08/09/2022 17:28 Como o conflito entre xiitas está ameaçando a segurança iraquiana | Conselho de Relações Exteriores

EM RESUMO

Como o conflito entre xiitas está ameaçando a

segurança iraquiana
Por Max Boot , especialista em CFR 31 de agosto de 2022 15h48 (EST)

A violência entre facções xiitas rivais levantou preocupações de que o fraco

governo do Iraque esteja enfrentando uma agitação política prolongada.

O Iraque viu sua pior violência política desde 2019 nesta semana, com confrontos
entre grupos xiitas levantando temores de um conflito mais amplo. Os combates de
rua em Bagdá mataram pelo menos trinta pessoas depois que seguidores do clérigo
xiita Muqtada al-Sadr invadiram a Zona Verde, a área fortemente fortificada do
centro de Bagdá, onde estão localizados escritórios do governo e embaixadas
estrangeiras.

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Membros do Saraya al-Salam, um grupo ligado ao clérigo Muqtada al-Sadr, entram em conf lito com as forças de segurança na
Zona Verde de Bagdá. Ahmad al-Rubaye/AFP/Getty Images

O que está acontecendo? “A luta pelo domínio do Shiastan chegou ao fim”, diz Joel
Rayburn, ex-oficial de inteligência do Exército dos EUA que serviu como enviado
especial dos EUA à Síria de 2018 a 2021. Os xiitas são o maior grupo sectário no
Iraque, mas estão divididos entre eles. facções concorrentes. Quem controla a
maioria dos xiitas controla uma nação com considerável importância estratégica e
econômica: o Iraque não é apenas um dos maiores produtores de petróleo do
mundo, mas também um país que pode ajudar ou atrapalhar as ambições iranianas
de dominação regional.

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O atual confronto começou em outubro de 2021, quando foram realizadas eleições

para o parlamento iraquiano, o Conselho de Representantes. O partido de Sadr
emergiu como o grande vencedor, com 73 dos 329 assentos . Ele então formou uma
coalizão com os maiores partidos sunitas e curdos, que juntos controlavam a maioria
das cadeiras, para tentar formar um governo.

Mas Sadr, um nacionalista que disse se opor à influência dos EUA e do Irã no Iraque,
foi bloqueado por uma coalizão de partidos xiitas apoiados pelo Irã, cujos líderes
incluem o ex-primeiro-ministro Nouri al-Maliki e Qais al-Khazali, líder do poderoso
Asa. 'ib Ahl al-Haq (AAH) milícia. A Suprema Corte do Iraque interpretou um artigo
ambíguo da Constituição para determinar que a formação do governo requer o apoio
de dois terços do parlamento – o que Sadr e seus aliados não conseguiram reunir.

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Em 12 de junho, Sadr deu o passo radical de pedir a seus 73 parlamentares que

renunciassem em protesto. Ele aparentemente esperava que os outros partidos xiitas
os exortassem a voltar. Em vez disso, os partidos apoiados pelo Irã preencheram as
cadeiras dos sadristas com seus próprios representantes e avançaram com a indicação
de um primeiro-ministro de seu bloco.

Sadr seguiu com dois movimentos dramáticos esta semana: ele anunciou que estava
deixando a política e enviou seus apoiadores para invadir a Zona Verde. Ninguém no
Iraque realmente acredita que Sadr acabou com a política, porque ele flexionou seus
músculos com tanto sucesso como líder de um movimento popular que representa
xiitas empobrecidos. Dezenas de milhares de seus seguidores foram às ruas não
apenas em Bagdá, mas também em todo o coração xiita no sul do Iraque, onde
queimaram escritórios pertencentes a seus rivais. O derramamento de sangue em
Bagdá foi devido aos combates entre sadristas e milicianos apoiados pelo Irã que
fazem parte das forças de segurança do Iraque. Na terça-feira, Sadr ordenou que seus
militantes deixassem a Zona Verde e eles o fizeram – mais uma vez demonstrando o
controle que ele exerce sobre seus apoiadores.

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As duas facções xiitas — uma resistente à influência iraniana, a outra subserviente a

ela — são os atores mais poderosos da política iraquiana. O primeiro-ministro,
Mustafa al-Kadhimi, é um xiita moderado apoiado pelo Ocidente que supervisiona
um governo provisório desde que o primeiro-ministro anterior renunciou após
grandes protestos em 2020. Mas Kadhimi é visto como uma figura de proa em
grande parte impotente. O senso geral entre autoridades iraquianas e diplomatas
estrangeiros em Bagdá é que Washington e Teerã exercem um poder de veto sobre o
governo iraquiano e que quem lidera o país precisa do apoio dos Estados Unidos e do
Irã – uma tarefa difícil dada a longa tradição inimizade entre os dois países.

Aumentando as camadas de complexidade está o fato de que Washington e Teerã

continuam negociando se o Irã voltará a se juntar ao acordo nuclear do qual o
presidente dos EUA, Donald Trump, retirou os Estados Unidos em 2018.

Enquanto isso, milícias apoiadas pelo Irã estão montando ataques às forças dos EUA
na Síria para tentar forçá-los a sair daquele país, e o presidente Joe Biden respondeu
com ataques aéreos contra alvos de milícias iranianas na Síria. Biden não
bombardeou combatentes ligados ao Irã no Iraque, embora haja evidências de que
pelo menos um drone que atacou uma base dos EUA na Síria decolou do Iraque
central, porque seu governo teme desestabilizar ainda mais um país já instável.
Cerca de 2.500 soldados dos EUA permanecem no Iraque e outros 900 na Síria, mas
são atores marginais em ambos os países.

Como os Estados Unidos devem responder?

Para o governo Biden, a situação no Iraque é uma distração indesejada em um

momento em que os principais formuladores de políticas estão focados em
prioridades maiores – em particular, Rússia e China – e têm pouca atenção de sobra
para um país que sempre foi dilacerado pelo sectarismo e pela corrupção. desde a
invasão dos EUA em 2003.

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A melhor aposta de Washington seria usar sua influência para construir apoio
político a Sadr – o que representaria uma grande reviravolta em relação a quando as
tropas americanas lutaram contra os sadristas durante a Guerra do Iraque – e aplicar
mais pressão sobre figuras apoiadas pelo Irã, como Maliki, que já estava ameaçado
com sanções dos EUA nos últimos dias do governo Trump.

Em última análise, Washington não pode determinar o destino do Iraque. O melhor

que se pode esperar é tentar evitar os piores resultados possíveis – seja a
consolidação do poder iraniano ou a eclosão de outra guerra civil. Tendo há muito
desistido das esperanças de transformar o Iraque em uma vitrine democrática, os
Estados Unidos não têm escolha melhor do que tentar limitar o caos.

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