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Formação do contrato
1. Definir tipo de negócio:
a. Compra e venda – art.º 874.º.
b. Bem:
i. Imóvel;
ii. Móvel;
c. Bilateral
d. Definições: oneroso, sinalagmático, etc.
2. Atentar à proposta negocial: uma declaração negocial recipienda com um destinatário
determinado.
a. Completude:
i. Partes;
ii. Objeto;
iii. Existência de preço/contrapartida.
b. Firmeza;
c. Adequação formal: revestir forma exigida para o negócio que se quer celebrar
(219.º ou 875.º);
d. Se houver generalidade, é oferta ao público.
3. Verificam-se?
a. Não: é um convite a contratar - período pré-contratual ou período de negociações,
a aceitação desse convite não significa celebração de negócio.
b. Sim: proposta é válida.
4. Averiguar se é recipeinda ou não recipienda, de modo a concluir sobre a eficácia da
declaração.
5. Ver produção de efeitos: conceção de um direito potestativo ao declaratário, declarante
numa posição de sujeição;
a. Início: será eficaz quando a proposta for recebida/conhecida antes da receção – art.º
224.º CC. Teoria da receção e teoria do conhecimento.
b. Fim:
i. Declarante estabeleceu um prazo: é esse.
ii. Declarante não estabeleceu um prazo:
1. Proposta urgente (228.º/1-b): até que, em condições normais, ela e a
aceitação cheguem ao respetivo destino;
2. Proposta não urgente (228.º/1-c): até que, em condições normais, ela
e a aceitação cheguem ao respetivo destino + 5 dias.
a. SMS: resposta imediata;
b. Correio azul: 24h + 24h
c. Correio normal: 3 + 3 dias.
iii. Adendas:
1. Prazo começa a contar no dia seguinte – art.º 279.º CC.
2. O tempo é definido pelo meio utilizado pelo proponente, mesmo que
a resposta seja por outro meio.
6. Ver se a eficácia foi extinta:
Yehoshuah
Silêncio
1. Definir:
a. Total ausência de comunicação;
b. Regra: não tem valor;
2. Casos em que poder-lhe-á ser atribuído valor de declaração negocial:
Yehoshuah
a. Lei o determina;
b. Usos o determinm;
i. Em consonância com a boa-fé e com a lei (art.º 3.º + 218.º CC);
c. Convenções o determinam: acordo entre todas as partes;
d. Autovaloração e autovinculação: parte valoriza o próprio silêncio;
3. É convenção:
a. Ver se houve acordo entre as partes;
i. Proposta de valorar o sliêncio + aceitação da valoração;
b. Não houve?
i. Hetero-vinculação:
1. Parte valora o silêncio de outra;
2. Proibida;
3. Nada foi celebrado: não há fundamento jurídico para a valoração do
silêncio.
i. Partes
ii. Objeto
iii. Preço/contraprestação
b. Firmeza
c. Adequação formal: solenidade ao negócio e alerta o consumidor
i. Para C/V, escrito particular – art.º 9.º;
5. Algum falhou?
a. Adequação formal: nulo (art.º 220.º CC), não produção/destruição de efeitos.
6. Atentar ao dever de informação (art.º 4.º):
a. Características essenciais do bem;
b. Preço total;
c. Custos transporte;
7. Ver se há direito ao arrependimento (art.º 10.º):
a. Prazo: 14 dias para o envio da declaração, após receção da coisa;
b. Liberdade de forma;
c. Irrenunciável e ilimitável: não pode ser reduzido;
d. Ver exceções: art.º 17.º.
Negociação Automática
1. Dizer que estamos perante uma situação de negociação automática;
2. Referir as duas teorias:
a. Oferta automática:
i. Autómato é uma oferta ao público.
ii. Ao selecionar e pagar o produto, o indivíduo celebra um negócio; caso
a máquina não o entregue, há lugar a responsabilidade contratual –
ilicitude por incumprimento do contratado.
iii. Utilizada nas máquinas comuns:
1. Liberdade de estipulação cabe ao programador na máquina
2. Não pode haver contraproposta
b. Aceitação automática:
i. Autómato é um convite a contratar.
ii. Ao selecionar e pagar o produto, o indivíduo comunica uma proposta; a
máquina poderá aceitar, entregando o produto, ou recusar, devolvendo
o dinheiro – a não entrega é um mero ato de rejeição.
iii. Utilizada nas máquinas com IA: é possível programar a máquina para
contrapropor.
3. Dizer qual escolhemos:
a. Avaliar o nível de automatização/sofisticação da máquina.
4. Não recebeu o produto?
a. OA:
i. Responsabilidade civil obrigacional por incumprimento contratual –
art.º 798.º, 799.º e 801.º CC.
ii. Credor pode resolver o contrato: devolução da prestação;
Yehoshuah
b. AA:
i. É uma rejeição da proposta: dinheiro devolvido.
iii. Empreitada;
iv. Locação;
v. Conteúdos digitais.
b. Relação entre um profissional e um consumidor/profissional a agir fora do âmbito
da sua profissão.
3. Acordou algo abaixo do nível de garantia estabelecido:
a. Sim: nulidade sui generis – legitimidade compete ao consumidor (art.º 51º DL
84/2021).
4. Ver regime da compra e venda de bens móveis:
a. Todos os consumidores têm direito à conformidade do bem:
i. Ausência de defeitos;
ii. Existência das qualidades acordadas para o fim pretendido;
b. Dentro da conformidade temos:
i. Prisma Subjetivo: relação entre o profissional e consumidor:
ii. Prisma objetivo: experiência comum, normalidade
c. Ver requisitos subjetivos (art.º 6.º):
i. O bem corresponda à descrição que decorre do contrato;
ii. Adequação às finalidades concretas do consumidor desde que o vendedor
saiba e concorde com estas;
iii. Entregue com todos os acessórios constantes do contrato;
iv. Fornecidas todas as atualizações estipuladas no contrato.
d. Ver requisitos objetivos (art.º 7.º):
i. O bem seja adequado ao seu uso normal do mesmo;
ii. Corresponda à descrição em amostra ou na publicidade;
iii. Entregue com os acessórios expectáveis (ex: instruções de montagem);
iv. Corresponder à quantidade e qualidade expectável.
5. Verificam-se?
a. RCO para o vendedor: vendedor é responsável (ainda que ilidível) pelas faltas de
conformidade que existam até à data da celebração do negócio
6. Ver duração (art.º 12.º/1):
a. Nos primeiros dois anos: presunção de que a falta de conformidade existia à data
da celebração do negócio desde que esta se manifeste num prazo de dois anos, isto
significa que o Ónus da demonstração de falta de conformidade não recai sobre os
vendedores nos dois anos subsequentes à celebração do negócio, desde que a falta
de conformidade não seja incompatível com a natureza dos bens ou com as
características da falta de conformidade – art. 13º/1;
b. Entre dois e três anos: o vendedor ainda seria responsabilizado, mas já não há
presunção pelo que o Ónus recai sobre o consumidor – art. 13º/4.
7. Atentar aos remédios para falta de conformidade (art.º 15.º):
a. Escolher qualquer um:
i. Reparação: prazo de 30 dias para os móveis, que quando violado podemos
estar perante uma contraordenação;
ii. Substituição;
Yehoshuah
Representação
1. Definir:
a. Substituição de vontades – art.º 258.º CC;
b. Pessoa pode fundamentalmente agir em nome e no interesse do outro
c. Ato é do representante, mas os efeitos jurídicos vão incidir na esfera do
representado:
2. Identificar a fonte dos poderes de representação:
a. Negócios acompanhados de poder de representação: mandato de representação;
b. Negócios em que a representação lhes é inerente: contrato de trabalho;
c. Procuração (art.º 262.º/1):
i. Negócio jurídico autónomo e unilateral não recipiendo;
ii. Deve seguir a forma prevista para o negócio (art.º 262.º/2)
Yehoshuah
b. Representado;
3. Atentar às proibições:
a. Relações que exigem avaliação pessoal.
4. Identificar a fonte dos poderes de representação:
a. Negócios acompanhados de poder de representação: mandato de representação;
b. Negócios em que a representação lhes é inerente: contrato de trabalho;
c. Procuração (art.º 262.º/1):
i. Negócio jurídico autónomo e unilateral não recipiendo;
ii. Deve seguir a forma prevista para o negócio (art.º 262.º/2)
iii. Estabelece poderes ao representante;
1. Definir a representação do caso:
a. Ativa: poder para emissão de declarações de vontade;
b. Passiva: poder para recessão de declarações de vontade;
5. Atentar às causas de extinção – art.º 265.º:
a. Renúncia do procurador: livre mas pode resultar em RCO;
b. Revogação pelo representado: livre, irrenunciável – art.º 265.º/2;
i. Ver exceção do art.º 265.º/3.
c. Cessação da relação jurídica que servia de base;
6. Atentar às consequências:
a. Cessação dos poderes de representação;
b. Ilegitimidade do procurador para a prática dos atos correspondentes;
i. Pratica na mesma? Resp sem poderes.
c. Procurador deve restituir o documento.
7. Tutela de terceiros (art.º 266.º): ver causas da extinção
a. Não derivada de revogação:
i. Extinção da procuração é inoponível ao terceiro com quem posteriormente
o procurador tenha praticado o ato abrangido pelos poderes representativos,
se tal terceiro ignorar, sem culpa, a causa da extinção.
ii. Assim, a inoponibilidade pode ser afastada pela cognoscibilidade da causa
da extinção – 266.º/2 CC.
b. Derivada de revogação:
i. Procuração emitida com generalidade para poder celebrar p negócio com
quem quisesse: revogação dada a conhecer ao procurador e publicitada no
jornal da localidade da residência do procurador, ou num dos jornais mais
lidos da cidade – art.º 258.º CPCivil.
ii. Se a procuração tiver uma pessoa determinada com que o negócio seria
celebrado: a comunicação da revogação tem de ser dirigida ao representante
e ao tercieor específica e atempadamente – art.º 263.º CPC;
iii. Se a revogação for dada a conhecer por meio idóneo, a extinção da
procuração é oponível ao terceiro.
iv. Se esta não for publicitada por meio idóneo, a extinção torna-se inoponível
em relação ao terceiro, exceto se este tenha conhecimento dela no momento
da celebração do negócio
Yehoshuah
7. Ver art.º 268.º/4 CC : terceiro que não conhecia a falta de poderes pode:
a. Revogar o negócio celebrado;
b. Rejeitar o negócio enquanto não for celebrado.
8. Entre o terceiro e o representante sem poderes podemos falar de RCPC, uma vez que o
contrato sofre do vício da ilegitimidade, sendo o regime aplicável o da nulidade – art.º 892.º
CC. O que está em causa é a celebração de negócios que venham padecer de ineficácia ou
invalidade.
Abuso de representação
1. Definir Representação:
a. Substituição de vontades – art.º 258.º CC;
b. Pessoa pode fundamentalmente agir em nome e no interesse do outro
c. Ato é do representante, mas os efeitos jurídicos vão incidir na esfera do
representado:
2. Identificar:
a. Representante;
b. Representado;
3. Identificar a fonte dos poderes de representação:
a. Negócios acompanhados de poder de representação: mandato de representação;
b. Negócios em que a representação lhes é inerente: contrato de trabalho;
c. Procuração (art.º 262.º/1):
i. Negócio jurídico autónomo e unilateral não recipiendo;
ii. Deve seguir a forma prevista para o negócio (art.º 262.º/2)
iii. Estabelece poderes ao representante;
1. Definir a representação do caso:
a. Ativa: poder para emissão de declarações de vontade;
b. Passiva: poder para recessão de declarações de vontade;
4. Definir Abuso de Representação - art.º 269.º CC:
a. O representante age, formalmente, no âmbito dos seus poderes de representação,
mas utiliza-os para um fim desajustado face ao fim para que foram conferidos. É
uma adequação formal conjunta a uma desadequação material face aos interesses
pretendidos com a prática do ato.
5. Efeitos:
a. Ato é eficaz, exceto se houver conhecimento/cognoscibilidade da desadequação
material por parte do terceiro;
Condição
1. Definir condição:
a. Cláusula negocial típica que vem subordinar a eficácia da declaração de vontade a
um evento futuro e incerto – art.º 270.º a 277.º, 967.º e 2229.º a 2242.º CC.
b. Satisfaz necessidades práticas importantes: previsão e flexibilidade - muitas vezes
as partes desconhecem a evolução futura dos factos em que se apoiam;
c. Algo autónomo num determinado conteúdo negocial;
d. Sujeita à forma do negócio: é um elemento essencial – art.º 221.º CC;
2. Requisitos:
a. Incerteza;
b. Pendência;
c. Fonte: negócio jurídico;
3. Identificá-la:
a. Suspensiva: negócio só produza efeitos após eventual verificação do facto futuro e
incerto;
Yehoshuah
b. Parte provoca a verificação de uma condição que iria beneficiá-lo: condição tem-
se por não verificada – Tu quoque.
8. Ver os efeitos da verificação da condição:
a. Regra supletiva do art.º 276.º CC: eficácia retroativa:
i. Condição resolutiva: negócio tem-se como não celebrado;
ii. Condição suspensiva: negócio plenamente celebrado ab initio.
b. Exceções:
i. Acordo das partes;
ii. Art.º 277.º CC:
1. Condição resolutiva em contratos de execução continuada;
a. Artigo 434.º/2: em que de modo a evitar as condições
desvantajosas, o possuidor precário é equiparado ao
possuidor de boa-fé. Arrendamento: devolução do gozo e
devolução das rendas. Isto não faria sentido, uma vez que o
senhorio tinha que devolver a renda e o arrendatário teria que
devolver uma avaliação pecuniária do gozo, que seria
também o valor da renda.
2. Manutenção dos atos de administração praticados.
3. Remissão para o regime do possuidor de boa-fé, nomeadamente
quanto à aquisição dos frutos pelo possuidor precário – art.º 1270.º
CC.
Condição: inválida
1. Definir condição:
a. Cláusula negocial típica que vem subordinar a eficácia da declaração de vontade a
um evento futuro e incerto – art.º 270.º a 277.º, 967.º e 2229.º a 2242.º CC.
b. Satisfaz necessidades práticas importantes: previsão e flexibilidade - muitas vezes
as partes desconhecem a evolução futura dos factos em que se apoiam;
c. Algo autónomo num determinado conteúdo negocial;
d. Sujeita à forma do negócio: é um elemento essencial – art.º 221.º CC;
2. Requisitos: se não cumprem são impróprias.
a. Incerteza;
b. Pendência;
c. Fonte: negócio jurídico;
3. Identificá-la:
a. Suspensiva: negócio só produza efeitos após eventual verificação do facto futuro e
incerto;
b. Resolutiva: negócio deixe de produzir efeitos após a verificação do facto futuro e
incerto,
c. Casual: produção do tal facto futuro e incerto não está dependente da vontade de
uma das partes;
Yehoshuah
d. Potestativa: produção do tal facto e incerto está dependente da vontade de uma das
partes, sendo que tal condição de incerteza do facto futuro tem que assentar em
dados objetivos;
e. Momento certo: verificação de tal facto é incerta, mas a acontecer verificar-se-á
num momento determinado;
f. Momento incerto: verificação de tal facto é incerta, bem como a data futura da sua
eventual verificação;
4. Ver se o negócio é condicionável:
a. Regra: todos o são – PAP, art.º 405.º/1 CC;
b. Exceções:
i. Atos jurídicos ss (porque tal torná-los-ia condicionáveis).
ii. Compensação (art.º 848.º/2).
iii. Casamento (art.º 1618.º/2 CC).
iv. Perfilhação (art.º 1852.º/1 CC).
v. Aceitação ou repúdio da herança (2054.º/1 e 2064.º/1 CC).
vi. Arrendamento e contratos de trabalho (poderiam ser utilizadas para
contornar regimes especiais de resolução de tais contratos)
5. Atentar aos fundamentos da invalidade/ilicitude da condição:
a. Contrariedade à lei;
b. Contrariedade à ordem pública;
c. Contrariedade aos bons costumes;
d. Impossibilidade física ou jurídica;
6. Ver os efeitos da invalidade:
a. Nulidade de todo o negócio – art.º 271.º/1 CC;
i. Exceções: cláusula dá-se por não escrita e negócio mantém-se sem ela;
1. Impossibilidade física/jurídica de uma condição resolutiva – art.º
217.º/1 2ª parte.
2. Atos pessoais e familiares:
a. Domínio do casamento – art.º 1618.º/2 CC;
b. Domínio da perfilhação – art.º 1852.º/2 CC,
3. Atos gratuitos:
a. Em relação ao testamento – art.º 2230.º/1 CC;
b. Em relação à doação – art.º 967.º CC.
ii. Perceber se as partes o quereriam sem a condição:
1. Não: nulidade de todo o negócio – art.º 2230.º/1.
Termo
1. Definir (art.º 278.º e 279.º):
a. Cláusula negocial típica pela qual se subordina a eficácia do negócio à verificação
de um facto futuro e certo;
b. Fonte: negócio jurídico;
Yehoshuah
Modo
Yehoshuah
1. Definir modo:
a. Cláusula negocial típica que estabelece uma obrigação a cargo do beneficiário da
liberalidade,
b. Apenas possível nos negócios gratuitos, doação, e testamento – art.º 963.º a 967.º,
2244.º a 2248.º CC
2. Ver requisitos da obrigação modal:
a. Objeto lícito;
i. Não é: autor da liberalidade não pode declarar a nulidade de todo o negócio;
b. Objeto possível,
i. Não é: autor da liberalidade pode declarar a nulidade de todo o negócio;
c. Se algum falha, negócio é não modal.
3. Incumprimento da obrigação:
a. Doação:
i. Resolução: apenas possível se o contrato permitir, pelo autor da
liberalidade;
ii. Contrato mantém-se, embora:
1. Impor ação de cumprimento;
2. RC obrigacional;
b. Testamento:
i. Resolução (pelos herdeiros):
1. Se o testador tiver previsto;
2. Se resultar das regras de interpretação ser essa vontade;
ii. Impor ação de cumprimento;
iii. Indemnização por RCO.
Interpretação
1. Definir:
a. Finalidade: retirar o conteúdo e objeto do negócio jurídico;
b. Regra geral: art.º 236.º CC;
i. Exceções:
1. Negócios formais: art.º 238.º CC
2. Testamento: art.º 2187.º CC
2. Atentar ao nomen iuris que as partes deram ao negócio:
a. Está errado por:
i. Ignorância jurídica: partes não são juristas, não sabem dar o nome certo;
ii. Intenção das partes: mudam a qualificação do negócio para beneficiarem de
um regime melhor.
b. O que importa são as obrigações e deveres decorrentes do negócio.
3. Referir divergências doutrinárias sobre o objeto da interpretação:
a. Teoria subjetivistas: vontade das partes;
Yehoshuah
Integração
1. Definir:
a. Serve para integrar lacunas negociais: espaço carecido de regulação privada; devia
estar previsto no negócio, mas as partes nada fizeram.
2. Art.º 239.º: na falta de disposição especial a declaração negocial deve ser integrada em
harmonia com a vontade que as partes teriam tido se houvessem previsto o ponto omisso
ou quando haja outra solução por eles imposta segundo os ditames da boa-fé.
3. Como resolver?
a. Segundo Carneiro da Frada, por esta ordem:
i. Procurar normas supletivas;
ii. Vontade hipotética das partes;
1. Inválida se contra a boa-fé.
iii. Vontade hipotética objetiva do homem médio;
b. Segundo o conceito exigente de lacuna, por esta ordem:
i. Vontade hipotética das partes;
ii. Vontade objetiva;
Yehoshuah
Coação Física
1. Mencionar a vontade sã:
a. Vontade de ação: vontade de praticar um ato, alcançar um determinado fim;
b. Vontade de declaração: consciência que com a atuação se transmite uma
mensagem;
c. Vontade funcional: vontade de se autovincular a efeitos prático-jurídicos;
2. Definir coação física:
a. Art.º 246.º CC;
Yehoshuah
3. Ver pressuposto:
a. Ignorância ou falsa representação da identidade ou qualidades objetivas do
declaratário;
4. Ver requisitos de relevância– art.º 251.º remete para o 247.º:
a. Essencialidade do motivo sobre o qual recai o erro: a qualidade objetiva da pessoa
do declaratário era essencial para celebrar o negócio;
b. Conhecimento ou cognoscibilidade dessa essencialidade por parte do declaratário;
5. Verificam-se?
a. Sim: negócio anulável pelo declarante em erro (art.º 287.º e 288.º);
i. Prazo: um ano a partir do momento em que o errante cessa a ignorância ou
o pouco conhecimento que tinha, caso o negócio já tenha sido cumprido;
Coação moral
1. Definir medo:
a. Intervenção, durante o processo de formação da vontade, de um fator – a previsão
de um certo mal – que determina o declarante a querer algo que de outro modo não
quereria.
b. Há vontade de ação, mas falta de liberdade da vontade: pessoa quer a conduta que
adota, mas não a quereria se não fosse a ameaça do mal que é feita.
2. Definir coação moral.
a. Art.º 255.º e 256.º: a “violência ou numa ameaça ilícita de um mal com o fim de
obter uma declaração”,
b. Vontade existe mas não é livre,
3. Ver pressupostos:
a. Ameaça de um mal:
i. Criação ou manutenção do mal;
ii. Respeitar ao coagido ou a terceiro;
iii. Respeitar à pessoa, honra, ou património.
b. Ilicitude da ameaça:
i. Ilicitude formal: prática de um ato ilícito a nível civil, penal, ordem pública
ou bons costumes – art.º 255.º/1.
ii. Ilicitude material: exercício abusivo de um direito;
c. Intencionalidade da ameaça:
i. Intenção do coator é obter a declaração negocial do coagido – art.º 255.º/1
in fine.
ii. A declaração deve ser cominatória: exatamente aquela que o autor exigiu
ao fazer a ameaça.
4. Ver requisito de relevância:
a. Coação criou/manteve o medo;
b. Medo é a causa da declaração de vontade.
5. Ver casos:
a. Coator é o declaratário, coagido é o declarante: verificação dupla causalidade;
b. Coator é um terceiro, coagido é o declarante, e ainda existe um declaratário, que
merece que o princípio da tutela da confiança seja ponderado.
i. Dupla causalidade;
Yehoshuah
Estado de Necessidade
1. Definir medo:
a. Intervenção, durante o processo de formação da vontade, de um fator – a previsão
de um certo mal – que determina o declarante a querer algo que de outro modo não
quereria.
b. Há vontade de ação, mas falta de liberdade da vontade: pessoa quer a conduta que
adota, mas não a quereria se não fosse a ameaça do mal que é feita.
2. Definir Estado de necessidade:
a. Situação de grave perigo em que se encontre o declarante, gerando nele o receio de
consumação de um mal.
b. Origem: facto cultural ou um ato humano, que neste caso se comporta como facto;
c. No geral, só releva enquanto elemento da usura.
3. Ver pressuposto:
a. Existência de um perigo atual que ameace a pessoa, honra ou património do
declarante, ou de terceiro.
4. Ver situação especial: Mota Pinto + CF
a. Alguém se aproveita da situação de necessidade de uma pessoa, quando lhe devia
prestar auxílio.
i. A subordinação do cumprimento de um dever à emissão de certa declaração,
o que se afigura como uma ilicitude, artigos 10º e 11º CP (deveres de
garante).
ii. Violação bons costumes, 280.º.
Usura
1. Definir Usura:
a. Art.º 282.º a 284.º;
b. Vício complexo, afeta conteúdo + vontade.
2. Ver pressupostos:
a. Inferioridade do declarante, vítima de usura:
Yehoshuah
i. Situação de necessidade;
ii. Inexperiência do lesado;
iii. Ligeireza do declarante;
iv. Estado de dependência;
v. Estado mental ou fraqueza de caráter;
vi. Estado de necessidade.
b. Exploração da situação de inferioridade, pelo usurário:
i. CF: consciência – “representação mental da situação de inferioridade do
declarante” - ou intenção da exploração da situação de inferioridade do
declarante,
ii. Iniciativa provém do usurário.
c. Obtenção de benefícios excessivos ou injustificados:
i. Existência de uma lesão enorme ou excessiva, que se concretiza num
desequilíbrio objetivo entre a prestação do lesado e a contraprestação do
beneficiário.
3. Efeitos: lesado pode optar:
a. Anulabilidade – art.º 282.º/1 CC.
i. Parte contrária pode opor-se, propondo a modificação;
ii. Dois tipos:
1. Usura não criminosa:
a. Há conhecimento do benefício excessivo ou injustificada de
outrem.
b. Prazo de um ano a contar da data de cessação do vício;
2. Usura criminosa:
a. Prazo de anulação/modificação: 5 anos;
b. Modificabilidade – art.º 283.º CC;
4. Distinguir:
a. Erro conhecido (art.º 236.º/2): sempre que o declaratário saiba a vontade real do
declarante. Neste caso não há patologia, é a vontade real do declarante que vale;
afinal, se o declaratário conhece o erro, então conhece a vontade real do declarante.
b. Erro cognoscível (art.º 236.º/1 e 249.º): o declaratário real não conhece o erro, mas
um homem médio poderia conhecer. O sentido percetível da declaração vai ser
consoante a vontade real. Para o erro de cálculo ou escrita, o negócio será válido,
havendo espaço ao direito de retificação – a operar segundo a vontade real do
declarante.
c. Erro não conhecido nem cognoscível (art.º 247.º e 248.º): nem o declaratário real,
nem o homem médio conhecem/poderiam conhecer a existência do erro (e da
vontade real). É um verdadeiro erro na declaração.
5. Requisitos de relevância – art.º 247.º CC:
a. Essencialidade para o declarante do elemento sobre o qual recai o erro,
i. Absoluta: quando ela haja influído na conclusão do negócio em si mesmo;
ii. Relativa: quando ela haja influído nos termos em que ele foi concluído.
b. Conhecimento ou cognoscibilidade dessa essencialidade, por parte do declaratário.
6. Verificam-se? Opções:
a. Anular o negócio (art.º 247.º CC): aplicar o regime do art.º 287.º;
b. Validar o negócio (art.º 248.º CC): declaratário poderá fazê-lo, e implica a
impossibilidade de invocação da anulabilidade pelo declarante.
i. Vale de acordo com a vontade real do declarante.
Erro no entendimento
1. Interpretar (236.º):
a. O despiste entre ED e Erro no Entendimento é feito pelo 236.º.
2. Definir EE:
a. Declaratário compreendeu mal a declaração emitida pelo declarante;
b. Declaratário toma um determinado sentido percebido, que não coincide com o
sentido querido, nem com o sentido percetível,
c. Associado ao ónus do adequado entendimento;
3. Erro no entendimento será irrelevante, uma vez que o declaratário não cumpriu o ónus do
adequado entendimento; o negócio vale com o sentido querido pelo declarante, que seria o
sentido percetível pelo HM.
4. Ver casos:
a. Se o declaratário simplesmente aceitar a declaração do declarante com um “sim”
não haverá problemas e esta irá valer com o sentido querido e percetivel.
b. Se o declaratário aceitar a declaração do declarante mas proferindo uma alteração
que não constava da declaração inicial então a professora Elsa considera que não
há uma aceitação pois esta deve ser total e inequívoca.
c. Se houver uma divergência entre a vontade real e a vontade declarada mais um erro
obstáculo então estamos perante um dissenso. Pode ser patente se houver uma
discordância entre sentidos objetivos fácil de perceber ou oculto quando há acordo
de sentidos objetivos mas divergência de sentidos queridos.
i. O dissenso patente caracteriza uma falta de acordo, sem acordo não há
aceitação e sem aceitação o negócio não se celebra – art. 232.
ii. Dissenso oculto: acordo nos sentidos objetivos, divergência nos queridos -
anulável por todos (Mota Pinto)
Simulação
1. Definir:
a. Divergência intencional: engano propositado – uma parte ou as partes dizem algo
que não corresponde à sua vontade;
b. Acordo ou conluio entre o declarante e declaratário, no sentido de celebrarem um
negócio que não corresponde à sua vontade real e no intuito de enganarem terceiros.
2. Pressupostos (art.º 240.º/1):
a. Divergência entre a vontade real e a declarada;
b. Pactus simulationis: Acordo ou conluio entre as partes,
c. Intenção de enganar terceiros: não necessita de ser forçosamente enganar.
3. Identificar modalidade:
a. Inocente: apenas intenção de enganar;
b. Fradulenta: intenção de enganar e prejudicar;
c. Absoluta: celebram um negócio que não querem – nulo;
Yehoshuah
d. Relativa: declaram um negócio que não querem (simulado) para encobrirem o que
verdadeiramente querem (dissimulado) – não sofre vício;
i. Subjetiva: declara-se contratar com B, mas na verdade contrata-se com C:
ii. Da natureza jurídica do negócio: declara-se uma doação quando se quer
fazer uma venda;
iii. De valor: declara-se um preço diferente do real;
e. Subjetiva: reporta-se aos sujeitos do ato;
f. Objetiva: reporta-se ao conteúdo ou objeto ss do negócio;
4. Ver efeitos.
a. Negócio simulado: sempre nulo (art.º 240.º/2 e 241.º/1);
b. Negócio dissimulado:
i. Negócio simulado não o afeta, mas podem haver outras causas;
5. Analisar negócio dissimulado isoladamente: ver se os elementos essenciais do dissimulado
se incluem no documento do simulado.
a. Partes declaram C/V de imóvel, quando é doação;
i. C/V: nula por ser simulada;
ii. Doação: nula; animus donandi incompatível com C/V (art.º 221.º, 220.º, e
875.º), documento de doação não pode conter um preço.
b. B declara CV de bem móvel a D, quando quer doá-lo a C (filho; D intervém por
documento particular afirmando que nenhuma venda lhe foi feita, sendo que o que
se passa fora uma doação entre B e C;
i. Negócio simulado: nulo;
ii. Negócio dissimulado: válido, desde que no documento onde se
consubstancia o simulado, ou em qualquer outro que siga as formalidades
exigidas por lei e constem os elementos para os quais seja determinante a
forma exigida por lei – 241.º.
c. B declara CV com C por preço menor do que o real.
i. Negócio simulado: nulo;
ii. Negócio dissimulado: válido, desde que no documento onde se
consubstancia o simulado, ou em qualquer outro que siga as formalidades
exigidas por lei e constem os elementos para os quais seja determinante a
forma exigida por lei.
6. Ver legitimidade:
a. Regime geral 286.º CC: todos os que possam ver a sua EJ alterada.
b. Simuladores entre si (art.º 242.º/1, 394.º, e 351.º): os simuladores, entre si, podem
invocar a nulidade (um contra o outro, relativamente a terceiros admitem-se
diferenças). Para tal, são proibidas a prova testemunhal e a prova por presunção.
7. Inoponibilidade a terceiros de boa-fé (art.º 243.º CC):
a. Definir:
i. Terceiros: pessoas que não sejam partes no pacto simulatório, podendo ser
pessoas que sejam parte num negócio que não seja simulado;
ii. Boa-fé: subjetiva ética, isto é, ignorância não culposa.
b. Regime:
Yehoshuah
Negócio fiduciário
1. Definir fidúcia: confiança.
a. Nos negócios fiduciários confere-se mais poderes a uma pessoa do que seriam
necessário para o fim que se pretende com a confiança de que a pessoa não os irá
exercer;
b. Podem ter um fim de garantia ou fins de administração e alienação;
2. Ver modalidades:
a. Fim de administração ou alienação: em vez de se constituir uma pessoa como
legítimo representante, transmite-se a propriedade;
b. Fim de garantia: em vez de se criar uma hipoteca ou um penhor, transmite-se a
propriedade.
i. Há uma transmissão de um direito real sobre um bem para o credor, para
garantir uma dívida.
ii. Se o devedor pagar a dívida, o contrato pode ser resolvido.
iii. Permite-se ao devedor ficar com o bem, caso o devedor não cumpra.
3. Ver regime:
a. A maioria dos autores defende que o negócio fiduciário é válido, por vigorar o
princípio da autonomia privada, que permite criar qualquer tipo de obrigações –
desde que não contrário ao 280 e 281.º;
b. Pacto comissório:
i. Em incumprimento, o devedor fica com o bem, mesmo que o valor do
bem seja superior ao valor da dívida.
ii. Nulo – art.º 694.º e 678.º CC;
c. Pacto marciano:
i. Em incumprimento, o devedor fica com o bem, mas se o valor do bem for
superior ao valor da dívida, devolve o valor em excesso.
ii. Permitido;
Negócio indireto
1. Definir:
a. Um único negócio, querido.
b. Composto pelo seu tipo de referência mais um fim indireto, por vezes escolhemos um
tipo negocial mas queremos seguir um fim que não corresponde a esse tipo;
c. O negocio é indireto sempre que o fim típico do negocio celebrado não se assemelhe
ao fim típico comum desse mesmo negocio mas sim ao tipo de outr
2. Regime:
a. Nulo se violar art.º 281.º
Yehoshuah
Reserva mental
1. Definir:
a. Divergência intencional entre a vontade do declarante e a declaração;
b. Há intuito de enganar o declaratário.
2. Ver modalidades:
a. Absoluta: vontade real do declarante é não celebrar o negócio;
b. Relativa: vontade real do declarante é celebrar um negócio com um conteúdo
diferente daquele;
c. Inocente: declarante com intenção de enganar, mas não de prejudicar;
d. Fraudulenta: declarante tem intenção de enganar e prejudicar.
e. Total: abarca todo o conteúdo do negócio;
f. Parcial: abarca parte do conteúdo do negócio.
3. Atentar aos efeitos (art.º 244.º):
a. Não conhecida pelo declaratário: existe, mas irrelevante.
b. Conhecida pelo declaratário: regime da simulação – negócio nulo.
c. Reserva mental inocente cognoscível pelo declaratário;
i. Abuso do direito (art.º 334ºCC): Há autores que o fundamentam com base
no abuso do direito. Se o declaratário viesse a opor-se a uma eventual
declaração de nulidade do negócio, a situação seria abusiva.
ii. Prof. Mafalda Miranda Barbosa chama à atenção para o facto de não haver
aqui um verdadeiro direito, apresentando antes os dois fundamentos que se
seguem.
1. Interpretação extensiva do artigo 244º/2CC: onde se lê
“conhecida”, deve ler-se “conhecida ou cognoscível”.
2. Regras da interpretação, artigo 236ºCC: ao interpretar a declaração
negocial do declarante, o declaratário normal na posição do
declaratário real conseguiria aperceber-se da existência da reserva
mental, ou seja, que a vontade real não era a declarada. Assim, de
acordo com o art. 236.º, a declaração deve valer de acordo com a
vontade real do declarante e não de acordo com a vontade
declarada pelo mesmo