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POLÍCIA PENAL – MG
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 03
REVISANDO 35
EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 37
REFERÊNCIAS 38
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1 INTRODUÇÃO
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necessidade de promover formação e qualificação específicas. Compreender o processo
educativo das pessoas privadas de liberdade no sistema prisional significa entender a educação
como essencial ao processo de transformação da vida moral e profissional do IPL.
Segundo Oliveira (2013), a política de educação escolar nas prisões, destaca-se o seu
complexo caráter organizacional e operacional, uma vez que se baseia na articulação do sistema
de ensino com o sistema prisional (Ministério da Educação, Ministério da Justiça, Secretarias
Estaduais de Educação e Secretarias de Defesa Social, além de instituições que fazem parte
desses sistemas, como as instituições de reclusão) que por sua vez se articulam com o sistema
de justiça criminal e a sociedade.
Onofre (2015) menciona que, pensar a educação do IPL referente a liberdade restrita,
pressupõe a compreensão de que essa educação se dá em um espaço especial onde se encontram
duas lógicas opostas do que constitui o processo de reabilitação: o princípio basilar da educação,
com o seu cerne transformador, e a cultura prisional que visa a adaptação do indivíduo à prisão.
Nessa perspectiva, nos deparamos com uma situação paradoxal e um dos desafios que temos
pela frente é encontrar caminhos para desenvolver uma educação emancipatória em um espaço
historicamente opressor e contraditório: para (re)socializar, castiga-se reeducar.
A autora supracitada, relata que as pessoas privadas de liberdade, embora sujeitas ao
direito de ir e vir em determinado período de tempo, possuem outros direitos garantidos por lei
e a educação é um deles. O maior desafio, porém, é implementar medidas educativas
significativas, pois o sistema penal institucionaliza e elimina a autonomia e a educação, por um
lado, e liberta e humaniza as pessoas, por outro. Nesse sentido, deve-se considerar que o
objetivo principal desta disciplina é levar o(a) Policial Penal (PP) ao entendimento da educação
enquanto direito do IPL e saber qual o seu papel frente à garantia do referido direito.
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2 NORMAS LEGAIS E GARANTIA DA EDUCAÇÃO NAS PRISÕES
Conforme Oliveira (2013), a política educacional das escolas públicas é legitimada por
dispositivos legais em nível nacional e internacional. Dessa forma, é preciso entender, a priori,
as políticas com a característica definidora pública, ou seja, de todos, e não estatais ou coletivas.
Os IPL, como todos os outros, têm o direito humano à educação. Ainda na esteira dessa autora,
a nível internacional, destaca-se a Declaração Universal dos Direitos do Homem (DUDH) de
1948, que no seu artigo 26.º consagra o direito à educação, cujo objetivo é o pleno
desenvolvimento da pessoa e o reforço do respeito pelos direitos humanos. Os direitos humanos
são considerados universais (para todos), interdependentes (estão interligados e ninguém é mais
importante do que o outro), indivisíveis (não podem ser divididos) e legal e politicamente
exigíveis perante o Estado.
O documento internacional intitulado Regras Mínimas para o Tratamento de Presos,
aprovado pelo Conselho Econômico e Social da Organização das Nações Unidas (ONU) em
1957, prevê o acesso à educação para os IPL. Nesse sentido, Carreira (2009), evidencia o
documento afirmando que devem ser tomadas medidas para melhorar a educação de todos os
privados de liberdade.
Graciano (2005 apud OLIVEIRA, 2013) relata que o direito humano à educação é
classificado diferentemente como um direito econômico, social e cultural. Também está
incluído na esfera civil e política, pois está no centro da realização de outros direitos. O direito
à educação também é conhecido como direito sumário porque possibilita e fortalece a garantia
de outrem.
O direito à educação nas prisões está consagrado em diversos documentos
internacionais, além da Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948, como:
● Regras Mínimas das Nações Unidas para o Tratamento de Reclusos (Regras de Nelson
Mandela – ONU/1957);
● Conferência Internacionais de Educação de Adultos (CONFINTEA1)
● Convenção contra a Discriminação no campo de Ensino (Conferência UNESCO/1960);
● Declaração Mundial sobre Educação para Todos (Conferência de Jomtien -1990);
● Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (ONU/1990);
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Coordenada pelo Ministério da Educação e pela Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e
Cultura (Unesco), a CONFINTEA é um evento intergovernamental, realizado a cada período de 11 ou 12 anos,
desde 1949.
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● Declaração e Programa de Ação de Viena (Conferência Mundial Direitos
Humanos/1993).
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2.1 Principais diretrizes e legislações: procedimentos educacionais nas prisões
Quanto aos planos normativos da EJA em relação aos presídios, podemos destacar nos
anos seguintes a Lei nº 9.394/96, que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. O
inciso V da referida lei apresenta a EJA como um direito ao instituí-la como uma política
educacional voltada para um público específico que não alcançou a educação básica em idade
regular, incluindo, portanto, aquela parcela da população privada de liberdade (BRASIL, 1996).
A lei de diretrizes e bases da educação nacional (LDB), n. 9.394 de 1996, em seu artigo
37, define essa modalidade como aquela destinada a pessoas que não tenham acesso ou
continuidade aos estudos no ensino fundamental e médio na idade adequada. No contexto
específico da educação de jovens e adultos na prisão, cabe mencionar a V Conferência
Internacional de Educação de Adultos (CONFINTEA), realizada em Hamburgo em 1997. Este
apresentou Educação para Todos os Adultos no Tema VIII: os direitos e aspirações de diversos
grupos. Nesse contexto, amplia-se o debate sobre o direito à educação das pessoas privadas de
liberdade.
De acordo com a Lei de Execução Penal (LEP), a promoção à assistência educacional é
um “direito garantido à pessoa privada de liberdade e deve ser oferecido pelo Estado na forma
de instrução escolar e formação profissional, visando à reintegração da população prisional à
sociedade” (INFOPEN, 2016, p. 53).
Nesse sentido, o tema da educação na LEP reveste-se de especial importância para o
processo de ressocialização do IPL. A oferta educacional no sistema penal é definida pela
constituição federal de 1988, na qual estipula a constituição federal obrigação do Estado de
garantir a educação básica, de assegurar o acesso gratuito aos que não puderam acessá-la na
idade adequada e pela Lei 7.210/1984, Código Penal. Assim, a educação nos presídios tem
ocorrido por meio de ações realizadas diretamente pelos Estados e Distrito Federal, e também
por meio da articulação entre as Secretarias de Justiça e de Educação, visando trazer a
população privada de liberdade para a inclusão já existente, personalizando-os, se necessário,
para que possam ser utilizados nos estabelecimentos prisionais.
De acordo com a Lei de Execução Penal, o Estado tem a responsabilidade de assistir
todas as pessoas que estejam privadas de liberdade, conforme seus artigos 10º e 11º. No que se
refere ao artigo 10º, relata-se que a assistência ao IPL e ao internado é dever do Estado,
objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade. Já o artigo 11º
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relata que a assistência será “I - material; II - à saúde; III - jurídica; IV - educacional; V - social;
VI – religiosa” (BRASIL, 1984, Art. 11, grifo nosso).
Além disso, a LEP, nº 7.210 de 1984, prevê a educação escolar no sistema prisional nos
artigos 17 a 21:
Nesse sentido, Oliveira (2013) menciona que o artigo 17º estabelece que a assistência
educacional compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso. O artigo 18º
relata que o ensino do 1º grau é obrigatório e o Artigo 18º-A, que o Ensino Médio, regular ou
supletivo, deve ser implantado nas prisões. Já o artigo 21º estabelece a exigência de implantação
de uma biblioteca por unidade prisional, para uso de todas as categorias de reclusos, provida de
livros instrutivos, recreativos e didáticos.
Amaral (2013) relata que a LEP, embora atualmente disputada em alguns pontos, sendo
um deles justamente o seu caráter assistencialista, muito antes da constituição federal de 1988
e em pleno andamento como avanço democrático, humanitário e legítimo, o processo de
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redemocratização ainda era considerado não concluído. O autor considera que esse avanço se
deve aos movimentos sociais e políticos do final dos anos 1970 e início dos anos 1980, que
estiveram entre as ações fundamentais que estimularam esse novo momento na concepção de
uma política penitenciária mais garantida. No entanto, a LEP ainda não conseguiu realizar a
execução da sentença de forma sólida. Ainda na esteira desse autor, seria muito ingênuo esperar
que uma única lei pudesse mudar o contexto de um sistema prisional que por séculos se baseou
em um discurso puramente normativo, disciplinar e excludente.
A educação na prisão, segundo Craidy (2007), é uma questão de dignidade humana,
uma vez que o princípio da dignidade humana também é um pilar para a reinserção social das
pessoas privadas de liberdade é de grande relevância jurídica na área constitucional, já que este
princípio é abordado com confiança em relação aos aspectos éticos da personalidade ali
estabelecidos. Portanto, a educação não é uma questão de privilégio ou regalia, por isso não é
oferecida às pessoas privadas de liberdade. Ao longo da história da humanidade, a educação
sempre foi uma questão que possibilita aos indivíduos o exercício de sua autonomia. Mas,
acima de tudo, a educação é um direito de todos – o único direito que o IPL perdeu
temporariamente foi o direito de ir e vir, ou seja, o direito à liberdade.
Craidy (2007) relata que a educação deve ser considerada um elemento chave em
qualquer abordagem para proporcionar oportunidades de IPL para melhor aproveitamento do
tempo que permanecem na prisão. No entanto, segundo esse autor, a educação deve suprir as
necessidades básicas para que todas as pessoas que estão na prisão, independente do tempo,
possam aprender habilidades como leitura, escrita e cálculos básicos que ajudam a sobreviver
no mundo exterior. Portanto, podemos perceber que a educação é um dos fatores essenciais para
promover a ressocialização do IPL.
Assim, nas atuais políticas policiais brasileiras, a educação ocorre por meio da
articulação entre os Ministérios da Justiça e da Educação, que regulam as políticas nacionais, e
por meio de ações realizadas diretamente pelos Estados e pelo Distrito Federal. Tais medidas
têm como premissa garantir o acesso aos direitos fundamentais e a inclusão das pessoas
privadas de liberdade nos programas e políticas públicas de educação no Brasil.
No entanto, mesmo com diversas leis citando a obrigatoriedade da educação nas prisões,
isso não integrou efetivamente a agenda da política educacional até 2004, quando foi criada a
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Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD) como parte da
estrutura do Ministério da Educação (MEC), que posteriormente foi ampliado com a
renomeação de Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização, Diversidade e Inclusão
(SECADI). Assim, por meio da Diretoria de Políticas de Alfabetização e Educação de Jovens
e Adultos (DPAEJA), esta Secretaria oferece apoio técnico e financeiro à implantação da
educação de jovens e adultos no sistema prisional.
Em 2005, foi implantado o projeto “Educando para a Liberdade”, fruto de uma parceria
entre os Ministérios da Educação, da Justiça e a representação da UNESCO no Brasil, que se
tornou referência fundamental para o desenvolvimento de uma política pública de educação no
país no contexto prisional. Concretizado de forma integrativa e colaborativa; representou um
novo modelo de desempenho a ser desenvolvido dentro da administração prisional. (UNESCO,
2006). Segundo Ireland (2011), esse projeto questionava a necessidade de uma política nacional
com diretrizes nacionais para a oferta de educação na prisão organizada em torno de três eixos
– gestão e articulação, formação e questões.
Julião (2013) observa que a EJA para o IPL passou por muitas mudanças ao longo dos
anos, dando origem a novas discussões e novos dispositivos que garantem esse direito, e destaca
as iniciativas dos Ministérios da Educação e da Justiça na implementação do Programa
Nacional de Educação Programa para o Sistema Prisional. A autora aponta que essa política
promoveu conquistas importantes em relação à educação dos IPL. Segundo o autor acima, entre
as conquistas mais importantes estão as seguintes: A aprovação das Diretrizes Nacionais para
a Oferta de Ensino em Instituições Penitenciárias pelo Conselho Nacional de Crimes e Política
Penitenciária (Resolução nº 3 de 11/03/2009 de o CNPCP); Alteração da Lei de Execução Penal
permitindo que os presos tenham suas penas reduzidas com base nas horas de estudo; e o Plano
Estratégico de Educação nos Presídios (Portaria 7.626 de 24/11/2011).
A partir de então, as discussões sobre a EJA para os IPL tornaram-se mais frequentes,
assim como inúmeros desafios para sua implementação. Quanto ao marco legal da EJA para o
público em privação de liberdade, além da já citada Lei de Cumprimento das Prisões, a
Resolução nº 03 de 11 de março de 2009, que dispõe sobre as Diretrizes Nacionais de Formação
em Presídios, constituídas por parcerias entre os Ministérios da Educação, o Ministério da
Justiça e a representação da UNESCO no Brasil e com base no projeto “Educando para a
Liberdade” (BRASIL, 2009).
Em relação ao Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP), dispõe
sobre as Diretrizes Nacionais para a Oferta de Ensino em Instituições Penitenciárias. A
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resolução acima indica que o governo federal, representado pelos Ministérios da Educação e
Justiça, é responsável pela promoção e implementação de políticas públicas estaduais na área
de educação nas prisões e as necessárias parcerias com os Estados, Distrito Federal e os
municípios (BRASIL, 2009).
Além de algumas orientações, a referida resolução dispõe em seu artigo 2º que as
medidas educativas no contexto prisional devem ser fundamentadas na legislação educacional
e na lei de execução de penas vigentes no país e devem corresponder às especificidades do
diferentes níveis e modalidades de educação e ensino. Portanto, de acordo com o artigo 3º - A
oferta de educação no contexto prisional:
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III - Fomento à formulação de políticas de atendimento educacional à criança
que esteja em estabelecimento penal, em razão da privação de liberdade de
sua mãe (BRASIL, 2011, Art. 3º).
Nesse contexto, Silva e Moreira (2011) apontam que, a partir dessas aprovações, abriu-
se caminho para uma discussão sobre a pertinência e especificação de um projeto político-
educativo adequado à penitenciária no sentido de se tornar uma ferramenta educacional, o um
Reinterpretando o significado de crime, punição e prisão. Esse decreto isentou o Estado
brasileiro da responsabilidade pela formação do IPL e confirmou que a escola funcionava como
direito inalienável na prisão e atuava na projeção do exercício da cidadania, ressocialização e
emancipação do IPL, conforme destaca Pereira (2011) que relatam que a educação prisional é
um processo de empoderamento social, pois existe um currículo formal e não formal dedicado
ao ensino e aprendizagem de conteúdos escolares transversais.
Segundo análise de Silva e Moreira (2011), a educação nas prisões é norteada por três
eixos, que incluem articuladamente a rede pública de ensino e a administração penal dos
Ministérios da Educação e da Justiça, e as ações interdepartamentais de educação e
administração penitenciária nos Estados. Portanto, os autores declaram:
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necessidades dos presos, as necessidades de formação continuada e
permanente de educadores, agentes penitenciários e operadores da execução
penal; O eixo C (aspectos pedagógicos) impõe aos Estados a obrigatoriedade
da criação de seus próprios projetos político-pedagógicos, com base nos
fundamentos conceituais e legais da educação de jovens e adultos, bem como
nos paradigmas da educação popular, calcada nos princípios da autonomia e
da emancipação dos sujeitos do processo educativo-popular (SILVA;
MOREIRA, 2011, p. 91 –grifos nosso).
Conforme os estudos de Ireland (2011), algumas medidas foram adotadas para uma
melhor educação nas prisões, sendo elas: Exame Nacional do Ensino Médio (Enem); a oferta
do Exame Nacional de Certificação para Educação de Jovens e Adultos (Encceja); inclusão no
plano de ação articulado relacionado à educação (PAR); o Plano de Desenvolvimento (PDE)
de medidas específicas de apoio à educação nas prisões; a implantação (experimental) do
Programa Nacional de Integração Juvenil (ProJovem/Urbano) nas unidades prisionais; e do
Programa Nacional de Integração da Educação Profissional com a Educação Básica na
modalidade de juventude e educação de adultos na educação inicial e continuada com a
educação básica (Proeia FIC).
Ainda na esteira dessa autora, a educação na prisão como forma de educação de jovens
e adultos está inter-relacionada com a garantia dos direitos humanos, seus contornos jurídicos
e administrativos. Com base nos fundamentos conceptuais e legais da educação de jovens e
adultos, assume-se que o seu acesso à educação, inserido numa concepção permanente,
representa um aspecto essencial do exercício deste direito, bem como uma possibilidade de
promover o exercício do direito para a educação na política, participar da vida social, cultural
e científica.
A educação nas prisões visa a humanização do cárcere e a formação do IPL, com vistas
a uma ressocialização mais abrangente ao término da prisão. A Educação de Jovens e Adultos
(EJA) nessa área visa tanto a educação escolar quanto a educação não formal, pois é um direito
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garantido por lei que não pode ser negado por qualquer motivo, pois é uma medida legal, que
reúne todas as condições para contribuir para a promoção social do IPL.
Pereira (2011) conceitua e sinaliza a intencionalidade dessa educação no sistema
prisional brasileiro quando diz que a educação prisional é juridicamente um tipo de educação
de adultos que visa educar, treinar e qualificar os presos provisórios para que após cumprir o
tempo de liberdade podem se reinserir no mundo social e do trabalho com dignidade, já que
essas pessoas costumam ter pouca ou nenhuma escolaridade. Neste sentido, a maioria dos IPL
necessitam de uma formação ampla e diferenciada para que adquiram competências, saberes e
práticas que lhes permitam (re)construir a sua cidadania, se de facto foram produtivos em algum
momento da sua vida social ou sentiam-se cidadãos.
A própria educação sempre foi e sempre será um espaço que fomenta a transformação
da sociedade. A função social da educação exerce forte influência para possibilitar o
desenvolvimento e a qualificação do sujeito na sociedade. Segundo Santos (2002), a formação
prisional teve início na década de 1950. Até o início do século XIX, as prisões serviam apenas
para abrigar pessoas – prisão. Não houve sugestão de requalificação do IPL. Essa proposta só
surgiu quando os programas de tratamento estavam sendo desenvolvidos nas prisões. Antes
disso, não havia nenhuma forma de trabalho, nenhuma educação religiosa ou secular.
Devemos pensar a educação como um espaço que permite ao sujeito melhorar de vida,
onde tal sujeito tenha as condições necessárias para ingressar no mercado de trabalho com todas
as competências e habilidades para desempenhar sua função e, portanto, a capacidade de tecer
reflexão e pensamento crítico sobre a sua realidade. Assim, para Aguiar e Magalhães (2018), o
principal objetivo da educação é trabalhar a ressocialização do IPL. Algumas pessoas ainda
acreditam que a escolaridade para o IPL é uma perda de tempo e dinheiro mal investido. Mas
não podemos negar a eficácia da educação no sistema prisional porque ela tem dois objetivos,
por assim dizer, o primeiro é a reabilitação do IPL e o segundo é a remição da pena.
Aguiar e Magalhães (2018) apontam que são vários os fatores que levam os indivíduos
a buscarem a escolarização nas prisões, tais como: passatempos, penas reduzidas, acesso a
outros pavilhões, e aqueles que saem com a intenção genuína de aprendendo a transformar a
realidade de suas vidas. Portanto, a educação é um fator relevante quando se trabalha com IPL
que se encontram em situação de aprisionamento. No entanto, este trabalho deve considerar não
apenas o perdão, mas também a reabilitação por meio da autorreflexão, sob pena de retornar ao
mundo da criminalização.
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Segundo estudos de Nunes (2005), o declínio do sistema prisional brasileiro, como o de
outros países, deve-se essencialmente ao aumento dos custos do encarceramento e à
consequente falta de investimento da administração pública no setor e à consequente
superlotação carcerária. A partir desses problemas surgem problemas como a falta de condições
necessárias para a sobrevivência, tais como: falta de higiene, má alimentação, falta de leitos;
falta de assistência médica; alto uso de drogas; corrupção; abuso sexual repetido; ambiente
violento; a quase total ausência de perspectivas de reinserção social; a falta de uma política
abrangente e inteligente para o setor.
Conforme os estudos de Craidy (2007), a educação inserida em instituições
penitenciárias é de suma importância, não só para aqueles sujeitos a penas privativas de
liberdade restritivas, mas para a sociedade como um todo, uma vez que a inserção de
conhecimentos para pessoas que apresentavam comportamento antissocial tem sido rejeitada
pela sociedade como de um modo geral, a tentativa de reeducação desses indivíduos será mais
efetiva, permitirá uma melhor convivência quando retornarem à sociedade e possibilitará maior
oportunidade no mercado de trabalho.
Na sociedade moderna, a prisão é vista como uma instituição com uma forma de punição
por meio da privação da liberdade e prisão do condenado. Segundo estudos de Nunes (2005),
são convivências que trazem uma realidade diferente aos presos, levando a uma perda gradativa
de sua individualidade e mudanças no comportamento social.
Na prisão, o sujeito tem de se adaptar a uma nova realidade e passa a viver em grupos
fechados, sendo o maior grupo constituído pelos IPL, onde são mantidos, com regras próprias
e particulares, em que esses indivíduos provêm de diferentes realidades sociais e distintas ideias
relacionadas à família, vida em sociedade, comportamento, meio ambiente, religião, educação
e também pertencem a diferentes faixas etárias. O indivíduo excluído da convivência com
familiares e amigos já enfrenta dificuldades em aceitar as novas regras de um sistema
disciplinar. Aceitar que sua reabilitação exige superar a situação atual significa priorizar as
oportunidades de mudança.
A Educação Prisional é um grande desafio tanto para os alunos encarcerados quanto
para os profissionais envolvidos nesse processo pouco discutido. Diversos estudos apontam
críticas e alguns aspectos positivos que devem ser ampliados nesse contexto, uma vez que o
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direito à educação é de todos, segundo o artigo 205º da Lei de Diretrizes e Fundamentos da
Educação Nacional (Lei N° 9.934/1996), que traz:
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com os direitos dos presos e ocupe desde dimensão global sem se limitar ao contexto prisional.
Ainda na linha desse autor, aprender ao longo da vida sobre o ambiente de reclusão significa
sair por um momento da condição preliminar de preso para se inscrever em uma perspectiva de
longo prazo, sem acrescentar um julgamento social ao julgamento criminal.
Conforme defende Vieira (2012 apud ONOFRE, 2015), é necessário que a educação
seja pensada para responder às necessidades e anseios da população atendida, por meio de
propostas mais adequadas ao tipo de vida e história passada, presente e futura são os condenados
que entendem que em Nesse sistema, a história da maioria dos sujeitos é marcada pela exclusão
e falta de acesso aos bens culturais e materiais que os marginalizaram e os afastaram do percurso
escolar. Pereira (2011 apud ONOFRE, 2015) relata que é preciso respeitar as especificidades
desse espaço e tentar motivar essas pessoas a enxergarem a educação como uma possibilidade
de emancipação, mesmo que estejam reclusas.
Por outro lado, é importante notar que a responsabilização da escolarização pela
(re)socialização dos IPLs não é exequível, pois, como aponta Teixeira (2007), isso exigiria mais
do que a educação devida - uma vez que a tarefa de (re)socialização e a integração na sociedade
é tarefa do sistema penal. No entanto, a educação pode ser vista como uma das ferramentas para
fortalecer esse processo.
Mayer (2011 apud ONOFRE, 2015) adverte que a especificidade da educação em sala
de prisão será, sem dúvida, ajudar o ILP a identificar e priorizar a aprendizagem para dar-lhe
sentido, pois com a ciência dos fatos pode oferecer-lhe escolhas, de modo que a capacidade de
escolha encontre seu rumo de ação, ou seja, o ego aprisionado, mas encarcerado por um certo
tempo.
Ireland (2011) aponta que a educação para o IPL diz respeito à educação formal, bem
como à educação profissional e outras necessárias ao processo de reabilitação, ou seja, quando
é um direito amplo que precisa ser garantido pelo Estado. Para tanto, a autora se manifesta
categoricamente, relatando que a educação visa cooperar para a formação plena e a libertação
do homem, enquanto a prisão visa privar as pessoas da convivência social normal, mantendo-
as separadas do restante da sociedade. Portanto, se o preso perder sua liberdade, ele não perderá
seu direito à educação e outros direitos humanos básicos. Na esteira dessa autora, como parte
essencial do processo de ressocialização, a oferta educacional para os IPL - geralmente jovens
com pouca escolaridade e baixa qualificação profissional - não deve se limitar à educação
escolar e deve ser articulada com outras ações formativas e assistenciais.
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Com base nesse princípio, a educação nas prisões foi regulamentada e está à disposição
do IPL na forma de um direito que se afasta de perspectivas religiosas e/ou experimentais para
se basear na educação como política, de acordo com o dispositivo que rege a educação e a Lei
regula as fundações em vigor. Nesse sentido, Silva (2015) afirma que a educação nas prisões
tem o papel exclusivo de ajudar as pessoas privadas de liberdade a desenvolver competências
e habilidades para que possam competir em melhores condições pelas oportunidades
socialmente criadas.
Segundo Onofre (2015), o sistema prisional representa uma área onde grande parte da
população ainda não concluiu o ensino fundamental e médio no tempo regular. Isso significa
afirmar que a defesa da educação formal e não formal é uma luta política dentro e fora do espaço
prisional para que esse direito humano ao IPL seja concretizado. Este autor complementa
afirmando que a educação no sistema prisional é vista como um dos mais importantes
mecanismos de fomento do conhecimento que habilita os IPL a se (re)integrarem após a sua
saída do ambiente de reclusão.
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Nesse caso, segundo Bitencourt (2011), ressocializar significa pensar em uma sociedade
mais igualitária, impor punições mais humanas, desconsiderar ao máximo as penas de prisão,
orçamentar de acordo com a dimensão do problema carcerário, formar quadros técnicos, etc. A
consequência da teoria da reabilitação específica preventiva é o tratamento do delinquente na
prisão. O primeiro revés que ocorre em relação ao tratamento prisional é a sua efetividade diante
das condições de vida que a prisão oferece atualmente. Em segundo lugar, são mencionados os
possíveis problemas para o agressor e seus direitos fundamentais que o aplicativo acarretaria.
Finalmente, a terceira posição refere-se à falta de recursos adequados e de pessoal treinado para
oferecer um tratamento prisional eficaz.
Bitencourt (2011) relata que a efetividade do processo de ressocialização depende muito
do plano de ação estadual, seja federal ou estadual, de prover locais adequados de estudo para
os detentos, de forma a proporcionar as condições mínimas necessárias para que esses detentos
possam prosseguir seus estudos. Segundo Albergaria (1996), a ressocialização é um dos direitos
fundamentais do IPL e está perpetuada ao estado social de direito, que visa assegurar o bem-
estar material de todos os indivíduos, de forma que os auxilie fisicamente, economicamente e
socialmente.
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Diante desse cenário, a pesquisa de Netto (2006) mostra que a educação promove a
ressocialização do apenado, aumenta sua autoestima e o prepara para o retorno à sociedade.
Esse retorno é abreviado pela remição das penas, pois o condenado reduz 1 (um) dia de pena a
cada 3 dias (12 horas) de atividade educacional, conforme prevê a legislação da LEP 4.210/1984
(BRASIL, 1984). Como podemos ver no seguinte dispositivo:
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Assim, o sujeito condenado por sua prática criminosa tem o direito de reformar sua pena
tanto pelo estudo quanto pelo trabalho. Mas a intenção do decreto não é apenas reduzir a pena,
mas reabilitar o condenado por meio dos estudos. Netto (2006) afirma que o acesso à educação
é de suma importância para a vida da humanidade na atualidade, pois se o Estado proporcionar
esse acesso para todos, pode exigir eticamente que todos sejam plenamente conscientes de suas
ações e atuantes por meio das práticas de cobrança realizadas por todos, sem esquecer que todos
são arrastados por todos.
A Seção V da LEP prevê a assistência educacional como tarefa do Estado. Nela, o
Estado deve possibilitar às pessoas privadas de liberdade o acesso ao estudo seja no atual ensino
fundamental obrigatório, seja no ensino médio (seja por meio do ensino regular ou
complementar). Netto (2006) aponta que cabe, portanto, ao Estado, como alicerce do complexo
sistema da sociedade, independentemente de situações agravantes, seja pela vastidão do
território nacional ou por dificuldades estruturais e econômicas, assegurar o acesso à educação
para todos aqueles sob a proteção do Estado. Independentemente das ações do sujeito, o Estado
deve promover e facilitar o acesso à educação dessas pessoas privadas de liberdade e não deve
se omitir sobre o tema da educação.
A educação deve ser vista como um campo de reflexão da ação, pois por meio da
educação o sujeito capacita o homem a realizar ações racionais no exercício de sua autonomia.
Segundo estudos de Mendes (2013), o autor Kant considera o desenvolvimento da natureza
humana rumo a uma vida moral uma condição para esse progresso educacional. O objetivo da
educação prisional é trabalhar a questão da consciência moral dos detentos e incentivá-los a
refletir sobre si mesmos e sobre seu modo de vida em sociedade. A educação não só permite ao
condenado mudar de vida, mas também deixar o mundo do crime e viver uma vida honesta e
livre de crimes.
Ainda na esteira de Mendes (2013), o homem está destinado pela razão a viver em
sociedade com os humanos e nela cultivar, civilizar e moralizar-se, pois todo sujeito está
destinado a tornar-se humano por meio da luta ativa da humanidade contra os obstáculos
atrelados à ele por causa de sua natureza impura. Portanto, a educação é essencial na vida do
ser humano para que ele tenha a capacidade de ser ativo, pensar e tomar decisões de forma
autônoma.
A educação vai além de entregar conteúdo às pessoas, principalmente ao condenado que
cumpre pena. Tem o caráter indiscutível para a transformação e progresso do homem. Nesse
sentido, Mendes (2013) afirma que o objetivo final da educação não é teórico, mas prático, pois
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os alunos devem ser ensinados a usar suas habilidades e talentos de maneira moralmente correta
para cumprir seu destino, o que requer o desenvolvimento do julgamento moral e disciplina
necessária para agir de acordo com o dever.
Portanto, segundo Mayer (2011), a educação tem tantos significados para o condenado,
e um deles é a saída do sistema educacional, do mundo do crime, da vida limítrofe e
perturbadora da lei e da ordem. A educação é o agente transformador do comportamento moral
de pessoas que viveram à margem da sociedade.
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1984). Em Minas Gerais, o quadro de pessoal do(a) PP é dividido em setores administrativo,
técnico e de segurança. Por mais que sejam delineadas as funções de segurança e reabilitação e
seus respectivos executores, as normativas e políticas dirigidas à profissão de PP determinam
que eles também sejam atores reabilitadores.
No entanto, segundo o Executivo, esta relação é mediada diretamente pelos funcionários
que exercem as suas funções nas unidades prisionais, ou seja, polícia criminal, técnicos e
professores, entre outros. Compete a estes profissionais o cumprimento do disposto no artigo
1.º da LEP, segundo o qual a execução penal visa a concretização do disposto na sentença ou
decisão penal e a criação de condições para a harmoniosa integração social do “condenado e do
internado”. Por meio da integração social, ou seja, dos processos de socialização que
possibilitam uma formação humana contínua do sujeito privado de liberdade. Assim, tais
profissionais navegam entre as contradições inerentes ao sistema prisional que tornam este local
de trabalho único. Isso exige certa habilidade dos servidores em conciliar a efetivação dos
direitos do IPL com a disciplina exigida pelo ambiente prisional, ao mesmo tempo em que
devem priorizar a dignidade da pessoa humana, fato mais difícil de ser superado, especialmente
dadas as condições das prisões brasileiras e o contínuo aumento da população carcerária.
Ressalta-se que não existe formação específica para professores que trabalham com o IPL.
Além disso, a questão da primazia da manutenção da ordem e da disciplina no tocante
ao castigo é abordada no contexto das atividades escolares na prisão nas salas de aula. Assim,
para além das salas de aula, a relação com as forças de segurança na prisão parece ter uma
influência significativa no desenvolvimento das atividades escolares, quer ao nível da
possibilidade de atingir um maior número de IPL, quer ao nível da concessão de acesso aos
direitos dentro ou fora do ambiente de reclusão.
Nesse sentido, Mayer (2006) menciona que a educação na prisão não é apenas educação
para os presos. A educação prisional na perspectiva da aprendizagem ao longo da vida para
todos inclui o meio ambiente e, portanto, também os funcionários (administrativos e técnicos
analistas) e os(as) PP. Em muitos países, esses profissionais recebem treinamento básico sobre
funções e medidas de segurança. O seu papel potencial no apoio e promoção da educação formal
e não formal ainda é pouco enfatizado.
Segundo Moraes (2013), há poucas pesquisas sobre a figura do(a) PP no processo de
formação do IPL, embora seja peça fundamental no contexto prisional. Durante décadas, a
identidade desses profissionais foi subestimada e desvalorizada, uma imagem distorcida,
desvalorizada e estigmatizada na sociedade, pois esse agente era associado ao carrasco
24
medieval e aos corruptos. Portanto, é importante conhecer a atuação desses profissionais que
educam e contribuem para a reabilitação do IPL.
Algumas experiências têm sido promovidas com sucesso em alguns países e o papel
social da polícia criminal tem sido destacado e valorizado – são as pessoas que mais têm contato
com os presos. O papel que desempenham entre todos os funcionários da prisão e em relação
às famílias dos reclusos é vital. Para tanto é necessário manter e aprimorar o entendimento sobre
a continuidade da formação entre aqueles que atuam no contexto prisional, a fim de despertar
a motivação das pessoas privadas de liberdade e dos profissionais que com elas trabalham e
defendem a compreensão o direito à educação como inevitável e as políticas públicas de
educação nas prisões como resultado das políticas nacionais.
Segundo estudos de Craidy (2007), os Planos Estaduais de Educação nas Prisões contêm
planos de oferta de ensino fundamental e superior, educação profissional e tecnológica e
25
atividades complementares à educação escolar com o objetivo de ampliar e qualificar a oferta
dos estabelecimentos prisionais. As atividades patrocinadas pelo governo federal e
implementadas pelas secretarias estaduais de educação incluem: Turmas de Educação de Jovens
e Adultos, Programa Brasil Alfabetizado e Exames Nacionais de Certificação. A educação
deve, portanto, ser preconizada nos planos estaduais de educação, enfatizando planos, diretrizes
e metas a serem alcançadas. A educação desenvolve no homem a capacidade de exercer seu
raciocínio em sociedade e lhe dá a capacidade de analisar e refletir sobre sua realidade.
Segundo Craidy (2007), a assistência educacional é um dos serviços básicos mais
importantes não só para o homem livre, mas também para o IPL, e nesse sentido constitui um
elemento do tratamento prisional como meio de reintegração do indivíduo no meio social. A
educação é garantida a todas as pessoas e visa o pleno desenvolvimento da personalidade
humana e o fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e liberdades fundamentais.
O primeiro registro de práticas de educação escolar nas prisões mineiras encontra-se em
Câmara (1951 apud AMORIM-SILVA, 2016). O autor relata que, na época, o sentenciado
trabalhava nos presídios de Ouro Preto e Uberaba em oficinas de sapateiros e carpinteiros, o
qual aprendia um ofício. A educação oferecida era filantrópica e ainda não regulamentada pela
Secretaria Estadual de Educação (SEE), realizada por duas freiras da Itália que trabalhavam
com o apoio do IPL.
● Na década de 60 foi reconhecida pela SEE e de acordo com o artigo 31º do Código
Mineiro do Ensino Fundamental, a Escola César Lombroso foi autorizada a funcionar e
desenvolver suas atividades com 09 classes básicas - 1ª a 4ª série;
● Na década de 70, o supletivo foi a modalidade de ensino ofertada nas escolas prisionais
para as turmas de 5ª a 8ª série. Executado por meio das Unidades de Estudos Supletivos;
● Nas décadas de 80 e 90, passou a chamar-se Centro de Estudos Supletivos (CESU);
● Nos anos 2000, o Centro Estadual de Educação Continuada consistia em uma espécie
de serviço escolar com métodos de ensino personalizados e matrículas por disciplinas
de acordo com os interesses e possibilidades dos alunos, sem frequência diária.
Desde 2004, a antiga SEDS e agora a SEJUSP trabalham em parceria com a SEE para
regulamentar, melhorar e expandir os serviços educacionais nos estabelecimentos prisionais de
Minas Gerais. A partir de 2005, de acordo com a orientação nacional que indica a modalidade
EJA para escolas em presídios, o departamento de pedagogia elementar foi convocado nas
26
primeiras e últimas séries, cada uma com três períodos de instrução; A inclusão do ensino
médio, bem como todas as escolas prisionais existentes e desde então criadas em Minas Gerais,
foram regidas por portarias para esses tipos de oferecimentos. Assim, em 2007, foi assinado o
primeiro convênio entre essas secretarias, estabelecendo um trabalho conjunto para a oferta e
implantação da educação de jovens e adultos nas unidades prisionais do Estado.
Atualmente vigora um Convênio que firma o termo de cooperação mútua entre a SEE e
a SEJUSP, para o atendimento dos estudantes/IPL, por meio da oferta de educação básica,
atividades educacionais regulares e atividades educacionais complementares nas Unidades
Prisionais, na modalidade de Educação de Jovens e Adultos, em todo Estado de Minas Gerais.
Esse termo estabelece a responsabilidade compartilhada basicamente em dois pilares: a
infraestrutura e a segurança sob incumbência da SEJUSP, enquanto a SEE se responsabiliza
pelo pedagógico, pelos materiais (permanentes e de uso contínuo) e pelos recursos humanos.
Cabe destacar que esse convênio foi assinado em março de 2019 e tem validade de 60 (sessenta)
meses (MINAS GERAIS, 2023).
De acordo com o Plano Estadual de Educação para Pessoas Privadas de Liberdade e
Egressas do Sistema Prisional de Minas Gerais do ano de 2021, apresenta os ordenamentos que
amparam a educação do indivíduo privado de liberdade, podemos citar a Lei de Execução Penal
nº 7.210 de 11/07/1984, a Resolução nº 02, de 19/05/2010 (Dispõe sobre as Diretrizes Nacionais
para a oferta de educação para jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos
estabelecimentos penais), a Resolução nº 03, de 11/03/2009 (Dispõe sobre as Diretrizes
Nacionais para a Oferta de Educação nos estabelecimentos penais), a Lei de Diretrizes e Bases
da Educação Básica (LDB) nº 9394 de 1996 (Estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional), e o Acordo de Cooperação técnica entre a Secretaria de Estado de Justiça e Segurança
Pública e a Secretaria de Estado de Educação. As diretrizes legitimam a educação escolar nas
prisões que deve estar articulada com o Sistema de Educação Brasileiro, o Sistema de Justiça
Penal e a sociedade (MINAS GERAIS, 2021).
De acordo com o referido Plano Estadual, essa proposta é vista como uma melhoria da
organização da oferta educacional nos estabelecimentos prisionais do Estado de Minas Gerais
e definição de novas estratégias para qualificar a política de educação no âmbito do sistema
27
prisional aos privados de liberdade e egressos, nos exercícios de 2020 a 2024, pautando-se pelas
seguintes diretrizes:
28
11. Ampliar as ações dos projetos de acesso à leitura, inclusive com a busca
de instituições parceiras para realização de projetos de remição pela leitura;
12. Ampliar as ações das atividades socioculturais e esportivas nas unidades
prisionais, incluindo a busca por instituições parceiras para realização de
projetos;
13. Buscar articulações para que as ações educacionais no sistema prisional
sejam efetivadas em todas as unidades prisionais do Estado;
14. Ampliar a oferta de educação à distância, com diferentes métodos, para o
sistema prisional;
15. Capacitar pessoas egressas do sistema prisional acompanhados pelo PrEsp
e seus familiares por meio da oferta de cursos de curta duração;
16. Promover, através da articulação com entes públicos e privados, a
assistência educacional aos grupos específicos do sistema prisional;
17. Promover a formação profissional e tecnológica articulada com aumento
de escolaridade dos indivíduos privados de liberdade.
18. Buscar compor o quadro pessoal da SEJUSP para o melhor atendimento e
desenvolvimento da assistência educacional no sistema prisional (MINAS
GERAIS, 2021, p. 9 e 10).
2
Este item está embasado nos estudos de Amorim-Silva (2016), conforme a dissertação apresentada ao Programa
de Pós-graduação em Educação: Conhecimento e Inclusão Social da Faculdade de Educação da Universidade
Federal de Minas Gerais (UFMG).
29
modalidade EJA, a fim de reafirmar o direito, o acesso, a permanência e a qualidade do ensino
nas escolas em funcionamento nas Unidades Prisionais do Estado de Minas Gerais (MINAS
GERAIS, 2021).
A legislação estadual das escolas de Unidades Prisionais em Minas Gerais é regida pela
Instrução para a Organização da Educação Básica de Jovens e Adultos nas Escolas Estaduais
em funcionamento nas Unidades Prisionais de Minas Gerais de 2008 e pelo Regimento da
Educação de Jovens e Adultos nas Escolas Estaduais em funcionamento nas Unidades
Prisionais de Minas Gerais desde 2011. A estrutura organizacional e curricular presente nesses
regulamentos determina que o Ensino Fundamental deva ser dividido em Anos Iniciais e Anos
Finais, os quais têm ambos a duração de três anos letivos, organizados em três períodos. Os
períodos são desenvolvidos em regime anual, tendo cada um a duração de duzentos dias letivos,
quarenta semanas anuais, cinco dias de cento e cinquenta minutos de carga horária presencial,
com carga horária total de mil e setecentas horas. As turmas de alfabetização são integradas no
processo de aprendizagem do curso completo de Ensino Fundamental (AMORIM-SILVA,
2016).
Segundo os estudos de Amorim-Silva (2016), de acordo com o Regimento supracitado,
a organização curricular do Ensino Fundamental compreende, no mínimo, os seguintes
componentes da Base Nacional Comum: Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia,
Ciências, Artes, Educação Física e Ensino Religioso. Consta que tais conteúdos curriculares
devem ser trabalhados de maneira interdisciplinar, a partir da problematização de temas
geradores, priorizando-se a dimensão formativa sobre a informativa. Enfatiza que a abordagem
dos temas curriculares deve ser interativa e contextualizada, definindo para cada período os
objetivos a serem atingidos conforme as Diretrizes Curriculares Nacionais. No tocante às
práticas educativas, o regimento estabelece que devam resultar de um planejamento coletivo e
levar em consideração a realidade e as potencialidades de alunos e professores. Salienta, ainda,
que os currículos do Ensino Fundamental têm a obrigação de abranger o estudo da Língua
Portuguesa e da Matemática, o conhecimento físico e natural e da realidade social e política
especialmente do Brasil.
Ainda na esteira dessa autora, o Ensino Médio tem a duração de dois anos letivos
organizados em três períodos. O primeiro período é desenvolvido em regime anual, de duzentos
dias letivos e quarenta semanas letivas. O segundo e o terceiro períodos são desenvolvidos em
regime semestral tendo cada um a duração de 100 (cem) dias letivos e 20 (vinte) semanas
letivas, sendo a carga horária total presencial de 1200 (mil e duzentas) horas. Cabe destacar que
30
os temas transversais são trabalhados conforme a exigência legal, sendo que cada disciplina é
programada de acordo com o currículo e a proposta pedagógica, os quais são construídos pela
unidade escolar por meio de seu Projeto Político Pedagógico.
Amorim-Silva (2016), relata que as escolas, para serem instaladas nas unidades
prisionais, necessitam obter autorização a partir de demanda existente e ambientação adequada
de salas de aula comprovadas em documento pelo Diretor Geral da referida Unidade Prisional
(UP) e encaminhada à DEP. Esta, por sua vez, solicita tal instalação à Superintendência
Regional de Ensino da região à qual a unidade pertence. A partir de então, a forma de
funcionamento segue a mesma forma de organização de qualquer outra instituição escolar de
educação básica da rede estadual de ensino de Minas Gerais. Assim, também devem proceder
à inscrição das suas turmas em funcionamento no SIMADE (Sistema Mineiro de Administração
Escolar) e lançar os dados no Educacenso do governo federal. Tais procedimentos, inclusive,
são necessários para questões de financiamento, uma vez que essas escolas têm recebido verbas
através das fontes de recursos públicos do governo federal vinculados à manutenção e ao
desenvolvimento do ensino, entre as quais o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB), Plano Nacional
de Educação (PNE) e Plano de Ações Articuladas (PAR).
No que se refere ao material didático e pedagógico, Amorim-Silva (2016) relata que as
escolas do ambiente prisional recebem a cada 3 (três) anos os livros didáticos do Programa
Nacional do Livro Didático para a EJA (PNLDEJA), para alunos do Ensino Fundamental, e do
Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) para os alunos do Ensino Médio. A distribuição
é feita pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE). Nesse sentido, a LEP
dispõe em seu artigo 21º, cada estabelecimento prisional deverá dotar-se de uma biblioteca.
Nesse sentido, a autora supramenciona esclarece que o acervo das bibliotecas é montado
por meio do Plano Nacional do Livro e Leitura (PNLL) pelo qual o MEC disponibiliza verbas
para aquisição de livros de leitura. Sendo assim, os Núcleos de Ensino e Profissionalização
(NEP) das unidades juntamente com a escola promovem campanhas de arrecadação de livros
literários para ampliação do acervo das Unidades Prisionais. O empréstimo de livros é realizado
de acordo com o planejamento de cada escola e/ou UP, mas, geralmente, é feito um cadastro
com dados pessoais e estipulada a data de entrega.
Amorim-Silva (2016), destaca ainda que não há uma normatização específica para todo
o estado sobre a utilização do material didático e literário. Quanto aos demais materiais, cabe
ao Diretor-Geral de cada UP deliberar sobre os critérios de acordo com o perfil dos IPL,
31
observando o seu grau de periculosidade e os transtornos que o uso de tais materiais acarretará.
Um importante ato de estímulo à leitura foi a Recomendação nº 44 de 26 de novembro de 2013
do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que dispõe sobre atividades educacionais
complementares para fins de remição da pena pelo estudo e estabelece critérios para a admissão
pela leitura e assim dispõe em seu artigo 5º: "estimular, no âmbito das unidades prisionais
estaduais e federais, como forma de atividade complementar, a remição pela leitura,
notadamente para apenados aos quais não sejam assegurados os direitos ao trabalho, educação
e qualificação profissional ".
Nos estudos de Amorim-Silva (2016), é mencionado que constitui falta disciplinar grave
o dano ou extravio de livros conforme artigo 27, inciso XII do Regulamento Disciplinar
Prisional (REDIPRI), a saber: "danificar, dolosamente, objeto ou equipamento do
estabelecimento ou de terceiros". Caso um IPL pratique tal ato, será lavrado auto de infração e
encaminhado ao Conselho Disciplinar (CD) e, caso este seja considerado culpado
incidentalmente por aquele conselho, poderá ser retido em cela de onze a trinta dias, com
benefícios suspenso até que o Juiz pronuncie em audiência de justificação, podendo este ato
acarretar, inclusive, na regressão do regime e na perda dos dias remidos, se houver.
Ainda de acordo com essa autora, quanto ao modo de inserção dos IPL em atividades
educativas, incluindo sua matrícula escolar, ela ocorre por meio de um vasto processo que se
inicia a partir de sua admissão na Unidade Prisional (UP). Trata-se da Classificação do IPL
regida pelo Capítulo I do Título II da LEP. Conforme o artigo 5º da referida legislação, os
condenados serão classificados, segundo os seus antecedentes e sua personalidade, para orientar
a individualização da execução penal. Já no artigo 6º a lei regulamenta que a classificação será
feita por Comissão Técnica de Classificação que elaborará o programa individualizador da pena
privativa de liberdade adequada ao condenado ou IPL provisório. E por fim, no artigo 7º, aponta
os integrantes dessa comissão técnica classificatória, sendo presidida pelo diretor e composta,
no mínimo, por 2 (dois) chefes de serviço, 1 (um) psiquiatra, 1 (um) psicólogo e 1 (um)
assistente social (BRASIL, 1984).
Amorim-Silva (2016), esclarece ainda que, ao ser admitido na UP, o IPL é submetido a
atendimentos em todos os setores que prestam as assistências garantidas a ele constantes na
LEP (saúde, assistência educacional, social, psicológica e jurídica). Por meio de um documento
intitulado Entrevista de Classificação, os profissionais desses setores traçam um perfil do IPL
correspondente à sua área de atuação. No que diz respeito à educação, o profissional
responsável por realizar tal entrevista é o pedagogo da SEJUSP, na qual é realizado
32
levantamento quanto à vida pregressa do IPL, a fim de obter informações a respeito de sua
trajetória escolar até o momento da entrevista. De posse dos dados de escolaridade, nome da
última escola e cidade onde estudou, situação do histórico escolar, torna-se possível identificar
a situação escolar desse IPL e então encaminhar a síntese dessa entrevista para a reunião da
Comissão Técnica de Classificação (CTC).
Em Minas Gerais, é uma equipe multidisciplinar (formada por técnicos de saúde,
psicólogos, assistentes sociais, analistas jurídicos, educadores e vigilantes). Seu principal
objetivo é realizar um encontro para discutir a coleta de informações de diferentes áreas que
ocorreu na entrevista de classificação e para a elaboração do Programa de Reabilitação
Individualizado. Neste sentido, havendo interesse em estudar e indicado pelo CTC, o IPL passa
a inscrever-se de acordo com a oferta de emprego de acordo com as suas necessidades
educativas, bem como cursos profissionalizantes, participação em atividades culturais,
desportivas e de lazer e realização de provas do Exame Nacional para Certificação de
Competências de Jovens e Adultos (ENCCEJA) e Exame Nacional do Ensino Médio para
Pessoas Privadas de Liberdade (ENEM PPL), buscando contribuir para a melhoria da qualidade
desse nível de escolaridade, proporcionando ao IPL a chance de conclusão e certificação do
Ensino Médio e/ou de concorrer às vagas em Instituições de Ensino Superior (IES) (AMORIM-
SILVA, 2016).
Amorim-Silva (2016), relata que tais exames, ao atingirem pessoas privadas de
liberdade, garantem seu acesso aos programas e políticas educacionais e escolares do governo
federal e afirmam nosso compromisso constitucional com a educação universal e igualitária.
Ainda que dentro de uma perspectiva escolástica, a inclusão das pessoas privadas de liberdade
nesses exames representa uma concepção delas como sujeitos de direito. Para que isso aconteça
nos presídios, cada unidade junto ao Inep tem termo de compromisso, responsabilidades e
obrigações assinado e um educador é responsável por realizar o cadastramento de todos aqueles
que desejam prestar os referidos exames.
No que se refere à documentação escolar, caso não seja possível obter o seu histórico
escolar anterior, é aplicada uma Avaliação Diagnóstica pela escola de acordo com o artigo 24,
item II (c), da lei nº 9394 de dezembro de 1996 LDB para a reclassificação e devida enturmação
do aluno IPL tanto para o Ensino Fundamental, quanto para o Médio. Faz parte, ainda, da
política pública de educação nas prisões a oferta de educação denominada não formal pelos
regulamentos artigo 10º da Resolução nº 03/2009 do CNPCP, artigo 12º da Resolução
nº02/2010 da CEB. Estas são realizados através de projetos e atividades desenvolvidas nas
33
escolas e/ou instituições parceiras, por meio de atividades socioculturais e desportivas, tais
como: artesanato, música, dança, artes visuais, teatro, projetos literários e cinematográficos,
bem como projetos específicos para o público feminino e LGBTQIA+ (AMORIM-SILVA,
2016).
Nesse sentido, Amorim-Silva (2016) relata que a educação nas prisões, inicialmente
concebida como um dispositivo capaz de transformar as pessoas com o objetivo de sua
reabilitação, e posteriormente como suporte básico com o objetivo de sua integração social,
caracteriza-se atualmente pela eficácia na garantia do acesso a esse direito em vista da
Integração em aspectos sociais básicos apoia os serviços em um processo permanente de
socialização. Nessa última perspectiva, propõe-se que não apenas o sistema de ensino escolar
cumpra essa função, mas que todo o sistema prisional possa se constituir como um espaço
educativo na concepção de educação. No entanto, percebe-se que ainda há um longo caminho
a ser percorrido, pois a própria escola luta para se enxergar por meio dessa perspectiva.
Nota-se que há uma cadeia de ampliações e evoluções na oferta educacional nas prisões
mineiras. Nota-se, ao longo do tempo, o desejo de incorporar às políticas educacionais estaduais
o que tem sido uma tendência nacional em educação. A oferta de níveis de ensino expandiu-se,
começando pelo antigo ensino básico e estendendo-se agora ao nível superior. As modalidades
também foram modificadas, compreendendo as especificidades desse público, que agora faz
parte da concepção da EJA. Ressalte-se que, segundo estudos e dados levantados, a oferta
educacional nas penitenciárias mineiras tem se concentrado essencialmente na educação
escolar. Existem atividades educativas não formais específicas que acabam por se tornar parte
de projetos escolares complementares (AMORIM-SILVA, 2016).
De acordo com os estudos de Amorim-Silva (2016), a consolidação de um convênio
entre a SEE e a SEJUSP foi um passo importante para exigir que as ações pedagógicas nesse
ambiente possam ao menos ser mais aceitas e mais padronizadas entre as unidades. É inegável
que a educação nas prisões mineiras está em meio a um processo onde há lacunas e muito
trabalho a ser feito. No entanto, é importante destacar como esse tema tem ganhado espaço no
contexto prisional e por isso tem demandado maior investimento e a implantação de um projeto
político-pedagógico específico, bem como a criação de materiais didáticos específicos.
34
Segundo Ireland (2011), o panorama atual da escolarização nas prisões tem revelado
tanto fragilidades quanto necessidades emergentes. Por outro lado, com base nas leis e diretrizes
nacionais vigentes, mostram-se possibilidades de implementação de uma ordem pública
pedagogicamente articulada com a execução de penas. Nessa perspectiva, Craidy (2007) aponta
que a educação prisional atinge um pequeno número de detentos no Brasil e no mundo. Mais
ainda, indica que a possibilidade de um trabalho efetivo de educação escolar nos presídios se
sustenta, atualmente, principalmente no empenho pessoal dos envolvidos na tarefa. Isso pode
revelar uma contradição na medida em que as previsões normativas nacionais e internacionais
sobre o tema apontam para um movimento que reafirma a educação como um direito de todos.
Para tanto, é fundamental ampliar esforços de articulação entre a administração
penitenciária e as instituições de ensino, representadas no nível macro pelos Ministérios da
Justiça e da Educação e no nível micro por seus gestores e técnicos, ressaltando a
responsabilidade de todos a aplicabilidade do direito à educação e, portanto, às políticas
nacionais. É fundamental reconhecer que a criação de novas escolas, principalmente ligadas ao
ensino profissional, não é suficiente para resolver o problema da educação de jovens e adultos
do IPL. É preciso valorizar e colocar em prática uma concepção ampla e articulada de educação,
capaz de promover e contribuir para a formação de sujeitos com potencialidades e competências
que favoreçam a mobilidade social.
Como se depreende da análise das representações do IPL, o cotidiano escolar na prisão
apresenta contradições frente às bases que norteiam a regulação normativa. A superação dessa
situação pode ser feita na medida em que a educação prisional seja politicamente articulada
com uma orientação interdisciplinar, capaz de buscar sobretudo a implementação das políticas
existentes que, se aplicadas, podem contribuir para melhorar o acesso à melhoria do direito à
educação nas prisões.
Segundo Oliveira (2013), nos ambientes prisionais, a escola deve priorizar uma
concepção e uma prática pedagógica capaz de promover, sobretudo, a formação de cidadãos
conscientes de sua realidade social e de seus direitos. Portanto, é importante que os órgãos
competentes adotem a educação como uma das políticas de inclusão social e vejam, em
articulação com as políticas setoriais, a construção coletiva de uma educação voltada para a
formação crítica e integral, e não apenas escolar.
35
O debate e a discussão sobre a educação dentro do sistema prisional continua sendo um
tema bastante delicado e espinhoso para a sociedade e para os pesquisadores da área. Podemos
dizer que é um tema delicado porque ainda se acredita que o indivíduo privado de liberdade não
tem direito à educação. Delicada, porque quando você fala em educação está falando do sistema
como um todo. Sabemos que as pessoas privadas de liberdade continuam a ser tratadas de forma
desumana no século XXI.
Portanto, trilhamos um caminho para mostrar a relevância da educação no sistema
educacional. Somos guiados por não discutir a questão do crime dos IPL. Assim, dentro do
sistema prisional, a educação tem duas finalidades, podemos dizer: a primeira é a
ressocialização do IPL e a segunda é a remição da pena. Portanto, a educação é um fator
importante no processo de reabilitação do IPL. Devemos entender que educação é muito mais
que conteúdo, é o ponto chave para fazer o sujeito pensar, analisar e refletir sobre seu cotidiano
e modo de vida. Não pretendemos fazer juízos de valor sobre o seu comportamento. Mas a
educação por si só é capaz de obrigar esse indivíduo a realizar uma autoanálise.
36
1) De acordo com a análise de Silva e Moreira (2011, p. 91), a educação nas prisões é orientada
por três eixos que envolvem, de forma articulada, o sistema público de ensino e a execução
penal. Qual das alternativas NÃO é considerada como um desses eixos?
a) Gestão, articulação e mobilização.
b) Aspectos estéticos e rígidos.
c) Formação e valorização dos profissionais envolvidos.
d) Aspectos pedagógicos.
2) De acordo com o artigo 126º da LEP 4.210/1984, que relata que o condenado que cumpre a
pena em regime fechado ou semiaberto terá remição por estudo, tem-se que o apenado diminui:
a) 1 (um) dia de pena a cada 5 dias (20 horas) de atividades pedagógicas.
b) 1 (um) dia de pena a cada 4 dias (16 horas) de atividades pedagógicas.
c) 1 (um) dia de pena a cada 3 dias (doze horas) de atividades pedagógicas.
d) 2 (dois) dias de pena a cada 3 dias (doze horas) de atividades pedagógicas.
3) De acordo com o Plano Estadual de Educação para Pessoas Privadas de Liberdade e Egressas
do Sistema Prisional de Minas Gerais, estabelece a definição de novas estratégias para qualificar
a política de educação no âmbito do sistema prisional aos privados de liberdade e egressos, nos
exercícios de 2020 a 2024, pautando-se pelas seguintes diretrizes, EXCETO:
a) Ampliação da oferta educacional, considerando atividades socioculturais, esportivas e
projetos de leitura.
b) Adequação dos espaços para qualificação das atividades educacionais em sentido amplo.
c) Fortalecimento das ações com o governo federal na efetivação dos repasses financeiros em
prol da educação nas prisões.
d) Promoção da igualdade efetiva e a garantia de assistência educacional, considerando
especificamente as mulheres e idosos.
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