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Notas de aulas de Pavimentação (parte 4)

Helio Marcos Fernandes Viana

Tema:

Misturas asfálticas ou tipos de revestimentos asfálticos


(1.o Parte)

Conteúdo da parte 1
1 Introdução

2 Formas de classificar a mistura utilizada na camada de revestimento asfáltico

3 Misturas usinadas
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1 Introdução

1.1 Estrutura de um pavimento rodoviário revestido com camada asfáltica

O pavimento rodoviário revestido de camada asfáltica é uma estrutura de


múltiplas camadas, que em sua forma mais completa apresenta as seguintes
camadas:

a) Camada de regularização, que se localiza acima do subleito;


b) Camada de reforço do subleito, que se localiza acima da camada de
regularização;
c) Camada de subbase, que se localiza acima da camada de reforço do subleito;
d) Camada de base, que se localiza acima da camada de subbase; e
e) Camada de revestimento asfáltico ou pista de rolamento, que se localiza acima da
camada de base.

A Figura 1.1 ilustra a seção transversal de um pavimento rodoviário


revestido com camada asfáltica em sua forma mais completa ou com todas as
camadas existentes.

Figura 1.1 - Seção transversal de um pavimento rodoviário revestido com


camada asfáltica em sua forma mais completa ou com todas as
camadas existentes

OBS(s).
a) O pavimento possui um sistema de camadas para diminuir as cargas que chegam
no subleito;
b) Subleito é o solo que serve de fundação para o pavimento; e
c) A camada de regularização não constitui, propriamente, uma camada do
pavimento, pois sua espessura pode ser nula em alguns pontos.
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As principais funções das camadas do pavimento rodoviário revestido com


camada asfáltica são:

a) O revestimento (ou camada de rolamento) é uma camada destinada à:

- Resistir às ações do tráfego;


- Impermeabilizar o pavimento;
- Melhorar as condições de rolamento no que se refere ao conforto e a segurança; e
- Transmitir de forma atenuada as cargas do tráfego às camadas inferiores.

b) A camada de base é uma camada destinada à:

- A resistir aos carregamentos do tráfego e a transmiti-los, com menor intensidade ao


subleito ou a camada inferior (a base se localiza embaixo do revestimento ou da
camada de rolamento).

c) A camada de subbase é uma camada destinada à:

- Complementar à base, pois tem as mesmas funções da base.


- Economizar recursos, pois a camada de subbase é executada quando, por razões
econômicas, for conveniente reduzir a espessura da base.

d) A camada de reforço do subleito é uma camada destinada à:

- Reduzir a espessura da subbase.

OBS. A camada de reforço do subleito é executada sobre a cota do greide ou


sobre a cota do perfil longitudinal da estrada.

e) A camada de regularização é uma camada destinada à:

- Preparar o subleito da estrada para receber as demais camadas que formam


pavimento.

OBS(s).
a) A camada de regularização é a primeira camada a apresentar as inclinações
transversais (abaulamento ou superelevação) definitivas do pavimento; e
b) A camada de regularização possui espessura variável.

1.2 Qualidades que o revestimento (ou camada de rolamento) deve apresentar


para cumprir com as suas funções

O revestimento asfáltico (ou camada de rolamento) do pavimento deve


apresentar as seguintes qualidades para cumprir com as suas funções:

i) O revestimento asfáltico deve ser uma camada resistente ao intemperismo (ou ao


desgaste) causado pelo clima;
ii) O revestimento asfáltico deve ser uma camada impermeável para proteger a si
mesma e as camadas inferiores do pavimento;
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iii) O revestimento asfáltico deve ser uma camada resistente aos carregamentos
gerados pelo tráfego de veículos; e
iv) Etc.

OBS. De acordo com Medina (1997), um pavimento feito com uma camada de
rolamento de asfalto pode ter uma vida útil de até 20 anos, enquanto as barragens
têm vida longa e indefinida.

Na maioria dos pavimentos brasileiros é utilizada como camada de


revestimento uma mistura rigorosamente dosada, a qual é formada de agregados
pétreos e um ligante asfáltico.

OBS(s).
a) Agregados pétreos são agregados produzidos a partir de pedras ou rochas
britadas (ou trituradas); e
b) O tema dosagem de misturas asfálticas será abordado em aula futura.

Para se obter uma camada de revestimento asfáltico ou de rolamento de


qualidade é necessário:

i) Um projeto adequado da estrutura do pavimento, ou seja, uma definição técnica


das espessuras de cada camada do pavimento; e
ii) Um projeto adequado de dosagem da mistura asfáltica utilizada como camada de
revestimento.

A Figura 1.2 mostra a foto de uma camada de revestimento asfáltico de uma


avenida, a qual é formada por agregados pétreos e ligante asfáltico.

Figura 1.2 - Foto de uma camada de revestimento asfáltico de uma avenida, a


qual é formada por agregados pétreos e ligante asfáltico (Viana,
2011)
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2 Formas de classificar a mistura utilizada na camada de revestimento asfáltico

i) Classificação da mistura asfáltica utilizada na construção da camada de


revestimento, quanto a preparação (ou fabricação)

Quanto à preparação (ou fabricação), a mistura asfáltica pode ser


classificada como:

a) Mistura preparada em usina fixa


Î Neste caso a usina é construída próximo ao trecho de construção do pavimento.

b) Mistura preparada em usina móvel


Î Neste caso, a usina é instalada no chassi de um caminhão e a usina se move na
pista à medida que o pavimento é construído.

c) Mistura preparada na própria pista ou tratamento superficial


Î Neste caso não requer usina para realização da mistura asfáltica na pista.

ii) Classificação da mistura asfáltica utilizada na construção da camada de


revestimento, quanto ao tipo de ligante usado na mistura

Quanto ao tipo de ligante utilizado na mistura asfáltica, tem-se que a mistura


asfáltica pode ser classificada como:

a) Mistura asfáltica com uso de CAP (ou cimento asfáltico de petróleo);


b) Mistura asfáltica com uso de EAP (ou emulsão asfáltica de petróleo);
c) Mistura asfáltica com uso de ADP (ou asfalto diluído de petróleo);
d) Mistura asfáltica com uso de Asfalto Modificado com Polímero;
e) Mistura asfáltica com uso de Asfalto Borracha; e
f) Etc.

iii) Classificação da mistura asfáltica utilizada na camada de revestimento,


quanto a temperatura da mistura asfáltica

Quanto à temperatura da mistura asfáltica, tem-se que a mistura asfáltica


pode ser classificada em:

a) Mistura asfáltica a quente (Ex: CAUQ, asfalto areia, etc.); e


b) Mistura asfáltica a frio (Ex: Pré-misturado a frio com emulsão asfáltica de
petróleo).

OBS. A mistura asfáltica a quente é realizada em altas temperaturas


(frequentemente, entre 100o e 200o C), e a mistura asfáltica a frio é realizada na
temperatura ambiente.
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iv) Classificação das misturas asfálticas utilizadas na construção da camada


de revestimento, quanto a granulometria do agregado usado na mistura

Quanto à granulometria do agregado usado na mistura asfáltica, tem-se que


a mistura asfáltica pode ser classificada em:

a) Mistura asfáltica continua;


b) Mistura asfáltica densa;
c) Mistura asfáltica aberta;
d) Mistura asfáltica descontinua; e
e) Mistura asfáltica uniforme ou macadame.

a) Mistura asfáltica continua

Uma mistura asfáltica é continua quando:

Æ A curva granulométrica do agregado utilizado na mistura asfáltica apresenta


partículas com todos ou quase todos os diâmetros considerados nas peneiras do
ensaio de granulometria; e
Æ A curva granulométrica do agregado utilizado na mistura não apresenta degrau ou
patamar.

As curavas granulométricas B e C mostradas, a seguir, na Figura 2.1


ilustram (ou exemplificam) curavas granulométricas de agregados de graduação
continua, que são usados em misturas asfálticas.

Figura 2.1 - Curvas granulométricas de agregados usados em misturas


asfálticas
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b) Mistura asfáltica densa

Uma mistura asfáltica é densa quando:

Æ A curva granulométrica do agregado utilizado na mistura asfáltica é continua, ou


seja, uma curva granulométrica sem patamar e com diâmetro de agregados com
todos ou quase todos os diâmetros;
Æ A curva granulométrica do agregado utilizado na mistura asfáltica é dita bem
graduada, ou seja, há quantidade de finos suficientes para preencher os espaços
deixados pelas partículas maiores; e
Æ A curva granulométrica do agregado utilizado na mistura se aproxima da curva de
máximo peso específico para o agregado.

OBS. Finos são partículas de agregado com diâmetro menor que 0,075 mm.

A curva granulométrica C mostrada, anteriormente, na Figura 2.1, é um


exemplo de uma curva granulométrica de graduação densa, pois se aproxima da
curva E, que é a curva de máximo peso específico para o agregado com tamanho
máximo de 3/4 de polegada.

c) Mistura asfáltica aberta

Uma mistura asfáltica é aberta quando:

Æ A curva granulométrica do agregado utilizado na mistura asfáltica é continua, ou


seja, a curva granulométrica é sem patamar e o agregado apresenta todos ou quase
todos os diâmetros;
Æ A curva granulométrica do agregado utilizado na mistura asfáltica apresenta
insuficiência material fino (ou material com diâmetro menor que 0,075 mm) para
preencher os vazios entre as partículas maiores; e
Æ A curva granulométrica do agregado utilizado na mistura asfáltica apresenta
porcentagem igual ou próxima a zero (0) para partículas com diâmetro igual a 0,075
mm.

OBS(s).
a) Agregados com curva granulométrica aberta apresenta maior volume de vazios; e
b) Agregados com curva granulométrica aberta são considerados mal graduados.

A curva granulométrica B mostrada, anteriormente, na Figura 2.1 é um exemplo de


uma curva granulométrica de graduação aberta, a qual foi obtida de um agregado.

d) Mistura asfáltica descontinua

Uma mistura asfáltica é descontinua quando:

Æ A curva granulométrica do agregado utilizado na mistura apresenta um nítido


degrau, ou patamar, ou descontinuidade na curva granulométrica.

OBS. Os agregados com curva granulométrica de graduação descontinua possuem


pequena porcentagem de partículas para alguns diâmetros intermediários ou para
algumas peneiras intermediárias da curva granulométrica.
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A curva granulométrica D mostrada, anteriormente, na Figura 2.1 é um


exemplo de uma curva granulométrica de graduação descontinua ou com degrau, a
qual foi obtida de um agregado.

e) Mistura asfáltica uniforme ou macadame

Uma mistura asfáltica é uniforme ou macadame quando:

Æ A curva granulométrica do agregado utilizado na mistura asfáltica apresenta a


maioria de suas partículas numa faixa granulométrica muito estreita; por exemplo:
agregados retidos entre duas a três peneiras; e
Æ A curva granulométrica do agregado utilizado na mistura asfáltica apresenta,
apenas, partículas com aproximadamente o mesmo diâmetro.

A curva granulométrica A mostrada, anteriormente, na Figura 2.1 é um


exemplo de uma curva granulométrica de graduação uniforme ou macadame, a qual
foi obtida de um agregado.

OBS. Macadame são pedras tipo britadas (ou trituradas), que possuem
aproximadamente o mesmo diâmetro.

3 Misturas usinadas

3.1 Introdução às misturas usinadas

Misturas usinadas são aquelas onde a mistura do ligante asfáltico com o


agregado é realizada em uma usina.

OBS. Usina é um estabelecimento industrial (ou de produção em larga escala),


o qual é dotado de maquinaria.

i) Resumo dos procedimentos para produção e utilização da mistura asfáltica


usinada

a) Inicialmente, é feita a dosagem da mistura asfáltica no laboratório, determinando-


se as proporções exatas do ligante asfáltico e do agregado que deverão ser
misturados;
b) Na sequência, a mistura asfáltica do ligante asfáltico com o agregado é realizada
em uma usina em larga escala;
c) Em seguida, a mistura asfáltica produzida na usina é transportada para pista por
meio de um caminhão;
d) O caminhão despeja a mistura asfáltica na máquina vibroacabadora, a qual gera
uma camada asfáltica não compactada sobre a base do pavimento; e
e) Finalmente, a camada asfáltica gerada pela máquina vibroacabadora sobre a
base do pavimento é compactada com rolos pneus ou rolos lisos.

OBS. Vibroacabadora de asfalto é uma máquina capaz de receber a massa asfáltica,


que vem da usina, e produzir uma camada asfáltica não compactada sobre a base
do pavimento.
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A Figura 3.1 mostra a foto de uma vibroacabadora de asfalto em operação,


tal foto realizada durante a pavimentação com CAUQ da via de acesso ao bairro Alto
da Boa Vista em Vitória da Conquista - BA. Ainda, percebe-se com os trabalhadores
o rodo e a pá de acabamento, que auxiliam na retirada de pedras grandes, e o
preenchimento dos vazios com asfalto.

Figura 3.1 - Vibroacabadora em operação na pavimentação de CAUQ da via de


acesso ao bairro Alto da Boa Vista em Vitória de da Conquista
(Viana, 2012)

OBS(s).
a) Em termos de produtividade, no mercado existem vibroacabadoras com a
capacidade de processar até 300 toneladas de mistura asfalto por hora; Tal
produtividade corresponde a 701 m por hora de uma faixa de pista (ou de tráfego) de
CAUQ com de largura de 3,60 m e espessura de 5 cm;
b) Em algumas vibroacabadoras, a espessura da camada asfáltica não compactada
gerada pode ter menos de 2,5 cm, mas pode alcançar um máximo de até 30 cm;
c) A altura em centímetros da camada de asfalto, não compactada, gerada pela
vibroacabadora é definida pelo controlador da vibroacabadora, que ajusta a
vibroacabadora para produzir a camada na altura desejada pelo engenheiro;
d) A espessura da camada de asfalto não compactada gerada pela vibracabadora
pode ser conferida, ou fiscalizada, através da baliza de controle de espessura, que
mede a espessura da camada não compactada e verifica se a espessura da mesma
está dentro do projetado;

A Figura 3.2 mostra a foto da baliza de controle de espessura da camada


não compactada gerada pela vibroacabadora, a qual foi utilizada na pavimentação
com CAUQ da via de acesso ao bairro Alto da Boa Vista em Vitória da Conquista -
BA.
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Figura 3.2 - Baliza de controle de espessura, a qual foi utilizada na


pavimentação com CAUQ da via de acesso ao bairro Alto da
Boa Vista em Vitória da Conquista - BA (Viana, 2012)

A Figura 3.3 mostra a foto da ponta da baliza de controle de espessura da


camada não compactada gerada pela vibroacabadora, a qual foi utilizada na
pavimentação com CAUQ da via de acesso ao bairro Alto da Boa Vista em Vitória da
Conquista - BA.

e) A espessura final da camada de asfalto compactada na pista, ou espessura de


projeto, é obtida a partir da seguinte equação:

γ NC
EC = .ENC (1.1)
γC
Em que:
EC = espessura da camada de asfalto compactada, após a passagem do rolo
compactador (rolo liso ou rolo de pneus) (cm);
ENC = espessura da camada de asfalto não compactada, a qual é produzida ou
gerada pela vibroacabadora (cm);
γC = peso específico da mistura asfáltica compactada, o qual é definido pelo ensaio
de dosagem feito em laboratório (g/cm3); e
γNC = peso específico da camada asfáltica não compactada, a qual é produzida ou
gerada pela vibroacabadora (g/cm3).
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Figura 3.3 - Ponta da baliza de controle de espessura da camada não


compactada gerada pela vibroacabadora, a qual foi utilizada na
pavimentação com CAUQ da via de acesso ao bairro Alto da
Boa Vista em Vitória da Conquista - BA (Viana, 2012)

ii) Os dois tipos de misturas asfálticas usinadas

As misturas asfálticas usinadas utilizadas como revestimento de pavimentos


podem ser:

a) Mistura asfáltica usinada a quente (Ex: CAUQ, asfalto areia, etc.); e


b) Mistura asfáltica usinada a frio (Ex: Pré-misturado a frio com emulsão asfáltica de
petróleo).

OBS. A mistura asfáltica a quente é realizada em altas temperaturas


(frequentemente, entre 100o e 200o C), e a mistura asfáltica a frio é realizada na
temperatura ambiente.
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3.2 Misturas usinadas a quente

3.2.1 Introdução

As misturas asfálticas usinadas a quente podem ser divididas em 3 (três)


tipos com base: na granulometria do agregado e no fíler utilizados na mistura.

OBS. Fíler (ou material de enchimento) é o material onde pelo menos 65% das
partículas possuem diâmetro menor que 0,075 mm.

Os 3 (três) tipos de misturas asfálticas usinadas a quente são:

a) Mistura asfáltica usinada a quente de graduação densa

Æ Como exemplo de mistura asfáltica usinada a quente de graduação densa tem-se


o Concreto Asfáltico Usinado a Quente (ou CAUQ).

b) Mistura asfáltica usinada a quente de graduação aberta

Æ Como exemplo de mistura asfáltica usinada a quente de graduação aberta tem-se


o Revestimento Asfáltico Aderente ou Camada Porosa de Atrito (CPA).

c) Mistura asfáltica usinada a quente de graduação descontinua

Æ Como exemplo de mistura asfáltica usinada a quente de graduação descontinua


tem-se:

- A Stone Matrix Asphalt (SMA) ou Matriz Pétrea Asfáltica; e


- O Gap-graded (ou mistura asfáltica sem agregados em certa graduação).

OBS(s).
a) As características da graduação densa, aberta e descontinua de uma mistura
asfáltica já foram discutidas em detalhes anteriormente no tópico 2;
b) As palavras stone, matrix e asphalt são palavras inglesas e significam
respectivamente pedra, matriz e asfalto; e
c) As palavras gap e graded são palavras inglesas e significam respectivamente
lacuna (ou intervalo) e graduado(a).

A Figura 3.4, a seguir, ilustra porções de agregados de granulometria aberta,


descontinua e densa, as quais são utilizadas nas misturas asfálticas usinadas a
quente.

Observa-se na Figura 3.4(a) que a porção de agregado de granulometria


aberta apresenta vazios entre as partículas; Tais vazios ocorrem pela insuficiência
de material fino (ou material com diâmetro menor que 0,075 mm) na porção de
agregado de granulometria aberta; Observa-se na Figura 3.4(c) que a porção de
agregado de granulometria densa não apresenta vazios entre as partículas; o que
demonstra quantidade suficiente de material fino (ou material com diâmetro menor
que 0,075 mm) na porção de agregado de granulometria densa; Observa-se na
Figura 3.4(b) que a porção de agregado de granulometria descontinua,
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aparentemente, não apresenta vazios entre as partículas, e que a porção de


granulometria descontinua e a porção de granulometria densa são parecidas.
Portanto, o que vai diferenciar as duas porções (a porção descontinua e a porção
densa) são as curvas granulométricas das duas porções, pois a porção de
granulometria descontinua irá apresentar um degrau ou patamar na curva
granulométrica.

Figura 3.4 - Porções de agregados de granulometria aberta, descontinua e


densa, as quais são utilizadas em misturas asfálticas usinadas a
quente

OBS(s). Todas as misturas asfálticas usinadas a quente são utilizadas como camada
de revestimento de pavimentos para qualquer volume de tráfego, desde tráfego
baixo até tráfego muito elevado.

3.2.2 Camadas de revestimento com espessuras maiores que 7 cm, que são
realizadas com misturas asfálticas usinadas a quente

Quando à camada de revestimento com mistura asfáltica usinada a quente


for maior que 70 mm (ou 7 cm) é comum utilizar mais de uma camada asfáltica para
alcançar a altura desejada de projeto. Assim sendo, tem-se que:

a) A camada superior em contato com os pneus dos veículos é chamada camada de


rolamento ou capa, e deve ter baixo índice de vazios para garantir
impermeabilização do pavimento; A espessura desta camada pode variar de 1,5 cm
até 7 cm; e
b) A camada inferior é chamada de camada de ligação, ou camada intermediária, ou
binder; Esta camada pode possuir índice de vazios maior do que a camada superior,
pois o objetivo da camada intermediária (ou binder) é diminuir o consumo de ligante
e baratear o valor da mistura asfáltica. A espessura desta camada pode variar de 5
cm até 9 cm.
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3.2.3 Vantagens e desvantagens das misturas asfálticas usinadas a quente

As principais vantagens das misturas asfálticas usinadas a quente são:

a) As misturas são mais duráveis;


b) As misturas apresentam um envelhecimento considerado lento;
c) As misturas suportam bem ao tráfego pesado;
d) As misturas não exigem cura; e
e) Etc.

As principais desvantagens das misturas asfálticas usinadas a quente são:

a) As misturas são de difícil fabricação;


b) A misturas exigem aquecimento do agregado e do ligante;
c) As misturas exigem um alto custo de fabricação;
d) A mistura exige um equipamento complexo para sua fabricação; e
e) As misturas não podem ser estocadas.

A Figura 3.5 mostra a foto dos agregados (oriundos dos silos de


armazenamento) sendo transportado pela esteira rolante para o misturador aquecido
durante a produção de CAUQ em usina de São Carlos - SP. Percebe-se na figura a
chama do maçarico do misturador, a qual serve para aquecer os agregados.

Figura 3.5 - Agregados sendo transportado pela esteira rolante para o


misturador aquecido durante a produção de CAUQ em usina de
São Carlos - SP (Viana, 2000)
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OBS(s).
a) O misturador aquecido é importante para eliminar as partículas de água dos
agregados, que formam as misturas à quente, e assim os agregados possam ser
misturados com o CAP aquecido;
b) Partículas de água nos agregados causam a má aderência entre o CAP e os
agregados, o que pode causar soltura de agregados na pista quando a pista for
liberada ao tráfego;
c) Os misturadores aquecidos possuem um maçarico de fogo para elevar a
temperatura dos materiais em seu interior; e
d) Após os agregados serem aquecidos, tem-se que os agregados são misturados
com o CAP, na saída do misturador aquecido, para produzir o CAUQ.

3.2.4 Concreto asfáltico usinado a quente (CAUQ)

3.2.4.1 Introdução

O concreto asfáltico usinado a quente (CAUQ), também é conhecido como


concreto betuminoso usinado a quente (CBUQ), e como concreto asfáltico (CA). O
concreto asfáltico usinado a quente (CAUQ) é a mistura asfáltica mais utilizada no
Brasil. De acordo com Lima et al. (1985) o concreto asfáltico usinado a quente
(CAUQ) é a mistura asfáltica de mais alta qualidade.

Os concretos asfálticos usinados à quente (CAUQs) são misturas muito


resistente em todos os aspectos, tais como:

- São misturas resistentes ao envelhecimento (ou oxidação);


- São misturas resistentes à fadiga;
- São misturas resistentes à deformação permanente; e
- Etc.

OBS(s).
a) Deformação permanente que se relaciona a camada asfáltica (ou a mistura
asfáltica) é deformação longitudinal de trilha de roda; e
b) A fadiga da camada asfáltica (ou da mistura asfáltica) devido ao tráfego causa o
trincamento da camada asfáltica ou da camada de rolamento.

3.2.4.2 Tipos de CAUQ

Existem basicamente dois tipos de concretos asfáticos usinados a quente,


os quais são:

a) O CAUQ convencional; e
b) O CAUQ especial.
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a) CAUQ convencional

O CAUQ é convencional quando utiliza, apenas:

- Cimento asfalto de petróleo (CAP) aquecido; e


- Agregados aquecidos.

A especificação para produção do CAUQ convencional é a DNIT-ES


031/2004.

b) CAUQ especial

O concreto asfáltico usinado a quente (CAUQ) é especial quando:

- Utiliza ligantes asfálticos modificados por polímero; ou


- Utiliza ligantes asfálticos modificados por borracha; ou
- Promove o surgimento de misturas asfálticas de módulo de resiliência elevados,
que são conhecidos como EME ou asfaltos duros.

OBS(s).
a) EME são as iniciais das palavras francesas Enrobé Module Élevé; e
b) As palavras francesas Enrobé Module Élevé significam respectivamente: mistura,
módulo e elevado.

3.2.4.3 Características tecnológicas do CAUQ

i) Volume de vazios de ar contidos na mistura asfáltica tipo CAUQ

Para uma camada asfáltica utilizada para contato direto com os pneus dos
veículos (ou camada de rolamento ou capa), o volume de vazios de ar contidos na
mistura asfáltica, após a compactação deve está entre os seguintes limites:

3% ≤ Vv ≤ 5%
em que:
Vv = volume de vazios de ar contidos na mistura asfáltica compactada (%).

Para uma camada asfáltica utilizada como camada intermediária ou camada


inferior (ou binder), a qual não está em contato direto com os pneus dos veículos, o
volume de vazios de ar contidos na mistura asfáltica, após a compactação deve está
entre os seguintes limites:

4% ≤ Vv ≤ 6%

em que:
Vv = volume de vazios de ar contidos na mistura asfáltica compactada (%).
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ii) Faixa de teor de asfalto contido na mistura asfáltica tipo CAUQ

Normalmente, o teor de asfalto em peso contido na mistura asfáltica tipo


CAUQ está entre 4,5% a 6% do peso total da mistura asfáltica; Contudo, podendo
sofrer pequena variação conforme a faixa granulométrica do agregado usado na
mistura tipo CAUQ.

OBS. As faixas granulométricas para agregados utilizados em misturas tipo CAUQ


são as faixas A, B e C e são apresentadas no próximo tópico.

iii) Faixas granulométricas para agregados a serem utilizados na mistura tipo


CAUQ

A Tabela 3.1 apresenta as faixas granulométricas A, B e C recomendadas


para agregados que serão utilizados para produzir misturas asfálticas tipo CAUQ.

Æ Observe na Tabela 3.1 que para cada faixa granulométrica A, B ou C existe uma
porcentagem de grãos em peso passando em cada peneira especificada;

Æ Observe na Tabela 3.1 que para cada faixa granulométrica (A, B ou C) de


agregado, tem-se:
- Uma faixa de teor de asfalto em peso recomendado para ser adicionada a mistura
asfáltica que será produzida;
- Cada faixa granulométrica de agregado (A, B ou C) está associada a um ou mais
tipos de camada asfática; e
- As espessuras de camada asfáltica recomendadas para cada camada construída
com misturas asfálticas produzidas com os agregados das faixas granulométricas A,
B ou C (Balbo, 2007).

Tabela 3.1 - Faixas granulométricas dos agregados utilizados na produção de


CAUQ (Fonte: DNIT 031/2004 - ES)
Faixas granulométricas
Peneira de malha quadrada
Porcentagem em peso passando
Número Abertura (mm) A B C Tolerância
2 pol. 50,8 100 -- -- --
1 e 1/2 pol. 38,1 95-100 100 -- ± 7%
1 pol. 25,4 75-100 95-100 -- ± 7%
3/4 pol. 19,1 60-90 80-100 100 ± 7%
1/2 pol. 12,7 -- -- 80-100 ± 7%
3/8 pol. 9,5 35-65 45-80 70-90 ± 7%
o
N. 4 4,8 25-50 28-60 44-72 ± 5%
o
N. 10 2,0 20-40 20-45 22-50 ± 5%
o
N. 40 0,42 10-30 10-32 8-26 ± 5%
o
N. 80 0,18 5-20 8-20 4-16 ± 5%
o
N. 200 0,075 1-8 3-8 2-10 ± 2%
Teor de asfalto em peso (%) 4,0 a 7,0 4,5 a 7,5 4,5 a 9,0 ± 0,3%
Tipo de camada de Camada de
Camada de Camada de
revestimento asfáltico rolamento ou
ligação rolamento
recomendada de ligação
Espessura da camada (cm) de 6,5 a 9,0 de 5,0 a 7,5 de 2,5 a 5,0
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iv) Parâmetros mecânicos para misturas asfálticas tipo CAUQ (concreto


asfáltico usinado a quente)

A norma DNIT 031/2004 estabelece os seguintes parâmetros mecânicos


para as misturas asfálticas tipo CAUQ:

a) Valor mínimo da estabilidade Marshall igual a 500 kgf, para corpos-de-prova


compactados com 75 golpes em cada face; e
b) Valor mínimo para resistência a tração por compressão diametral igual a 0,65
MPa, para corpo-de-prova rompidos a 25º C.

OBS. Os corpos-de-prova para ensaios tipo Marshall são cilíndricos e possuem duas
faces para compactação.

v) Influências da falta ou do excesso de CAP (ou do ligante asfáltico) nas


misturas asfálticas tipo CAUQ

As propriedades das misturas asfálticas tipo CAUQ são muito sensíveis à


variação do teor de CAP (ou ligante asfáltico) na mistura com os agregados.

O excesso do teor ou da quantidade de CAP (ou ligante asfáltico) nas


misturas asfálticas pode causar os seguintes defeitos no pavimento:

- Exudação ou concentração do ligante asfáltico na superfície da camada de


rolamento; e
- Deformação longitudinal permanente ou rodeira ou trilha de rodas.

OBS(s).
a) A Exudação facilita a aquaplanagem ou derrapagem dos veículos sobre uma
lâmina de água que se forma sobre o pavimento com a exudação; e
b) A deformação longitudinal permanente, ou rodeira, ou trilha de rodas no
pavimento gera um desnível no pavimento, o que pode desestabilizar a direção dos
veículos em altas velocidades.

A falta do teor ou da quantidade de CAP (ou ligante asfáltico) nas misturas


asfálticas diminui a resistência da mistura asfáltica, e pode facilitar o surgimento dos
seguintes defeitos no pavimento:

- As trincas de fadiga no pavimento; e/ou


- Os buracos ou panelas no pavimento;

OBS. As trincas por fadiga são trincas causadas pelo excesso de solicitação de
ciclos de carga sobre o pavimento.
19

3.2.4.4 CAUQ especiais

i) Asfalto-borracha e asfalto modificado com polímero

O asfalto borracha e o asfalto modificado com polímero são misturas


asfálticas utilizadas com os seguintes fins:

a) Reduzir a sensibilidade da mistura asfáltica às pequenas variações do teor ou


quantidade do ligante asfáltico (ou CAP) utilizado na mistura;
b) Tornar a mistura asfáltica mais resistente ao envelhecimento (ou a oxidação); e
c) Tornar a mistura asfáltica mais durável em vias de tráfego pesado.

ii) Asfalto duro ou EME

O asfalto duro ou EME são misturas asfálticas, que apresentam módulo de


resiliência elevado.

O asfalto duro ou EME é uma mistura asfáltica usinada a quente utilizada


com o objetivo de aumentar a resistência da camada de rolamento ao surgimento de
deformações permanentes longitudinais (ou trilhas de rodas).

OBS(s).
a) EME são as iniciais das palavras francesas Enrobé Module Élevé; e
b) As palavras francesas Enrobé Module Élevé significam em respectivamente:
mistura, módulo e elevado.

3.2.4.5 Considerações quanto à execução do CAUQ

Para executar a camada de CAUQ, tem-se que:

a) A superfície da base deve está limpa (ou varrida), ou seja, a superfície da base
deve está sem pó;
b) A superfície da base deve receber a pintura de ligação, que promoverá uma boa
aderência entre a base e a camada asfáltica;
c) Deve-se fiscalizar (ou avaliar), através de um termômetro, se a temperatura da
camada de CAUQ não compactada gerada ou liberada pela vibroacabadora está
dentro faixa de aceitação da temperatura de projeto;
d) As espessuras da camada não compactada e, posteriormente, compactada
devem está dentro do que foi projetado;
e) A execução da camada asfáltica de CAUQ deve ser realizada em dias sem chuva;
e
f) O tráfego sobre a pista pode ser liberado, após 4 a 6 horas da compactação do
CAUQ, ou seja, após o resfriamento da pista.
20

3.2.5 Mistura asfáltica usinada a quente tipo CPA (camada porosa de atrito), ou
tipo revestimento asfáltico drenante

i) Características básicas da mistura asfáltica usinada a quente tipo CPA


(camada porosa de atrito)

As misturas asfálticas usinadas a quente tipo CPA (camada porosa de


atrito), ou tipo revestimento asfáltico drenante apresentam as seguintes
características básicas:

a) São misturas asfálticas com grande porcentagem de vazios de ar contidos na


mistura, chegando a possuir de 18% a 25% de vazios de ar;
b) São misturas com pequena quantidade de filer (ou material de enchimento, que
possui pelo menos 65% das partículas com diâmetro menor que 0,075 mm);
c) São misturas com pequena quantidade agregado miúdo (ou agregado com
partículas com diâmetro maiores que 0,075 mm e menores que 2,0 mm); e
d) São misturas com pequena quantidade de CAP ou ligante asfáltico.

ii) Principais objetivos a serem alcançados com a utilização da mistura


asfáltica a quente tipo CPA (camada porosa de atrito)

Os principais objetivos a serem alcançados com o uso da mistura a quente


tipo CPA são:

a) Aumentar a aderência pneu-pavimento em dias de chuva;


b) Aumentar a visibilidade dos motoristas em dias de chuva, pois com a CPA o
veículo que viaja na frente laçará menos água no para-brisa do veículo que viaja no
fundo;
c) Reduzir a reflexão dos farois na pista molhada, o que atrapalha a visibilidade dos
motoristas; e
d) Diminuir os acidentes nos dias de chuva.

iii) As duas formas que a camada de rolamento executada com a mistura a


quente tipo CPA (camada porosa de atrito) promove a drenagem na camada de
rolamento

A camada de rolamento executada com a mistura usinada a quente tipo


CPA, ou camada porosa de atrito, devido a sua alta permeabilidade, promove a
drenagem da camada de rolamento de duas formas, as quais são:

a) A CPA devido a sua alta permeabilidade coleta a água da chuva para seu interior;
e
b) A CPA conduz a água da chuva coletada em seu interior para as sarjetas
localizadas na bordas da pista.

OBS. Permeabilidade é a propriedade que o material apresenta de permitir o fluxo


(ou escoamento) de água através dele. O grau de permeabilidade de um material é
expresso pelo coeficiente de permeabilidade (K).
21

A Figura 3.6 ilustra dois trechos de um pavimento, sendo que um trecho é de


CAUQ e outro trecho e de mistura asfáltica usinada a quente tipo CPA (camada
porosa de atrito).

Pode-se observar, na Figura 3.6, que o trecho com mistura asfáltica tipo
CPA, o qual está à frente do trecho com mistura asfáltica tipo CAUQ, está menos
brilhoso, ou seja, está com menos água sobre a pista.

Figura 3.6 - Dois trechos de um pavimento, sendo que um trecho é de CAUQ e


outro trecho e de mistura asfáltica usinada a quente tipo CPA
(camada porosa de atrito)

iv) Considerações finais quanto à utilização da mistura asfáltica usinada a


quente tipo CPA (ou camada porosa de atrito)

A norma DNER-ES 386/99 estabelece os requisitos tecnológicos que os


materiais utilizados na mistura asfáltica usinada a quente tipo CPA devem satisfazer.
Assim sendo, os requisitos tecnológicos que a mistura asfáltica a quente tipo CPA
deve satisfazer são relacionados aos seguintes aspectos:

a) Granulomulometria do agregado utilizado na mistura asfáltica tipo CPA;


b) Quantidade ou teor mínimo e máximo do ligante asfáltico utilizado na mistura
asfáltica tipo CPA;
c) Volume de vazios de ar mínimo e máximo contidos na mistura asfáltica tipo CPA;
d) Valor mínimo de resistência à tração dos corpos-de-prova a 25º C, os quais são
moldados com a mistura asfáltica tipo CPA; e
e) Etc.
22

A mistura asfáltica a quente tipo CPA foi utilizada na pista do aeroporto


Santos Dumont no Rio de Janeiro durante 5 (cinco) anos para aumentar o atrito
pneu-pavimento na pista.

Maiores detalhes acerca da mistura asfáltica usinada a quente tipo CPA (ou
camada porosa de atrito) consulte:

a) DNER-ES 386/99 intitulada: Pavimentação: pré-misturado a quente com asfalto


polímero, camada porosa de atrito; e
b) Bernucci et al. (2008) intitulado: Pavimentação asfáltica - Formação básica para
engenheiros.

3.2.6 Mistura asfáltica usinada a quente tipo SMA (stone matrix asphalt)

i) Introdução

SMA são as iniciais em inglês das palavras Stone Matrix Asphalt, que
significam: matriz pétrea asfáltica.

OBS. Pétrea é um adjetivo que indica algo (ou alguma coisa) constituído (ou
formado) de pedra.

A mistura asfáltica usinada a quente tipo SMA foi desenvolvida em 1968 na


Alemanha, e então passou a ser utilizada na Europa, Ásia e América.

ii) Características básicas da mistura asfáltica usinada a quente tipo SMA

As misturas asfálticas usinadas a quente tipo SMA apresentam as seguintes


características básicas:

a) São misturas asfálticas com baixos volumes de vazios de ar. O volume de vazios
de ar na mistura varia de 2% a 4%;
b) São misturas asfálticas ricas em teor ou quantidade de ligante asfáltico;
Geralmente, o teor de ligante asfáltico na mistura varia de 6% a 7,5%;
c) São misturas asfálticas com elevada porcentagem de agregado graúdo (ou
agregado com partículas com diâmetros maiores que 2,00 mm ou retidos na peneira
número 10); e
d) São misturas em que o agregado utilizado na mistura apresenta curva
granulométrica de graduação (ou granulometria) descontinua ou com degrau, o que
demonstra um pequena quantidade de partículas com um determinado diâmetro no
agregado.
23

iii) Principais objetivos a serem alcançados com a utilização da mistura


asfáltica usinada a quente tipo SMA

Os principais objetivos a serem alcançados com a utilização da mistura


asfáltica usinada a quente tipo SMA são:

a) Obter resistência ao trincamento do pavimento, quando a mistura tipo SMA é


colocada como camada sobre a camada de cimento Portland com a finalidade de
reabilitação (ou recuperação) da camada de cimento Portland, que se encontra
trincada (ou fissurada);
b) Obter um pavimento com maior resistência à deformação permanente, ou com
maior resistência à deformação longitudinal (ou rodeiras);
c) Obter boa drenagem da água na superfície do pavimento; e
d) Obter boa aderência pneu-pavimento em dias de chuva.

A Figura 3.7 ilustra uma camada de rolamento executada com a mistura


usinada a quente tipo SMA. Observa-se, na Figura 3.7, uma alta concentração de
agregados graúdos (ou agregado com partículas com diâmetros maiores que 2,00
mm); na mistura asfáltica, e que a superfície da camada de rolamento asfáltica é
rugosa.

OBS. A superfície rugosa da mistura tipo SMA apresenta duas vantagens, as quais
são:
Æ Facilita a drenagem da água na superfície do pavimento, pois a água sai pelos
canais formados entre os agregados graúdos da superfície rugosa; e
Æ Facilita a aderência pneu-pavimento nos dias de chuva.

Figura 3.7 - Camada de rolamento executada com a mistura usinada a quente


tipo SMA
24

iv) Considerações finais quanto à mistura usinada a quente tipo SMA

A espessura da camada de SMA varia de 1,5 cm a 7 cm. A SMA é


recomendada para:

- Curvas muito fechadas onde ocorrem derrapagens e/ou acidentes;


- Pistas de aeroportos;
- Pontes;
- Interseções; e
- Etc.

Para construção da camada de rolamento com a mistura asfáltica usinada a


quente tipo SMA podem ser usadas as seguintes normas:

- A norma dos Estados Unidos AASHTO MP 8-02; e


- A norma da Alemanha ZTV Asphalt-stb 94 (2001).

Maiores detalhes sobre a mistura usinada a quente tipo SMA; Inclusive,


especificações (da granulometria do agregado utilizado na mistura, do teor de asfalto
utilizado mistura, e etc.), que foram traduzidas da norma alemã ZTV Asphalt-stb 94
(2001) para produção da mistura asfáltica usinada a quente tipo SMA são
apresentadas por Bernucci et al. (2008).

OBS. A Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) possui parcerias


internacionais; Assim sendo, algumas normas de outros países podem ser
compradas por meio da ABNT.

Referências Bibliográficas

BALBO, J. T. Pavimentação asfáltica - Materiais, projeto e restauração. São


Paulo - SP: Oficina de Textos, 2007. 558p. (2.o Bibliografia principal)

BERNUCCI, L. B.; MOTA, L. M. G.; CERRATTI, J. A. P.; SOARES, J. B.


Pavimentação asfáltica - Formação básica para engenheiros. Rio de Janeiro
- RJ: Petrobrás, ou ABEDA (Associação Brasileira das Empresas Distribuidoras
de Asfaltos, 2008. 501p. (1.o Bibliografia principal)

Cidadesdobrasil.com.br (link: lançamento e edição 36)

DEPARTAMENTO NACIONAL DE ESTRADAS DE RODAGEM (DNER) Glossário


de termos técnicos rodoviários. Rio de Janeiro - RJ, 1997. 296p.

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FABBRI, G. T. P. Notas de aulas da disciplina Misturas Betuminosas - STT5830.


São Carlos - SP: Escola de Engenharia de São Carlos - USP, 2005.

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FERNANDES JUNIOR, J. L. Notas de aulas da disciplina Sistemas de Gerência


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FERNANDES JUNIOR, J. L.; ODA, S.; ZERBINI, L. F. Defeitos e atividades de


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RINGO, R. R. 45 lições de francês sem mestre. Rio de Janeiro - RJ: Tecnoprint S.


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VINHOLES, S. B. Dicionário Francês - Português e Português - Francês. Porto


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