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INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA

Discentes:

Jéssica da Luz

Rosa da Felicidade

Victor Augusto Francisco

Docente:

Dr. Ironeu Pina

LICENCIATURA EM DIREITO

2ºANO – LABORAL – 5° GRUPO

CADEIRA: DIREITO ECONÓMICO

Chimoio, 2023
INSTITUTO SUPERIOR MUTASA

DELEGAÇÃO DE CHIMOIO

REGULAÇÃO DA CONCORRÊNCIA

Discentes:

Jéssica da Luz

Rosa da Felicidade

Victor Augusto Francisco

Docente:

Dr. Ironeu Pina

LICENCIATURA EM DIREITO

2ºANO – LABORAL – 5° GRUPO

CADEIRA: DIREITO ECONÓMICO

Chimoio, 2023
Índice

I. Introdução...........................................................................................................................5

1. Objectivo geral................................................................................................................6

2. Objectivos específicos.....................................................................................................6

3. Metodologia....................................................................................................................6

II. Regulação da Concorrência.............................................................................................7

2. A concorrência no modelo liberal clássico.....................................................................7

2.1. Concentração e crise do modelo..............................................................................7

2.2. A revisão do modelo liberal da economia...............................................................8

3. Mercado e a concorrência: questões conceptuais............................................................8

3.1. Mercado...................................................................................................................8

3.2. Concorrência............................................................................................................9

3.3. Da concorrência perfeita a concorrência practicável...............................................9

3.3.1. Concorrência perfeita.....................................................................................10

3.3.2. Monopólio......................................................................................................10

3.3.3. Oligopólios.....................................................................................................11

3.3.4. A concorrência monopolística........................................................................11

4. Concorrência Ilícita e Desleal.......................................................................................12

4.1. Concorrência ilícita................................................................................................12

4.2. Concorrência Desleal.............................................................................................12

4.2.1. Categorias de Actos de Concorrência Desleal................................................12


5. Os sistemas da defesa da concorrência.........................................................................13

6. Abuso da posição dominante na Lei Moçambicana......................................................15

7. Abuso de estado de dependência económica................................................................15

Conclusão.................................................................................................................................17

Referências...............................................................................................................................18
I. Introdução

Constitui tema de grande relevância para actualidade, na medida em que com a


liberalização do comércio, quer ao âmbito nacional, regional assim como mundial regista-se o
crescimento maior da procura e oferta nos mercados, afigurando-se importante que os
Estados adoptem normas que defendam e protejam a concorrência com vista a torna-la leal,
justa e eficaz. E é neste âmbito, em virtude de Moçambique comportar uma lacuna legislativa
e institucional que protege e defende a concorrência que colocamos a nossa questão que se
resume-se em procurar saber, quais os problemas ou práticas anticoncorrenciais que daí
resultam?

Portanto, o trabalho em causa terá como objectivo discutir a questão da regulação da


concorrência em Moçambique.

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1. Objectivo geral

O trabalho tem como objectivo geral: discutir a questão da regulação da concorrência.

2. Objectivos específicos

O trabalho tem como objectivos específicos:

 Analisar a questão da concorrência


 Distinguir mercado da concorrência
 Caracterizar o sistema de defesa da concorrência.

3. Metodologia

Para o efeito do trabalho, fez-se uma pesquisa bibliográfica de autores competentes para o
efeito e recorreu a ajuda da internet.

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II. Regulação da Concorrência
2. A concorrência no modelo liberal clássico

O liberalismo econômico ganhou contornos definitivos com o economista escocês Adam


Smith (1723-1790), considerado seu criador.

Em sua obra “A Riqueza das Nações”, mostrava a divisão do trabalho como elemento
essencial para o crescimento da produção e do mercado.

Esse modelo dependia da livre concorrência, que forçaria o empresariado a ampliar a


produção, buscando novas técnicas, aumentando a qualidade do produto e baixando ao
máximo os custos da produção.

Isso favoreceria a lei natural da oferta e da procura, viabilizando o sucesso econômico


geral e a prosperidade de todos. Neste processo, o Estado não deveria intervir, deixando o
mercado se regular de forma natural.

No modelo liberal clássico, a concorrência é vista como um elemento fundamental para o


funcionamento eficiente do mercado. Acredita-se que a livre concorrência entre os diferentes
agentes econômicos promova a eficiência produtiva, a inovação, a redução de preços e a
melhoria da qualidade dos produtos e serviços oferecidos. Nesse modelo, não há intervenção
do Estado na economia, permitindo que os agentes atuem livremente, competindo entre si.

2.1. Concentração e crise do modelo

A concentração e a crise são dois aspectos que podem afetar o modelo liberal clássico. A
concentração ocorre quando poucas empresas dominam um setor específico, limitando a
concorrência e prejudicando a eficiência do mercado. Isso pode levar a abusos de poder,
preços mais altos para os consumidores e menor variedade de produtos.

A crise pode ocorrer quando as falhas do mercado se tornam evidentes, como a


instabilidade financeira, recessões econômicas ou desigualdade social. Essas crises podem
levar à necessidade de intervenção estatal para proteger os interesses dos cidadãos e
estabilizar a economia.

Em resposta a esses desafios, algumas abordagens buscam equilibrar a liberdade de


mercado com regulamentações adequadas para evitar abusos e promover maior concorrência.

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Isso pode incluir políticas antitruste, regulação setorial e proteção dos direitos dos
consumidores.

2.2. A revisão do modelo liberal da economia

A revisão do modelo liberal da economia envolve uma análise crítica dos princípios e práticas
do liberalismo econômico, com o objetivo de adaptá-lo às necessidades e desafios
contemporâneos. Essa revisão pode considerar a necessidade de regulamentação mais efetiva,
políticas de redistribuição de renda, proteção ambiental, promoção da igualdade de
oportunidades e outras medidas para garantir um equilíbrio entre eficiência econômica e
justiça social. A revisão do modelo liberal da economia busca encontrar soluções mais
equilibradas e sustentáveis para os problemas econômicos e sociais.

3. Mercado e a concorrência: questões conceptuais


3.1. Mercado

Existem várias definições do mercado, contudo, na sua acepção primitiva, a palavra


mercado dizia respeito a um lugar determinado, onde os agentes económicos realizavam
transacções (ROSETTI, 2009).

O mercado permanece, por tradição, como, um lugar definido, especialmente edificado,


para o encontro de produtores e consumidores, com o propósito de ajustarem a procura e
oferta, através da formação dos preços.

Mas já na sua acepção económica mais ampla, o conceito do mercado está bem distante
dessa tradição da conotação geográfica. Mercado é agora “um espaço abstracto onde se
encontram a procura e a oferta agregada dos agentes económicos, cujos objectivos
contraditórios se harmonizam, em cada momento, através dos preços de transacção entre
eles”. (SOUSA, 2004).

Segundo MARQUES, um mercado dir-se-á concorrencial quando exista uma pluralidade


de vendedores e de compradores, tal que, para determinado produto, haja uma liberdade de
escolhas:” faculdade de eleger entre um grande número de possibilidades e, portanto, de
excluir aquelas que, em termos comparativos, são as menos satisfatórias.

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3.2. Concorrência

De acordo com OLAVO (1997; p.143) concorrência é a competição entre vários agentes
económicos com vista a atingirem a supremacia no mercado em relação aos demais e
caracteriza-se pela pluralidade de actuações convergentes, na medida em que existe uma
pluralidade indiscriminada de fornecedores de bens e serviços que se dirigem a uma
pluralidade indiscriminada de consumidores.

Na economia usa-se o termo num sentido mais restrito, caracterizando as relações


(económicas) que se estabelecem entre os que num mercado oferecem e procuram
mercadorias ou serviços.

A concorrência emana directamente da liberdade da iniciativa económica, ou seja, da


possibilidade de quem quer que seja em princípio poder ter acesso às diversas actividades
económicas, que estão na base da própria criação da riqueza e realização pessoal no ponto de
vista económico.

Neste contexto, a ideia de concorrência surge intimamente ligada ao mercado e, sobretudo


à ideia de “liberdade económica". Assim, a concorrência vai significar rivalidade aberta no
mercado entre compradores e vendedores de um bem ou serviço.

Olhando para a definição de mercado, é importante ainda, conceptuar o Direito da


Concorrência no sentido objectivo, que de acordo com SIMOES (1982, p. 46) constitui um
conjunto de normas e princípios da concorrência por que se devem pautar os agentes
económicos entre si.

FERREIRA (2001, p. 474) diz Direito da Concorrência pode ser caracterizado como uma
parte do sistema legal, tendente à fixação de normas aplicáveis ao exercicico da actividade
económica através de regras relativas ao estabelecimento das empresas, à comercialização
dos seus produtos, às relações concorrenciais e a protecção do consumidor.

3.3. Da concorrência perfeita a concorrência practicável

O mercado concorrencial pode caracterizar-se sob forma de quatro estruturas referenciais,


sendo que as classificações mais simples de estruturas de mercado fundamentam-se apenas
no número de agentes envolvidos em cada um dos dois lados - o da procura (compradores) e
o da oferta (vendedores). STACKELBERG, em 1934 propôs este tipo.

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Todavia, os elementos diferenciadores não se limitam, como sugeriu a classificação
pioneira de STACKELBERG, ao número de agentes económicos envolvidos. Vai além,
incluindo factores comportamentais, as características dos recursos e produtos
transaccionados, o controle que os participantes têm sobre o preço, as possibilidades de
concorrência extrapreço e as condições para o ingresso de novos competidores no mercado.

3.3.1. Concorrência perfeita

Nestes termos, tomando o número dos agentes económicos como diferenciador, a


concorrência perfeita vai pressupor grande número dos participantes nos dois lados
considerados, ou seja, grande número de vendedores por um lado e consumidores por outro.
Tomando outro conjunto de aspectos diferenciadores, a concorrência perfeita caracterizar-se-
á por reunir condições ideais, como:

 A atomização dos agentes;


 A homogeneidade dos produtos;
 A perfeita mobilidade dos concorrentes;
 A total permeabilidade para ingresso e saída dos agentes económicos; e
 A plena transparência e apenas um preço, definido pelas forças da oferta e da procura,
ao qual todos se submetem.

3.3.2. Monopólio

Trata-se de um Mercado onde há um grande número de compradores defrontando com


apenas um vendedor, é uma estrutura que se situa no extremo oposto do da concorrência
perfeita e caracteriza-se:

 Pela existência de apenas um vendedor que domina inteiramente a oferta;


 Pela inexistência de substitutos para o produto do monopolista;
 Insusceptíveis barreiras de entrada, opacidade das informações e amplos poderes para
definição de preços.

Invertendo-se as posições estar-se-ia diante de monopsônio. Diametralmente oposta à


situação da concorrência perfeita, poderia ainda ser caracterizada outra situação extrema,
definida pelo monopólio bilateral, em que se defrontam no mercado apenas um vendedor e
apenas um comprador. Além destas, também existiriam as situações definidas como de

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quase-monopólio e quase-monopsônio. Trata-se de situações em que o único vendedor, ou
único comprador se defrontaria, respectivamente, com um número pequeno de compradores e
de vendedores.

3.3.3. Oligopólios

Na moderna realidade industrial, caracterizada pelo domínio pelas grandes corporações


empresariais, prevalecem na maior parte dos sectores, situações típicas de denominação,
exercidas por um pequeno número de grandes firmas.

A essas situações tomam denominações genéricas como de oligopólio – trata-se de uma


estrutura em que a concorrência é exercida por pequeno número de vendedores e grande
número de compradores e caracteriza-se:

 Pela rivalidade entre os poucos concorrentes;


 Obstáculos à entrada de novos concorrentes, preço, extrapreço e poder, devido ao
pequeno número de concorrentes dominantes, o controlo é geralmente grande.

E há também situações de oligopsônio onde pequeno número de compradores e grande


número de vendedores. O oligopólio bilateral seria caracterizado por um número pequeno,
tanto de vendedores quanto de compradores.

3.3.4. A concorrência monopolística

Trata-se de uma expressão que foi empregue pela primeira vez na década de 1930 por
Edward E. Chamberlin. Ele evidenciou que a realidade observada na maior parte dos
mercados definia-se por uma combinação de duas estruturas referenciais – o monopólio e a
concorrência perfeita.

Na concorrência monopolística, o número de concorrentes é grande. Todavia, cada


concorrente possui suas próprias patentes ou, então, diferencia de tal forma seus produtos que
passa a criar um segmento próprio de mercado, que então dominará e procurará manter. O
consumidor, todavia, encontra facilmente substitutos, não ocorrendo dessa forma a
caracterização essencial do monopólio puro.

Em síntese, as principais características desta estrutura de mercado são:

 Competitividade;

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 Diferenciação;
 Substituibilidade, preço – prémio, baixas barreiras.

4. Concorrência Ilícita e Desleal


4.1. Concorrência ilícita

Em termos gerais, quando se fala de concorrência ilícita, fala-se de regras do direito penal
destinado a impedir ou restringir formas de concorrência particularmente intoleráveis. Trata-
se de actuações directamente proibidas.

4.2. Concorrência Desleal

Podemos afirmar, numa primeira definição, que o acto de concorrência desleal é aquele
acto susceptível de, no desenvolvimento de uma actividade económica, prejudicar um outro
agente económico que, por sua vez, exerce também uma actividade económica determinada,
prejuízo este que se consubstancia num desvio de clientela própria em benefício de um
concorrente (Olavo Carlos, p. 145).

Pressupondo este instituto uma situação de liberdade de concorrência, estão fora do seu
âmbito todas aquelas normas que excluem a própria existência de concorrência.

Assenta, assim, em duas ideias fundamentais: a criação e expansão de uma clientela


própria e a idoneidade para reduzir ou mesmo suprimir a clientela alheia, real ou possível.

Quando tal se verifica em termos contrários às normas e usos honestos de qualquer ramo
de actividade, dá-se um acto de concorrência desleal.

4.2.1. Categorias de Actos de Concorrência Desleal


a) Actos de confusão

Os actos de confusão reconduzem-se, em primeira linha, àquele tipo de actuações que vem
referida na al. c) do nº 2 do art. 174º do Código da Propriedade Industrial, nos termos
seguintes “para efeitos do presente diploma comete infracção de concorrência desleal
aquele que praticar actos susceptíveis de criar confusão, de qualquer modo, com o
estabelecimento, produtos, serviços ou actividades industriais ou comerciais de um
concorrente”.

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b) Actos de descréditos

Actos de descréditos são aqueles que se reconduzem, fundamentalmente, à alínea e) do


nº2 do art. 174º do CPI. Esta considera especialmente proibidas as “falsas afirmações feitas
no exercício do comércio ou da indústria, com o fim de desacreditar o estabelecimento, os
produtos, os serviços ou a reputação dos concorrentes”.

c) Actos de apropriação

A concorrência desleal pode ter lugar, não propriamente através do desprestígio de


terceiros, mas pelo facto de o comerciante se apropriar de qualidades ou características que
não tem.

Integram este tipo de actuações a invocação, como próprias, de qualidades ou


características que, ou não existem, ou pertencem a terceiro.

d) Actos de desorganização

Actos de desorganização são aqueles que visam afectar o normal funcionamento de uma
empresa concorrente. Numerosos exemplos de actos de desorganização podem ser apontados,
como é o caso de boicote, do desvio de empregados e do incremento à greve.

Em todos esses casos, a ilicitude decorre do meio utilizado para desviar clientela, e que
constitui a perturbação do normal funcionamento da empresa.

e) Concorrência parasitária

A concorrência parasitária reconduz-se àquele tipo de actuações que vem referida na


alínea d) do nº 2 do art. 174º do Código da Propriedade Industrial, nos termos seguintes “
para efeitos do presente diploma comete infracção de concorrência desleal aquele que
invocar ou fazer referências, a um nome comercial, insígnia de estabelecimento comercial ou
marcas alheios sem autorização do legítimo titular com o fim de beneficiar do crédito ou da
reputação dos mesmos”.

5. Os sistemas da defesa da concorrência

O direito comparado oferece várias modalidades da defesa da concorrência que podem


reunir se em sistemas típicos que exprimem as três grandes orientações do legislador quanto a

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esta questão, por trás das quais estão como é evidente, diversas opções de política económica
fundamentadas em diferentes entendimentos a estrutura dos mercados e em distintas
valorações do comportamento dos agentes económicos.

Em primeiro lugar temos os sistemas de proibição (ou da per se condemnation), aqueles


que proíbem as práticas restritivas da concorrência por produzirem um dano potencial na
economia.

Estes sistemas tendem a privilegiar uma noção estrutural da concorrência e avaliar este
como um bem em si mesmo (teoria de concorrência-condição). Daí estabelecerem uma
proibição genérica e a priori de todos os acordos e práticas susceptíveis de atingirem a
estrutura concorrencial do mercado, combatendo por tanto a concentração através de
proibição das práticas que a ela possam conduzir1.

Contrapostos e em segundo lugar, temos o sistema de abuso ou da rule of reason


(igualmente conhecido por sistema de controlo a posteriori, concorrência-meio ou ainda de
dano efectivo). Para este sistema, tende-se a privilegiar os comportamentos efectivos dos
agentes económicos.

Nesta perspectiva, a concorrência, é um bem entre outros e não um bem em si mesmo


(teoria de concorrência-meio), como tal, pode, em certas circunstâncias ser afastada em nome
da protecção de outros bens ou realização de outros fins socialmente relevantes, daí que este
sistema não pretende, em abstracto, combater os acordos, oligopólios, monopólios, ou
quaisquer outros factores de domínio no mercado através dos quais concretamente se
manifeste a concentração económica.

Procura apenas reprimi-los quando por particulares condicionalismos, se revelam


prejudicais ao "interesse geral" declarando ilícitos os acordos ou práticas que produzam
efeitos negativos na concorrência, não justificando por outras razões.

No pólo oposto aos dois sistemas, temos os sistemas mistos da defesa da concorrência,
que congregam os aspectos dos dois sistemas acima mencionados, a título de exemplo, o
francês, alemão, inglês e também canadiano, onde os acordos restritivos da concorrência são
sancionados como ilícitos, embora com excepções, mas quanto às posições de domínio só o
abuso é reprimido2.
1
STIGLER George, the organization of industry, Chicago University, Press, 1968, p.5.
2
SIMÕES, Patrício, J., direito da concorrência (aspectos gerais), gráfica imperial, Lda., 1982, p. 81.

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De maneira geral, as leis da defesa da concorrência tem por objecto acordos entre
empresas mantendo estas a sua autonomia, concentrações de empresas nas suas diversas
formas e o exercício de uma posição de domínio de mercado imputável a várias causas.

O objectivo das leis é, naturalmente, a manutenção de uma estrutura do mercado e de um


comportamento empresarial concorrenciais3.

6. Abuso da posição dominante na Lei Moçambicana

O Abuso de posição dominante é uma prática restritiva da concorrência que decorre da


utilização ilícita por parte de uma empresa (ou de um conjunto de empresas) do poder de que
dispõe(m) num determinado mercado4.

Um abuso de posição dominante pressupõe a utilização indevida por uma empresa do


poder que dispõe no mercado, que consistirá na exploração dos outros agentes económicos ou
na exclusão de concorrentes do mercado.

O importante a reter no que concerne à figura do abuso da posição dominante é que a


detenção de uma posição dominante em si, não é proibida, ou seja, não constitui prática
restritiva da concorrência, mas sim, o que é proibido é o abuso (BANGY, p. 40).

7. Abuso de estado de dependência económica

O abuso de estado de dependência económica é também uma das práticas restritivas da


concorrência.

Refere-se a situações em que é explorada abusivamente a ascendência (dominância) de


uma empresa em relação a outra, no domínio das relações bilaterais entre ambas, sempre que
esse comportamento seja susceptível de afectar o funcionamento do mercado ou a estrutura
da concorrência5.

O abuso de estado de dependência económica decorre do uso ilícito do poder de mercado


que uma empresa detenha sobre outra que se encontre em estado de dependência, por não
dispor de alternativa equivalente para fornecimento de bens ou prestação dos serviços em
causa.

3
DE MONCADA, Luís S. Cabral, Direito Económico, Coimbra editora, 2000, p. 374.
4
www. Google.pt.co. Autoridade da Concorrência, consultado no dia 16/10/2023.
5
Www. Google.pt.co. Autoridade da Concorrência, consultado no dia 16/10/2023.

15
Portanto, a existência ou não de estado de dependência económica é avaliada em termos
de ausência ou não de uma alternativa equivalente ou suportável por parte de um dos
parceiros. Poder-se-á – se entender como não dispondo de alternativa equivalente quando o
fornecimento do bem ou serviço em causa for assegurado por um número restrito de
empresas e a empresa “vítima” não puder obter idênticas condições por parte de outros
parceiros comerciais num prazo razoável.

O abuso do estado da dependência económica pode consistir numa recusa de venda,


imposição de vendas geminadas, práticas de condições de vendas discriminatórias ou ainda,
numa ruptura de relações comerciais, pelo facto do parceiro dependente se recusar a
submeter-se às condições comerciais injustificadas impostas pela outra parte (BANGY, p.
40).

Conclusão

O termo concorrência é geralmente utilizado para designar o grau de competitividade ou


de rivalidade existente entre empresas ou outras entidades que oferecem produtos ou serviços
semelhantes (substitutos) e que competem entre si pelos mesmos mercados ou segmentos de
mercado. Por vezes, o mesmo termo é também utilizado para designar o próprio grupo de

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empresas que actuam nos mesmos mercados com o mesmo tipo de produtos ou serviços,
confundindo-se, neste caso, com o termo ‘concorrentes’.

A concorrência é o motor primeiro da atividade, o mais poderoso estimulante de todo


adiantamento. A proteção contra a concorrência é uma proteção que visa impulsionar a
ociosidade, a rotina e o estéril repouso das faculdades humanas. Onde não há concorrência,
existe monopólio. A concorrência leva consigo a responsabilidade individual. Em suma, a
concorrência é norteada por um regime de paz, é a única e verdadeira harmonia de todas as
liberdades necessárias à produção e distribuição de riqueza.

A não protecção da concorrência é hoje tida como um mal que pode enfermar o mercado e
até a economia numa perspectiva global. Quer isto dizer que a defesa da concorrência é uma
opção fundamental do Estado e, como tal, deve estar plasmada a nível da constituição já que
da sua desprotecção podem resultar graves violações dos direitos fundamentais dos cidadãos.
É com a constituição económica que o Estado vai definir e assegurar uma equilibrada
concorrência entre os agentes económicos, cabendo ulteriormente ao legislador ordinário
concretizar e estabelecer a garantia desse direito.

Referências

BANGY, Azeen, R, Defesa da Concorrência em Portugal, 1998;

DE MONCADA, Luís S. Cabral, “Direito Económico”, Coimbra editora, 2000;

17
DE SOUSA, A. “Análise Económica”, Lisboa: Universidade Nova, 1988;

FERREIRA Eduardo Paz, Direito da Economia, Lisboa, AAFDL, 2001.

OLAVO, Carlos. “Propriedade Industrial, Sinais Distintivos do ComércioConcorrência


Desleal”, Almedina, Coimbra, 1997.

SANTOS, António Carlos dos, et al, “Direito Económico”, 5ª edição, Coimbra, 2004

SIMOES, Patrício, J., Direito Económico (Aspectos Gerais), publicações gradava, 1982, p.
46.

SOUSA, e F. P. de Moura, citados por Santos, António Carlos dos et al, Direito Económico,
5ª edição, Coimbra, 2004, p. 269.

STIGLER George, “the organization of industry”, Chicago University, Press, 1968;

ROSSETTI, José Paschoal, introdução á economia, 20ªed. Novo texto reestruturado e


actualizado, São Paulo, 2009, p.390 até 405.

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