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INTRODUÇÃO
1ATO ADMINISTRATIVO
Por isso é que o ato do agente administrativo é um ato jurídico, mas não um
negócio jurídico.
Daí ser específico o exame dos denominados vícios de vontade no ato
administrativo, sendo certo concluir que o Direito Administrativo escolheu
critérios objetivos para disciplinar a invalidação dos atos dos agentes,
podendo prescindir os chamados vícios da vontade existentes no Direito
Privado, e sendo assim, o ato administrativo será adstrito à lei, não havendo
liberdade, não há vontade, o fim, e não a vontade, domina todas as formas de
administração.. (CRETELLA JÚNIOR, 2000).
Bem dispõe José dos Santos Carvalho Filho (2004) sobre os atos dos agentes
públicos:
Então, diferente do ato civil em que alguém procura apenas o interesse de sua
própria pessoa, o ato administrativo só pode buscar um interesse
transcendente à simples unidade jurídica do aparelho estatal. Isto é, só lhe
assiste perseguir um interesse do qual se pode dizer – em certo sentido – que é
um interesse alheio: o da coletividade, dos administrados, em geral. (MELLO,
2008, p. 117).
Pela mesma razão que o prefeito da cidade francesa agiu com desvio de poder
para beneficar alguns particulares, outras autoridades também assim o fazem
com frequencia, pois atuam com discricionariedade para desviarem a
finalidade de seus atos no único intuito de beneficiarem a si próprios ou
terceiros. (MELLO, 2008).
E por fim, quando o agente busca uma finalidade, seja alheia ao interesse
público ou à categoria deste que o ato se revestiu, por meio de omissão,
Mônica Bandeira de Mello Lefèvre (2009) ensina que:
Destarte, o excesso de poder ocorre quando o agente age fora dos limites de
sua competência administrativa, invadindo competência de outros agentes ou
praticando atos administrativos que a lei não lhe conferiu. O policial civil,
embora competente para apurar um crime, foi além do que lhe permitiu a lei,
exorbitando no uso de sua competência. (CARVALHO FILHO, 2004).
No entanto, não são todos os casos que um ato de excesso de poder pode a vir,
posteriormente, ser validado pela autoridade competente. Como exemplo: um
servidor de fiscalização ambiental aplica uma multa de trânsito. Neste caso,
nem mesmo o órgão competente pode ratificar aquela multa, pois o ato já
iniciou nulo, uma vez que o fiscal ambiental não possui permissão, técnica ou
preparo para constatar se realmente ocorreu ou não a infração de trânsito.
(TÁCITO, 2002).
Agindo com abuso de poder, por qualquer de suas formas (desvio de poder ou
excesso de poder), o agente submete sua conduta à revisão, judicial ou
administrativa, uma vez que o abuso de poder não pode compatibilizar-se com
as regras da legalidade, de modo que, constatado o abuso, cabe repará-lo.
Os efeitos do abuso de poder pelos atos administrativos são várias, com por
exemplo: corrompe a Administração Pública, prejudica os atos discricionários,
denegride a imagem do agente e do próprio órgão administrativo, ofende os
princípios constitucionais da Administração Pública, prejudica o erário
público, deixa de atender o interesse público, dentre outros. (CARVALHO
FILHO, 2004).
Para corrigir tais efeitos, a conduta abusiva do agente deve ser revista de
forma administrativa, ou via judicial, para que o dano pode seja reparado,
refeito ou invalidado.
Assim, para reprimir o abuso de poder, o ato administrativo ilegal deve ser
obrigatoriamente revisto, na forma administrativa ou judicial. Caso contrário,
poderá o prejudicado impetrar mandado de segurança na via judicial, podendo
o autor do abuso vir a sofrer sanções cíveis e penais, dependendo do caso
concreto. (CARVALHO FILHO, 2004).
CONCLUSÃO
Agindo com abuso de poder em seus atos, por qualquer de suas formas, o
agente submete sua conduta à revisão, judicial ou administrativa. O abuso de
poder não se compatibiliza com as regras da legalidade, de modo que,
constatado o abuso, cabe repará-lo e anular os atos.
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