, pág. 84.
( 1) Cons. DUARTE DE AZEVEDO, em parecer: "A sentença que de-
creta a nulidade da companhia aproveita e prejudica por sua natureza a todos
os acionistas, que não tivessem sido partes na ação, porque a causa é indivi-
dual e ccr:rnm" (Revista Mensal, vol. 2. 0 , págs. 29-30).
Afirma THALLER que, no Direito francês, a solução do problema da
autoridade da coisa julgada das sentenças que decretam a nulidade das socie-
dades pode-se considerar ainda ''comme étant à l'état rudimentaire et chaotique"
(A11nales de droit commercia/, 1903, p:íg. 307).
(2) Quanto ao Direito francês, consulte-se PIC, Des sociétés commercia-
les, vol. 2. 0 , n. 1.010.
(3) Muitas senten·~as nas ações acumuladas de nulidade e de indenização
condenam os fundadores a indenizar os autôres, e não os acionistas, seja isso
devido ao pedido no libelo ou à inteligência que os Juízes têm dado à lei.
sso J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
CAPfTULO III
(1) Decreto n. 434, art. 18, in princ., lei n. 3.150, art. 7. 0 ; decreto n.
8.821, art. 8. 0 ; decreto n. 164, art. 7. 0 • Como se distingue a ação da quota.
(Veja-se n. 538 supra) (*). .
Não se pode dividir o capital das sociedades anônimas em quotas. A lei
é expressa nesse sentido, estabelecendo como um dos caracteres dessas socie-
dades a divisão do capital em ações (decreto n. 434, art. 1.º; decreto n. 8.821,
art. 1.0 ).
Permitem, entretanto, a divisão do capital em ações ou quotas o Código
holandês, art. 40, e o italiano, art. 76, dizendo-se, por isso, que a divisão em
ações não é da essência das sociedades anônimas. Esta questão deu lugar a
notável debate no Parlamento italiano, encontrando-se exposta em PATERI,
La società anonima, ns. 5 e segs. Visou-se introduzir na Itália a sociedade
anônima de forma análoga à "limited by guarantee" do Direito inglês. Esta
inovação não foi bem aceita na prática, conforme atestam VIV ANTE, NOTO-
SARDEGNA e outros.
( *) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 1. 0 •
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 385
SEÇAO I
25
3S6 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
ARTIGO I
26
402
ARTIGO II
São incidentes sérios, de que a lei não cogitou ('l) ..~ · .;'
(1) O Cód. Com. alemão dispõe, no art. 290: "Se, para a redução do
capital fôr deliberado que se diminua o número das aç~es pela tro_c~ de títulos
ou pela marca de um sêlo especial ou por processo analogo. a sociedade pode
declarar sem valor as ações, cujos portadores em mora..nãq,lh~ :í\Presentem.
Igualmente proced~rá. :om os títulos apresent~dos,~, cujo i:n4f1ler0:,~j~ ~ns,ufi
ciente para a substltmçao pelos novos e que nao fosse posto à dís~os1Ção · da
sociedade para vendê-los por conta do interessado".
(2) C~LLERIER, P:tude sur les sociétés anonymes, n. 523 .-- , ~ :..
( •) Hoje, ·é· permitido à sociedade comprar suas próprias ações, para
reduzir o capital. Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 19.
4Uo J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
~~~~~~~~~~~
SEÇÃO II
Das ações
SDJDúlo· - 104!!. Sentido da palavra ação. - 1046. A açlo
unidade de medida do capital. - 1047. A1J ac6ca
devem ter o mesmo valor. - 1048. Subdivisão da
ação em frações. - 1049. A indlvWbilldade ela
acão. - lOSO. A ação complexo de direitos e obri-
gações. - 10!!1. A ação documento. - lOSl. Cau-
telas de ações. - lOSJ. A ação tftulo de cr6dlto.
( 1) Decreto n. 434, art. 32, 3.ª alínea; decreto n. 8.~'?1. art. 15, 2.ª alí-
nea (*).
(2) Acórdão do Tribunal de Justiça de São Paulo, de 8 de agôsto de
1916, na Revista dos Tribunail, vol. l.º, págs. 94 e 95.
(3) A ação, sob êste ponto de vista, dá-se o nome, na Alemanha de
Aktientitel, Aktiendokument: na Inglaterra, share certificate, lharewarrant stock-
certificate. '
( 4) Traité de droit mmmercial, 4. ª ed., n. 599.
(5) Decreto n. 370, de 2 de maio de 1890, art. 292, parág. único ( .. ).
ARTIGO I
ARTIGO II
27
418 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
ARTIGO III
ARTIGO IV
(1) Decreto n. 434, art. 22; lei n. 3.150, art. 7.0 , § 3. 0 ; decreto n. 8.821,
art. 18; decreto n. 164, art. 7. 0 , § 3. 0 •
(2) Decreto n. 434, art. 37; decreto n. 8.821, art. 19.
(3) Decreto n. 434, art. 22, in fine; decreto n. 8.821, art. 18, in fine.
( 4) Decreto n. 434, art. 23, última alínea; decreto n. 8.821, art. 11
in fine ("""* .. ).
( •) No vol. 4. 0 , n. J .539, acrescentou o autor: "Nesse livro ainda se
lançam os penhôres constituídos pelos acionistas em favor de terceiros e as cau·
ções dos administradores".
( **) Hoje há um livro especial de Transferência de ações nominativas.
- Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 56, II.
(***) A caução é lançada no livro de Registro de ações nominativas -
Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 56, I, f.
("'* .. ) O vigente decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de· 1940, per·
mite apenas dar-lhes certidões. (Art. 56, parág. único).
("'"'* 0 ) Cit. decreto-lei n. 2.627, art. 57, parág. único.
426 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
ARTIGO V
(1) Decreto n. 434, art. 22, n. 2; lei n. 3.150, art. 7. 0 , § 3.0 , n. 2; decreto
n. 8.821, art. 18, n. 2; decreto n. 164, art. 7. 0 , § 3.0 , n. 2 (*).
(•) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 56, l, b.
43~ J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
sua sede que, mediante editais, publicados por dez vêzes, du-
rante um mês em duas fôlhas das de maior cirulação na-
quela sede seja notificado o acionista remisso para cumprir
a obrigação, dentro dêsse prazo, sob pena de serem as ações
vendidas em Bôlsa, por conta e risco do seu dono, à cotação
do dia (1).
( 1) Decreto n. 434, art. 33; decreto n. 850, art. 4. 0 , alínea !.ª; decreto
n. 2.475, de 13 de março de 1927, art. 116 (*).
Os estatutos de uma sociedade autorizaram a diretoria a resolver o comisso
das ações no caso de mora dos acionistas. Decidiu o Tribunal Cível e Criminal
do Distrito Federal, em acórdão de 11 de fevereiro de 1896, que se não podia
dispensar o processo judicial da notificação, especialmente criado pela lei para
a realização e garantia do comisso. O comisso, ainda que condição resolutória
do contrato, não se opera pleno jure, pelo único fato do retardamento das
entradas. A resolução é direito acessório, que, originado da inexecução do con-
trato, deve ser, como é, demandado judicialmente. Trata-se de um dispositivo
legal calcado no interêsse público, que não pode ser revogado pelos estatutos
sociais (em O Direito, vol. 69, págs. 572-576). ~te acórdão foi reformado
pelo da mesma Câmara, de 23 de março de 1897, mas a questão aqui refe-
rida foi reconhecida por ambos (MONTENEGRO, Trabalhos Judiciários, vol.
2. 0 , págs. 343-350).
No mesmo sentido rnanife~tou-se a i.a Câmara da Côrte de Apelação, em
acórdão de 12 de junho de 1908 (na Revista de Direiro, vol. 9. 0 , pág. 116).
(2) BOLCHINI, na Revis:a dei Diritto Commerciale, vol. 6. 0 , Parte I,
pág. 436.
( 3) Assim decidiu a Câmara Comercial do Tribunal Cível e Criminal,
em acórdão de 16 de dezembro de 1892, confirmado pela Côrte de Apelação,
em acórdão de 1O de junho de 1893. Aquêle acórdão contém ê.5tes consideran-
dos: "devendo ser regulados pelo decreto n. 737 as ações e processos por fatos
provenientes da aplicação da legislação das sociedades anônimas (decreto n.
8.821, de 1882, art. 23, 2.ª alínea), a conclusão é que, na falta de declaração
das respectivas formas, cada espécie deve ser regulada pela forma mais con-
sentânea à natureza do ato; e, portanto, a notificação prevista no art. 33 do
decreto n. 434, de 1891, pela sua identidade com a excussão do penhor, deve
ser regulada pela ação prescrita nos arts. 282 e segs. do decreto n. 737 citado".
Resolveu-se mais, que a natureza especial dê.5te processo não admite recon-
venção (em O Direito, vol. 62, págs. 58-69).
( *) O art. 76 do decreto lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, esta-
belece o processo da venda.
434 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
ARTIGO VI
Da propriedade e da transmissibilidade das ações em virtude
de negociação ou de outros casos
Sumário: - 1081. Prova da pro:;iriedade das ações nomina-
rivas. - 1082. Dono das ações ao portador. - 1083.
Dono das ações transferíveis por endôsso. - 1084.
Perda das ações nominativas e desapossamento das
ao por!aclor. - 1085. Transmissibilidade das ações.
- 1086. Restrições à transmissibilidade das ações no-
minativas. - 1087. Ccndições para a transmissibilidade
\!essas ações. - 1088. Nulidade dos contratos tendo
por objeto ações sem os requisitos legais. 1089.
Como se opera a transferência das ações. - 1090.
Intervenção da sociedade na trans~erência. - 1091.
Transmissão "mortis causa" ou em virtude de arre-
matação ou adjudicação judicial. - 1092. Transfe-
rência de ordem. - 1093. Responsabilidade do
cedente. 1094. Direito Fiscal. - 1095. Continua-
ção. - 1096. Da transmissibilidade das ações ao
portador. - 1097. Da transmissibilidade das ações
por endôsso.
(1) Decreto n. 434, art. 23, in principio; decreto n. 8.821, art. 11, in
princípio ( *).
( *) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 25.
(**) A margem dos dois últimos períodos dêste número escreyeu o autor:
"Emendei 0 que escrevi aqui, no. vol., 5 ..º, 2.ª part_:, ,,quando tratei dos títulos
nominativos . Seria admitir a teoria class1ca da cessao .
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 439
(1) Lei n. 1.637, de 5 de janeiro de 1907, art. 21, 2.ª alínea (**).
(2) Há emprêsas em que os seus fundadores não querem que percam o
caráter íntimo e diremos pessoal, não obstante a forma anônima que assumem,
já para manter os elementos de vida e prosperidade que apresentavam quando
eram exploradas por sociedades em nome coletivo ou em comandita simples, já
para permanecerem os destinos sociais e as ações nas mãos do fundador, seus
herdeiros ou parentes (sociedades ditas de família), já para evitar a especula-
ção sôbre os títulos, o açamharcamento das ações por outro indivíduo ou por
outra sociedade adversa ou concorrente, já para inspirar confiança ao público,
que conhecerá as pessoas abonadas ou solventes titulares das ações não inte-
gradas (como bancos, companhias de seguro, etc.), já para manter a tradição
de estabelecimentos de ensino ou educação, já, finalmente, para garantia da
própria emprêsa, como acontece com as emprêsas jornalísticas de propaganda,
de órgãos de partidos políticos, que de outro modo passariam para rivais.
Consulte-se ESCARRA, Les restrictions conventionnelles de la transmissi-
bilité des actions, monografia nos Annales de droit commercial, 1911, págs. 333
e seguintes, onde se estuda minuciosamente o assunto.
A jurisprudência francesa rev~la a tendência de admitir as cláusulas restri-
tivas do direito de transferência. (FLOUCAUD-PÉNARDILLE, Les sociétés
par actions, vol. 1.0 , n. 94) e nesse sentido se manifestam THALLER, Traité
de droit commercial, 4.ª ed., n. 613, e PIC, Des sociétés commerciales, vol. 2.º,
D. 748. j
(*) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 27, § 2. 0 •
("'*) Decreto-lei n. 22.239, de 19-12-1932 (revigorado pelo de n. 8.401,
de 19-12-1945), art. 8.0.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 441
.cada ação. ~. pois, ao capital representado em cada ação que se refere a lei.
Nesse sentido julgou o Tribunal de Justiça de São Paulo, no acórdão de 27 de
outubro de 1916, de acôrdo com o que explica LAFAYETIE, no discurso na
Câmara dos Deputados, em 4 de maio de 1897, quando se discutia o projeto
da lei de 1882. (Revista dos Tribunais, vol. 20, pág. 96) .
(1) Decreto n. 434, art. 29, l.ª alínea; decreto n. 8.821, art. 1. § 1.º.
(2) Decreto n. 434, art. 29, 2.ª alínea; decreto n. 8.821, art. 13, § 2.º.
( 3) Decreto n. 434, art. 27; decreto n. 997, de 11 de novembro de 1890,
art. l.º; decreto n. 164, art. 7. 0 , § 2. 0 •
(4) Decreto n. 434, art. 28; decreto n. 997, de 11 de novembro de 1890,
art. 2. 0 ; decreto n. 164, art. 7. 0 , § 2. 0 •
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 443
(1) Decreto n. 434, art. 30; lei n. 3.150, art. 7. 0 , § 2. 0 ; decreto n. 8.821,
art. 14; decreto n. 164, art. 7. 0 , § 2. 0 , n. 1 (*).
( 2) Decreto n. 434, art. 31; decreto n. 164, art. 7. 0 , § 2. 0 , n. 2 comb.
com a 2.ª alínea do § 2. 0 , do art. 7. 0 , da lei n. 3.150, e § 2. 0 do art. 14 do
decreto n. 8.821 (**).
Donde se conta o prazo para a prescrição? O decreto n. 434, art. 31, es!a-
belece como partida a data da publicação da cessão. Mas as cessões das açoes
não se purlicam. Basta que trinta dias antes da ssembléia geral ordinária fi'!_ue
à disposição dos acionistas, no escritório social, a cópia da lista das transferen-
cias àas ações em algarismos, realizadas no decurso do ano (decreto n. 434,
art. 147, n. 3).
Parece, pois, que é dessa data em diante que corre a prescrição.
A lei n. 3.150 (art. 7. 0 ), e o decreto n. 8.821 (art. 76, § 1.0 ) mandavam
publicar pela imprensa as transferências do ano anterior, um mês antes da
reunião da assembléia geral ordinária. Esta providência fôra, porém, substituída
por aquela outra do decreto n. 434.
Em face do decreto n. 164, art. 7. 0 , § 2. 0 , n. II, a questão estaria solvida:
a responsabilidade do cedente somente cessaria no caso da aprovação das con-
tas pela assembléia ordinária. Ocorreu, porém, que o decreto n. 1.362, de 14
de fevereiro de 1891, art. 13, mandou que subsistissem a par daquele decreto
n. 164, a lei n. 3.150 e o decreto n. 8.821. Temos, portanto, de conciliar os
textos legais. O aviso do Ministério da Fazenda, de 7 de julho de 1891 (em
O Direito, vol. 56, pág. 344), aliás obscuramente redigido, inclinou-se para a
primeira solução, a do decreto n. 164, mas o decreto n. 434, consolidando as
leis relativas às sociedades anônimas, em data posterior àquele aviso, conciliou
os textos, se bem que deixando a dúvida que tratamos de esclarecer na pre-
sente nota.
(*) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 75, in principio.
( **) Cessa a responsabilidade no fim de dois anos. - Decreto-lei D.
2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 75, parág. único.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 447
ações nos livros desta companhia, tem-se cobrado o sêlo proporcional segundo
a cotação dos títulos, publicada no dia da transferência.
Pergunta-se: a companhia deve continuar a assim proceder ou deve cobrar
o dito sêlo de conformidade com o valor da transação dado pelos interessados?
Respondemos: "O valor das ações para o pagamento do sêlo proporcional
federal nos têrmos de transferência é o preço da negociação ou transmissão.
Como não é a companhia que negocia ou transfere, ela deve limitar-se a
.aceitar a declaração das duas partes.
Se não declaram o preço, é pela média da cotação da bôlsa que se deve
exigir o sêlo (decreto n. 3.564, de 22 de janeiro de 1900, art. 4. 0 , n. 7). A
companhia não pode consentir no têrmo de transferêfü·ia sem o sêlo, inutilizado
pelo transferente (decreto n. 3.564, de 1900, art. 19, § 1. 0 , n. 4) .
Se houver fraude na declaração, não é a companhia que responde pda
revalidação, porque não é ela quem paga o sêlo. Quando muito a companhia
tem a simples fiscalização (decreto n. 3.564, de 1900, art. 41) e esta os seus
limites naturais. A companhia não é parte na transação da qual resulta a trans-
ferência; não pode, conseguintemente, responder pelos atos fraudulentos de
terceiros.
A praxe adotada pela companhia é salutar e comete imprudência de graves
conseqüências todo aquêle que procura lesar o fisco nessas transferências. O
Tesouro tem meio facílimo, simplíssimo de descobrir o embuste, pois desde que
um título se acha cotado na bôlsa oficial por certo preço, a presunção é de não
ter sido negociado por preço inferior".
(1) Decreto n. 3.564, de 22 de janeiro de 1900, art. 12, n. 15 (*).
(2) Decreto n. 3.564, de 1900, art. 12, n. 14 (**).
(3) Decreto n. 3.564, de 1900, art. 19, § 1.º, n. 4.
(4) Decreto n. 434, art. 24; decreto n. 8.821, art. 12 (***).
(*) Decreto n. 32.392, de 9-3-1953, art. 43, n. 3 da Tabela.
(**) . O -:,igente decreto-lei n. 4.655, de 3 de setembro de 1942, não man-
teve essa 1Sençao .
(***) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 27, b.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 449
ARTIGO VII
(1) Dec. n. 434, art. 21, 2.ª alínea; dec. n. 8.821, art. 10, 2.ª alínea ("').
(2) ROUSSEAU, Des sociétés commerciales, 4.ª ed., vol. 1.0 , n. 1.475.
(3) Cód. Com., art. 273; decreto n. 434, art. 37, princ., lei n. 3.150, art.
7. 0 , § 4. 0 ; decreto n. 8.821, art. 19, 1.ª; decreto n. 164, art. 7. 0 , § 4.0 (**).
(4) Decreto n. 434, art. 39; lei n. 3.150, art. 27, n. 4; decreto n. 8.821,
art. 19, § 2. 0 ; decreto n. 164, art. 27, n. 4 (***).
( •) O vigente decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, não cogita
dessa espécie de ação.
( •"') Cit. decreto-lei n. 2.627, art. 28.
(***) Cit. decreto-lei n. 2.627, art. 28, parág. único.
(**"'*) Art. 177, § 1.0 , V. do Código Penal. V. art. 168, 5. 0 , do citado
decreto-lei n. 2.627.
450 J. X. CARVALHO DE MENDONÇA
ARTIGO VIII
J,
(1) Decreto n. 434, art. 40, 2.ª alínea; lei n. 3.150, art. 3 2;ª alín;a;
decreto n. 8.821, art. 20, ?. a alínea; decreto n. 164, art. 31, 2. almea ( ) .
("') Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940. art. 18.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 453
(l) Decreto n. 434, art. 40, 2.3 alínea; lei n. 3.150, art. 31, 2.ª alínea;
decreto n. 8.821, art. 20, 2.ª alínea; decreto n. 164, art. 3.0 , 2.ª alínea (*).
(2) LYON-CAEN et RENAULT, Traité de droit commercial, 4.ª ed.,
vol. 2. 0 , P. I, n. 559.
'
(*) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 15, parágrafo
único.
(º) Cit. decreto-lei n. 2.627, art. 18, § 3.º.
456 J. X. CARV ALfíO DE MENDONÇA
SEÇÃO III
Dos acionistas
(1-2) Decreto n. 434, arts. 139 e_l40; decreto n. 164, art. 15, § 9, n. 2 (*).
(3-4) Vejam-se ns. 1.005 e 1.006 supra.
( 5) ln DALLOZ, 1901, 1, págs. 105 e segs.
( 6) Decreto n. 434, art. 146; decreto n. 8.821, art. 14.
(7) Decreto n. 434, art. 146; decreto n. 8.821, art. 7 5.
(8) Decreto n. 434, arts. 109, n. 3, e 110; lei n. 3.150, arts. 10 e 11, pará-
grafo único; decreto n. 164, art. 11 .
Nesse direito compreende-se o da indenização pelos prejuízos resultantes
da distribuição de dividendos indevidos, sôbre o qual dispôs especialmente o
art. 115 do decreto n. 434. ~,....
( *) Decreto-lei n. 2.627, de 26 de setembro de 1940, art. 89, parágrafo
único, b.
TRATADO DE DIREITO COMERCIAL BRASILEIRO 459
PARTE III
30
:lNDICE GERAL
Págs.
SEÇAO III.
Da administração das sociedades
em comandita simples . . . . . . . . . . 184
Págs.
ARTIGO II. Da liquidação judicial . . . . . . . . . . . 260
ARTIGO III. Da nomeação, atribuições e desti-
tuição dos liquidantes na liquida-
ção judicial . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 262
ARTIGO IV. Da partilha judicial . . . . . . . . . . . . . 268
TíTULO IV. Das sociedades anônimas . . . . . . . . 270
CAPÍTULO I. Das noções fundamentais sôbre as
sociedades anônimas . . . . . . . . . . . . 285
------
sEÇAO V.
Da entrad a in
e do aep
. icial dos subscritores
, .
, sito prévio da dec1ma p
O
ar-
PÁG S •
337
te do capital · · · · · · · · · · · · · · · · · · ·
Das formas da constituição das so-
sEÇAO VI. ciedades anônimas . . . . . . . . . . . . . .
345
PÁGS.