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INFÂNCIA E SUAS LINGUAGENS

Pricila da Cruz Boff


Amanda Moreira Menezes Orth

1. INTRODUÇÃO

Trabalhar com crianças pequenas é pensar nas diferentes linguagens, no choro,


na birra, nas expressões, nos gestos, nos movimentos, na arte, na música, no
desenho, na escrita e no brincar. Por vezes quando falamos em linguagem é comum
remetermos à linguagem verbal e escrita, igualmente fundamental para o
desenvolvimento infantil, no entanto, algumas professoras acabam priorizando essas
duas formas de linguagem na educação das crianças, em detrimento de outras,
privando-as de novas vivências, novas experiências que ampliem seus
conhecimentos.
Cada criança em suas especificidades transforma sua rotina num verdadeiro
espaço, num mundo imaginário, querendo sempre transpor o que sente em um
emaranhado de fantasias. O criar, o brincar, o sonhar, o estar com o outro, e tantas
outras expressões contínuas das crianças esbarram em muitas ideologias do adulto:
"agora não pode", "agora não é hora", "este não é um lugar para isto", no entanto elas
persistem. Querer que as crianças esqueçam que são crianças, que o seu universo é
rodeado de "inocências", é querer que sejam pensantes como adultos, é queimar suas
fases, no objetivo de substituir o mundo delas pelo mundo próprio de adultos.
As "cem linguagens" que a criança insiste em afirmar que existem, são pelas
Instituições de Educação pouco consideradas. Como justificativa se atribui os mais
diversos motivos, como: falta de formação profissional, pouco recurso material e
pessoal, uma cultura massificante, as influências de concepções desenvolvimentistas
que por algum tempo determinaram o foco da educação das crianças. Faz-se
necessário um resgate da cultura infantil para que tenhamos em nosso meio, mais
propriamente dito, nas Instituições Educacionais espaços onde as crianças possam
ser elas mesmas.
Segundo Fillipini (2009), a escola é vista como espaço de vida,
acredita no potencial das crianças e tem dela uma imagem
positiva: “Cada um de nós tem o direito de ser protagonista,
de ter papel ativo na aprendizagem na relação com os outros.
Esse é o motor da Educação.

Conforme Reggio Emília As crianças pequenas são encorajadas a explorar seu


ambiente e a expressar a si mesmas através de todas as suas “linguagens” naturais
ou de modos de expressão, incluindo palavras, movimentos, desenhos, pinturas,
montagens, escultura, teatro de sombras, colagens, dramatizações e música.
Levando-as a níveis surpreendentes de habilidades simbólicas e de ensino oferecido
pela educação particular, mas, em vez disso, apresenta-se como um sistema
municipal de cuidados infantis, operando em dois turnos, aberto a todos, incluindo as
crianças com necessidades especiais.

1 Nome dos acadêmicos


2 Nome do Professor tutor externo
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI - Curso (Código da Turma) – Prática do Módulo I -
dd/mm/aa
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

O programa para a primeira infância realizado em Reggio Emila (Itália) tornou se


reconhecido como uns dos melhores sistemas educacionais no mundo. Esta
abordagem inovadora incrementa o desenvolvimento intelectual das crianças através
da focalização sistemática na representação simbólica, levando as crianças pequenas
(0-6 anos) a um nível surpreendente de habilidades simbólicas e a criatividade. O
sistema não é privativo e elitista; pelo contrário, oferece atendimento integral à criança
e está aberto para todas elas, inclusive aquelas portadoras de alguma deficiência.
Nos Centros de Educação de Reggio Emília destaca-se a importância da
organização do ambiente como algo que influencia as propostas pedagógicas. O
ambiente, segundo Malaguzzi, deve ser organizado tendo o envolvimento das crianças,
professores e famílias que movem a escola, e, portanto, cada escola se torna única.
As escolas para crianças pequenas em Reggio Emília demonstram sensações
de hospitalidade, tornando-se uma atmosfera de descoberta e serenidade. Há riqueza
na qualidade e nos tipos de atividades das crianças, com altos padrões dos
profissionais. Nossas escolas são o objeto mais visível de nosso trabalho; creio que
oferecem múltiplas preocupações e mensagens. Têm décadas de experiência
apoiando-as e conheceram três gerações de professores. Cada creche e cada pré-
escola têm seu próprio passado e evolução, suas próprias camadas de experiência e
sua própria mescla peculiar de estilos e níveis culturais. Jamais houve de nossa parte
qualquer desejo de torná-las iguais (MALAGUZZI, 1999, p. 156).
No momento em que emergem, as discussões sobre a educação na infância, a
necessidade de nos "alfabetizarmos" nas múltiplas linguagens das crianças, para
podermos então pensar numa educação voltada para elas, que respeite seu direito de
viver sua infância plenamente; nessas discussões também se inclui as culturas infantis
que são vistas como "o desconhecido" ou até mesmo, pouco conhecido, as quais são
essenciais aos nossos saberes.
Assim sendo, é necessário observarmos como educadores, alguns pontos que
são primordiais para que nos tornemos alfabetizados nas múltiplas linguagens das
crianças, são elas:

• A sensibilidade de ouvir e entender as crianças;

• Momentos de interação, em que possamos viver e reviver a criança existente


dentro de nós;

• Pedagogicamente, sempre avançar para uma educação voltada à infância do


que em querer alfabetizar adultocentricamente;

• Transformar o nosso mundo em universo infantil para assim, compreendermos


as nossas crianças;

•Entender as cem linguagens das crianças, não podando suas capacidades de


ver um mundo mais harmonioso e sem tantas dificuldades;

• Despertar nas crianças a compreensão de suas culturas para que vivenciem a


sua infância.
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Em Reggio Emília o professor aprende a escutar a criança, não apenas o que ela diz
com a boca, mas o que ela expressa através de suas diferentes linguagens. “Escutar através
da observação, da sensibilidade, da atenção, das diferentes linguagens” (Barbosa e Horn,
2008, p.118)..

A prática da documentação pedagógica acontece e todas as


escolas de Reggio Emilia, é um processo que torna o trabalho
pedagógico visível e passível de interpretação, diálogo, argumentação e
compreensão.
[...] a documentação pedagógica é um instrumento para vários
fins. Visualiza os processos de aprendizado das crianças, a busca pelo
sentido das coisas e as formas de construir o conhecimento. Permite a
conexão entre teoria e prática, no trabalho do dia a dia. É um meio para
o desenvolvimento profissional do educador, ao qual Reggio atribui
grande importância, em especial pelo fato de o professor ser entendido
e tratado tanto como pesquisador quanto como aprendiz (RINALDI,
2014, p. 45).
A documentação inclui registros do diálogo das crianças e das
atividades que executam, são feitas de várias maneiras – anotações,
fotografia, vídeos , gravações em áudio, instrumentos como câmera
fotográfica e de vídeo permitem que posteriormente as reflexões sejam
mais críticas e com detalhes, trazendo acontecimentos que podem
passar despercebidos apenas com a observação momentânea. Garantir
escutar e ser escutado é uma função primordial da documentação, ela
propicia a reflexão, a acolhida e a abertura ao outro, a seus olhares e a
suas ideias. Conforme Rinaldi (2014, p. 135) “ Aquele que documenta
enxerga os eventos que acontecerem com um olhar pessoal buscando
compreende-los em profundidade e, ao mesmo tempo, almejando
clareza de comunicação. ”O objetivo dos professores é colocar a criança
como foco de seu registro, para depois refletir sobre o trabalho
pedagógico, as relações estabelecidas e sua formação. O registro não
deve ser organizado apenas do que o professor observa e pensa, mas
principalmente do que fazem e pensam as crianças. Eles veem a
documentação como uma ferramenta educacional, mas também como
uma grande oportunidade.

Para se comunicar, transmitir o que está sentindo, interagir, a criança faz uso das
múltiplas linguagens. É necessário que essas linguagens sejam contempladas nas práticas
docentes escolares, através do planejamento. A pesquisa evidencia que professoras
restringem seus planejamentos/práticas ao uso da linguagem oral e do desenho, esquecendo
que as explorações de outras linguagens auxiliam um desenvolvimento integral mais
harmonioso. O movimento, a dança, a música, o desenho e o brincar são linguagens que
aparecem no Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Faz-se necessário que
um planejamento sério e sistemático, para que espaços significativos de desenvolvimento e
aprendizagem sejam construídos para a criança.
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Segundo Malaguzzi (1999, p. 62), o que desejavam era reconhecer o direito da criança
de ser protagonista e a necessidade de manter a curiosidade espontânea de cada uma delas
em um nível máximo. Tínhamos de preservar nossa decisão de aprender com as crianças, com
os eventos e com as famílias, até o máximo de nossos limites profissionais.
De acordo com Malaguzzi (1999, p. 76) ... Apreciamos diferentes contextos, damos uma
grande atenção à atividade cognitiva individual dentro das interações sociais e estabelecemos
vínculos afetivos.
Nas palavras de Rinaldi (1999, p. 114),É uma abordagem que protege a originalidade e
a subjetividade, sem criar o isolamento do indivíduo, e oferece às crianças a possibilidade de
confrontarem situações especiais e problemas como pequenos grupos de camaradas.

Naturalmente, todos esses aspectos são interdependentes. Não pode haver, por
exemplo, um planejamento de atividades sem o rapport profissional entre os adultos e sem que
o ambiente esteja organizado e enriquecido de modo a manter nossa abordagem educacional.
(RINALDI, 1999, p. 118)
Segundo Filippini (1990 apud EDWARDS; GANDINI; FORMAN, 1999, p. 147), os
educadores de Reggio Emilia falam do espaço como um container que favorece a interação
social, a exploração e a aprendizagem, mas também vêem o espaço como conteúdo
educacional, isto é, contendo mensagens educacionais e estando carregado de estímulos para
a experiência interativa e a aprendizagem construtiva.

3. MATERIAIS E MÉTODOS

O desenvolvimento desse trabalho tem enfoque qualitativo, possuí como


característica principais a utilização de ambiente natural e das tecnologias, como fonte
direta dos dados predominantemente descritivos a partir do contato do pesquisador
com situação estudada e também a preocupação de trazer e abordar a perspectiva dos
autores envolvidos.

A abordagem de Vygotsky também está em concordância de como é visto o


ensino e aprendizagem em Reggio Emília, “Vygotsky lembra-nos de como o
pensamento e a linguagem operam juntos para a formação das ideias e para o
planejamento da ação e, depois, para a execução, controle, descrição e discussão
desta ação.” (Edwards, Forman e Gandini, 1999, p.95).
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5. CONCLUSÃO

Para se comunicar, transmitir o que está sentindo, interagir, a criança faz uso
das múltiplas linguagens. É necessário que essas linguagens sejam contempladas nas
práticas docentes escolares, através do planejamento. A pesquisa evidencia que
professoras restringem seus planejamentos/práticas ao uso da linguagem oral e do
desenho, esquecendo que as explorações de outras linguagens auxiliam um
desenvolvimento integral mais harmonioso. O movimento, a dança, a música, o
desenho e o brincar são linguagens que aparecem no
Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil. Essas, e outras
linguagens, não devem servi, em práticas pedagógicas deste nível de educação, de
pretexto para complementar a atividades realizadas, ou espaços da rotina escolar.
Faz-se necessário que um planejamento sério e sistemático, para que espaços
significativos de desenvolvimento e aprendizagem sejam construídos para a criança.

REFERÊNCIAS

https://www.portaleducacao.com.br/conteudo/artigos/educacao/infancia-e-suas-linguagens/
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http://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/
TRABALHO_EV073_MD1_SA9_ID9062_11102017111143.pdf

https://trilhaaprendizagem.uniasselvi.com.br/PED101_pratica_interdisciplinar/materiais/
reggio_emilia.pdf

https://pt.slideshare.net/PollianeAlmeida/paper-tg

http://www.icepsc.com.br/ojs/index.php/gepesvida/article/view/321

https://fio.edu.br/manualtcc/co/7_Material_ou_Metodos.html

https://www.dicio.com.br/

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