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MEARSHEIMER (1995)

Instituições Internacionais  Paz?

Pós-GF  Inst. Intl. VS Balança de Poder

Inst. Intl. para MEARSHEIMER é qualquer conjunto de regras e normas internacionais que
proíbem determinados comportamentos e que estimulam outros.

MEY analisa outras teorias para provar que a teoria dele é a melhor (sua teoria tem um papel
específico para essas instituições), sendo elas: institucionalismo liberal; os teóricos da segurança
coletiva; e os teóricos críticos.

REALISMO é o argumento Waltziano, só que no entendimento do MEY o que provoca os


principais efeitos sobre as dinâmicas das Relações Internacionais são cinco premissas:

1) o SI é anárquico;

2) Estados priorizam a segurança;

3) Estados vivem num ambiente de incerteza;

4) Estados necessariamente tem sempre alguma capacidade ofensiva;

5) Estados agem estrategicamente (são racionais).

Essas cinco premissas são basais para o pensamento realista.

As expectativas desses cenários são:

1) o SI causa medo;

2) é um ambiente competitivo;

3) busca incessante por segurança; e

4) busca e maximização de poder.

Mas o que a teoria realista diz sobre COOPERAÇÃO? Ela é possível? Qual o papel das Inst. Intl.
nesse cenário? No ambiente descrito anterior e que a justiça é feita entre os próprios atores, o medo da
trapaça se revela como importante (situação Dilema do Prisioneiro). Outro fator que a cooperação
“atrapalha” nesse SI realista é o problema dos ganhos relativos (ambas as partes ganham, mas o outro
ganha mais que você). No ambiente anárquico, os Estados estão preocupados com sua posição relativa,
o que é um agravante para esse debate de ganhos relativos.

MEY, as Instituições é só mais uma arena de disputa no SI; é só mais um instrumento que as
potências possuem para fazer valer seus interesses em detrimento dos demais Estados. As Instituições
não têm efeito independente, elas dependem da Balança de Poder (elas são epifenomenais, elas são
reflexo de outro fenômeno, quando elas funcionam, prevalece a Balança).

CRÍTICA 1: Institucionalismo Institucional


(para o Mearsheimer) É a teoria menos pretensiosa e foi especificamente criada para tratar de
problemas de Economia Política – e não se mete em problemas de segurança internacional. Nessa
teoria, os atores são racionais, utilitaristas e o maior problema é o da TRAPAÇA. Como que as
Instituições ajudam a diminuir esse problema? Dentro das Instituições, os atores criam um padrão
enraizado de interação (criando expectativas no futuro e incentivando a reciprocidade) – diminuindo a
incerteza.

Qual o problema dessa abordagem?

1) os problemas que a anarquia coloca para a cooperação não é somente a incerteza/trapaça.


Ganhos assimétricos permanecem;

2) os teóricos dessa teoria utilizavam de Instituições que não afetam a Balança de Poder, o que
causa um problema empírico da teoria.

CRÍTICA 2: Teorias de segurança coletiva

Sucintamente, a Segurança Coletiva é antirrealista porque prevê que os Estados coloquem um


princípio (o da Seg. Coletiva) acima dos seus próprios interesses pessoais. Essa teoria pressupõe que os
Estados irão todos call to arms assim que um país seja agressivo com outro, independente de alianças,
independente de quem seja o agressor/defensor, independente de interesses de segurança próprio.
Além disso essa teoria “cria confiança” do nada (fiat lux). Os Estados viveram milhares de anos em
guerra em incertezas em anarquia e ‘do nada’ vem alguém e fala: “não, fi, relaxa. Pode ficar sussa que
agora é seguro”. A teoria não garante porra nenhuma e os Estados não tem motivos para acreditar no
comprometimento dos demais Estados porque a teoria promete uma solução sem atacar as causas do
problema (aqui as causas são as 5 premissas do SI).

Além disso, outro problema é o problema empírico da teoria. A Liga da Nações, que previa a
Segurança Coletiva, falhou magnificamente. Na década de 1930 o Japão invade a Manchúria e a Itália
invade a Etiópia, e a Liga não fez nada. Why? Imagina que as potências fossem lutar lá no Pacífico contra
o Japão, nesse momento elas estariam enfraquecidas na Europa... e quem se aproveitaria disso? A
gigante Alemanha. O mesmo acontece no caso da Itália (que é uma potência média), porque a Etiópia é
insignificante na Balança de Poder, então foda-se a Etiópia. – SEM FALAR QUE A LIGA NÃO TINHA OS
EUA, um importantíssimo ator no SI.

O Conselho de Segurança também é um problema empírico por causa do poder de veto. O CSNU
é muito mais realista e “pragmático” do ponto de vista Realista que a Liga das Nações, mas o Poder de
Veto trava ou impede a intervenção das potências, enquanto que as grandes potências (em alguns
momentos) ignoram as resoluções do CSNU e vão guerrear assim mesmo. Então nem o CSNU funciona
como um grande mecanismo de Segurança Coletiva que apoia a tese e expectativas da Teoria da
Segurança Coletiva.

CRÍTICA 3: Teoria Crítica

Conjunto de abordagens ambiciosas, que acreditam que o discurso afeta a realidade e que
combatem os fundamentos do Realismo.

MEY diz que eles são incapazes de dizer como que um discurso vai prevalecer sobre outro; eles
não conseguem apontar o caminho da mudança; eles não possuem evidências empíricas que
corroboram sua teoria. Sucintamente, abordagens e teorias críticas são bullocks.
KEOHANE e MARTIN (1995)

Institucionalismo: Utilitarista e Racionalista

Problemas do Realismo e da Crítica de Mearsheimer.

KEOHANE também faz uma crítica ao MEARSHEIMER porque a teoria deste previa o fim da OTAN
e um maior período de instabilidade, mas que na realidade não se verifica – as previsões do MEY
falharam. Além disso, o método do MEY é injusto: “se as teorias rivais não têm consistência, a minha
sobrevive por eliminação das demais” (MEY, Menino).

O Realismo tem expectativas muito gerais e que para os Institucionalistas são falhas justamente
por isso. “Em algum momento, os Estados vão se equilibrar”. KEOHANE pergunta: “ta, mas quando? Em
que condições? Todos os Estados? As expectativas são de anos ou de meses? Etc.”.

A tese do KEOHANE é de que o institucionalismo subsume o Realismo, ou seja, parte das


mesmas bases do Realismo, mas que possui maior capacidade explicativa. O Institucionalismo absorve
o Realismo, porque consegue explicar tanto quando a cooperação falha (como o Realismo prevê) quanto
quando a cooperação funciona. O Institucionalismo explica melhor as condições para a cooperação.

Nesse artigo, os autores rebatem o artigo anterior do menino MEY que caiu matando nas teorias:

1) Menino MEY disse que Institucionalismo não é uma teoria de Segurança, mas sim uma
teoria de Economia Política (e essa não-relação é ruim porque, para MEY, os dois estão
interligados). KEOHANE e MARTIN discordam porque eles acreditam que Instituições são
uteis principalmente para aumentar o fluxo de informação no SI e diminuir incerteza – o que
pode provocar um nível maior de cooperação inclusive na área de segurança.
2) MEY afirma que os institucionalistas ignoram ganhos relativos (o que é um problema. Ler
aula anterior). Autores rebatem: as Instituições possuem mecanismos de compensação que
deixam os ganhos mais equitativos para os Estados.
3) Problema da BASE EMPÍRICA citado pelo MEY: os Estados criam as Instituições, então é
natural que elas sejam reflexo da distribuição de poder (pois os Estados mais poderosos
naturalmente têm maior capacidade de desenhar as instituições); óbvio também que os
mais poderosos criarão instituições que atendem seus interesses (e não por altruísmo).
Contudo, as instituições passam a desempenhar um papel independente, restringindo o
escopo de ação e 9influência dos Estados (mesmo os mais poderosos). Eventualmente, as
Instituições passam a constranger o comportamento Estatal mesmo em situações em que ele
não vê mais benefício em fazer parte dela. Tipo assim, eles criam as instituições pensando
apenas em mais uma ferramenta para expansão e ‘aplicação’ do poder Estatal, contudo elas
passam a ter ‘vida própria’ e começam a constranger os Estados, limitando a capacidade de
‘exploração’ dos poderosos. Portanto, como corroborar empiricamente as afirmações do
KEOHANE e MARTIN? Quando as instituições permanecem mesmo após a mudança no SI
(ex.: instituição criada na bipolaridade e que se mantém após o fim desta). Se o
comportamento dos Estados mudar, significa que as Instituições têm pouco impacto neles e a
balança de poder é a variável explicativa. Contudo, se o contrário ocorrer, as instituições têm
poder. OU SEJA, se após uma mudança de polaridade o comportamento Estatal se manter,
significa que as instituições têm poder – de outra maneira: os Estados deixam de respondem
a incentivos estruturais e passam a responder incentivos institucionais. // Quando acaba a
bipolaridade (a razão de ser da OTAN) tem-se divergências de expectativas, porque o
Realismo acredita que a OTAN vai deixar de existir e o Institucionalismo acredita que ela se
manterá. O contrargumento realista diz: “(na unipolaridade) as instituições ou deixam de
existir, ou se readaptam à nova balança de poder e se tornam instrumentos de intervenção
estadunidense”.
RUSSET (1993)

Tipo de Regime Político  Propensão ao uso da força?

Fim da Guerra- Fria  Nova Era das Ris

Paz democrática:

1) Tese geral (pacíficas em geral, com todo mundo);

2) Tese específica (mais pacíficas entre democracias).

A tese que Russet defende é a específica – em 2003 ele e mais um carinha publicam um outro
estudo mais detalhado testando a Tríade da democracia (instituições democráticas, livre comércio e
instituições internacionais) e nele defendem a tese geral.

Tese: empírica (há muito tempo que democracias não entram em guerra entre si, em que evitam
utilizar a força); prudencial (que existem outros meios de resolver conflito); normativo-cultural
(entendimento tácito de que é errado que democracia use a força entre si).

RUSSET identifica na discussão kantiana da Paz Perpétua as bases filosóficas para a Paz
Democrática. WALTZ, óbvio, discute um pouco a ideia kantiana e meio que discorda dele, mas enfim,
não vem ao caso. RUSSET também busca fundamentos nos discursos e ideias de Woodrow WILSON (o
presidente estadunidense do início do século XX).

Gênese (ou embrião) da Paz Democrática está presente no pré-1ª GM (final do século XIX),
porque já havia uma certa restrição ao uso da força entre democracias. RUSSET usa dois exemplos para
corroborar sua tese: Crise da Venezuela (entre EUA e ING – 1898) – crise por conta de um conflito
fronteiriço entre Venezuela e Guiana; a ING queria forçar uma resolução favorável à sua colônia (VEN) e
os EUA, pelo discurso da Doutrina Monroe, se opunha à ING e exigia que a treta fosse resolvida por
arbitragem. O importante para o RUSSET é que a crise se resolveu pacificamente (prevaleceu a ideia
dos EUA) porque existia uma comunidade de segurança entre os dois países, existia a ideia de que
seria errado ambos os países utilizarem da força para resolver o conflito. O SEGUNDO CASO utilizado é
o da FACHODA entre França e Reino Unido.

Depois da 1ª GM a PD (paz democrática) não teve muita chance. Na verdade, entre o entre-
guerras até a década de 1970, a PD não teve chances para se firmar. A partir dos anos 70 a PD aparece
como um fenômeno inquestionável (uma evidência empírica inquestionável) porque havia várias
democracias no mundo e, ano após ano, guerras eclodindo, porém sempre envolvendo países
autocráticos-autoritários ou entre uma democracia e um desses países.

RUSSET apresenta três argumentos que se inter-relacionam:

1) existem restrições nas relações entre democracias que não se apresentam entre estados que
não são democracias (ou seja, o argumento da Tese Específica);

2) democracias são menos propensas a usar a força entre elas; 3)

DEFINIÇÕES:
 Guerras Interestatais: guerra são conflitos com mais de mil mortos. Ele utiliza do
Correlates of War para definir guerra e tal. Lógico que RUSSET também usa do bom
senso. Eu to meio perdido no que o Flávio ta falando. Mas sei que ele começou a falar
sobre as quatro definições do que seria algo “não-intencional” e que não pode ser
caracterizado como guerra. Página 12 do artigo do Russet, olha lá.
 Critério de participação (quando que se considera que um Estado participou numa
guerra?): quando um Estado mandou pelo menos mil soldados e/ou tido pelo menos 100
mortes.
 Democracia: participação eleitoral (o povo escolher seu governante); sufrágio universal;
disputa político (pluralidade partidária)/liberdade para contestação; existência de
democracia por pelo menos 3 anos;

CASOS CONTESTADOS (aqueles que normalmente são usados para criticar a Paz Democrática) –
pág 17 do artigo:

 Guerra 1812 entre EUA e ING; excluída pelo critério de democracia (ING não é
democracia)
 Guerra 1849 entre República Romana x França. Estados papais não são democracia;
 Guerra Civil americana 1861: não é guerra interestatal;
 Guerra EQU-COL em 1863: não são democracias
 Guerra Franco-Prussiana: Prússia não é democracia;

Paz Democrática, corte temporal do autor é 1946 e 1986. Pares politicamente relevantes (pares
de países próximos em que existem chances de conflito de interesse e chances de conflitos // ou pares
de países que envolvem pelo menos uma grande potência).
LAYNE (1994)

Realismo Estrutural x Paz Democrática  Sistema x Natureza da Unidade

Paz Democrática: democracias nunca/raramente lutam entre si e raramente se ameaçam com o


uso da força.

RAZÕES INSTITUCIONAIS:

1) opinião pública e eleições (público rejeita guerras) logo para ser eleito ou reeleito o político
não apoia guerra;

2) pesos e contrapesos (executivo não é totalmente livre, guerra depende da aprovação dos
outros poderes).

CULTURA DA PAZ / NORMATIVIDADE DA IDENTIDADE PACÍFICA: Uma sociedade democrática não


guerreia contra a vontade da maioria. Para LAYNE, principal causa da paz democrática, só pode ser
explicada assim, pois a guerra ocorre entre países democráticos e não-democráticos.

TESTES: Near misses  a paz democrática explica o processo de decisão de quase entrar mas não
entrar em guerras? Process-tracing. Casos de democracias que QUASE entraram em guerra.

EXPECTATIVAS da PAZ DEMOCRÁTICA:

1) opinião pública pacifista;

2) ausência de ameaças e de preparações militares; acomodações de demandas (sem imposição


ou ultimatos);

EXPECTATIVAS DO REALISMO:

1) quanto mais vitais os interesses em jogo, menos o tipo de regime do adversário será
relevante;

2) se os interesses são grandes, o que rege as estratégias é a balança de poder e as estratégias.

CONCLUSÃO de LAYNE: realismo é uma teoria superior.


TRACHTENBERG (1989) – Estratégia Nuclear

Pensamento Estratégico na América: 1952-1966

TRACHTENBERG é um historiador de assuntos militares e um dos mais reconhecidos no seu


campo, principalmente história da estratégia (ou de ideias estratégias). Ele possui grande aptidão
analítica e dessa forma consegue ter uma visão próxima da ciência política.

O artigo gira em torno do pensamento estratégico construído nos EUA nesse recorte temporal
que o autor delimita. No início dos anos 1950 tem-se a chamada revolução termonuclear; 1952 porque é
o marco que extrapola o limite militar com a invenção da Bomba de Hidrogênio (que é muuuuuito mais
forte que a bomba atômica). Bomba atômica tem capacidade de 15 quilotons (KT) ( = 15 mil toneladas
de dinamite) de destruição; bomba de hidrogênio tem capacidade destrutiva calculada em MILHÕES de
toneladas de dinamites (MT). Com as coisas tomando essa proporção, todo mundo parou pra repensar
sua vida porque a coisa tava feia – e porque o pensamento militar estaria se alterando a evitar o uso
dessas bombas. Desde então, todas as estratégias nucleares são ‘imaginárias’ (no sentido de faltar apoio
empírico), lógicas e abstratas.

Mas por que parar em 1966 (e não ir além)? A tese do autor é de que pouca coisa nova surgiu
após ’66 – sobre estratégica nuclear – e, portanto, a partir disso é meio que irrelevante ou superficial.
Além disso, nos anos 50 também se desenvolveu a tríade nuclear (formas de entregar ogivas nucleares:
mísseis balísticos e intercontinentais; submarinos nucleares e aviões). Somando as bombas de
hidrogênio + uma variedade de meios para entregar elas, tem-se a realidade de uma Destruição Mútua
Assegurada (MAD, em inglês). Disso, o principal objetivo fundamental é Dissuadir, baseado na
perspectiva de retaliação. A dissuasão não pode ser dissociada da capacidade de emprego (de armas
nucleares), o que gera um dilema claro: o objetivo é evitar a guerra, mas para isso é necessário saber e
estar disposto a fazer uso das armas nucleares. O dilema vai além disso, porque além da dissuasão
(‘efeito negativo’) que armas nucleares possuem, elas também possuem um efeito positivo, que seria a
demanda de exigências. Esse uso positivo é o que foi chamado na época de Threat Value (Valor de
Ameaça) – chamado de potencial coercitivo, por Thomas Schelling.

Até essa época, o campo da estratégia militar era dominado pelos militares mesmo. Contudo, até
a era nuclear, os Civis passam a ter predominância na elaboração de pensamentos estratégicos –
enquanto os militares foram escanteados aos poucos.

Essa temática das armas nucleares e de estratégias militares invoca um grande pensador
acadêmico: THOMAS SCHELLING. Para ele, armas nucleares possuem principalmente a capacidade de
causar dor/sofrimento (poder de ferir) – o que é chamado de PUNIÇÃO pelo Robert PAPE. Ademais, as
armas também possuem um grande valor coercitivo (na chamada Diplomacia da Violência).

Schelling faz uma diferença entre Escalada Deliberada (“eu vou tomar uma decisão consciente de
usar armas nucleares”) e Escalada Probabilística – manipulação dos riscos da guerra nuclear; explorar o
potencial de guerra pra levar o outro lado a desistir – (BRINKMANSHIP: ameaçar a perder o controle
devido a um aumento gradativo dos riscos de perder tal controle)  PROCURAR ISSO AQUI NO
GOOGLE.

No contexto da Guerra Fria: se a URSS invadisse a Europa, os EUA poderia ficar de fora e evitar o
conflito nuclear – apesar de ser uma alternativa atraente, tem o problema de que a URSS passa a ganhar
terreno demais. Os EUA então decidiram mudar para a Europa e criar bases militares lá, abandonando a
alternativa de não se envolver numa possível invasão soviética. ISSO É BRINKMANSHIP.
O ‘problema’ é que brinkmanship não explica o porquê de não houver guerras nucleares ainda.
Porque, ao fim e ao cabo, o uso seria decidido por alguém (um comandante, por exemplo). Qual
contexto faria com que um comandante tomaria essa decisão?

A LÓGICA DA PREEMPÇÃO – medo recíproco de ataque surpresa. Dissuasão mínima –


quantidade mínima (ou uso mínimo) das forças nucleares que já são suficientes para dissuadir o inimigo.
PROENÇA JR. (2003)

Enquadramento Teórico de Operações de Paz  Entendimento fenomenológico, não jurídico ou


administrativo -> Qualquer PKO concebível.

PROPOSTA: Teoria da Guerra e Teoria de Polícia

Entendimentos essenciais: Força x Violência // Uso da Força // Guerra x Paz

Força x Violência: fisicamente, você provoca o mesmo, então há diferença entre eles? Segundo o
autor, existe diferença no quesito de apropriabilidade (apropriado) e legitimidade (sem ela, o ator está
sendo violento).

Uso da Força: está presente quando há mudança de comportamento.

Guerra x Paz: “ausência de guerras” (conceito negativo de paz).

Operações de Paz é uma guerra? Segundo a Teoria da Guerra, a guerra é um ato de força que
obriga o outro a fazer minha vontade.

PKOs são um ato de força? Sim, pois a presença dos ‘capacetes azuis’ – mesmo que sem atuar,
sem atirar, sem coagir, só desfilar lá com armas – já resulta numa mudança de comportamento.

PKOs produzem uma vontade (pelo uso da força)? Sim, aquele(s) que manda(m) as forças são os
interessados na paz e o sucesso da PKO resulta na realização da vontade de quem mandou.

PKOs “combatem” alguém? Sim, aqueles que ameaça a produção da vontade de quem manda a
PKO – grupo(s) que se opõe ao status – (tipo assim, o que eu quero dizer é que aquela pessoa que quer
mudar a situação e utiliza da força para tentar mudar [inicia uma guerra] será também o ‘alvo’ da PKO).

PORTANTO, PKOs SÃO GUERRAS (de coalizão).

Toda guerra é composta por considerações políticas, financeiras, táticas, estratégicas, logísticas,
etc.

POLÍTICAS: qual o status quo eu quero produzir? Quem eu quero que governe nessa paz? Em que
tipo de guerra eu to entrando (ilimitada ou limitada)? Qual o valor dessa guerra para o seu adversário?
O quanto ele tá disposto a resistir? Eu to disposto a realizar essa guerra? Com base nesses
questionamentos, o autor propõe uma tipologia de paz.

PKOs podem ser de quatro tipos:

 Baseada no contexto político que pode apresentar grupos beligerantes e que já estão
lutando entre si, que querem formar Estados diferentes (separatismo), que lutam por
soberania em territórios;
 Grupos beligerantes em que um grupo quer governar/dominar o outro. O objetivo é ter
um único Estado sob liderança de um único grupo;
 Contexto em que grupos não estão lutando efetivamente, mas tem essa possibilidade, e
que querem Estados diferentes;
 Mesma coisa que o anterior só que os grupos querem dominar o outro e ser um Estado
sob seu controle.

TÁTICAS: relativas à alocação de forças e ao uso delas. Qual o uso mais eficiente das forças? Qual
a maneira de maximizar as minhas chances de vitória? As considerações táticas sofrem influência da
Política. ROE (Rules of Engagement)

ESTRATÉGICAS: paz é quando há um equilíbrio de forças, se não há equilíbrio, há um grupo que


pretende tomar poder. Então PKO é a tentativa de equilibrar as forças entre os grupos beligerantes.
Dessa forma, o objetivo estratégico é justamente fazer/produzir esse equilíbrio – mesmo que o objetivo
de quem manda seja colocar um dos grupos no poder para governar. Esse equilíbrio de forças depende
do tipo de guerra que está sendo travada. Na guerra ilimitada, um dos grupos tem que ser
completamente incapacitado de utilizar a força.

Na guerra limitada, o equilíbrio pode ser atingido sem precisar incapacitar totalmente o
adversário – mas que o faça desistir continuar lutando.

Teoria de Polícia (BITTNER): as forças teriam que, por um tempo exercer a função de polícia, de
gerenciamento, de observação. Teoria de Polícia é pensar na força como instrumento para a
manutenção de um Estado de direito. As forças respaldam a lei, mas é um respaldo seletivo (não
defende todas as leis, só algumas que tem a ver com situações de emergência).
DINIZ, Eugênio. Compreendendo o Fenômeno do Terrorismo. 2004
1- INTRODUÇÃO: Terrorismo como um conceito ‘abstrato’ e que engloba várias coisas, muitas vezes
divergentes. É preciso delimitar o que é esse conceito;
2- Terrorismo como um fenômeno político e um termo depreciativo (Gibbs, 1989) / tentativa de
desqualificar politicamente adversários;

3- ENTENDIMENTOS TRACIONAIS: definição terrorismo – uso da violência e do medo para atingir um fim –
de Schelling (1982) é muito ampla e nada explica sobre o fenômeno, pois não há distinção entre
terrorismo e um assalto/crime qualquer;
4- Forma clássica de definição usada por Rand Corporation: “crime por motivos políticos, que ferem as
regras que governam conflito armado (portanto não sendo soldados numa guerra). Terrorismo tem o QUÊ
psicológico cujo objetivo é disseminar o medo e/ou garantir concessões. Separação entre vítimas da
violência e o alvo do efeito psicológico”; Essa definição não serve porque ta presa ao sentido normativo,
fazendo com que uma mudança de lei torne o terrorismo “legal”;
5- Definição de Jack Gibbs precisa responder 5 questões: 1) terrorismo é necessariamente ilegal? 2)
necessariamente usado pra um objetivo – e qual? 3) como ele necessariamente se distingue de operações
convencionais de guerra (guerrilha e civil inclusas)? 4) necessariamente apenas anti-governos o usam? 5)
necessariamente uma estratégia distinta do emprego da violência (e qual estratégia é essa)?
6- Gibbs responde: 1) seja utilizado pra alterar ou manter uma norma presumida (numa sociedade ou num
estado); 2) caracterizado pelo sigilo, furtividade, clandestinidade; 3) não utilizado como defesa
permanente; 4) não guerra convencional o que dificulta a previsão de suas ações; 5) percebido pelos seus
membros que eles contribuem para o objetivo através do uso do medo e da violência em indivíduos que
podem ou não ser o público-alvo e para publicizar alguma causa;
7- Problemas dessa definição: 1 é pautada na legalidade (volátil); 2 ponto dois ta ligado ao primeiro e
improcede; 3 não há definições claramente aceitas de guerras convencionais, civis e de guerrilhas; 4 o
ponto um é amplo e vago demais – crime com motivação política para fazer publicidade pra uma causa?
Qualé; 5 as pessoas que sofrem a violência também são vítimas do terrorismo e publicizar uma causa não
é crime (tautologia: terrorismo é publicizar uma causa utilizado de técnicas terroristas);

8- TERRORISMO: FINS E MEIOS. É preciso relacionar a definição tanto com seus meios quanto com seus fins
(tratando o fenômeno como social e não jurídico). Analisar os meios distingue de outras ações com fins
semelhantes. Analisar os fins distingue ações de meios semelhantes. Não da pra se criar um conceito
‘cru’, porque há um peso histórico nele (lembrando que é um termo pejorativo);
9- As definições anteriores apresentam o emprego ou ameaça-de-emprego da força física com uma
característica específica: a indiscriminação dos alvos visando causar um efeito psicológico (o terror – é ele
que importa). Ou seja, qualquer pessoa, mesmo que remotamente ligada ao público-alvo, pode sofrer
terrorismo;
10- O efeito psicológico é superior a destruição material. Ex: ligação dizendo que tem uma bomba num
shopping (sendo mentira ou verdade) causa pânico generalizado e daí se tem o Terror;
11- Esse efeito psicológico não é exclusividade do terrorismo. Há táticas de guerra que utilizam de artimanha
semelhante para inverter a relevância da comparação numérica de soldados armas etc. O específico do
terror (não necessariamente terrorismo) é a virtual irrelevância para a relação numérica ou material de
forças, da destruição (pessoas, equipamentos, suprimentos) causada;
12- Ou seja: emprego ou ameaça-de-emprego da força física de uma maneira específica: o terror. OU SEJA (2)
“o entendimento de que é o emprego do TERROR – e não o da força – que caracteriza o terrorismo.
13- Com isso já se distingue de sistemas jurídicos (não é indiscriminado) e de conflitos convencionais (não é
indiscriminado). Um caso de um grupo utilizando do terror para fins privados (sem uma causa maior, por
exemplo) NÃO é terrorismo. Seitas apocalípticas também estão excluídas;
14- Definição: emprego político do terror. Satisfaz os critérios científicos, mas ignora o lado histórico do
termo. Portanto ainda é impreciso;
15- EMPREGO POLÍTICO NÃO-TERRORISTA DO TERROR: BOMBARBEIDO DOUHETIANO. Inglaterra responde
bombardeios alemães em cidades inglesas, bombardeando cidades alemãs, em 1917 e acaba resultando
na RAF. Douhet (1988) escreveu sobre a 1GM e na sua opinião a guerra na terra era morticínio
improdutivo, foca-se na questão aérea. Para ele as guerras eram totais e a sociedade estava envolvida
(não somente forças armadas). Para Douhet, era necessário quebrar a vontade inimiga de permanecer
lutando (efeito moral/psicológico – uso do terror) utilizando bombardeio aéreos. Os bombardeios seriam
tão destruidores e aterrorizantes que, paradoxalmente, menos mortes aconteceriam e a guerra seria
menos mortífera.
16- Douhet faz sentido quando vendo só o que ele descreve, mas ele subestima a capacidade antiaérea e
superestima a destruição dos bombardeios. Subestimou também a capacidade da população em resistir a
tais atos e até os usarem para inflar o espírito de vingança/luta;
17- Douhet emprega todos os elementos do terror, com uma finalidade política (fazer o inimigo ceder). Ou
seja, houve o emprego político não-terrorista do terror;

18- EMPREGO POLÍTICO TERRORISTA DO TERROR. Ex: uma galera sequestra um avião (independente de quem
está nele), vira notícia, um grupo assume o sequestro. Pronto, já temos uma situação terrorista.
Independentemente do fim (sequestradores escapam ou morrem, reféns são mortos, etc), a ação
resultou na divulgação de uma causa e um grupo disposto a lutar por ela pra mudar a situação atual – que
não os agrada. A divulgação do crime + o assumir da culpa visa: 1 gerar pânico e alarme para uma causa; 2
divulgar o grupo para que assim se tenha mais aderentes;
19- Situação 2: um grupo não tem aderentes e acredita que há potencialmente aqueles que ajudariam a
defender uma causa, mas que não engajam na luta. Expondo a fragilidade do país, governo ou facção
através de atentados repetidas vezes mostra a incapacidade de reação, a situação se inverte. Além de
divulgar a causa, divulga a fragilidade do inimigo e incapacidade de proteger cidadãos/súditos. [pode não
ter o efeito desejado se for ‘aleatório’, porque ninguém ta preparado 24/7];
20- Dificultando: as pessoas não aderem a causa porque há mascaramento da situação. Como reagir?
Expondo a opressão disfarçada: provocar o opressor a agir de forma que não deixe dúvidas de sua
opressão, desnudando-a;
21- Como essas situações diferem dos bombardeios douhetianos? O ALVO. O alvo do emprego não-terrorista
do terror é aquele que sofre diretamente da violência (visa-se fazer com que o alvo atue de uma maneira
específica proclamada – ex: se render). O alvo do emprego TERRORISTA do terror não é, necessariamente,
aquele que sofre a violência de primeira mão; não há uma vinculação direta entre o emprego do terror e
o objetivo último do grupo; “Quando se quer obrigar alguém a fazer algo, é preciso dizer a ele o que fazer
(uso não-terrorista), nos casos acima (uso terrorista) a melhor maneira de um grupo NÃO obter o
resultado imediato desejado é anunciá-lo”;  ERREI HAHAHA. É outra coisa. Vou copiar o que o professor
disser: a diferença é a VINCULAÇÃO entre meios e fins. Existe uma vinculação direta entre o uso do terror
(meio) e a produção do objetivo político (fim) (uso não-terrorista); no uso terrorista do terror, a vinculação
entre o uso do terror e a produção do objetivo político é indireta, porque o grupo terrorista não consegue
coagir seu adversário para que ele ceda. Então por que fazer atentados? Para divulgar uma causa para o
mundo; colocar o grupo no mapa político como uma alternativa de luta contra determinada situação;
para atrair apoio para o grupo (tanto humano quanto financeiro e material); demonstrar vulnerabilidades
do alvo; ou seja, fortalecer-se.
22- Contudo essa estratégia pode sair pela culatra. Atentados não são tão ‘populares’ assim e pode
“dessolidariezar” a sociedade para a causa. O atentado tem importância em si mesmo, independente da
destruição material causada (logo tende-se a minimizar a destruição).
23- Pepino: se expor a reação desejada, o grupo pode ser facilmente frustrado, seu objetivo não alcançado e
o combate intensifica (lembrando: além do objetivo-mor, visa angariar apoio); caso isso ocorra, a reação
do grupo é aumentar a dramaticidade dos atentados, prejudicando a aderência de novos indivíduos. O
uso do terrorismo é altamente arriscado e precisa ser precisamente calculado.
24- Utiliza-se essa tática altamente arriscada porque tem-se uma sensação de urgência.
25- PORTANTO: “Podemos entender terrorismo como sendo o emprego do terror contra um determinado
público, cuja meta é induzir (e não compelir nem dissuadir) num outro público (que pode, mas não
precisa, coincidir com o primeiro) um determinado comportamento cujo resultado esperado é alterar a
relação de forças em favor do ator que emprega o terrorismo, permitindo-lhe no futuro alcançar seu
objetivo político — qualquer que este seja”;

26- CONCLUSÕES. 1 terrorismo enquanto estratagema do fraco, daquele que visa mudar a relação de poder e
aí sim mudar uma realidade (a que a causa se opõe); 2 quanto ao combate ao terrorismo, tem-se dois
processos: neutralizar e desmantelar o grupo. Neutralizar frustrando seus intentos tentando antecipar ou
impedir os atentados/resultados dos atentados (ex: de maneira não prevista e não desejada pelo grupo),
ou seja absorver social e politicamente os danos causados pelo grupo; 3 o terrorismo pode ser
empregado por qualquer ator (individual, coletivo, governamental – reconhecido ou não – etc); 4 o alvo
pode ser indivíduo isolado ou um coletivo e não necessariamente um governo Estatal (pode haver
terrorismo entre facções terroristas); 5 é importante pro grupo que o atentado seja amplamente
conhecido na população-alvo; 6 terrorismo não é uma coisa moderna (era empregado na Síria do século
XI ao XIII); 7 não faz sentido conceitualmente distinguir terrorismo doméstico de internacional (mas essa
distinção tem importância prática);

27- UM MODELO ANALÍTICO DO COMBATE AO TERRORISMO (neutralização e desmantelamento – ambas as


etapas exigem grande investimento e aparato de inteligência). Neutralização: os objetivos são antecipar a
meta desejada pelos terroristas e evitar produzi-la e antecipar eventuais atentados para impedir que
ocorram. Desmantelamento: a meta da inteligência é identificar onde atuar para se ter mais eficiência
para, progressivamente, inviabilizar a ação do grupo terrorista. Definir esses locais de atuação dependem
dos quatro fatores a seguir;
28- Necessidades Logísticas: equipamento não costuma ser um problema, visto que da pra comprar insumos
(armas, munição, explosivos) de forma relativamente barata e armazenar sem levantar muitas suspeitas.
O problema é o recrutamento, devido a natureza clandestina do grupo – é necessário ter uma boa
‘peneira’, porque os novos membros terão acesso a informações sensíveis com relação ao grupo. Colocar
infiltrados é uma excelente maneira de desmantelar um grupo. O treinamento deve ser amplo e capaz de
satisfazer diferentes áreas de atuação (ex: utilização de armas, explosivos; despistar e disfarçar; etc) –
quanto mais descentralizado grupo, mais intenso é o treinamento. Isso exige infraestrutura,
principalmente espaço(s) e área(s), podendo estes serem de dois tipos: esconderijo (dificuldade em achar
o local) e santuário (dificuldade política de os atacar). Ações que atacam essas características podem ser
chamadas de “estrangulamento logístico”;
29- Finanças: de onde vem o money, onde ele ta escondido, dificultar aquisição de equipamentos, dificultar o
sustento de locais de treinamento, etc. Isso é chamado de “sufocamento financeiro”;
30- Organização: se for mais verticalizado, atacar o topo (neutralizando lideranças-chave ou a comunicação
com o topo) é uma boa maneira de desestabilizar a organização; em grupos mais descentralizados, uma
boa maneira é neutralizar os agentes da logística ou finanças.
31- Apoio político: “As bases de apoio, sem exclusão, podem ser: governos reconhecidos como tal; grupos
que controlam politicamente determinados estados, sem serem reconhecidos como governos; pessoas
ou redes de pessoas influentes em um ou mais países; uma ampla base social”. Um agente que dá apoio
político para o grupo pode atuar nos três fatores acima, mas o pior que esse agente pode fazer
(principalmente se estamos falando de um Estado) é dificultar o combate ao terrorismo – pois terão
consequências políticas e quiçá retaliações.
32- Logo, tem-se maneiras de combater o terrorismo.

RESUMO DO ARI:

Definição de terrorismo: análise, combate e avaliação

Problema  uso político do termo

 Fenômeno bélico de uso da força, porém adquiriu uma conotação pejorativa  terrorismo e terrorista
assumiram significado político (ganha apoio/aliados por parte daqueles que querem combater; ganha
legitimidade interna; exclui um grupo)  problema: confunde a análise; debate enviesado (ex:
caracterização de alguns grupos como terrorismos por parte de alguns governos por causa de políticas
adotadas por outros governos).

Se não tem clareza do que define um fenômeno, não tem como analisar a coisa. Como combater algo que não se
sabe o que é? Se não tem isso tudo, faltará parâmetros para avaliar isso tudo.

Schelling: terrorismo tratado por um conceito de dicionário  usar intimidação/terror para obter um fim; coagir
por intimidação e medo  PROBLEMA: Diniz não concorda por ser algo muito geral, muito ampla  EX: ladrão
que rouba com a arma na cabeça.

Jenkins: crime + motivação política (fins políticos) + fator psicológico  PROBLEMA: fenômeno subordinado a
ordenamento jurídico (não há definição universal do que é ou não é um crime  necessidade de entender
fenomenologicamente (necessidade de entendimento em qualquer espaço-tempo).

Gibbs: perguntas para formulação do que se torna um ato terrorista para Diniz  “emprego ILEGAL da violência
contra objetivos humanos ou não: desde que (...)”  entrou novamente na questão de ordenamento jurídico.

Necessidade de uma definição social, não jurídica; capaz de caracterizar uma coisa a partir do seu modo de ação
 identifica MEIOS e FINS da ação

MEIOS: terrorismo usa a força/violência, mas de uma forma particular  com propósito imediato, particular de
gerar/produzir terror (efeito psicológico)  separar terrorismo de outras formas de violência (guerras e
guerrilhas, onde os alvos tem importância, efeito material importa).

FINS: terrorismo só faz sentido se tiver um fim político.

VINCULAÇÃO INDIRETA ENTRE MEIOS E FINS

Terrorismo como estratagema do fraco, para buscar um objetivo intermediário entre o meio e o fim
(fortalecimento do grupo: apoio ao grupo). Terrorismo é inerentemente o meio do fraco. O forte não vai usar o
terrorismo, vai usar a força de forma mais estratégica.

Combate ao terrorismo envolve duas etapas:

 neutralização  neutralizar o efeito = se não existe medo, priva o grupo terrorista de seu efeito, já que
grupo terrorista necessita da repercussão e do medo  evitar atentados e evitar o medo (mostrar que
não vai acontecer de novo; a sociedade está preparada)
 desbaratamento  desmontar o grupo para que não seja capaz de planejar novos ataques
o logística  acabar com santuário, capacidade de recrutar e treinar pessoas
o financeiro  recursos materiais, financiamentos, fluxos financeiros
o organização do grupo  entender como o grupo é organização hierarquicamente
o isolamento político do grupo  apoio político importante (Estado)? É preciso romper esse apoio.

Qualquer tipo de ator pode realizar o terrorismo  A ÚNICA COISA QUE CARACTERIZA O ATOR É A FRAQUEZA.

Qualquer tipo de ator pode ser alvo do grupo terrorista.


Terrorismo não depende de comunicação em massa  potencializa o terrorismo, mão não é dependente dele,
basta haver apenas algum tipo de comunicação que ligue os indivíduos.

Terrorismo não é um fenômeno moderno  Revolução Francesa

Não faz sentido separar terrorismo doméstico de terrorismo internacional  terrorismo é terrorismo!!!
20 de JULHO de 2017 (última aula do semestre antes da prova)
GALTUNG (1969) – Entendimento de PAZ >> Ferramenta cognitiva e Transformadora.  Esse
texto tá no meu Google Drive e está designado na disciplina de Tópicos em Política Internacional (TPI). E
ele é sensacional, principalmente na parte que ele fala sobre religião e matemática (sim, matemática!).

TRÊS PRINCÍPIOS: 1) o termo paz deve ser utilizado para se referir a objetivos sociais que são
acordados por muitos (não necessariamente a maioria); 2) os objetivos podem ser até ser complexos e
difíceis, mas não podem ser impossíveis de serem alcançados (a paz não pode ser ideal); 3) a afirmação
de paz como ausência de violência permanece válida.

O ponto de partida do GALTUNG é um novo entendimento de violência. Violência para ele é:


“violência está presente quando seres humanos estão sendo influenciados de modo que suas
realizações, físicas ou mentais, estejam abaixo do seu potencial”. O que ele inova com essa definição? 1)
a violência é uma forma de influência (o que aumenta PACAS o que pode ser entendido como violência)
– esse entendimento estendido é necessário porque a violência clássica (física) não abrange ordem
sociais que estão longe de pacíficas e aceitáveis, mesmo não tenho violência clássica; 2) o parâmetro
para definir se existe violência ou não é a diferença entre o POTENCIAL e o REAL.

Como a violência deriva a partir de algum tipo de influência, é importante saber algumas
caracterizações importantes sobre estas (que nascem a partir do entendimento do GALTUNG de
violência): 1) há diferença entre violência física e psicológica; 2) diferença entre influência negativa
(como uma forma de punição) e influência positiva (como um mecanismo para criar incentivos que
acabam restringindo seu potencial); 3) existência ou não de um objeto vítima de violência (às vezes a
violência é difusa e não se tem, ao certo, o “alvo” da violência); 4) se existe ou não um ator que produz a
violência (discussão de violência estrutural aí em baixo); 5) violência intencional e não-intencional
(desdobramento de violência direta e indireta) – ex. embargos econômicos visam coagir um Estado, mas
acabam matando pessoas com o embargo. Essas mortes são desdobramentos indesejados, não-
intencionais; 6) diferença entre violência manifesta e diferença latente – a violência manifesta é a “que
ta aí, que está acontecendo”, enquanto a violência latente é a potencial, a que pode emergir.

EX.: um marido não quer que a esposa trabalhe. Influência negativa: “se você trabalhar, você vai
apanhar!”. Influência positiva: “se você não trabalhar, eu te dou um carro, férias, dinheiro, etc.”.

VIOLÊNCIA PESSOAL/DIRETA x VIOLÊNCIA ESTRUTURAL/INDIRETA

EX.2: um menino morreu de tuberculose num Estado da África. Essa morte é inconcebível nos duas atuais
porque tuberculose é facilmente tratada. Isso É violência. O garoto morreu porque não teve acesso à
medicamentos, ou porque o seu ambiente é impróprio, ou porque não teve condições de se proteger da doença,
etc.

Mas quem causou essa violência? Alguém poderia apontar para o presidente, ou para a ONU, ou
para ONGs, mas nenhum destes é o “real causador”. O ator causador dessa violência é o que GALTUNG
chama de Estrutura (ideia muito relacionada com contexto/conjuntura do fato analisado). Basicamente,
se existe violência estrutural/indireta, estamos falando sobre assimetria: há distribuição assimétrica de
recursos e poder de decisão. A violência estrutural aparece em contextos de injustiça social,
necessariamente.
Ex.3: Um marido que bate na mulher – violência direta. Vários maridos que batem em suas mulheres –
violência estrutural.

TIPOLOGIA DOS MEIOS

(FLÁVIO PEDROSO) Duas formas de tipologia dos meios de violência pessoal física: 1) ANATOMIA:
amassar, matar, cortar, furar, decapitar, envenenar; 2) FISIOLOGIA: negação de comida, negação de
movimento, incapacitar, constrangimento de espaço, lavagem cerebral/controle mental, negação de ar-
água, etc.

Tipologia de violência estrutural: perpetração de uma sociedade desigual, ou seja, os fatores que
contribuem para a existência e manutenção de uma desigualdade social. GALTUNG cita seis fatores: 1)
rankeamento linear (aquele que não existe dúvida sobre quem tá em cima e quem tá em baixo); 2)
padrão de interação acíclico (é difícil alguém subir de rank e descer depois. A pessoa só sobe ou estagna
no rank que já está); 3) quando existe uma correlação entre ranking e centralidade (quanto mais alto o
rank dele, mais central ele é naquele sistema); 4) congruência entre os sistemas (a maneira em que as
relações se dão num sistema é semelhante às demais maneiras em outros sistemas); 5) concordância
entre rankings (o ator de rank elevado num sistema também terá um rank elevado noutro sistema); 6)
atores sociais que atuam num determinado sistema são representados num outro sistema por um ator
com um rank maior.

IMPORTANTE: sistemas = sistemas de atuação humana. Ex.: sistema político,


sistema econômico, sistema social, etc. Estrutura = “somatório” dos sistemas.

CONCLUSÃO: faz sentido entender violência como diferença entre real e potencial? Faz sentido
diferenciar violência direta de indireta? Se sim, isso significa que há dois tipos de PAZ: 1) PAZ NEGATIVA:
ausência de guerra, ausência do uso da força; 2) PAZ POSITIVA: (a paz almejada) uma paz com ausência
de todos os tipos de violência em que os atores atuam ativamente para impedir a perpetuação de
desigualdades sociais e promover uma sociedade mais justa.

Isso, para GALTUNG, exige uma fusão de agendas. A agenda de segurança tem que ser somada à
agenda que se preocupa com o desenvolvimento social (deixando sociedades mais prósperas e mais
justas).

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