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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Sociais e Políticas

Curso de licenciatura em Administração e Gestão Hospitalar

Cadeira: Gestão de Qualidade e Certificação

3ºAno – Pós-laboral

Tema:

Direito de consumidores

Discentes

Abdul Carimo

Amira Azarate

Célia Preciosa Tete

Dania Ulaia

Irene Gabriel

Lígio Estevão Jahare

Rassul Ali

Quelimane, Abril de 2023


Direito de consumidores

Trabalho de Carácter avaliativo a ser


entregue na Faculdade de Ciências Sociais
e Politicas na Cadeira de Gestão de
Qualidade e Certificação:

Docente: Tânia Andicene

Quelimane, Abril de 2023

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ÍNDICE

1.Introdução ................................................................................................................................ 3
1.1.Objectivos ............................................................................................................................. 4
1.1.1.Geral .................................................................................................................................. 4
1.1.2.Específicos ......................................................................................................................... 4
1.2.Metodologia .......................................................................................................................... 4
2.Direito de consumidores .......................................................................................................... 5
2.1.Consumo ............................................................................................................................... 5
2.1.1.Diferença entre consumo e consumismo ........................................................................... 6
2.2.Consumidor .......................................................................................................................... 6
2.2.1.Características do consumidor ........................................................................................... 7
2.3.Conceito de Direito do Consumidor ..................................................................................... 8
2.4.Vulnerabilidade do consumidor ........................................................................................... 8
2.5.Potencial consumidor ........................................................................................................... 9
2.6.Consumidor consciente......................................................................................................... 9
2.7.Consumidor final ................................................................................................................ 10
2.8.Os principais direitos do consumidor ................................................................................. 10
2.8.1.O Direito à Qualidade de Bens e Serviços ...................................................................... 10
2.8.2.O Direito à Protecção da Saúde e à Segurança Física ..................................................... 11
2.8.3.O Direito à Formação, Educação para o Consumo ......................................................... 11
2.8.4.O Direito à Informação .................................................................................................... 11
2.8.5.O Direito à Protecção dos Interesses Económicos .......................................................... 12
2.8.6.O Direito à Prevenção e Reparação de Danos ................................................................. 12
2.8.7.O Direito à Protecção Jurídica e a uma Justiça Acessível e Pronta ................................. 13
2.8.8.O Direito à Participação, por via representativa, dos seus Direitos e Interesses ............. 13
3.Conclusão .............................................................................................................................. 14
4.Referências bibliográficas ..................................................................................................... 15

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1.Introdução

O presente trabalho aborda acerca de Direito de consumidores. Visualizar os aspectos


processuais que norteiam a peculiaridade de um ramo do direito especifico como é o direito do
consumidor, habilita o operador do direito a compreender a necessidade de realizar uma
releitura dosinstrumentos colocados a disposição dos consumidores para o alcance da satisfação
de seus direitos.

A tutela individual e coletiva do consumidor revela-se como mecanismo eficiente em um


sistema de consumo massificado, instituindo legitimidade a agentes específicos na postulação
da defesa de direitos e interesses dos consumidores. Destaque efetivo foi dado a possibilidade
de inversão do ônus da prova, na forma prevista na norma consumerista, por refletir um dos
meios mais importantes de facilitação do acesso do consumidor a justiça e a materialização dos
seus direitos, face a sua condição de vulnerável, por excelência e, de hipossuficiente em dadas
circunstâncias.

Ressalte-se que o Direito do Consumidor configura parte do Direito Privado. Isso ocorre não
porque suas normas são todas de Direito Privado, pois, em verdade, muitas de suas normas
tutelares são de natureza pública, mas, sim, porque seu objeto de tutela é o consumidor enquanto
agente privado, vulnerável perante os fornecedores. Diante do reconhecimento constitucional
da vulnerabilidade do consumidor e da necessidade de protegê-lo, denota-se que o Direito do
Consumidor representa a parte mais social e imperativa do atual direito privado.

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1.1.Objectivos

1.1.1.Geral

 Compreender a essência do Direito de consumidores.

1.1.2.Específicos

 Definir consumo, consumidor e direito de consumidores;


 Descrever os principais Direitos de consumidores;
 Explicar o potencial e vulnerabilidade do consumidor.

1.2.Metodologia

Define-se como um conjunto de estratégias a ser aplicadas para se alcançar os objectivos


supracitados, desta feita, para o processo de realização, melhoramento e aperfeiçoamento deste
trabalho, a autora teve que se sustentar com base na consulta bibliográfica, sendo que
maioritariamente dos manuais consultados foram baixados da internet em formato PDF, fontes
como: teses, monografias, artigos, revistas e mais. Importa frisar que todas as fontes consultadas
e usadas para a materialização deste trabalho, foram devidamente citadas e patentes na página
das referências bibliográficas.

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2.Direito de consumidores

Segundo a legislação, consumidores são todas as pessoas que compram bens para uso pessoal,
a alguém que faça da venda a sua profissão.

Rosa (1995) afirma que “o direito do consumidor possui posição privilegiada na constituição
por tratar-se de direito fundamental” (p.56). O principal objetivo dos direitos fundamentais é
limitar o poder estatal em prol da autonomia e da liberdade individual, o núcleo de proteção
desses direitos é a dignidade da pessoa.

O direito do consumidor faz parte da terceira geração dos direitos fundamentais (Direitos de
Fraternidade), decorrentes de profundas alterações sociais na comunidade internacional, com
foco na preservação da qualidade de vida, constituindo-se em interesses metaindividuais
(difusos).

Destaca-se que a regra não requer nenhuma explicação vinda do consumidor: é necessário
apenas a demonstração objetiva da desistência. Segundo Nunes (2018):

A ideia de um prazo de “reflexão” pressupõe o fato de que, como a


aquisição não partiu de uma decisão ativa, plena, do consumidor, e
também como este ainda não “tocou” concretamente o produto ou testou
o serviço, pode querer desistir do negócio depois que o avaliou melhor.
(Nunes, 2018, p. 730)
Há que se observar que diante da natureza da norma de consumo, bem como do caráter
principiológico do Código de Defesa do Consumidor, a intenção do legislador foi constituir
uma norma aberta, que permitisse ao operador do direito materializar o comando constitucional
de proteção e defesa do consumidor. Sérgio Cavalieri Filho ao promover o seu entendimento
por direitos básicos afirma que:

Direitos básicos dos consumidores são aqueles interesses mínimos,


materiais ou instrumentais, relacionados a direitos fundamentais
universalmente consagrados que, diante de sua relevância social e
econômica, pretendeu o legislador ver expressamente tutelados. (2011,
p. 90).

2.1.Consumo

Para Carvalho (2008), “é a utilização de produtos e serviços adquiridos para atender às


necessidades físicas e psíquicas de satisfação, segurança, saúde, conforto e bem-estar do
consumidor” (p.56). O consumo está no dia-adia de todas as pessoas, pois desde que acordamos,

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e a todo o momento, consumimos alguma coisa: luz, água, transporte público, alimento,
produtos e serviços dos mais variados tipos.

Consumo é o ato de adquirir bens ou serviços por meio da compra e pode ser compreendido
como uma das etapas da atividade econômica. Nesse sentido, o consumo seria o último estágio,
sendo precedido da produção e da distribuição. O consumo, portanto, é a fase em que os bens
e serviços chegam ao consumidor final, que irá adquiri-los para a satisfação de suas
necessidades - este é o final desse ciclo econômico.

Na sociedade capitalista, o consumo é fundamental para que o dinheiro circule, gerando renda
e emprego. Em outros modos de produção econômica, como o feudalismo, por exemplo, o
consumo não assumia esse papel central. O consumo é realizado por pessoas individualmente,
pelas famílias e até mesmo pelo Estado e empresas, que adquirem bens e serviços para
desempenhar suas atividades, (Cavalieri Filho, 2011).

2.1.1.Diferença entre consumo e consumismo

Cavalieri Filho (2011) diz que os termos consumo e consumismo muitas vezes são considerados
sinônimos, porém possuem significados diferentes. Enquanto o consumo está associado à
compra de produtos com o intuito de satisfação das necessidades, o consumismo se caracteriza
por um consumo exagerado, o consumo pelo consumo. Até a Revolução Industrial, os produtos
eram feitos artesanalmente e, portanto, eram mais escassos e menos acessíveis. Com o advento
da tecnologia e da produção em escala, os produtos industrializados se tornaram mais baratos e
o consumo começou a crescer.

2.2.Consumidor

Carvalho (2008) diz que “é qualquer pessoa, grupo de pessoas ou empresa que compra, contrata
ou utiliza produtos e serviços para uso próprio” (p.65). Também é considerado consumidor
aquele que, embora não tenha comprado o produto ou serviço, tem, de alguma forma, contato
com uma oferta, uma venda ou outra prática de um fornecedor. É o caso, por exemplo, da
publicidade enganosa que faz com que o consumidor acredite que determinado produto tem
qualidades ou funções que, na verdade, não tem. Consumidor pode ser ainda, aquela pessoa
que, mesmo sem ter comprado um produto ou contratado um serviço, for vítima de um acidente
causado por um problema de fabricação ou de projeto daquele produto ou serviço (ex: alguém
que é atropelado por um carro que foi fabricado com defeito nos freios).

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De acordo com Sousa (2022), o termo consumidor provém do latim “consumere“, formada por
“com”, que é usado para indicar um encontro, e “sumere“, que possui o significado de “pegar”,
“apoderar” ou mesmo “agarrar”. Desse modo, consumidor é aquele que se apodera de algo, que
gasta algo. Um consumidor pode tanto ser uma pessoa física quanto uma pessoa jurídica
(empresa). E os bens ou serviços adquiridos por ele podem tanto ser destinados para si mesmo
como para a sua família ou para a sua empresa.

Se um indivíduo se dirige até uma loja e compra uma peça de roupa ele é classificado como um
consumidor, do mesmo modo que uma pessoa que faz uma compra online de um produto ou a
contratação de um serviço. Nesses casos, o indivíduo é tanto classificado como consumidor de
modo geral como também é denominado um consumidor daquela marca/empresa/loja.

Consumidor é toda a pessoa física ou jurídica que adquire bens de consumo, sejam produtos ou
serviços; alguém que faz compras; aquele que consome. Qualquer indivíduo com poder de
compra, ou seja, capacitado economicamente para comprar algo, pode ser considerado um
consumidor.

Existem diferentes tipos de consumidores, sendo as empresas e companhias de bens de consumo


as responsáveis por identificar os perfis que são compatíveis com o produto ou serviço que
oferecem, criando estratégias de marketing para atrair o maior número possível de potenciais
consumidores, gerando assim lucro e "girando" a economia de um país. O chamado
"consumidor consciente" é o indivíduo ou empresa que consome recursos (produtos e serviços)
de maneira responsável, pensando no meio ambiente, na saúde humana e animal.

Para Cavalieri Filho (2011), “o consumidor consciente é aquele que sabe a procedência do
produto e a condição da mão de obra que gerou aquela mercadoria, levando em consideração
as relações de trabalho da companhia que fornece o produto na hora de comprá-lo ou não”
(109). Por exemplo, um consumidor consciente não compra produtos de empresas que poluem
o meio ambiente ou que mantém relações ilegais com os seus funcionários. O consumismo é a
ação de um consumista, indivíduo que tem a paixão desenfreada e inconsequente de comprar,
mesmo quando não há necessidade de obter determinado produto. O consumismo é a
representação do excesso de compras por uma pessoa.

2.2.1.Características do consumidor

Sousa (2022) afirma que “para que se distinga, por exemplo, o consumidor do fornecedor, cabe
que o consumidor consuma algo, ou seja, ele faz uso de um serviço ou de um produto para
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benefício próprio ou de outros do seu círculo familiar ou de funcionários, no caso do
consumidor ser uma empresa” (p.78).

Em contrapartida, um fornecedor é alguém que fornece mercadorias para outras empresas ou


indivíduos. O consumidor é uma pessoa classificada como possuindo poder de compra, em
outras palavras, ele possui capacidades financeiras para comprar os bens que deseja. Há, no
entanto, distintos perfis de consumidores, onde as empresas se encarregam de identificar quais
desses são mais compatíveis com as soluções (bens e serviços) que oferecem.

Nos dias atuais, é comum que a divulgação que as empresas façam para gerar vendas foque no
que os consumidores buscam e em seus interesses. As empresas realizam então uma pesquisa
de mercado a fim de identificar as preferências dos consumidores e, com isso, conseguem
apresentar produtos e serviços mais adequados para eles.

2.3.Conceito de Direito do Consumidor

De acordo com Rosa (1995), “o direito do consumidor é o conjunto de regras e princípios


jurídicos que trata das relações de consumo, isto é, as relações existentes entre o consumidor e
o fornecedor de bens ou de serviços” (p.43).

É um ramo recente e específico, que tem como objetivo disciplinar relações que normalmente
não são equilibradas, já que o consumidor, destinatário final de um produto ou serviço, não tem
usualmente o mesmo conhecimento sobre o produto ou poder econômico que o fornecedor.

2.4.Vulnerabilidade do consumidor

O CDC tem como um de seus princípios básicos a vulnerabilidade do consumidor. Isso quer
dizer que a relação consumerista é regida pela ideia de que o consumidor, como parte mais
vulnerável da relação, deve ter seus direitos protegidos.

Na visão de Rosa (1995), essa vulnerabilidade, que também pode ser aplicada às empresas, caso
estas sejam as destinatárias finais do produto ou serviço e se verifique a vulnerabilidade destas,
pode ocorrer de 3 formas diferentes, a depender se sua natureza é técnica, jurídica ou ainda
econômica, como vamos explicar adiante:

 Técnica: essa vulnerabilidade baseia-se na ideia central de que o consumidor não tem
conhecimento técnico sobre o produto ou serviço que está adquirindo, de forma que, em
razão disso, ele pode ser mais facilmente ludibriado a comprar um produto ou serviço

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que não atende ao padrão desejado por ele ou que não irá atender às suas expectativas,
por exemplo.
 Jurídica ou científica: essa segunda espécie de vulnerabilidade diz respeito à falta de
conhecimentos no âmbito jurídico, econômico ou contábil, de modo que se presume que
o consumidor não vai dispor dos mesmos mecanismos e profissionais que aquele que o
vendeu um bem ou serviço.
 Econômica: o último tipo de vulnerabilidade relaciona-se a ideia de que o consumidor
não está na mesma posição econômica que o fornecedor, não dispondo dos mesmos
recursos que uma grande empresa, por exemplo, possui.

2.5.Potencial consumidor

Carvalho (2008) diz que “é chamado de potencial consumidor aquele consumidor que possui
mais chances de fazer negócios com uma empresa. Em outras palavras, esse indivíduo possui
demandas que poderão ser supridas pelo que uma empresa oferece, tendo ele ainda poder
aquisitivo para isso” (p.65). Um potencial consumidor pode ser identificado através de aspectos
como: esse consumidor consome conteúdos que aquela empresa disponibiliza em suas
plataformas, ele já adquiriu produtos ou contratou serviços similares aos que a empresa
comercializa, encontra-se na mesma localização geográfica daquela empresa (no caso de
negócios locais), etc.

Se há uma loja de roupas e acessórios voltados para bebês, os potenciais clientes dessa loja
seriam mães. Já se há uma loja de artigos esportivos, os potenciais clientes dela seriam
esportistas. Há ainda quem use o termo “potencial cliente” para denominar esse consumidor em
potencial.

2.6.Consumidor consciente

Carvalho (2008) diz que “o consumidor consciente é aquele consumidor que toma suas decisões
de compra com base em análises quanto aos impactos que essa compra teria no meio ambiente”
(p.98). Desse modo, esse indivíduo sempre opta por marcas, produtos e serviços que tenham
uma preocupação com o meio ambiente e relações de trabalho justas.

Esse processo é conhecido como consumo consciente. Um dos exemplos mais comuns quando
se fala em consumo consciente é quando se adquire produtos que tenham embalagens
recicláveis. Outro caso seria quando o cliente antes realiza uma pesquisa sobre a empresa para

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conhecer os processos usados por ela para a produção de um determinado produto. O
consumidor consciente quer saber das indústrias também quais os processos que ela adota para
a fabricação dos produtos e como isso impacta o meio ambiente tanto no curto, quanto no médio
e longo prazo.

2.7.Consumidor final

Pires (2006) diz que “é chamado de consumidor final aquele que adquire um produto para seu
uso” (p.43). Até que um produto chegue nas prateleiras de um mercado, na vitrine de uma loja
ou numa plataforma online, por exemplo, diferentes processos foram realizados e distintas
pessoas fizeram parte disso. E aqui se tem o consumidor final, que é a pessoa que adquire um
produto para uso próprio.

Esse consumidor final pode ser uma pessoa física ou uma pessoa jurídica. O consumidor final
é aquele individuo que adquire um aparelho telefônico para o seu uso, por exemplo. Isso quer
dizer que ele não está comprando esse item com o objetivo de revenda. E, nisso, esses produtos
se encontram no estágio final para o consumo.

Para um melhor entendimento, é importante compreender um pouco das etapas até a conclusão
e venda do produto. Tudo se inicia com a extração da matéria-prima, que em seguida segue
para a produção numa fábrica. Logo depois se tem um produto que é enviado para o mercado
por meio de um distribuidor, esse distribuidor então envia o produto para as lojas que, por sua
vez, comercializam para chegar ao consumidor final, (Pires, 2006).

2.8.Os principais direitos do consumidor

Tendo como base as concepcoes de Pires (2006) no seu artigo que aborda acerca dos direitos
dos consumidores, pode-se destacar os seguintes direitos como os principais:

2.8.1.O Direito à Qualidade de Bens e Serviços

Quando se adquire um produto ou serviço espera-se que ele corresponda às suas expectativas,
quanto à qualidade e utilidade. A Lei estabelece que estes devem satisfazer os fins a que se
destinam e produzir os efeitos que se lhes atribuem. Essa qualidade deve ficar assegurada
durante algum tempo após a sua compra. Se comprar um bem móvel, como um computador,
uma bicicleta, uma camisola, etc, o fornecedor tem de garantir o seu bom estado pelo período

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de 2 anos, com a transposição para a Lei Portuguesa da respectiva directiva comunitária,
anteriormente era apenas 1 ano.

Caso o produto tenha algum problema e necessite de reparação, durante o período de garantia,
este prazo de garantia fica suspenso pelo tempo em que decorrer a reparação, recomeçando a
contar a partir do fim da reparação. Por outro lado, o vendedor oferece ao consumidor uma
garantia contratual, ou seja, uma espécie de contrato que é fornecido como o bem e que deve
ser apresentado ao consumidor antes da compra. Bem diferente é o da compra de um bem
imóvel, uma casa, por exemplo. Neste caso, a garantia que é dada pelo construtor é de 5 anos,
aplicando-se também o período de suspensão da garantia em caso de reparação de anomalias,
(Thomaz, 2009).

2.8.2.O Direito à Protecção da Saúde e à Segurança Física

É proibido fornecer bens ou prestar serviços que coloquem em risco a saúde e a segurança física
das pessoas. Assim que a Administração Pública toma conhecimento destas situações deve
retirar do mercado esses produtos ou serviços, bastando para tal proceder à fiscalização e
respectivos procedimentos de retirada de circulação. No caso de produtos perigosos, como por
exemplo os pesticidas, devem ter no rótulo uma nota para chamar atenção para os seus riscos.

Existe também, a nível nacional, uma entidade chamada Comissão de Segurança, que funciona
junto do Instituto do Consumidor e que define se a generalidade dos produtos existentes no
mercado respeitam ou não as regras mínimas de segurança e protecção dos consumidores,
(Thomaz, 2009).

2.8.3.O Direito à Formação, Educação para o Consumo

Todo o cidadão tem o direito de conhecer os seus direitos enquanto consumidor. É ao Estado
que cabe criar formas que lhe permitam conhecê-los. Os Gabinetes de Informação Autárquica
ao Consumidor das Câmaras Municipais poderão sempre ajudá-lo nesse sentido, (Thomaz,
2009).

2.8.4.O Direito à Informação

O direito à informação está consagrado na Lei de Defesa do Consumidor. Até aqui, tudo bem.
Mas é necessário que a informação chegue até nós de uma forma clara e inequívoca. Por
exemplo: se comprar uma aparelhagem de som e as instruções e demais informações apenas

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estiverem redigidas em inglês e/ou francês, tem o direito de exigir do fornecedor um novo
manual em português, dado que a sua língua oficial é o português. Por outro lado, os
fornecedores devem dar-lhe todas as informações sobre as características dos produtos que
vendem, especialmente preço, contratos, garantias e assistência pós – venda.

Para além do próprio vendedor, todos os restantes elos da cadeia, desde o produtor ao
distribuidor, são responsáveis pelas informações prestadas aos consumidores. Não se podem
furtar a dá-las, nem invocar segredos de fabrico. A publicidade que é feita aos produtos e
serviços tem que ser verdadeira, pois ela leva os consumidores a adquirirem determinado
produto pelas características que aí são apresentadas. Se depois verificar que a realidade do
produto não corresponde ao que foi enunciado na publicidade, está perante um caso de
publicidade enganosa, e como tal, deve denunciar às entidades competentes ou às organizações
de defesa dos consumidores, (Thomaz, 2009).

2.8.5.O Direito à Protecção dos Interesses Económicos

Cada vez mais os seus interesses económicos devem ser garantidos. No âmbito de uma relação
jurídica de consumo, tanto o comprador (consumidor) como o vendedor estão em pé de
igualdade. A relação entre estes dois elementos é suposta de ser equilibrada, leal e baseada na
boa – fé. Nem sempre é exigido legalmente um contrato escrito numa relação de compra e
venda, pois ao comprar umas calças, por exemplo, está a celebrar uma relação contratual, mas
a lei não exige que faça um contrato escrito, no entanto, em muitas situações esse simples papel
pode fazer muita diferença.

Porém, tome atenção aos contratos pré – redigidos (contratos de pré – adesão), onde não há
negociação com o comprador, mas há certas normas que o vendedor tem que respeitar, como a
redacção clara e inequívoca das regras (cláusulas) do contrato e a não utilização de cláusulas
que originem desequilíbrios e desigualdades, como é o caso das Cláusulas Contratuais Gerais
Abusivas, que são expressamente proibidas por lei, por desrespeitarem os direitos dos
consumidores, (Thomaz, 2009).

2.8.6.O Direito à Prevenção e Reparação de Danos

Quando alguém ou alguma entidade lhe presta informações falsas, lhe vende artigos de má
qualidade ou lhe preste serviços que não o satisfaçam ou não correspondam às expectativas,
está a causar-lhe um dano. Pois bem, tem todo o direito à reparação desse dano.

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Se comprar uma camisola com defeito é muito desagradável, mas nem por isso tem que ficar
com ela. Sempre que isso acontecer, recorra novamente ao local da venda e exija a sua reparação
ou substituição, ou ainda uma redução de preço, ou simplesmente a devolução do dinheiro, pois
está no seu direito! É necessário que tenha atenção ao prazo de reclamação, pois no caso dos
bens móveis (como uma camisola, ou uma bicicleta) tem 60 dias para reclamar, já no caso dos
bens imóveis (uma casa, por exemplo), o prazo é de um ano, (Thomaz, 2009).

2.8.7.O Direito à Protecção Jurídica e a uma Justiça Acessível e Pronta

Sempre que veja necessidade de defender os seus direitos, pode recorrer à justiça. Por exemplo,
hoje em dia, em Paises como Portugal, Espanha e demais, cada vez são mais frequentes os casos
em que o consumidor leva um fornecedor de um qualquer bem defeituoso a tribunal, para exigir
uma indemnização pelos danos que lhe causou. Se o valor da acção judicial não ultrapassar os
3,750 Euros, não terá de pagar quaisquer custos, desde que faça a reclamação junto de um dos
Centros de Arbitragem de Conflitos de Consumo, (Thomaz, 2009).

2.8.8.O Direito à Participação, por via representativa, dos seus Direitos e Interesses

Actualmente existem cada vez mais associações de consumidores, e cada vez com mais
credibilidade e próximas de centros decisórios, devido em muito ao seu grande empenhamento
e capacidade técnica. Entre elas, pode contar com associações de defesa dos consumidores de
carácter geral, como é o caso da DECO, e outras de carácter mais específico, como por exemplo
o ACP – Automóvel Clube de Portugal.

Na defesa dos seus interesses, tem direito a que as associações que o representam sejam sempre
consultadas, tanto mais que assim os seus interesses podem chegar mais alto… Um exemplo
prático desta representação que as associações de consumidores lhe oferecem é o da sua
participação na discussão de determinadas leis relacionadas com o interesse dos consumidores.
Elas são chamadas, dão a sua opinião. Posto isto, resta aguardar que a lei saia e… que se
cumpra, (Thomaz, 2009).

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3.Conclusão

Depois da realização deste estudo compreende-se que o estudo do direito do consumidor é


sempre fascinante, haja a vista a constituição de relevantes direitos tutelados na norma de
consumo em prol de um sujeito específico e vulnerável: o consumidor. Porém, para assegurar
a materialização desses direitos e efetivar o sistema protetivo é preciso identificar quais sãos os
meios de facilitação da defesa dos direitos dos consumidores. Nesse particular, faz-se
necessário verificar quais mecanismos foram previstos no Código de Defesa do Consumidor
para assegurar a efetivação dos direitos historicamente conquistados pelos consumidores. Por
certo, o legislador infraconstitucional, atento as exigências constitucionais, concedeu ampla
proteção no aspecto processual e material ao consumidor.

Ainda se diz que em face do tratamento constitucional conferido ao Direito do Consumidor,


temos um sistema de defesa do consumidor com alicerce social e constituído pelo mandamento
da dignidade da pessoa humana, sendo impossível estudar o Direito do Consumidor sem estudar
a sociedade. Conclui-se que o tratamento constitucional concedido à defesa do consumidor
confere ao correspondente ramo do Direito relevantíssimo interesse social, de forma que toda
a sociedade é beneficiada pelo desenvolvimento de ações que objetivam garantir o equilíbrio
das relações consumeristas.

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4.Referências bibliográficas

Almeida, J. B. (2003). Manual de direito do consumidor. São Paulo: Saraiva.

Carvalho, J. C. M. (2008). Direito do consumidor. Fundamentos doutrinários e visão


jurisprudencial. 3ª edição, Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris.

Cavalieri Filho, S. (2011). Programa de Direito do Consumidor. 3ª edição, São Paulo: Atlas.

Nunes, R. (2018). Curso de direito do consumidor. 13ª ed. São Paulo: Saraiva.

Pires, E. C. G. (2006). O Direito do consumidor e os juizados especiais cíveis. São Paulo: IOB
Thomson.

Rosa, J. S. (1995). Relações de consumo: a defesa dos interesses de consumidores e


fornecedores. São Paulo: Atlas.

Sousa, P. (2022). Consumidor - O que é, características, conceito e definição.

Thomaz, A. C. M. (2009). Lições de direito do consumidor. Rio de Janeiro: Editora Lumen


Juris.

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