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setembro, o cenário de
Forpus e uma novidade
sobre o IFRA11
São Paulo - 11 de outubro de 2021
Isso é normal, afinal não temos uma bola de cristal para adivinhar o
futuro. O que precisamos é ter calma e avaliar o que nos fez acreditar
num determinado gestor, se houve alguma mudança estrutural no fundo
e se eventuais perdas são resultado de ruídos de curto prazo. Tendo
esclarecido o motivo do nosso investimento, o passo seguinte é confiar no
gestor e deixá-lo fazer o trabalho.
O desejo de acertar o preço mais alto para vender um ativo e o mais baixo
para comprar, com base nos dados disponíveis de curto prazo, pode nos
tirar da rota que definimos quando fizemos o investimento inicial,
especialmente quando não revisitamos a tese.
A Apple entregou bons retornos para o fundo ao longo desses oito anos.
No entanto, a casa não capturou toda a valorização desde 2013. A gestora
teve parte do ganho por meio de três ciclos de investimento na empresa,
2013-2014, 2016-2017 e 2018-2019. Ou seja, em vez de manter a posição o
tempo todo, a gestora entrou e saiu do investimento algumas vezes,
deixando parte do retorno para trás – não deixe de ler a carta da IP pra
conferir esse e outros erros humildemente contados por eles.
Setembro foi mais um mês ruim para os ativos de risco. A cereja do bolo –
ou, melhor dizendo, a pá de cal – veio do mercado internacional, com a
piora da conjuntura.
O S&P, que reúne as 500 maiores empresas dos EUA, teve a primeira
queda mensal desde janeiro e a maior para um mês desde março do ano
passado, ao registrar perda de 4,76% em setembro. Uma correção, neste
momento, é totalmente natural para a magnitude da alta acumulada até
aqui. No ano, até 6 de outubro, o índice sobe mais de 15% e, em 12 meses,
quase 30%.
Ao longo do mês, a gestora optou por alocar mais risco nos mercados
internacionais e zerar a posição tomada em juros locais. As apostas na
alta de juros nos Estados Unidos e emergentes foram mantidas, assim
como as posições otimistas com o real, dado o nível elevado da taxa Selic,
o fluxo cambial e as intervenções do Banco Central.
A casa tem uma visão cautelosa sobre o que está acontecendo no mundo,
diante dos desequilíbrios
múltiplos causados pela reação à pandemia, somados aos efeitos
climáticos e oligopólios no mercado de energia. "A economia global está
vivendo um enorme ciclo de reestocagem, e provavelmente o crescimento
em várias indústrias parece maior do que de fato é, exacerbando os
efeitos no preço de muitos bens (e ativos) e dificultando a projeção para a
frente", descreve a Verde no relatório de gestão de setembro.
Os fundos de ações sofreram, ainda que a maior parte deles menos do que
o Ibovespa, que caiu 6,57% no mês. Apenas Bogari, Forpus, Perfin e Velt
tiveram desempenho pior do que o índice. Mas, com exceção de Perfin,
cuja atualização trouxemos no relatório do dia 13 de setembro, todas as
demais carteiras têm uma larga vantagem em relação ao principal
referencial da Bolsa.
“São 15 anos de cota batendo o Ibovespa, mas não tem um ano em que o
fundo não teve pelo menos um drawdown de 15%. E se a cota está em
baixa é porque as ações estão em baixa”, disse, reforçando a iniciativa de
reabrir o fundo para aproveitar as boas oportunidades na Bolsa.
Isso faz todo sentido para nós. Como gostamos de dizer, volatilidade é
ingrediente para quem investe bem, não veneno. Quem não gosta de
comprar coisa boa com desconto?
Pra que você tenha mais conforto em tomar essa decisão, aproveitamos a
conversa para atualizar o cenário da casa e as principais posições do
fundo. Antes de entrar no assunto, vale lembrar que a Forpus adota uma
abordagem diferente de boa parte das gestoras de ações, conhecida como
“top down”.
Como o próprio nome sugere, a análise é feita “de cima para baixo”, ou
seja, parte do cenário macroeconômico para só então chegar ao micro,
com a seleção dos setores e, consequentemente, das empresas que vão se
beneficiar naquele ambiente.
Apesar de a casa não gostar desse rótulo cada vez mais usado por gestores
de ações brasileiros, o fundo se assemelha em estratégia aos "long biased",
ao operar sempre predominantemente comprado, mas também montar
posições vendidas.
“Compramos tudo o que achamos que vai subir e vendemos tudo o que
achamos que vai cair”, resumiu Francisco. Isso explica, segundo ele, por
que o fundo é um dos primeiros a sentir quando há uma mudança
macroeconômica relevante e tende a sofrer mais, já que a perda é
amplificada pelas duas pontas. “Mas também ajustamos a carteira antes
do resto”, continuou.
“Fizemos uma ginástica grande para mudar a carteira, mas boa parte do
movimento já foi feito. A carteira comprada hoje está baseada nos temas
da reabertura e da inflação, em setores que já começam a mostrar força”,
resumiu Francisco.
Antes das novas regras, fundos de crédito não podiam ser listados em
Bolsa. Para mantê-lo fechado e permitir o alinhamento ativo/passivo que
tanto admiramos no produto, fundos como o KDIF11 e o IFRA11 tiveram
de ser estruturados como um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos
Creditórios), que é obrigatoriamente restrito a qualificados.
Para você que já tem cotas do IFRA11, nada muda. A expectativa é de que,
com a abertura do fundo para investidores do varejo, a demanda pelo
ativo cresça, puxando a valorização da cota. A liquidez também tende a
aumentar, o que pode contribuir para aproximar o valor de mercado da
cota patrimonial. Pelo último dado disponível, do dia 6 de outubro, o
fundo era negociado em Bolsa com deságio de 5,09%, a R$ 104,79.
Abraços,
Nossa equipe
Luciana Seabra
Alessandra Bellotto
Rodrigo Xavier
É gerente de fundos de investimentos na Spiti. Formado em Economia com pós-
graduação em mercados financeiros, Rodrigo passou os últimos 13 anos na Anbima, a
entidade que reúne os principais bancos e gestoras de recursos. Com experiência na área
de estatísticas de fundos, com elaboração de relatórios, tratamento e construção de base
de dados, na Spiti, terá como foco a análise quantitativa, monitorando de perto os
nossos fundos recomendados e potenciais futuras indicações.
Vinicius Kenjiro