Você está na página 1de 25

REBALANCEAMENTO DE CARTEIRA

INTRODUÇÃO 4

CONSTRUINDO UMA CARTEIRA HIPOTÉTICA PARA


TESTE 7

IMPLEMENTANDO O REBALANCEAMENTO 10

REBALANCEAMENTO MENSAL 12

REBALANCEAMENTO POR FAIXAS 13

O PRÓXIMO PASSO 19

CONCLUSÕES 21

NOTIFICAÇÃO 23

SOBRE O AUTOR: 24

Lauro Araújo
2
Lauro Araújo
3
INTRODUÇÃO

O principal objetivo de um investidor inteligente é aumentar


ao máximo o retorno de sua carteira (um conjunto de
investimentos), sem assumir mais risco do que gostaria ou
tolera. Esse assunto me fascina há mais de 20 anos.

Em 1998, quando eu trabalhava na Bradesco Templeton,


tivemos acaloradas discussões sobre o tema e eu comecei a
estudá-lo profundamente. O resultado desse estudo foi a
publicação de um trabalho, em 1999, com um modelo de
ajuste, ou rebalanceamento, de carteiras que aumentava a
sua eficiência, ou seja, melhorava o retorno sem aumenta o
risco.

Eu nunca me distanciei do tema. Ao longo de minha vida como


consultor, assessor e investidor, empreguei (e emprego) o
modelo com sucesso. Além disso venho aprimorando-o
constantemente.

A Moderna Teoria de Carteira nos ajuda a decidir como alocar


os recursos e como montar e gerenciar uma carteira de
investimentos eficiente, aquela que proporciona mais ganhos,
sem assumir muito risco. Essa teoria nos diz, basicamente,
que temos que diversificar, investindo em vários tipos, ou
classe, de ativo que apresentam rentabilidades diferentes ao

Lauro Araújo
4
longo do tempo, o velho e bom conselho de não botar todos
os ovos na mesma cesta.

Investir em várias coisas diferentes é chamado de


diversificação, ela aumenta a rentabilidade e/ou reduz o risco
da nossa carteira. Numa carteira diversifica os investimentos
vão crescendo em velocidades distintas. Investimentos mais
conservadores tendem a crescer lentamente. Os mais
arriscados tendem a crescer mais rápido, mas podem diminuir
também, pelo próprio risco que carregam.

Normalmente as pessoas montam suas carteiras de


investimentos e depois se esquecem e não dão mais a atenção
necessária.

Isso é péssimo para seus investimentos. Como tudo na vida


uma carteira de investimentos necessita atenção e carinho.

Quando um determinado investimento, ou classe de ativos


(por exemplo ações) se valoriza muito mais do que as demais,
seu valor relativo aos outros investimentos cresce, ou seja, a
quantidade de dinheiro investido nele cresce, fazendo com
que ele seja uma parcela maior da nossa carteira de
investimentos.

Lauro Araújo
5
O inverso também é verdade, se o valor das ações cair muito
em relação às demais classes de ativos, o montante investido
em ações se reduz. A quantidade de dinheiro que temos
aplicado na bolsa diminui, o percentual de nosso dinheiro
investido em ações diminui.

Vamos a um exemplo. Você tem R$100 e aplica R$50 em um


fundo DI e R$50 em um fundo de ações (IBOVESPA). Você fica
com metade do seu dinheiro em ações e outra metade em
CDI. Se o valor das ações dobrar seu fundo IBOVESVA passa a
valer R$100. O seu dinheiro total (o valor da sua carteira)
cresce para R$150. Note que a maior parte do seu dinheiro
está, agora, investido em ações. São 66,66% (R$100/R$150)
da sua riqueza aplicado no fundo IBOVESPA e 33,34% no
fundo CDI.

Note que sua carteira mudou muito, ela tem mais dinheiro
investido em ações do que inicialmente. O fato é que o risco
dos seus investimentos subiu porque você tem mais aplicado
na bolsa, que carrega muito mais risco do que o fundo DI.
Agora eu te pergunto. Isso é bom ou ruim?

Nesse livro vou lhe mostrar que essa pode não ser uma
situação ideal. Além disso vou compartilhar com você um
modelo que tornará sua carteira de investimentos mais
eficiente. Você investirá como os profissionais e, no longo
prazo, ganhará mais dinheiro. De quebra, seu risco fica
controlado.

Lauro Araújo
6
CONSTRUINDO UMA CARTEIRA HIPOTÉTICA
PARA TESTE

Nada melhor do que um exemplo prático para entendermos


bem o comportamento da nossa carteira ao longo do tempo.

Imagine que estamos em janeiro de 1995i e temos R$100,00


para investir. O que fazer com esse dinheiro? Observando o
princípio de diversificação, decidimos não “colocar todos os
ovos na mesma cesta” e investimos R$50,00 em ações (um
fundo com uma rentabilidade idêntica à do IBOVESPA, ou
(BOVA11), e R$50,00 em um fundo DI (que rende o CDI,
principal e mais popular índice de renda fixa no Brasil).

Para poder comparar o valor daquele dinheiro investido em


1995 com o valor do dinheiro hoje vamos descontar a inflação.
Ou, tirar da nossa rentabilidade o quanto a inflação “comeu”
do nosso dinheiro. Chamamos esse “desconto” de
deflacionar.

Considerando agora que estamos em abril de 2019, quanto


dinheiro nós temos? A resposta é R$638,94. Ou seja, nosso
dinheiro aumentou 6 vezes (acima da inflação). Só por
curiosidade, se não descontarmos a inflação, esse valor sobe
para R$3.227.

Lauro Araújo
7
Valor das Carteiras
R$900
R$800
R$700
R$600
R$500
R$400
R$300
R$200
R$100
R$0
30/9/97
31/8/98
31/7/99
30/6/00
31/5/01
30/4/02
31/3/03
27/2/04
31/1/05

30/9/08
31/8/09
30/7/10
30/6/11
31/5/12
30/4/13
31/3/14
27/2/15
29/1/16
31/12/94
30/11/95
31/10/96

30/12/05
30/11/06
31/10/07

30/12/16
30/11/17
31/10/18
Ibov CDI Total

Gráfico 1 – Valor Atual de 3 Carteira Que Iniciam Com R$100


em Janeiro de 1995.

O Gráfico1 mostra o valor (descontada a inflação) de 3


carteiras diferentes. A linha azul mostra o quanto de dinheiro
temos hoje se tivéssemos aplicado R$100 na bolsa, o
resultado obtido foi de R$432. A linha vermelha, se
tivéssemos aplicado a mesma quantia no CDI, o resultado foi
de R$846. A verde é o valor do nosso exemplo, que em 1995
investiu R$50 em CDI e R$50 em bolsa (IBOVESPA), que gerou
um valor final de R$639.

Note que a carteira que só investe no CDI ganha das outras


duas. Será que o retorno proporcionado por ações ao longo
dos últimos quase 25 anos não compensou? Os números
mostram que não.

Lauro Araújo
8
É importante comentar que tivemos algumas crises nesse
período. Em março de 2000 a “bolha” das ações de internet
explodiu nos Estados Unidos causando uma enorme queda
em todas as bolsas do mundo. Esse período pode ser
claramente visto no gráfico 1.

Depois, em 2008, tivemos o estouro de mais uma “bolha”, a


do sub-prime, que arrasou todos os mercados. Que também
pode ser facilmente identificada no gráfico 1.

Além disso, jogando a favor do CDI, tivemos longos períodos


de taxas de juros muito altas no Brasil, se não a mais alta do
mundo. Esses fatores explicam essa rentabilidade mais baixa
para a bolsa quando comparada com a do CDI.

Olhando os dados passados isso é mesmo verdade. Se você


tivesse deixado seu dinheiro no CDI esse tempo todo você
teria hoje R$846, já descontada a inflação no período. Esse
investimento (metade na bolsa e metade no CDI) rendeu R$
R$639. Simplesmente foi pior. Não tem como discutir isso.

Se esse cenário dos últimos 25 anos se repetir no futuro tudo


indica que investir em ações pode não ser a melhor estratégia.
Entretanto, se o país entrar em um longo ciclo de crescimento
com as contas do governo sob controle e taxas de juros mais

Lauro Araújo
9
“civilizadas”, sem dúvida investir em bolsa será um ótimo
negócio. Difícil dizer o que vai acontecer no futuro.

IMPLEMENTANDO O REBALANCEAMENTO

Com base nas informações do gráfico 1, um investidor


inteligente logo perguntaria: Eu podia ter feito alguma coisa
diferente para melhorar essa rentabilidade?

A resposta é sim. Você poderia ter feito o rebalanceamento.

O rebalanceamento é o processo de ajustar a carteira, de


tempos em tempos, para termos a mesma proporção de
dinheiro investido em cada uma das classes de ativos. No
nosso exemplo estamos aplicando a metade do nosso
dinheiro em cada fundo, CDI e IBOVESPA, vamos seguir com
esse exemplo. Em um determinado período, pode ser mês,
trimestre, semestre, você pega seu dinheiro e coloca metade
em cada um dos fundos, voltando para a proporção de 50%
em cada. Podia ser outra proporção. Se no início você colocou
30% em bolsa e 70% no CDI, no final do mês você faz a mesma
coisa, colocando 30% e 70% em cada um.

Esse ajuste é vender um pouco do que rendeu muito e


comprar o que rendeu menos, de forma a ter a mesma

Lauro Araújo
10
proporção que tinha no início. No nosso exemplo metade do
dinheiro em cada um deles. Se no final de um determinado
período você veja que tem R$80 na bolsa e R$60 no CDI. O
valor total da sua carteira é de R$140 (R$80 + R$60). Para
rebalancear a carteira você tira R$10 da bolsa e coloca no
fundo DI. Dessa forma você fica com metade do seu dinheiro
em cada um deles.

Com o rebalanceamento garanto que a rentabilidade da


carteira vai melhorar, no longo prazo. Sabemos que a bolsa
(ou o preço das ações) tem ciclos de altas e baixas de longo
prazo. Fazendo o rebalanceamento estamos nos obrigando a
comprar quando os preços caem (comprar mais barato) e
vender quando o preço sobe (vendendo caro), capturando
melhor esses ciclos. Perceba que se o fundo IBOVESPA subir
muito temos que vender para rebalancear (vendendo na alta).
Se ele cair muito temos que comprar, mais barato.

Essa técnica funciona para qualquer tipo de investidor. Se


você é conservador e só tem 20% do seu dinheiro em bolsa,
ou se for agressivo e tem 80% em bolsa essa técnica vai te
ajudar muito. O importante é fazer o rebalanceamento de
forma a voltar com a proporção inicial, seja ela qual for.

Lauro Araújo
11
REBALANCEAMENTO MENSAL

Para testar se o rebalanceamento realmente funciona vamos


fazer o seguinte. Todo final de mês, independente do que
aconteceu, nós vamos dividir todo nosso dinheiro em partes
iguais, e vamos aplicar metade na bolsa e a outra metade no
CDI, voltando ao percentual inicial de 50% em cada um deles.
A isso damos o nome de rebalanceamento mensal, todos os
meses redistribuímos nosso dinheiro, %50 na bolsa e 50% no
CDI.

Valor da Carteira Com Rebalanceamento


R$900
R$800
R$700
R$600
R$500
R$400
R$300
R$200
R$100
R$0
30/9/97
31/8/98
31/7/99
30/6/00
31/5/01
30/4/02
31/3/03
27/2/04
31/1/05

30/9/08
31/8/09
30/7/10
30/6/11
31/5/12
30/4/13
31/3/14
27/2/15
29/1/16
31/12/94
30/11/95
31/10/96

30/12/05
30/11/06
31/10/07

30/12/16
30/11/17
31/10/18

Ibov CDI Total Rebal. Mês

Gráfico 2 – Rebalanceamento Mensal

O gráfico 2 é exatamente igual ao 1 só que com uma curva


roxa, o valor da carteira com o rebalanceamento mensal. No
nosso exemplo essa carteira termina o período com o valor de

Lauro Araújo
12
R$787,67. A carteira sem rebalanceamento fica com o valor
final de R$639. Note, também, que ao longo de praticamente
todo o tempo essa curva fica acima da verde, que é a que não
tem rebalanceamento. Como disse esse rebalanceamento
melhorou muito o resultado dos nossos investimentos.

Note também que de junho de 2006 até abril de 2008 e de


fevereiro de 2009 até abril de 2011 (depois da crise do sub-
prime) a rentabilidade dessa carteira com rebalanceamento
foi melhor que a rentabilidade do CDI. A crise política que
culminou com o impeachment de Dilma Rousseff destruiu
muito valor e desde então nossa carteira não conseguiu se
recuperar. Mas você tem que reconhecer que o
rebalanceamento agregou muito valor. Ele agregou R$149 à
rentabilidade da carteira sem rebalanceamento.

REBALANCEAMENTO POR FAIXAS

Bem, aqui o investidor inteligente voltará a perguntar: Eu


podia ter feito alguma coisa diferente para melhorar essa
rentabilidade?

Já não melhoramos bem? Não. Melhoramos, mas quero mais.


Então vejamos. Existe outra técnica que não liga para o
tempo. Ela está mais preocupada em melhorar a eficiência
desse rebalanceamento sem se preocupar com o tempo.

Lauro Araújo
13
Chamamos essa técnica de rebalanceamento por faixas ou
por bandas.

Nessa técnica determinamos uma banda, onde não faremos


nada. Essa banda pode ser de 10%. Ou seja, se a quantidade
de dinheiro investido em cada fundo (classe de ativo) ficar
entre de 40 e 60% do total de dinheiro que temos, não
fazemos nada. Então temos um teto de 60% e
obrigatoriamente um piso de 40%. Sempre que nosso
investimento em qualquer um dos dois passar de 60% (ou cair
abaixo de 40%) fazemos o rebalanceamento. Vendemos o que
subiu mais e compramos o que subiu menos ou que caiu, para
voltarmos a ter metade do nosso dinheiro em cada um.

Ao fazer isso estamos vendendo um pouco do que está caro e


compramos um pouco do que está barato, melhorando a
eficiência da nossa carteira.

Com uma banda de 10% o valor da nossa carteira vai para


R$791. Temos uma pequena melhora. O rebalanceamento
mensal nos gera um resultado, em abril de 2019 de R$787. O
ganho com essa banda é pequeno. Essa pequena melhora não
nos possibilita ganhar do CDI. Tem como melhorar ainda
mais?

Lauro Araújo
14
Como estamos trabalhando com uma série histórica, sabemos
que nesse período a bolsa oscilou muito. Uma banda menor
(mais estreita) nos obriga a comprar bolsa no meio da
tendência de queda ou vender no meio da tendência de alta.

Quando compramos no meio da tendência de queda


perdemos, pois compramos algo que cairá mais. Em uma
tendência de alta a banda mais estreita nos obriga a vender
algo que ainda está subindo, vendendo algo que vai se
valorizar mais. Se usarmos uma banda maior vamos capturar
melhor a tendência. Com uma banda de 25% a situação muda
muito.

Antes de seguir você pode estar pensando que definir uma


banda conhecendo os resultados passados é fácil. Eu já sei
qual foi o tamanho dos movimentos de alta e de queda da
bolsa então fica fácil definir a banda. Você está corretíssimo,
sabendo o que aconteceu eu tenho uma boa ideia de como
definir a banda.

O importante é você perceber que está claro que mesmo


definindo uma banda que não seja a ótima o resultado da sua
carteira de investimentos melhora bastante. Já provei isso
para você. Definir uma banda é melhor que não ter nenhuma.
A técnica é muito boa e ajuda muito a melhorar a sua carteira.

Lauro Araújo
15
Ao questionar qual o tamanho ideal da banda você já
percebeu uma outra coisa importante: Determinar o tamanho
da banda que vai funcionar melhor no futuro é o “X” da
questão. Sem dúvida isso é muito válido. Mas também é
importante reconhecer que em investimentos nem tudo é
técnica. Se fosse, seria fácil. A técnica vai até um certo ponto,
para irmos mais longe temos que usar a arte. Usar uma banda
é técnica, você já pode fazer isso agora e fazendo já vai
melhorar seus investimentos. Definir a melhor banda que
maximiza o valor futuro de sua carteira já é uma arte. Com o
tempo você vai aprender e determinará bandas muito
melhores. Não tem como ser diferente.

Desenvolvi outros modelos para o estabelecimento de bandas


como o de intra-bandas, o semi- discricionário e o dinâmico.
Outra técnica que usei com sucesso foi o emprego da
volatilidade futura, ou a volatilidade implícita nas opções de
índices de ações.

São modelos bem avançados e deixaremos para uma


publicação futura. O importante é você perceber que mesmo
um modelo mais simples, como o de rebalanceamento mensal
(ou trimestral ou semestral) ou por bandas, pode agregar
valor à sua carteira. Apesar de relativamente simples, ela já te
leva mais longe em montar uma carteira melhor.

Vamos agora voltar ao nosso exemplo prático. A banda de


10% acabou gerando um resultado muito parecido com o

Lauro Araújo
16
rebalanceamento mensal. Sem dúvida, uma banda estreita
provoca muitos rebalanceamentos e acaba ficando parecido
com o mensal.

Para o período que estamos estudando testei várias bandas e


a de 25% apresentou ótimos resultados. Seus limites são:
inferior = 25% e superior = 75%. Sempre que a quantidade de
dinheiro investido em bolsa ficar abaixo de 25% do total,
resgatamos dinheiro do fundo DI e aplicamos na bolsa. Se o
montante investido em bolsa for maior que 75%, fazemos o
contrário, tiramos dinheiro da bolsa e colocamos no CDI,
voltando a nossa carteira para o ponto inicial de metade do
dinheiro em cada tipo de investimento.

Bandas maiores causam menos rebalanceamentos e nos


obriga a comprar mais próximo do final da tendência de baixa
e vender mais próximo do final da tendência de alta. Com essa
banda de 25% o valor da carteira em abril de 2019 é de R$976.
Finalmente temos uma carteira que ganha do CDI.

Lauro Araújo
17
Rebalanceamento Por Banda
R$1.200

R$1.000

R$800

R$600

R$400

R$200

R$0
30/9/97
31/8/98
31/7/99
30/6/00
31/5/01
30/4/02
31/3/03
27/2/04
31/1/05

30/9/08
31/8/09
30/7/10
30/6/11
31/5/12
30/4/13
31/3/14
27/2/15
29/1/16
31/12/94
30/11/95
31/10/96

30/12/05
30/11/06
31/10/07

30/12/16
30/11/17
31/10/18
CDI Total Rebal. Mês Banda 25%

Gráfico 3 – Rebalanceamento Com Uma Banda de 25%

O gráfico 3 compara as 4 carteiras diferentes. A curva


vermelha continua sendo a evolução do valor da carteira que
só aplica no fundo DI. A curva verde é a carteira que não faz
rebalanceamento (buy and hold). A curva roxa é a carteira que
faz o rebalanceamento mensal e a curva azul claro mostra a
evolução do valor da carteira que que faz o rebalanceamento
com uma faixa de 25%, a que gera maior ganho final.

Notamos claramente que essa curva fica a maior parte do


tempo acima da curva vermelha, a curva do CDI. Isso significa
que na maior parte do tempo o valor da carteira ganha do CDI.
Quando há uma forte queda na bolsa ela cai abaixo da
vermelha, ou seja, perde do CDI. Isso é normal e esperado.
Lembre-se que essa carteira tem mais risco que o CDI ela
oscila mais. Esse risco foi recompensado pois vemos que ela
se mantém, na maior parte do tempo, acima da vermelha.

Lauro Araújo
18
O PRÓXIMO PASSO

Após analisarmos como o valor de uma carteira com duas


classes de ativo evolui ao longo do tempo, usando algumas
técnicas de rebalanceamento, é importante dizer que se você
tem uma carteira diversificada o rebalanceamento agregará
mais resultados ainda.

É normal as pessoas investirem em vários tipos de renda fixa,


como o Tesouro IPCA, o prefixado e o Tesouro SELIC. Alguns
investem também em fundos imobiliários e no exterior.
Quanto mais diversificada for sua carteira mais valor o
rebalanceamento agregará.

Isso acontece principalmente por dois motivos:

1- A diversificação já aumenta a eficiência da carteira


pois as classes distintas apresentam, normalmente,
correlações baixas, melhorando em muito a relação
risco e retorno final
2- As tendências dos diferentes mercados causarão
rebalanceamentos mais eficientes.

Uma carteira bem diversificada, de médio / alto risco, pode


apresentar a seguinte composição:

Lauro Araújo
19
Classe de Ativo %
IBOVESPA 20
CDI 30
Tesouro Prefixado (longo) 15
Tesouro IPCA + (longo) 15
Ações Internacionais 10
Fundos Multimercado 10
Total 100
Tabela 1 – Carteira Diversificada.

Neste presente trabalho não apresentaremos os resultados


dessa carteira, modelos mais complexos estão além do nosso
objetivo atual que é apresentar, de forma simples, com
exemplos práticos, o conceito de rebalanceamento.

Modelos com muitas classes podem ser chatos e eles


demandam mais tempo para a sua explicação. O mais
importante é dizer que venho ao longo de muitos anos
testando, aplicando e aprimorando esses modelos com
ótimos resultados para carteiras com muitos tipos diferentes
de investimentos. Como dito anteriormente, carteiras com
maior diversificação se beneficiam muito desse método de
rebalanceamento.

Lauro Araújo
20
CONCLUSÕES

Já estudo esse tema desde 1997. Fiz inúmeros testes e


apliquei na prática o modelo de rebalanceamento, inclusive
em períodos bem menores do que o apresentado aqui. Meus
estudos mais aprofundados com diferentes janelas moveis de
tempo de 24, 48 e 60 meses, em series de 5, 10 e 15 anos,
mostram que o rebalanceamento agrega valor na maior parte
do tempo, quer seja diminuindo o risco médio ou
aumentando o ganho da carteira.

Portanto é seguro concluir que rebalancear a carteira é


importante e pode tanto aumentar a sua rentabilidade quanto
manter o risco mais próximo do nível desejado. Dois pontos
muito importantes para você considerar nos seus
investimentos.

A técnica de rebalanceamento que apresentou o melhor


resultado foi a com rebalanceamento por faixas. Podemos,
intuitivamente, imaginar que em períodos de mercado sem
tendência o rebalanceamento por faixas demandará menos
alterações na carteira, o que é bom.

Vimos também que determinar o tamanho da banda para


rebalanceamento é um fator muito importante que impacta

Lauro Araújo
21
muito o resultado. Definir uma banda ideal é difícil e requer
mais do que técnica, essa definição chega a ser uma arte.
Vimos que bandas muito estreitas não são boas, na maioria
do tempo, elas nos obrigam a ajustar a carteira com muita
frequência. Por outro lado, uma banda muito grande é o
mesmo que não fazer qualquer rebalanceamento.
Prejudicando a carteira.

Outros testes práticos que realizei também mostram que


tanto carteiras conservadoras, quanto agressivas apresentam
ganhos interessantes usando essa técnica, mas são as
carteiras moderadas que mais se valem desse modelo,
melhorando muito sua rentabilidade.

Finalmente, neste estudo não consideramos custos


operacionais. Todo rebalanceamento tem custo que surge na
forma de taxas, impostos, emolumentos e até mesmo a
diferença entre os preços de compra e venda dos ativos. Fazer
muitos rebalanceamentos pode acabar com o ganho devido a
altos custos operacionais.

Vale ressaltar que o resultado obtido é dependente dos dados


empregados e pode não funcionar sempre ou em qualquer
condição de mercado.

Lauro Araújo
22
Assim, estabelecer a forma de rebalancear sua carteira é
importante e pode agregar valor a seus investimentos.
Considerar esse detalhe em sua carteira é muito importante
e, no longo prazo, produzirá resultados.

NOTIFICAÇÃO

O presente estudo é de autoria de Lauro Araujo e tem todos


os seus diretos reservados. É permitida sua reprodução
apenas na íntegra e sem qualquer alteração. Não é permitida
sua venda ou obtenção de qualquer vantagem com seu uso.

O presente trabalho é direcionado a Investidores


Qualificados e não constitui recomendação de investimento
ou recomendação de compra ou de venda de qualquer
instrumento financeiro em qualquer jurisdição.

As informações apresentadas são meramente informativas,


baseadas em determinadas suposições e nas condições
atuais e passadas de mercado. As informações, opiniões e
avaliações, dentre outros, estão sujeitas a alterações sem
aviso prévio. O autor não se responsabiliza pela exatidão ou
completude das informações aqui contidas nem se
responsabiliza por eventuais prejuízos de qualquer natureza
em consequência do uso destas informações.

O Investidor deve fazer uma avaliação independente das


questões jurídicas, regulatórias, tributárias, de crédito e de
contabilidade, dentre outras, e determinar, por meio próprio

Lauro Araújo
23
ou com outras partes, as implicações e bases para sua
decisão de investimentos.

Os instrumentos financeiros e investimentos mencionados


nesse trabalho podem não ser adequados ou apropriados
aos seus objetivos. Portanto não tome decisão de
investimentos baseado apenas nesse trabalho e opinião do
autor.

Retornos passados não são, nem podem ser, garantia de


retornos futuros. Preços, taxas e valores de ativos são
imprevisíveis e podem mudar a qualquer momento.

É de responsabilidade do próprio investidor se garantir de


que obteve toda a informação disponível e relevante antes
de tomar qualquer decisão de investimento.

SOBRE O AUTOR:

Lauro Araujo ingressou no mercado financeiro em 1982, no


Unibanco. Trabalhou em instituições nacionais e
internacionais, atuando tanto no mercado Brasileiro quanto
Americano e Canadense. Passou por instituições tais como
BM&F - Bolsa de Mercadorias e Futuros, Banco Sudameris,
Bradesco Templeton Asset Managnagement e JP Morgan
Asset Management.

Foi o líder do escritório do Brasil da Mercer Investment


Consulting, empresa de consultoria global especializada em

Lauro Araújo
24
Fundo de Pensão. Trabalhou por quase três anos na Mercer
em Toronto, Canadá como Consultor e Analista de Gestão.

Tem cinco livros publicados: “Guia de Investimentos –


Planejando a Poupança; Avaliando o Risco”; “Opções: Do
Tradicional ao Exótico”; “Derivativos - Definições, Emprego e
Risco”; “ Fique Rico e Viva Feliz” e “ A riqueza Das Pessoas”,
além de vários artigos publicados em revistas nacionais e
internacionais e na Revista ABRAPP. Foi coautor de diversas
publicações da ABRAPP. Foi professor do MBA do IBMEC,
FGV, Bovespa e BM&F.

Formou-se em Administração de Empresas (1985) e tem


Mestrado (M.Phil.) em International Finance, pela The
Glasgow University (1989).

i
A data de janeiro de 1995 foi escolhida para trabalharmos
com a fase “pós plano Real”. Entretanto, estudos com series
históricas mais longas não altera substancialmente as
principais conclusões aqui apresentadas.

Lauro Araújo
25

Você também pode gostar