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AULA 8

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023 08:12

Lorena de Castro dos Anjos - 190139536

Aula 8

Testamento

- é admitida a revogação do testamento a qualquer momento (art. 1.969, CC);


- é determinado que, no caso de cláusula testamentária dúbia, deve prevalecer a interpretação mais compatível com a vontade do testador (art. 1.899, CC);
- irregularidades formais na lavratura do testamento que não coloquem a suspeição a fidedignidade da manifestação de vontade não devem acarretar a invalidade do testamento, a exemplo
das hipóteses de flexibilizações das solenidades do testamento de que trataremos mais à frente;
- as hipóteses de rompimento do testamento (“revogação presumida”) são taxativas na lei e devem ser interpretadas de modo restritivo.

O testamento reveste-se de caráter solene. Sem essas solenidades, o risco de fraudes aumentaria: seria mais fácil forjar fraudulentamente um testamento em nome de quem já morreu, diante
da provável ausência de pessoa capaz de produzir provas em contrário.

Falsificação de testamento particular - Nosso ordenamento exige uma solenidade para que seja aberto o testamento - é indispensável o processo de abertura do testamento - Rac (Registro,
abertura e cumprimento do testamento)

1) Testamento Particular - Hológrafo : totalmente grafado (art. 1.876 - 1.880)

a. Três testemunhas
b. Assinatura de próprio punho do testador

- A desvantagem do testamento particular é a fragilidade que a declaração se enquadra, pois, em caso de irregularidades, torna o ato nulo. Além de poder ser extraviado ou destruído, ou
nem sequer mencionado no inventário de bens.
- Deve ser aberto o processo de RAC

Considerações da doutrina:

- É viável o testamento particular sem testemunha alguma se o testador consignar alguma circunstância excepcional. Nesse caso, o juiz verificará a procedência dessas circunstâncias e
aferirá a veracidade do instrumento pelos elementos probatórios disponíveis (art. 1.879, CC). Trata-se do que a doutrina designa de testamento particular de emergência ou,
simplesmente, de testamento de emergência.
- O testamento cerrado, secreto ou místico é aquele que, embora tenha sido escrito pelo testador (ou por outrem a seu rogo), é aprovado e lacrado pelo tabelião de notas (arts. 1.868 ao
1.875, CC).

Jurisprudência:

SUCESSÃO. TESTAMENTO PARTICULAR. Ação de confirmação de testamento particular. Sentença que julgou procedente o pedido. Irresignação do herdeiro necessário. Alegação de
vícios meramente formais que, por si só, não obstariam a convalidação do testamento particular. Precedentes do STJ. Caso concreto no qual o testamento foi assinado por 3 testemunhas,
que confirmaram a vontade da testadora. Questões que extrapolam a estreita via desta ação que devem ser deduzidas em ação autônoma. Sentença mantida. RECURSO DESPROVIDO.
(TJ-SP - AC: 10078002420188260037 SP 1007800-24.2018.8.26.0037, Relator: Alexandre Marcondes, Data de Julgamento: 19/02/2021, 6ª Câmara de Direito Privado, Data de
Publicação: 19/02/2021)

APELAÇÕES CÍVEIS. DIREITO SUCESSÓRIO. AÇÕES DE ABERTURA, REGISTRO E CUMPRIMENTO DE TESTAMENTO PARTICULAR E INVENTÁRIO. CÔNJUGE DO DE CUJUS
QUE PRETENDE A ARRECADAÇÃO DOS LOTES QUE LHE FORAM RESERVADOS. SENTENÇAS DECLARATÓRIA DE NULIDADE DO TESTAMENTO PARTICULAR E
HOMOLOGATÓRIA DA PARTILHA DE BENS ENTRE OS TRÊS FILHOS, NA PROPORÇÃO DE 1/3 PARA CADA UM. RECURSOS DA AUTORA. 1. Insurgência da autora/apelante, sob
os argumentos de cerceamento de defesa, validade do testamento particular, visto o preenchimento dos requisitos formais, e prejuízo no processo de inventário. 2. O artigo 1.876, § 2º, do
Código Civil, exige, para testamento particular elaborado por processo mecânico, a ausência de rasuras ou espaços em branco, a assinatura do testador e a leitura perante, ao menos, três
testemunhas, que o subscreverão. 3. Decisum que declarou, de ofício, nulo o testamento particular, sem se limitar à verificação do preenchimento de requisitos formais, porquanto
também considerou vícios intrínsecos, os quais devem ser apreciados em ação de nulidade própria ou no inventário em curso. Precedente: 0064836-15.2016.8.19.0002 - Apelação - Des
(a). Luiz Fernando de Andrade Pinto - Julgamento: 29/01/2020 - Vigésima Quinta Câmara Cível. 4. Juízo a quo que reconheceu, de ofício, nulidade sobre matéria sem ser de ordem
pública, o que configura error in procedendo. Precedente: 0004224-75.2016.8.19.0208 - Apelação - Des (a). Fernando Cerqueira Chagas - Julgamento: 07/03/2018 - Décima Primeira
Câmara Cível. 5. Feito que demanda maior dilação probatória, notadamente com relação à oitiva de testemunhas, para fins de confirmação do testamento particular, nos termos do artigo
1.878 do Código Civil. 6. Prejuízo patente, considerando a prejudicialidade entre as demandas, bem como o fato de a apelante ter sido impossibilitada de receber os bens reservados no
testamento particular em processo de inventário. 7. Recursos conhecidos e providos para anular as sentenças, determinando-se a remessa dos autos ao 1º grau para a regular instrução
probatória e prosseguimento dos feitos.
(TJ-RJ - APL: 00109476420148190052, Relator: Des(a). MARIANNA FUX, Data de Julgamento: 21/04/2021, VIGÉSIMA QUINTA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 22/04/2021)

1) Testamento Público - (art. 1.864 - 1.867)

a. Feita pelo tabelião de notas ou substituto (não pode ser escrevente)


b. Duas testemunhas
c. Uma leitura em voz alta pelo tabelião
d. Assinatura das testemunhas e do testador

- Testamento público precisa de RAC?

Considerações da doutrina:

- O testador surdo lerá o testamento. Se não souber ler, designará uma pessoa para ler no seu lugar diante das duas testemunhas (art. 1.866, CC).
- Cegos só podem fazer testamentos públicos, pois a intermediação do tabelião – que é um agente público – reduzirá o risco de fraudes (art. 1.867, CC). Nessa hipótese, porém, não bastará
a leitura do testamento em voz alta pelo tabelião. Uma das testemunhas terá de fazer essa leitura, tudo com expressa menção na cártula (art. 1.867, CC). O legislador exige duas leituras
em voz alta, no caso do cego, para reduzir riscos de fraudes ou de erros por parte do tabelião em relação a uma pessoa vulnerável.
- Com efeito, cegos, analfabetos e pessoas incapazes de escrever (assinar) só podem fazer testamento público: não é admitida a assinatura “a rogo” no testamento particular, diante da
obrigatoriedade legal da assinatura do testador na cédula (arts. 1.865, 1.867 e 1.876, §§ 1º e 2º, CC). É preciso, porém, ressalvar que, nos casos de analfabetos e de incapazes de escrever,
o STJ admitiu testamento particular com impressão digital no lugar de assinatura (STJ, REsp 1633254/MG, 2ª Seção, Rel. Ministra Nancy Andrighi, DJe 18/03/2020).
- O tabelião, o testador e as testemunhas têm de assinar a escritura. Todavia, se o testador não puder ou não souber assinar, é permitido que qualquer testemunha assine a rogo do testador,
fato que será declarado pelo tabelião na escritura (art. 1.865, CC).

Jurisprudências:

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO ANULATÓRIA DE TESTAMENTO PÚBLICO PRELIMINAR - NULIDADE DA SENTENÇA - AUSÊNCIA 1. Devidamente fundamentada a sentença
apelada, impõe-se a rejeição da preliminar com vistas à cassação do ato judicial. 2. Preliminar rejeitada. MÉRITO - IMPEDIMENTO E SUSPEIÇÃO DAS TESTEMUNHAS
TESTAMENTÁRIAS - NÃO DEMONSTRAÇÃO - REQUISITOS LEGAIS PREENCHIDOS - OBSERVÂNCIA DA VONTADE DA TESTADORA 1. Não demonstrado qualquer vício na
disposição de última vontade da testadora, e uma vez atendidos os demais requisitos formais de validade, deve ser mantida a sentença que julgou improcedente o pedido de anulação de
testamento público. 2. As exigências formais previstas em lei têm por finalidade assegurar a veracidade e espontaneidade da declaração de última vontade, não podendo ser utilizadas
para invalidar ato que corresponde à real intenção do testador. 3. Recurso não provido.
(TJ-MG - AC: 10188140076426001 Nova Lima, Relator: Áurea Brasil, Data de Julgamento: 04/03/2021, Câmaras Cíveis / 5ª CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação: 12/04/2021)

CORREIÇÃO PARCIAL - DESPACHO QUE DETERMINOU A DESIGNAÇÃO DE DATA PARA ABERTURA E LEITURA DE TESTAMENTO PÚBLICO, NOS TERMOS DO PREVISTO NO
ART. 735 E 736 DO CPC/2015 - IRRESIGNAÇÃO DA PARTE AUTORA - ALEGAÇÃO DE INEXISTÊNCIA DE PREVISÃO LEGAL - PRETENDIDA DISPENSA DA FORMALIDADE -
POSSIBILIDADE - AUSÊNCIA DE DETERMINAÇÃO LEGAL DE LEITURA DE TESTAMENTO PÚBLICO - APLICAÇÃO DO ART. 735 DO CPC/2015 SOMENTE NO QUE FOR
COMPATÍVEL COM A NATUREZA DO TESTAMENTO PÚBLICO - MODALIDADE TESTAMENTÁRIA PUBLICIZADA - TEOR DO TESTAMENTO JÁ CONHECIDO PELOS
HERDEIROS - INVERSÃO DE FÓRMULA LEGAL EVIDENCIADA - DISPENSA DA FORMALIDADE DE LEITURA - CORREIÇÃO PARCIAL JULGADA PROCEDENTE. (TJPR - 11ª C.
Cível - CP - 1633803-5 - Curitiba - Rel.: Juiz Antonio Domingos Ramina Junior - Unânime - J. 05.07.2017)
(TJ-PR - RC: 16338035 PR 1633803-5 (Acórdão), Relator: Juiz Antonio Domingos Ramina Junior, Data de Julgamento: 05/07/2017, 11ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 2070
17/07/2017)

Página 1 de Sucessões
17/07/2017)

EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. REGISTRO, CUMPRIMENTO E ARQUIVAMENTO DE TESTAMENTO PÚBLICO. AUDIÊNCIA PARA A LEITURA DO TESTAMENTO.
DESNECESSIDADE. PRONTA APRECIAÇÃO DO PEDIDO. INVIABILIDADE. SUPRESSÃO DE INSTÂNCIA. RECURSO PARCIALMENTE PROVIDO - Em pedido de registro,
cumprimento e arquivamento de testamento público, não se faz necessária a realização de audiência para a leitura do testamento - Afastada a necessidade da realização da audiência,
deve ser o pedido de registro, cumprimento e arquivamento do testamento público apreciado pelo Juízo de origem, sob pena de supressão de instância - Recurso parcialmente provido.
(TJ-MG - AI: 10000204695902001 MG, Relator: Corrêa Junior, Data de Julgamento: 08/09/2020, Data de Publicação: 16/09/2020)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO SUCESSÓRIO. INVENTÁRIO JUDICIAL. DECISÃO DO JUÍZO A QUO QUE, ANTES DE NOMEAR INVENTARIANTE, DETERMINOU A
SUSPENSÃO DO PROCESSO ATÉ A JUNTADA DO REGISTRO DE ANOTAÇÃO CIVIL DO TESTAMENTO PÚBLICO. PARTE AGRAVANTE QUE SE INSURGE CONTRA A DECISÃO,
ARGUMENTANDO QUE O JUÍZO DEVERIA, ANTES DE DETERMINAR A SUSPENSÃO DO PROCESSO, NOMEÁ-LA COMO INVENTARIANTE. ALEGA RISCO DE DILAPIDAÇÃO
DOS BENS POR PARTE DO ATUAL ADMINISTRADOR PROVISÓRIO. 1- A própria agravante informa que existe testamento público lavrado pela inventariada, contra o qual intenciona
a sua anulação futura, por suposta incapacidade civil para testar. Neste caso, a decisão sobre a validade ou não do testamento é questão prejudicial externa (art. 313, V, a, do CPC) que
influencia sobre futura partilha dos bens deixados no espólio. Logo, manifesta-se como prudente a decisão do juízo a quo que determinou a suspensão do processo, até que seja juntado
aos autos do inventário o Registro de Anotação Civil (RAC) do testamento público 2- Gozando o testamento público de presunção de validade, sobretudo após análise perfunctória de sua
forma e conteúdo, a nomeação da agravante como inventariante, neste momento, seria precipitada. Isso porque incorreria em risco de violação infundada à ordem legal prevista no art.
617 do CPC/15, que dá preferência ao testamenteiro antes do legatário, quando a herança é toda dividida em legados (art. 617, V, do CPC). 3- Não há risco de dano grave aos bens do
espólio, pois o administrador provisório responde por todo e qualquer dano causado à massa patrimonial, incluindo os frutos eventualmente percebidos, assim como depende de
autorização judicial para alienação de qualquer bem do espólio. 4- A alegação de que o administrador provisório não tem prestado contas de sua gestão deve ser buscada pela via própria.
RECURSO DE AGRAVO QUE SE CONHECE E SE NEGA PROVIMENTO.
(TJ-RJ - AI: 00509239320218190000, Relator: Des(a). MARCIA FERREIRA ALVARENGA, Data de Julgamento: 05/10/2021, DÉCIMA SÉTIMA CÂMARA CÍVEL, Data de Publicação:
08/10/2021)

Legítima: reflexões sobre adequação da legislação brasileira (antes, durante e após pandemia)

Aumento de testamentos - a legítima ficou menos valorizada


Pandemia enfraqueceu essa ideia de perda de legitimidade da legítima

Testamento Cerrado (1.878 - 1.885)

também denominado secreto ou místico, é a modalidade de testamento que, assim como o particular, pode ser escrito pelo próprio testador, ou por alguém a pedido deste, em caráter sigiloso,
entretanto, deverá ser aprovado pelo tabelião que posteriormente irá cerrá-lo (costurá-lo) e lacrá-lo (com cera quente), devolvendo-o ao testador para sua guarda.
Só pode ser aberto no momento da leitura

Formas em espécie:

Testamento Marítimo
Testamento Aeronáutico
Testamento Militar

Testamento com assinatura eletrônica:

Assinaturas eletrônicas típicas: tem fundamento em lei


Assinaturas eletrônicas atípicas: combinada/admitida entre as partes

Testamento de Emergência: circunstâncias excepcionais

O testamento configura-se como um ato solene e revogável, vez que, a qualquer tempo, em vida, o testador poderá revogar ou mesmo retificar as suas disposições de ultima vontade. O ato de
testar é revestido de solenidade. No universo jurídico brasileiro, a solenidade do ato de testar diz respeito precipuamente às formalidades legais. Assim, é necessário que o ato de testar cumpra
as determinações previstas em lei, sob pena de incorrer em nulidade.

O testamento, além de ato solene, é considerado como um negócio jurídico unilateral e personalíssimo. Entende-se por personalíssimo, devido ao fato do conteúdo das disposições do
testamento, só poderem ser feitas pelo testamenteiro e mais ninguém, nem mesmo por meio de um procurador ou representante. A lei permite que um terceiro auxilie o testamenteiro, desde
que esta pessoa não tenha participado das disposições testamentárias, ou seja, desde que quem auxiliou o testador não figure como beneficiária do testamento.

A unilateralidade do testamento se dá pelo fato dele produzir efeitos apenas com a assinatura do testador, ou seja, apenas pela vontade de um lado do negócio jurídico, independente da
manifestação dos herdeiros testamentários. O simples fato de herdeiro renunciar ao seu quinhão hereditário não descaracteriza a unilateralidade do testamento. Por este motivo, o testamento
não é considerado um contrato, pois ele independe da vontade de duas partes.

Página 2 de Sucessões

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