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Yehoshuah

Formação do contrato
1. Definir tipo de negócio:
a. Compra e venda – art.º 874.º.
b. Bem:
i. Imóvel;
ii. Móvel;
c. Bilateral
d. Definições: oneroso, sinalagmático, etc.
2. Atentar à proposta negocial: uma declaração negocial recipienda com um destinatário
determinado.
a. Completude:
i. Partes;
ii. Objeto;
iii. Existência de preço/contrapartida.
b. Firmeza;
c. Adequação formal: revestir forma exigida para o negócio que se quer celebrar
(219.º ou 875.º);
d. Se houver generalidade, é oferta ao público.
3. Verificam-se?
a. Não: é um convite a contratar - período pré-contratual ou período de negociações,
a aceitação desse convite não significa celebração de negócio.
b. Sim: proposta é válida.
4. Averiguar se é recipeinda ou não recipienda, de modo a concluir sobre a eficácia da
declaração.
5. Ver produção de efeitos: conceção de um direito potestativo ao declaratário, declarante
numa posição de sujeição;
a. Início: será eficaz quando a proposta for recebida/conhecida antes da receção – art.º
224.º CC. Teoria da receção e teoria do conhecimento.
b. Fim:
i. Declarante estabeleceu um prazo: é esse.
ii. Declarante não estabeleceu um prazo:
1. Proposta urgente (228.º/1-b): até que, em condições normais, ela e a
aceitação cheguem ao respetivo destino;
2. Proposta não urgente (228.º/1-c): até que, em condições normais, ela
e a aceitação cheguem ao respetivo destino + 5 dias.
a. SMS: resposta imediata;
b. Correio azul: 24h + 24h
c. Correio normal: 3 + 3 dias.
iii. Adendas:
1. Prazo começa a contar no dia seguinte – art.º 279.º CC.
2. O tempo é definido pelo meio utilizado pelo proponente, mesmo que
a resposta seja por outro meio.
6. Ver se a eficácia foi extinta:
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a. Caducidade: prazo findou.


b. Morte ou incapacidade do proponente: resultante da declaração/vontade dele (art.º
231.º/1 e 226.º);
c. Ilegitimidade superveniente do proponente, mas anterior à receção da proposta
(art.º 225.º/2);
i. Ver se é compra e venda de bens alheios – art.º 892.º
7. Revogação do proponente: exceção ao pacta sun servanda
i. Alteração das circunstâncias – art.º 437.º
ii. Reserva antecipada do poder para tal;
iii. Quando chegar ao destinatário antes/ao mesmo tempo que a proposta (art.º
230.º).
8. Ver resposta do declaratário:
a. Aceitação: declaração negocial recipienda dirigida ao propontente (art.º 232.º)
i. Requisitos:
1. Total e inequívoca;
2. Adequação formal;
ii. Pode ser revogada (235.º/2): tem de chegar antes/ao mesmo tempo que a
aceitação;
b. Rejeição: não se aceita, ou aceita-se apenas uma parte;
i. Pode ser revogada (235.º/2): tem de chegar antes/ao mesmo tempo que a
aceitação;
c. Contraproposta: Exigência dos três pressupostos;
i. Proponente transforma-se em declaratário.
9. Houve receção tardia (art.º 229.º):
a. Aceitação enviada dentro do prazo em condições de chegar dentro do prazo:
Proponente decide
i. Contrato celebrado: receção tardia irrelevante;
ii. Contrato não celebrado: dever de informação face ao aceitante, sob pena de
RCPC;
b. Aceitação enviada fora do prazo/dentro do prazo mas em condições de normalidade
nunca chegaria dentro do prazo:
i. Aceitação é uma nova proposta:
1. Critérios têm de estar preenchidos: completude dá-se por remissão;
2. Contagem de novo prazo.
ii. Não conclusão do contrato.

Silêncio
1. Definir:
a. Total ausência de comunicação;
b. Regra: não tem valor;
2. Casos em que poder-lhe-á ser atribuído valor de declaração negocial:
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a. Lei o determina;
b. Usos o determinm;
i. Em consonância com a boa-fé e com a lei (art.º 3.º + 218.º CC);
c. Convenções o determinam: acordo entre todas as partes;
d. Autovaloração e autovinculação: parte valoriza o próprio silêncio;
3. É convenção:
a. Ver se houve acordo entre as partes;
i. Proposta de valorar o sliêncio + aceitação da valoração;
b. Não houve?
i. Hetero-vinculação:
1. Parte valora o silêncio de outra;
2. Proibida;
3. Nada foi celebrado: não há fundamento jurídico para a valoração do
silêncio.

Problemas de forma: cláusulas essenciais e acessórias


1. Definir tipo de negócio:
a. Compra e venda – art.º 874.º.
b. Bem:
i. Imóvel;
ii. Móvel;
c. Bilateral
2. Olhar ao tipo de forma:
a. Forma legal: 221.º.
b. Voluntária (art.º 222.º): não exigida por lei, mas adotada pelo declarante
i. Liberdade de forma, mas celebram com mais solene
ii. Exigência de forma, mas celebram com ainda mais solene
iii. Se estivermos perante um negócio com forma voluntária, em que a
estipulação essencial não corresponde à forma voluntária, mas a lei
estabelece liberdade de forma, aplica-se 222.º.
c. Convencional (art.º 223.º): aquela que as partes acordaram adotar;
i. Convenção + declaração
ii. Foi estabelecida previamente, mas não seguida na celebração:
1. Aferir vontade das partes no momento de celebração: segundo ato é
uma revogação?
a. Sim: não vinculados à convenção
b. Não: convenção vigora, contrato sofre de ineficácia;
iii. Foi estabelecida durante/ depois da celebração do negócio:
1. Apenas se quer mais solenidade, negócio vigora.
3. Olhar ao art.º 221.º - ver tipo de cláusula:
a. Essencial:
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i. Elementos essenciais do negócio


1. Partes
2. Objeto
3. Preço/contraproposta
ii. Forma legal estabelecida pela lei
1. Se não seguir: inválida.
b. Acessória:
i. Não dizem respeito aos elementos essenciais;
ii. Caracterizar:
1. Anterior: é estabelecida antes da celebração do contrato;
2. Contemporânea: é estabelecida durante a celebração do contrato;
3. Posterior: é estabelecida depois da celebração do contrato.
4. São acessórias anteriores/contemporâneas (art.º 221.º/1 in fine):
a. Aferir vontade das partes no momento de celebração: não inclusão no contrato é
uma revogação?
i. Sim: nulas;
ii. Não: aferir validade formal;
b. Aferir validade formal: sujeitas a forma legal?
i. Razões de exigência de forma (solenidade, reflexão, prova) abrangem-na?
1. Sim: nula;
2. Não: válida
5. São acessórias posteriores:
a. Aferir validade formal: sujeitas a forma legal?
i. Razões de exigência de forma (solenidade, reflexão, prova) abrangem-na?
1. Sim: nula;
2. Não: válida

Negócios celebrados fora do estabelecimento comercial


1. Definir tipo de negócio:
a. Compra e venda – art.º 874.º
b. Bem: móvel – art.º 204.º.
c. Bilateral.
2. Definir:
a. Negócio entre presentes;
b. Relação entre um profissional e um consumidor;
c. Regulados pelo DL 24/2014;
3. Ver se se inclui no âmbito do DL 24/2014, art.º 2.º e 3.º:
a. Fornecedores de bens;
b. Consumidor.
4. Atentar aos requisitos do negócio:
a. Completude
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i. Partes
ii. Objeto
iii. Preço/contraprestação
b. Firmeza
c. Adequação formal: solenidade ao negócio e alerta o consumidor
i. Para C/V, escrito particular – art.º 9.º;
5. Algum falhou?
a. Adequação formal: nulo (art.º 220.º CC), não produção/destruição de efeitos.
6. Atentar ao dever de informação (art.º 4.º):
a. Características essenciais do bem;
b. Preço total;
c. Custos transporte;
7. Ver se há direito ao arrependimento (art.º 10.º):
a. Prazo: 14 dias para o envio da declaração, após receção da coisa;
b. Liberdade de forma;
c. Irrenunciável e ilimitável: não pode ser reduzido;
d. Ver exceções: art.º 17.º.

Negócios celebrados à distância


1. Definir tipo de negócio:
a. Compra e venda – art.º 874.º
b. Bem: móvel – art.º 204.º.
c. Mais qq coisa.
2. Definir:
a. Negócio entre ausentes;
b. Relação entre um profissional e um consumidor;
c. Regulados pelo DL 24/2014;
3. Ver se se inclui no âmbito do DL 24/2014, art.º 2.º e 3.º:
a. Fornecedores de bens;
b. Consumidor.
4. Atentar aos requisitos do negócio:
a. Completude
i. Partes
ii. Objeto
iii. Preço/contraprestação
b. Firmeza
c. Adequação formal: para o negócio, não para as negociações
i. Forma escrita;
5. Algum falhou?
a. Adequação formal: nulo (art.º 220.º CC), não produção/destruição de efeitos.
6. Atentar ao Fornecedor:
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a. Dever de informação (art.º 4.º):


i. Características essenciais do bem;
ii. Preço total;
iii. Custos transporte;
b. Dever de confirmação da celebração do negócio (art.º 6.º)
i. Prazo:
1. 5 dias desde a celebração
2. Momento de entrega do bem
3. Antes da prestação do serviço
ii. Forma: Suporte duradouro
7. Ver se há direito ao arrependimento (art.º 10.º):
a. Prazo: 14 dias para o envio da declaração, após receção da coisa;
b. Liberdade de forma;
c. Irrenunciável e ilimitável: não pode ser reduzido;
d. Ver exceções: art.º 17.º.

Negociação Automática
1. Dizer que estamos perante uma situação de negociação automática;
2. Referir as duas teorias:
a. Oferta automática:
i. Autómato é uma oferta ao público.
ii. Ao selecionar e pagar o produto, o indivíduo celebra um negócio; caso
a máquina não o entregue, há lugar a responsabilidade contratual –
ilicitude por incumprimento do contratado.
iii. Utilizada nas máquinas comuns:
1. Liberdade de estipulação cabe ao programador na máquina
2. Não pode haver contraproposta
b. Aceitação automática:
i. Autómato é um convite a contratar.
ii. Ao selecionar e pagar o produto, o indivíduo comunica uma proposta; a
máquina poderá aceitar, entregando o produto, ou recusar, devolvendo
o dinheiro – a não entrega é um mero ato de rejeição.
iii. Utilizada nas máquinas com IA: é possível programar a máquina para
contrapropor.
3. Dizer qual escolhemos:
a. Avaliar o nível de automatização/sofisticação da máquina.
4. Não recebeu o produto?
a. OA:
i. Responsabilidade civil obrigacional por incumprimento contratual –
art.º 798.º, 799.º e 801.º CC.
ii. Credor pode resolver o contrato: devolução da prestação;
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b. AA:
i. É uma rejeição da proposta: dinheiro devolvido.

Cláusulas Contratuais Gerais


1. Definir CCG: são elaboradas antes da celebração do negócio, e definem um modelo
negocial igual para todos, utilizado para negociações em massa. São reguladas pelo DL
446/85.
2. Ver os requisitos cumulativos das CCG:
a. Juridicidade: o seu conteúdo gera eficácia e vinculação jurídica.
b. Pré-formulação: elaboradas antes da celebração de qualquer negócio, e
independentes de qualquer negócio propriamente dito.
c. Generalidade: usadas pela generalidade das pessoas
d. Rigidez: não há lugar a contraproposta
3. Ver se não insere nas seguintes relações:
a. Regidas pelo Direito Público;
b. Não patrimoniais;
c. Não cobertas pelo PAP (art.º 3.º/1-a, e);
d. Direito da família e direito das sucessões.
4. Definir quem é:
a. Utilizador: determina que se usa CCG
b. Aderente: pessoa que quer contratar com utilizador
c. Proponente: propõe as CCG
d. Aceitante: aceita a proposta
5. Ver se é uma cláusula prevalente (art.º 7.º LCCG)
a. Especificamente negociadas pelas partes;
b. Prevalecem sobre o conteúdo das CCG;
c. Ónus da prova: quem a quiser aproveitar (art.º 342.º)
6. Ver se é uma cláusula excluída (art.º 8.º LCCG)
a. Inobservância do ónus de comunicação/informação:
i. Art.º 5.º: Ónus de comunicação: utilizador tem que comunicar e assegurar
que todas as CCG chegam ao conhecimento do aderente;
ii. Art.º 6.º: Ónus de informação: o utilizador tem de estar disponível para
esclarecer o conteúdo das cláusulas/dar elementos para a compreensão do
negócio;
iii. Já existe um dever de boa-fé (art.º 227.º): a inobservância do ónus só leva
ilicitude (RCPC) se violar este dever de informação.
b. Cláusulas surpresa: mal inseridas sistematicamente ou contextualmente, letras
pequeninas;
c. Cláusulas inseridas após assinatura: anexos, cláusulas no verso do contrato;
7. Verificam-se? Avaliar segundo a posição de um contraente normal – bonus pater familiae
-, na posição do contraente real.
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a. Não saberia: cláusula é excluída;


b. Aderente sabia das cláusulas após assinatura: não pode pedir exclusão (venire
contra factum proprium).
8. Consequências da exclusão – art.º 9:
a. Negócio: mantém-se na generalidade;
b. Área excluída: é preenchida
i. Normas supletivas (do CC, por exemplo): 762.º, 406.º.
ii. Integração do negócio: art.º 10.º LCCG remete para 236.º CC.
c. Supra não funciona? Nulidade (art.º 9.º/2).
9. Ver se é uma cláusula proibida:
a. Contrária à boa fé: nulidade (art.º 15.º e 16.º)
b. Inválidas entre profissionais: art.º 18.º e 19.º, nulidade.
c. Inválidas entre profissionais e particulares: art.º 18.º, 19.º, 21.º, 22.º., nulidade.
10. Ver em que tipo se insere:
a. Absolutamente proibidas: art.º 18.º e 21.º, não há maneira de ser válida
b. Relativamente proibidas: art.º 19.º e 22.º
i. Avaliar se se enquadra no quadro negocial padronizado: Se sim, nulidade.
11. Face à nulidade, atentar ao regime especial da LCCG; o aderente pode:
a. Confirmar o negócio: Art.º 7.º e 13.º
i. Partes podem ter adotado cláusula proibida pela LCCG, mas não pelo CC;
adota-se o regime do CC.
ii. Dedução: se pode antes (na negociação) pode depois (na confirmação).
b. Nulidade total do contrato (art.º 13.º): aderente tem de dizê-lo.
c. Manter o contrato sem as cláusulas nulas, preenchendo-as:
i. Normas supletivas (do CC, por exemplo);
ii. Integração do negócio: art.º 10.º LCCG remete para 236.º CC.
d. Redução do negócio: art.º 14.º LCCG, 292.º CC
i. Manter o negócio sem a parte nula;
ii. Impedida se se prove que a vontade das partes à data da celebração do
negócio seria a de não celebrar esta versão mais pequena;

Defesa do consumidor: CV Móveis


1. Art.º 60.º CRP e LDC estabelecem direitos irrenunciáveis
a. Art.º 4.º: Qualidade dos bens e serviços;
b. Art.º 6.º: Informação;
c. Art.º 12.º: Reparação dos danos;
d. Art.º 5.º: Proteção da saúde e segurança física;
2. Atentar ao âmbito de aplicação do DL 84/2021:
a. Contrato:
i. Compra e venda;
ii. Prestação de serviços;
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iii. Empreitada;
iv. Locação;
v. Conteúdos digitais.
b. Relação entre um profissional e um consumidor/profissional a agir fora do âmbito
da sua profissão.
3. Acordou algo abaixo do nível de garantia estabelecido:
a. Sim: nulidade sui generis – legitimidade compete ao consumidor (art.º 51º DL
84/2021).
4. Ver regime da compra e venda de bens móveis:
a. Todos os consumidores têm direito à conformidade do bem:
i. Ausência de defeitos;
ii. Existência das qualidades acordadas para o fim pretendido;
b. Dentro da conformidade temos:
i. Prisma Subjetivo: relação entre o profissional e consumidor:
ii. Prisma objetivo: experiência comum, normalidade
c. Ver requisitos subjetivos (art.º 6.º):
i. O bem corresponda à descrição que decorre do contrato;
ii. Adequação às finalidades concretas do consumidor desde que o vendedor
saiba e concorde com estas;
iii. Entregue com todos os acessórios constantes do contrato;
iv. Fornecidas todas as atualizações estipuladas no contrato.
d. Ver requisitos objetivos (art.º 7.º):
i. O bem seja adequado ao seu uso normal do mesmo;
ii. Corresponda à descrição em amostra ou na publicidade;
iii. Entregue com os acessórios expectáveis (ex: instruções de montagem);
iv. Corresponder à quantidade e qualidade expectável.
5. Verificam-se?
a. RCO para o vendedor: vendedor é responsável (ainda que ilidível) pelas faltas de
conformidade que existam até à data da celebração do negócio
6. Ver duração (art.º 12.º/1):
a. Nos primeiros dois anos: presunção de que a falta de conformidade existia à data
da celebração do negócio desde que esta se manifeste num prazo de dois anos, isto
significa que o Ónus da demonstração de falta de conformidade não recai sobre os
vendedores nos dois anos subsequentes à celebração do negócio, desde que a falta
de conformidade não seja incompatível com a natureza dos bens ou com as
características da falta de conformidade – art. 13º/1;
b. Entre dois e três anos: o vendedor ainda seria responsabilizado, mas já não há
presunção pelo que o Ónus recai sobre o consumidor – art. 13º/4.
7. Atentar aos remédios para falta de conformidade (art.º 15.º):
a. Escolher qualquer um:
i. Reparação: prazo de 30 dias para os móveis, que quando violado podemos
estar perante uma contraordenação;
ii. Substituição;
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iii. Redução do preço;


iv. Resolução;
v. Indeminização: cumulativa a qualquer um dos quatro remédios
suprarreferidos, em casos de existência de danos - RC objetiva.
vi. Direito de rejeição: só se a falta de conformidade se verificar dentro do
prazo de 30 dias após entrega da coisa – art.º 16.º.
b. Limitações:
i. Possibilidade de cumprir o remédio;
ii. Não pode ser desproporcional – abuso de direito.
8. Vendedor tem a obrigação de efetivar o remédio.
a. Mencionar o direito de regresso do vendedor:
i. Art.º 41.º: vendedor pode pedir a quem se encontra atrás na linha de
retalho/produtor a cobertura das despesas por ele suportadas.

Defesa do consumidor: CV imóveis


1. Art.º 60.º CRP e LDC estabelecem direitos irrenunciáveis
a. Art.º 4.º: Qualidade dos bens e serviços;
b. Art.º 6.º: Informação;
c. Art.º 12.º: Reparação dos danos;
d. Art.º 5.º: Proteção da saúde e segurança física;
2. Atentar ao âmbito de aplicação do DL 84/2021:
a. Contrato:
i. Compra e venda;
ii. Prestação de serviços;
iii. Empreitada;
iv. Locação;
v. Conteúdos digitais.
b. Relação entre um profissional e um consumidor/profissional a agir fora do âmbito
da sua profissão.
3. Acordou algo abaixo do nível de garantia estabelecido:
a. Sim: nulidade sui generis – legitimidade compete ao consumidor (art.º 10.º DL
67/2003).
4. Ver regime da compra e venda de bens imóveis:
a. Ver faltas de conformidade elencadas no art.º 22.º:
i. Sempre que o imóvel não corresponda ao contrato (subjetivo) ou não tenha
todas as características e utilidades de um imóvel normal: imóvel sem
canalização, ligação elétrica, infiltrações, humidade, parasitas
5. Ver duração – art.º 23.º:
a. Dois casos:
i. Se a falta de conformidade decorre de elementos construtivos estruturais –
10 anos;
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ii. As restantes faltas de conformidade – 5 anos.


b. Presume-se sempre a falta de conformidade à data da entrega do bem.
6. Verificam-se?
a. RCO para o vendedor: se este soubesse da vontade do comprador.
i. Só não há se o consumidor sabia da falta de conformidade ou quando tal
seria cognoscível ao homem médio.
7. Atentar aos remédios para falta de conformidade (art.º 24.º):
a. Escolher qualquer um:
i. Reparação: prazo de 30 dias para os móveis, que quando violado podemos
estar perante uma contraordenação;
ii. Substituição;
iii. Redução do preço;
iv. Resolução;
v. Indeminização: cumulativa a qualquer um dos quatro remédios
suprarreferidos, em casos de existência de danos - RC objetiva.
vi. Direito de rejeição: só se a falta de conformidade se verificar dentro do
prazo de 30 dias após entrega da coisa – art.º 16.º.
b. Limitações:
i. Possibilidade de cumprir o remédio;
ii. Não pode ser desproporcional – abuso de direito.
8. Vendedor tem a obrigação de efetivar o remédio.
a. Mencionar o direito de regresso do vendedor:
i. Art.º 41.º: vendedor pode pedir a quem se encontra atrás na linha de
retalho/produtor a cobertura das despesas por ele suportadas.

Defesa do consumidor: fornecimento conteúdos digitiais


1. Art.º 60.º CRP e LDC estabelecem direitos irrenunciáveis
a. Art.º 4.º: Qualidade dos bens e serviços;
b. Art.º 6.º: Informação;
c. Art.º 12.º: Reparação dos danos;
d. Art.º 5.º: Proteção da saúde e segurança física;
2. Atentar ao âmbito de aplicação do DL 84/2021:
a. Contrato:
i. Compra e venda;
ii. Prestação de serviços;
iii. Empreitada;
iv. Locação;
v. Conteúdos digitais.
b. Relação entre um profissional e um consumidor/profissional a agir fora do âmbito
da sua profissão.
3. Acordou algo abaixo do nível de garantia estabelecido:
Yehoshuah

a. Sim: nulidade sui generis – legitimidade compete ao consumidor (art.º 51.º DL


84/2021).
4. Regime semelhante à CV móveis;
5. Falta de conformidade:
a. Prazo de dois anos – art. 32º/2 a) -, excetua-se o fornecimento continuo (serviços
de streaming), aqui existirá responsabilidade enquanto existir subscrição ao
serviço.
b. Não haverá garantia sempre que o consumidor tenha sido alertado para a falta de
conformidade e ainda assim a tenha aceitado.
6. Ónus da prova:
a. Falta de conformidade for invocada até um ano do fornecimento então presume-
se que esta existia à data do fornecimento – art. 33º/2 -,
b. Ocorre depois de um ano, mas antes de findar o prazo de dois anos cabe ao
consumidor demonstrar a falta da conformidade.
7. Atentar aos remédios para falta de conformidade (art.º 24.º):
a. Escolher qualquer um:
i. Reparação: prazo de 30 dias para os móveis, que quando violado podemos
estar perante uma contraordenação;
ii. Redução do preço;
iii. Resolução;
iv. Indeminização: cumulativa a qualquer um dos quatro remédios
suprarreferidos, em casos de existência de danos - RC objetiva.
b. Limitações:
i. Possibilidade de cumprir o remédio;
ii. Não pode ser desproporcional – abuso de direito.
8. Vendedor tem a obrigação de efetivar o remédio.
a. Mencionar o direito de regresso do vendedor:
i. Art.º 41.º: vendedor pode pedir a quem se encontra atrás na linha de
retalho/produtor a cobertura das despesas por ele suportadas.

Representação
1. Definir:
a. Substituição de vontades – art.º 258.º CC;
b. Pessoa pode fundamentalmente agir em nome e no interesse do outro
c. Ato é do representante, mas os efeitos jurídicos vão incidir na esfera do
representado:
2. Identificar a fonte dos poderes de representação:
a. Negócios acompanhados de poder de representação: mandato de representação;
b. Negócios em que a representação lhes é inerente: contrato de trabalho;
c. Procuração (art.º 262.º/1):
i. Negócio jurídico autónomo e unilateral não recipiendo;
ii. Deve seguir a forma prevista para o negócio (art.º 262.º/2)
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iii. Estabelece poderes ao representante;


1. Definir a representação do caso:
a. Ativa: poder para emissão de declarações de vontade;
b. Passiva: poder para recessão de declarações de vontade;
3. Identificar (art.º 258.º):
a. Representante: age em nome de outrem;
b. Representado: aquele cujo interesse se visa realizar
4. Atentar às proibições:
a. Relações que exigem avaliação pessoal.
5. Atentar ao regime:
a. Autor da representação: capacidade de exercício para a prática dos atos do
representante;
b. Procurador:
i. Capacidade natural para a prática dos atos – art.º 263.º CC;
1. Pode aplicar-se-lhe a incapacidade acidental;
6. Requisitos ato do representante/representação:
a. Agir em nome alheio: revela que não age em nome próprio;
b. Agir no interesse do representado;
c. Ter fundamento jurídico: atribuíram-se poderes de representação;
7. Atentar aos efeitos:
a. Legitimação do ato praticado por uma pessoa diferente daquela em cuja esfera
jurídica se debruçam os seus efeitos;
b. Imputação direta dos efeitos do ato praticado pelo representante na esfera jurídica
do representado – art.º 258.º CC;
c. A dissociação subjetiva é acompanhada de um mínimo de autonomia de
intervenção do representante, refletido no regime de vícios e falta de vontade – art.º
259.º/1.
i. Quando a vontade do representado não tenha papel decisivo, releva, para
vícios ou falta de vontade, e consequente invalidade, os elementos apurados
em função do representante.
ii. Regime da boa-fé (art.º 259.º/2): se o representado estiver de má-fé, não
aproveita a boa-fé do representante.

Representação: extinção e tutela de terceiros


1. Definir Representação:
a. Substituição de vontades – art.º 258.º CC;
b. Pessoa pode fundamentalmente agir em nome e no interesse do outro
c. Ato é do representante, mas os efeitos jurídicos vão incidir na esfera do
representado:
2. Identificar:
a. Representante;
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b. Representado;
3. Atentar às proibições:
a. Relações que exigem avaliação pessoal.
4. Identificar a fonte dos poderes de representação:
a. Negócios acompanhados de poder de representação: mandato de representação;
b. Negócios em que a representação lhes é inerente: contrato de trabalho;
c. Procuração (art.º 262.º/1):
i. Negócio jurídico autónomo e unilateral não recipiendo;
ii. Deve seguir a forma prevista para o negócio (art.º 262.º/2)
iii. Estabelece poderes ao representante;
1. Definir a representação do caso:
a. Ativa: poder para emissão de declarações de vontade;
b. Passiva: poder para recessão de declarações de vontade;
5. Atentar às causas de extinção – art.º 265.º:
a. Renúncia do procurador: livre mas pode resultar em RCO;
b. Revogação pelo representado: livre, irrenunciável – art.º 265.º/2;
i. Ver exceção do art.º 265.º/3.
c. Cessação da relação jurídica que servia de base;
6. Atentar às consequências:
a. Cessação dos poderes de representação;
b. Ilegitimidade do procurador para a prática dos atos correspondentes;
i. Pratica na mesma? Resp sem poderes.
c. Procurador deve restituir o documento.
7. Tutela de terceiros (art.º 266.º): ver causas da extinção
a. Não derivada de revogação:
i. Extinção da procuração é inoponível ao terceiro com quem posteriormente
o procurador tenha praticado o ato abrangido pelos poderes representativos,
se tal terceiro ignorar, sem culpa, a causa da extinção.
ii. Assim, a inoponibilidade pode ser afastada pela cognoscibilidade da causa
da extinção – 266.º/2 CC.
b. Derivada de revogação:
i. Procuração emitida com generalidade para poder celebrar p negócio com
quem quisesse: revogação dada a conhecer ao procurador e publicitada no
jornal da localidade da residência do procurador, ou num dos jornais mais
lidos da cidade – art.º 258.º CPCivil.
ii. Se a procuração tiver uma pessoa determinada com que o negócio seria
celebrado: a comunicação da revogação tem de ser dirigida ao representante
e ao tercieor específica e atempadamente – art.º 263.º CPC;
iii. Se a revogação for dada a conhecer por meio idóneo, a extinção da
procuração é oponível ao terceiro.
iv. Se esta não for publicitada por meio idóneo, a extinção torna-se inoponível
em relação ao terceiro, exceto se este tenha conhecimento dela no momento
da celebração do negócio
Yehoshuah

Representação sem poderes


1. Definir Representação:
a. Substituição de vontades – art.º 258.º CC;
b. Pessoa pode fundamentalmente agir em nome e no interesse do outro
c. Ato é do representante, mas os efeitos jurídicos vão incidir na esfera do
representado:
2. Identificar:
a. Representante;
b. Representado;
3. Identificar a fonte dos poderes de representação:
a. Negócios acompanhados de poder de representação: mandato de representação;
b. Negócios em que a representação lhes é inerente: contrato de trabalho;
c. Procuração (art.º 262.º/1):
i. Negócio jurídico autónomo e unilateral não recipiendo;
ii. Deve seguir a forma prevista para o negócio (art.º 262.º/2)
iii. Estabelece poderes ao representante;
1. Definir a representação do caso:
a. Ativa: poder para emissão de declarações de vontade;
b. Passiva: poder para recessão de declarações de vontade;
4. Ver art.º 268.º CC:
a. Falta de poderes:
i. Casos:
1. Depois da extinção dos poderes;
2. Por nunca os ter havido;
ii. Art.º 268.º: relação entre o pretenso representante e o pretenso representado;
iii. Art.º 266.º: relação entre o pretenso representante e terceiros.
b. Excesso de representação: representante faz algo que não está englobado nos
poderes de representação que lhe foram concedidos
5. Desvalor:
a. Ineficácia do ato: negócio ineficaz em relação ao pretenso representado;
6. Referir possibilidade de ratificação pelo representado – legitimação superveniente:
a. Efeitos:
i. Supre ineficácia;
ii. Seguir forma exigida à procuração – art.º 268.º/2;
iii. Retroativa;
1. Exceção: direitos adquiridos por terceiros;
b. Atentar ao 268.º/3 CC:
i. Terceiro de boa-fé pode limitar temporalmente o poder potestativo de
ratificação: estabelece um prazo;
1. Silêncio do representado: se prazo acaba, interpreta-se como não
ratificação.
Yehoshuah

7. Ver art.º 268.º/4 CC : terceiro que não conhecia a falta de poderes pode:
a. Revogar o negócio celebrado;
b. Rejeitar o negócio enquanto não for celebrado.
8. Entre o terceiro e o representante sem poderes podemos falar de RCPC, uma vez que o
contrato sofre do vício da ilegitimidade, sendo o regime aplicável o da nulidade – art.º 892.º
CC. O que está em causa é a celebração de negócios que venham padecer de ineficácia ou
invalidade.

Abuso de representação
1. Definir Representação:
a. Substituição de vontades – art.º 258.º CC;
b. Pessoa pode fundamentalmente agir em nome e no interesse do outro
c. Ato é do representante, mas os efeitos jurídicos vão incidir na esfera do
representado:
2. Identificar:
a. Representante;
b. Representado;
3. Identificar a fonte dos poderes de representação:
a. Negócios acompanhados de poder de representação: mandato de representação;
b. Negócios em que a representação lhes é inerente: contrato de trabalho;
c. Procuração (art.º 262.º/1):
i. Negócio jurídico autónomo e unilateral não recipiendo;
ii. Deve seguir a forma prevista para o negócio (art.º 262.º/2)
iii. Estabelece poderes ao representante;
1. Definir a representação do caso:
a. Ativa: poder para emissão de declarações de vontade;
b. Passiva: poder para recessão de declarações de vontade;
4. Definir Abuso de Representação - art.º 269.º CC:
a. O representante age, formalmente, no âmbito dos seus poderes de representação,
mas utiliza-os para um fim desajustado face ao fim para que foram conferidos. É
uma adequação formal conjunta a uma desadequação material face aos interesses
pretendidos com a prática do ato.
5. Efeitos:
a. Ato é eficaz, exceto se houver conhecimento/cognoscibilidade da desadequação
material por parte do terceiro;

Contratos consigo mesmo


1. Definir Representação:
a. Substituição de vontades – art.º 258.º CC;
b. Pessoa pode fundamentalmente agir em nome e no interesse do outro
Yehoshuah

c. Ato é do representante, mas os efeitos jurídicos vão incidir na esfera do


representado:
2. Identificar:
a. Representante;
b. Representado;
3. Identificar a fonte dos poderes de representação:
a. Negócios acompanhados de poder de representação: mandato de representação;
b. Negócios em que a representação lhes é inerente: contrato de trabalho;
c. Procuração (art.º 262.º/1):
i. Negócio jurídico autónomo e unilateral não recipiendo;
ii. Deve seguir a forma prevista para o negócio (art.º 262.º/2)
iii. Estabelece poderes ao representante;
1. Definir a representação do caso:
a. Ativa: poder para emissão de declarações de vontade;
b. Passiva: poder para recessão de declarações de vontade;
4. Possível situação de autocontrato;
a. Formalmente não existe problema, o problema insere-se no campo dos interesses
envolvidos no negócio: existe o risco de se sacrificarem interesses devido a um
conflito de posições.
5. Discernir em que situação estamos:
a. Representante age em representação de outrem e em nome próprio;
b. Representante age em representação de ambas as partes;
c. Representante se faça substituir por alguém a quem passe os poderes que lhe foram
atribuídos: aplica-se o mesmo regime – art.º 261.º/2;
d. Ver se estamos perante um núncio:
i. Não goza de poder de decisão, risco de conflito de interesses afastado.
6. Ver efeitos (art.º 261.º CC): Anulabilidade
a. Aplicar o regime geral (art.º 287.º)
i. Legitimidade cabe ao representado;
ii. Prazo: 1 ano a contar da data de conhecimento;
b. Exceção:
i. Não há risco de interesses pela natureza do negócio;
ii. Representado consentiu especificamente em tal;
c. Pode ser sanada (art.º 288.º):
i. Confirmação tácita ou expressa
7. Atentar ao terceiro:
a. Art.º 291.º: inoponibilidade dos efeitos da declaração de nulidade/anulabilidade:
i. Requisitos cumulativos:
1. Direitos reais;
2. A título oneroso;
3. Imóveis ou móveis sujeitos a registo;
4. Terceiros de boa-fé: no momento da celebração desconheciam sem
culpa o vício;
Yehoshuah

5. A ação de declaração de nulidade/anulação tem que ser proposta e


registada passados 3 anos da conclusão do negócio;
ii. Algum falhou?
1. Oponibilidade dos efeitos a terceiros (mesmo de boa-fé);
b. Se do autocontrato o representante vender um bem a terceiro, mas posteriormente
o representado invoque a anulabilidade podemos estar perante uma C/V de bens
alheios – art.º 892.º, 294.º.

Requisitos do objeto negocial


1. Definir objeto:
a. Estrito senso: realidade a que o objeto se refere;
b. Conteúdo: efeitos que o negócio jurídico produzirá;
i. Regras aplicáveis ex lege: independentemente da vontade negocial;
ii. Regras apontadas e fixadas entre as partes; podem ser necessárias ou
eventuais.
2. Requisitos:
a. Possibilidade;
i. A prestação tem de ser objetiva e absolutamente realizável;
ii. Impossibilidade pode ser:
1. Originária: nulidade do negócio (art.º 280.º/1 CC);
2. Superveniente: extinção da obrigação:
a. Por causa não imputável ao devedor (art.º 790.º/1 CC);
b. Pela aplicação das regras do incumprimento quando o
próprio devedor cause tal impossibilidade (art.º 801.º/1 CC);
3. Jurídica: objeto jurídico que, independentemente de quaisquer
regras, sempre seria inviável por a lei erguer um obstáculo
insuperável;
a. Falta de tipos negociais/meios para realização do negócio;
b. Inadmissibilidade desse tipo de relação jurídica;
4. Características cumulativas:
a. Originária: existência à data da celebração;
b. Absoluta: ninguém conseguiria ultrapassar;
c. Definitiva: impossível para sempre;
b. Determinabilidade;
i. Não é possível que as partes se vinculem a negócios que sejam
indetermináveis no seu momento de celebração, mesmo que o possam vir a
deixar de o ser mais tarde.
c. Licitude;
i. Art.º 280.º: não pode ser contrário à lei, ordem pública, bons costumes.
ii. Ilicitude pode ser da conduta, resultado, meios, fins, relação
meios/resultados;
Yehoshuah

iii. Art.º 280.º e 294.º: nulidade:


1. Negócios contra legem;
2. Negócios em fraude à lei.
d. Conformidade à ordem pública e bons costumes:
i. Ordem pública: princípios constitucionais sobre a dimensão pública da vida
em sociedade;
ii. Bons costumes: princípios constitucionais sobre a dimensão privada da vida
em sociedade; comportamento individualmente considerado
3. Eventual: RCPC - indemnização pelo interesse contratual negativo.

Requisitos do fim negocial


1. Definir:
a. Fim: aquilo que a parte pretende alcançar com a celebração do negócio, a razão da
sua celebração;
b. Motivo: origem da celebrar o negócio, o porquê;
c. Causa: função socioeconómica do negócio: CV, para a transmissão do direito real.
2. Se o fim for comum a ambas as partes: nulo por fim contrário à lei, bons costumes, ordem
pública:
a. Se ambas as partes conhecem e querem o fim (conhecimento e vontade), então o
fim é comum;
b. Se uma parte conhece e quer (conhecimento e vontade) e a outra tem consciência,
mas não tem vontade (qualquer tipo de dolo vale como vontade): não basta apenas
uma vontade;

Condição
1. Definir condição:
a. Cláusula negocial típica que vem subordinar a eficácia da declaração de vontade a
um evento futuro e incerto – art.º 270.º a 277.º, 967.º e 2229.º a 2242.º CC.
b. Satisfaz necessidades práticas importantes: previsão e flexibilidade - muitas vezes
as partes desconhecem a evolução futura dos factos em que se apoiam;
c. Algo autónomo num determinado conteúdo negocial;
d. Sujeita à forma do negócio: é um elemento essencial – art.º 221.º CC;
2. Requisitos:
a. Incerteza;
b. Pendência;
c. Fonte: negócio jurídico;
3. Identificá-la:
a. Suspensiva: negócio só produza efeitos após eventual verificação do facto futuro e
incerto;
Yehoshuah

b. Resolutiva: negócio deixe de produzir efeitos após a verificação do facto futuro e


incerto,
c. Casual: produção do tal facto futuro e incerto não está dependente da vontade de
uma das partes;
d. Potestativa: produção do tal facto e incerto está dependente da vontade de uma das
partes, sendo que tal condição de incerteza do facto futuro tem que assentar em
dados objetivos;
e. Momento certo: verificação de tal facto é incerta, mas a acontecer verificar-se-á
num momento determinado;
f. Momento incerto: verificação de tal facto é incerta, bem como a data futura da sua
eventual verificação;
4. Ver se o negócio é condicionável:
a. Regra: todos o são – PAP, art.º 405.º/1 CC;
b. Exceções:
i. Atos jurídicos ss (porque tal torná-los-ia condicionáveis).
ii. Compensação (art.º 848.º/2).
iii. Casamento (art.º 1618.º/2 CC).
iv. Perfilhação (art.º 1852.º/1 CC).
v. Aceitação ou repúdio da herança (2054.º/1 e 2064.º/1 CC).
vi. Arrendamento e contratos de trabalho (poderiam ser utilizadas para
contornar regimes especiais de resolução de tais contratos)
5. Efeitos da celebração do negócio condicionado:
a. Pendência: período de tempo entre a formação do negócio e a verificação (ou não)
do facto futuro e incerto.
i. Situação de conflito entre o direito a expectativa jurídica;
1. Titular do direito é-lo de forma precária, está dependente da
verificação de um facto complexo de produção sucessiva.
b. Proteção jurídica atribuída à parte dependente:
i. Ambas as partes têm de estar de boa-fé;
ii. Possibilidade de praticar atos de conservação sobre a coisa (273.º);
iii. Atos de disposição (274.º):
1. Eficácia precária nos negócios que celebrar com terceiros sobre a
coisa que consta da condição, ou seja, a eficácia do negócio com
terceiro está dependente da não verificação da condição (art. 272º e
ss)
6. Atentar à cessação da pendência (art.º 275.º/1):
a. Verificação da condição;
b. Certeza da não verificação da condição;
c. Impedimento de verificação/provocação da condição.
7. Atentar a dois casos:
a. Parte impede a verificação de uma condição que iria prejudica-lo: condição tem-se
por verificada;
Yehoshuah

b. Parte provoca a verificação de uma condição que iria beneficiá-lo: condição tem-
se por não verificada – Tu quoque.
8. Ver os efeitos da verificação da condição:
a. Regra supletiva do art.º 276.º CC: eficácia retroativa:
i. Condição resolutiva: negócio tem-se como não celebrado;
ii. Condição suspensiva: negócio plenamente celebrado ab initio.
b. Exceções:
i. Acordo das partes;
ii. Art.º 277.º CC:
1. Condição resolutiva em contratos de execução continuada;
a. Artigo 434.º/2: em que de modo a evitar as condições
desvantajosas, o possuidor precário é equiparado ao
possuidor de boa-fé. Arrendamento: devolução do gozo e
devolução das rendas. Isto não faria sentido, uma vez que o
senhorio tinha que devolver a renda e o arrendatário teria que
devolver uma avaliação pecuniária do gozo, que seria
também o valor da renda.
2. Manutenção dos atos de administração praticados.
3. Remissão para o regime do possuidor de boa-fé, nomeadamente
quanto à aquisição dos frutos pelo possuidor precário – art.º 1270.º
CC.

Condição: inválida
1. Definir condição:
a. Cláusula negocial típica que vem subordinar a eficácia da declaração de vontade a
um evento futuro e incerto – art.º 270.º a 277.º, 967.º e 2229.º a 2242.º CC.
b. Satisfaz necessidades práticas importantes: previsão e flexibilidade - muitas vezes
as partes desconhecem a evolução futura dos factos em que se apoiam;
c. Algo autónomo num determinado conteúdo negocial;
d. Sujeita à forma do negócio: é um elemento essencial – art.º 221.º CC;
2. Requisitos: se não cumprem são impróprias.
a. Incerteza;
b. Pendência;
c. Fonte: negócio jurídico;
3. Identificá-la:
a. Suspensiva: negócio só produza efeitos após eventual verificação do facto futuro e
incerto;
b. Resolutiva: negócio deixe de produzir efeitos após a verificação do facto futuro e
incerto,
c. Casual: produção do tal facto futuro e incerto não está dependente da vontade de
uma das partes;
Yehoshuah

d. Potestativa: produção do tal facto e incerto está dependente da vontade de uma das
partes, sendo que tal condição de incerteza do facto futuro tem que assentar em
dados objetivos;
e. Momento certo: verificação de tal facto é incerta, mas a acontecer verificar-se-á
num momento determinado;
f. Momento incerto: verificação de tal facto é incerta, bem como a data futura da sua
eventual verificação;
4. Ver se o negócio é condicionável:
a. Regra: todos o são – PAP, art.º 405.º/1 CC;
b. Exceções:
i. Atos jurídicos ss (porque tal torná-los-ia condicionáveis).
ii. Compensação (art.º 848.º/2).
iii. Casamento (art.º 1618.º/2 CC).
iv. Perfilhação (art.º 1852.º/1 CC).
v. Aceitação ou repúdio da herança (2054.º/1 e 2064.º/1 CC).
vi. Arrendamento e contratos de trabalho (poderiam ser utilizadas para
contornar regimes especiais de resolução de tais contratos)
5. Atentar aos fundamentos da invalidade/ilicitude da condição:
a. Contrariedade à lei;
b. Contrariedade à ordem pública;
c. Contrariedade aos bons costumes;
d. Impossibilidade física ou jurídica;
6. Ver os efeitos da invalidade:
a. Nulidade de todo o negócio – art.º 271.º/1 CC;
i. Exceções: cláusula dá-se por não escrita e negócio mantém-se sem ela;
1. Impossibilidade física/jurídica de uma condição resolutiva – art.º
217.º/1 2ª parte.
2. Atos pessoais e familiares:
a. Domínio do casamento – art.º 1618.º/2 CC;
b. Domínio da perfilhação – art.º 1852.º/2 CC,
3. Atos gratuitos:
a. Em relação ao testamento – art.º 2230.º/1 CC;
b. Em relação à doação – art.º 967.º CC.
ii. Perceber se as partes o quereriam sem a condição:
1. Não: nulidade de todo o negócio – art.º 2230.º/1.

Termo
1. Definir (art.º 278.º e 279.º):
a. Cláusula negocial típica pela qual se subordina a eficácia do negócio à verificação
de um facto futuro e certo;
b. Fonte: negócio jurídico;
Yehoshuah

i. Se for a lei, é um termo impróprio.


c. Certeza na verificação de um facto futuro e certo;
2. Caracterizá-lo:
a. Inicial: negócio não produz efeitos enquanto não se verificar o facto futuro e certo;
b. Final: efeitos do negócio extinguem-se quando verificado o facto futuro e certo;
c. Certo: quando sabemos a data em que se verificará o termo;
d. Incerto: não sabemos a data, mas sabemos que se irá verificar;
e. Essencial: depois de verificado o termo, a prestação é impossível, por perda de
interesse ou inexequibilidade;
f. Não essencial: depois de verificado o termo, a prestação não se torna impossível,
apenas se entra em mora se não se cumprir.
3. Avaliar fundamentos invalidade do termo:
a. Contrariedade à lei;
b. Impossibilidade ou inviabilidade;
c. Exceção: da interpretação se depreenda que houve um mero lapso material ou que
as partes tinham outra vontade em vista.
4. Avaliar efeitos da invalidade:
a. Regime geral: 294.º CC;
b. Exceção: casos em que a invalidade opere apenas relativamente ao termo, o que faz
com que a cláusula seja tida como não escrita, sendo assim expurgada do negócio
válido – artigos 1618.º/2 e 2243.º CC
5. Ver efeitos da celebração do negócio condicionado:
a. Pendência: período de tempo entre a formação do negócio e a verificação (ou não)
do facto futuro e incerto.
i. Situação de conflito entre o direito a expectativa jurídica;
1. Titular do direito é-lo de forma precária, está dependente da
verificação de um facto complexo de produção sucessiva.
6. Ver efeitos da pendência:
a. Mesmo que o da condição;
7. Atentar à cessação da pendência (art.º 275.º/1):
a. Verificação do termo;
b. Impedimento de verificação/provocação do termo.
8. Atentar a dois casos:
a. Parte impede a verificação de uma condição que iria prejudica-lo: condição tem-se
por verificada;
b. Parte provoca a verificação de uma condição que iria beneficiá-lo: condição tem-
se por não verificada.
9. Efeitos da verificação do termo:
a. Eficácia irretroativa - para Carvalho Fernandes, uma vez que as lei não diz.

Modo
Yehoshuah

1. Definir modo:
a. Cláusula negocial típica que estabelece uma obrigação a cargo do beneficiário da
liberalidade,
b. Apenas possível nos negócios gratuitos, doação, e testamento – art.º 963.º a 967.º,
2244.º a 2248.º CC
2. Ver requisitos da obrigação modal:
a. Objeto lícito;
i. Não é: autor da liberalidade não pode declarar a nulidade de todo o negócio;
b. Objeto possível,
i. Não é: autor da liberalidade pode declarar a nulidade de todo o negócio;
c. Se algum falha, negócio é não modal.
3. Incumprimento da obrigação:
a. Doação:
i. Resolução: apenas possível se o contrato permitir, pelo autor da
liberalidade;
ii. Contrato mantém-se, embora:
1. Impor ação de cumprimento;
2. RC obrigacional;
b. Testamento:
i. Resolução (pelos herdeiros):
1. Se o testador tiver previsto;
2. Se resultar das regras de interpretação ser essa vontade;
ii. Impor ação de cumprimento;
iii. Indemnização por RCO.

Interpretação
1. Definir:
a. Finalidade: retirar o conteúdo e objeto do negócio jurídico;
b. Regra geral: art.º 236.º CC;
i. Exceções:
1. Negócios formais: art.º 238.º CC
2. Testamento: art.º 2187.º CC
2. Atentar ao nomen iuris que as partes deram ao negócio:
a. Está errado por:
i. Ignorância jurídica: partes não são juristas, não sabem dar o nome certo;
ii. Intenção das partes: mudam a qualificação do negócio para beneficiarem de
um regime melhor.
b. O que importa são as obrigações e deveres decorrentes do negócio.
3. Referir divergências doutrinárias sobre o objeto da interpretação:
a. Teoria subjetivistas: vontade das partes;
Yehoshuah

i. Teoria da vontade: declaração vale de acordo com a vontade do declarante;


não se considera a confiança do declaratário,
ii. Teoria da responsabilidade: vontade do declarante vale desde que cumpra o
ónus da adequada comunicação; se não, fica o sentido percetível.
b. Teorias objetivistas: declaração em si;
i. Teoria da impressão: O sentido da declaração corresponde ao sentido que o
declaratário normal, colocado na situação do declaratário real daria àquela
declaração – critério do homem médio;
ii. Teoria da confiança: O sentido da declaração corresponde ao sentido que o
declaratário normal, colocado na situação do declaratário real daria àquela
declaração, exceto se o declaratário real conhecer a vontade do declarante.
Nesse caso, o sentido da declaração corresponderá a essa mesma vontade.
4. Ver o art.º 236.º: mencionar divergências e tomar partido
a. Visão CF, subjetivista:
i. Norma principal é o art.º 236.º/2
1. Se o declaratário conhecia a vontade real do declarante será este o
sentido da declaração. Prevalece sobre o sentido objetivo.
ii. Norma secundária é o art.º 236.º/1: só aplicamos se for impossível aplicar o
n2.
1. 236.º/1 Teoria da responsabilidade: vale o sentido que um HM daria.
a. Quanto ao declarante: vale o sentido percetível (HM), se este
corresponde ao sentido querido (do declarante) então não há
problemas, mas se não então temos de abrir duas hipóteses:
i. Declarante cumpriu o ónus da adequada
comunicação: aplica-se o sentido querido e não o
sentido percetível
ii. Declarante não cumpriu o ónus da adequada
comunicação será imputável o sentido percetível.
b. Visão MC, objetivista:
i. Norma principal é o art.º 236.º/1 1ª parte:
1. Declaração vale com o sentido que declaratária normal lhe daria -
critério do homem médio;
a. Como definir o sentido:
i. Letra do negócio;
ii. Textos circulantes;
iii. Antecedentes;
iv. Prática negocial e contexto;
v. Objetivos em jogo;
vi. Elementos jurídicos extra negociais
ii. Outras normas:
1. Art.º 236.º/1 2ª parte aplica-se quando não podemos contar com o
sentido real da declaração; autor material da declaração não é o
declarante.
Yehoshuah

2. Art.º 236.º/2: se o declaratário conhecia a vontade real do declarante


é esta que valerá – teoria da confiança.
5. Ver efeitos do resultado interpretativo.
6. Resultado interpretativo é dúbio? 236.º leva-nos a vários sentidos possíveis.
a. Art.º 237.º resolve:
i. Negócio oneroso: sentido que conduza ao maior equilíbrio entre as partes;
ii. Negócio gratuito: sentido menos gravoso para o disponente;
b. Mantém-se dúbio? Se ambos os sentidos são menos gravosos/equilibrados
i. Negócio é indeterminável – nulidade (art.º 280º)
7. Atentar ao art.º 238.º: regras especiais para negócios formais
a. Art.º 238.º/1: Se não houver um mínimo de correspondência verbal:
i. Negócio nulo por vício de forma: Se o sentido resultante do 236.º não tiver
um mínimo de correspondência com o texto do negócio, a declaração
continua a ter esse sentido, mas há um vício de forma, por o conteúdo da
declaração não constar da forma legalmente prevista.
1. A não ser que o sentido corresponda à vontade das partes + não lhe
sejam exigidas regras de forma (221.º).
ii. A declaração vale com outro sentido, que não o sentido que as regras de
interpretação conduzem, mas que tem que ter um mínimo de
correspondência verbal com o texto do negócio.
1. O artigo 236ºCC aponta para um sentido que se não tiver
correspondência verbal irá ser descartado.
b. Art.º 238.º/2: sentido sem correspondência verbal prevalece se não lhe forem
exigidas as regras de forma.

Integração
1. Definir:
a. Serve para integrar lacunas negociais: espaço carecido de regulação privada; devia
estar previsto no negócio, mas as partes nada fizeram.
2. Art.º 239.º: na falta de disposição especial a declaração negocial deve ser integrada em
harmonia com a vontade que as partes teriam tido se houvessem previsto o ponto omisso
ou quando haja outra solução por eles imposta segundo os ditames da boa-fé.
3. Como resolver?
a. Segundo Carneiro da Frada, por esta ordem:
i. Procurar normas supletivas;
ii. Vontade hipotética das partes;
1. Inválida se contra a boa-fé.
iii. Vontade hipotética objetiva do homem médio;
b. Segundo o conceito exigente de lacuna, por esta ordem:
i. Vontade hipotética das partes;
ii. Vontade objetiva;
Yehoshuah

c. Segundo Menezes Cordeiro:


i. Vontade hipotética objetiva: critério da boa-fé integra lacunas.
ii. Nunca seriam normas supletivas, porque significa que não estamos perante
uma lacuna.

Modalidades da Cessação da Eficácia dos Negócios Jurídicos


1. Revogação: ato voluntário de cessação de eficácia do negócio
a. Livre: manifestação de vontade + autonomia privada
i. Negócios unilaterais: basta a declaração de vontade de uma parte;
ii. Negócios plurilaterais: bilateral, só é livre se todas estiverem de acordo,
salvo certas exceções da lei – pacta sun servanda;
b. Discricionária: não é preciso fundamento;
c. Não retroativa: revogação só produz efeitos para o futuro;
2. Resolução: ato voluntário de cessação da eficácia do negócio;
a. Condicionada: só possível em dois casos:
i. Lei estabelece-o;
ii. Cláusula negocial;
b. Vinculada: precisa de fundamento – justa causa;
c. Retroativa:
i. Regra: apaga os efeitos passados e impede a produção de efeitos futuros;
ii. Exceção: não é retroativa quando estamos perante uma relação duradoura,
ou seja, contratos de execução continuada.
3. Denúncia: ato voluntário de cessação da eficácia do negócio;
a. Livre: não necessita de previsão na lei/negócio;
b. Discricionária: não necessita de justa causa;
c. Não retroativa: só produz efeitos para o futuro;
d. Unilateral: sempre em causa um negócio plurilateral;
e. Própria das relações duradouras.
4. Caducidade: não assenta num ato voluntário;
a. Em sentido amplo: facto jurídico ss;
b. Em sentido estrito: decurso do tempo.

Coação Física
1. Mencionar a vontade sã:
a. Vontade de ação: vontade de praticar um ato, alcançar um determinado fim;
b. Vontade de declaração: consciência que com a atuação se transmite uma
mensagem;
c. Vontade funcional: vontade de se autovincular a efeitos prático-jurídicos;
2. Definir coação física:
a. Art.º 246.º CC;
Yehoshuah

b. Força exterior ao agente leva-o a assumir um comportamento declarativo


independentemente da sua vontade;
c. Não existe vontade de ação, vontade de declaração, nem vontade funcional.
3. Ver efeitos (246.º):
a. Não produção de efeitos,
i. CF: inexistência jurídica, 1627.º; não há vontade de ação, não há ação, não
há declaração, não há negócio.
ii. MC: nulidade – declaração sem vontade, 286.º; existe uma declaração, mas
sem vontade.
b. Não há dever de indemnizar;

Falta de consciência da declaração


1. Mencionar a vontade sã:
a. Vontade de ação: vontade de praticar um ato, alcançar um determinado fim;
b. Vontade de declaração: consciência que com a atuação se transmite uma
mensagem;
c. Vontade funcional: vontade de se autovincular a efeitos prático-jurídicos;
2. Definir falta de consciência da declaração:
a. Falta de vontade de ação quando tenha causa interna;
b. Declarante emite declaração sem ter consciência/intenção de o fazer – não há
vontade de declaração.
c. Art.º 246.º, interpretação restritiva: a falta de consciência era percetível na própria
ambiência negocial, por um declaratário normal, colocando na situação do
declaratário real?
i. Sim: 246.
ii. Não: regime do erro.
3. Efeitos:
a. Não produção de efeitos;
i. CF: inexistência jurídica; não há vontade de ação, não há ação, não há
declaração, não há negócio.
ii. MC: nulidade – declaração sem vontade;
iii. Mota Pinto:
1. Devido à falta de vontade de ação causada por causas internas:
inexistência;
2. Devido à falta de vontade de declaração: nulidade.
b. Indemnização: quando o declarante, com culpa sua, não se consciencialize que
emite uma declaração de vontade;
i. CF: RCPC;
ii. MC: Não há imposição de cálculo pelo ICN.
Yehoshuah

Declarações não sérias


1. Mencionar a vontade sã:
a. Vontade de ação: vontade de praticar um ato, alcançar um determinado fim;
b. Vontade de declaração: consciência que com a atuação se transmite uma
mensagem;
c. Vontade funcional: vontade de se autovincular a efeitos prático-jurídicos;
2. Definir declarações não sérias:
a. Art.º 245.º;
b. “O declarante manifesta uma vontade que efetivamente não tem, na convicção do
declaratário se aperceber da falta de seriedade da declaração.”
c. Falta a vontade funcional, as restantes existem;
d. Fundada na convicção de que o declaratário percebia a não seriedade:
i. Vias subjetivas: apenas aquele declaratário;
ii. Vias objetivas: qualquer declaratário.
3. Interpretar, para saber se é DNS.
4. Identificar graça pesada (art.º 245.º/2):
a. Por graça ou por troça, o declarante faz acompanhar a declaração de elementos que
permitam que o declaratário infira, razoavelmente, que se trata de uma declaração
séria, há azo a uma indemnização a ser calculada pela RCO;
b. Nulidade.
5. Efeitos DNS (art.º 245.º/1): não produz efeitos
a. Nula.
b. Mota Pinto: inexistência;
6. Declaração séria entendida como DNS:
a. Interpretação (art.º 236.º):
i. Declaratário normal tomá-la-ia como não-séria: art.º 245.º/1;
ii. Declaratário normal tomá-la-ia como séria: olhar à aceitação:
1. Aceitou com malícia: reserva mental;
2. Aceitação era uma DNS: negócio não produz efeitos.

Erro sobre a pessoa do declaratário


1. Definir Erro-Vício:
a. Um dos elementos perturbadores de uma vontade sã.
b. Associado à má formação da vontade por falta de informação;
2. Definir ESPD:
a. Art.º 247.º e 251.º CC.
b. Modalidade do Erro Simples:
i. Desconhecimento ou falsa representação da realidade que determinou ou
podia ter determinado a celebração do negócio;
ii. Discrepância entre a vontade real (aquilo que a pessoa quer) e a vontade
hipotética (aquilo que quereria se não estivesse em erro);
Yehoshuah

3. Ver pressuposto:
a. Ignorância ou falsa representação da identidade ou qualidades objetivas do
declaratário;
4. Ver requisitos de relevância– art.º 251.º remete para o 247.º:
a. Essencialidade do motivo sobre o qual recai o erro: a qualidade objetiva da pessoa
do declaratário era essencial para celebrar o negócio;
b. Conhecimento ou cognoscibilidade dessa essencialidade por parte do declaratário;
5. Verificam-se?
a. Sim: negócio anulável pelo declarante em erro (art.º 287.º e 288.º);
i. Prazo: um ano a partir do momento em que o errante cessa a ignorância ou
o pouco conhecimento que tinha, caso o negócio já tenha sido cumprido;

Erro sobre o objeto do negócio


1. Definir Erro-Vício:
a. Um dos elementos perturbadores de uma vontade sã.
b. Associado à má formação da vontade por falta de informação;
2. Definir EON:
a. Art.º 247.º e 251.º CC;
b. Modalidade do Erro Simples:
i. Desconhecimento ou falsa representação da realidade que determinou ou
podia ter determinado a celebração do negócio;
ii. Discrepância entre a vontade real (aquilo que a pessoa quer) e a vontade
hipotética (aquilo que quereria se não estivesse em erro);
3. Ver pressuposto:
a. Ignorância ou falsa representação da identidade ou qualidades objetivas do objeto:
i. Material do objeto, autoria, antiguidade, m2.
4. Ver requisitos de relevância – art.º 251.º remete para o 247.º:
a. Essencialidade do motivo sobre o qual recai o erro: a qualidade objetiva do objeto
era essencial para celebrar o negócio;
b. Conhecimento ou cognoscibilidade dessa essencialidade por parte do declaratário;
5. Verificam-se?
a. Sim: negócio anulável pelo declarante em erro (art.º 287.º e 288.º);
i. Prazo: um ano a partir do momento em que o errante cessa a ignorância ou
o pouco conhecimento que tinha, caso o negócio já tenha sido cumprido;

Erro sobre a base do negócio


1. Definir Erro-Vício:
a. Um dos elementos perturbadores de uma vontade sã.
b. Associado à má formação da vontade por falta de informação;
2. Definir EBN:
Yehoshuah

a. Art.º 252.º/2 e 437.º CC;


b. Base negocial: circunstâncias de facto ou de direito tomadas em consideração na
celebração do negócio, determinaram o conteúdo do negócio;
c. Erro é do declarante, que recai sobre um elemento decisivo do contrato.
3. Ver pressuposto:
d. Ignorância ou falsa representação da base negocial;
i. Circunstâncias objetivas de facto e de direitos que determinaram o conteúdo
do negócio.
4. Requisitos: remissão do art.º 252.º/2 para o 437.º
e. Essencialidade do motivo sobre o qual recai o erro para uma das partes;
f. Conhecimento ou cognoscibilidade dessa essencialidade pelo declaratário;
g. Manutenção do contrato violaria o princípio da boa-fé;
i. Boa-fé em sentido objetivo: equilíbrio entre as prestações;
5. Efeitos, art.º 437.º:
h. Modificação: primeira opção, pelo princípio favore negocie
i. Anulabilidade.

Erro sobre os motivos


1. Definir Erro-Vício:
a. Um dos elementos perturbadores de uma vontade sã.
b. Associado à má formação da vontade por falta de informação;
2. Definir ESM:
a. Art.º 252.º/1;
b. Norma aberta;
c. Motivos de tipo residual: pode ser qualquer um.
3. Pressuposto:
d. Ignorância ou falsa representação dos motivos.
i. Circunstâncias subjetivas, de facto ou de direito, que constituem o motivo
pelo qual se celebrou o negócio;
4. Requisitos de relevância:
e. Essencialidade do motivo;
f. Acordo quanto à essencialidade do motivo: conhecimento e vontade do declaratário
quanto ao motivo, mas não quanto ao erro em específico;
i. Não está sujeito a forma especial;
ii. Provado por quem o invoca;
iii. Declarante pode apenas informar o declaratário que o motivo é essencial,
mas a outra parta tem que aceitar esta essencialidade, expressa ou
tacitamente.
iv. Não se deduz, porém, da aceitação da celebração do negócio que se aceita
a essencialidade do motivo pois, em conformidade com o artigo 217.º/1 CC,
Yehoshuah

a declaração tácita carece de uma dedução “com toda a probabilidade”, o


que não é o caso.
5. Verificam-se?
g. Sim: negócio anulável pelo declarante em erro (art.º 287.º e 288.º);
i. Prazo: um ano a partir do momento em que o errante cessa a ignorância ou
o pouco conhecimento que tinha, caso o negócio já tenha sido cumprido;

Erro qualificado por Dolo


1. Definir Erro-Vício:
a. Um dos elementos perturbadores de uma vontade sã.
b. Associado à má formação da vontade por falta de informação;
2. Definir EQD:
a. Dolo: copiar Art.º 253.º/1
b. Pressuposto: dolos malus – associado à violação de um dever de informação.
i. Condutas positivas intencionais: alguém que cria/mantém em erro.
ii. Condutas positivas não intencionais: quando o deceptor age te que ter
consciência que induz, mantém ou encobre um erro – dolo positivo.
iii. Condutas omissivas: não esclarecer o declarante do seu erro – dolo
negativo;
3. Identificar:
a. Deceptor: autor do dolo;
b. Decepto: vítima;
4. Ver requisito geral:
a. Dupla causalidade:
i. Dolo é causa do erro;
ii. Erro é determinante para o negócio (causa do negócio).
5. Ver casos e requisitos específicos:
a. Deceptor é o declaratário é e decepto é o declarante – 254.º/1 1ª parte.
i. Requisito geral: anulabilidade (total e absoluta);
1. Legitimidade: ambas as partes;
b. Deceptor é um terceiro e o decepto é o declarante, sendo que o declaratário está de
má-fé subjetiva ética (art.º 254.º/2 1ª parte CC);
i. Requisito geral + declaratário conhecia ou devia conhecer o dolo;
ii. Anulabilidade total e absoluta.
c. Declaratário não conhecia nem devia conhecer o dolo do terceiro:
i. Terceiro é deceptor e beneficiário, o decepto é o declarante e o declaratário
está de boa-fé:
1. Irrelevante, a menos que o terceiro beneficiasse; aí, a anulação é na
parte relativa ao mesmo (o que quer que isso queira dizer).
ii. Terceiro que é o deceptor, decepto é o declarante, o declaratário está de boa-
fé sujetiva ética e o Terceiro 2 é o benificiário:
Yehoshuah

1. Requisito geral + beneficiário de má-fé subjetiva ética.


6. Efeitos do dolo:
a. Anulabilidade do negócio – art.º 287.º e 288.º,
i. Prazo: um ano a contar do momento em que se conhece que o erro foi gerado
por dolo.
b. Ato ilícito – art.º 253.º/2:
i. Relevante para efeitos de RCPC;

Coação moral
1. Definir medo:
a. Intervenção, durante o processo de formação da vontade, de um fator – a previsão
de um certo mal – que determina o declarante a querer algo que de outro modo não
quereria.
b. Há vontade de ação, mas falta de liberdade da vontade: pessoa quer a conduta que
adota, mas não a quereria se não fosse a ameaça do mal que é feita.
2. Definir coação moral.
a. Art.º 255.º e 256.º: a “violência ou numa ameaça ilícita de um mal com o fim de
obter uma declaração”,
b. Vontade existe mas não é livre,
3. Ver pressupostos:
a. Ameaça de um mal:
i. Criação ou manutenção do mal;
ii. Respeitar ao coagido ou a terceiro;
iii. Respeitar à pessoa, honra, ou património.
b. Ilicitude da ameaça:
i. Ilicitude formal: prática de um ato ilícito a nível civil, penal, ordem pública
ou bons costumes – art.º 255.º/1.
ii. Ilicitude material: exercício abusivo de um direito;
c. Intencionalidade da ameaça:
i. Intenção do coator é obter a declaração negocial do coagido – art.º 255.º/1
in fine.
ii. A declaração deve ser cominatória: exatamente aquela que o autor exigiu
ao fazer a ameaça.
4. Ver requisito de relevância:
a. Coação criou/manteve o medo;
b. Medo é a causa da declaração de vontade.
5. Ver casos:
a. Coator é o declaratário, coagido é o declarante: verificação dupla causalidade;
b. Coator é um terceiro, coagido é o declarante, e ainda existe um declaratário, que
merece que o princípio da tutela da confiança seja ponderado.
i. Dupla causalidade;
Yehoshuah

ii. Requisitos especiais (art.º 256.º CC):


1. Mal grave: avaliado objetivamente, tendo em conta a natureza do
bem e a intensidade da agressão;
2. Receio justificado de consumação: avaliado pela figura do homem
médio, colocado nas condições do declarante.
6. Efeitos:
a. Anulabilidade;
i. Prazos: um ano a contar da data de cessação do vício – passou o período de
medo.
b. RC: coacção é um ato ilícito.

Estado de Necessidade
1. Definir medo:
a. Intervenção, durante o processo de formação da vontade, de um fator – a previsão
de um certo mal – que determina o declarante a querer algo que de outro modo não
quereria.
b. Há vontade de ação, mas falta de liberdade da vontade: pessoa quer a conduta que
adota, mas não a quereria se não fosse a ameaça do mal que é feita.
2. Definir Estado de necessidade:
a. Situação de grave perigo em que se encontre o declarante, gerando nele o receio de
consumação de um mal.
b. Origem: facto cultural ou um ato humano, que neste caso se comporta como facto;
c. No geral, só releva enquanto elemento da usura.
3. Ver pressuposto:
a. Existência de um perigo atual que ameace a pessoa, honra ou património do
declarante, ou de terceiro.
4. Ver situação especial: Mota Pinto + CF
a. Alguém se aproveita da situação de necessidade de uma pessoa, quando lhe devia
prestar auxílio.
i. A subordinação do cumprimento de um dever à emissão de certa declaração,
o que se afigura como uma ilicitude, artigos 10º e 11º CP (deveres de
garante).
ii. Violação bons costumes, 280.º.

Usura
1. Definir Usura:
a. Art.º 282.º a 284.º;
b. Vício complexo, afeta conteúdo + vontade.
2. Ver pressupostos:
a. Inferioridade do declarante, vítima de usura:
Yehoshuah

i. Situação de necessidade;
ii. Inexperiência do lesado;
iii. Ligeireza do declarante;
iv. Estado de dependência;
v. Estado mental ou fraqueza de caráter;
vi. Estado de necessidade.
b. Exploração da situação de inferioridade, pelo usurário:
i. CF: consciência – “representação mental da situação de inferioridade do
declarante” - ou intenção da exploração da situação de inferioridade do
declarante,
ii. Iniciativa provém do usurário.
c. Obtenção de benefícios excessivos ou injustificados:
i. Existência de uma lesão enorme ou excessiva, que se concretiza num
desequilíbrio objetivo entre a prestação do lesado e a contraprestação do
beneficiário.
3. Efeitos: lesado pode optar:
a. Anulabilidade – art.º 282.º/1 CC.
i. Parte contrária pode opor-se, propondo a modificação;
ii. Dois tipos:
1. Usura não criminosa:
a. Há conhecimento do benefício excessivo ou injustificada de
outrem.
b. Prazo de um ano a contar da data de cessação do vício;
2. Usura criminosa:
a. Prazo de anulação/modificação: 5 anos;
b. Modificabilidade – art.º 283.º CC;

Erro na declaração/erro obstáculo


1. Interpretar (236.º):
a. O despiste entre ED e Erro no Entendimento é feito pelo 236.º.
2. Definir ED/EO:
a. Divergência entre a vontade real e a vontade declarada;
b. Não intencional, declarante queria ter manifestado a sua vontade em termos
adequados;
c. Quando alguém por lapso manifesta uma vontade que não corresponde com a
vontade real;
3. Pressuposto:
a. Divergência entre a vontade real e a vontade declarada;
i. Erro no significante: escolhe a palavra errada/declara algo que não queria;
ii. Erro no significado: declara o que queria, mas atribui um conteúdo que não
corresponde à realidade.
Yehoshuah

4. Distinguir:
a. Erro conhecido (art.º 236.º/2): sempre que o declaratário saiba a vontade real do
declarante. Neste caso não há patologia, é a vontade real do declarante que vale;
afinal, se o declaratário conhece o erro, então conhece a vontade real do declarante.
b. Erro cognoscível (art.º 236.º/1 e 249.º): o declaratário real não conhece o erro, mas
um homem médio poderia conhecer. O sentido percetível da declaração vai ser
consoante a vontade real. Para o erro de cálculo ou escrita, o negócio será válido,
havendo espaço ao direito de retificação – a operar segundo a vontade real do
declarante.
c. Erro não conhecido nem cognoscível (art.º 247.º e 248.º): nem o declaratário real,
nem o homem médio conhecem/poderiam conhecer a existência do erro (e da
vontade real). É um verdadeiro erro na declaração.
5. Requisitos de relevância – art.º 247.º CC:
a. Essencialidade para o declarante do elemento sobre o qual recai o erro,
i. Absoluta: quando ela haja influído na conclusão do negócio em si mesmo;
ii. Relativa: quando ela haja influído nos termos em que ele foi concluído.
b. Conhecimento ou cognoscibilidade dessa essencialidade, por parte do declaratário.
6. Verificam-se? Opções:
a. Anular o negócio (art.º 247.º CC): aplicar o regime do art.º 287.º;
b. Validar o negócio (art.º 248.º CC): declaratário poderá fazê-lo, e implica a
impossibilidade de invocação da anulabilidade pelo declarante.
i. Vale de acordo com a vontade real do declarante.

Erro na transmissão da vontade


1. Definir ETV:
a. Divergência entre a vontade real e a vontade declarada;
b. Não intencional, declarante queria ter manifestado a sua vontade em termos
adequados;
c. Relaciona-se com a figura da representação/núncio: autoria material da declaração
não cabe a quem é o portador da vontade que no negócio se atua;
d. Erro na transmissão da declaração, a pessoa encarregue desta tarefa fê-la
erradamente;
2. Ver regime:
a. Representação (art.º 259.º/1 CC):
i. É em função da pessoa do representante que se afere a existência de erro;
ii. Segue-se o regime do erro na declaração;
b. Núncio (art.º 250.º/1 CC):
i. Negócio anulável: erro não pode ser conhecido nem cognoscível.
ii. Art.º 250.º/2 CC: em casos de dolo transmitente, negócio é sempre anulável
(desde que verificado a essencialidade);
Yehoshuah

Erro no entendimento
1. Interpretar (236.º):
a. O despiste entre ED e Erro no Entendimento é feito pelo 236.º.
2. Definir EE:
a. Declaratário compreendeu mal a declaração emitida pelo declarante;
b. Declaratário toma um determinado sentido percebido, que não coincide com o
sentido querido, nem com o sentido percetível,
c. Associado ao ónus do adequado entendimento;
3. Erro no entendimento será irrelevante, uma vez que o declaratário não cumpriu o ónus do
adequado entendimento; o negócio vale com o sentido querido pelo declarante, que seria o
sentido percetível pelo HM.
4. Ver casos:
a. Se o declaratário simplesmente aceitar a declaração do declarante com um “sim”
não haverá problemas e esta irá valer com o sentido querido e percetivel.
b. Se o declaratário aceitar a declaração do declarante mas proferindo uma alteração
que não constava da declaração inicial então a professora Elsa considera que não
há uma aceitação pois esta deve ser total e inequívoca.
c. Se houver uma divergência entre a vontade real e a vontade declarada mais um erro
obstáculo então estamos perante um dissenso. Pode ser patente se houver uma
discordância entre sentidos objetivos fácil de perceber ou oculto quando há acordo
de sentidos objetivos mas divergência de sentidos queridos.
i. O dissenso patente caracteriza uma falta de acordo, sem acordo não há
aceitação e sem aceitação o negócio não se celebra – art. 232.
ii. Dissenso oculto: acordo nos sentidos objetivos, divergência nos queridos -
anulável por todos (Mota Pinto)

Simulação
1. Definir:
a. Divergência intencional: engano propositado – uma parte ou as partes dizem algo
que não corresponde à sua vontade;
b. Acordo ou conluio entre o declarante e declaratário, no sentido de celebrarem um
negócio que não corresponde à sua vontade real e no intuito de enganarem terceiros.
2. Pressupostos (art.º 240.º/1):
a. Divergência entre a vontade real e a declarada;
b. Pactus simulationis: Acordo ou conluio entre as partes,
c. Intenção de enganar terceiros: não necessita de ser forçosamente enganar.
3. Identificar modalidade:
a. Inocente: apenas intenção de enganar;
b. Fradulenta: intenção de enganar e prejudicar;
c. Absoluta: celebram um negócio que não querem – nulo;
Yehoshuah

d. Relativa: declaram um negócio que não querem (simulado) para encobrirem o que
verdadeiramente querem (dissimulado) – não sofre vício;
i. Subjetiva: declara-se contratar com B, mas na verdade contrata-se com C:
ii. Da natureza jurídica do negócio: declara-se uma doação quando se quer
fazer uma venda;
iii. De valor: declara-se um preço diferente do real;
e. Subjetiva: reporta-se aos sujeitos do ato;
f. Objetiva: reporta-se ao conteúdo ou objeto ss do negócio;
4. Ver efeitos.
a. Negócio simulado: sempre nulo (art.º 240.º/2 e 241.º/1);
b. Negócio dissimulado:
i. Negócio simulado não o afeta, mas podem haver outras causas;
5. Analisar negócio dissimulado isoladamente: ver se os elementos essenciais do dissimulado
se incluem no documento do simulado.
a. Partes declaram C/V de imóvel, quando é doação;
i. C/V: nula por ser simulada;
ii. Doação: nula; animus donandi incompatível com C/V (art.º 221.º, 220.º, e
875.º), documento de doação não pode conter um preço.
b. B declara CV de bem móvel a D, quando quer doá-lo a C (filho; D intervém por
documento particular afirmando que nenhuma venda lhe foi feita, sendo que o que
se passa fora uma doação entre B e C;
i. Negócio simulado: nulo;
ii. Negócio dissimulado: válido, desde que no documento onde se
consubstancia o simulado, ou em qualquer outro que siga as formalidades
exigidas por lei e constem os elementos para os quais seja determinante a
forma exigida por lei – 241.º.
c. B declara CV com C por preço menor do que o real.
i. Negócio simulado: nulo;
ii. Negócio dissimulado: válido, desde que no documento onde se
consubstancia o simulado, ou em qualquer outro que siga as formalidades
exigidas por lei e constem os elementos para os quais seja determinante a
forma exigida por lei.
6. Ver legitimidade:
a. Regime geral 286.º CC: todos os que possam ver a sua EJ alterada.
b. Simuladores entre si (art.º 242.º/1, 394.º, e 351.º): os simuladores, entre si, podem
invocar a nulidade (um contra o outro, relativamente a terceiros admitem-se
diferenças). Para tal, são proibidas a prova testemunhal e a prova por presunção.
7. Inoponibilidade a terceiros de boa-fé (art.º 243.º CC):
a. Definir:
i. Terceiros: pessoas que não sejam partes no pacto simulatório, podendo ser
pessoas que sejam parte num negócio que não seja simulado;
ii. Boa-fé: subjetiva ética, isto é, ignorância não culposa.
b. Regime:
Yehoshuah

i. Se um dos simuladores haja alienado o bem que decorre do negocio


simulado a um terceiro de boa-fé, mesmo que a nulidade seja invocada, tal
será inoponivel frente a esse terceiro desde que ele esteja de boa-fé,
ii. Terceiro usa a inoponibilidade a seu favor e tenta aproveitar-se do negocio
simulado:
1. preferente que quer exercer o seu direito de preferência sobre o
valor do negocio simulado que será inferior que o valor real do
negocio dissimulado, nestes casos temos de compatibilizar o art.
243 com a sua ratio legis, o objetivo desta norma será de impedir
prejuízos para terceiros, não de lhes conferir um beneficio ou uma
vantagem, assim sendo no caso suprarreferido estaríamos perante
um enriquecimento sem causa (enriquecimento sem fundamento
jurídico para tal) – art. 473, pelo que o terceiro não poderia se
aproveitar da inoponibilidade para preferir pelo preço mais baixo
2. Se diversos terceiros estiverem de má fé estes não vão poder
invocar a nulidade nem gozar da inoponibilidade. Nunca devemos
descartar a possibilidade de aplicação do art. 291.
3. A hipótese mais complicada surge quando dois terceiros estão de
boa-fé, e um quer invocar a nulidade do negocio enquanto o outro
quer mante-lo
a. Teoria da realidade, Oliveira Ascensão: aplicaremos o
regime da invalidade, sabendo que o próprio regime admite
uma exceção, o artigo 291ºCC (que estabelece o regime
geral de inoponibilidade de uma invalidade a um terceiro
de boa-fé): se todos os requisitos impostos por este preceito
estiverem preenchidos, tutela-se a aparência, o terceiro que
aparentemente adquiriu a titularidade do direito

Errada qualificação do negócio


1. Partes erram na qualificação do negócio porque assim o quiseram fazer
2. Interprete irá lhe atribuir a qualificação correta correspondente ao conteúdo do negocio e
não àquela que as partes escolhem adota.

Interposição real de pessoas


1. Na simulação há um negócio simulado, nulo e não querido, e um negócio dissimulado,
que pode ser válido e é querido (B é uma parte fictícia). Na interposição real de pessoas
há dois negócios válidos e queridos (o direito entra na esfera jurídica de B e dessa
transmite-se para a de C)
2. interposição real apenas será nula se esta for feita por fraude à lei ou qualquer outra
violação do fim ou requisito de objeto negocial.
Yehoshuah

Negócio fiduciário
1. Definir fidúcia: confiança.
a. Nos negócios fiduciários confere-se mais poderes a uma pessoa do que seriam
necessário para o fim que se pretende com a confiança de que a pessoa não os irá
exercer;
b. Podem ter um fim de garantia ou fins de administração e alienação;
2. Ver modalidades:
a. Fim de administração ou alienação: em vez de se constituir uma pessoa como
legítimo representante, transmite-se a propriedade;
b. Fim de garantia: em vez de se criar uma hipoteca ou um penhor, transmite-se a
propriedade.
i. Há uma transmissão de um direito real sobre um bem para o credor, para
garantir uma dívida.
ii. Se o devedor pagar a dívida, o contrato pode ser resolvido.
iii. Permite-se ao devedor ficar com o bem, caso o devedor não cumpra.
3. Ver regime:
a. A maioria dos autores defende que o negócio fiduciário é válido, por vigorar o
princípio da autonomia privada, que permite criar qualquer tipo de obrigações –
desde que não contrário ao 280 e 281.º;
b. Pacto comissório:
i. Em incumprimento, o devedor fica com o bem, mesmo que o valor do
bem seja superior ao valor da dívida.
ii. Nulo – art.º 694.º e 678.º CC;
c. Pacto marciano:
i. Em incumprimento, o devedor fica com o bem, mas se o valor do bem for
superior ao valor da dívida, devolve o valor em excesso.
ii. Permitido;

Negócio indireto
1. Definir:
a. Um único negócio, querido.
b. Composto pelo seu tipo de referência mais um fim indireto, por vezes escolhemos um
tipo negocial mas queremos seguir um fim que não corresponde a esse tipo;
c. O negocio é indireto sempre que o fim típico do negocio celebrado não se assemelhe
ao fim típico comum desse mesmo negocio mas sim ao tipo de outr
2. Regime:
a. Nulo se violar art.º 281.º
Yehoshuah

Reserva mental
1. Definir:
a. Divergência intencional entre a vontade do declarante e a declaração;
b. Há intuito de enganar o declaratário.
2. Ver modalidades:
a. Absoluta: vontade real do declarante é não celebrar o negócio;
b. Relativa: vontade real do declarante é celebrar um negócio com um conteúdo
diferente daquele;
c. Inocente: declarante com intenção de enganar, mas não de prejudicar;
d. Fraudulenta: declarante tem intenção de enganar e prejudicar.
e. Total: abarca todo o conteúdo do negócio;
f. Parcial: abarca parte do conteúdo do negócio.
3. Atentar aos efeitos (art.º 244.º):
a. Não conhecida pelo declaratário: existe, mas irrelevante.
b. Conhecida pelo declaratário: regime da simulação – negócio nulo.
c. Reserva mental inocente cognoscível pelo declaratário;
i. Abuso do direito (art.º 334ºCC): Há autores que o fundamentam com base
no abuso do direito. Se o declaratário viesse a opor-se a uma eventual
declaração de nulidade do negócio, a situação seria abusiva.
ii. Prof. Mafalda Miranda Barbosa chama à atenção para o facto de não haver
aqui um verdadeiro direito, apresentando antes os dois fundamentos que se
seguem.
1. Interpretação extensiva do artigo 244º/2CC: onde se lê
“conhecida”, deve ler-se “conhecida ou cognoscível”.
2. Regras da interpretação, artigo 236ºCC: ao interpretar a declaração
negocial do declarante, o declaratário normal na posição do
declaratário real conseguiria aperceber-se da existência da reserva
mental, ou seja, que a vontade real não era a declarada. Assim, de
acordo com o art. 236.º, a declaração deve valer de acordo com a
vontade real do declarante e não de acordo com a vontade
declarada pelo mesmo

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