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ÉMILE DURKHEIM

COESÃO E FATO SOCIAL


SOCIOLOGIA
Conceito

Habilidades a serem desenvolvidas: (EM13CHS101) Analisar e comparar diferentes


fontes e narrativas expressas em diversas linguagens, com vistas à compreensão e
à crítica de ideias filosóficas e processos e eventos históricos, geográficos, políticos,
econômicos, sociais, ambientais e culturais.

SEGUNDO ANO DO ENSINO MÉDIO


SLIDE 002
PERFIL DE ÉMILE DURKHEIM

Émile Durkheim viveu entre 1858 e 1917, na França. Formou-se


em Filosofia na École Normale Supérieure (ENS), em Paris. Desde
cedo se interessou pelo estudo da sociedade, influenciado pela
leitura do pensador inglês Herbert Spencer e do filósofo francês
Augusto Comte.
Passou um tempo na Alemanha, em seguida trabalhou na
Universidade de Bordeaux, já como cientista social, e aí fundou o
primeiro departamento de Sociologia da Europa. Depois passou a
lecionar Sociologia na Sorbonne (Universidade de Paris), ganhando
grande prestígio internacional.
PERFIL DE ÉMILE DURKHEIM

O trabalho intelectual de Durkheim o tornou conhecido como


um dos pais da Sociologia, responsável por estabelecer o ponto
de vista sociológico como fundamental para o entendimento da
vida em sociedade.
Suas percepções sobre o fato social, a coesão social, a
importância do sistema social e do método sociológico foram
muito influentes no mundo inteiro. A sociologia de Durkheim e
sua preocupação com a ordem e o equilíbrio foram essenciais na
constituição da Sociologia como disciplina reconhecida
academicamente.
PERFIL DE ÉMILE DURKHEIM

Sua obra foi também fundamental para o

desenvolvimento da Antropologia, principalmente As

formas elementares da vida religiosa, texto obrigatório

nos cursos de formação antropológica. Sua influência

sobre a antropologia inglesa, por um lado, e francesa

(através de seu sobrinho Marcel Mauss) ajudou a definir a

Antropologia no século XX.


ÉMILE DURKHEIM- COESÃO E FATO SOCIAL

Émile Durkheim, influenciado pela obra do filósofo francês


Augusto Comte (1798-1857), que sistematizou pela primeira vez a
Sociologia como ciência específica, aproximando-a dos métodos das
ciências naturais, Durkheim procurou consolidar a Sociologia como
ciência social distinta das ciências naturais.
Com esse objetivo, preocupou-se em desenvolver uma teoria e um
método de análise com conceitos específicos para o estudo da vida
em sociedade. Como veremos a seguir, os fundamentos da
sociologia de Durkheim podem ser resumidos nos conceitos de
coesão, de divisão do trabalho (ou especialização do trabalho) e de
fato social.
ÉMILE DURKHEIM- COESÃO E FATO SOCIAL

Durkheim foi particularmente influenciado pelos


desdobramentos históricos dos séculos XVIII e XIX. A Europa do
século XIX desenvolveu-se em torno dos preceitos da Revolução
Industrial e da Revolução Francesa.
A Revolução Industrial, iniciada em meados do século XVIII,
intensificou brutalmente a produção de mercadorias. Valendo-
se dos avanços tecnológicos introduzidos nas fábricas, a
produção industrial na Inglaterra do século XVIII se expandiu
para outros países no século XIX, tornando-se o centro de
organização da vida social.
ÉMILE DURKHEIM- COESÃO E FATO SOCIAL

Já a Revolução Francesa, que teve seu desfecho em 1789, foi


marcada por transformações políticas estruturais. A sociedade
feudal, que precedeu a sociedade capitalista, foi destruída. As
instituições políticas feudais deram lugar às organizações
políticas capitalistas.
A monarquia foi substituída por instituições políticas que tinham
como fundamento os ideais de liberdade, igualdade e
fraternidade. As escolas, antes controladas pela Igreja,
passaram às mãos do Estado, tornando-se laicas. A livre-
iniciativa foi estimulada por novas regras e leis.
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No fim do século XIX, Durkheim observava esse acelerado processo


de transformação social, singularmente impulsionado pela
indústria, e tentava responder à seguinte questão: como pode a
sociedade capitalista, que se divide e se especializa em funções
cada vez mais heterogêneas, garantir uma unidade, uma coesão
social?
Em busca de uma explicação sociológica para essa dinâmica,
Durkheim procurava entender a unidade social em um mundo cada
vez mais dividido pela especialização do trabalho. Ele se
perguntava como indivíduos tão diferentes, em funções sociais tão
distintas, poderiam se integrar socialmente.
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Para explicar esse processo de diferenciação, Durkheim partiu


da seguinte hipótese: todas as sociedades se caracterizam por
algum tipo de divisão (especialização) do trabalho.
Ou seja, ao longo do desenvolvimento das sociedades, os
indivíduos tendem a se tornar cada vez mais diferentes uns dos
outros. Em sociedades com menor divisão do trabalho, os
indivíduos são mais semelhantes entre si quando comparados
aos que pertencem a sociedades em que a divisão do trabalho é
maior.
ÉMILE DURKHEIM- COESÃO E FATO SOCIAL

É nessa perspectiva que Durkheim observa a coesão social. Em


sociedades que desenvolveram muito a divisão do trabalho
predomina uma dinâmica dupla. Ao mesmo tempo que ocorre
uma diferenciação profissional, cria-se uma interdependência
funcional entre os indivíduos.
Os laços sociais, a rede de interdependência, caracterizam uma
forma de coesão social. Em sociedades que desenvolveram menos
a divisão do trabalho, são as crenças que garantem a unidade
social, já que o processo de especialização das funções
profissionais ainda é rudimentar.
ÉMILE DURKHEIM- COESÃO E FATO SOCIAL

Para esclarecer melhor, podemos comparar duas sociedades: uma


sociedade feudal e uma sociedade industrial. Em uma sociedade
feudal hipotética, a divisão do trabalho se dá com base em
atividades predominantemente agrícolas.
Os servos trabalham na maior parte do mês em benefício do senhor
feudal e reservam apenas uma pequena parte do seu tempo para
prover sua subsistência e a de sua família. As técnicas de trabalho
são rudimentares e as tarefas estão ligadas ao plantio, à colheita e
ao cuidado com os animais. Há grande semelhança entre as
técnicas produtivas empregadas nos diferentes feudos.
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Já na sociedade industrial, ocorre uma intensa divisão do


trabalho: mulheres e homens exercem funções extremamente
diferenciadas. Existem faxineiros, pedreiros, carpinteiros,
publicitários, professores, operários, comerciantes, só para citar
um pequeno número de profissões, e dentro dessas profissões ainda
há várias subdivisões.
Entre os professores, por exemplo, estão os que ensinam
Matemática, Física, Sociologia, Antropologia, Biologia, Arte,
Educação Física, etc. Para Durkheim, essas sociedades são mais
especializadas, têm maior grau de divisão profissional, o que acaba
por caracterizar indivíduos muito diferenciados entre si.
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A divisão do trabalho é, para Durkheim, o elemento social que


impulsiona o desenvolvimento das sociedades. As funções
sociais são fundamentais para sua análise, e, por isso, a
Sociologia desse autor foi considerada “funcionalista”.
Esse foi o aspecto que influenciou os antropólogos que
estudamos anteriormente. Entretanto, para refletir sobre a
divisão do trabalho, Durkheim desenvolveu outros conceitos
importantes. Entre eles, o conceito de fato social, essencial
para definir o que é próprio ou não do campo sociológico.
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Com o objetivo de criar conceitos com o maior rigor possível,


Durkheim entendia o fato social como uma coisa, um fenômeno
tão apreensível quanto qualquer elemento físico ou biológico.
Os fatos sociais seriam, assim, formas de pensar, sentir e agir
que exercem uma força externa (uma coerção) sobre os
indivíduos. Para Durkheim, a sociedade precedia os indivíduos e
agia sobre eles, determinando suas formas de ser. Assim, um
fato social poderia ser reconhecível com base na coerção social
imposta a um ou mais indivíduos.
ÉMILE DURKHEIM- COESÃO E FATO SOCIAL

Levando isso em conta, só seria considerado fato social o


fenômeno que apresentasse:

Uma generalidade (que estivesse presente e fosse


reconhecível em toda uma sociedade ou grupo social);
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Levando isso em conta, só seria considerado fato social o fenômeno que

apresentasse:

Uma externalidade (que fosse exterior às consciências sociais, isto é, que

existisse independentemente da vontade e dos anseios do indivíduo);


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Levando isso em conta, só seria considerado fato social o fenômeno que apresentasse:

Uma força coercitiva externa aos indivíduos, moldando as vontades individuais ao

coletivo. Nesse sentido, a sociologia de Durkheim, além de funciona- lista, é também

considerada estruturalista, na medida em que a sociedade (a estrutura social)

determinaria as condutas individuais.


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Exemplos de fatos sociais são o direito, a educação, a divisão


do trabalho, as crenças religiosas e políticas, os esportes. O
futebol, por exemplo, é um fato social na medida em que está
presente em toda a sociedade brasileira. É externo aos
indivíduos, pois sua existência não depende da vontade
individual.
É também coercitivo, pois impõe aos indivíduos um padrão
esportivo. Além disso, muitos meninos brasileiros desejam ser,
em primeiro lugar, jogadores de futebol. Esse “desejo” pode
ser visto como coerção externa, propriamente social.
ÉMILE DURKHEIM- COESÃO E FATO SOCIAL

Nos termos de Durkheim, a Sociologia deve ter como


fundamento o estudo dos fatos sociais. Aqueles fenômenos que
não estiverem dentro de sua definição serão considerados do
domínio de outras ciências. Para Émile Durkheim, a Sociologia
é a ciência que estuda os fatos sociais.
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

BOMENY, Helena [et.al]. Tempos Modernos, tempos de sociologia. Volume Único. São Paulo: Editora Brasil, 2013.

MACHADO, Igor José [et.al] Sociologia hoje. Volume Único. São Paulo: Editora Ática, 2013.

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