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Monitoria Cleyton IPI - G2 (Anotações Maria Clara Mendes 2018.

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Unidade 4 - Sistema Internacional (Raymond Aron)


Sistema ou Sociedade Internacional?

Sistema: reunião de unidades, objetos ou partes por alguma forma regular de interação. O
sistema internacional, nesse tipo, seria a reunião de vários Estado e atores em um ambiente
por alguma forma regular de interação (conflito, operação). A ideia do sistema internacional
vem sendo discutido dentro das RIs há muito tempo e trouxeram, então, três perspectivas
desse sistema: (i) segundo Raymond Aron, (ii) segundo Keohane e Nye e (iii) segundo os
marxistas.
O primeiro tem uma visão realista e acredita que um sistema vai ser um conjunto constituído
pelas unidades políticas que mantêm relações regulares entre si, sendo o principal e único
ator envolvido: Estado. Acredita, também, que o sistema é anárquico e que o Estado será
soberano externamente, sem nenhuma outra força supranacional. Por conta dessa ideia de
anarquia e de não saber as ações do outro, os Estados ficam muito propícios a entrar em
conflito.
Para os dois liberais, acreditam que o sistema é anárquico, mas o Estado não é o único ator do
sistema, existem outros relevantes também (Organizações Internacionais, Sociedade Civil
Global…). Como existem outros atores além do Estado, começam a surgir outras questões,
não só a ideia de segurança, defesa, garantia da soberania, evitar conflito, mas será levado em
conta também questões como a economia, comércio, meio ambiente, saúde global, gênero.
Isso acaba tirando o peso da ideia de que o poder militar é a principal fonte de força - muitas
vezes o Estado não tem um exército tão forte, mas é muito poderoso por ter uma capacidade
econômica, ambientalista e comercial muito forte.
Por fim, o SI para os marxistas, o SI não é anárquico, mas sim hierárquico, ou seja, vão ter
Estados acima e Estados abaixo ( poder de forma vertical). Defendem, então que os Estados
mais fortes irão alienar os mais fracos, que, por sua vez, entrarão em uma cadeia de produção,
abuso, alienação e exploração.

Tratando das características do Sistema Internacional, o Bobbio acredita que a principal


característica do Sistema Internacional é a relação de forças entre as unidades: bipolaridade
(duas potências competindo entre si, como por exemplo durante a Guerra Fria),
multipolaridade (diversidade de atores que apresentam muito poder, ambiente equilibrado,
como por exemplo, para alguns pensadores, os dias de hoje) e unipolaridade (Estado
hegemônico). Por outro lado, Raymond Aron fala sobre bi, multi e unipolaridade, mas
acrescenta a ideia de visão de mundo. A visão de mundo é no sentido do globo ser
homogêneo (vários atores com opiniões similares e/ou iguais atuando no sistema) ou
heterogêneo (vários atores com opiniões distintas convivendo em um mesmo sistema).

Qual a relação, então, do Sistema Internacional e da Sociedade Internacional?


Para o Buzan, o sistema pode existir sem a ideia de sociedade, mas a sociedade não pode
existir sem o sistema. Então, para ele, antes da existência de uma sociedade, tem de ser
considerado a ideia de sistema (sistema vem antes da sociedade).
Para o Bull (Escola inglesa - junção realistas + liberais), existe a ideia do sistema
internacional, mas a diferença entre os dois é que a sociedade internacional vai ser um grupo
de Estados conscientes de valores e interesses comuns, formando uma sociedade ligada com
regras e Instituições em comum. Estados, nessa sociedade internacional, criarão juntos
organizações, instituições, agências, princípios, valores e regras e, assim, formarão o sistema
internacional.

Unidade 5: Ordem Internacional (Hedley Bull)

Hedley Bull, tenta, por sua vez, juntar as ideias de realistas e universalistas/liberais dentro do
tópico de sociedade internacional, analisando as diferentes visões.
Para os realistas, a ideia da política internacional baseada no Estado de Natureza hobbesiano,
ou seja, Estado de guerra constante, sem confiabilidade, sempre na iminência do conflito. O
sistema universalista de tradição kantiana ou liberal, defende a lógica de uma comunidade
que tem o potencial de ser criada com regras e normas definidas, em que todos os atores
compartilham certos valores e, juntos, criam uma sociedade. Enquanto isso, os
internacionalistas (galera do Bull), pegam a lógica dos realistas de conflito
constante/iminência de conflito e junta à ideia de universalistas de criar códigos e regras.
Falam, então, que a política internacional ocorre dentro de uma sociedade de Estados.
O Bull, em seu texto, afirma que existem três tipos de ordem, (i) ordem na vida social, (ii)
ordem internacional e (iii) ordem mundial.
A primeira é um padrão estável de entendimentos, comportamentos e expectativas partilhados
entre indivíduos em um dado tempo e espaço. Essa lógica de criação de normas, regras e
punição também se aplicam na política internacional. Para ele, a sociedade de Estados vai ser
esse padrão de atividades que sustentam os objetivos elementares na sociedade de Estados,
sendo eles: 1) preservação da sociedade de Estados, ou seja, todos os Estados presentes
na sociedade têm de garantir que ela permaneça ativa; 2) manter a
independência/soberania interna e externa dos Estados individuais, ou seja, respeitar a
ideia da soberania; 3) manutenção da paz, que se liga diretamente com as outras duas,
ou seja, essa garantia de que um estado saberá que o outro irá reconhecê-lo como
soberano, existe paz/não conflito, mantido no sistema; 4) limitação da violência que
resulte morte ou dano corporal, o cumprimento de promessas, ou seja, caso uma lei
tenha sido feita, essa lei deve ser cumprida, estabilidade da posse, mediante à adoção de
regras que regulem a propriedade (essa última conversa bem com Locke). Ligado a
ordem mundial, para ele, vai ser um pouco mais abrangente do que é a ideia da sociedade de
estados e vai regulamentar não só o comportamento dos Estados, como também dos
indivíduos e seus pensamentos e repulsas.

Nessa sociedade de Estados tem Estados, que são independentes, ou seja, vão afirmar sua
soberania sobre determinado espaço e população e vão possuir um governo que é soberano
externo e internamente - todas as normas criadas serão obedecidas pela população e irão
titular direitos e deveres dentro do sistema externo (jus in bellum e jus ad bello). Bull
refere-se, então, aos diferentes sistemas de Estados: 1) sistema internacional suserano, em
que um domina e todos os outros seguem; 2) sistema de Estados modernos, que
reconhece a lógica de que todo o Estado é soberano; 3) sistema de Estados primário, que
inclui apenas os Estados soberanos; 4) sistema de Estados secundário, que inclui
diferentes sistemas de estados, como cidades-estados, cidades soberanas, organizações.
A sociedade de Estado vai ser, então, um grupo de Estados conscientes de certos valores e
interesses comuns, com os quatro principais objetivos citados anteriormente que conversam
com Locke.
No entanto, como garantir que essa ordem dentro de uma sociedade de Estados seja
cumprida/garantida? Para o Bull, os mecanismos de manutenção da ordem são os Estados,
que detêm direitos e deveres; as grandes potências, que são as únicas necessárias para
garantir a ordem, sendo os Estados pequenos irrelevantes. O acúmulo de força e poder dessas
grandes potências irão garantir a estabilidade e ordem do sistema; Direito internacional, que
orienta o comportamento dos atores em diversas agendas; a diplomacia, que será um
mecanismo para a manutenção dos objetivos primários dos Estados e sua transparência; a
guerra, que irá ocorrer após as tentativas pacíficas de conversa e será uma guerra, pautada no
Direito internacional, com o objetivo de que haja a garantia da aplicação dos Direitos
Humanos e Internacional; equilíbrio de poder, para impedir que certas forças que tentem
crescer demais até a hegemonia.

Unidade 6: Instituições Internacionais

Por que os Estados criam Instituições? (Kenneth Abbott)


Um Instituição é um conjunto de regras, direitos e procedimentos para a tomada de decisão,
que guiam as práticas sociais e praticam certos papéis (exemplo: ONU). Os tipos de
Instituições são: 1) arranjos ad hoc (arranjos pontuais) que são voltados para problemas
específicos e temporários (como por exemplo, BRICS 2010, G4); 2) multilateralismo,
composto por três ou mais Estados, que devem seguir os princípios pontuais de não
discriminação, de indivisibilidade e da reciprocidade difusa; 3) regimes internacionais,
arranjos dos Estados em uma área determinada, com princípios, normas e regras. Menos burocrático e
formalizado que Organizações Internacionais, mas mais que os outros dois primeiros (exemplo: GAT;
4) alianças militares X segurança coletiva: ‘alianças’ tem claramente um inimigo definido é
um grupo de Estados envolvidos definido, então formam-se coalizões defensivas ou
ofensivas, como por exemplo a Tríplice Aliança, a Tríplice Entente e a OTAN. ‘Segurança
coletiva’ é quando um ataque ao membro da organização significa um ataque a todos,
exigindo resposta coletiva, como por exemplo a Guerra ao Terror; 5) organizações
internacionais, apse da burocratização, que funcionam como arena de negociações dos
Estados, através de suas sedes, e terão capacidade jurídica muito alta - com conjuntos de
objetivos, norma, valores, regras, cláusulas, orçamento próprio, sede, personalidade jurídica e
corpo burocrático.

Os Estados criam Instituições, mesmo sabendo que acabariam cedendo parte de sua
liberdade, soberania e direitos para uma instituição. Eles fazem isso por conta da
interdependência complexa, porque estar em uma Instituição: 1) reduz os custos de
transação; 2) cria condições favoráveis à cooperação, pois trará mais segurança e
confiança entre o conjunto; 3) estabelecer de padrões de negociação, um modelo padrão
para todos; 4) ajudar a coordenar as expectativas dos atores; Resumindo, criam
instituições para fazerem a manutenção da ordem, cooperação e reduzir custos de transação.
As Instituições vão agir incentivando a cooperação, monitorando os acordos e as
negociações, criando conjunto de punições e sanções para que os acordos sejam cumpridos e
elaborando uma política de articulação de acordos.

Segurança Coletiva (Mônica Herz, Andrea Hoffmann, Jana Tabak)


Segurança coletiva é uma coalizão entre Estados no sistema para responder ameaças de força
dentro das RIs.
A Segurança Coletiva começou a atuar com o Concerto Europeu. Nessa época, foi muito
pouco institucionalizada e não teve uma organização com conjunto de normas e regras,
atuando a partir de um Estado, com livre e espontânea atuação. As características das ações
durante o Concerto Europeu: 1) manutenção do status quo da ordem em nível internacional e
doméstico, evitando e combatendo nacionalismos e intervenções interestatais; 2) questões
humanitárias; 3) responsabilidades coloniais.
Depois do Concerto Europeu, houve a Primeira Guerra Mundial e a criação da Liga das
Nações, com o objetivo de evitar que os horrores da Primeira Guerra se repetissem.
A diferença entre a Liga das Nações para o Conselho Europeu são causadas pela maior
institucionalização da Liga comparada ao Concerto (tem uma Carta, uma sede, diversos
protocolos), pela ruptura da lógica da balança de poder - para garantir que não haja
hegemonia dentro do SI - na Liga das Nações e instaura-se o princípio de Segurança Coletiva
- ação coletiva, não individual.
A partir dessas normas e regras que a Liga instaurou, existiram alguns casos de sucesso:
sanções contra Itália, sanções contra o Japão, mediação da disputa entre Grécia e Bulgária e
mediação da disputa entre Bolivia e Paraguai. No entanto, com o passar do tempo, não deu
certo por conta de algumas crises: 1) alguns países importantes se afastaram ou se ausentaram
da Liga (exemplo: EUA, criador que nunca entrou; Alemanha que entrou em 1926 e saiu em
1933; Itália que saiu em 1937 depois da sanção contra; Japão saiu; União Soviética saiu;
Brasil saiu); 2) problemas no processos tomada de decisão: unanimidade, sem
obrigatoriedade,dificuldade de definir o que é agressão e Estado agressor (e, com isso, é
difícil de aplicar a sanção/punição sem um Estado agressor definido), ausência de
mecanismos de implementação; 3) incapacidade de resolver disputas (exemplo: Itália e
Etiópia; Invasão japonesa na Manchúria; Guerra Civil Espanhola; Expansionismo alemão-
Liga não conseguiu promover ação final ou implementar ação que fizesse que aquele conflito
terminasse).
Após a Segunda Guerra Mundial, com o intuito de não deixar ocorrer mais uma ameaça e
garantir a segurança coletiva, surge as Nações Unidas. Nações Unidas composta por cinco
órgãos principais e diversas agências, organizações e coalizões relacionadas. Alguns atores
são: Assembleia Geral, Conselho Econômico e Social (ECOSOC), Conselho de Tutela,
Secretariado, Corte Internacional de justiça e, o principal delas em relação à Segurança
Coletiva, o Conselho de Segurança, pois tem o objetivo de enfrentar as ameaças à paz e a
segurança, para que os conflitos não ocorram. O último é formado por cinco países membros
permanentes (principais vencedores da Segunda Guerra Mundial: França, China, Grã
Bretanha, Estados Unidos e Rússia) que tem poder de veto. Além disso, tem 10 membros não
permanentes com dois anos de mandato e não tem mesmo poder de veto dos P5. Esses 10 não
permanentes são divididos: 5 africana ou asiática, 2 da América latina, 2 Europa Ocidental e
1 Europa Oriental. Artigos 1º e 2º da Carta Universal legitimam as operações de paz e as
ações do Conselho para assegurar a segurança coletiva. O artigo 33.1 levanta pontos pacíficos
para solucionar algum conflito, ou seja, pela negociação, inquérito, mediação, conciliação,
arbitragem, solução judicial, recurso a organismos e acordos regionais. Desta forma, o
Conselho de Segurança pode, quando julgar necessário, utilizar dessas formas. No entanto,
nem sempre essas formas pacíficas vão ser suficientes. Assim, entra-se nas ações do uso da
força. No capítulo sete, o artigo 39 determina que as resoluções do Conselho de Segurança
devem ser feitas. O artigo 41 propõe e decide as medidas que deverão ser tomadas para tornar
as resoluções efetivas , através da interrupção das relações econômicas, dos meios de
comunicação ferroviários, marítimos, aéreos, postais, telegráficos, radiofônicos ou de
relações diplomáticas. O artigo 42 estabeleça a possibilidade do uso da força efetiva e direta
contra outro Estado. O artigo 43 determina que é uma obrigação dos membros das Nações
Unidas contribuírem com a manutenção da paz, da segurança internacional e com o CS. As
ações do CS se dividem em dois blocos: 1) métodos pacíficos: negociação, inquérito,
mediação, conciliação, arbitragem, solução judicial e recurso a organismos e acordos
regionais; 2) métodos de agressão (sanções): econômicas, meios de comunicação, transporte,
postais, diplomáticas.
Existem algumas gerações das operações de paz das Nações Unidas: 1) As tradicionais I
serão as que apenas militares irão para as operações de paz para somente observar o conflito,
sem intervir na política do local. Por conta desse papel, eles não tinham capacidade de se
proteger (exemplo disso: Crise de Suez, 1956, e a operação lá feita). É a partir da Crise de
Suez que inicia a segunda parte dos movimentos tradicionais, as tradicionais II, com a
Trindade Santa: em primeiro lugar, as operações de paz vão dependente do consentimento
dos Estados membros. Em segundo lugar, há a ideia da imparcialidade, garantia de que os
peacekeepers não entrarão em choque no conflito. Terceiro elemento é o uso mínimo da
força, só em legítima defesa e último caso. 2) As multidimensionais terão diversas tarefas e
questões para essas operações lidarem, não apenas a questões militares e a ação de
observação. A partir desse momento, começam cada vez mais a agir politicamente,
promovendo uma maior ideia de democracia, ajuda humanitária e desenvolvimento (ex:
organizam partidos políticos, constrói três poderes, promovem eleições). A ideia da Trindade
Santa, por consequência, começa a ser um pouco mais flexibilizada. Nesse mesmo período,
surge o conceito de segurança humana, ideia de que a segurança não envolve apenas as
questões dos militares, dos armamentos e do corpo físico. Surge então, outras questões tão
importantes quanto para a segurança de todos (exemplo: segurança alimentícia). Falham em
algumas missões: Caso da Somália, Ruanda, Timor Leste. 3) autoridade transitória: ONU
se responsabiliza pelo processo político, institucional e constitucional de um país, mostrando
caráter político, civil, militar e policial. 4) Há também, defendido por alguns autores, as
operações híbridas (como uma outra geração de operação), em que as operações de paz
serão feitas não somente pelas Nações Unidas, mas com a ajuda de Organizações regionais.
Com essa regionalização, torna se, então, uma ação mais legítima e os atores irão conhecer
melhor a região e o território em que irão atuar. No entanto, terão alguns problemas: como as
organizações regionais não têm tanta capacidade financeira quanto às Nações Unidas, a
cadeia de comando, nesse caso, torna-se muito confusa (ex: OEA não encontra se junta das
Nações Unidas; União Africana se posicionam a favor dessas operações; ASIAN também é
parceira dessa forma de ação; UE prefere atuar separadamente, hoje em dia; Liga Árabe se
posiciona diretamente contra essas operações de paz).
Algumas operações de paz ativas: MINUSMA, MINURSO, UNAMID, UNMIK, UNFICYP,
UNIFIL, UNMOGIP, MINUJUSTH, MINUSCA, MONUSCO, UNMISS, UNISFA, UNTSO,
UNDOF.
Algumas outras questões contemporâneas também devem ser levadas em conta nessas
operações, por exemplo, as questões de gênero (como levar mais mulheres para a linha de
frente?), as questões dos civis (como protegê-los dos crimes humanitários?).

Direitos Humanos (Andrew Heywood)


Direito Internacional Humanitário (DIH): começa a surgir em 1859, na Batalha de
Solferino, Nesse conflito, quando um advogado Suíço vai de encontro à Napoleão, vê que a
situação das pessoas envolvidas no conflito, que estavam na disputa, era muito grave, com
condições de tratamento desumanos. Escreve, então, “Lembranças de Solferino” para redigir
o que via e expressar sua opinião de que era fundamental existir um acordo que garantisse a
dignidade humana para esses indivíduos, mesmo em zonas de conflito. Em 1863, ocorre a
Conferência de Genebra, para que seja criado uma organização internacional para aliviar o
sofrimento humano, que determina os princípios bases do comitê da Cruz Vermelha. No ano
seguinte, escrevem a Primeira Convenção de Genebra, que é voltada para os feridos em
combate, garantindo o direito à saúde, por exemplo, e determinando quais eram as atribuições
desse novo corpo humanitário voluntário. Em 1906, há a Segunda Convenção de Genebra,
bastante semelhante com a primeira, mas a diferença é que a primeira é somente para
conflitos terrestres e a segunda para conflitos terrestres e navais também. No ano seguinte, há
a Segunda Convenção de Haia, que cria alguns protocolos para a convenção. Ocorre a
Primeira Guerra Mundial e, após ela, há a Terceira Convenção de Genebra, voltada para
feridos em campo e prisioneiros em guerra. A partir desse momento, começa a criar normas
que iriam garantir os direitos das pessoas que foram presas durante o conflito. Ocorre a
Segunda Guerra Mundial e, em 1949, há a Quarta Convenção de Genebra, voltada para a
proteção de civis em período de guerra, sendo uma resposta direta ao holocausto e seus
horrores. Sendo assim, nota-se que as Convenções de Genebra de 1864 até 1949 aumentam o
objeto de proteção pelo Direito Internacional, englobando civis nesses direitos básicos, não
somente combatentes feridos em meio de guerra. Em 1977 e 2005, criam se três protocolos
dentro da Convenção de Genebra pelo Comitê Internacional da Cruz Vermelha. Em suma,
quando nos referimos ao DIH, nos referimos ao conjunto de obrigações que versa sobre a
condução apropriada nos conflitos pelos Estados Internacionais. O Direito Internacional
Humanitário regulamenta o uso da força e cria a ideia de Direitos Humanos, pois preserva a
garantia de direitos básicos humanitários para os combatentes em guerra dentro da Sociedade
Internacional. Ele, então, ajuda de forma significativa na manutenção da ordem no SI.
Os Direitos Humanos alcançam sua plena validade com a Declaração Universal dos Direitos
Humanos, em 1948. Os Direitos Humanos leva em consideração uma realidade particular e
específica (no caso, o contexto dos campos de concentração durante a Segunda Guerra
Mundial), sem olhar para outros quesitos que estavam acontecendo no mundo (como por
exemplo, as questões raciais na África do Sul, questões de gênero, etc). Além disso, pode ser
entendido como um objeto de poder de certos países participantes.
Precisa-se destacar, então, que não existe uma competição entre DH e DIH. Os DH devem ser
respeitados todo o tempo, não somente em âmbito e tempos de guerra, como o DIH,
mostrando uma relação complementar entre os Direitos.
A terceira vertente de protegendo das pessoas é em relação aos refugiados, que surgiu com a
Convenção Relativa ao Status dos Refugiados, em 1951. Ela estabelece três princípios
muito importantes, definindo os refugiados (para diferenciar refugiado e criminoso de guerra-
todo Estado signatário tem obrigação legal de receber esses refugiados, nem que seja em
campos de refugiados ou contando com a ajuda do ACNUR), estabelecendo direitos e
deveres para os Estados respeitarem quando receberem os refugiados (principal princípio
colocado foi o de “não devolução”) e mostrando as obrigações legais dos Estados.
(VER TABELA MTO BOA)

Meio Ambiente (Andrew Heywood)


Outro mecanismo muito importante relaciona-se com o meio ambiente e sua relevância na
política internacional e na condução dos Estados no SI. Entretanto, o meio ambiente, por ser
uma grande arena entre os Estados, às vezes não chega a um denominador comum. Existem,
então, obstáculos econômicos, ideológicos e políticos para a obtenção do consenso. Existe,
então, os bens coletivos e os interesses nacionais. Alegam que as atuais políticas de
conservação não permitem que os países subdesenvolvidos cresçam, sendo essa uma forma
de dar continuidade na desigualdade. Ademais, afirmam que o atual modo de produção causa
grandes danos ao meio ambiente, e é necessário promover mudanças.
Existem algumas teorias e correntes que têm o meio ambiente como pauta de seus discursos.
Os marxista acreditam que só é possível superar o problema ambiental se saímos do
capitalismo. Outra vertente defende que o capitalismo permite a existência de ideias
inovadoras que reduzem os impactos ambientais. Outros defendem a Teoria Verde, de que os
próximos conflitos serão por recursos naturais. Ademais, uma das vertentes do movimento
feminista julga que a degradação ambiental é resultado da relação de dominação do sistema
patriarcal.
Problemas atuais: aquecimento global (aumento das temperaturas, das zonas de calor e da
pressão nos oceanos), redução da camada de ozônio (levando a erosão da biodiversidade).
Durante muito tempo essa discussão ambiental foi irrelevante nas RIs e no SI, não sendo,
então, abrangida em muitas teorias. A ONU, como resposta, ampliou a política do Milênio
reforçando mais o papel de desenvolvimento sustentável e respeitoso ao meio ambiente, sem
colocar em risco as próximas relações, a fauna e flora terrestre e aquática e os atuais Estados.
Houveram diversos tratados e mecanismos, desde 1946, para a preservação ambiental
mundial. (Objetivos do Milênio; Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, Convenção
Internacional para a Regulação da Caça às Baleias, Convenção da ONU sobre o Direito do
Mar, Protocolo de Kyoto, entre várias outras).

Comércio Internacional (Robert Gilpin)


Há uma vertente que acredita que o comércio internacional acompanha a história do sistema
internacional, pois é ele que vai ajudar no surgimento dos Estados e a integração entre as
nações.
Em 1944, o Bretton Woods inaugura o tópico “comércio” ao pensar em uma organização e
planejamento da cooperação entre Estados pelo comércio. Sendo assim, cria-se três
organizações: 1) Fundo Monetário Internacional (FMI), que visa evitar a desvalorização do
câmbio, das moedas; 2) Banco Nacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento,
voltado para obras de desenvolvimento em países subdesenvolvidos; 3) Acordo Geral de
Tarifas e Comércio (GATT), objetificando promover o livre comércio, reduzir barreiras
comerciais, etc.
GATT acabou funcionando como grande cooperador na agenda do comércio internacional:
incorporou outros Estados para além dos 23 que ratificaram esse acordo (de 23 para 123,
tornando a agenda muito povoada, com assuntos ampliados) e, por conta disso, ajudou a
eliminar barreiras tarifárias.
Liberais acreditam que o livre comércio é muito bom para . No entanto os realistas acreditam
que o livre comércio é desigual entre os Estados. Diante disso, em meados de 1970,
iniciaram-se diversos processos contra o GATT, que, no momento em que eliminou as tarifas,
mostrou que as relações ficaram desiguais e que nem todos os Estados tiveram o mesmo
tratamento e ganhos. Em 1986, então, com a Rodada Uruguai, decidem que deve haver uma
reforma no GATT. Dentre esses órgãos, a OMC portanto, amplia, expande e fomenta uma
institucionalizado maior no regime comercial, ou seja, inova nas regras e normas desse
regime, mas mantém os princípios do GATT. Por que a OMC até hoje é criticada? Criticada
pela sua agenda liberal promovida pela organização, que contribuem para o assentamento das
desigualdades, principalmente sociais, do mundo, pois não leva em consideração as
necessidades da sociedade civil, ajudando a manter o status quo entre os Estados. Além disso,
ela é extremamente antidemocrática, pois não tem integração com a sociedade civil, não tem
mecanismos que consigam promover e integrar demandas da sociedade e pouca transparência
nas tomadas de decisão.

Integração Regional (Mônica Herz, Andrea Hoffmann, Jana Tabak)


A integração regional é o instrumento de proteção que os Estados encontraram para não
fragilizar tanto assim suas economias, diante dessa liberalização econômica.
Sua primeira fase, na década de 40 a 60, tinha um caráter fechado, que buscava estabelecer
estratégias nos custos de transação, promover valores comuns, aumentar o poder, resolver
controvérsias, etc. Quando os Estados decidem integrar-se regionalmente, essa integração
pressupõe diferentes tipos de organizações e instituições. Essa integração abrange diferentes
tipos de atores, sendo eles governamentais ou não. Ela também pressupõe uma definição de
uma região específica, ou seja integração de atores e de uma região, sendo essas fronteiras
contínuas ou não.
Existem diversos tipos de integrações: 1) área de livre comércio: objetiva eliminar barreiras
tarifárias e estabelece tarifas diferenciadas com outros parceiros externos (exemplo: NAFTA).
Qual o problema é as consequências disso? Fragilizam de alguma forma as economias que
não tem esses meios desenvolvidos industriais e tecnológicos. 2) união aduaneira: soma de
uma área de livre comércio com a adoção de uma tarifa externa comum (percentual ou valor
fixo de imposto derivado da importação de um produto), que ajuda a aumentar
competitividade dos membros, fortalecendo a economia internacional (ex: MERCOSUL). 3)
mercado comum: tem uma tarifa externa comum, mas da um passo além na questão de
harmonizar políticas comerciais entre os Estados membros, que permite a livre circulação de
pessoas, capitais e (ex: MERCOSUL). 4) união monetária: mercado comum que preza tanto
a harmonização política quanto , tendo uma moeda comum (ex: UE).
Existiam, também, diferentes correntes que explicam que integração regional: federalismo,
funcionalismo, marxismo, liberalismo e realismo.

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