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Texto de Apoio de Língua Portuguesa-11ª Classe III Trimestre 2023

UNIDADE TEMÁTICA XIII: TEXTOS NORMATIVOS

Lei nº 22/2019, 26 de Novembro


Lei da Família
(Do capítulo II, Efeitos de Filiação Secção 1, Disposições gerais, Artigo 286 ao Artigo 442, Entrada em vigor)

Questões de pré-leitura
1. Menciona dois deveres mú tuos entre pais e filhos.
2. Menciona dois deveres dos filhos.
3. O que é poder parental?
4. Quando é que cessa o poder parental?
5. Qual é a diferença no tratamento de filhos nascidos dentro e fora do casamento, em
relaçã o ao poder parental?
6. Explica o princípio de irrenunciabilidade do poder parental.
7. Quem exerce o poder parental quando um dos progenitores perde a vida?
8. Em que circunstâ ncias um progenitor pode ser impedido de exercer o poder parental?
9. Em caso de morte dos progenitores, que meios sã o usados para suprir o poder parental?
10. O que é tutela?
11. Qual é a diferença entre tutela e adopçã o?
12. Quem pode ser adoptado?
13. Quem pode adoptar?
14. O Senhor Joã o tem 30 anos de idade e a sua esposa tem 27. Eles pretendem adoptar
uma jovem de 17 anos. Segundo a lei em aná lise, será que poderã o adoptá -la?
15. Em caso de divó rcio, quem tem obrigaçã o de prestar alimento ao outro?

CAPÍTULO II
Efeitos da Filiação
SECÇÃ O I
Disposiçõ es gerais
A RTIGO 289
(Deveres de pais e filhos)
1. Os pais e filhos devem-se mutuamente respeito, cooperaçã o, auxílio e assistência.

2. O dever de assistência compreende a obrigaçã o de prestar alimentos e a de contribuir, durante a vida em


comum, para os encargos da vida familiar, de acordo com os recursos pró prios.
3. Os filhos devem assistir os pais sempre que estes careçam de alimentos nos termos do disposto nos artigos
417 e seguintes da presente Lei.
A RTIGO 290
(Dever de solidariedade familiar)
1. Os filhos têm o especial dever de estimar, obedecer, respeitar e ajudar os pais e demais parentes na
linha recta.
2. Os filhos maiores têm o dever de concorrer para a manutençã o dos pais, sempre que estes se
encontrem em situaçã o de necessidade.
3. O dever estabelecido no nú mero 2 do presente artigo é extensivo aos avó s, irmã os e tios.

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4. Os avó s, os irmã os, os tios e os primos têm o dever de cuidarem e sustentarem os familiares menores,
quando estejam em situaçã o de orfandade ou abandono.
ARTIGO 291
(Direitos dos filhos)
1. Os filhos menores têm direito a serem protegidos, assistidos, educados e acompanhados no seu
desenvolvimento físicoe emocional.
2. Os filhos têm direito a serem representados pelos respectivos ascendentes e na falta destes,
sucessivamente, pelos colaterais até ao 4.º grau.
SECÇÃ O II
Poder parental
Subsecçã o I
Disposiçõ es Gerais
ARTIGO 292
(Duração do poder parental)
Os filhos estã o sujeitos ao poder parental até atingir a maioridade ou a emancipaçã o.
ARTIGO 293
(Conteúdo do poder parental)
1. O poder parental consiste no especial dever que incumbe aos pais de, no superior interesse dos filhos,
garantir a sua protecçã o, saú de, segurança e sustento, orientando a sua educaçã o e promovendo o seu
desenvolvimento harmonioso.
2. O poder parental inclui igualmente a representaçã o dos filhos menores, ainda que nascituros, bem como a
administraçã o dos seus bens.
3. Os pais, de acordo com a maturidade dos filhos, devem ter em conta a sua opiniã o nas questõ es da vida
familiar e reconhecer-lhes autonomia na organizaçã o da pró pria vida.
ARTIGO 297
(Irrenunciabilidade)
Os pais nã o podem renunciar ao poder parental nem a qualquer dos direitos e deveres que aquele
especialmente lhes confere, sem prejuízo do que na presente Lei se estabelece acerca da família
de acolhimento e da adopçã o.

ARTIGO 298
(Filho nascido fora do casamento ou da união de facto)
O pai ou a mã e nã o pode desobrigar-se dos seus deveres em relaçã o a filho concebido na constâ ncia do
casamento ou da uniã o de facto que nã o seja filho do seu cô njuge ou do seu companheiro da uniã o de facto,
mas nã o pode introduzi-lo no lar conjugal, sem o consentimento do outro cô njuge ou companheiro da uniã o
de facto.
SUBSECÇÃ O II
Poder parental relativamente à pessoa dos filhos
ARTIGO 299
(Educação)
1. Cabe a ambos os pais, de acordo com as suas possibilidades e com o superior interesse dos seus filhos,
promover o desenvolvimento físico, intelectual e moral daqueles.
2. Os pais devem proporcionar aos filhos, em especial aos portadores de deficiência física ou mental,
instruçã o geral e profissional adequada à s aptidõ es e inclinaçõ es de cada um.
ARTIGO 300
(Formação do carácter e da personalidade)
Nas relaçõ es paterno-filiais, os pais devem transmitir os valores éticos, morais, familiares e culturais
estruturantes de uma personalidade equilibrada e tolerante no respeito pela família e
pelos mais velhos.
ARTIGO 301
(Afectividade)
Os pais devem basear as relaçõ es paterno-filiais na compreensã o e no diá logo, de forma a corresponder à s
necessidades afectivas e de desenvolvimento harmonioso dos respectivos filhos.
ARTIGO 302
(Convívio familiar)
Os pais nã o podem, injustificadamente, privar os filhos de conviver com os irmã os, descendentes,
ascendentes e demais parentes.

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ARTIGO 303
(Abandono do lar)
1. Os menores nã o podem abandonar a casa de morada de família ou aquela que os pais lhe tiverem
destinado, nem dela ser retirados.
2. Se a abandonarem ou dela forem retirados, qualquer um dos pais e, em caso de urgência, as pessoas a quem
eles tenham confiado o filho podem reclamá -lo, recorrendo, se necessá rio, ao
tribunal ou à autoridade competente.

ARTIGO 320
(Impedimento de um dos pais)
Se um dos pais nã o puder exercer o poder parental por ausência, impossibilidade temporá ria, incapacidade
ou outro impedimento, cabe unicamente ao outro progenitor o exercício daquele poder.
ARTIGO 321
(Viuvez)
Em caso de viuvez de um dos pais, o poder parental pertence ao progenitor sobrevivo.
ARTIGO 322
(Exercício do poder parental em caso de divórcio, separação,
anulação do casamento ou cessação da união de facto)
1. Em caso de divó rcio, separaçã o judicial, anulaçã o do casamento ou cessaçã o da uniã o de facto, o tribunal
que tenha decretado tais providências deve ordenar a notificaçã o dos progenitores, para no prazo de 10 dias
apresentarem o correspondente acordo sobre o exercício do poder parental, que é homologado logo de
seguida.
2. Nã o sendo apresentado o acordo pelos progenitores, o tribunal comunica esse facto ao curador de menores
para os fins estabelecidos na lei.
3. Em caso de separaçã o de facto, bem como de cessaçã o da uniã o de facto, os progenitores podem acordar
sobre o modo do exercício do poder parental que é homologado pelo tribunal competente.
4. Os pais podem ainda acordar que determinados assuntos sejam resolvidos por acerto de ambos ou que a
administraçã o dos bens do filho seja exercida pelo progenitor que nã o tiver a sua guarda.
5. O acordo alcançado pelos progenitores deve ser recusado se nã o corresponder ao superior interesse do
menor, incluindo o interesse de ele manter relaçã o de proximidade com o progenitor a quem nã o tiver sido
confiada a guarda.

SUBSECÇÃ O V
Inibiçã o e limitaçõ es ao exercício do poder parental
ARTIGO 328
(Inibição de pleno direito)
1. Consideram-se inibidos de pleno direito do exercício do poder parental:
a) os condenados definitivamente por crime a que a lei atribua esse efeito;
b) as reincidentes por crime de lenocínio e de corrupçã o de menores;
c) os interditos e os inabilitados por anomalia psíquica;
d) as pessoas sujeitas, nos termos do nú mero 1 do artigo 89.º do Có digo Civil, ao instituto de curadoria, desde
a nomeaçã o de curador.

ARTIGO 329
(Cessação da inibição)
A inibiçã o de exercício de pleno direito de poder parental cessa pelo levantamento da interdiçã o ou
inabilitaçã o e pelo termo da curadoria.
ARTIGO 332
(Alimentos)
A inibiçã o do exercício do poder parental em nenhum caso isenta os pais do dever de alimentarem o filho.
SECÇÃ O III
Meios de suprir o poder parental
SUBSECÇÃ O I
Disposiçõ es gerais
ARTIGO 339
(Meios de suprir o poder paternal)
O poder parental é suprido por meio da tutela ou da família de acolhimento.
ARTIGO 340
(Menores sujeitos a tutela)
1. O menor está obrigatoriamente sujeito à tutela se os pais:

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a) tiverem falecido;
b) estiverem inibidos do poder parental quanto à regência da pessoa do filho;
c) estiverem há mais de 6 meses impedidos de facto de exercer o poder parental;
d) forem incó gnitos.
2. Havendo impedimento de facto dos pais, deve o Ministério Pú blico tomar as providências necessá rias à
defesa do menor, independentemente do decurso do prazo referido na alínea c) do nú mero 1 do presente
artigo, podendo para o efeito promover a nomeaçã o de pessoa que, em nome do menor, celebre os negó cios
1. jurídicos que sejam urgentes ou de manifesto proveito para este.
SUBSECÇÃ O III
Família de acolhimento
ARTIGO 390
(Noçã o)
1. A família de acolhimento é um meio alternativo de suprir o poder parental, proporcionando ao menor
ó rfã o, filho de pais incó gnitos, abandonado ou desamparado a integraçã o numa família que o recebe e trata
como filho, ressalvadas as especificidades constantes na presente subsecçã o.
2. A inserçã o do menor em família de acolhimento só é decretada pelo tribunal competente, verificada a
impossibilidade de adopçã o ou de constituiçã o da tutela.

TÍTULO V
ADOPÇÃ O
CAPÍTULO I
Constituiçã o do Vínculo da Adopçã o
ARTIGO 398
(Forma de constituiçã o)
O vínculo da adopçã o estabelece-se por sentença judicial.
ARTIGO 399
(Conteú do)
Da adopçã o resulta para o adoptante e adoptado relaçõ es familiares semelhantes à s da filiaçã o natural, com
idênticos direitos e deveres.
ARTIGO 400
(Requisitos gerais)
1. A adopçã o só pode ser decretada quando apresentar vantagens concretas para o adoptado, nã o puser em
causa as relaçõ es e os interesses de outros filhos do adoptante e se verificar que o adoptando e a família
adoptante revelam capacidade de integraçã o.
2. A adopçã o, salvo casos excepcionais, é precedida de um período de adaptaçã o mínimo de seis meses, em
que o adoptando passa gradualmente para os cuidados do adoptante e inicia o processo da sua integraçã o na
família.
RTIGO 402
(Quem pode adoptar)
1. Podem adoptar conjuntamente duas pessoas que reú nam cumulativamente os seguintes requisitos:
a) estejam casadas ou vivam em uniã o de facto há mais de três anos e nã o estejam separadas de facto;
b) tenham mais de vinte e cinco anos de idade;
c) possuam condiçõ es morais e materiais que possibilitem o desenvolvimento harmonioso do menor.
2. Pode ainda adoptar:
a) quem tiver mais de vinte e cinco anos de idade e possua condiçõ es morais e materiais que garantam o sã o
crescimento do menor;
b) quem tiver mais de vinte e cinco anos de idade, sendo o adoptado filho do cô njuge ou do companheiro da
uniã o de facto do adoptante.
3.Só pode adoptar quem tiver menos de cinquenta anos à data em que o menor lhe passou a estar confiado,
excepto se o adoptado for filho do seu cô njuge ou da pessoa com quem viva em uniã o de facto.
4. Salvo casos ponderosos, a diferença de idade entre adoptante e adoptado nã o deve ser inferior a dezoito
anos.

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ARTIGO 404
(Quem pode ser adoptado)
Podem ser adoptados:
a) os menores filhos do cô njuge do adoptante, ou de quem com este viva em uniã o de facto há mais de três
anos, desde que aquele progenitor dê o seu consentimento;
b) os menores de catorze anos que se encontrem em situaçã o de orfandade, de abandono ou de completo
desamparo;
c) os menores de catorze anos filhos de pais incó gnitos;
d) os menores com menos de dezoito anos que, desde idade nã o superior a doze anos, tenham estado à
guarda e cuidados do adoptante.
CAPÍTULO III
Adopçã o Internacional
ARTIGO 416
(Adopçã o internacional)
1. O procedimento para a adopçã o internacional é estabelecido por lei especial.
2. Enquanto nã o for aprovada a lei referida no nú mero 1 do presente artigo aplicam-se as normas processuais
vigentes
TÍTULO V
ALIMENTOS
CAPÍTULO I
Disposiçõ es Gerais
ARTIGO 417
(Noçã o)
1. Por alimentos entende-se tudo o que é indispensá vel à satisfaçã o das necessidades da vida do alimentado,
nomeadamente, o seu sustento, habitaçã o, vestuá rio, saú de e lazer.
2. Os alimentos compreendem também a instruçã o e educaçã o do alimentado no caso de este ser menor ou,
ainda que maior, se encontrar na situaçã o descrita no artigo 295 da presente Lei.
ARTIGO 419
(Modo de os prestar)
1. Os alimentos devem ser fixados em prestaçõ es pecuniá rias mensais, salvo se houver acordo ou disposiçã o
legal em contrá rio, ou se ocorrerem motivos que justifiquem medidas de excepçã o.
2. Se, porém, aquele que for obrigado aos alimentos mostrar que nã o os pode prestar sob a forma de pensã o,
mas tã o somente em sua casa e companhia, assim podem ser decretados, excepto quando o alimentado for
menor e estiver à guarda do outro progenitor, ou quando o alimentado for o cô njuge, em caso de
divó rcio.
ARTIGO 423
(Pessoas obrigadas a alimentos)
1. Estã o vinculados à prestaçã o de alimentos, pela ordem indicada:
a) o cô njuge e o ex-cô njuge;
b) o que se encontre em uniã o de facto;
c) os descendentes;
d) os ascendentes;
e) os irmã os;
f) os tios e outros colaterais até ao 4.º grau;
g) o padrasto e a madrasta relativamente a enteados menores ou incapazes, a cargo exclusivo do respectivo
cô njuge, de que nã o estejam separados de facto, ou do companheiro da uniã o de facto.

ARTIGO 436
ARTIGO 442
(Entrada em vigor)
A presente Lei entra em vigor 30 dias apó s a data da sua publicaçã o.

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Aprovada pela Assembleia da Repú blica, aos 24 de Julho de 2019. — A Presidente da Assembleia da
Repú blica, Verónica Nataniel Macamo Dlhovo.

Promulgada, aos 26 de Novembro de 2019.


Publique-se.
O Presidente da Repú blica, Filipe Jacinto Nyusi.

2. FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA: Casos especiais


 Diminutivos eruditos;
 Derivaçã o parassintética.

2.1. Derivaçã o: abrange um conjunto de processos de formaçã o de palavras que consistem


na adiçã o de elementos dependentes (morfemas presos) a radicais ou bases pré-
existentes para criar novas palavras, com novos significados.

Morfemas presos sã o elementos que se usam na derivaçã o de palavras que nã o podem ser inseridos
numa frase, de forma independente.
Ex.: –mente; -or; -idade; in-; im-; des-; etc.
Morfemas livres: sã o elementos que se usam na derivaçã o de palavras e que sejam igualmente palavras
de pleno direito que se possam inserir numa frase.
Ex.: feliz-; lenta-; -legal; -pedir; -colar; etc.

A derivaçã o pode ser:


 Por prefixação: quando o morfema preso é colocado à esquerda do morfema livre.
Ex.: infeliz; decolar; ilegal; impossível; descongestionar; etc;
 Por sufixação: quando o morfema preso é colocado à direita do morfema livre.
Ex.: felizmente; felicidade; lentamente; trabalhador; talhante; etc.
 Por infixação: quando o morfema preso é colocado dentro do morfema livre. Este tipo
de derivaçã o, embora comum em outras línguas, é quase inexistente na língua
portuguesa.
Ex.: mú sica (de musa); lírica (de lira); giná stica; (de ginasta); métrico (de metro), etc.
Em chamorro
hasso “pensar”
hinasso “pensamento”
nae “dá”
numae “dar”

 Por prefixação e sufixação: quando se adicionam, sequencialmente, dois morfemas


presos ao mesmo morfema livre.
Ex.: infelizmente; ilegalmente; infelicidade; etc.
 Circunfixação: veja 2.3., abaixo.

2.2. Diminutivos eruditos


Para compreendermos o sentido do termo diminutivo erudito, comecemos por analisar as palavras
que o compõ em:
Diminutivo é uma palavra que indica uma versã o pequena de uma entidade e erudito é aquele que
possui um vasto saber académico numa determinada á rea do saber, proveniente de leitura.
Diminutivos eruditos sã o aqueles que, diferentemente dos populares (terminados em –inho/a, -
ito/a), sã o formados usando sufixos de origem latina.
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Sã o chamados diminutivos eruditos, em primeiro lugar, pela sua associaçã o ao latim, língua
conhecida de poucos literatos que, geralmente sã o pessoas eruditas. Em segundo lugar, estes
diminutivos nã o sã o de uso popular, reservando-se para uso em ciências.
Os diminutivos eruditos, segundo Pereira (:116) com recurso aos sufixos –ulo/a e –culo/a que ou as
suas variaçõ es á culo/a; iculo/a; ú sculo/a; ú nculo/ú ncula.
Ex. homuncúnculo; corpúsculo; radícula; gló bulo; opúsculo; versículo; etc.

2.3. Derivação parassintética

Consiste na adiçã o de um morfema constituído por duas partes que se adicionam antes e depois do
radical ou palavra primitiva, em simultâ neo. Este morfema chama-se circunfixo e,
consequentemente, o processo se toma a designaçã o de circunfixaçã o.
Exemplos: envelhecer; esmiuçar; endurecer; empobrecer; enobrecer; ensanguentar;
enlouquecer, etc.

Este processo difere da derivaçã o por prefixaçã o e sufixaçã o pelo facto daquele envolver dois
processos seguidos envolvendo dois morfemas presos ao passo que a parassíntese ou
circunfixaçã o envolve um morfema preso, constituído por duas partes. Prova disso é que no caso
da prefixaçã o e sufixaçã o, é possível retirar um dos morfemas presos e obter uma palavra aceitá vel
na língua portuguesa (infelizmente----felizmente ou infeliz, por exemplo). Em contrapartida, nas
palavras formadas por parassíntese, nã o é possível retirar qualquer parte do circunfixo e obter uma
palavra gramaticalmente aceite em Português, (envelhecer--- *envelh; *velhecer).

Exercícios

1. Do grupo de palavras que se segue, identifica as formadas por parassíntese e os diminutivos


eruditos.

homenzinho, pedrinha, acalmar, evidentemente, acomodar, homú nculo, grâ nulo, enobrecer, ilegal

2. Identifica o elemento estranho a cada conjunto e, em seguida, explica em que é que ele difere dos
outros.
a) homem, carro, anular, carta
b) rapazinho, corpú sculo, sapatinho, portinha
c) portinha, nó dulo, opú sculo, febrícula
d) rejuvenescer, amamentar, enjaular, grâ nulo
e) ilegal, impossível, legalmente, decolar
f) infelizmente, possivelmente, infelicidade, decolagem

3. Tema Transversal: Agricultura- Revolução Verde

1. Com recurso aos manuais de geografia e outros, responde:


1.1. O que é agricultura?
1.2. Menciona 5 tipos de agricultura, existentes.
1.3. O que é revoluçã o verde?
1.4. Onde é que iniciou a revoluçã o verde?
1.5. Quem foi o pioneiro da revoluçã o verde?

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1.6. Quais sã o as características da revoluçã o verde?


1.7. Quais sã o as vantagens da revoluçã o verde?
1.8. Qual é o impacto ambiental da revoluçã o verde?

UNIDADE TEMÁ TICA XIV: TEXTOS ADMNISTRATIVOS


 PROCURAÇÃ O E EXPOSIÇÃ O

1. Textos administrativos
Sã o textos que servem para formalizar um acto administrativo, isto é, tornar oficial uma transaçã o
entre instituiçõ es ou entre uma instituiçã o e uma pessoa singular, (por exemplo um pedido, um
contrato de trabalho, uma chamada para um encontro, etc.)
Devido ao seu cará ter formal, os textos administrativos, geralmente seguem um formato fixo que
usa apenas as palavras estritamente necessá rias, numa linguagem impessoal.
Sã o exemplos de textos normativos o requerimento (um pedido, geralmente feito a uma instituiçã o
por uma pessoa singular), a convocató ria (uma chamada feita por uma pessoa com autoridade
dirigida aos seus subalternos, dentro duma instituiçã o); a acta, a procuraçã o, o aviso, etc.

1.1. Procuração

A procuraçã o é um documento em que uma pessoa (outorgante), concede poderes a outra


(outorgado/procurador) para agir em seu nome durante um período de tempo especificado.

Para que a procuraçã o seja vá lida, ela deve ser assinada pelo outorgante na presença de um notá rio
que deve confirmar, por escrito, que reconhece a assinatura do outorgante e depois carimbar o
documento.
A procuraçã o, quanto ao tipo de poderes concedidos, pode ser:
Geral: quando o outorgante declara que os poderes concedidos sã o absolutos, isto é, o outorgado
ou procurador recebe autorizaçã o para fazer praticamente qualquer acto administrativo em nome
do seu constituinte, ou;
Específica: quando o outorgante determina, no documento, que poderes cede ao seu procurador.
Este tipo de procuraçã o adequar-se-ia melhor ao nosso comerciante de Angó nia que apenas deseja
que alguém vá levantar algum valor à sua conta e faça compras.
O indivíduo que concede a procuraçã o é chamado de mandante, constituinte ou outorgante. Aquele
que recebe a procuraçã o é chamado de o mandatá rio, o procurador ou o outorgado.

A procuraçã o deve ser lavrada em papel ofício, iniciando o texto com identificaçã o e qualificaçã o do
outorgante e do outorgado. Os poderes, a finalidade e o prazo de validade da procuraçã o sã o
expressos de forma precisa. Apó s o texto, a localidade, a data e a assinatura sã o expressas.

1.2. Exposição
É um texto administrativo onde se expõ e um problema à uma entidade com competência para
soluciona-lo, apresentando-se argumentos que favoreçam a tomada de uma decisã o.
Como outros textos administrativos, a exposiçã o segue uma estrutura pré-estabelecida. O seu texto
apresenta-se em pará grafos enumerados usando numeraçã o romana onde constam os seguintes
elementos:
 Fó rmula de abertura;

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 Identificaçã o do exponente, isto é, da pessoa que escreve a exposiçã o;


 Corpo da exposiçã o;
 Introduçã o do assunto (resumos da situaçã o que motivou a exposiçã o);
 Desenvolvimento (apresentaçã o dos argumentos e contra-argumentos);
 Conclusã o (síntese do que se pretende com a exposiçã o);
 Pedido de deferimento;
 Data;
 Assinatura.

A linguagem da exposiçã o é caracterizada por clareza e coerência; apresenta-se um argumento por


pará grafo; uso de vocabulá rio técnico (proponente, exponente, doloso, por exemplo); texto escrito
na terceira pessoa; uso de frases do tipo declarativo.

Exercícios

1. Produz uma procuraçã o onde o procurador seja um familiar teu e tu o outorgante,


observando todos os elementos pró prios deste tipo de texto.
2. Produz uma exposiçã o dirigida ao senhor Director da escola secundá ria de Lifidzi.

2.Conjunções e locuções subordinativas e Orações subordinadas condicionais, concessivas e


finais

2.1. Conjunções e locuções subordinadas e orações subordinadas concessivas


Oraçõ es subordinadas concessivas. Na relaçã o entre uma oraçã o subordinante e a sua subordinada
concessiva, existe uma situaçã o tal que, em condiçõ es normais, o estado de coisas descrito pela
subordinada concessiva nã o é ideal à ocorrência ou realizaçã o da acçã o descrita na oraçã o
principal. Entretanto, mesmo assim, a acçã o descrita na oraçã o principal realiza-se.

Ex4. Os alunos vã o à escola, mesmo que esteja a chover.


Ex5. A Brígida casou-se com o Chakale, embora ame o João.

A situaçã o descrita pela oraçã o sublinhada em 4, (mesmo que) esteja a chover, em condiçõ es
normais, impediria a ida à escola pelos alunos, pois, normalmente, quando chove as pessoas
procuram abrigar-se e nã o sair de casa. O mesmo se aplica à frase em 5, onde mesmo amando outro,
o que normalmente deveria levar a Brígida a casar-se com ele, esta casa-se com o Chakale.

2.1.1. Conjunções e locuções subordinativas concessivas

Conjunçõ es Locuçõ es
embora, conquanto se bem que, ainda que, posto que, mesmo que,
por mais que, por menos que, por muito que,
etc.

2.2. Conjunções e locuções subordinadas e orações subordinadas condicionais

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As conjunçõ es subordinantes condicionais iniciam uma oração subordinada que supõe a existência
de um determinado condicionamento ou hipótese para que se realize o facto principal. Ou por outra, a
acçã o expressa pela oraçã o principal só se realiza se a condiçã o expressa pela oraçã o subordinada
for satisfeita.
Ex6. Se fores ao cinema, vê o último filme de Coppola. (Neste caso, a realizaçã o da acçã o expressa
pela oraçã o subordinada se fores ao cinema, é a condiçã o necessá ria para que a accçã o ver o
último filme de Coppola.)
Ex.7: A Brígida casa-se com o João desde que ele prometa comprar-lhe um carro. (comprar um
carro é a condiçã o que deve ser satisfeita para que a Brígida se case com o Joã o)

2.2.1. Conjunções e locuções subordinativas condicionais

Conjuções Locuções
Se, caso desde que, salvo se, contanto que, excepto se;
a nã o ser que, desde que, uma vez que,
contanto que, etc.

2.3. Conjunções e locuções subordinadas e orações subordinadas finais


As oraçõ es subordinadas finais indicam a finalidade da oraçã o principal, ou seja, a oraçã o
subordinada final apresenta a finalidade ou o objectivo da acçã o expressa pela oraçã o
subordinante.

Ex.8: Organizou-se uma festa para que todos ficassem contentes. (Para quê é que se organizou a
festa? Para que todos ficassem felizes)
Ex. 9. A Rita saiu do quarto para que os pais pudessem conversar. (A finalidade ou o “objectivo”
da saída da Rita foi de permitir aos pais terem uma conversa).

2.3.1. Conjunções e locuções subordinativas finais


Conjunções Locuções
que para que, a fim de que, porque (com valor de
para que

Exercícios
1. Divide e classifica as oraçõ es nas frases que seguem.
a) Os alunos permanecerã o na sala de aulas mesmo que o professor esteja ausente.
b) Saia para que possa me vestir.
c) Desde que haja armas haverá guerra.
d) A Irene irá ao cinema caso tenha boleia.
e) Ficarei em casa embora me apeteça passear.
f) As meninas praticantes de ioga chegaram.
2. Forma 3 frases usando cada um dos seguintes conectores: se; apesar de, a fim de que.

3. Tema transversal: Comércio formal e comércio informal


Actividade prévia: Os alunos produzem fichas de leitura sobre os conceitos de Comércio formal e
Comércio informal e respectivas características distintivas.

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Questõ es orientadoras do debate:

1. Qual é a principal diferença entre o comércio formal e o comércio informal?


2. Qual dos dois tipos de comércio é vantajoso para o comerciante?
3. Quais sã o as vantagens do comércio?
4. Qual é o contributo do comércio formal para o desenvolvimento de um país?

UNIDADE TEMÁ TICA XV: TEXTOS JORNALISTICOS

 Reportagem
 Cró nica da actualidade

1. Textos Jornalísticos

Textos jornalísticos sã o aqueles que trazem informaçã o relevante e recente para uma determinada
comunidade leitora, ou que trazem reflexõ es sobre os mesmos acontecimentos.

Dado que o principal objectivo do texto jornalístico é de informar, ele é escrito em linguagem clara,
simples, (embora formal) e objectiva com poucas excepçõ es.

1.1. Reportagem

Para melhor percebermos o que é uma reportagem, partamos da notícia que é o primeiro elemento
na frente informativa dos textos jornalísticos, sendo aquele que traz a informaçã o “em primeira
mã o”, poucas horas ou até minutos depois do acontecimento.

A reportagem é o aprofundamento da notícia, trazendo detalhes significativos para os interessados


em determinado assunto.

Uma reportagem é um fato ou assunto desenvolvido de forma mais aprofundada. Ela conta com
diversos elementos para oferecer ao leitor vá rias versõ es de um mesmo tema e interpretaçõ es dos
dados e acontecimentos.

Por exigir mais horas de dedicaçã o, a reportagem pode levar mais tempo para ser concluída, uma
vez que trará muito mais informaçõ es do que a notícia.

Há vá rios tipos de notícia e reportagem, sendo ambas importantes gêneros textuais. No entanto,
uma reportagem pode nã o ser considerada notícia, pois pode ser sobre diversos assuntos, nã o
tendo o cará ter imediatista da notícia.

No jornalismo, sendo a notícia a descriçã o de fatos relevantes para o pú blico de determinada mídia,
a reportagem se concentra no aprofundamento destes fatos.

Ela traz, além de descriçã o detalhada, dados, interpretaçõ es dos acontecimentos e diferentes
versõ es dadas por aqueles que presenciaram o evento em questã o.

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1.2. Crónica da actualidade


1.2.1. Conceito de Crónica

É um texto onde o autor faz uma reflexão sobre um acontecimento, pessoa ou evento que lhe
tenha parecido suficientemente relevante para tal reflexão e crítica. O objectivo subjacente é de
provocar uma reflexão que conduza à mudança de atitude.

As crónicas tratam de assuntos que variam tanto na sua natureza como na sua localização
temporal diante dos quais o autor pode tomar diferentes atitudes e daí nascem diversas
classificações de crónicas.

As crónicas são textos escritos numa linguagem deveras conotada e com ornatos, podendo ser
considerada literária e, no caso das narrativas, podem apresentar personagens, espaço, tempo,
enredo e narrador.

Outro aspecto característico da crónica, que talvez a distinga de textos literários propriamente
ditos, é o facto de ter uma significação contextual, isto é, é criada em reacção a algum evento
quotidiano que ocorre em determinado local e tempo, que interessa a comunidade em que ocorre
e, por isso tem uma relevância circunscrita à comunidade em que ocorre o facto/evento que lhe
deu origem. Passado algum tempo, o evento e a crónica dele nascidos perdem relevância com o
surgimento de outros acontecimentos e, talvez, outras crónicas. O texto literário, por outro lado,
é atemporal e universal.

1.2.2. Crónica da actualidade

Na sua génese, a crónica era um texto que apresentava o relato cronológico de factos passados
em qualquer lugar, isto é, uma narração de episódios históricos. Essa era chamada crónica
histórica. O facto de relacionar os eventos ao tempo em que se davam é que levou a que o género
fosse chamado crónica, do grego kronos, que significa tempo.

Actualmente, a crónica foca-se no quotidiano urbano e não no passado como faziam os cronistas
históricos. O objectivo da crónica da actualidade é de criticar, consciencializar e levar à tomada
de atitudes certas em relação a determinados eventos ou pessoas.

1.2.3. Regência Verbal: complement indirecto

É a relação de subordinação que se estabelece entre um verbo e seus complementos.


Os verbos, segundo a sua natureza, podem “exigir” a presença de diferentes complementos que
lhes completem o sentido.
Ex.1: O verbo partir exige a presença de um agente que parte e um paciente que é
partido.
(A Ana partiu um copo

Agente Paciente
O verbo ir “rege” um local precedido pela preposição a ou para.
(Ex.O Valentino foi ao mercado)
O verbo separar “rege” duas entidades, a que se separa e outra de que se separa, precedida pela
preposição de.
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(Ex.: O Jonas separou-se da Cândida)

1.2.4. Verbos de movimento

Verbos de movimento são aqueles que denotam, ou seja, indicam movimento. Exemplos são ir,
chegar, andar, correr, entrar, oferecer, passar, etc.
Numa frase onde o núcleo é um verbo de movimento, existe alguma coisa ou alguém que se
move, tema; pode ainda ser indicado o local de onde sai origem; o local para onde vai, destino.
Ex6: O Jaime vai ao campo.

(tema) (destino)

Os verbos de movimento também regem, isto é, exigem a presença de preposições de movimento


que introduzem o destino para onde vai o tema. Exemplos de preposições de movimento são
para, a, por, de, etc.

1.2.5. Complementos indirectos (introduzidos pela preposição de movimento a)

Observa as seguintes frases:


Ex6: O Jaime vai ao campo.
Ex7: Os alunos ofereceram flores à professora.
Ex8: Ontem, a Verónica deu bolachas à Catarina.
Os complementos introduzidos pela preposição a, nomeadamente a+o campo, a+a professora,
a+a Catarina, justamente por serem introduzidos por uma preposição, são complementos
indirectos. Ademais, eles respondem satisfactoriamente à questão Verbo a/para quem/onde?, que
é o teste para identificar complementos indirectos.

1.2.6. Exercícios
1.2.6.1. Completa as frases abaixo:
a) Amnhã cedo vamos______escola.
b) Os meus pais vivem_______Tete.
c) Depois das aulas, O Carlos ofereceu flores________Vanessa.
d) O Chakale e a Lutifa continuam __________cinema.
e) Meninos, por favor ajudem-me a levar os cadernos _________ a sala dos professores.

1.3. Mudança Linguística: Evolução da LP no Tempo


A mudança linguística é, segundo Silva (2022:39), uma variação, isto é, ela é resultado da
variação linguística. Por isso, é importante analisarmos a variação linguística de forma detalhada,
antes de abordarmos a mudança linguística.

1.3.1. Variação Linguística


A variação linguística diz respeito às diferentes formas de uso da língua que podem ou não
coexistir.
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Formas de uso de uma língua, neste caso, são as diferentes formas como as pessoas falam a
mesma língua. As formas de uso de uma língua podem ser diferentes entre sí em termos de
pronúncia, organização de frases, escolha de palavras, etc.

1.3.1.1. Tipos de variação


i) A variação regional ou diatópica (do grego diá = através de; e topos = lugar) permite
identificar a origem regional de uma pessoa ao se observar seu modo de fala, posto que
os padrões lexicais utilizados por uma pessoa são sempre muito particulares, como, por
exemplo, os padrões entonacionais e determinados traços fonológicos. Além disso, esse
tipo de variação incide sobre as questões espaciais entre cidades, estados ou países.

ii) A variação social ou diastrática (diá, do latim stratum = camada = estrato) corresponde
aos principais fatores sociais condicionantes da variação linguística, a exemplo do grau
de escolaridade, o nível socioeconômico, sexo e gênero, a faixa etária, bem como a
profissão dos falantes.

iii) A variação de registro, estilística ou diafásica (diá do grego = phasis = expressão modo
de falar) remete às diferentes formas de uso linguístico de um falante em diferentes
situações de comunicação, especificamente, as escolhas que ele faz na sua interação com
o outro, as quais podem ser caracterizadas pelas formas distintas de se corresponder com
outro falante, sendo por carta, jornal, e-mail, sua própria fala, etc.

iv) A variação na fala e na escrita ou diamésica está relacionada aos diferentes meios de
comunicação para essas duas faces da linguagem. Assim, no caso da fala, verifica-se
maior espontaneidade, improvisação, enquanto na escrita há maior grau de formalismo,
dada a natureza mais artificial desse tipo expressão, o que implica maior controle no
dizer, maior rigidez para se atender aos padrões estabelecidos para os diferentes contexto
sociais em que esse tipo de variação se faz presente (COELHO, et al., 2015, p. 83-85).

v) A variação diacrônica está pautada nas diferenças apresentadas em diferentes etapas


históricas de uma mesma língua ou entre línguas diferentes (Diá = e do grego Khrónos =
tempo).

1.3.2. Mudança Linguística

Existe mudança linguística quando, existindo duas variantes, uma nova e outra antiga, a nova
predomina até substituir por complete a antiga.

Assim, deve existir variação linguística para haver mudança mas nem toda a variação leva à
mudança linguística.

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1.3.2.1. Causas da mudança linguística

I. Factores individuais
a) Má audiçã o/compreensã o do falante.
b) Falhas de memó ria.
c) Problemas de visã o.
d) Lei do menor esforço.
e) Tendência para a analogia (ex. Hambú rguer: de Hamburgo, Cheeseburger?).

II. Factores ligados ao grupo


a) Aceitaçã o no grupo (ex. Hipercorrecçã o).
b) Aparecimento de novas realidades (criaçã o/formaçã o de palavras; ex. Internet, Sida).
c) Melhoramento da expressã o do pensamento:
 Mudança de significado (alargamento, restriçã o ou troca).
 Desaparecimento de palavras (ex. Azinha = pressa).
Tal como acontecer com a variaçã o linguística, a mudança linguística também pode ser de natureza
fonética, fonoló gica, semâ ntica, etc.

Em seguida, apresentam-se exemplos de mudança linguística, de cariz semâ ntico:

 Alargamento ou ampliação do significado


Palavra Significado original (Latim) Significado actual
Caderno Folha dobrada em quarto Conjunto de folhas brancas encadernadas
Calamidade Destruiçã o de searas Grande catá strofe que matou muita gente
Companheiro Que partilha connosco pã o Amigo
Fogo Lar onde se acende o lume Lume

 Restrição ou redução do significado (especialização)

Palavra Significado original (Latim) Significado actual


Licor Qualquer líquido Bebida alcólica doce
Ministro Aquele que serve Politico que faz parte do governo
Solteiro Que vive só Não casado e casou

 Troca de significado

Palavra Significado original (Latim) Significado actual


Aresta Barba de espiga Linhas que contornam os lados dum sólido
Capela Diminutive de capa Igreja
Parvo Pequeno Estúpido

1.3.3. Exercícios
1. Associa cada um dos termos abaixo com os tipos de variação linguística discutidos em
1.3.1.
a) Grupo social_________________________________________
b) Situação de comunicação_______________________________
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c) Localização do falante__________________________________
d) Tempo_______________________________________________

1.3.4. Tema Transversal

Actividade Prévia:

1. Trazer informação sobre:


a) O que é Sida?
b) O que é HIV?
c) Qual é a diferença entre HIV e SIDA?
d) Como é que se transmite o HIV?
e) Como é que não se transmite o HIV?
f) Quais são os sintomas da Sida?

Questões orientadoras do debate:

1. O que é discriminação?
2. Qual é a relação entre discriminação contra pessoas HIV+ e acesso a informação sobre os
modos de transmissão do Virus?

UNIDADE TEMÁTICA XVI: TEXTOS MULTIUSO

1.1. Textos Didácticos ou científicos

O grupo de textos multiuso inclui textos diversos de cará cter científico que têm a tendência comum
de instruir o receptor.

Este grupo inclui o texto-expositivo explicativo, o expositivo-argumentativo, o manual de


instruçõ es, a receita, etc.

1.1.1. Texto expositivo-explicativo

O texto expositivo explicativo é um texto produzido por alguém que se julga conhecedor de algum
assunto com o objectivo claro de transmitir conhecimento (ensinar) a um leitor que se julga que
nã o possui tal conhecimento ou que tenha um conhecimento insuficiente sobre o assunto.

1.1.1.1. Estrutura do texto expositivo-explicativo

O texto expositivo-explicativo comporta:

Introdução: é a parte onde se introduz/expõ e o assunto a ser abordado no texto. Geralmente,


encontra-se no primeiro pará grafo ou os primeiros dois pará grafos do texto.

Desenvolvimento: é a parte onde se aprofunda e detalha o assunto exposto na introduçã o.


Geralmente, vai do segundo ou terceiro pará grafo até ao penú ltimo.

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Conclusão: é a secçã o que encerra o texto e, geralmente, apresenta uma síntese dos principais
aspectos expostos e explicados ao longo do texto.

1.1.1.2. Linguagem

No texto expositivo-explicativo, para melhor expor transmitir o conhecimento que se pretende


transmitir, usa-se uma linguagem clara, objectiva, directa, denotada, etc.

A seguir se transcreve um trecho da obra de Paulina Chiziane contendo um exemplo de linguagem


conotada:

a) ―David abraça a filha e voa com ela por paraísos infinitos‖

Neste trecho as palavras abraçar, voar e paraísos recebem novos significados no texto de Chiziane
pois, claramente David, como pessoa, nã o pode voar; e paraísos nã o é usado no sentido bíblico, etc.

O que Chiziane que dizer é:

b) David manteve relaçõ es sexuais com a filha.

Esta pará frase, em b), é que é um exemplo de linguagem denotada onde as palavras sã o usadas com
o seu significado primá rio, o do dicioná rio.

É este segundo tipo de linguagem, que é directa, sem rodeios, que se usa no texto
expositivoexplicaçã o.

1.1.1.3. Forma externa apresentação gráfica

Do ponto de vista de organizaçã o externa, o texto expositivo-explicativo apresenta-se em


pará grafos que podem conter períodos.

Em termos de paratexto, isto é, os elementos que acompanham o texto, este comporta um título,
podendo também possuir subtítulos, imagens, tabelas, grá ficos e outros elementos

1.1.1.4. Exercícios
1. Lido o texto Poluiçã o Atmosférica, responde:
a) O que sã o agentes poluentes?
b) O que significa motorizaçã o dos transportes?
c) Quais sã o os efeitos da poluiçã o atmosférica nosh omens?
d) De que forma o homem e outros seres vivos contribuem para a poluiçã o atmosférica?
e) Quais sã o os efeitos da poluiçã o atmosférica nas plantas?
f) Quais sã o as consequências da poluiçã o atmosférica nos edifícios?
g) Na tua opiniã o, que medidas podem ser tomadas para combater a poluiçã o atmosférica?

1.1.2. Texto expositivo-argumentativo


Considera um assunto polémico, isto é, um assunto que mexe com as pessoas, sobre o qual
existam diferentes opiniões, como por exemplo a questão das vacinas contra a Covid-19.
Por um lado, existem aqueles que acham que as vacinas são necessárias e boas para salvar vidas
e travar o Covid-19 para que a vida volte a normalidade e, por outro, existem aqueles que acham
que a vacina foi desenvolvida com demasiada rapidez, por isso não merece confiança. Outros

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ainda, acham que as vacinas contra o Covid-19 fazem parte de um plano maléfico das elites
globais para reduzir a população mundial. Seja qual for a tua opinião sobre o assunto, o facto é
que toda a gente tem uma posição própria e não está indiferente ao assunto das vacinas. Este é
um exemplo de um tema polémico por existirem várias opiniões sobre o mesmo e toda a gente
estar de alguma forma envolvida com ele.
É sobre temas como esse que versam os textos expositivo-argumentativos. Neles, um articulista
toma uma posição, por exemplo, “A vacina contra a Covid-19 é apenas um esquema das grandes
empresas farmacêuticas para ganharem dinheiro” e procura convencer aos leitores que a sua
posição é a mais lógica e coerente e, por isso, deve ser adoptada por estes.

1.1.2.1. Estrutura e organização do texto


O texto expositivo-argumentativo apresenta-se estruturado em três partes:
i) Introdução: constituída pelo(s) primeiro(s) parágrafo(s) onde se expõe a opinião do
autor sobre o tema polémico, ou seja, a tese.
ii) Desenvolvimento: o corpo do texto onde o articulista apresenta os seus argumentos
ou razões que provem que a sua posição é a mais certa, coerente e lógica e, por isso
deve ser adoptada pelos leitores. Os argumentos aparecem organizados em
parágrafos, reservando-se um parágrafo para cada argumento, dispostos dos mais
relevantes aos menos relevantes.
A argumentação apoia-se na ilustração, exemplificação, explicação, para melhor
demonstrar a validade do ponto de vista do articulista.

iii) Na conclusão, o articulista pode retomar os principais argumentos apresentados ao


longo do texto rematados pela tese.
A conclusão pode ainda apresentar a tese pela 1ª vez. Nesses casos, na introdução, o
articulista limita-se a apresentar o assunto a ser discutido no texto. Quando esse é o caso, a
conclusão pode tomar a forma “É por causa de X que Z”, onde X são os argumentos e Z a
tese.

1.1.2.2. Tipos de argumentos


a) Argumento de Autoridade: a conclusão se sustenta pela citação de uma fonte confiável,
que pode ser um especialista no assunto ou dados de instituição de pesquisa, uma frase
dita por alguém, líder ou político, algum artista famoso ou algum pensador, enfim, uma
autoridade no assunto abordado.
b) Argumento por Causa e Consequência: para comprovar uma tese, você pode buscar as
relações de causa (os motivos, os porquês) e de consequência (os efeitos).
c) . Argumento de Exemplificação ou Ilustração: a exemplificação consiste no relato de um
pequeno fato (real ou fictício). Esse recurso argumentativo é amplamente usado quando a
tese defendida é muito teórica e carece de esclarecimentos com mais dados concretos.
d) . Argumento de Provas Concretas ou Princípio: ao empregarmos os argumentos
baseados em provas concretas, buscamos evidenciar nossa tese por meio de informações
concretas, extraídas da realidade. Podem ser usados dados estatísticos ou falsos ou fatos
notórios (de domínio público). São expedientes bem eficientes, pois, diante de fatos, não
há o que questionar...

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1.1.2.3. Linguagem
A linguagem do texto expositivo argumentativo é clara, denotada e coerente para garantir a
percepção dos argumentos por parte do leitor.
A linguagem é também um dos principais elementos usados pelo articulista para seduzir o leitor
ao demonstrar o seu domínio sobre ela através da correcta organização das frases; o uso correcto
de conectores discursivos; a observância das regras de concordância; o uso de pronomes para
evitar a repetição de nomes; o uso de um vocabulário variado com recurso a sinónimos,
antónimos, hiperónimos, hipónimos, etc.
Para assegurar a coesão do discurso, o articulista serve-se de diferentes conectores para
estabelecer diferentes conexões entre ideias como:
 Causa: porque, dado que, visto que, etc.
 Consequência: daí que, por isso, portanto, etc.
 Semelhança: do mesmo modo, igualmente, etc.
 Conclusão: por todas estas razões, em síntese, definitivamente, em conclusão, daí que,
tanto…que, etc.
 Oposição: mas, porém, todavia, contudo, no entanto, apesar de, não obstante, ainda que,
apesar de, embora, mesmo que, por mais que, etc.
 Expansão do tópico: com efeito, sem dúvida, efectivamente, etc.
Exemplificação: por exemplo, particularmente, designadamente, nomeadamente, etc.

1.1.2.4. Exercícios

1.Lido o texto Johnny e a Delinquência Juvenil, responde:

a) Segundo o articulista, o Johnny aprendeu algumas coisas observando o pai, a mãe, o tio e
outros familiares. Apresenta de forma resumida o que o Johnny aprendeu dessas pessoas?

b) Até que ponto os pais de Johnny podem ser responsabilizados pelo que ele fez no teste da
escola?

c) Qual é a tese defendida pelo articulista?

d) O que é que o articulista quer dizer com a expressão software social?

1.3. Concordância verbal

Concordância verbal refere-se à relação harmoniosa que deve ser estabelecida entre o sujeito e o
verbo. Por outras palavras, se o sujeito estiver no singular, o verbo também deve estar no
singular, flexionado para a forma verbal correspondente à pessoa gramatical equivalente ao
sujeito; se estiver no plural, o verbo também deve estar.

Assim, é correcto dizer:

i) O José comprou um vaso.


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ii) A Ana e o José compraram um vaso, cada um.

e gramaticalmente errado dizer:

iii) *O José compraram/compraste um vaso.


iv) *A Ana e o José comprou/compramos um vaso, cada um.

1.3.1.Tipos de sujeito

Quanto à composição, existem dois tipos de sujeito, nomeadamente, o simples e o composto.

O sujeito simples é constituído por um único Sintagma nominal, numeral, pronome, etc.,
referente à uma única entidade. Quando o sujeito é simples, ele concorda com o verbo, como se
ilustra nos exemplos abaixo:

v) Samora Moisés Machel foi o primeiro presidente de Moçambique.


vi) O Carlos vive em Tete.

O Sujeito composto é constituído por mais de um nome, numeral, pronome, etc., referentes a
mais de uma entidade. Quando o sujeito for composto, existem particularidades que determinam
a concordância:
a) Se o sujeito estiver anteposto, isto é, aparecer antes do verbo, este última vai para o
plural.
Exemplo
vii) O Carlos e o José compraram um vaso, cada um.
No entanto, o verbo pode ficar no singular se:
 os núcleos do sujeito, no singular, designarem uma única pessoa, animal, ou coisa.
Exemplo. viii) Decência e honestidade é coisa rara nos dias que correm.
 Quando os núcleos aparecerem resumidos por tudo, nada, ninguém:
Exemplo. ix) A ameaça, a agressão, o terrorismo, nada o assustava.
b) Se o sujeito composto estiver posposto ao verbo, isto é, se aparecer depois do verbo, este
vai ao plural.
Exemplo. x) Chegaram à igreja, a noiva e o pai.
No entanto, o verbo também pode concordar com o núcleo mais próximo:
Exemplo. xi) Chegou à igreja o noivo e os padrinhos.

1.3.2.Orações subordinadas sem sujeito expresso


Um sujeito não expresso é aquele que não aparece “por escrito” no texto. Ele também se designa
por nulo ou subentendido.
Nas orações subordinadas, é frequente o sujeito não estar expresso:
Exemplos:
xii) O José entrou para o curso de Medicina, embora preferisse Direito.
(Na segunda oração, sublinhada, o sujeito o José, é subentendido)
xii) Quando cheguei à escola, encontrei a Ana.
(Sujeito subentendido na segunda oração: Eu)

1.3.4.Pronomes relativos com a função de sujeito


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1.3.4.1.Pronome relativo que

Se o sujeito for o pronome relativo que, o verbo concorda em pessoa e número com o
antecedente do pronome.

Exemplos:

xiii) Fui eu que parti o vidro.

xiv) Fomos nós que partimos o vidro.

No entanto, depois das expressões um dos poucos e um dos o verbo pode ir para a terceira pessoa
do singular ou plural.

Exemplos:

xv) Ele foi um dos que mais falaram.

xvi) Ele foi um dos que mais falou.

1.3.4.2.Pronome relativo quem

Quando o sujeito for o pronome relativo quem, o verbo pode ser flexionado para a terceira
pessoa do singular ou pode concordar com o antecedente do pronome.

Exemplo:

xvii) Fui eu quem trouxe os presentes.

1.3.5.Verbos impessoais

Verbos impessoais são verbos que denotam processos ou eventos não causados por algum sujeito
e, por isso, ocorrem apenas na terceira pessoa do singular. Estão nesta categoria o verbo haver
(no sentido de existir), amanhecer, alvorecer, anoitecer, chover, trovejar, etc.

Exemplos: xviii) Haverá muitas testemunhas contra.

Exercícios

1. Identifica e classifica os sujeitos nas frases que se seguem:


a) Ontem, compareceram todos à reunião.
b) Logo que chegaram, os meus irmãos vieram ter comigo.
c) Muita sorte teve a equipa de Moçambique.

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UNIDADADE TEMÁTICA XVII: TEXTOS LITERÁRIOS

1.2. Texto narrativo


Os textos literários distinguem-se de todos os outros, os não literários, acima de tudo pela razão
da sua produção. Enquanto todos os outros textos são produzidos com um propósito prático em
mente, (seja ele ensinar, informar, garantir o bom funcionamento duma comunidade ou
formalizar algum acto administrativo), os textos literários são produzidos intencional e
simplesmente para serem arte. Para criar arte, a sensação do belo e agradável por meio de
palavras, usando vocabulário escolhido, figurado, recursos sintácticos, fónicos e de pensamento
para criar algo agradável ao leitor. Devido à linguagem conotada e recursos estilísticos usados, o
texto literário, ao contrário do não literário, é plurissignificativo e admite diversas interpretações.
Textos pertencentes ao grupo dos textos literários incluem as lendas, fábulas, contos, romances,
novelas, etc. (pertencentes ao modo narrativo); o hino, o soneto, a ode, a elegia, etc.
(pertencentes ao modo poético); a comédia, a tragédia e a tragicomédia (pertencentes ao modo
dramático).

Os textos narrativos são aqueles que contam uma história, podendo esta ser real ou imaginária.
Recordar que o termo narrativo deriva da palavra “narrar” que, por sua vez, quer dizer “contar”.

1.2.1. Elementos do texto narrativo


Para que exista um texto narrativo, é necessário que exista uma história para ser narrada (o
enredo/acção); a história é vivida por quem pratica as acções que a constituem (personagens); ela
passa-se em algum lugar e tempo que podem ser explicitamente indicados no texto, ou não. Sem
estes elementos, não existe texto narrativo, ou seja, para que um texto seja narrativo,
independentemente do seu formato externo, (versos e estrofes vs. parágrafos e períodos).
1.2.2. Enredo literário/acção: é o centro da narrativa constituído pelo acontecimento ou
acontecimentos nucleares da história.

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1.2.3. Personagens: são as entidades que praticam ou participam das acções narradas no
texto. Elas podem ser seres humanos, plantas, animais, seres inanimados, seres
sobrenaturais (deuses, fadas, feiticeiros, bruxas, etc.)
Em termos da relevância do seu papel à ao enredo, as personagens podem ser:

 Principais: protagonistas, heróis da história que desempenham o papel principal nas


acções narradas;

 Secundárias: são personagens que embora sejam importantes, desempenham um


papel menos relevante em relação às principais.
 Figurantes: não interferem na acção
 Mencionadas ou aludidas: são personagens que apenas são mencionadas por outras
personagens.

Em relação à concepção, as personagens podem ser:


 Personagens Modeladas: psicologicamente complexas. O seu comportamento
altera-se ao longo da narrativa, podendo ter, às vezes, comportamentos inesperados.
 Personagens Planas: sem grande “conteúdo” psicológico e o seu comportamento
mantém-se inalterado ao longo da narrativa.
 Personagens Tipo: representa uma classe, grupo social ou profissão sendo-lhe
atribuídas as características típicas do grupo a que pertence.

As personagens e suas características são dadas a conhecer ao leitor por meio de dois
processos:
 Caracterização directa: é feita dentro do discurso das personagens, ao falarem de si
próprias ou de outras, ou ainda pelo narrador.
 Caracterização indirecta: caracterização feita pelo leitor deduzindo das atitudes das
personagens, nos casos em que não existe caracterização explícita, dentro do texto.

Esta caracterização pode ser:


 Física: características fisionómicas das personagens, suas vestes, gestos, etc.
 Psicológica: tem a ver com características pessoais como o comportamento, o
carácter ou valores morais.
 Social: enquadramento da personagem no grupo social a que pertença através da
identificação da sua profissão ou vida social.

1.2.4. Espaço: é o local ou espaço onde decorrem as acções. O espaço pode ser:

 Físico: local onde se realizam as acções;


 Social: o meio social ou ambiente em que vivem e agem as personagens;
 Psicológico: vivenciado pelas personagens, de acordo com o seu estado de espírito,
pensamentos ou acções.

1.2.5. Tempo: resposta à pergunta quando é que decorrem as acções.


O tempo pode ser:
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 Cronológico: indica os dias, meses, anos ou séculos em que decorrem as acções.


 Histórico: enquadramento dos acontecimentos narrados num contexto histórico.
 Psicológico: vivenciado psicologicamente pelas personagens.

1.2.6. Narrador: é uma entidade fictícia que conta a história. Difere do autor na medida em que
este é real.
Os narradores diferem quanto à participação no enredo, nível de conhecimento dos
acontecimentos narrados ou focalização e objectividade.
Quanto à participação, o narrador pode ser:
 Heterodiegético: narra acontecimentos de que não participa. Narra na terceira pessoa
gramatical.
 Homodiegético: participa dos eventos que narra, como personagem secundária ou
figurante. Embora possa narrar alguns eventos na primeira pessoa, a narrativa continua
predominantemente na 3ª pessoa gramatical.
 Autodiegético: narra acções das quais participa como personagem principal. Sendo o
protagonista/herói, ele narra na primeira pessoa gramatical. Um exemplo deste tipo de
narrador, na literatura moçambicana é A Varanda do Frangipani.

1.3. Exercícios

1.Lido o texto Gruta de Cantaia, responde:

a)Quando é que nasceu Catija?

b) Onde é que nasceu Catija?

c) Quem é que guardava Catija, Segundo o texto ?

d) “o veneno recuaria ante a inocência possível de Catija”. O que é que os kokuanas queriam
apurar ao submeter Cantaia ao mauve?

e)Quem é o pai de Milako?

f) faz uma caracterização física de Tipemba.

g) Faz uma descrição física de Catija.

h) Quais são as personagens do texto?

i) Indica o tempo e o espaço em que se passam os eventos narrados no texto.

1.4. Textos Dramáticos

Gênero dramá tico é um gênero literá rio originá rio da Grécia Antiga, considerada o berço do
teatro ocidental. Porém, no Oriente, há aproximadamente 2000 anos antes de Cristo, em países
como China e Egito, já havia a presença de um teatro de cará ter solene ou mesmo religioso.

Os textos que fazem parte do gênero dramá tico sã o escritos para serem encenados. Portanto, a
princípio, eles nã o sã o produzidos para a leitura de leitores(as) comuns, já que têm como

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objetivo orientar diretores e atores. Esses textos, de acordo com suas especificidades, podem
ser definidos como:

 tragédia;
 comédia;
 tragicomédia;
 auto;
 farsa.

1.4.1. Origem do gênero dramático

Os primeiros textos teó ricos sobre o gênero dramá tico, que chegaram até nó s, sã o da
Antiguidade. Assim, os filó sofos Platã o (428-347 a. C.), em seu livro A repú blica, e Aristó teles
(384-322 a. C.), em sua obra Poética, buscaram definir os gêneros literá rios. Entre esses
gêneros, o dramá tico. Fato é que o teatro grego é considerado o berço do teatro ocidental.

Porém, o teatro oriental é anterior ao grego. Na China, por exemplo, aproximadamente em 2200
a. C., o teatro tinha um cará ter solene, e os textos dramá ticos eram encenados por companhias
reais ou mesmo grupos mambembes. Outro exemplo é o Egito, no qual o teatro era usado, em
torno de 2000 a. C., para realizar cultos à s divindades.

1.4.2. Características do gênero dramático

O gênero dramá tico é composto por textos escritos para serem encenados. Portanto, a
princípio, eles nã o sã o escritos para a leitura de leitores(as) comuns. Queremos dizer com isso
que o diretor e os atores de uma peça sã o os leitores originais dessas obras. Algumas delas
acabam sendo impressas e, assim, podem ser lidas também pelo pú blico em geral.

Em sua origem grega, o gênero dramá tico estava associado à imitaçã o ou representaçã o da
realidade. Aristó teles considerava a possibilidade de imitaçã o de pessoas nobres ou ignó beis,
isto é, de cará ter superior ou inferior. Assim, para ele, a representaçã o de indivíduos
moralmente superiores era tarefa da tragédia; já a imitaçã o de seres moralmente inferiores, da
comédia.

Desse modo, o teatro grego, originalmente, estava associado à disseminaçã o ou condenaçã o de


comportamentos sociais da época. O texto dramá tico, consequentemente, era utilizado como
um instrumento moralizador da sociedade. Com o tempo, essa característica se manteve, já que
o teatro ainda tem a funçã o de provocar reflexã o e catarse (liberaçã o de sentimentos
reprimidos). No entanto, os valores morais sofrem transformaçõ es de uma época para a outra.

1.4.3. Estrutura do texto dramático


 Atos (divisã o do texto)
 Cenas
 Rubricas (instruçõ es do dramaturgo)
 Falas dos personagens
1.4.4. Tipos de textos dramáticos

Tragédia: Texto, caracterizado pela seriedade, que provoca paixã o e medo, para que o pú blico
possa experimentar a catarse. O exemplo mais conhecido desse tipo de texto dramá tico é É dipo
rei, de Só focles (497-405 a. C.).

Nessa obra, É dipo tem como destino matar o pró prio pai e se casar com a pró pria mãe. Diante
dessa profecia, ele busca fugir de seu destino, sem saber que ele já estava sendo cumprido. Por

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isso, no final, sua mã e, a rainha Jocasta, comete suicídio, enquanto É dipo fura os pró prios olhos|
1|:

Comédia: Texto, caracterizado pelo humor e pela situaçã o ridícula, que provoca o riso do
pú blico. Muitas vezes, é usado para fazer algum tipo de crítica social ou política. Um exemplo
desse tipo de texto dramá tico é A megera domada, de William Shakespeare (1564-1616).

Nessa obra, para se casar com a jovem Bianca, seus pretendentes precisam conseguir, antes, um
marido para Catarina, irmã da bela moça, pois o pai delas decide casar primeiro a filha mais
velha|2|:

Tragicomédia: Texto híbrido, que mistura elementos da tragédia com elementos da comédia,
portanto apresenta partes trá gicas e cô micas, como é possível verificar em O rei Lear, de
William Shakespeare. Nessa peça, o rei enlouquece depois de ser traído por duas de suas filhas|
3|:

Auto: Texto, normalmente curto e com linguagem simples, que, a partir de um tema religioso ou
satírico, possui uma intençã o claramente moralizadora. O exemplo mais famoso, em língua
portuguesa, é o Auto da barca do inferno, de Gil Vicente (1465-1536). Nessa peça, os
personagens sã o almas que, apó s julgamento, embarcam na Barca do Inferno (comandada pelo
Diabo) ou na Barca da Gló ria (conduzida por um Anjo):

Farsa: Texto, normalmente curto, de cará ter popular, cô mico, satírico, caricatural, exagerado e,
muitas vezes, com presença de linguagem chula. Um exemplo é O velho da horta, de Gil Vicente.
Nessa peça, um velho se apaixona por uma moça. Uma alcoviteira, entã o, se propõ e a ajudar o
velho, em troca de dinheiro, mas nã o faz nada além de o enganar.

UNIDADE TEMÁ TICA XVIII: TEXTOS DE PESQUISA E ORGANIZAÇÃ O DE DADOS

13. Textos de pesquisa e organização de dados

A ficha de leitura enquadra-se no grupo de textos de pesquisa de dados. É um resumo das ideias de
um autor contidas num livro ou num artigo.

Textos de pesquisa de dados sã o aqueles que sã o ou podem ser usados no processo


pesquisa/investigaçã o científica.

13.1. Ficha bibliográfica

13.2. Resumo

O resumo de texto é um mecanismo em que se aponta somente as ideias principais de um texto


fonte, de forma que é produzido um novo texto, no entanto, de maneira resumida, abreviada ou
sintetizada.
Em outras palavras, o resumo é a compilaçã o de informaçõ es mais relevantes de um texto
original e nã o uma có pia.
Podemos fazer o resumo de um livro, capítulo, conto, artigo, dentre outros. Alguns
especialistas apontam que o resumo deve conter pelo menos 30% do documento original, ou seja,
se um texto apresenta 10 pá ginas, o resumo deverá conter 3 laudas.
Tipos de resumo?

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Antes de começar o resumo, confira a proposta dada pelo professor ou pela avaliaçã o, uma
vez que há três tipos de resumo:
1. Resumo Indicativo
Resume somente os fatos importantes, as principais ideias, sem que haja exemplos oferecidos do
texto original. É o tipo de resumo mais pedido nas escolas.

2. Resumo Informativo
Resume as informaçõ es e/ou dados qualitativos e quantitativos expressos no texto original. Se
confunde com as fichas de leitura e geralmente sã o utilizado em textos acadêmicos.
3. Resumo Crítico
Chamado de resenha ou recensã o, ele resume as informaçõ es do texto original, aos quais sã o
acrescentadas as opiniõ es do autor e de quem escreve o resumo.
Características de um bom resumo
 É um texto menos extenso que o original. (1/3 do original);
 Apresenta as principais ideias do texto original;
 Nã o acrescenta ideias que nã o estejam no texto original;
 Nã o usa frases ou trechos do texto original;
 Deve seguir a estrutura do texto original, com o mesmo número de parágrafos;
 Deve ter correção gramatical.

13.4. Ficha de Leitura

A ficha de leitura enquadra-se no grupo de textos de pesquisa de dados. É um resumo das ideias de
um autor contidas num livro ou num artigo.

13.4.1. Elementos da ficha de leitura

 Referência bibliográ fica (Autor, Título e subtítulo, Ediçã o, Local, Editora, Data);

 Indicaçã o do tipo/natureza da obra;

 Indicaçã o do nú mero de pá ginas;

 Notas/Citaçõ es/Síntese;
 Sinopse/Resumo.

Tipose de ficha de leitura

 Ficha de resumo ou síntese: apresenta um resumo das ideias principais do texto


original.

 Ficha de citação: reproduz frases importantes, entre aspas. Deve conter os números
das páginas donde vem a informação;

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 Ficha de comentário: é uma interpretação crítica do texto base em termos de ideias


do autor, estrutura do texto, clareza do texto, relevância do conteúdo;

 Ficha analítica: analisa a obra base em termos de área do saber, problemas tratados,
conclusões alcançadas, contribuições especiais para o tema, métodos e recursos
utilizados, entre outros.

Exemplo de ficha de leituar

Referência Bibliográfica

AGUIAR e SILVA, Víctor. Teoria da Literatura, 8ª Ed. Coimbra, Almedina, 2007

Pag. Citações Observaç ões

“Os textos literários possuem caracteres estrutu- sobre defini-

15 rais peculiares que os diferenciam inequivocamen- ç ão referen-

te dos textos não literários”. cial da lit.

“existem duas modalidades de expressão: uma, a

mais corrente, apresenta-se "nua" ('f'\Ã~), despro- linguagem

vida de figuras e de quaisquer recursos técnico-estil- literária

43 ísticos; a outra, pelo contrário, caracteriza-se pelo vs.

ornato (xóGμoç), pelo vocabulário escolhido e pelo linguagem

sábio uso dos tropos.(t) A primeira corresponde a n ão

uma linguagem não-artística, não-literária; a segun literária

da, em contrapartida, a uma linguagem artística,

literária.”

Sinopse

O texto literário distingue-se do não literário por possuir ornatos, vocabulário escolhido e
tropos, constituindo-se em linguagem literária.

Referência Bibliográfica

AGUIAR e SILVA, Víctor. Teoria da Literatura, 8ª Ed. Coimbra, Almedina, 2007

Pag Citações Observaçõe

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. s

15 “Os textos literários possuem caracteres estrutu-rais


peculiares que os diferenciam inequivocamen te dos
textos não literários”. sobre definição
referencial da lit.

“ existem duas modalidades de expressão: uma, a mais


corrente, apresenta-se "nua" ('f'\Ã~), despro- vida de
figuras e de quaisquer recursos técnico-estiísticos; a
43 outra, pelo contrário, caracteriza-se pelo ísticos; a
outra, pelo contrário, caracteriza-se pelo ornato linguagem literária
(xóGμoç), pelo vocabulário escolhido e sábio uso vs. linguagem
dos tropos.(t) não literária
A primeira corresponde a uma linguagem não-artística,
não-literária; a segunda, em contrapartida, a uma
linguagem artística, literária.”

Sinopse

O texto literário distingue-se do não literário por possuir ornatos, vocabulário escolhido e
tropos, constituindo-se em linguagem literária.

Bibliografia

MACHADO, E. Notícia e Reportagem. Porto, 2021. Disponível online pelo endereço…

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