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2)
Sistema: reunião de unidades, objetos ou partes por alguma forma regular de interação. O
sistema internacional, nesse tipo, seria a reunião de vários Estado e atores em um ambiente
por alguma forma regular de interação (conflito, operação). A ideia do sistema internacional
vem sendo discutido dentro das RIs há muito tempo e trouxeram, então, três perspectivas
desse sistema: (i) segundo Raymond Aron, (ii) segundo Keohane e Nye e (iii) segundo os
marxistas.
O primeiro tem uma visão realista e acredita que um sistema vai ser um conjunto constituído
pelas unidades políticas que mantêm relações regulares entre si, sendo o principal e único
ator envolvido: Estado. Acredita, também, que o sistema é anárquico e que o Estado será
soberano externamente, sem nenhuma outra força supranacional. Por conta dessa ideia de
anarquia e de não saber as ações do outro, os Estados ficam muito propícios a entrar em
conflito.
Para os dois liberais, acreditam que o sistema é anárquico, mas o Estado não é o único ator do
sistema, existem outros relevantes também (Organizações Internacionais, Sociedade Civil
Global…). Como existem outros atores além do Estado, começam a surgir outras questões,
não só a ideia de segurança, defesa, garantia da soberania, evitar conflito, mas será levado em
conta também questões como a economia, comércio, meio ambiente, saúde global, gênero.
Isso acaba tirando o peso da ideia de que o poder militar é a principal fonte de força - muitas
vezes o Estado não tem um exército tão forte, mas é muito poderoso por ter uma capacidade
econômica, ambientalista e comercial muito forte.
Por fim, o SI para os marxistas, o SI não é anárquico, mas sim hierárquico, ou seja, vão ter
Estados acima e Estados abaixo ( poder de forma vertical). Defendem, então que os Estados
mais fortes irão alienar os mais fracos, que, por sua vez, entrarão em uma cadeia de produção,
abuso, alienação e exploração.
Hedley Bull, tenta, por sua vez, juntar as ideias de realistas e universalistas/liberais dentro do
tópico de sociedade internacional, analisando as diferentes visões.
Para os realistas, a ideia da política internacional baseada no Estado de Natureza hobbesiano,
ou seja, Estado de guerra constante, sem confiabilidade, sempre na iminência do conflito. O
sistema universalista de tradição kantiana ou liberal, defende a lógica de uma comunidade
que tem o potencial de ser criada com regras e normas definidas, em que todos os atores
compartilham certos valores e, juntos, criam uma sociedade. Enquanto isso, os
internacionalistas (galera do Bull), pegam a lógica dos realistas de conflito
constante/iminência de conflito e junta à ideia de universalistas de criar códigos e regras.
Falam, então, que a política internacional ocorre dentro de uma sociedade de Estados.
O Bull, em seu texto, afirma que existem três tipos de ordem, (i) ordem na vida social, (ii)
ordem internacional e (iii) ordem mundial.
A primeira é um padrão estável de entendimentos, comportamentos e expectativas partilhados
entre indivíduos em um dado tempo e espaço. Essa lógica de criação de normas, regras e
punição também se aplicam na política internacional. Para ele, a sociedade de Estados vai ser
esse padrão de atividades que sustentam os objetivos elementares na sociedade de Estados,
sendo eles: 1) preservação da sociedade de Estados, ou seja, todos os Estados presentes
na sociedade têm de garantir que ela permaneça ativa; 2) manter a
independência/soberania interna e externa dos Estados individuais, ou seja, respeitar a
ideia da soberania; 3) manutenção da paz, que se liga diretamente com as outras duas,
ou seja, essa garantia de que um estado saberá que o outro irá reconhecê-lo como
soberano, existe paz/não conflito, mantido no sistema; 4) limitação da violência que
resulte morte ou dano corporal, o cumprimento de promessas, ou seja, caso uma lei
tenha sido feita, essa lei deve ser cumprida, estabilidade da posse, mediante à adoção de
regras que regulem a propriedade (essa última conversa bem com Locke). Ligado a
ordem mundial, para ele, vai ser um pouco mais abrangente do que é a ideia da sociedade de
estados e vai regulamentar não só o comportamento dos Estados, como também dos
indivíduos e seus pensamentos e repulsas.
Nessa sociedade de Estados tem Estados, que são independentes, ou seja, vão afirmar sua
soberania sobre determinado espaço e população e vão possuir um governo que é soberano
externo e internamente - todas as normas criadas serão obedecidas pela população e irão
titular direitos e deveres dentro do sistema externo (jus in bellum e jus ad bello). Bull
refere-se, então, aos diferentes sistemas de Estados: 1) sistema internacional suserano, em
que um domina e todos os outros seguem; 2) sistema de Estados modernos, que
reconhece a lógica de que todo o Estado é soberano; 3) sistema de Estados primário, que
inclui apenas os Estados soberanos; 4) sistema de Estados secundário, que inclui
diferentes sistemas de estados, como cidades-estados, cidades soberanas, organizações.
A sociedade de Estado vai ser, então, um grupo de Estados conscientes de certos valores e
interesses comuns, com os quatro principais objetivos citados anteriormente que conversam
com Locke.
No entanto, como garantir que essa ordem dentro de uma sociedade de Estados seja
cumprida/garantida? Para o Bull, os mecanismos de manutenção da ordem são os Estados,
que detêm direitos e deveres; as grandes potências, que são as únicas necessárias para
garantir a ordem, sendo os Estados pequenos irrelevantes. O acúmulo de força e poder dessas
grandes potências irão garantir a estabilidade e ordem do sistema; Direito internacional, que
orienta o comportamento dos atores em diversas agendas; a diplomacia, que será um
mecanismo para a manutenção dos objetivos primários dos Estados e sua transparência; a
guerra, que irá ocorrer após as tentativas pacíficas de conversa e será uma guerra, pautada no
Direito internacional, com o objetivo de que haja a garantia da aplicação dos Direitos
Humanos e Internacional; equilíbrio de poder, para impedir que certas forças que tentem
crescer demais até a hegemonia.
Os Estados criam Instituições, mesmo sabendo que acabariam cedendo parte de sua
liberdade, soberania e direitos para uma instituição. Eles fazem isso por conta da
interdependência complexa, porque estar em uma Instituição: 1) reduz os custos de
transação; 2) cria condições favoráveis à cooperação, pois trará mais segurança e
confiança entre o conjunto; 3) estabelecer de padrões de negociação, um modelo padrão
para todos; 4) ajudar a coordenar as expectativas dos atores; Resumindo, criam
instituições para fazerem a manutenção da ordem, cooperação e reduzir custos de transação.
As Instituições vão agir incentivando a cooperação, monitorando os acordos e as
negociações, criando conjunto de punições e sanções para que os acordos sejam cumpridos e
elaborando uma política de articulação de acordos.