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DOI: 10.1590/1413-812320212612.

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Pessoas vivendo com HTLV: sentidos da enfermidade, experiência

ARTIGO ARTICLE
do adoecimento e suas relações com o trabalho

People living with HTLV: meanings of the illness,


experience of illness and its relationship with work

Maria Clara Leal Teixeira (https://orcid.org/0000-0002-3169-2607) 1


Élida Azevedo Hennington (https://orcid.org/0000-0001-5280-8827) 2

Abstract It is estimated that 2.5 million people Resumo Estima-se uma prevalência de 2,5 mi-
are infected with the human T-cell lymphotro- lhões de pessoas infectadas pelo vírus linfotrópico
pic virus (HTLV) in Brazil, mainly among afro- de células T humanas (HTLV) no Brasil, atingin-
descendant populations with low socioeconomic do sobretudo populações negras e de baixo nível
status. The article presents results of the research socioeconômico. O artigo apresenta parte dos re-
that aimed to understand the illness experience of sultados de pesquisa que objetivou compreender
people living with HTLV, the ways of going about a experiência do adoecimento de pessoas vivendo
life and the relationships with work. Thirty-one com HTLV, os modos de andar a vida e as relações
semi-structured interviews were conducted with com o trabalho. Foram realizadas 31 entrevistas
frequenters of an infectious diseases research ins- semiestruturadas com usuários de instituto de
titute. The oral narratives constituted the corpus pesquisa em doenças infecciosas. A análise do dis-
that was analyzed using Sketch Engine software. curso utilizou referenciais das Ciências Sociais e as
Discourse analysis used references from Social narrativas orais constituíram o corpus analisado
Sciences, with emphasis on the health-work rela- com o uso do software Sketch Engine. As manifes-
tionship. The manifestations of HTLV cause func- tações do HTLV trazem prejuízo funcional e in-
tional impairment and affect living standards, fluenciam nos modos de andar a vida, repercutin-
with repercussions on formal, informal, and do- do no trabalho formal, informal e doméstico. As
mestic work. The narratives revealed complaints narrativas evidenciaram queixas relativas a sin-
of physical symptoms and other health-related tomas físicos e outros problemas de saúde além de
problems, in addition to prejudice, lack of family preconceito, falta de apoio familiar e expressivas
1
Programa de Pós- support and significant repercussions on work, repercussões no trabalho. As condições materiais,
Graduação em Saúde
Pública, Escola Nacional namely issues aggravated by the absence of public simbólicas e subjetivas dos trabalhadores causa-
de Saúde Pública Sergio policies aimed at people living with HTLV. The das pela perda progressiva da capacidade física e a
Arouca (ENSP), Fundação material, symbolic and subjective conditions cau- aposentadoria precoce afetam não somente a esfe-
Oswaldo Cruz (Fiocruz).
R. Leopoldo Bulhões 1480, sed by the progressive loss of physical capacity and ra física, assim como a psíquica e social.
Manguinhos. 21041-210 early retirement affect not only the physical sphe- Palavras-chave HTLV, Experiência do Adoeci-
Rio de Janeiro RJ Brasil. re, but also the psychic and social areas. mento, Análise do Discurso, Pesquisa qualitativa,
claralealtx@gmail.com
2
Centro de Estudos da Key words HTLV, Illness experience, Discourse Saúde do trabalhador
Saúde do Trabalhador e Analysis, Qualitative research, Occupational he-
Ecologia Humana, ENSP, alth
Fiocruz. Rio de Janeiro RJ
Brasil.
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Teixeira MCL, Hennington EA

Introdução socialmente. No caso de pacientes do sexo mas-


culino, as relações de poder perpassam a discus-
O vírus linfotrópico de células T humanas (HTLV, são de gênero numa sociedade patriarcal, em que
da sigla em inglês human T-cell lymphotropic vi- homens ainda são idealizados como os provedo-
rus) foi descoberto no início da década de 1980 res da família, enquanto no caso das mulheres,
e estima-se uma prevalência de 2,5 milhões de essas exercem tanto papeis de provedoras como
pessoas infectadas no Brasil, atingindo sobretudo atividades não reconhecidas socialmente, como
populações negras e de baixo nível socioeconô- de cuidado da família nuclear, da casa e de outros
mico1. Pesquisas estimam que a prevalência no familiares. Frente a um mercado de trabalho pre-
país seja elevada especialmente nos estados da carizado e com pouca oferta de empregos, essas
Bahia, Pará, Maranhão e Pernambuco2, mas não condições podem ser agudizadas num contexto
há ainda dados epidemiológicos conclusivos da de doença. Tudo isso ocorre numa sociedade que
soroprevalência nacional. tem o trabalho como principal forma de inscri-
A transmissão ocorre via vertical, sexual ou ção social, que dignifica e dá identidade e lugar
parenteral. Fatores genéticos e imunológicos do ao trabalhador9,10.
hospedeiro são os principais responsáveis pelas A infecção pelo HTLV ainda é pouco conhe-
manifestações clínicas associadas à infecção que cida entre a população em geral e mesmo entre
podem ser neoplásicas, inflamatórias e infec- profissionais de saúde. Muitos pacientes per-
ciosas3. Embora a maioria dos pacientes sejam manecem assintomáticos, o que contribui para
assintomáticos, cerca de 2-10% dos infectados a transmissão silenciosa do vírus. Como vários
desenvolvem problemas de saúde, incluindo quadros clínicos associados também podem
quadros neurológicos incapacitantes e outras ocorrer em pessoas não infectadas, a infecção
doenças graves. O HTLV está associado a leuce- do HTLV-1 passa frequentemente despercebida
mia/linfoma de células T do adulto, mielopatia/ nos serviços de saúde. Não há tratamento espe-
paraparesia espástica tropical e outras manifes- cífico para curar a infecção e o tratamento das
tações clínicas, tais como uveíte, artrite, derma- doenças associadas restringe-se principalmente à
tite infecciosa. O quadro mórbido é progressivo sintomatologia. A prevenção da transmissão faz
e insidioso e pode iniciar com fraqueza muscular -se mister no controle, sobretudo em países em
de membros inferiores e espasticidade de graus desenvolvimento nos quais as políticas públicas
variados que repercutem na locomoção, além de não priorizam o diagnóstico desta IST4. Apesar
distúrbios esfincterianos e sensitivos4. Além da de ser considerada uma infecção endêmica no
incapacidade progressiva, as pessoas que vivem Brasil e do risco de transmissão vertical, não há
com o vírus carregam consigo o estigma de uma controle pré-natal e a triagem sorológica é obri-
infecção sexualmente transmissível (IST)5,6. gatória e disponível somente para os doadores de
Os pacientes sintomáticos vivenciam alte- sangue11. De outro modo, há pouca visibilidade
rações no cotidiano e na qualidade de vida por sobre a infecção pelo HTLV e as doenças associa-
comprometimento no estado funcional e de sua das e ainda pouco se conhece sobre a experiência
saúde como um todo7,8. O vírus pode permane- do adoecimento e as repercussões da infecção na
cer latente por décadas, mas parte dessas pessoas vida das pessoas.
podem apresentar sinais e sintomas, comumen- O objetivo do estudo foi compreender a ex-
te em faixa etária produtiva e as manifestações periência do adoecimento da pessoa com HTLV,
clínicas associadas ao vírus acabam por alterar a pacientes de instituto de pesquisa em doenças in-
sua capacidade para o trabalho formal, informal fecciosas, seus modos de andar a vida e as relações
e doméstico5,6. com o trabalho. A pesquisa incluiu a investigação
A dificuldade ou impossibilidade laboral da trajetória das pessoas em busca de diagnóstico
afetam o indivíduo e o coletivo na esfera psicos- e cuidado, o convívio com as manifestações asso-
social, especialmente os trabalhadores que não ciadas ao HTLV e a perda ou redução da capaci-
conseguem competir em condições de igualda- dade laborativa, com ênfase nas repercussões psi-
de no mercado de trabalho. Tais indivíduos têm cossociais e no processo saúde-doença-trabalho.
sentimento de culpa, fragilidade e inferioridade
frente a seus pares devido à perda progressiva
da capacidade de exercer sua função e de reali- Método
zar atividades rotineiras, podendo culminar com
a incapacidade total e aposentadoria precoce, Foram realizadas 31 entrevistas individuais se-
sentindo-se rejeitados pela instituição, família e miestruturadas, gravadas e transcritas na íntegra.
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A amostra intencional de pacientes foi constituí- dizer, mediando o homem e sua realidade natural
da de acordo com o comparecimento dos sujeitos e social, fundamentado em referenciais das Ciên-
ao serviço de saúde no período de 22/08/2018 a cias Sociais13.
09/10/2018. O final da seleção dos participantes A pesquisa atendeu às exigências da Resolu-
ocorreu por saturação12. ção nº 466/2012, tendo sido aprovada pelo Co-
As narrativas foram tratadas à luz da análise mitê de Ética em Pesquisa da Escola Nacional de
socio-histórica do discurso, que considera a lin- Saúde Pública Sérgio Arouca.
guagem na instância da enunciação, tendo em
vista que textos são influenciados pelo tempo, es-
paço e relações de poder. Foram avaliadas as nar- Resultados e discussão
rativas em primeira pessoa em busca de paradig-
mas exteriorizados na materialidade textual por A maioria dos entrevistados eram aposentados
meio de análise de corpus. A perspectiva analítica por invalidez, com idade média de 60 anos, mu-
utilizada foi a da Análise do Discurso proposta lheres, solteiras, pardas ou negras, de baixa esco-
por Orlandi13 que aborda as diferentes maneiras laridade e cristãs. A partir da análise de corpus de
de significar, levando em conta a produção dos narrativas orais foi discutido como as escolhas
sentidos enquanto elemento da vida dos sujeitos. lexicais (frequência e qualidade) revelaram a ex-
É uma perspectiva teórica que engloba na análi- periência e as consequências do adoecimento em
se três campos do saber: linguística, psicanálise pessoas vivendo com HTLV. Foram analisados os
e marxismo. Assim, trabalha a língua, o sujeito termos “doença”, “HTLV” e “trabalho” a partir de
e a história. Esta perspectiva analítica permite ocorrências e repetições tendo sido encontradas
conhecer a capacidade do sujeito de significar e palavras e enunciados relacionados à família e
significar-se. A unidade da análise de discurso religiosidade.
se constitui no corpus discursivo. Foi necessário As principais narrativas, além dos sintomas
entender como o texto se torna discurso e como físicos e as dificuldades atribuídas pelos entre-
este pode ser assimilado em conformidade das vistados a eles, foram queixas sobre preconcei-
formações discursivas. Para a análise fez-se mis- to, falta de apoio familiar e de políticas públicas
ter obter o objeto discursivo, ou seja, o material voltadas para as pessoas que vivem com HTLV,
analisado, por meio do exame do material bruto ausência de trabalho remunerado. Os discursos
– narrativas transformadas em texto linguístico fizeram também forte referência a machismo, re-
como tal e pela análise de corpus se deu a “de-su- signação e religiosidade.
perficialização” desse material. Desta forma, foi O diagnóstico, em geral obtido após a pere-
possível chegar ao processo discursivo a partir da grinação por vários serviços, impactou negati-
análise do objeto discursivo procurando determi- vamente os entrevistados, bem como a família.
nar quais relações este estabelece com as forma- Além do estigma por se tratar de doença infec-
ções sociais e ideológicas13. tocontagiosa e sexualmente transmissível, com
As transcrições das narrativas orais constitu- a evolução da sintomatologia e o surgimen-
íram o corpus analisado com ajuda do software to de limitações e incapacidades evidentes ao
Sketch Engine14. A pré-análise revelou palavras olhar somou-se o estigma da deficiência física.
frequentes e direcionou a outros termos, emer- A discriminação e preconceito por ter uma IST
gindo uma série de enunciados a partir das re- eram vividos especialmente na família porque
petições e dispersões nas narrativas. Tendo como normalmente as pessoas que vivem com HTLV
base as categorias estabelecidas a priori e abor- procuram ocultar a infecção e não revelam o
dadas a partir do roteiro de entrevista (“experi- diagnóstico fora do ambiente familiar. Por outro
ência do adoecimento” “adoecimento e modos lado, devido à evolução e agravamento da doen-
de andar a vida”, “processo saúde-doença-traba- ça, o surgimento de manifestações neurológicas
lho”), os resultados encontrados na pré-análise e o uso de órteses e cadeira de rodas, é comum
indicaram novas categorias empíricas. Assim, o a discriminação e preconceito no contexto social
conteúdo das narrativas foi agrupado em dois associados à deficiência. Os próprios pacientes
eixos temáticos: “Repercussões do HTLV na vida se sentiam inferiorizados e segregados, se viam
da pessoa” e “HTLV, saúde e trabalho”. A análi- como “deficientes” e “incapazes”, um “peso” para
se do discurso subsequente foi feita a partir da as pessoas do seu convívio.
análise dos processos e das condições de produ- As limitações físicas com o tempo levam à fal-
ção da linguagem, estabelecendo relação entre a ta de autonomia que os tornam dependentes de
língua, os sujeitos e as situações produtoras do outras pessoas e de objetos como muletas, anda-
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dores e cadeiras de rodas, acarretando sentimen- contravam em idade produtiva no momento da


tos de tristeza, menos valia, angústia e quadros aposentadoria. A perda de capacidade de indiví-
mais graves de sofrimento e adoecimento psíqui- duos em idade produtiva reflete diretamente na
co como a depressão: previdência social17 gerando altos custos sociais
– Você pensa que essa tristeza é devido à do- e econômicos para o país18 e mostra o impacto
ença? que o adoecimento pelo HTLV causa no âmbito
– Não sei. É porque eu me sinto assim, pior do da seguridade social e do mercado de trabalho.
que as pessoas, quando as pessoas ficam me olhan- As dificuldades no trabalho/emprego mais ci-
do eu fico morrendo de vergonha. tadas foram devidas aos quadros álgicos e déficits
– Como foi a sua vida a partir da descoberta motores. Além disso, muitos pacientes apresen-
desse vírus? tavam sintomas urinários como incontinência,
– A princípio eu fiquei meia... eu entrei meio que dificultam o convívio social, culminando em
em pânico, cheguei até a ficar... eu tinha tipo uma infecções urinárias de repetição que os obriga-
depressão, eu chorava à toa, acho que eu tava pen- vam a se afastar do ambiente de trabalho. Mesmo
sando muito e quando ia trabalhar e ficava mais para trabalhos que não exigem esforço físico ou
sozinha, ficava sempre pensando como seria, né? E deambulação constante, aparecem complicações
quando eu vi a cadeira pela primeira vez, aí que foi que acabam impedindo a continuidade da ativi-
pior né, que aí, eu não quis conversar com ninguém dade como dor lombar mesmo que sentado, ou
ficava lá no meu canto, e sempre aquela coisa que espasmos, formigamentos, fraqueza de membros
dá, que aperta você, que dá de você ficar chorando inferiores, falta de equilíbrio:
sempre. Você não fala mais, você só chora, mas não – E esses sintomas que você me falou, eles atra-
bota pra fora. Meu problema foi esse, até hoje, mas palharam o seu trabalho de alguma forma?
continua assim, continua do mesmo jeito. – Ah sim, com certeza, a incontinência mesmo,
A autoimagem de um corpo antes hígido, de eu sempre andava com uma roupa extra, não tinha
trabalhador, passa a ser a de um corpo doente, como, um lenço, pra se acontecer isso que acontecia
levando a um processo de luto pelo corpo saudá- pelo menos algumas vezes no mês... questão, já no
vel perdido, alterando não só a capacidade física, final, que tinha que colocar o dedo lá pra marcar a
mas a própria identidade15. Condições e enfermi- pausa, pra marcar também entrada e saída, como
dades crônicas e de longa duração, como a evo- não era assim na hora de ir embora ou de voltar
lução do HTLV, com o surgimento de sintomas e eu ter que levantar umas 6 vezes só pra marcar
e doenças associadas que incluem dificuldade de o dedo, ir lá na frente e voltar, de dez minutos ou
deambulação, incontinência urinária, incapa- então uns quinze minutos, já era um pouco cansa-
cidade física, uso de órteses e cadeira de rodas, tivo pra mim, um fato também que não era nem
tornam-se identidades de ser diferente, vergonha distante o percurso do metrô até o prédio, cada vez
associada ao estigma e internalização de valores eu sentia que tinha que andar mais devagar e parar
sociais depreciativos16. em certos momentos, porque estava me cansando
O corpo visto como construção social faz muito. Coisa que eu fazia em cinco minutos do
com que a sociedade, através do trabalho, regule metrô pro prédio, eu passei a fazer em dez, depois
e imponha marcas, seus usos sociais e apropria- quinze e às vezes ia aumentando, então eu tinha
ção. O ideal para a reprodução e funcionamento que sair mais cedo de casa pra me dar tempo de
das sociedades historicamente situadas é que os ir, porque eu tinha que pegar lugar no metrô pra
corpos sejam hígidos e saudáveis e no capitalis- sentar. Pra voltar também era terrível, duas horas,
mo, força de trabalho para produção de valor. três horas da tarde, já não tem mais tanto lugar
Uma enfermidade que afeta a sobrevivência de quanto de manhã e aí ficava mais difícil pra mim.
uma pessoa no âmbito particular, também amea- Às vezes ficava pensando: “Ah, se eu não conseguir
ça a sociedade, a coletividade16. lugar vou descer na estação e descansar um pou-
Mais da metade dos participantes da pesqui- co e depois vou no outro metrô”. Então assim, com
sa estavam aposentados e destes, em sua maioria certeza, às vezes era antissocial, saía do trabalho
por invalidez, marcando a cronicidade e evolução pra casa, “gente não vou porque minha perna está
da doença para a incapacidade, muitas vezes pre- doendo muito”, nervoso que queria deitar, queria
coce. Embora a idade média dos entrevistados te- descansar, então, isso com certeza atrapalhou.
nha sido de 60 anos de idade, a maioria das apo- Eu tinha uma máquina minha de motor e eu
sentadorias se deu devido à sintomatologia por pisava, hoje em dia se eu for costurar assim eu
HTLV e o agravamento do quadro clínico muitos mexo um pouco com o meu pé mas fico um pouco
anos antes. Ou seja, esses pacientes ainda se en- mais atrasada, eu não gosto de pegar costura, eu
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não faço nada pra ninguém e nem eu tenho a má- Numa sociedade patriarcal, a inatividade
quina mais, eu vendi, né, foi necessidade, né [...] masculina é menos aceita socialmente em com-
porque eu fiquei sem a máquina né, comprar outra, paração à feminina. Se aposentar, devido ou não
e perdi a força das minhas pernas. à doença, modifica a vivência e identidade social
Mesmo com a maioria de aposentados, todos do homem na medida em que leva a ficar parado
os entrevistados relataram a importância do tra- um trabalhador ainda ativo16. No caso do adoe-
balho em suas vidas e o impacto da aposentado- cimento pelo HTLV, a perda do trabalho, além
ria precoce, tanto no aspecto material quanto na da perda financeira, implica na perda de sentido
subjetividade. Seja como dignificador, seja por existencial:
questões financeiras, seja para preencher o tempo O significado do trabalho pra mim? É o que me
ou dar um sentido à vida, o trabalho mantinha a move né, é o que me faz manter vivo. Porque não
centralidade na vida dessas pessoas. São várias as é pelo dinheiro. Dinheiro ganha pouco mas você tá
narrativas dos indivíduos que desejariam conti- ali trabalhando, trabalhando e não dá tempo de
nuar trabalhando e o relato dessa impossibilida- ficar pensando em doença. [...] Agora, se você fica
de causou até choro durante a entrevista. Inde- o dia todo parado olhando pro céu, você não tem
pendência, sociabilidade através do contato com sono, não tem nada.
colegas de trabalho bem como a sensação de estar Aposentar pra mim foi muito duro, entendeu?
fazendo algo útil foram sentimentos positivos as- Muito duro. Ainda sinto muita falta da rotina, da
sociados ao trabalho e relatados pelos participan- sala de aula, daquilo tudo. De andar pra lá, andar
tes da pesquisa: pra cá. Pra mim foi muito duro, difícil.
É muito bom o trabalho, sabe? Porque a gen- Se o paciente sintomático que vive com
te trabalhando não depende de filho, nem de nin- HTLV é o provedor da família, a mudança de
guém. Só daquele lá de cima, né? E outra coisa, a papéis sociais impacta esse grupo, pois o doente
gente vai espairecendo, a gente dentro de casa pen- passa a ter condição de dependência e vulnera-
sa muita coisa. bilidade9. Por outro lado, se o paciente é do sexo
Eu gostaria de trabalhar muito mais. As difi- masculino, afeta as relações de poder calcadas em
culdades de rua, de cadeirante, é ruim, entendeu? gênero, numa sociedade em que o homem seria o
Eu não consigo trabalhar mesmo. Assim, meu so- responsável pelo sustento da casa. No relato abai-
nho era trabalhar, entendeu, mas assim as coisas xo, o entrevistado se considera “aquele que serve
não mexem. Eu vejo cadeirante na rua que traba- à família”, reforçando este estereótipo da identi-
lha, mas ele vai pra baixo e pra cima, consegue ro- dade social de homem trabalhador. Para Canes-
dar a cadeira, e eu não consigo fazer isso. Por causa qui16, nessas representações de papéis sociais, as
do cansaço e falta de ar. E a limitação dos ombros. mulheres pouco toleram os homens no espaço
[...] me deu a depressão no início, fiquei assim da casa, ainda que adoecidos, por ser um espa-
apavorada, sempre acostumada a trabalhar, ter ço feminino, considerando a rua como o espaço
minha vida, ter minha vida minha, entendeu? E masculino:
me ver sem poder trabalhar foi uma barra. [...] Fico procurando coisa pra [fazer], porque a
Em pesquisa sobre pacientes com Doença de minha família é muito grande, por parte da minha
Chagas, Marques e Hennington19 também eviden- mulher, são sete irmãs. Então ontem eu vim aqui,
ciaram narrativas que mostravam a insatisfação eu moro na zona oeste, vim aqui em Irajá pra po-
das pessoas pelo afastamento obrigatório do traba- der fazer um favor, porque eu conheço bem o Rio
lho, sobretudo pelo caráter central que o trabalho de Janeiro e não tenho dificuldade. Mas pra uma
ocupava em suas vidas. Além disso, o quadro da mulher com uns 60 anos pra andar, resolver as coi-
limitação física faz com que as pessoas com mani- sas... então eu venho, quando tem uma coisinha,
festações clínicas pelo HTLV fiquem mais restritas elas logo me pedem, eu sou aquele que sirvo à famí-
às próprias casas, percam o convívio do trabalho lia, né? Eu fico procurando realmente coisa porque,
afastando cada vez mais os doentes de seu círculo pra não ficar em casa. Minha mulher sai pra tra-
social, num ciclo vicioso que se retroalimenta: balhar, vou ficar em casa, entendeu, apesar que eu
É monótono, né, porque eu fico o dia inteiro em não chego fácil às coisas, eu não tenho, entendeu,
casa, né... mal ou bem eram 6 horas de trabalho, só eu e ela, eu não vou deixar a casa bagunçada
era convívio com outras pessoas, às vezes aquele também, né?
papo você não quer ir trabalhar, mas só o fato de Apesar do HTLV, os entrevistados realizam
que as pessoas convivem [...], mas eu sinto falta, atividades de trabalho, remunerado ou não, ati-
até as coisas que eram bem chatas a gente começa vidades domésticas ou na rua. Havia entrevista-
a sentir falta. dos que trabalhavam fora de casa, em geral, em
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empregos de baixa remuneração, no mercado mês em mês que eu vou mantendo assim. Mas eu
formal ou informal, em atividades como costura, lavo prato, eu faço a comida, lavo a pia, lavo a casa,
faxina, artesanato, contabilidade e serviços imo- limpo assim o banheiro, mas essas coisas pesadas
biliários. Até mesmo aposentados, alguns indi- mesmo, não.
víduos continuavam trabalhando nesses setores. Para as mulheres, hoje as únicas provedoras
Quatro participantes estavam desempregados, em muitas famílias monoparentais, há repercus-
alguns negavam a doença e almejavam um em- sões na vida, na sobrevivência e no cuidado fa-
prego: miliar:
Ah, me sinto muito mal, eu gosto de trabalhar Eu varro a casa, eu passo pano, boto pano na
né, gosto de fazer minhas coisas, eu acordo sete ho- máquina, tiro da máquina com pauzinho, esten-
ras da manhã [...]. Eu faço qualquer coisa dentro do, faço comida, faço tudo normal, na minha casa
de casa, eu faço, eu não paro não, quando eu tô pa- eu faço tudo. Minha filha mora comigo, ela estuda,
rada é que eu tô doente mesmo, que esse vírus pra aí eu faço tudo, lavo roupa, lavo tênis, faço tudo
mim eu não tô com esse vírus, ele não me faz nada. pra ela e ainda olho meu neto. Minha filha tá tra-
De modo geral, as limitações e dependência balhando, a minha outra filha é casada, então ela
com frequência obrigam os indivíduos acometi- pagava pra olhar o menino. Agora quem olha o me-
dos pelo HTLV a abandonarem o trabalho e ou- nino sou eu porque a menina tá boa, tá grande né,
tras ocupações que consideram prazerosas: nas não dá trabalho, mas eu não cobro nada dela não,
entrevistas expressaram a vontade de continuar é minha filha mesmo, né?
ativos e produtivos e a impossibilidade devido ao Dois entrevistados solteiros relataram que
avanço da doença e às limitações físicas: ajudavam nos serviços domésticos, enquanto dos
No Sarah [Hospital] mesmo, me ensinou a fa- casados e em união estável, apenas um fazia este
zer fuxico. Não é fuxico de... [risos]. Eu gosto de tipo de trabalho. Isso reforça a persistência das
costurar e consegui uma máquina. Mas as dificul- desigualdades de gênero em nossa sociedade, evi-
dades foram tantas que eu não consegui levantar o denciando que serviços domésticos são frequen-
braço [...]. De qualquer jeito, pra mim trabalhar eu temente assumidos como responsabilidade das
preciso de alguém do meu lado o tempo todo. En- mulheres. Este trabalho essencialmente domésti-
tendeu? Porque tem cadeirante que vai no banhei- co não é remunerado, nem visto e muito menos
ro... assim, eu vou sozinha em casa, mas nos outros reconhecido20. Além de causar desgaste, por ser
lugares que não tem. Eu preciso de uma babá, né, invisibilizado e de pouco valor social, o trabalho
do meu lado. doméstico pode estar associado negativamente à
Tomei vários remédios, vários. Fiquei vários saúde psíquica das mulheres21.
dias em casa porque às vezes não aguentava ir Além das tarefas domésticas e do cuidado
trabalhar, tinha muita dor na coluna. Isso veio se com a casa, marido e filhos, o serviço de cuida-
agravando com muita frequência, a ponto de eu fi- dor de alguém da família é cada vez mais comum
car desesperada e pedir pra sair do serviço. na nossa sociedade e, na maioria das vezes, a mu-
Então não tava dando, há um tempo eu já ha- lher ocupa este espaço. Foi bastante presente nas
via conflitando até com a neuro a questão de ela entrevistas a culpa de pacientes limitadas fisica-
cobrava que eu tinha que me tratar melhor e eu mente pelo HTLV em não poder ajudar mais em
falava, chegou num ponto que eu falei: ou eu me casa ou dar assistência aos familiares que preci-
trato ou eu trabalho. Aí não deu pra conciliar as savam de cuidado. Este papel de gênero mostra a
duas coisas. constituição das “relações afetivo-sexuais” fami-
O trabalho doméstico foi pauta constante no liares, ligado às expectativas sociais que a mulher
discurso das mulheres entrevistadas. Mesmo as esteja no papel feminino materno e de cuidadora
que usavam órteses ou cadeiras de rodas, referiam da família22.
a realização de algum tipo de serviço doméstico. – Eu tenho minha mãe de noventa e oito anos
Outras mulheres residiam sozinhas e por não te- que eu gostaria de poder participar mais do co-
rem condições de contratar alguém para ajudar, tidiano dela, cuidar dela, mas infelizmente não
acabavam por fazer o trabalho doméstico mesmo posso. A minha irmã acha que eu deveria ser mais
com todas as limitações físicas. Outras o faziam presente, mas eu não posso. Eu não tenho como, né,
com ajuda de familiares ou amigos: amor? Minha irmã cobra muito de mim essa parte.
Se eu faço as coisas dentro de casa? Faço, faço... Eu até ajudo a pagar uma senhora pra cobrir a li-
Assim, varrer casa? Faço, eu que faço tudo dentro cença da empregada, do dia a dia dela [...]. Minha
de casa, no meu limite, o que eu posso. Aí quando irmã acha que eu tenho que ir na casa dela botar
é pra fazer faxina assim vai uma menina lá, faz de um café pra ela. Eu não posso.
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– Você acha que sua irmã não entende suas li- ficiente, que eu tinha que me adaptar ao trabalho,
mitações? que a escola não poderia estar sujeita e que... enfim,
– Isso. Ela não entende. Outro dia ela ligou pra um e-mail enquanto eu não tava aposentado.
mim, pra eu ficar com mãe, mas eu não posso. A Apesar das tentativas de inclusão das pessoas
mãe mora numa escada, numa casa com dois lan- que vivem com deficiência ou alguma necessidade
ces de escada. Pra mim visitá-la meu filho me pega especial, a falta de conhecimento da sociedade faz
no colo, meu filho me leva, me tira do carro, me com que a deficiência seja considerada impeditiva,
leva, me bota no sofá. Aí pra buscar: “Mãe liga pra um peso ou um problema por sua cronicidade e
mim hora que quiser embora, liga pra mim que eu por restrições no desempenho de algumas funções
vou aí te pegar”. Meu filho me pega no colo, me bota ou mesmo por exigir mudanças nos ambientes de
no carro. Eu não tenho como cuidar da minha mãe, trabalho que irão gerar custos. Isso faz com que
não tenho mesmo. Gostaria de participar, de cuidar elas sejam discriminadas na sociedade e excluídas
dela, mas não tem como. Não tem como mesmo. no mercado de trabalho25. O status estigmatizante
A questão da deficiência física como um obs- coloca o indivíduo em uma posição diferente do
táculo para a inserção no mercado de trabalho restante da sociedade. O convívio com as dúvidas
também foi presente nas narrativas. No exem- e incertezas, as dificuldades desde a escolarização
plo abaixo, o entrevistado apesar de jovem, tem até o acesso ao mercado de trabalho, a atribuição
dificuldades em conseguir um trabalho por não de ser “limitado” ou mesmo “diferente” expõe ao
parecer ser eficiente frente à deficiência. Fala preconceito social e faz com que este indivíduo te-
também do julgamento dos outros quando se nha seus projetos de vida redimensionados.
é jovem e sofre de uma enfermidade que pode As pessoas sintomáticas que vivem com
comprometer o desempenho laboral e dificultar HTLV passam a ter uma representação de limita-
o acesso ao mercado de trabalho, caracterizando ção, incapacidade e inutilidade de seus próprios
discriminação e estigma como uma identidade corpos, uma vez que não são mais produtivos
deteriorada5,23: como eram antes15. As pessoas que vivem com
Pô, não poderia esperar como a maioria dos limitações físicas são vistas como incapazes, im-
pacientes, depois dos 40 que é mais tranquilo? As produtivas, lentas, desprovidas de qualidade e
pessoas tendem muito a achar que quando você onerosas. É necessário pensar alternativas que
é jovem, você reage melhor à doença. Mas não é permitam desconstruir esta imagem e criar o
bem assim porque você fica com medo do futuro, conceito de indivíduo capaz, produtivo, quali-
fica com medo de piorar mais cedo do que aqueles ficado profissionalmente, apesar da deficiência.
que não tem idade avançada e você tem que entrar Isto favorece o estabelecimento de interações so-
pro mercado de trabalho, e o mercado de trabalho, ciais tanto entre pessoas com limitações quanto
ele não olha com bons olhos uma pessoa que tem sem limitações24.
deficiência porque ele exige eficiência.
Sim, tem vários concursos que eu não vou po-
der fazer por causa de ter uma deficiência. Vários Considerações finais
concursos que não vão abrir vaga simplesmente,
que natureza do concurso exige que a pessoa não Hoje o campo da Saúde do Trabalhador tem sua
tenha deficiência. Então, carreira policial, não. [...] visão ampliada para questões outrora secunda-
Existem carreiras que não abrem vaga porque a de- rizadas. Também são considerados temas rele-
ficiência ela... veda. vantes no campo o não-trabalho, o trabalho in-
Mesmo com as leis de inclusão de deficientes visibilizado e marginalizado e o entrelaçamento
no país, as empresas privadas priorizam a con- do trabalho com marcadores sociais da diferença
tratação de indivíduos hígidos que apresentem como classe, gênero, raça, deficiência. Nesse sen-
habilidades desejáveis à função, representando tido, tanto as questões “macro” como as “micros-
um aspecto favorável ao aumento da produti- sociais”, cotidianas, abordadas na perspectiva
vidade, ou cujas limitações ou deficiências não das Ciências Sociais, ganham vulto. O estudo ao
exijam modificações estruturais no ambiente de trazer luz sobre o processo saúde-doença-tra-
trabalho24. Apesar da legislação favorável, a dis- balho de pessoas afetadas por doença infecciosa
criminação e o preconceito frente à deficiência negligenciada e ainda pouco estudada sob essa
permanecem presentes em nossa sociedade: perspectiva, contribui para a reflexão teórica e a
[...] No trabalho eu tive, e na última escola produção de conhecimento no campo da saúde.
[também], eu tive um problema sério de receber A compreensão dos desafios que envolvem
um e-mail até falando que eu tava na cota de de- o cuidado e a atenção integral aos pacientes que
6056
Teixeira MCL, Hennington EA

vivem com HTLV são referentes ao adoecimento sociais, fazendo com que fiquem mais isolados e
e seus impactos na esfera física, psíquica e social. restritos ao ambiente familiar. Muitos sofrem es-
Aspectos relacionados à identidade do trabalha- tigma e discriminação dentro da própria família.
dor, estigma e normas tradicionais de gênero se O corpo hígido e saudável dá lugar à incapacida-
encontram entranhados na dinâmica da vida de e deficiência. Com a evolução da doença e as
desses pacientes e refletiram a vivência da doença restrições impostas pelo adoecimento e perda de
e seus modos de andar a vida. autonomia, convivem com o tédio, o sofrimento
As manifestações do HTLV trazem prejuízo e o sentimento de inutilidade.
funcional no trabalho, seja ele remunerado ou O HTLV tem relevância epidemiológica no
não, formal ou informal, doméstico e no cuidado Brasil, mas ainda é pouco conhecido pela popu-
familiar. A aposentadoria por invalidez, muitas lação em geral e até mesmo por profissionais de
vezes precoce, mostra que o HTLV impacta di- saúde. A infecção sem cura até o momento atinge
retamente o trabalhador, na medida que o limita principalmente pessoas de baixa renda, negras e
e o incapacita, retira esse indivíduo do mercado moradoras nas periferias das cidades. Apesar dos
de trabalho ainda em idade produtiva e causa re- avanços no conhecimento fisiopatológico da do-
percussões nas condições materiais de vida e na ença, ainda são poucas políticas públicas voltadas
sua subjetividade. Já o trabalho doméstico ou de à prevenção, diagnóstico e atenção à saúde das
cuidado é afetado, sobretudo para as mulheres pessoas afetadas pela doença no país, carecendo
que são historicamente designadas para estes ti- de ações ampliadas visando quebrar a cadeia de
pos de tarefa. Estar fora da condição para o tra- transmissão do vírus. Compreender a condição
balho entristece e influi na dinâmica simbólica, do paciente e suas necessidades poderá contri-
social e intersubjetiva dos pacientes. À medida buir para sensibilizar a sociedade e demais atores
que os sintomas surgem e avançam, aumenta a responsáveis pela prestação de uma assistência
incapacidade e a dependência, ao mesmo tempo integral e efetiva por parte dos serviços de saúde,
que repercutem na sociabilidade, impedindo ou para a necessidade de implementação de políticas
diminuindo o convívio no trabalho e as relações públicas e a defesa de direitos.

Colaboradores

MCL Teixeira trabalhou na concepção, desenvol-


vimento da pesquisa e na redação do artigo. ÉA
Hennington trabalhou na concepção da pesqui-
sa, revisão e redação final do artigo.
6057

Ciência & Saúde Coletiva, 26(12):6049-6057, 2021


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