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UNIVERSIDADE ANTÓNIO AGOSTINHO NETO

Faculdade de Economia

COLECTÂNEA DE TEXTOS DE APOIO SOBRE


Análise e Avaliação de Projectos de Investimento
VOL. I

Por: Dr. António Manuel Moisés Pinto


(Professor Auxiliar)
TEMA 1: O CONTEXTO DO PROJECTO NO
PROCESSO DE PLANEAMENTO

O Planeamento e a Decisão de Investimento na Perspectiva


Macroeconómica.

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Introdução:

A busca do progresso económico e social por parte dos países em vias de


desenvolvimento, envolve inevitavelmente, o problema fundamental da utilização
racional possível de recursos limitados, tais como, mão-de-obra qualificada,
capital, divisas e recursos naturais, a fim de alcançar resultados económicos
óptimos.

Cada país tem os seus próprios objectivos de desenvolvimento e por seu turno,
isto exige que os recursos sejam organizados e judiciosamente adjudicados a fim
de se atingirem tais objectivos.

O livro “Economic Analysis of Projects” de Von Der Tak, faz a seguinte citação:

“...Todos os países, mas particularmente os subdesenvolvidos, enfrentam o mesmo


problema económico básico: o da alocação dos seus limitados recursos, tais como:
mão-de-obra qualificada a todos os níveis, capital, terra e outros recursos naturais
e moeda externa para fazer face a inúmeras necessidades; algumas delas sendo
produção de bens de consumo e serviços públicos ou investimento em infra-
estruturas, indústria, agricultura, educação e outros sectores. Os diferentes usos
dos recursos não são no entanto o objectivo final do processo alocativo, mas sim,
os meios pelos quais uma economia pode mobilizar os seus recursos para a
prossecução dos objectivos mais fundamentais de qualquer sociedade, tais como,
a eliminação da pobreza, a promoção do crescimento e a minimização das
desigualdades na distribuição do rendimento nacional...”

A utilização de recursos, que são limitados, para alcançar um objectivo, implica


que se reduza a sua disponibilidade para outros objectivos. Se os recursos forem
eficientemente e racionalmente utilizados, isto permite que se aumente o número
de objectivos que se podem realizar simultaneamente.

É evidente que qualquer país procura sempre alcançar o maior n.º possível de
objectivos, mas tal não é possível, uma vez que as várias e inúmeras necessidades
competem entre si para a absorção desses recursos. O uso dos limitados recursos
numa direcção, por exemplo: investimento na indústria, reduz os recursos
disponíveis para utilização numa outra aplicação, por ex:. investimento na
agricultura. A prossecução de um objectivo (melhor distribuição do rendimento)
pode implicar um sacrifício noutros objectivos (rápido crescimento económico,
estabilização da moeda).

Assim, existem claramente opções: um país pode ter mais abundância de algumas
coisas e menos de outras; mas não abundância de tudo de uma só vez. Isto quer
dizer que os recursos não devem ser indiscriminadamente alocados e utilizados,
mas devem obedecer a um plano concreto e realista de tomada de decisões de
investimento.

Por isso, o planeamento do desenvolvimento em qualquer país, requer a fixação e


hierarquização dos objectivos e a eficiente adjudicação e utilização dos recursos
escassos. Uma vez estabelecidos e hierarquizados, os objectivos para um dado
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período, proceder-se-á ao exame das diversas propostas de investimento
individuais para determinar se contribuem e em que medida podem contribuir,
para se obterem os resultados desejados. Por outras palavras, o ponto de partida
é a definição dos grandes objectivos, das grandes linhas mestras de
desenvolvimento através de uma estratégia ou um Plano Nacional de
Desenvolvimento de Longo Prazo. Este plano ou estratégia deve
subsequentemente consubstanciar-se num Programa e Plano de Acção, cujo
prazo dependerá das expectativas traçadas pelos respectivos Governos.
Naturalmente, os programas ou planos são materializados com o suporte no
Orçamento, de base anual.

As decisões de investimento constituem uma parte fundamental do processo de


desenvolvimento. Quanto mais acertada for a maioria das decisões de investimento
tomadas, maior será o êxito do processo de desenvolvimento. Recorde-se que por
muito abundantes que os recursos sejam, os mesmo recursos não podem ser
aplicados simultaneamente e por outro lado, eles não são inesgotáveis.

1. A Necessidade de Conciliação dos Objectivos Nacionais Múltiplos

O processo de desenvolvimento é um processo com múltiplos objectivos:


económicos, políticos, sociais, de segurança nacional, ecológicos, etc. Os
objectivos de desenvolvimento nacional estão estreitamente relacionados. Este
inter-relacionamento é muito complexo; a sua natureza difere de país para país. As
suas características fundamentais são dinamismo, harmonia, conflito e
complementaridade entre objectivos diferentes.

Tal como já referido anteriormente, os objectivos nacionais são usualmente


expressos mais ou menos explicitamente num Plano de Desenvolvimento Nacional
ou em algum outro tipo de declaração feita pelo Governo.

Os projectos de investimento são um dos instrumentos essenciais para a


concretização da política de desenvolvimento adoptada, como os seus múltiplos
objectivos. O vínculo entre objectivos nacionais e critérios para a avaliação de
projectos parece óbvio e simples num primeiro relance, mas na verdade não é tão
linear assim. É normalmente aceite que os critérios para avaliação de projectos
devem ser formulados a partir de objectivos nacionais ou conjuntamente com eles,
e reflectir a sua inter-relação. Contudo, na prática, diversos factores podem
intervir para impedir que os objectivos nacionais se reflictam claramente na
avaliação de projectos.

Dificilmente, é possível estabelecer em termos quantitativos ou qualitativos e com


suficiente precisão, os vínculos entre um projecto e os objectivos nacionais
simultaneamente prosseguidos pelo Governo através de medidas diferentes. Estes
mesmos objectivos são muitas vezes expressos de um modo vago e impreciso,
criando ambiguidades e permitindo diferentes interpretações. Por vezes, as
contribuições de um projecto para diversos objectivos não podem ser medidas nos
mesmos termos, por ex.: em termos monetários, e por essa razão não são
directamente comparáveis. Nestas condições, o núcleo do problema consiste, por
conseguinte, em identificar tanto quanto possível, uma relação entre os objectivos

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de desenvolvimento e as características de um projecto de investimento, que
possam ser delineadas e se possível, medidas.

Partindo desta base, é aqui suposto que se existe uma série de objectivos de
desenvolvimento nacional, os projectos de desenvolvimento deveriam ser
avaliados tanto quanto possível pela sua contribuição para a realização de cada
um destes objectivos; cada objectivo a nível nacional reflecte-se num ou mais
critérios a nível do projecto e vice-versa. A prioridade atribuída a cada um destes
critérios a nível do projecto corresponde à importância dos respectivos objectivos
de desenvolvimento a nível nacional.

Os vínculos entre objectivos nacionais e os critérios de avaliação de projectos


podem ser de natureza parcial ou total. Os vínculos parciais aparecem
normalmente durante as etapas de identificação e formulação de um projecto. De
facto, quando um organismo governamental identifica e aprova um projecto para
posterior estudo, ele é um reflexo de certos objectivos nacionais. O exame dos
aspectos técnicos de um projecto (mat.primas, coeficientes de insulso,
equipamentos, tecnologia, nível de mecanização e automatização) é sempre feito
dentro do contexto de certas prioridades e objectivos nacionais, tais como: a
utilização de matérias primas nacionais, emprego e progresso tecnológico. A
formulação dos aspectos económicos, tais como: investimento de capital, custos
de produção, formação e distribuição de lucros, determinação de preços,
estrutura financeira, componentes em moedas locais e divisas, etc. é levada a
cabo dentro do quadro de referência de certos objectivos nacionais explícitos ou
implícitos e de acordo com instruções dadas aos planificadores de projectos,
tendo em vista estes objectivos, sobre a mobilização de recursos financeiros
nacionais e estrangeiros, a formação e distribuição de rendimentos, condições de
participação estrangeira, balança de pagamentos, localização, etc. As variantes
de localização para um projecto são normalmente examinadas dentro do quadro de
referência de objectivos tendo em vista o melhor uso dos recursos (a proximidade
de depósitos de matérias-primas, de centros de consumo, de recursos de mão-de-
obra) ou a promoção do desenvolvimento de regiões atrasadas ou politicamente
sensíveis.

A relação entre objectivos nacionais e os critérios para avaliação de projectos


aparece de uma maneira mais clara na avaliação sócio-económica global definitiva
de um projecto.

2. Os Diferentes Níveis do Planeamento

O Planeamento, pode ser descrito brevemente na seguinte estrutura hierárquica:

- O nível macro-económico, onde, são analisadas as interacções entre os


diferentes sectores que compõem a economia de um dado país;

- O nível inter-sectorial, onde são analisadas as interacções entre os


diferentes subsectores que compõem cada sector de actividade económica;

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- O nível sectorial, onde são analisadas as actividades e interacções dentro de
cada um dos subsectores.

Note-se que ao nível macro-económico, é analisada a relação causal entre os


diferentes sectores de actividade económica e a macro-economia. Esta relação é
dual. O desenvolvimento macro-económico afecta em diferentes medidas os vários
sectores e vice-versa. Na verdade, a este nível, podem-se distinguir os efeitos
directos e indirectos resultantes dos vários sectores no desenvolvimento sócio-
económico global. Os efeitos directos são os relacionados ao desenvolvimento
dentro dos vários sectores de actividade. Por ex.: para a construção e operação de
sistemas de produção de energia são necessários “inputs”, tais como capital, mão-
de-obra e matérias primas. Um aumento na procura destes inputs estimularia não
apenas a produção destes bens capitais, como também a actividade económica
global.

Os efeitos indirectos estão relacionados com as alterações macro-económicas


geradas pela aplicação de receitas da venda de “outputs” resultantes de cada
sector de actividade ou de despesas incorridas para a compra de “inputs” para a
produção.

No segundo nível do Planeamento Integrado, cada sector de actividade é analisado


como uma entidade separada e aqui analisam-se as actividades e interacções
geradas pelos vários subsectores que compõem o referido sector.

O terceiro e último nível, tal como já referido, é o nível mais desagregado e lida
com o planeamento intra-sectorial, i.e., as relações dentro de cada subsector.

Na prática, os três níveis fundem-se e dificilmente se podem criar fronteiras entre


eles. Devido ao facto de se desconhecer ou de ser dispendioso este esquema de
planificação, os decisores e gestores tendem normalmente a menosprezá-lo e
tomam decisões mais baseadas em raciocínios intuitivos, do que em profundas
análises. Outras razões que têm sido também apontadas para a baixa performance
do modelo de “planeamento integrado” são:

- Limitação de dados para suster as análises;


- Análise isolada do sector;
- Não devida consideração do factor incerteza;
- Muito fraca atenção aos mecanismos de política, tais como: política de
preços, estratégias de investimento, política monetária, etc.;
- Muito pouca atenção às variações geográficas, tanto entre países, como
dentro do próprio país.

3. O Processo de Desenvolvimento do Planeamento

O desenvolvimento de um sistema de planeamento passa por um processo de


maturação que tende a atravessar várias fases. No desenvolvimento do
planeamento podem ser distinguidas as três fases seguintes:

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- A fase inicial ou primária: em que projectos simples e isolados são definidos
mais numa base “ad-hoc”. Esta fase, pelo seu empirismo resulta obviamente em
grande desperdício e sobreposição de recursos e esforços;

- A fase intermediária: onde já começam a emergir projectos que se inserem


dentro de estratégias e programas concretos;

- A fase final do desenvolvimento do planeamento integrado: onde se verifica


uma estreita ligação entre as políticas, estratégias e planos de desenvolvimento
macro-económico e os programas/projectos sectoriais definidos ao nível micro-
económico.

É importante salientar que embora, a análise do impacto sócio-económico de


projectos e programas específicos feita dentro duma abordagem integrada, seja a
situação ideal, as análises parciais, ou também denominada de planeamento de
projectos, em determinadas situações são a única base disponível para apoiar uma
tomada de decisão.

Importa referir que a falta de dados, recursos humanos qualificados e recursos


financeiros, particularmente no contexto dos países subdesenvolvidos, são
factores que podem limitar o uso de uma abordagem macro-económica integrada.
Nestes casos, o uso dos mecanismos pertinentes ao planeamento sectorial poderá
ser a opção.

4. Planeamento Nacional e Sectorial e Projectos Individuais

É um princípio aceite que “Planos” requerem “Projectos” e “Projectos requerem


“Planos”. Não se podem formular “Bons Planos” sem uma adequada avaliação
económica dos projectos e o valor real dos projectos não se pode determinar
devidamente sem o quadro de referência de um Plano. O Plano Nacional
estabelece os objectivos e prioridades entre diferentes sectores e regiões.

A existência de uma estratégia nacional de progresso económico e social constitui


um requisito prévio para a avaliação correcta de um projecto, especialmente do
ponto de vista nacional.

Os projectos são o fulcro de um programa sectorial e os programas sectoriais, por


seu lado, constituem um plano nacional bem concebido. Por isso, a formulação e
implementação bem sucedidas de um plano de desenvolvimento nacional
dependem da correcta selecção de projectos e dos consequentes programas
sectoriais. A formulação e a avaliação de projectos, que constituem um processo
integrado contínuo é um dos componentes básicos do planeamento económico. Na
elaboração de estudos de pré-viabilidade e de viabilidade, surgem os parâmetros
dos projectos de investimento, tais como: produto, necessidades de investimento,
força-de-trabalho, insumos materiais e requisitos em moeda externa.

Os planos nacionais e sectoriais também têm os seus parâmetros: produto,


investimento, mão-de-obra, insumos materiais, balança de pagamentos, etc. Estes
parâmetros são elaborados com base em coeficientes gerais, experiência

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passada, análises comparativas, avaliação de peritos, etc. Os parâmetros do Plano
constituem uma agregação dos respectivos parâmetros de um certo número de
projectos de investimento individuais e de unidades de produção existentes. A
relação entre os parâmetros aos níveis de projecto, sector e país é normalmente
estabelecida por meio de balanços, tais como os referentes aos produtos básicos,
ao investimento e à mão-de-obra ou aos insumos-produtos.

Os balanços e em particular, os balanços simples, apenas respondem à questão


sobre quanto se há-de produzir e não como tornar o produto disponível de maneira
eficiente. A segunda questão só pode ser respondida a nível de projecto (produto),
usando técnicas de análise custo-benefícios. Neste sentido, a preparação e a
avaliação de projectos constituem uma parte indivisível do processo global de
planeamento.

Devido a esta interdependência, são essenciais uma troca constante de


informações e um ajuste cruzado de preços e metas de produção, entre os
decisores aos níveis macro e micro-económico, para que o planeamento possa ter
êxito. A troca de informações facilitará a identificação de lacunas, relativamente às
quais é necessário recolher nova informação ou têm de ser efectuados estudos.

Uma característica importante de um bom Plano sectorial é a identificação de uma


lista de potenciais projectos viáveis, quase como blocos de construção para os
quais se podem preparar relatórios de viabilidade de acordo com um programa
faseado, visando estabelecer uma carteira de projectos à qual se poderá recorrer,
sempre que as circunstâncias o permitam, sem demoras indevidas. Um Plano
Sectorial deve ser elaborado com base em projectos de investimento bem
concebidos.

Do que acima foi dito, depreende-se que:

Planos realistas dificilmente podem ser formulados na ausência de um grande


esforço de planeamento de projectos e sem uma correcta avaliação económica
dos mesmos. Isto porque é através dos projectos de investimento que é possível
definir:

a) Em primeiro lugar, a identificação da quantidade, qualidade e cronologia dos


insumos e produções físicas;

b) Em segundo lugar, a atribuição de preços apropriados aos consumos e


produções para se puderem calcular os respectivos valores dos custos e
benefícios;

c) Em terceiro lugar, a medição dos custos e benefícios do projecto, realizada


de um modo que facilite a sua comparação com projectos alternativos.

Através dos processos de preparação, avaliação e implementação dos projectos,


surgem muitos aspectos diferentes, ainda que relacionados entre si. São
geralmente de natureza técnica, económica, financeira e legal, mas a sua relação é
tão fortemente pronunciada que eles devem ser todos tomados em consideração
em cada uma das etapas da decisão de investimento.

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Por outro lado, a preparação, avaliação e implementação de um projecto devem
ser executadas por uma equipa de especialistas, tais como: engenheiros,
economistas, analistas financeiros e juristas. A participação de juristas deverá
poupar tempo e recursos na medida em que se assegura, desde as fases iniciais,
que tudo o que se pensa fazer se ajusta às leis do país, e os peritos no seu
conjunto, devem tornar os futuros parâmetros de natureza técnica, financeira e
económica mais firmes, mediante apropriados.

A totalidade do processo que conduz à implementação de um projecto, na


realidade raramente é tão claro e gradual como descrito acima. Na prática, a
avaliação pode revelar que certos aspectos de um projecto têm de voltar a ser
analisados e formulados. Do mesmo modo, a implementação de um projecto pode
tropeçar com dificuldades imprevistas que requeiram que se volte a conceber
certos elementos do projecto e avaliar o impacto desta nova concepção sobre o
mérito global do projecto.

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TEMA 1: O CONTEXTO DO PROJECTO NO
PROCESSO DE PLANEAMENTO

O Planeamento e a Decisão de Investimento na Perspectiva Micro-


Económica (Empresarial)

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Introdução:

Um dos modos possíveis de se visualizar uma empresa é como se ela fosse um


processo que transforma entradas (mat.primas, energia, mão-de-obra) em saídas
(produtos e/ou serviços).

Esquematicamente, podemos representa-lá da seguinte forma:

PROCESSO

GERENCIAL

Necessidade de acção { Instrução para a acção

Entradas PROCESSO DE Saídas


TRANSFORMAÇÃO

Figura 1 – Visualização de uma empresa: o critério de entradas e saídas.

O processo de transformação é dirigido através de um processo gerencial, ou


seja, de um processo decisório. Este processo decisório diz respeito a três tipos
de decisões:

a) Decisões estratégicas: são aquelas que estão voltadas ao relacionamento


entre a empresa e o meio ambiente;

b) Decisões tácticas ou administrativas: são aquelas que estão relacionadas


com a forma e com a estrutura da empresa, ou seja, com a organização
propriamente dita;

c) Decisões operacionais: são aquelas que estabelecem os níveis operacionais


da empresa, ou seja, são as decisões associadas ao processo de
transformação.

A integração destes três tipos de decisões pode ser feita através de uma postura
estratégica por parte da empresa, isto é, partindo-se do ponto de vista de que as
decisões estratégicas são fundamentais para explicar o desempenho da empresa
a longo prazo. As decisões estratégicas, ao contrário das decisões tácticas, não
são facilmente reversíveis, porquanto uma empresa que possua o melhor controle
operacional e/ou a melhor organização pode não ser rentável, se não estiver a
actuar com os componentes certos de produtos e mercados. A conclusão é que os
administradores deveriam dedicar grande atenção ao problema das decisões
estratégicas, uma vez que as mesmas são vitais para garantir um posicionamento
adequado para a empresa em termos económicos. Este não é, normalmente, o
caso: os administradores tendem a dedicar uma grande parte do seu tempo às
questões operacionais, em detrimento das decisões administrativas e das
decisões estratégicas.

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Uma razão para que assim seja é o facto de que os três tipos de decisões
competem entre si pelo tempo limitado dos administradores, o que faz com que as
decisões operacionais (que são de importância mais imediata para o desempenho
da empresa, mais frequentes e de maior volume) recebam prioridade.

Uma consequência importante deste comportamento no processo decisório é que


as empresas tendem a apresentar respostas desfasadas às mudanças que
ocorrem no meio ambiente.

A conclusão importante a ser retirada é: a empresa deve evitar perceber as


mudanças no meio ambiente de modo indirecto, ou seja, os administradores
devem adoptar uma postura estratégica, que se consubstancie numa análise
contínua do meio ambiente, e esta atenção será particularmente importante na
hora de investir.

O Planeamento Empresarial

Conceito de planeamento:

O processo decisório na empresa é um processo que se dá sob condições de


informação parcial. Nestas condições, a fim de garantir que as decisões tomadas
conduzam a empresa na direcção desejada, é necessário um processo de colecta
e selecção de informações para realimentar o processo decisório. Tal processo
faz parte integrante do planeamento empresarial.

Pode-se entender “Planeamento” como sendo um processo de tomada de


decisões interdependentes, decisões estas que procuram conduzir a empresa
para uma situação futura desejada. Neste processo é necessário que haja
coerência entre as decisões actuais e aquelas tomadas no passado e que haja
realimentação entre as decisões e os resultados.

As filosofias de planeamento:

A actividade de planear pode ser executada segundo três directrizes distintas:


satisfação, optimização e adaptação.

a) Satisfação: Neste caso, procura-se atingir um certo nível de satisfação que seja
viável. O processo de planeamento começa pelo estabelecimento de objectivos
factíveis. A preocupação básica do gestor que segue esta filosofia, está centrada
no aspecto financeiro, sendo dada grande ênfase ao orçamento e às suas
projecções. Os planos tenderão a ser conservadores e raramente se afastarão
das práticas usuais da empresa.

b) Optimização: O gestor que segue esta filosofia de planeamento formula os


objectivos da empresa em termos quantitativos. Os diversos objectivos são
reduzidos a uma medida comum (em geral monetária) e combinados em uma
medida geral e ampla de desempenho. A seguir, procura-se formular um ou mais
modelos matemáticos que, ao serem optimizados, indicarão como a empresa
deverá ser gerida.
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c) Adaptação: A adaptação consiste na procura de equilíbrio por parte da firma
após uma mudança. Tal equilíbrio (interno ou externo) pode resultar da
necessidade de compensar um desequilíbrio que estava a reduzir a eficiência do
sistema de funcionamento da empresa. Assim, a empresa ao procurar a
adaptação estará a reagir a um estímulo. Esta reacção poderá ser passiva ou
antecipatória.

Os objectivos do planeamento:

O processo de planeamento começa pela fixação dos objectivos que a empresa


pretende atingir. Um objectivo pode ser definido como um evento de desempenho
que a empresa espera alcançar, ou seja, um objectivo é um evento ao qual se
atribui valor. Eles podem ser de dois tipos:

a) Retentivos: quando associados à manutenção de algo que a empresa já possui,


como por ex.: procurar manter a participação de mercado para um dado produto.

b) Aquisitivos: quando a empresa os formula para obter algo que ainda não possui
(por ex.: o objectivo de introduzir um novo produto no mercado).

No que diz respeito à valorização, os objectivos poderão ser valorizados de modo


instrumental ou estilístico.

Um objectivo tem valor instrumental quando permite obter ou reter algo de valor,
como por exemplo, o objectivo de aumentar a produção para que a empresa
mantenha a actual participação no mercado.

Um objectivo tem valor estilístico quando esse objectivo é valorizado por si


mesmo. É o que ocorre quando uma empresa deixa de diversificar, porque os seus
gestores não querem sair do seu negócio actual.

A Decisão De Investir

Sinergia:

A sinergia aparece quando, na interacção de dois ou mais elementos em um


sistema, se obtém um resultado mais que proporcional à soma dos elementos
considerados. Neste caso, diz-se que houve uma sinergia positiva. Ex.:
Consideremos um posto de gasolina situado numa rodovia, no qual sejam
instalados, além do próprio sistema de abastecimento, serviços complementares,
tais como recauchutagem, restaurante, mini-mercado, etc. Nestas condições, a
paragem de um veículo para abastecer combustível pode gerar procura para os
demais serviços e vice-versa. Então, a procura de serviços para o posto de
abastecimento como um todo será maior do que seria obtida se só houvesse o
serviço de abastecimento. Tem-se então uma sinergia positiva gerada pela
interacção entre os vários tipos de serviços oferecidos.

A sinergia pode ser também negativa, quando a soma obtida for menor do que a
soma dos elementos considerados. Este poderá ser o caso de uma empresa que
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actuando num sector tradicional como certas empresas do sector alimentício,
resolve diversificar, investindo em um sector não tradicional, o electrónico, por
exemplo, sem ter adquirido a necessária competência.

A análise da sinergia é importante na decisão de investir porque ajuda a fornecer


uma estrutura de referência qualitativa.

Expansão versus diversificação:

A especificação de objectivos é importante para o processo de planeamento e a


consequente determinação dos níveis de desempenho que se pretende atingir.
Mas, para se ter uma ideia sobre o negócio da empresa (seu campo de actuação) e
qual o seu encadeamento (a relação actual e futura entre produtos e mercados)
torna-se necessário especificar, além da sinergia, o seu vector de crescimento e a
sua vantagem competitiva.

O ponto de partida para a definição do vector de crescimento é a noção de que as


empresas actuam em conjuntos de binómios de produtos e mercados. Os
produtos desempenham missões, isto é, cada produto satisfaz uma ou mais
necessidades do consumidor (que é o agente activo que o adquire) e são vendidos
em mercados.

O vector de crescimento pode ser definido como se indica no quadro a seguir:

QUADRO1: ELEMENTOS PARA DEFINIÇÃO DO VECTOR DE CRESCIMENTO

MISSÃO
PRESENTE NOVO
PRODUTO
Penetração no Desenvolvimento do
PRESENTE Mercado produto
Desenvolvimento do
NOVA Mercado Diversificação

Fonte: ANSOFF, H.I Corporate Strategy; an analytic approach to business policy


for growth and expansion. Middlesex Penguin, 1968. 205 p.

A penetração no mercado corresponde à expansão que visa ampliar a


percentagem de participação para o binómio produto-mercado actual.

O desenvolvimento do mercado é a expansão que decorre da descoberta de novas


missões (novos usos, novas necessidades) para o produto que a empresa possui.

O desenvolvimento do produto é a expansão, cujo objectivo é introduzir novos


produtos com a finalidade de substituir os existentes porque ficaram obsoletos,
por ex., mas que executam a mesma missão.

A diversificação corresponde à situação em que os produtos e as missões são


novos para a empresa.
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O outro factor relacionado com o negócio da empresa e o seu encadeamento é a
vantagem competitiva que a mesma possui. A vantagem competitiva diz respeito
às características da empresa que lhe dão condições especiais de competição em
termos de custo ou de outros factores quaisquer, em determinados binómios de
produtos e mercados.

Assim, o negócio da empresa e o seu encadeamento podem ser especificados do


seguinte modo: através do binómio produto-mercado, do vector de crescimento,
da vantagem competitiva e da sinergia.

O binómio produto-mercado restringe a empresa às indústrias e aos mercados


específicos em que ela actua.

Os componentes do vector de crescimento permitem identificar se a empresa está


a mover-se dentro da indústria (expansão) ou através da fronteira da indústria
(diversificação).

A vantagem competitiva permite determinar os produtos e mercados nos quais a


firma se encontra especialmente preparada para actuar.

Finalmente, a sinergia positiva permite que seja especificado o potencial da


empresa fazer uma boa entrada em determinado produto e/ou mercado.

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TEMA 1: O CONTEXTO DO PROJECTO NO
PROCESSO DE PLANEAMENTO

O Projecto no Processo de Planeamento

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Introdução:

Importa começar por referir que vários são os conceitos que podem ser
encontrados e dados para definir um projecto já que ele pode assumir significados
diferentes e nem sempre se empregar com o mesmo sentido. Vejamos assim
algumas das várias definições:

◘ «Ideia ou intuito de executar algo.»


◘ «Representação em perspectiva.»
◘ «Conjunto de documentos, cálculos e desenhos que se fazem para calcular co-
mo há-de ser e quanto custará uma obra de arquitectura ou de engenharia»
◘ «Planta ou disposição necessárias para um estudo ou para a execução de uma
obra importante.

As acepções do termo projecto acima referidas são-nos dadas pelo dicionário da


“Real Academia Espanhola de la Lengua”. Pode-se facilmente concluir que
nenhum dos conceitos acima referidos reflecte o verdadeiro significado que
queremos para o âmbito da economia e gestão.

“Samsão Woiler e Washington Franco Mathias”, no seu livro “PROJECTOS”


definem projecto do seguinte modo: «Entendemos por projecto, o conjunto de
informações internas e/ou externas à empresa, colectadas e processadas com o
objectivo de analisar-se e, eventualmente, implantar-se uma decisão de
investimento.» Nestas condições, o projecto não se confunde com as informações,
pois ele é entendido como sendo um modelo que, incorporando informações
qualitativas e quantitativas, procura simular a decisão de investir e as suas
implicações. Esta definição encaixa-se naturalmente muito melhor para o
significado de projecto no contexto da disciplina de Análise e Avaliação de
Projectos de Investimento. Mas também não é a única.

Poderemos encontrar ainda uma outra que, é neste caso, a que iremos adoptar,
não significando isto que seja necessariamente a melhor definição.

Definição e Essência:

Entende-se por “Projecto”, o processo específico conduzido por uma entidade,


pública ou privada, para atingir objectivos, por cuja fixação é responsável. Esse
processo envolve um conjunto sistematizado de informações necessárias para
que uma decisão de investimento possa basear-se em fundamentos tecnicamente
válidos.

Em essência, um projecto deve ser concebido de forma a estar clara e


objectivamente justificado dentro de uma determinada realidade, tendo em conta
essencialmente:

* Os objectivos a atingir;
* As razões que estão na base da sua escolha;
* O método a aplicar na combinação dos recursos disponíveis;
* A planificação das despesas e receitas;
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* O seu enquadramento jurídico-laboral e
* Os resultados previstos.

Esses elementos são traduzidos (durante a fase de preparação dos projectos) em


estudos integrados, tais como:

◙ Estudos de mercado;
◙ Estudos de localização;
◙ Estudos de enquadramento jurídico-legal/social;
◙ Estudos de engenharia;
◙ Estudos de viabilidade económica e financeira.

Classificação e tipologia dos projectos:

Os projectos sob o ponto de vista económico, distinguem-se em:

* Projectos directamente produtivos: são todos aqueles que incidem na


criação, renovação ou expansão de actividades de produção de bens ou serviços
susceptíveis de venda directa no mercado, como por ex.: produções agrícolas e
industriais, comércio, actividade transportadora, hotelaria, produção de energia e
água, etc.

* Projectos não directamente produtivos: são os que visam a criação,


renovação, expansão de actividades de suporte às actividades produtivas, como
por ex.: formação profissional, educação, investigação científica, infra-estruturas
de transporte ou que se destinem a assegurar a vida colectiva, como por ex.:
polícia, defesa, administração, ou ainda os que se destinam a melhorar a vida
intelectual e colectiva, como por ex.: saúde pública, habitação social, defesa do
ambiente, actividades recreativas, culturais e religiosas, segurança social, etc.

Com esta distinção feita, podemos dizer que a classificação dos projectos por tipo
dependerá do objectivo. Se a classificação for feita em função do sector
económico, onde se processa o investimento, tem-se:

Agrícola
Projecto Industrial
De serviços

Esta é uma classificação macro-económica, associada aos três grandes sectores


de actividade económica.

Caso se deseje distinguir o projecto do ponto de vista micro-económico, então a


classificação poderá ser:

De implantação
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De expansão ou de ampliação
Projecto De modernização
De relocalização
De diversificação

Pode-se também classificar o projecto em função do uso que o mesmo terá para a
instituição promotora, ao longo do processo decisório e até à implementação do
mesmo. Neste caso, a classificação é a seguinte:

De viabilidade
Projecto Final
De financiamento

O projecto de viabilidade é um projecto de estudo e análise, ou seja, é um projecto


que procura verificar a viabilidade a nível interno da própria empresa. Quando
surge a ideia ou a oportunidade de investir, começa o processo de recolha e
processamento de informações que, devidamente analisadas, permitirão testar a
sua viabilidade. Conclui-se então que a empresa deve elaborar vários projectos de
viabilidade desde a ideia inicial até à decisão de investir. Infelizmente, o que se
observa na prática, é que este tipo de projecto às vezes não é efectuado pelas
empresas, uma vez que admitem a viabilidade por antecipação. Em geral, a
verificação da viabilidade acaba por ser relegada para segundo plano (ou então
nem é sequer feita) dentro do processo decisório, porque é incómoda, porque é
demorada, porque se atingiu o ponto de irreversibilidade na decisão, etc. Este
modo de proceder resulta da ausência de um processo de planeamento formal nas
empresas, onde o projecto de viabilidade seria o último nível.

O projecto final constitui-se no conjunto de informações em que a grande maioria


dos parâmetros críticos para a fase de implementação já se encontra definida, tais
como o processo tecnológico, os equipamentos básicos, a estrutura
organizacional, o cronograma, etc. Neste sentido, o projecto é algo mais que um
orçamento: é um documento auxiliar ao próprio processo de acompanhamento do
projecto. Mais uma vez importa referir que este tipo de projecto raramente é feito
nas empresas. Às vezes, inclusive, o projecto continua a ser alterado
profundamente durante a própria fase de implantação, não sendo portanto de
estranhar, a virtual impossibilidade de se comparar o projecto de viabilidade com
o que foi implantado.

O projecto de financiamento é um projecto feito para atender às exigências e


requisitos dos órgãos financiadores (como os bancos) e/ou os órgãos que
concedem incentivos (a nível nacional, regional, provincial, municipal). Este tipo
de projecto, geralmente, resulta do preenchimento de formulários padronizados
que são distribuídos pelos órgãos que darão os financiamentos e/ou incentivos. É
frequente a confusão deste tipo de projecto com o projecto de viabilidade e com o
projecto final. O que se constata muitas vezes, é que, o projecto de financiamento
é feito de modo muito optimista, com o objectivo de sensibilizar os órgãos que
darão os incentivos e/ou os financiamentos.

19
Caso se queira classificar os projectos de acordo com a origem de fundos,
teremos:

Projectos públicos: quando os fundos advém da administração central, regional e


local e das empresas públicas;

Projectos privados, nacionais ou estrangeiros;

Projectos de organismos de direito público, designadamente das organizações


não governamentais;

Projectos de ajuda bilateral e multilateral: referem-se ao nível governamental,


decorrentes de acordos bilaterais e de instituições internacionais.

Os projectos podem também ser classificados segundo a sua dimensão. Neste


caso, teremos:

Grandes projectos: quando exercem influência sobre o nível geral de preços;

Pequenos projectos: os que não têm qualquer impacto sobre o nível geral de
preços.

20
INVESTIMENTO: DEFINIÇÃO, ESSÊNCIA, OBJECTO E IMPORTÂNCIA,
CLASSIFICAÇÃO E TIPOLOGIA

Definição e essência:

Tal como referido no caso do projecto, não existe uma definição universalmente
aceite de investimento e as definições vão sendo cada vez mais polémicas, dado
que elas devem ser cada vez mais abrangentes para se tornarem mais
compreensíveis. Assim, a definição que é dada a seguir é uma das possíveis.

Qualquer que seja o agente económico (Estado, empresa ou família) depara-se


com a necessidade de tomar decisões que têm a ver com a transformação de
disponibilidades (escassas) em bens produtivos, com a esperança de obter lucros
mais tarde.

De forma genérica, o acto de investir significa a afectação de recursos escassos,


tais como capital, mão-de-obra qualificada, equipamentos, etc. para a
prossecução de uma actividade económica, visando a obtenção de benefícios no
futuro, que em princípio deverão compensar o dispêndio feito hoje, ou seja,
expressar um certo grau de rentabilidade. Assim, podemos dizer que as
características principais do investimento são: a afectação de fundos, os
objectivos, os benefícios e as perspectivas de mais ou menos longo prazo.

Entretanto, importa referir que nem todos os projectos têm necessariamente um


fim lucrativo. Tratando-se por exemplo, de um objectivo social, a construção de
uma escola ou o saneamento básico de uma cidade, a esperança de se obter lucro
é praticamente nula.

Porém, na óptica empresarial, num sistema de economia de mercado, os


investimentos têm sempre como objectivo final, o aumento da satisfação dos
interesses dos proprietários das empresas. Para ilustrar, serve dizer por exemplo,
que a substituição de uma máquina por outra mais moderna, reduzirá os custos de
produção, contribuirá para o aumento do lucro do proprietário ao longo do tempo
(ceterius paribus).

O termo “Investimento” é muitas vezes confundido com a noção contabilística de


investimento, ou seja, confunde-se com a imobilização (activo imobilizado). No
entanto, a concepção do investimento é mais ampla do que essa noção
contabilística. Ela abrange os aspectos económicos e financeiros do investimento.

O investimento é todo o sacrifício feito hoje, na esperança de com ele obter, no


futuro, um rendimento superior ao dispêndio, escalonado no tempo. Ele envolve
portanto, a aplicação de recursos por um período mais ou menos longo, como:

* Imobilizações (terrenos, infra-estruturas, edifícios, instalações,


equipamentos, etc.);
* Estudos, projectos, investigação, organização;
* Direitos, patentes, licenças, marcas, trespasses,
* Formação e treino de pessoal;
* Títulos de participação
21
Essa aplicação de meios por algum tempo exige naturalmente financiamentos
correspondentes, ou seja, capitais permanentes e fundos de maneio.

Objecto e importância dos investimentos na empresa:


O património actual de uma empresa é o resultado de investimentos efectuados
nos períodos precedentes, donde, a imagem da sua política geral ou da sua falta
de política.

“...Os investimentos revestem, assim, uma importância fundamental no futuro da


empresa, podendo a sua acção criar condições favoráveis à sua expansão ou pelo
contrário acelerar o seu declínio. Esta importância é tanto mais relevante quanto a
evolução cada vez mais rápida do progresso técnico que coloca a empresa
perante duas exigências contraditórias: investir para aproveitar as oportunidades
que a conjuntura (meio envolvente) lhe proporciona, o que implica aumentar a sua
liquidez; adaptar-se ao ritmo do referido progresso técnico, o que implica a
conservação de uma grande mobilidade dos seus capitais. A conciliação destas
duas exigências só pode ser conseguida se a empresa renunciar às decisões
improvisadas que se traduzem, conforme as circunstâncias e os perfis da gestão,
em excessos de prudência ou de audácia...” (Em Manual de Projectos de
Desenvolvimento Económico, Melnick Julio, Entrelivros Cultural, 1978).

Portanto, a escolha de um investimento põe em jogo, recursos que poderão dar


outro rumo à actividade habitual dum agente económico determinado. Das
decisões de investimento tomadas hoje dependerão o desenvolvimento e
sucessos de amanhã.

Classificação e tipologia dos investimentos:


Os investimentos podem ser classificados sob vários ângulos. Assim, podemos
distinguir, pela sua:

Investimentos financeiros
Natureza Investimentos corpóreos
Investimentos incorpóreos

◙ Investimentos financeiros: ultimamente, com uma aplicação cada vez mais


crescente, adoptam a forma de participações noutras empresas(aquisição de
títulos de participação), de empréstimos a longo prazo, empréstimos a curto prazo
renováveis e participações do tipo “leasing”

◙ Investimentos corpóreos: tomam a forma de activos físicos, subdivididos em


activo imobilizado (terrenos, edifícios, equipamentos) e em activo circulante
(investimentos em stock);

22
◙ Investimentos incorpóreos: assumem a forma de licenças, estudos,
aquisição de tecnologia, marcas, patentes, royalties, etc.

Os investimentos podem também ser classificados segundo o seu:

Investimentos de substituição ou de renovação;


Investimentos de capacidade ou de expansão;
Objectivo Investimentos de diversificação ou de inovação;
Investimentos obrigatórios;
Investimentos estratégicos.

◙ Investimentos de substituição ou de renovação: Estes investimentos


consistem na renovação do equipamento existente, envelhecido por causas
internas ou externas (uso, avarias, obsolescência). Os investimentos de
substituição, normalmente os mais frequentes, não aumentam a capacidade da
empresa e apresentam um grau pequeno de incerteza. Existem três sub-tipos
diferentes de investimentos de substituição:

a) Aquele em que a usura física é a causa principal da depreciação do bem,


o que torna possível seguir a evolução do custo horário ou anual em
função da idade do equipamento;
b) Aqueles que, devido às condições de trabalho a que são submetidos, se
encontram sujeitos a avarias susceptíveis de ocorrerem a qualquer
momento, avarias essas que podem provocar a sua inutilização total e
definitiva ou, pelo menos, a indisponibilidade de utilização do
equipamento durante um período mais ou menos longo;
c) Aqueles em que a depreciação é sobretudo provocada pelo progresso
técnico, sendo praticamente desprezáveis os efeitos de uma usura física.

◙ Investimentos de capacidade ou de expansão: Estes investimentos


aumentam a capacidade da empresa e tornam portanto necessário, o estudo de
rendibilidade, provocado pelo referido aumento. Este facto implica a necessidade
de comparar o montante das receitas que, conforme se prevê, o acréscimo da
capacidade irá provocar, com o volume das despesas necessárias para a
realização desse aumento. As soluções susceptíveis de serem consideradas para
a realização do aumento de actividade são geralmente muito variadas:

a) o aumento da fábrica ou unidade produtiva existente;


b) a criação de uma fábrica ou unidade produtiva nova;
c) o recurso a subcontratação;
d) o aumento do período de trabalho (aumento de horas/do número de
turnos de trabalho).

Como consequência, para estudar este tipo de investimento convém analisar um


grande número de hipóteses, de forma a ter em consideração as possibilidades
mais rendíveis.

◙ Investimentos de inovação: Estes investimentos, cujas formas mais


correntes têm como objectivo a produção e lançamento de novos produtos,
diferem dos de expansão, porquanto estes se destinam a aumentar o volume de

23
actividade da empresa sem modificar a natureza dos produtos que fabrica, ao
passo que aqueles têm por objectivo, o aumento ou modificação da sua linha de
fabrico. Por outras palavras, pode-se dizer que estes investimentos tratam do
alargamento da gama de produtos, que podem também originar o
desenvolvimento de novos mercados. Este tipo de investimentos tem também por
objecto, o aperfeiçoamento dos produtos existentes. Este aperfeiçoamento ou
melhoria pode revestir-se de diversos aspectos, entre os quais se salientam os
seguintes:

a) Simplificação do produto, permitindo a redução do seu custo;


b) Emprego de melhores materiais, de forma a tornar possível o aumento
do período da sua utilização;
c) Aperfeiçoamento que permitam melhorar o serviço prestado pelo
produto. Ex.: melhoria da embalagem ou do “design” do produto.

◙ Investimentos obrigatórios: são todos aqueles que são impostos por lei ou
por instrumentos contratuais de regulamentação a um nível determinado de
actividade (sector, empresa)

◙ Investimentos estratégicos: Estes investimentos não visam aumentar


imediatamente a rendibilidade, mas pelo contrário, criar condições mais
favoráveis de êxito dos diversos projectos de investimento. O objectivo destes
investimentos consiste no asseguramento das condições indispensáveis ao
desenvolvimento e podem ser de carácter social, técnico ou económico.

A classificação dos investimentos segundo o critério “objectivo” está também


associada ao factor risco. Essa combinação permite enquadrar os investimentos
em duas grandes categorias: os investimentos que comportam poucos riscos e os
investimentos que comportam grandes riscos.

As decisões de investimento são determinadas por uma série de factores que de


uma maneira geral variam com os tipos de investimento considerados. Segundo o
economista americano Joel Dean, os projectos de investimento podem ser
classificados segundo o maior ou menor grau de risco/incerteza das respectivas
decisões, da seguinte forma:

* Investimentos de substituição: riscos menores;


* Investimentos de expansão: riscos menores/maiores conforme o caso;
* Investimentos de inovação: riscos maiores;
* Investimentos estratégicos: ofensivos/defensivos

Finalmente, os investimentos podem ainda ser classificados segundo o tipo de


cash-flow:

Investimentos convencionais;
Tipo de cash-flow
Investimentos não-convencionais.

24
◙ Investimentos convencionais: quando existe uma certa constância
qualitativa de fluxos de fundos:

Possibilidade de aplicação da TIR


Tipo normal D0 D1 R2.................Rn
0 1 2 ..................n

Tipo pedido de R0 D1 D2...............Dn


empréstimo 0 1 2.................n

Em que os Dn’s representam os fluxos de fundos provenientes de despesas e os


Rn’s representam os fluxos de fundos relativos a receitas geradas pelo
investimento.

◙ Investimentos não-convencionais: quando existe uma alternância qualitativa


de fluxos de fundos:

Impossibilidade de aplicação da TIR


D0 R1 D2 D3 R4...........Dn
0 1 2 3 4..............n

Onde os Dn’s representam os fluxos de fundos provenientes de despesas e os Rn’s


representam os fluxos de fundos relativos a receitas geradas pelo investimento.

O PAPEL DO PROJECTO NA DECISÃO DE INVESTIR

Projecto de investimento, sua inserção e importância na estratégia


empresarial e macro-económica

Cada vez mais as empresas têm necessidade de se apoiar num planeamento


estratégico para enfrentar as alterações do meio em que se inserem; entendendo-
se por planeamento estratégico, o processo de decidir a finalidade fundamental da
empresa, os objectivos a atingir, as estratégias e políticas mais importantes, as
quais regulam a utilização dos recursos à disposição da empresa para alcançar os
seus objectivos.

Como se verifica pela própria definição de planeamento estratégico, função


essencial á empresa dos nossos dias, há-que regular a utilização dos recursos.

O rendimento de uma entidade (empresa ou indivíduo) entendido como recurso,


pode ser utilizado quer na aquisição de bens de consumo (satisfação de
necessidades imediatas) quer em investimento. Quando essa entidade prefere
investir, está a preterir a satisfação de uma necessidade imediata a favor do
objectivo de vir a aumentar, no futuro, a sua capacidade de aquisição de bens de
consumo.

Num país subdesenvolvido ou em vias de desenvolvimento, deverá haver maior


preocupação em se elaborarem projectos com todo o sentido de
25
responsabilidade, na medida em que os recursos de que se dispõem, são bastante
escassos em relação às múltiplas necessidades. Por outro lado, nestes países é
frequente existirem recursos não aproveitados por falta de projectos
convenientemente elaborados. A opção de investir, deve estar sempre associada
a um projecto.
Existe uma relação de causa e efeito muito importante entre o ritmo dos
investimentos e o nível de crescimento económico de um país. Embora, esta
relação não seja absoluta, arriscamo-nos a afirmar que o crescimento económico
de um país determinado é função dos investimentos desse mesmo país.

O Produto Nacional Bruto (PNB) é um indicador macro-económico que expressa o


valor total de bens e serviços produzidos anualmente num país. Ele é o indicador,
portanto, que nos dá a ideia do nível de crescimento económico de um país. Os
investimentos constituem a base material desse crescimento. Só há crescimento
por ex.: se houver descobertas de novas técnicas, cuja utilização permita reduzir
custos, ou lançamento de novos produtos ou ainda mediante a expansão de
unidades de produção eficientes.

O “Projecto” é parte integrante do processo decisório, desde a ideia de


investimento até a sua consecução. Porquê? Porque o projecto actua como um
realimentador deste processo nas suas diversas fases. Segundo esta óptica, o
PROJECTO enquadra-se num processo de planeamento, como se pode ver na
figura a seguir ilustrada:

OBJECTIVOS

PLANEAMENTO PROJECTO DE

ESTRATÉGICO VIABILIDADE

PLANEAMENTO

TÁCTICO

PROJECTO IMPLANTAÇÃO

FINAL

PRODUÇÃO

Figura 2:O projecto como parte integrante do processo do planeamento

Os objectivos serão fixados pelo conflito entre os diversos grupos que detêm
alguma parcela de poder na empresa. Os objectivos que resultarem deste
processo nortearão o planeamento estratégico da empresa. Neste ponto, e antes
que as decisões estratégicas sejam operacionalizadas, tem-se o processo de
26
elaboração e análise de projectos, como um simulador e realimentador das
decisões estratégicas, particularmente das decisões de investimento.

Antes que do planeamento estratégico resultem as decisões de investimento e


antes que estas sejam implementadas, é necessário testar a sua viabilidade e
verificar se são compatíveis com os objectivos. Esta verificação de viabilidade é
feita usando um projecto.

À medida que o tempo passa, o processo de planeamento estratégico sofre uma


transição para planeamento táctico. Assim, quando a empresa constata a
viabilidade de determinada decisão de investimento e se decide pela sua
implantação, tem-se que o planeamento passa de estratégico para táctico e o
projecto de viabilidade cede o seu lugar para o projecto final. Neste ponto, o
projecto já deve estar definido nos seus grandes aspectos, começando o trabalho
de detalhe de engenharia e implantação.

Tendo sido implantado, o projecto entra na fase de testes de operação e


finalmente na fase de produção.

A ESSÊNCIA DO PROCESSO DE ELABORAÇÃO E ANÁLISE DE


PROJECTOS (Extraído de PROJECTOS – Planeamento, Elaboração, Análise de Samsão Woiler
e Washington Franco Mathias)

O processo de elaboração e análise de projectos deve ser realizado, tendo em


conta alguns factores básicos:

Como ponto de partida, deve-se considerar o facto de que uma análise de


viabilidade é feita com base em projecções. Além disso, é frequente que cada fase
de verificação da viabilidade corresponda a um processo de decisão aplicada a
um problema complexo, com limites não muito bem definidos e com informação
parcial. Estes dois factores (incerteza quanto às projecções, própria de qualquer
processo de inferência, e informação parcial) fazem com que a colecta e o
processamento custem tempo e recursos. É uma questão de lógica a empresa
dispender recursos e tempo na análise de viabilidade de modo proporcional ao
risco que o projecto apresenta. Isto pode ser visualizado na figura seguinte:

GASTO EM ELABORAÇÃO E
ANÁLISE DE VIÁBILIDADE. 27
CUSTO VARIÁVEL DE RECOLHA E
PROCESSAMENTO DE
INFORMAÇÕES, ASSESSORIA
EXTERNA, ETC.

CUSTO FIXO DE ASSESSORIA

RISCO

Figura 3: Os gastos em elaboração e análise em função do risco

O que se pretende demonstrar consiste no seguinte: Se uma determinada opção


de investimento apresentar um grau de risco elevado, capaz de pôr em jogo a
rentabilidade, a estabilidade ou mesmo a sobrevivência da empresa, então
quantias maiores de recursos devem ser gastas para a análise de viabilidade.

Por outro lado, a experiência diz que os processos de busca, recolha e


processamento de informações saturam longe da certeza absoluta. Isto decorre
em parte da incerteza inerente a qualquer processo de inferência e, em parte, dos
limites impostos pelo próprio meio consubstanciado pela carência de informações
secundárias e pelas dificuldades em se levantarem informações primárias. Isto faz
com que o custo de colecta e processamento de informações cresça de modo
exponencial com a confiabilidade já alcançada, como é indicado na figura a seguir:

GASTO EM
ELABORAÇÃO E
ANÁLISE DE
VIABILIDADE

100% CONFIABILIDADE

Figura 4: Os gastos em elaboração e análise em função da confiabilidade

28
Ou seja, a empresa deve gastar em consonância com o grau de confiabilidade já
atingido na análise de viabilidade.

Pode-se então dizer que existe um custo associado à inexactidão. Este custo
corresponde à maior perda que a empresa poderá sofrer para cada nível de
imprecisão (ou seja, de erro) admitido na análise de viabilidade. Dado então certo
nível de risco de um projecto, o custo da inexactidão será crescente com a
imprecisão com que foi feita a análise de viabilidade. Por seu lado, os custos de
elaboração e análise de viabilidade do projecto serão decrescentes com a
imprecisão, facto que é ilustrado na figura a seguir:

CUSTO TOTAL

CUSTO DE GASTO EM ELABORAÇÃO


INEXACTIDÃO
E ANÁLISE DE VIABILIDADE.

IMPRECISÃO
REGIÃO DE ÓPTIMO

Figura 5: A região de custo mínimo

O custo total será a soma das duas curvas, de modo que se pode obter, em termos
muito teóricos, uma região óptima, que corresponde a um custo total mínimo.

Outro facto importante a notar é o de que o processo de verificação da viabilidade


se processa em etapas sucessivas de envolvimento por parte da empresa, como
se pode ver na figura a seguir:

GASTO PROJECTO
ACUMULADO EM
ELABORAÇÃO E
ANÁLISE

IDEIA INICIAL

CUSTO FIXO DE
ASSESSORIA (CUSTO DO
DIAGNOSTICO)
TEMPO
PRÉ-VIABILIDADE VIABILIDADE

Figura 6: Os gastos acumulados em elaboração e análise do projeto em função do


tempo

29
A ideia inicial pode ter surgido de uma oportunidade que a empresa detectou no
meio ambiente, através, por exemplo de um diagnóstico externo feito pelo seu
órgão de assessoria, ou então pode ter surgido de uma oportunidade interna,
como um novo produto ou o aproveitamento de um resíduo.

Esta ideia inicial é traduzida numa análise de viabilidade superficial para verificar
se vale a pena fazer a análise de pré-viabilidade. Caso a resposta seja positiva,
entra-se na fase de análise de pré-viabilidade e, a seguir, na fase da análise de
viabilidade.

Quantias crescentes serão gastas nas pesquisas de mercado, análise de


viabilidade técnica, determinação do tamanho, localização, aspectos
organizacionais, etc. até se constituir o projecto final.

O ponto importante a reter aqui é que os gastos devem ser feitos por etapas e que
a empresa ou promotor do projecto não deve gastar mais do que o necessário em
cada estágio de decisão, ou seja, deve existir a sensibilidade por parte do próprio
analista e/ou da gestão de que o esforço em aprimorar a análise deve ser
gradativo.

As Entidades Envolvidas em Um Projecto

Para entendermos as várias entidades envolvidas em um projecto de investimento


há-que relacionar as várias etapas do desenvolvimento de um projecto e as
tarefas que estão associadas a cada uma delas. Se analisarmos na perspectiva do
espaço temporal que decorre desde a ideia do projecto até à execução dos
investimentos para a implementação do mesmo, podemos distinguir:

- Quem tem a ideia e procura promovê-la até a sua materialização: O


Promotor;

- Quem aprova a ideia e cria as condições para a sua materialização: Isto


envolve geralmente os órgãos de decisão e/ou de gestão, i.e. os accionistas e/ou
os gestores de topo da empresa ou organização, dependendo do tipo de
organização e/ou empresa;

- Quem trabalha na elaboração do projecto: isto exige naturalmente o


envolvimento de vários especialistas, com conhecimentos diversos, i.e., uma
equipa técnica multidisciplinar, que pode existir no seio da organização promotora
do projecto ou que tem de ser recrutada fora (consultores externos);

- Quem disponibiliza o (s) financiamento (s) necessário (s) para a


implementação do projecto: independentemente de quem disponibiliza os
recursos financeiros necessários para a execução dos investimentos necessários
para a implementação do projecto, existe a figura do financiador;

A partir do momento que o projecto está em fase de implementação, entram em


cena uma série de actores que já têm que lidar com tarefas diferentes das dos
actores acima descritos, tais como: Director de Projecto, Orçamentista,

30
Controlador, etc… A função destes passa a ser fundamentalmente a de
planeamento, gestão e controlo/fiscalização.

Uma questão importante a reter aqui é a de que o desenvolvimento de um projecto


de investimento é um processo complexo e dinâmico, no qual podem intervir
variados actores, em função da natureza e grau de complexidade do mesmo.

31
TEMA 2: A ESTRUTURA E AS ETAPAS DE UM
PROJECTO

A Estrutura de Um Projecto

Introdução:

Como tivemos a oportunidade de abordar no tema anterior, um projecto consiste


em um conjunto de informações (dados que são recolhidos e processados) que,
uma vez sistematizados, simulam uma dada alternativa de investimento para testar
a sua viabilidade.

As necessidades de informação para o processo de elaboração e análise de um


projecto variam de caso para caso. Mas, no caso de projectos do sector industrial,
existem alguns aspectos ditos estruturais, que podem ser considerados comuns a
todos os projectos. Geralmente, estes diferentes aspectos estruturais tendem a
ser inter-relacionados, de modo que se torna difícil fazer a análise de cada
aspecto separadamente para depois obter-se o
agregado (ou seja, o projecto).

Na prática, cada aspecto integrante do projecto é tratado e analisado


separadamente e é posteriormente adicionado aos demais, possibilitando assim
ter-se uma visão integrada da viabilidade do mesmo.

A Estrutura do Projecto:

Os aspectos mais frequentemente encontrados num projecto de investimento são


os seguintes:

Mercado
A) Aspectos Económicos Localização
Escala

Selecção dos processos de produção


B) Aspectos Técnicos Engenharia do projecto
Arranjo físico

Composição do capital
Financiamentos
C) Aspectos Financeiros Capital de giro ou circulante
Outros (índices de liquidez, grau de endividamento, evolução do capital e do
património

32
Estrutura organizacional
D) Aspectos Administrativos
Treinamento do pessoal a envolver no projecto

Forma societária da empresa e tipo


Sócios e participação accionária de cada um
E) Aspectos Jurídicos e legais Registo na Conservatória, etc.
Exigências legais e/ou incentivos

Externalidades positivas
F) Aspectos Ambientais
Externalidades negativas

Elaboração dos Cronogramas Financeiros


G) Aspectos Contábeis
Estrutura Contabilística a adoptar

ASPECTOS ECONÓMICOS

Mercado:

Muitas vezes a oportunidade para a realização do projecto de investimento, advém


duma análise do mercado em determinado contexto. De qualquer modo, são os
elementos fornecidos pela análise do mercado que determinam sobremaneira, o
projecto. Quantidade procurada, concorrentes, preço de venda, canais de
distribuição, fontes das matérias-primas, etc. são alguns dos elementos contidos
neste item e que tornam a análise de mercado um dos principais aspectos a serem
considerados no projecto.

Localização:

A determinação do local ideal para situar o projecto em questão costuma ser o


passo lógico seguinte. A escolha da localização dependerá de diversos factores,
tais como o comportamento do mercado, a escala pretendida, aspectos técnicos,
ambientais, a disponibilidade local dos principais factores de produção, etc.

Escala:

A escala de produção ou capacidade a instalar irá depender, dentre outros


factores, do estudo de mercado, da localização e dos aspectos técnicos. A
existência de economias de escala pode ser um aspecto determinante na escolha
de determinada capacidade de produção. Os aspectos técnicos e evolução da

33
tecnologia podem também influenciar bastante na escolha da capacidade de
produção da futura fábrica/unidade produtiva.

B) ASPECTOS TÉCNICOS:

Os aspectos técnicos envolvem todo o tipo de considerações referentes à análise


e selecção entre os diversos processos de produção, à engenharia do projecto, ao
arranjo físico dos equipamentos na fábrica ou unidade produtiva.
Podem ocorrer dois cenários: há casos em que os processos de produção se
apresentam com bastante clareza e objectividade, não havendo previsão de
grandes e repentinas mudanças tecnológicas a médio prazo. Nestes casos, é fácil
obter-se o consenso entre os técnicos e engenheiros sobre qual a melhor opção
tecnológica, de processo e de fornecedor dos equipamentos. No entanto, pode
acontecer que o projecto de investimento em estudo envolva um processo de
desenvolvimento tecnológico acelerado e a opção tecnológica não seja tão clara.
Nestas situações, será sempre conveniente complementar a análise do projecto
propriamente dita, com análises de avaliação tecnológica, para que se consiga
seleccionar a melhor opção.

C) ASPECTOS FINANCEIROS

Composição do capital:

Aqui são analisadas as diferentes opções que existem para compor o capital a ser
investido no projecto. Por outras palavras, trata-se de definir a composição do
capital próprio e de terceiros. O reembolso e/ou remuneração do capital alheio
deverá ser devidamente considerado nas projecções. É de realçar que o custo do
capital é um elemento bastante importante a ser ponderado na análise do projecto
de investimento.

Financiamentos:

Neste aspecto são analisadas as várias alternativas de empréstimo. A


preocupação reside em determinar, dentre as fontes de empréstimo disponíveis,
aquelas que apresentam maior conveniência e que permitem atingir uma maior
rentabilidade do projecto. A magnitude do capital alheio é geralmente, um aspecto
bastante relevante para determinar o investimento total a ser feito com o projecto,
bem como o cronograma de desembolsos.

Capital circulante:

A análise financeira do volume, fontes e aplicações do capital circulante, permitirá


que se determine o capital de giro (circulante) próprio. Uma vez que teoricamente,
ele representa a parcela de recursos que vão assegurar o arranque da produção
do projecto, ele constitui um investimento a ser feito e como tal, deve ser incluído
nas despesas de investimento.

Outros:

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Dependendo ou não do projecto dar lugar a uma outra entidade jurídica, pode ser
necessário elaborar uma análise retrospectiva (quando a empresa já existe) e/ou
prospectiva (sobre as projecções do projecto). Estas análises envolvem entre
outros, aspectos como: grau de endividamento, índices de liquidez, análise da
evolução do capital e do património, índices de solvabilidade, etc.

D) ASPECTOS ADMINISTRATIVOS

Os aspectos administrativos têm a ver com a estrutura organizacional que será


necessária para a implantação e operação do projecto. Outro aspecto importante
a ter em conta, é o treinamento das pessoas que irão assumir as funções-chave
quer na fase de implantação do projecto, como na fase de empresa já em
produtivo.

E) ASPECTOS JURÍDICOS E LEGAIS

Os aspectos jurídicos tendem a apresentar uma relação indirecta para com o


projecto. É o que ocorre, por ex.: com a forma societária da empresa, o seu tipo,
os sócios e participação accionária de cada um, o registo nas Conservatórias, etc.
Os aspectos legais estão relacionados com as exigências legais e/ou os incentivos
concedidos pelo Governo (ao nível nacional, regional, provincial e municipal).
Enquadram-se nestas categorias, os impostos, os incentivos fiscais para
exportação ou para investimento em sectores de interesse estratégico para o
país.

F) ASPECTOS AMBIENTAIS

Cada vez mais se vai ganhando consciência dos problemas associados à


degradação do meio ambiente, causados, quer pela população, como pelos
órgãos públicos e empresa privadas. Actualmente, já vai havendo um consenso
mundial de que os países não devem crescer a qualquer custo, quando isto
representa uma deterioração irreversível do ambiente. È por isso que muitas
agências de financiamento já exigem a incorporação de análise de impacto
ambiental nos estudos dos projectos, para efeitos de financiamento.
O impacto ambiental pode gerar aspectos positivos e negativos.
Na vertente dos aspectos positivos, devem ser consideradas as chamadas
“economias externas” decorrentes do projecto, tais como: aumento do nível de
emprego, formação adicional que se dá aos empregados, maior desenvolvimento
da comunidade onde se instala o empreendimento, etc. No que toca aos factores
negativos, designadas por “deseconomias externas” podem referir-se por
exemplo: a poluição (do ar, da água, do solo, sonora, etc.), degradação ecológica
(da vida animal e vegetal, do clima, etc.) ameaças à saúde dos trabalhadores e
comunidade envolvente.

35
G) ASPECTOS CONTÁBEIS

Determinada literatura trata esta questão de forma separada, ao passo que outros
incluem-na no âmbito dos aspectos financeiros. De qualquer modo, vale dizer que
os aspectos de carácter contábil referem-se à metodologia de elaboração dos
cronogramas financeiros e com a estrutura contábil a adoptar ou existente na
empresa(plano de contas, a escrituração dos livros, os instrumentos de controle
durante a fase de implantação do projecto e durante a fase de operação.

TEMA 2: A ESTRUTURA E AS ETAPAS DE UM


PROJECTO

As Etapas e o Ciclo de Vida de Um Projecto

As Etapas De Um Projecto

A elaboração e a análise de um projecto de investimento envolvem uma série de


etapas iterativas, que podem ser ordenadas segundo um certo critério,
procurando balancear os diferentes factores em cada iteração, de modo a obter-
se um certo equilíbrio entre os factores considerados mais importantes.

No esquema apresentado na figura 7, indicam-se os aspectos mais importantes


que são considerados no processo de elaboração de um projecto, não havendo
contudo, uma rigidez na sequência adoptada.

O ponto de partida é uma oportunidade de investimento que pode ser promovida


pelo poder público (para cumprir com as suas funções sociais) ou por um
empresário e/ou empresa(motivada pelo acréscimo de ganhos).

Depois da ideia bem definida, o primeiro passo é realizar um estudo de mercado.


Como já vimos na secção anterior, neste estudo será caracterizado o produto, a
quantidade procurada projectada, os canais de comercialização, o preço de
venda, etc.

A seguir, são abordados e tratados a localização, os aspectos técnicos e a escala


do projecto. Estes aspectos estão intimamente relacionados: o tipo de processo a
ser escolhido pode condicionar a localização geográfica e esta a escala de
produção.

Feita a selecção do processo e a determinação dos investimentos mais signi-


ficativos para determinada localização e escala, será possível estimar o volume de
financiamentos necessários e a provável composição do capital da empresa.
Neste ponto, será analisado o custo das fontes de recursos, bem como o risco
inerente à opção de um endividamento excessivo.
36
Seguidamente, proceder-se-á ao levantamento das necessidades de pessoal, em
conformidade com o critério organizacional adoptado ou a reorganização a ser
feita (no caso da empresa já existir); as necessidades de treinamento, etc. Nesta
etapa, serão também analisados os aspectos jurídicos mais relevantes,
simultaneamente com os aspectos relacionados com o meio ambiente. Serão
também considerados os incentivos de natureza fiscal e/ou económica para a
implantação do projecto que, por sua vez, podem estar também relacionados com
a localização e as restrições de cariz ambiental.

Neste ponto, é possível elaborar as projecções de custos e receitas, utilizando-se


a metodologia fornecida pela parte contábil. Estas projecções, combinadas com
os cronogramas propostos de implantação e de desembolso financeiro, permitirão
uma análise quantitativa do projecto. Tal análise, que deve também ser qualitativa,
permitirá determinar se a estrutura/modelo proposta é viável (avaliação).

Posto isto, chega-se a um ponto em que existem duas possibilidades: parar o


estudo da alternativa de investimento ou prosseguir na análise e fazer uma nova
iteração para obter maiores detalhes ou uma melhor combinação das diferentes
variáveis.

Caso, o projecto de investimento em referência se mostre viável, é então


elaborado o projecto final. Este será por sua vez implantado e posto em operação.
É importante reter que o próprio tempo e o custo de implantação, bem como os
níveis esperados de operação futura, são partes integrantes do projecto de
viabilidade.

Mercado

37
Localização

Escala Engenhariaa
aa

Financeiro

Administrativo

Jurídico

Contábil

Meio Ambiente

Cronogramas de
Desembolso,
Projecções de
Custos e Receitas

Parar a NÃO SIM


Avaliação
análise

Projecto Final

Implantação

OPERAÇÃO

As Principais Fases De Desenvolvimento De Um Projecto De


Investimento

A preparação de um projecto de investimento deve basear-se num mecanismo de


planificação detalhado e rigoroso que permita a realização de estudos técnicos e
económicos que assegurem a sua viabilidade.
38
Assim, seguindo a lógica dos vários estudos a serem feitos, o ciclo de elaboração
de projectos abrange três fases principais: a fase do pré-investimento, a fase de
investimento e a fase operacional.

Fase de Pré-investimento
Fases de desenvolvimento
de um projecto de investimento Fase de Investimento

Fase Operacional

A. FASE DO PRÉ-INVESTIMENTO:

Na fase do pré-investimento são recolhidas as informações elementares para a


promoção de um investimento. Ela compreende 4 etapas: Etapa dos estudos de
oportunidade(I); Etapa dos estudos de pré-viabilidade (II); Etapa dos estudos de
viabilidade(III); Etapa de avaliação e decisão(IV).

Estudos de Oportunidade: Os estudos de oportunidade compreendem os estudos


relativos à identificação das possibilidades industriais (oportunidades) que dão
origem a projectos de investimento. É o conjunto das ideias iniciais de um
projecto, ponto de partida para um estudo mais profundo e estruturado de forma a
transformá-las numa proposta de investimento. A determinação das
oportunidades é normalmente feita pelos organismos governamentais e
institucionais (estruturas públicas, que detêm informações sobre os sectores a
priorizar ou sobre outros ainda não explorados), bem como por particulares. Os
estudos de oportunidade deverão incidir sobre elementos que justificam a
proposta de projecto, tais como:

* Recursos naturais que se prestam à transformação ou á fabricação, como


por ex.: produtos florestais para indústrias utilizadoras de madeira;
* Existência de uma forma de agricultura que pode servir de base às agro-
indústrias;
* Procura futura de certos bens de consumo susceptíveis de crescimento com
o aumento da população ou com a elevação do poder de compra, ou procura
futura de novos produtos, como por ex.: tecidos sintéticos, electrodomésticos;
* Importações, com identificação dos domínios nos quais a respectiva
substituição poderá ser considerada;
* Possibilidades de diversificação;
* Possibilidades de alargamento dos ramos de produção existentes por meio
de uma integração a montante ou a jusante;
* Possibilidades de expansão da capacidade industrial existente por forma a
realizar economias de escala.

Estudos de pré-viabilidade: Nesta etapa, procede-se a um estudo mais detalhado


da “ideia” ou “esboço” do projecto. Regra geral, antes do estudo final de um
determinado projecto, deve ser feita uma avaliação preliminar da “ideia” ou

39
“esboço” do projecto. A essa avaliação preliminar dá-se o nome de estudo de pré-
viabilidade, cujos objectivos consistem na determinação de:

* Se as possibilidades de investimento são promissoras para que se possa


tomar decisões;
* Se a concepção do projecto justifica uma análise detalhada (estudo de
viabilidade);
* Se a ideia não é viável ou não é interessante;
* Necessidade de se efectuarem mais estudos de apoio.

Estudos de viabilidade: O estudo de viabilidade é o estudo que serve para


sustentar convenientemente a decisão sobre um determinado projecto de
investimento. Ele apresenta um projecto com uma estrutura bem esquematizada,
que define exactamente a capacidade de produção e vendas, a localização
escolhida, a opção tecnológica, os custos do investimento que dela derivam, bem
como o resultado de exploração que assegure um dado rendimento ao
investimento.

Avaliação e decisão: Nesta etapa, são avaliados os critérios de rentabilidade


financeira sob o ponto de vista da empresa; é feita a avaliação sócio-económica ao
nível da colectividade e analisa-se o grau de incidência dos erros de previsão e
incerteza do futuro. A decisão final sobre um dado projecto incidirá sobre três
alternativas: continuação dos estudos, abandono do projecto ou a escolha de uma
variante.

B. FASE DE INVESTIMENTO

A fase de investimento é a fase de implementação do projecto. As etapas


essenciais desta fase são:

* Concepção das direcções de trabalho de engenharia;


* Negociações e preparação de contratos;
* Planeamento do investimento;
* Programa de formação;
* Arranque da execução.

C. FASE DE EXPLORAÇÃO

A fase de exploração é a fase operacional do projecto de investimento e consiste


no controle da sua execução. As principais acções dessa fase são:

* Análise periódica da execução do projecto;


* Análise de documentos contabilísticos;
* “Tableaux de bord”;
* Controle de gestão.

40
Na prática, nesta fase já não existe o projecto, mas sim, a nova entidade criada
pelo projecto (nova empresa, nova actividade, dependendo dos casos).

TEMA 3: A ELABORAÇÃO DE PROJECTOS

41
O Estudo de Mercado

Introdução

42
A análise do mercado não só é o ponto de partida para a elaboração do projecto,
como também é um dos seus aspectos mais importantes. Através do estudo de
mercado é possível obter os seguintes elementos:

* Através do confronto entre procura e oferta, a provável escassez da


demanda futura. Este resultado fornecerá elementos para a determinação da
escala de produção do projecto;

* A região geográfica em que o produto poderá ser comercializado, aspecto


importante para determinar-se a localização do projecto;

* O preço de venda, os custos de comercialização e os stocks nos canais de


comercialização, elementos estes importantes para se elaborarem as projecções
do projecto.

DEFINIÇÃO: O estudo do mercado é um conjunto de métodos e de instrumentos


utilizados para facilitar o conhecimento e a compreensão do meio em que opera
ou virá a operar um determinado agente económico, tal como prever o seu
comportamento, tendo como objectivo a sua optimização.

O estudo do mercado tem como objectivo fundamental (nos projectos produtivos),


determinar a procura potencial dos consumidores dos bens ou serviços a
produzir, tendo em conta as condições sócio-económicas de concorrência,
preços, rendimentos, hábitos, instituições em evolução nas áreas geográficas
visadas pelo projecto.

O estudo do mercado, ao contrário de uma soma de dados estatísticos ou de


estudos, deverá ser sistematizado e consistente, de forma a que, por um lado, as
informações sirvam para explicar os acontecimentos do mercado, e, por outro,
corrigir a sua evolução futura. Ele é portanto um método bastante dispendioso,
tanto em recursos, como em tempo, para determinar com relativa precisão a
evolução da procura de um determinado produto.

Tipos De Estudo De Mercado:

1. Inquéritos industriais: Estes incidem fundamentalmente sobre os planos de


produção e de desenvolvimento das indústrias;

2. Inquéritos de consumo: Incidem sobre uma amostra aleatória, caso o grupo-


alvo seja muito grande e, caso contrário, sobre o conjunto da população;

3. Inquéritos comerciais: São conduzidos junto dos circuitos comerciais

Principais Etapas De Um Estudo De Mercado:

As principais etapas de um estudo de mercado são as seguintes:


43
1. Selecção do produto: qualidade, dimensões, cores, principais utilizações;

2. Identificação do campo a cobrir: categoria de consumidores, escoamentos


comerciais ou industriais;

3. Determinação da dimensão da amostra aleatória do plano de sondagem;

4. Recrutamento, no terreno, dos inquiridores;

5. Organização do trabalho no terreno;

6. Exame dos dados recolhidos;

7. Análise dos dados;

8. Interpretação.

Objectivos Do Estudo De Mercado:

O estudo de mercado, tem de entre outros, os seguintes objectivos principais:

1. Estudo da dimensão do mercado;

2. Estudo dos segmentos em que o mercado se divide, dimensão de cada um e


suas perspectivas de evolução nos próximos anos;

3. Levantamento das necessidades que os consumidores de cada segmento


desejam que o produto satisfaça;

4. Estabelecimento de níveis de preços por segmento e perspectivas da sua


evolução;

5. Definição da dimensão quantitativa e qualitativa da concorrência e


perspectivas da sua evolução;

6. Posicionamento do mercado;

7. Definição do(s) circuito(s) de distribuição existente(s),eventualmente


analisados por segmentos de mercado e das condições normais de venda;

8. Estabelecimento das margens directas normais no sector e eventualmente,


por segmentos;

9. Análise da situação financeira dos clientes actuais e/ou potenciais;

44
10. Definição dos níveis de rendimento dos consumidores finais do produto e
perspectivas da sua evolução;

11. Estabelecimento dos segmentos do mercado que a empresa quis atingir e


quota de mercado que quer deter.

 ANÁLISE DA PROCURA PASSADA E PRESENTE:

DEFINIÇÃO: A procura é a quantidade total da despesa planeada ou


desejada, comprada a um determinado preço, num mercado particular e num
dado período.

Essência da Análise da Procura:

Para um estudo rigoroso de mercado, é indispensável que se tenha o domínio da


informação sobre por ex.: as características operacionais da indústria em que se
insere o projecto, dados sobre o orçamento familiar dos consumidores e o seu
rendimento pessoal, os seus hábitos de compra, as suas preferências e o seu
comportamento face ao mercado.

A essência da análise da procura e do mercado reside na estimativa que deve ser


calculada da procura de um produto particular, no decorrer da duração do
projecto em estudo, atendendo que a viabilidade desse projecto dependerá
essencialmente dos resultados previstos das vendas e das receitas.

A procura é determinada por vários elementos que se interrelacionam, tais como a


composição do mercado, a concorrência, a elasticidade da produção em relação
ao rendimento e ao preço, a reacção do mercado a certos modos da vida sócio-
económica(incluindo aspectos culturais), os circuitos de distribuição e o ritmo de
crescimento do consumo.

MERCADO INTERNO:

A. Estimativa do consumo interno, da capacidade existente e prevista

Em regra geral, os estudos de viabilidade de projectos de investimento devem


começar com a estimativa e a análise da procura interna.

A estimativa do consumo interno é calculada com base na recolha e levantamento


de dados históricos. As variáveis essenciais componentes no cálculo são a
produção, a importação e a variação de stocks.

O consumo interno decompõe-se em consumo efectivo e consumo aparente.

45
Consumo efectivo: P.ção + Imp.ção - Exp.ção +/- Variação stocks;

Consumo aparente: P.ção + Imp.ção - Exp.ção

A determinação da capacidade existente e prevista deverá ser obtida através de


dados históricos sobre:

- A capacidade das unidades produtivas existentes;


- Aumentos de capacidade já autorizados nas referidas unidades;
- A capacidade de novas unidades, cuja instalação se encontra
autorizada.

B. Condições actuais e evolutivas de preços

Deverão ser recolhidos preços médios de venda no mercado em relação a


períodos anteriores ao estudo (pelo menos 5 a 10 anos). Esses dados deverão ser
a base para o cálculo da estimativa do preço a aplicar durante a implementação
do projecto, com o auxílio de métodos de extrapolação tendencial.

C. Consumo Interno de Sucedâneos

Para os principais sucedâneos deverá ser efectuada a análise do consumo


aparente, conforme indicado no ponto A (previamente referido) para o(s)
produto(s) a fabricar.

D. Estrutura dos consumos por categorias de utilizadores

A análise da evolução da estrutura de consumos por categorias de utilizadores


faz-se em função dos seguintes elementos:

- Consumos e preços nos últimos 5 a 10 anos;


- Consumo de sucedâneos e;
- Se necessário, principais aspectos relativos à expansão dos mercados de
produtos complementares.

E. O Mercado e a Política Económica

As influências possíveis de se manifestarem na evolução da procura, resultantes


de alterações de política económica, deverão ser também analisadas. Por
exemplo: direitos e taxas alfandegárias, licenças de importação, integração
regional, acesso à indústria, medidas fiscais, política de crédito, etc.

F. Previsões de Venda e Comercialização

A determinação do volume de receitas de um produto particular passa pelo


estabelecimento do preço desse produto. O preço do produto deve ser
determinado em função da estrutura dos custos de produção e do mercado a que
ele se destina.

46
G. Medidas de Promoção

A promoção das vendas exerce bastante influência na grandeza das receitas. No


estudo de viabilidade devem ser definidas as linhas principais das acções das
vendas e os métodos de penetração do produto no mercado. Essa promoção
implica normalmente que sejam contraídos elevados custos, pois ela pode assumir
diversas formas como publicidade, serviços de consultoria aos consumidores e
outras do género. Esses custos deverão ser calculados e discriminados no estudo.

H. Rede de Distribuição

Para que um determinado produto seja comercializado é preciso que se


estabeleçam primeiro as linhas gerais de organização das vendas, da distribuição
e que se calculem os custos derivados das operações de comercialização.

A definição das instalações e dos serviços pós-venda são aspectos a contemplar


na determinação da estrutura da comercialização. Eles são indispensáveis ao
estabelecimento de uma rede de distribuição de um produto particular. Os custos
de embalagem do produto, nas expedições, na venda e na facturação têm um peso
enorme na comercialização do produto.
É importante proceder-se a um estudo comparativo do tipo de redes de
distribuição. Na maior parte dos casos, os modos de distribuição distinguem-se
em função da natureza do produto (bens de consumo final, intermédios e
equipamentos) e do tipo de comércio a utilizar (cadeias de grandes armazéns,
supermercados, cooperativas, grossistas, retalhistas, concessionários ligados
por contrato, etc.)

I. A Clientela

Um dos aspectos a ter em linha de conta ao decidir-se sobre um determinado


investimento, é a análise das condições sociológicas e isto assume um particular
destaque no estudo da procura. Elementos tais como: o conhecimento do
consumidor, o seu comportamento, as suas intenções, as suas motivações e
atitudes que podem resultar da disparidade dos níveis de rendimento, da
diferença de idade e de sexo, da origem social dos consumidores, da sua religião
ou dos hábitos locais, devem ser estudados pormenorizadamente e com rigor.

MERCADO (S) EXTERNO (S):

Esta análise tem particular importância para projectos com participação do ou no


mercado externo. O estudo desse mercado deverá basear-se nos seguintes
elementos de informação:

- No volume e valor global das exportações e importações do(s)produto(s) a


fabricar por principais origens e destinos, por países ou zonas económicas no
passado (5 a 10 anos), quantidade e preços (CIF e FOB);

47
- Na comparação, em percentagem da exportação prevista no projecto com
os volumes e valores globais de exportação do país, segundo a previsão
efectuada;

- Nos preços médios de exportação praticados no passado e na actualidade;

- Na situação passada e previsível dos principais mercados de destino


previstos no projecto, relativamente a:

- Consumo interno aparente nesses mercados;


- Percentagem de consumo interno coberta por importações;
- Nos tipos de produtos a exportar quanto a características técnicas de
qualidade e de embalagem;
- Em incidências da política fiscal de exportação (incentivos à exportação)
sobre as possibilidades de colocação dos produtos nos vários mercados;
- Nos métodos de penetração nos mercados considerados.

MERCADO DOS FACTORES PRODUTIVOS:

Este mercado deverá abranger os seguintes domínios:

a) Especificação e quantidades: Deverão ser referidas as quantidades


das principais matérias-primas e subsidiárias de acordo com o sistema
tecnológico proposto;

b) Fontes de abastecimento e preços: Indicar as fontes de abastecimento das


principais matérias-primas; Proceder ao cálculo do custo unitário e respectiva
estrutura; Análise das principais tendências de evolução dos mercados nacional e
internacional, no que se refere a fontes e custos;

c) Segurança e qualidade dos fornecimentos: Dever-se-á indicar sempre que


possível, as medidas especiais para garantir a segurança e qualidade (controle de
qualidade) dos fornecimentos.

Os Diferentes Mêtodos De Previsão Da Procura

A fim de se determinar qual será a dimensão da unidade de produção de um


projecto industrial é da maior importância conhecer qual será a procura a médio
ou longo prazo dos bens produzidos, quer do ponto de vista nacional, como do
ponto de vista internacional.
48
De um modo geral, na previsão da procura deve-se ter em consideração que a
previsão não pode ter em conta, fenómenos imprevisíveis, tais como:
acontecimentos políticos; decisões governamentais, catástrofes naturais,
inovações técnicas/modificações tecnológicas repentinas; fenómenos da moda.

Por outro lado, não se pode ter a pretensão de determinar exactamente as


quantidades a produzir e a vender, o que não justifica que se ignore as previsões
da procura futura, como frequentemente ocorre. Não existem normas definitivas
para fazer estimativas da procura futura e os métodos de previsão utilizados na
prática revelam, assim, vários graus de complexidade. O grau de precisão que se
escolha dependerá da natureza do problema, dos dados disponíveis e da
existência de técnicos para efectuar esta tarefa.

Existem principalmente 2 categorias de métodos para a previsão da procura:

 Os métodos (critérios) quantitativos (a análise de série de tempo; a análise da


regressão; os modelos econométricos; as matrizes de entrada-saída, etc.);

 Os métodos (critérios) qualitativos: (muito utilizados em projecção tecnológica)


contam-se: técnica Delphi, analogia histórica, painel de especialistas,
elaboração de cenários, etc.

O uso de cada um deles irá depender da disponibilidade de dados, do horizonte de


projecção em consideração, do custo a que se pode incorrer na projecção, etc.

Métodos (Critérios) Quantitativos:

A projecção com o uso de Taxas:

Tomemos como exemplo, os dados da tabela seguinte, correspondentes ao


consumo aparente de celulose num determinado país A, no período 2000/06:

ANO EM 1.OOO t % s/ano anterior

2000 768 ----------------


2001 930 21,1
2002 905 (2,7)
2003 1.171 29,4
2004 1.118 (4,5)
2005 1.173 4,9
2006 1.475 25,8

Vamos admitir que o nosso problema seja o de saber a procura de celulose nos
próximos 4 anos, para este mesmo país.

Um modo simples de projectar uma série de consumo aparente é utilizar a taxa de


crescimento observada no passado. Este critério parte da hipótese de que

49
continuará a ocorrer no futuro o que ocorreu no passado, em termos de
crescimento. As taxas mais usadas são a taxa aritmética e a geométrica.

a) O critério da taxa aritmética

A taxa aritmética média observada no período de 2000/06 pode ser calculada com
base na fórmula para o cálculo do montante em juros simples:

Vn = V0 (1 + in), onde: V0 = primeiro valor observado; Vn= último valor observado;


n= número de períodos da série; i= taxa média a ser calculada.

Teremos então:

Vn -1 1.475
-1
V0 768
i= = = 0,1534 a.a ou i= 15,34% a. a
n 6

Utilizando-se esta taxa é possível calcular, através da fórmula, a projecção da


série de consumo aparente. Por ex.: para 2007, teríamos:

V7= 768 (1 + 0,1534 x 7) = 1592,83 x 10³ t  V7= 1.593.000 t; e assim


sucessivamente:

ANO Valores Observados Valores Calculados


(Em 1.000 t) (Em 1.000 t)
2000 768 768
2001 930 886
2002 905 1.004
2003 1.171 1.122
2004 1.118 1.239
2005 1.173 1.357
2006 1.475 1.475
2007* ---------- 1.593
2008* ---------- 1.711
2009* ---------- 1.829
2010* ---------- 1.946

b) O critério da taxa geométrica:

De modo análogo, a taxa geométrica média observada no período 2000/06 (do


exemplo anterior) pode ser calculada com base na fórmula para o cálculo do
montante em juros compostos:

50
Vn = V0 (1 + i )n onde: V0= primeiro valor observado; Vn= último valor observado;
n= número de períodos; i = taxa a ser calculada

Temos então:

Vn - 1 1.475 - 1= 0,1149 a. a ou seja i= 11,49%


i= V0  i= 768

Com base nesta taxa, pode-se projectar o consumo. Por ex.: para 2007, teremos:

V7 = 768 (1,1149) = 1.644,49 x 10³ t  1.644.000 t e assim sucessivamente:

ANO Valores Observados Valores Calculados


(Em 1.000 t) (Em 1.000 t)
2000 768 768
2001 930 856
2002 905 955
2003 1.171 1.064
2004 1.118 1.187
2005 1.173 1.323
2006 1.475 1.475
2007* ---------- 1.644
2008* ---------- 1.833
2009* ---------- 2.044
2010* ---------- 2.279

c) A Projecção da Tendência:

A hipótese implícita neste método é que os acontecimentos que determinaram no


passado, a taxa de crescimento da produção e do consumo se manterão no futuro.
O seu efeito médio sobre a actividade continuará a ser o mesmo que no passado.
Por este motivo, e com o pressuposto referido, este método é útil nos casos em
que não se dispõe de meios que permitam a utilização de outros métodos.
Neste método podem analisar-se as seguintes hipóteses: crescimento linear,
crescimento exponencial e crescimento com saturação.

 Crescimento linear:

A análise da regressão é o método que permite determinar as relações


estatísticas entre duas ou mais variáveis. O tipo de relação mais comum é a função
linear. Consideremos um conjunto de observações de duas variáveis, sendo x, a
varíavel independente e y a dependente, sendo:

n: o número de observações;
X1: a 1ª observação da varíavel independente;
Y1: a 1ª observação da varíavel dependente;
51
O objectivo da análise de regressão linear é determinar a relação que expressa Y
como função de X. A operação de regressão linear tem a forma geral: Y = a + bx,
onde a e b representam os coeficientes que se pretendem estimar.

(x3,y3)
Ÿ = a+bx
(x1,y1)

(x44,y44)

(x22,y22)

O método dos mínimos quadrados é o método mais usual, consistindo em ajustar a


recta aos pontos observados de tal maneira que a soma dos quadrados dos
desvios dos pontos observados (Yi) aos pontos teóricos da recta ajustada ( Yi )
seja mínima.

Σ (Y – Ϋ)² 

Do ponto de vista algébrico, define-se uma função S para a qual se pretende


determinar o mínimo

S =  (Y -Y)2  Y= a + bx

Para minimizar esta função calculamos as derivadas parciais de S em relação a â


e b igualamos a zero :
s
=0
a

s =0
b

A resolução deste sistema conduz-nos aos valores de â e b

â=Y-bX Y =  Yi
Sendo: n
b = n  Xi Yi - ( Xi) ( Yi)
n Xi2 - ( Xi)2 X =  Xi
n
52
 Crescimento exponencial:

Quando o andamento da curva é ascendente e contínuo e os valores são


progressivamente crescentes; estamos muitas vezes em presença de um
desenvolvimento exponencial caracterizado por acréscimos relativos sucessivos
iguais. Por ex.: o crescimento populacional está tradicionalmente ligado a uma
curva exponencial da forma:

Y= A.Bx

Consoante B  1 ou B 1 assim podemos representar a curva, estando em ambos


os casos a concavidade voltada para cima.

Y Y

B1 A
B1

X X

Através da aplicação de logaritmos podemos transformar esta função numa


função linear e aplicar o método dos mínimos quadrados para estimar os valores
de A e B:

log. Y = log.A + x log.B

ou seja, com uma escala semi-logarítimica, a curva representativa é uma recta.

 Crescimento com saturação: A função logística

A função logística apresenta-se particularmente adequada à descrição de


fenómeno em reacção aos quais se tem uma varíavel de crescimento inicial
rápido, seguido de amortecimento, até se entrar numa fase de estabilidade, isto é,
traduz fenómenos crescentes por razões decrescentes (em especial na fase de
acréscimos crescentes por razões decrescentes).

É uma função não linear, simétrica, representada por uma curva sigmoidal ou da
forma de S.

53

A equação da função é da seguinte forma: y = ,, 0
- 
1 + e
onde:

 representa o valor máximo para y, o qual só assintoticamente é atingido


(assíntota superior).

 determina a taxa a que y cresce em x


 determina o valor de y para x igual a zero

Demonstra-se que a função logística tem um ponto de inflexão para Y= 2 ou seja, a
maior distância entre as suas assintotas desta função (Y=0 e Y =).

Dado que no ponto de inflexão (Xo, Yo) se tem Yo = ½ , Xo satisfará a seguinte


equação:

1
-x
e =1  ------ = 1 ;  = ex
ex
Logaritimizando, temos:
1
log  = x ; Xo = log  2  Xo = . loge
0

As coordenadas do ponto de inflexão são portanto: 1 log e, 


 2

Estimação Y=
1+ e -x

  logística
=1+ e-  -1 = e - 
transformada
Y Y

Aplicando logaritmos vem:

  = antilogaritmo de A
log ( - 1 ) = log  -
y =-b

z = A + bx

54
Uma das características da função logística é o facto de as primeiras diferenças
dos valores da função se disporem segundo uma curva que lembra uma
distribuição normal.

y


1+ 
x
0
Gráfico da função logística quando   0 e 0    1

A Utilização de Coeficientes Técnicos

Este método utiliza-se na previsão da procura futura de bens intermédios, isto é,


de bens destinados a sofrer novas transformações a fim de permitir a produção de
bens de consumo final, sobretudo quando a procura destes é bem conhecida.
Quando não o for, torna-se necessário proceder à utilização deste método, da
previsão da procura do bem de consumo final.

Por exemplo, o consumo de cimento dependerá:

* Do número de novas habitações a construir;


* Dos trabalhos de conservação das habitações existentes;
* Das necessidades para as obras públicas;
* Da procura de pequenos utilizadores individuais

Este método implica a existência de matrizes inter-industriais e deve ser utilizado


com outros cuidados subjacentes à construção do sistema matricial e que são o
grau de agregação, a sua avaliação em termos monetários e a fixidez dos
coeficientes. Esta última limitação tem-se tentado ultrapassar através de
tentativas de dinamização dos coeficientes técnicos.

Um sistema estatístico nacional sólido e bem organizado é uma premissa funda-


mental para a utilização deste método.

A Correlação (Extraído de Análise de Projectos de Investimento, de Hélio Barros, ISCTE)

55
O coeficiente de correlação ou de determinação pode ser considerado como o
complemento natural da regressão, uma vez que indica a intensidade da relação
que existe entre a varíavel a explicar e a varíavel explicativa.

Enquanto a regressão se exprime por uma função matemática, que indica a


dependência de uma variável a explicar de uma ou várias variáveis independentes,
a correlação dá um valor que indica a intensidade da interdependência de duas ou
mais variáveis. Ela será tanto mais elevada quanto mais os pontos observados se
encontrem mais próximos da recta, curva ou plano ajustados.

O coeficiente de correlação pode variar entre -1 e +1. Quando se aproxima de -1,


as duas variáveis são dependentes, mas variam em sentido inverso (por ex.:
relação entre o preço dos bilhetes de cinema e o número de espectadores).
Quando se aproxima de +1 as variáveis são dependentes, mas variam no mesmo
sentido (por ex.: relação entre o rendimento per capita de um país e o parque
automóvel). Quando é igual ou próximo de 0, as variáveis são independentes (por
ex.: a relação entre as alturas dos alunos de uma turma e as suas notas).

Σ XY Σ ( X – X) (Y – Y) ²
r = r² =
√ (ΣX ²). (ΣY²) Σ (X – X)². Σ (Y – Y)²

Demonstra-se que o quadrado do coeficiente de correlação é igual à produção


relativa das variações de Y que é explicada pela influência linear de X. Veja o
seguinte exemplo:

Vendas de detergente “ALFA”:

Σ XY
r= Falta-nos o cálculo de Y²:
√ (Σ X²) . (Σ Y²)

X Y Y²
1 215 46.225
2 240 57.600
3 280 78.400 9.815 9.815
4 315 99.225 r= = = 0,97
5 360 129.600 √ 140. 731.850 10.122
6 380 144.400
7 420 176.400
Σ Y²= 731.850

Conclui-se que existe uma elevada correlação positiva.

A Análise da Elasticidade:

56
Definição: Seja uma função Y = f (&)

Chama-se elasticidade à relação entre a variação relativa de Y e a variação


relativa de &
dY
Y
E=
d&
&

Duas elasticidades assumem importância fundamental nos estudos de mercado:

* Elasticidade procura - preço: define-se como a relação entre as variações


relativas das quantidades procuradas e as variações relativas do preço de um
bem

dq
q
E=
dp
p

Esta elasticidade tem normalmente sinal negativo, porque a procura varia em


sentido inverso ao do preço. Por ex.: se a elasticidade – preço do bem A é igual a -
5, isto significa que se o preço do bem aumentar 1%, as quantidades procuradas
diminuirão em 5%.

* Elasticidade procura – rendimento: define-se como a relação entre as


variações relativas das quantidades procuradas e as variações relativas do
rendimento.

dq
q
E=
dY
Y
Esta elasticidade normalmente tem sinal positivo, pelo facto de tanto o rendimento
como a procura variarem no mesmo sentido.

A procura diz-se elástica, quando o valor da elasticidade em módulo é superior a


1. Será rígida, quando esse valor é menor do que 1. (teoricamente, a procura do
pão será rígida, enquanto que a dos automóveis será elástica). Pode-se falar ainda
em procura inelástica infinita quando a curva de procura é representada por uma
recta paralela ao eixo dos X. Será perfeitamente elástica quando for perpendicular
a esse eixo.

57
Elasticidades:
log Q
log Q
Q2 Q2

Q1
Q1

log P log P
P2 P1 P2 P1

Elasticidade < 1: Procura rígida Elasticidade > 1: Procura elástica

log Q

Q2

Q1 Elasticidade = 1

P2 P1 log P

log Q
log Q

Q2
Q1

Q1

log P log P

P1 P2 P1

Elasticidade infinita Elasticidade elástica

Os Critérios Qualitativos De Previsão Da Procura:

58
Os critérios qualitativos têm grande utilidade quando existem poucos dados
disponíveis e/ou quando faltam dados históricos (como é o caso de novos
produtos) A ênfase é centralizada nas informações qualitativas, com uma grande
parcela de julgamento.

Nestas condições, é importante interpretar as informações numa mesma base


lógica, para que as mesmas sejam comparáveis de modo sistemático.

O uso de critérios qualitativos tem sido mais frequente na área tecnológica e de


lançamento de novos produtos, em que a aceitação e/ou penetração no mercado
são difíceis de prever.

Por outro lado, o uso de critérios qualitativos de forma complementar nas


projecções da procura assume-se como útil e relevante, uma vez que a
abordagem quantitativa pode não reflectir toda a realidade. Isto é particularmente
verdade para as projecções de fenómenos mais complexos e/ou com horizonte de
projecção maior

Tal como já referido anteriormente, os métodos qualitativos de uso mais comum


são: Pesquisa de mercado (através de questionários ou de entrevistas); técnica
Delphos; Painel de especialistas, Analogia histórica e Análise de impacto cruzado.

 A ANÁLISE DA OFERTA (Extraído de Projectos – Planeamento, Elaboração,


Análise, de Samsão Woiler, Washington F. Mathias)

A oferta constitui também um elemento relevante de análise no estudo de


mercado. A oferta que determinada(s) empresa(s) está(ão) disposta(s) a colocar
no mercado reflecte os aspectos de custo desta(s) empresa(s). Assim, a oferta
depende dos custos dos factores utilizados para a produção de determinado tipo
de bem.

Quando se consideram apenas preços e quantidades, a forma ma is comum da


curva da oferta, pode ser apresentada como é indicada na figura seguinte:

59
Q/t
Figura 8: Representação da curva de oferta

Neste caso, representou-se o preço unitário (P) no eixo vertical e a quantidade


ofertada em um dado intervalo de tempo (Qt) no eixo horizontal. Esta curva de
oferta mostra as diversas quantidades de determinado bem que as empresas
estão dispostas a vender a diversos níveis de preços, fixado um intervalo de tempo
e mantidas constantes as demais condições. Outra hipótese que está implícita
nesta curva de oferta é que o custo unitário de produção deste bem aumenta à
medida que aumenta a quantidade ofertada. Por outras palavras, as empresas
estarão dispostas a aumentar a quantidade ofertada se lhes for oferecido um
preço capaz de cobrir o custo de produzir uma unidade adicional.

A definição da forma da curva irá depender do tipo de bem que está em


consideração e, portanto, dos custos de produção deste bem e do intervalo de
tempo em que se estiver a elaborar a análise.

Tal como no caso da procura, para além do preço, há outros factores que podem
influenciar na oferta, tais como: a disponibilidade dos “inputs” de produção (mat.
primas, mão-de-obra, energia, etc.), o desenvolvimento tecnológico, os efeitos fis-
cais, etc.

A Projecção da Oferta:

Para fazer a projecção da oferta, temos de distinguir duas situações. Em primeiro


lugar, temos os sectores em que não existem economias de escala, pouco
intensivos de capital e onde não existem barreiras à entrada de novas empresas.
Neste tipo de sector, a oferta pode ser projectada com base no crescimento
passado, supondo-se até que a oferta vá acompanhar a procura. Este é o caso dos
sectores mais tradicionais, como o alimentício em geral, confecções, comércio
retalhista, etc.

Como segundo tipo, temos os sectores com grandes economias de escala, com
intensidade de capital (ou de tecnologia), que se caracterizam pela concentração
e pelas barreiras á entrada de novas empresas. Como exemplo deste tipo, podem
citar-se: a produção de cimento, de celulose, de automóveis, de computadores, de
microelectrónica, etc. Neste caso, a projecção da oferta deve ser feita analisando
os projectos aprovados pelos órgãos especializados do Governo.

60
De posse dos projectos, é necessário fazer a análise da oferta nominal e do
correspondente grau de utilização, observado no sector. Por exemplo, no Brasil, a
capacidade nominal no sector de cimento é obtida, multiplicando-se a produção
diária por 330 dias. A diferença de 35 dias corresponde às paragens programadas
para manutenção e consertos. Assim, numa fábrica com capacidade de produção
de 1.000 t/dia, teríamos uma oferta nominal de 330.000 t/ano.

O grau de utilização é determinado a partir dos dados históricos do sector e é


obtido pelo quociente entre a produção efectiva e a capacidade nominal das
empresas (ou pela oferta nominal do sector). A determinação do grau de utilização
permite medir o grau de ociosidade no sector e, muitas vezes, as expansões não
balanceadas. Assim, no sector de cimento, o equipamento principal é o forno. Este
equipamento é comprado em tamanho grande para gerar um potencial maior de
oferta. Só se introduzem complementos às instalações, em caso de haver procura
que justifique essa ampliação.

Uma vez obtido, o grau de utilização pode ser aplicado sobre a oferta nominal para
se medir a oferta efectiva. A partir deste ponto pode-se fazer o confronto entre a
procura e a oferta.

O Confronto Procura-Oferta:

Para ilustrar o confronto procura-oferta, consideremos o caso da celulose no


Brasil. Com dados do período 1950/78, Washington Mathias, no seu trabalho
“Tendência Futura de Reflorestamento e Demanda de Madeira”, projectou a
procura de celulose usando como variável independente, o consumo de celulose
per capita em função do PIB. Os resultados obtidos foram os seguintes (da tabela
na página seguinte):

Projecção da procura de celulose


ANO PROCURA DE CELULOSE
(EM 1.000t.)
1979 1.641,8
1980 1.792,9
1981 1.958,7
1982 2.138,5
1983 2.334,9
1984 2.551,8

Num outro trabalho, W. Mathias apresenta a oferta nominal e o grau de utilização


do sector, conforme indicado na tabela seguinte:

Oferta nominal e grau de utilização para celulose


Capacidade
ANO Capacidade Nominal (342d) Produção Grau de
Nominal (t/d) (1.000 t/a) Utilização(%)
1972 3.142 1.074,6 898,3 83,6
61
1973 3.631 1.241,8 971,7 78,2
1974 4.104 1.403,8 1.129,5 80,5
1975 4.840 1.655,3 1.189,6 71,9
1976 5.085 1.739,1 1.253,8 72,1
1977 6.401 2.189,1 1.502,3 68,6
1978 8.080 2.763,4 1.814,0 65,6
1979 9.088 3.108,4 ------ ------
1980 10.216 3.493,9 ------ ------
1981 10.339 3.535,9 ------ ------
1982 10.839 3.706,9 ------ ------
1983 12.098 4.137,5 ------ ------
1984 12.448 4.257,2 ------ ------

Obs.: o sector de celulose (no Brasil) opera em média 342 dias por ano. Por outro
lado, o grau de utilização declinou a partir de 1974, que foi um ano muito bem para
o sector.

Tomando como base os dados apresentados nos dois quadros anteriores, pode-se
elaborar o confronto entre a procura e a oferta para o caso da celulose, conforme
ilustrado na tabela a seguir:

Confronto dos dados da demanda versus oferta


(Em 1.000 t.)
Capacidade
ANO Nominal Demanda Confronto
(I) (II) (I – II)
1979 3.108,4 1.641,8 1.466,6
1980 3.493,9 1.792,9 1.701,0
1981 3.535,9 1.958,7 1.577,2
1982 3.706,9 2.138,5 1.568,4
1983 4.137,5 2.334,9 1.802,6
1984 4.257,2 2.551,8 1.705,4

Pode-se constatar que haveria excesso de oferta nominal ao longo do período


observado.

As Características De Uma Boa Análise De Mercado

Elaborar boas projecções de demanda(procura) faz parte de um processo de


aprendizado. Neste processo, um dos aspectos mais importantes corresponde às
hipóteses, uma vez que hipóteses incorrectas são a maior causa de erros nas
projecções. Outro aspecto importante é o julgamento humano, que não deve ser
subestimado por causa do desenvolvimento de técnicas analíticas mais complexas
e poderosas.

Assim, é necessário que o analista (técnico) trabalhe juntamente com o


administrador, para que o julgamento deste seja incorporado da melhor forma nas

62
projecções. O analista deve comunicar também ao administrador as hipóteses
implícitas e explicitas que foram feitas, de forma a haver a necessária confiança
na projecção.

Outro aspecto importante é que o analista deve entender perfeitamente o escopo


da decisão, ou seja, o que o processo decisório pretende, uma vez que o tempo e
os recursos gastos para fazer a projecção, bem como o critério de projecção, irão
depender do que está em jogo em termos de risco. É extremamente importante
que o analista tenha uma boa ideia da precisão que a sua projecção deve ter, bem
como das consequências para a empresa dos erros associados (conforme o
gráfico de Chambers):

Custo Custo total

Custo da imprecisão

Custo da projecção
Imprecisão
Região óptima

O gráfico acima pretende demonstrar que modelos simples custam pouco, mas
podem ter um custo muito elevado para a empresa, em termos de erro na decisão.
Por outro lado, modelos sofisticados e precisos custam caro, porém a
contrapartida é um menor custo em termos de erro decisório. Assim, é necessário
balancear as duas tendências.

TEMA 3: A ELABORAÇÃO DE PROJECTOS

A Engenharia do Projecto

63
(Os Estudos Técnicos De Engenharia - Extraído de Análise Económica e Financeira
de Projectos, de Fernando Abecassis, Nuno Cabral - 2ª edição)

Introdução:

Os estudos técnicos constituem a área principal de intervenção da engenharia


(engineering) no processo de decisão do investimento e a parte fulcral de todo o
projecto de investimento, na medida em que do realismo e justeza da solução técnica
depende a validade da análise económico-financeira de rendibilidade.
Essa intervenção prolonga-se, de resto, para além da fase de estudos conducentes à
decisão, sendo relevante na subsequente fase de execução, cabendo aos engenheiros
a contratação geral de obras, o acompanhamento das montagens do equipamento, os
testes de arranque e funcionamento.
O objectivo final do estudo técnico é o de seleccionar, dentre as tecnologias
existentes, a tecnologia a adoptar em função de considerações técnicas e
económicas, e definir o edifício onde será instalada a tecnologia, de acordo com as
regras de lay-out.
Em síntese, as tarefas predominantes dos técnicos de engenharia no que respeita à
preparação e arranque de projectos de investimento são as seguintes:

* Estudos técnicos preliminares de concepção;


* Elaboração do anteprojecto e projecto técnico;
* Coordenação e fiscalização da sua realização.

Pesquisa de informações de literatura técnica sobre o tipo de projecto previsto;

A. Estudos Técnicos Preliminares Estudo sumário de alternativas técnicas em relação


ao processo produtivo;

Pesquisa sobre disponibilidades de matérias-primas, ensaios de materiais

Os estudos preliminares têm por objectivo situar os responsáveis técnicos


perante a informação e algumas condicionantes de realização prática.

B. Anteprojecto e Projecto Técnico

Os aspectos propriamente técnicos devem ser abordados com algum detalhe


logo na fase preparatória dum projecto de investimento (fase de
anteprojecto), com o objectivo de :
64
* Ser efectuada uma estimativa tão correcta quanto possível dos custos
de investimento (terrenos, equipamentos, edifícios, etc.);
* Serem estabelecidas correctamente as necessidades de factores de
produção (mat.primas, subsidiárias, mão-de-obra, etc.); as condições locais da
sua obtenção e a partir delas a estimativa do custo de produção para níveis de
capacidade.

Em cada um dos objectivos acima referidos, estão envolvidas as seguintes


tarefas:

Uma planta do terreno e implantação dos edifícios com indicação de áreas cobertas
e não cobertas das secções principais e auxiliares (lay-out geral);

Um diagrama geral das várias fases e operações do processo de produção a


adoptar, com a descrição sucinta de cada uma;
1º Objectivo
A especificação dos equipamentos principais e auxiliares, contendo a
designação, origem, capacidade e custos de aquisição de montagem;

Um cronograma do investimento (duração das fases de construção e


instalação)

Consumos normais de mat.primas, subsidiárias, energia, água, combustíveis, vapor,


ar comprimido, etc., por unidade produzida e por escalões de capacidade;

Lista de pessoal por secções com categorias e previsão de remunerações e


2º Objectivo
encargos sociais;

Condições locais de abastecimento e recrutamento, baseadas em inquérito sobre as


disponibilidades, preços, qualidade;

A partir das peças dos trabalhos anteriores, podem elaborar-se os quadros de


primeira alternativa, dos valores de investimento e de custos de produção. Tais
quadros, como os que se apresentam adiante (Quadros 2, 3 e 4) sintetizam apenas
os aspectos que derivam directamente dos estudos técnicos, não contemplando
os que derivarão dos estudos financeiros, tais como, no que se refere ao
investimento, o valor dos investimentos em capital circulante e o cálculo do juro
durante o período de investimento.
Por isso é que a correcta determinação do valor global dos investimentos e a do
custo de produção pressupõem, não só, o conhecimento dos elementos de
natureza técnica, como igualmente, o conhecimento da forma ou modalidades de
financiamento. Da integração dos elementos técnicos e dos financeiros resulta
então a definição da globalidade dos custos de investimento e de exploração.

65
Quadro 2: Discriminação dos Investimentos Técnicos
Previstos
(Em 1.000 U.M)

DISCRIMINAÇÃO ANOS

Aquisição de terrenos
Preparação dos terrenos
Redes de infra-
estruturas(água,esgotos,energia,gás,
telefones, vias de comunicação,etc.)
Edifícios e construções fabris
Edifícios administrativos e habitações
Equipamentos e instalações
auxiliares, incluindo montagem
Material de transporte, carga e
descarga
Móveis, utensílios, ferramentas de
duração plurienal
Estudos, projectos, fiscalização,
coordenação técnica
Direitos, licenças, registos e taxas
Patentes, royalties, alvarás, marcas a
pagar antes do início da exploração
Formação e treino de pessoal
Investigação própria relacionada
com o projecto

66
67
Quadro 4: Previsão Do Custo De Produção Por Produtos
(Após imputação de custos indirectos ou comuns)

DESIGNAÇÃO DO PRODUTO QUANTIDADE A PRODUZIR EM ANO


NORMAL

DISCRIMINAÇÃO Unidade Quantidade Custo Custo Total


de a consumir Unitário Anual
Medida em ano
normal
1. MATERIAIS
a) Mat. Primas e
Subsidiárias
b) Combustíveis
c) Energia
d) Água
e) Vapor
f) Ar comprimido
g) Embalagens
h) Diversos
.................................
2. MÃO-DE-OBRA
a) Directa
b) Indirecta

3. AMORTIZAÇÕES
a) Fabris
b) Não-fabris

4. SERVIÇOS
a) Conservação
b) Transportes
c) Armazenagem
d) Seguros
e) Outros gastos gerais
.......................
TOTAL

OBS: Deve ser elaborado um quadro de custos para cada produto


TEMA 3: A ELABORAÇÃO DE PROJECTOS

A Localização do Projecto

(Os Estudos De Localização - Extraído de Análise Económica e Financeira de


Projectos, de Fernando Abecassis, Nuno Cabral - 2ª edição; PROJECTOS - Planeamento,
Elaboração, Análise, de Samsão Woiler e Washington F. Mathias )

69
Considerações Iniciais:

O estudo da localização tem por objectivo determinar o local ou locais onde se


torna viável e de menor custo global implantar a empresa ou unidade produtiva
resultante da implementação do projecto.

O problema de encontrar a localização óptima corresponde, em termos de


projecto, a achar a localização que dê o maior lucro possível para a empresa
(entidade beneficiária do projecto), num prazo de tempo compatível com a vida
útil do empreendimento no local.
Por vezes, a empresa tem de tomar em consideração os custos e benefícios
sociais associados a uma determinada localização. Nestes casos, deve procurar-
se a localização que dê a maior razão benefício/custo, tendo também aqui em
conta, um horizonte de tempo adequado.
O problema da localização pode ter uma abordagem complexa, em função do n.º
de factores envolvidos e do volume de investimento que vai ser efectuado; de
modo que é recomendável proceder à sua resolução através dum processo de
tentativa-e-erro; ou seja, a localização óptima (ou satisfatória) deve ser
procurada através dum processo de aproximações sucessivas.
A importância de localizar bem a fábrica é obvia, pois da boa localização
dependerá em parte a capacidade competitiva da empresa no tempo. Por outro
lado, o problema locacional para a empresa tem natureza essencialmente
dinâmica. Ao longo do tempo poderá ser conveniente:
 Expandir o que existe e/ou sub-contratar;
 Reter a fábrica actual e implantar outra;
 Relocalizar a fábrica actual;
Assim, a análise do problema da localização assume um carácter de
periodicidade associada à decisão de investir. Uma boa localização procura
assegurar que o processo produtivo seja realizado aos menores custos, tanto a
curto e/ou longo prazo.

Localização e Investimentos
Uma outra razão que advoga a necessidade de se efectuar uma abordagem
dinâmica do problema de localização é a existência de consideráveis
imperfeições no mercado. Estas imperfeições podem ser traduzidas, de certo
modo, nos custos associados à implantação de determinado processo. Uma
análise do que se passa em termos dos custos associados às diferentes etapas de
um processo de produção, pode ajudar-nos a perceber a influência destes nos
custos de investimento, conforme ilustrado a seguir:

70
ENTRADAS
Custo de
Aquisição

Custo de
Localização
PROCESSO

Custo de
Distribuição

SAÍDAS

Os custos de aquisição dizem respeito à compra e/ou


transporte das entradas (inputs de produção), ou seja, das
matérias-primas, energia, mão-de-obra, etc.
Os custos de distribuição estão associados à distribuição
dos bens e/ou serviços para os mercados consumidores.
Existem também os custos de transformação associados,
entre outros factores, à própria localização. Estes referem-
se, por ex., ao investimento que é necessário fazer para que
o processo seja instalado em determinado lugar. Isto porque
a localização influi, pelo menos parcialmente, nos gastos
de capital e nos custos de operação do processo.

Por exemplo, considerando-se exclusivamente os factores


físicos, a localização determina:

 Se a energia será ou não comprada;

 A extensão dos requisitos de iluminação;

 A capacidade para armazenar matérias primas;

 As necessidades em meios de transporte para


asseguramento do
processo produtivo.

Por outro lado, a firma pode implantar uma fábrica única


para atender todo o mercado ou fábricas menores para
atender aos mercados locais. A fábrica única, capaz de
atender a todo o mercado, será preferível quando ocorrem,
parcial ou simultaneamente, os seguintes factores:

 O processo apresenta economias de escala;

 Os mercados locais apresentam uma demanda pequena, incapaz de


consumir a produção duma fábrica que tenha um tamanho mínimo em
termos económicos;

71
 O valor adicionado ao produto é grande e o frete para os mercados
consumidores é uma parcela pequena deste valor adicionado.

72
A Teoria da Localização e dos Orçamentos Comparados
O problema da localização pode ser tratado mediante a teoria da localização e/ou
dos orçamentos comparados.
A teoria da localização trata apenas do problema da macrolocalização, deixando ao
bom senso dos executivos, a tarefa de indicar a microlocalização. Além disso, o
emprego da teoria da localização pode ser oneroso em termos de custo para
recolher e processar informações, o que o torna económico apenas quando se tratar
de projectos de grande porte.
A teoria da localização visa satisfazer as exigências da macrolocalização. Com base
no transporte e nas condições de acondicionamento, existirá uma orientação pelo
mercado dos “inputs” ou uma orientação pelo mercado dos “outputs”. A escolha da
localização, neste caso será orientada de forma a satisfazerem-se as seguintes
condições:
Tinputs > T outputs  localizar a unidade produtiva próximo do mercado dos inputs
Tinputs < Toutputslocalizar a unidade produtiva próximo do mercado do(s)
output(s), onde:
Tinputs = Custo de transportação dos “inputs”;
Toutputs= Custo de transportação dos “outputs”

O Método dos Orçamentos Comparados resolve simultaneamente a macro e a


microlocalização, além de apresentar um custo menor de elaboração.
O método dos orçamentos comparados parte da premissa básica de que se deve
procurar atingir os objectivos da empresa. Tais objectivos, além do próprio lucro,
serão os demais objectivos intangíveis como, por ex., a satisfação pessoal dos
indivíduos que irão trabalhar em determinado lugar.
O método dos orçamentos comparados procura considerar os factores mais
influentes na escolha da localização. Estes factores são chamados factores
locacionais e podem ser quantitativos e/ou qualitativos.

Os factores quantitativos mais relevantes são os seguintes:


a) Factores que tornam a localização dependente das entradas: Isto
ocorre quando o processo de produção exige mat.primas volumosas
e/ou pesadas, de transporte difícil ou perigoso ou ainda mat.primas
de deterioração rápida;
b) Factores que tornam a localização dependente das saídas: Neste
caso, o mercado consumidor da empresa é de grande importância.
Inserem-se aqui as actividades que processam produtos leves e de
reduzido volume, com elevado valor acrescentado, que utilizam em
elevado grau, materiais que podem ser encontrados em qualquer
parte (bebidas, cerâmica, etc.);
c) Factores que tornam a localização dependente do processo: Nesta
categoria, incluem-se:

73
 Processos que exigem água em quantidade e/ou em certas
condições de pureza;
 Processos que consomem grandes quantidades de energia;
 Processos que causam poluição ambiental: do ar, da água, sonora;
 Processos que dependem de mão-de-obra abundante e/ou
especializada;
 Processos que dependem da disponibilidade de vias de transporte:
rodoviário, ferroviário, hidroviário e aéreo;
 Processos condicionados a determinadas condições atmosféricas.

d) Impostos, factores legais e incentivos: os aspectos fiscais podem


fornecer a motivação ou desmotivação para muitas decisões
locacionais.

Os factores qualitativos dizem respeito, de modo geral, às preferências


pessoais das pessoas envolvidas no projecto.

Aplicação do Método dos Orçamentos Comparados:

A aplicação do método dos orçamentos comparados é feita em cinco


fases:

a) Selecção dos factores locacionais mais importantes, quer os


macro, como os micro: Referem-se aos macro e micro-factores que
devem ser adequados a cada caso;

b) Escolha de zonas: os factores julgados mais relevantes são aplicados


às regiões julgadas como mais compatíveis com o processo que vai
ser instalado;

c) Pesquisas locais nas zonas pré-qualificadas: Feita a pré-qualificação


das zonas julgadas mais interessantes, é feita em cada zona uma
serie de pesquisas detalhadas sobre a mesma (pesquisas
geográficas, pesquisas sobre a existência de matérias-primas,
pesquisas sobre tarifas de transporte, pesquisa sobre a
disponibilidade de mão-de-obra especializada e não especializada,
etc.)

d) Atribuição de pesos aos factores escolhidos: A cada factor é


conferido um peso relativo. Estes pesos serão determinados
segundo os seguintes critérios:

 Peso dos factores, segundo a sua participação nos custos de


produção e/ou de distribuição;

 Peso dos factores em função da sua participação nos custos de


construção e/ou de investimento;

74
 Peso dos factores determinado de acordo com outros critérios.

e) Comparação final: Esta etapa envolverá em primeiro lugar, a


determinação da macro-localização e seguidamente, a da micro-
localização.

A determinação da macrolocalização pode ser feita por quatro métodos:

 Notas por factores e comparação das notas globais;

 Cálculo comparativo do custo de produção e/ou de distribuição em


diversos locais pré-seleccionados;

 Cálculo comparativo do custo de construção e/ou de instalação da


empresa em diversos locais;

 Cálculo pelo custo de transporte mínimo de matérias-primas e/ou


de produtos acabados.

OBS: Tem sido comum o uso combinado de dois ou mais métodos para garantir
uma escolha mais cuidadosa.

A determinação da microlocalização será feita após a escolha da


macrolocalização e já partindo do princípio de que a empresa vai construir.
Neste caso, procura-se o bairro, subúrbio ou zona rural que atende melhor à
empresa. A escolha também pode ser feita com base na localização de
indústrias semelhantes.

Localização e Expansão

Como a localização dum processo produtivo em determinado local envolve um


horizonte de planeamento relativamente longo (em geral, de 10 a 30 anos), é
necessário que se tenha em mente este carácter de permanência. É preciso,
portanto, que a empresa ou o promotor do projecto antecipe o máximo possível
as condições futuras que poderão influir na localização escolhida.

Por exemplo, é importante considerar que a empresa pode vir a necessitar de


ampliações sucessivas para atender à procura futura. Neste caso, o próprio
projecto de instalação da fábrica deve prever estas ampliações, construindo-se
uma infra-estrutura adequada que possibilite tais expansões. Com tais providências,
um maior custo inicial de instalação será amplamente compensado nas ampliações
futuras.

O Processo de Localização em Termos de Projecto

75
Apesar das vantagens que o método dos orçamentos comparados apresenta para a
determinação da localização, um dos grandes inconvenientes decorrente da sua
utilização é o de não incluir o factor tempo. Este inconveniente pode ser
parcialmente contornado quando se usa a própria metodologia de elaboração e
análise de projectos para determinar a localização mais adequada. Para isso, é
feito um projecto de viabilidade completo para cada um dos locais pré-
seleccionados, onde são incluídas as mudanças mais relevantes que se supõem
ocorrer no futuro, tais como: ampliações, variações nos custos relativos dos
factores, alterações nos mercados, etc.

Calcula-se então o Valor Líquido Actual (VLA) mediante determinada taxa de


desconto e escolhe-se a localização que provê o maior valor líquido actual, ou seja,
escolhe-se assim a localização de máximo lucro associada às transformações
esperadas no futuro.

Localização e Dimensão
A relação entre a localização e a dimensão (do mercado e da própria unidade
produtiva a implantar) deriva da necessidade de se saber se para um certo
mercado, com uma certa taxa de crescimento, é preferível localizar uma só
unidade num certo local ou mais que uma unidade em diferentes locais. As
chamadas economias de escala condicionadas pela dimensão do mercado
actuam por sua vez como condicionantes da localização. Em termos práticos, há
que contrapor as economias de custos de produção, resultantes de uma maior
dimensão da unidade produtiva, às deseconomias de custos de distribuição
resultantes de uma localização única mais distante de algumas áreas do mercado
consumidor.

76
TEMA 3: A ELABORAÇÃO DE PROJECTOS

O Tamanho do Projecto
(Determinação Da Escala Ou Dimensão Do Projecto - Extraído de
PROJECTOS – Planeamento, Elaboração, Análise de SAMSÃO WOILER E WASHINGTON F.
MATHIAS); Análise Económica e Financeira de Projectos -2ª edição – Fernando Abecassis, Nuno
Cabral)

77
Introdução

Determinar o tamanho ou a capacidade de produção a ser instalada na futura


fábrica/unidade produtiva ou empresa resultante da implementação do projecto é
uma questão de grande importância. Uma fábrica de grande capacidade pode
representar um potencial de bons lucros, se houver economia de escala e se a
procura crescer a uma taxa elevada. Todavia, pode representar um problema se
a procurar crescer a uma taxa modesta.

Por outro lado, o promotor do projecto poderá decidir-se pela implantação de


uma fábrica mais pequena, prevendo ampliações sucessivas à medida que a taxa
de crescimento da procura for crescendo. No entanto, nesse ínterim a
concorrência poderá entrar/aumentar e reduzir o potencial de lucros e por sua
vez, a própria empresa terá custos maiores com a ampliação do que aqueles que
teria se já tivesse feito uma fábrica grande de uma só vez.

Este tipo de conjecturas demonstra-nos que a escolha do tamanho não só tem


consideráveis influências sobre a capacidade futura de competição, como
também constitui uma questão complexa. Este facto, deveria induzir um maior
cuidado na abordagem desta questão, mas na prática, constata-se que esta
análise é geralmente relegada para segundo plano ou negligenciada. Uma das
razões para que isto aconteça é derivada do facto de a sua solução depender da
predeterminação das demais variáveis do projecto, tais como: mercado,
localização, aspectos técnicos, etc. Assim, a determinação da capacidade
adequada a ser instalada dependerá de um processo de aproximações
sucessivas. Como este processo pode ser dispendioso, é necessário que seja
abordado criteriosamente, i.e. que haja um balanceamento conveniente entre os
custos de elaboração e análise e o volume de investimento envolvido.

O estudo da dimensão ou capacidade está estreitamente relacionado com o


estudo de mercado e com os estudos técnicos, na medida em que, por um lado, a
dimensão é naturalmente condicionada pela grandeza previsível do mercado e,
por outro lado, factores de ordem técnica condicionam a rentabilidade, dentro de
certos limites, da capacidade produtiva.

Nota-se assim, que o conceito de capacidade não é exclusivamente técnico


(máximo de produção possível, dado um certo equipamento) mas também
económico (nível de p.ção que minimiza os custos unitários ou conduz ao lucro
máximo, atendendo ao mercado).

Definição: O tamanho da fábrica (ou de determinado processo) é a capacidade de


produção que pode ser atingida pela mesma, durante um período de tempo
normal, do ponto de vista técnico e económico. Como o conceito de capacidade é
diferente segundo as duas vertentes (técnica e económica), vamos analisa-lás em
separado.
O Conceito de Capacidade de Produção do Ponto de Vista Técnico

Do ponto de vista técnico: capacidade é a máxima produção que deve ser obtida
com determinado processo (ou equipamento) durante um determinado período de
tempo. Neste sentido, há-que separar o conceito de capacidade nominal do
conceito de capacidade efectiva.

A capacidade nominal (Cn) é a capacidade teórica que seria obtida, caso todos os
equipamentos funcionassem de modo eficiente. Entretanto, há-que notar que
existem interrupções e/ou perdas de eficiência devidas a:

 Mão-de-obra destreinada, incapaz de operar os equipamentos com toda a


eficiência desejável;
 Paragens obrigatórias para realização de trabalhos de manutenção e/ou
reparação, etc.

Constata-se assim, que a capacidade efectiva (Ce) do processo de produção


tende a ser bem menor que a capacidade nominal dada, havendo então a
necessidade de determinar um nível de utilização (Nu), da seguinte forma:

Ce
Nu =
Cn

Este índice é o que deve ser usado para a determinação do potencial de oferta de
determinado sector, tal como já foi referido no capítulo concernente ao estudo do
mercado.

Muitas vezes, observa-se que o nível de utilização se situa bastante abaixo do que
é considerado normal para um dado sector. Isto pode ocorrer em virtude da
indivisibilidade de certos equipamentos, quando a empresa realiza uma expansão
não balanceada ou porque o processo produtivo depende de matérias-primas de
carácter sazonal e/ou limitadas a certos meses do ano. Nestes casos, os técnicos
devem ajustar o conceito de tamanho através da consideração do tempo de
operação.

O Conceito de Capacidade do Ponto de Vista Económico


Do ponto de vista económico: capacidade é o nível de produção que corresponde
ao mínimo do custo médio unitário de produção. Este nível de produção de custo
mínimo pode ser considerado sob o critério de custos de produção de curto ou de
longo prazo. È importante referir também que o conceito de custo de produção
económico difere do conceito contabilístico.

Do ponto de vista económico, considera-se que os custos dos factores para a


empresa são os valores que os mesmos teriam no seu melhor uso alternativo, i.e.,
o ponto de vista económico tem em consideração o custo de oportunidade dos
79
factores. Nesta óptica, os custos de p.ção são compostos de elementos explícitos
e implícitos.

Com base nesta noção de custo, pode-se dizer que o ponto de vista económico
procura considerar não apenas a capacidade física, mas também os demais
factores económicos que participam do processo, tais como: o uso do capital
circulante, as ofertas sazonais de mat.primas, o custo incremental decorrente do
uso mais intensivo dos equipamentos (funcionamento de turnos), etc.

A disparidade entre o óptimo técnico e o óptimo económico de dimensão ou


capacidade tem a ver com a indivisibilidade de certos factores técnicos (edifícios,
equipamentos) e a lei dos rendimentos decrescentes.

Do ponto de vista económico, o problema da dimensão é abordado do seguinte


modo:

1º: Toma-se a dimensão global do mercado, como limite máximo para a


capacidade;

2º: Recolhem-se indicações sobre o mínimo economicamente rendível de


unidades semelhantes do País ou de outros países; Se esse mínimo for maior que
o mercado total previsto (interno e externo), o projecto deve ser rejeitado; se for
menor, o estudo deve ser prosseguido, passando a analisar-se a relação
capacidade-quota de mercado;

3º: Estabelecem-se os custos fixos e variáveis e determina-se o ponto crítico de


capacidade; Se tal ponto crítico se situar acima do que se previa, como quota do
mercado para o projecto, este deve ser rejeitado; se se situar abaixo, o projecto
deve ser prosseguido;

MÍNIMO ECONOMICAMENTE RENDÍVEL. ECONOMIAS DE ESCALA – O QUE


REPRESENTAM?

O Mínimo Economicamente Rendível é apresentado através de estudos de perfis


de conjuntos de empresas da mesma actividade. Tais estudos permitem, em
primeira análise, situar a viabilidade económica de realização de um determinado
investimento por confronto entre a dimensão do mercado e a dimensão mínima
economicamente aconselhável.

É evidente que as condições específicas de cada país ou região, quanto à


disponibilidade, custo dos factores de produção e respectiva produtividade,
fazem variar o mínimo economicamente rendível. Contudo, deve ser tomado
sempre em conta que:

 A variação, por condições específicas, se regista dentro de limites estreitos,


sendo certo que, unidades projectadas para capacidades muito inferiores ao
mínimo económico, apresentarão custos de produção não competitivos ;
80
 É conveniente, para o próprio projecto, ter estimativas genéricas do custo de
produção para pelo menos 3 escalas de capacidade de modo a situar o
comportamento do custo unitário médio

As economias de escala relacionadas com aspectos técnicos são por seu lado,
apreensíveis através de estudos feitos para várias indústrias no sentido de definir
um «expoente de escala» traduzido por uma fórmula do tipo:

P2
K2 = K1 ---- onde:
P1

K1: é o investimento necessário à produção P1;


K2: é o investimento necessário à produção P2 e
: é o expoente de escala, em geral situado entre 0,6 e 0,7 como ordem de
grandeza para estimativas rápidas.

Uma fórmula deste tipo só permite estabelecer as diferenças prováveis ao nível


dos custos de investimento quando se faz variar, num projecto, a sua dimensão.

PONTO CRÍTICO

É usual classificarem-se os custos de produção em fixos e varíaveis. Fixos são os


que não variam com o nível de actividade quando o equipamento e a organização
permanecem constantes, isto é, quando a capacidade total de produção não é
alterada. Esta distinção dos custos tem a ver com o horizonte temporal envolvido:
curto prazo e longo prazo.

A classificação dos custos de produção em fixos e varíaveis é de grande interesse


do ponto de vista da preparação dos projectos produtivos por proporcionar um
critério simples de determinação do limiar de rendibilidade, em termos de
capacidade ou nível de produção – o chamado ponto crítico (break even point).

O ponto crítico vem a ser o nível mínimo de capacidade, ou volume de produção,


que permitirá a cobertura, pelas receitas, dos custos de produção, ou seja, o
ponto de capacidade a partir do qual o projecto se torna lucrativo.

O processso de determinação do ponto crítico, em termos de volume de produção


ou em percentagem da capacidade, é muito simples, quando se pressupõe que os
custos varíaveis são todos proporcionais e que a qualquer nível de produção não
há alteração do preço unitário de venda (receitas totais proporcionais à
quantidade vendida). Assim sendo:

q = quantidade a produzir;
p = preço unitário de venda;
CF = custo fixo total da produção
CV(q) = custo varíavel total da produção q
81
CV(q)
v = ---------- = custo unitário variável
q

CT(q) = CF + CV(q) = custo total da produção q


RT(q) = p.q = receita total de venda da produção q

O ponto crítico é definido, em quantidade de produção – q – por:

p.q = CF + CV(q) = CF + v.q CF


CF = pq – vq = q (p-v) q= -------
p–v

Graficamente, o ponto crítico correspondendo à intersecção da recta do custo


total com a da receita total (hipótese de proporcionalidade) seria conforme se
mostra na figura a seguir:
Custos ou receitas totais(unid. Monetárias)

RT (q)

CT (q)

CV (q)

CF

q
qc

(quantidades produzidas ou % da capacidade)

A níveis de produção abaixo de qc o projecto não será justificável, a níveis acima


de qc será em princípio justificável. A determinação do ponto crítico é importante
por ajudar a ajuizar da flexibilidade de um projecto. Um projecto com um ponto
crítico baixo assegura ao seu promotor maior segurança perante a incerteza do
mercado.

82
Medidas Alternativas de Tamanho

Além dos critérios anteriormente explicados, podem ser utilizados outros


critérios para medir o tamanho. Estes critérios são geralmente menos precisos,
mas têm a vantagem de ser mais simples e por vezes, são os únicos para os quais
se têm dados disponíveis. Assim, o tamanho pode ser medido através dos
seguintes indicadores:

- Número de empregados totais e/ou número de operários ligados à


produção;
- Volume de facturação;
- Total de capital empregue e/ou valor do património líquido;
- Valor total adicionado pela empresa;
- Volume (ou peso) da matéria-prima consumida.

O Conceito de Tamanho Óptimo

Entende-se por tamanho óptimo, aquela escala de produção que conduz à mais
alta rentabilidade para a empresa em um dado intervalo de tempo. O tamanho
óptimo pode ser também entendido como sendo, a escala de produção que
conduz ao maior rácio benefício/custo para o empresário e/ou para a sociedade.

Uma vez que o factor tempo é muito importante, os custos e receitas associados
à escolha do tamanho óptimo devem ser analisados ao longo do tempo.
Geralmente, a análise é feita para um horizonte temporal de planeamento igual á
vida útil da fábrica. Desse modo, o tamanho óptimo será aquele que permite
obter o maior valor líquido actual (VLA), descontado a uma determinada taxa de
juros.

A estratégia óptima para expansão será aquela que conduzir ao mínimo valor
actual dos custos para se prover a capacidade requerida.

83
TEMA 3: A ELABORAÇÃO DE PROJECTOS

Os Estudos de Enquadramento Jurídico do Projecto

84
O Enquadramento Jurídico-Legal do Projecto:

No processo de elaboração de um projecto de investimento devem também


sistematizar-se as informações sobre os meios legais de o realizar, pois pode
bem acontecer que o projecto seja técnica, financeira e economicamente viável,
mas materialmente irrealizável, à luz das referidas informações.

Informações sobre os meios legais:

Não existem naturalmente, esquemas rígidos sobre a metodologia a ser seguida


para sistematizar este tipo de informações, mas duma forma genérica, podem-se
apontar os seguintes:

1º- Regime jurídico de início do exercício da actividade pretendida:

 Quem a pode exercer;


 O que precisa de fazer?

É comum encontrar nos vários países, actividades industriais e outras que para
serem desenvolvidas ainda carecem de autorização prévia e ou que estão
vedadas à iniciativa privada. Por exemplo, a indústria petrolífera, diamantífera, de
armamento são algumas das actividades que são geralmente monopolizadas
totalmente ou parcialmente pelo Estado. Em outros países, a lei de terras por ex.:
chega a constituir um grande constrangimento para o desenvolvimento de
projectos de investimento.

2º- Regime jurídico de exploração da actividade pretendida:

Toda a legislação económica que regula a actividade em causa deverá ser


previamente estudada. Em particular, as normas de Direito Administrativo e
Comercial, em geral, e os aspectos particulares da legislação sectorial do
Trabalho que possam incidir sobre a actividade. Os aspectos de maior relevância
a não esquecer, são:

 Disposições legais sobre higiene, segurança, salubridade das


instalações, seguros;

 Disposições legais sobre trabalho (Contratos, Acordos, Portais);

 Disposição legais sobre preços das produções a efectuar;

 Disposições legais sobre a comercialização interna e externa


relacionadas com a produção em causa, com destaque para a
legislação aduaneira (ex.: direitos e taxas de importação de matérias-
primas);

85
 Legislação fiscal relacionada com a actividade (impostos directos e
indirectos, isenções, etc.)

3º Formalidades legais de constituição da empresa que explorará o


projecto

No caso de se tratar de um projecto que dará origem virtualmente a uma nova


empresa, haverá obviamente que iniciar os procedimentos legais para a sua
constituição, envolvendo nomeadamente:

 A escolha e registo oficial da denominação social;


 A elaboração do pacto social;
 A realização da escritura de constituição;
 A subscrição do capital e a sua realização parcial ou total pelos sócios.

86
TEMA 3: A ELABORAÇÃO DE PROJECTOS

As Necessidades de Financiamento para o Projecto


(Extraído de PROJECTOS - Planeamento, Elaboração, Análise -2ª edição; Textos de Apoio - Dr.
Quipipa João Boa F.)

87
Introdução

A execução de um projecto dependerá fundamentalmente dos recursos


disponíveis interna e externamente por parte do promotor do projecto. O capital
próprio que o promotor colocará no projecto é um elemento importante para a
determinação do investimento total que pode ser feito, uma vez que muitas
instituições só emprestam recursos financeiros até certos limites deste capital
próprio.

A disponibilidade de recursos próprios e/ou alheios poderá limitar o tamanho do


processo que se pretende implantar. Além disso, o endividamento excessivo
pode acarretar um risco financeiro elevado, podendo mesmo comprometer a
viabilidade do projecto. Isto ocorre porque os recursos externos (alheios) exigem
uma remuneração fixa e prioritária, já que são recursos que não participam do
risco comercial associado ao empreendimento.

Um dos grandes obstáculos à realização dos projectos de investimento tem sido


o seu financiamento. O financiamento dos projectos constitui preocupação
diversa, consoante se trate de projectos inseridos no âmbito de uma empresa já
em actividade (caso típico dos investimentos de substituição) ou de projectos
que suscitam a criação de uma nova empresa.

No 1º caso, poderá ocorrer que o projecto seja exclusiva ou predominantemente


autofinanciado, isto é, financiado com meios libertos anteriormente por outras
actividades da empresa; no segundo caso ou se encara o financiamento na
totalidade por capital social de constituição da empresa ou por recurso a capital
alheio para uma parte.

A situação mais frequente é todavia, em qualquer dos casos, recorrer pelo


menos parcialmente a capital alheio e, por conseguinte, torna-se necessário
dispor de um mínimo de informação inicial sobre o mercado financeiro, que
constitui a fonte de financiamento dos projectos.

Uma abordagem sobre as fontes de financiamento do projecto deve ter sempre


em linha de conta a perspectiva de análise. Assim é possível destacar as
seguintes fontes:

 Quanto à origem dos recursos:


♦ Fontes próprias, e
♦ Fontes alheias

 Quanto ao prazo:
♦ Fontes de curto prazo, e
♦ Fontes de médio e longo prazo

Uma empresa deve realizar as diferentes operações nos três níveis de


abordagem financeira: ciclo de exploração, ciclo financeiro e ciclo de
investimento, sustentada sempre por um princípio de racionalidade económica.
88
Neste sentido, com a identificação das necessidades financeiras e a construção
dum cronograma financeiro, sempre com suporte numa perspectiva de equilíbrio
financeiro (TL ≥ 0), a percepção das fontes de financiamento em função da
natureza das aplicações afigura-se como fundamental para a realização do
projecto.

TL=FM – NFM ou TL = Disponibilidades – Auxílios Bancários

Fica assim implícita uma perspectiva de abordagem que privilegia o conceito de


Fundo de Maneio (FM), segundo a qual:

FM = Capitais Permanentes – Activo Fixo

A forma como esta acepção é apresentada leva-nos à uma incursão sobre o tema
central deste tema em abordagem:

Financiamentos a Curto Prazo versus Financiamentos a Médio e Longo Prazo /


Financiamentos com Capitais Próprios versus Financiamento com Capitais
Alheios.

Numa 1ª aproximação desta discussão, que encontra espaço a nível da Gestão


Financeira e da Análise Financeira, fica evidenciada a perspectiva consensual de
que:

Os Financiamentos de Funcionamento (Exigível de Curto Prazo) devem


basicamente cobrir as Aplicações de Funcionamento (Activo Circulante) e os
Financiamentos de Investimento (Capitais Permanentes) devem cobrir as
Aplicações de Investimento. Contudo, é de igual modo consensual destacar que
em presença de um excedente em Capitais Permanentes, depois de cobertas as
Aplicações de Investimento, há lugar para o financiamento de parte do Activo
Circulante.

Numa 2ª e última aproximação, podemos chegar ao consenso de que haverá uma


maior rentabilidade dos capitais próprios desde que:

A partir de: RCP = RO/CP={ [r*CP + CE(r-i)] /CP} *(1-t)


RCP = [ r + CE/CP(r-i) ]* (1-t)

onde:

RCP é a rentabilidade dos Capitais Próprios;


RO é o resultado operacional;
r é a rentabilidade económica da empresa (ROI= RO/AT);
CP são os capitais próprios;
CE são os capitais alheios;
i é a taxa de juro e t é taxa de imposto;
AT são os activos totais

89
Se assegure que: r> i com, preferencialmente, CE> CP⇒ faz-se apelo a designada
rendibilidade extrínseca, que é devida ao efeito da alavanca da dívida (CE/CP).

A Gestão Estratégica; Biblioteca de Economia, Publicações Dom Quixote, 1ª


edição, propõe-nos uma equação suplementar, segundo a qual G=RCP* p, onde p
é a taxa de retenção dos resultados e G é a taxa de crescimento máximo
sustentável por uma empresa(projecto).

Daqui resulta que a partir de G=  r*p + CE/CP(r-i)* p  * (1-t), a empresa (projecto)


dispõe de dois motores de crescimento de activo, que são:

(r*p) = factor de crescimento intrínseco, e CE/CP (r-i) *p = factor de crescimento


extrínseco.

Assim, as decisões de financiamento potenciam positivamente ou negativamente


as decisões de investimento (geradoras de riqueza), permitindo aumentar a
rentabilidade dos projectos.

Fontes de Recursos

O mercado financeiro é o mercado de capitais a prazo, ou seja, o total de ofertas e


procuras das instituições financeiras, das empresas e dos indivíduos para
aplicação, seja em empréstimos, seja em aumentos de capital, títulos, (obrigações
e acções), etc.

As instituições financeiras especializadas no crédito a médio e longo prazos fazem


depender a atribuição de créditos a um processo sistemático de apreciação, que
começa pela submissão pelo promotor do projecto, de um dossier organizado
segundo requisitos e critérios dessa instituição.

Por sua vez para que o projecto possa obter crédito será necessária a existência
de algumas pré-condições: o promotor do projecto/a empresa deve ter garantias
reais, contribuir com uma parcela pré-estabelecida de recursos próprios,
demonstrar que o projecto é rentável e que está em condições de atender aos
compromissos a serem assumidos. Esta última condição refere-se à capacidade
financeira do projecto, ou seja, as receitas previstas deverão (pelo menos) cobrir
os custos variáveis (de produção), os custos financeiros (juros) e gerar recursos
de caixa suficientes para devolver o principal.

Diferença entre os Recursos Próprios e os Recursos de Terceiros

Os empréstimos (recursos de terceiros) vencem em datas pré-fixadas, quando


devem ser restituídos, de tal forma que os direitos dos credores têm prioridade
sobre os direitos dos proprietários, no caso de uma eventual liquidação. O
pagamento do serviço da dívida (os juros) pode ser considerado como um custo

90
fixo, uma vez que o mesmo não depende da eventual existência de lucro, ou seja, o
empréstimo não participa no risco empresarial associado ao projecto.

Por sua vez, a menos que seja constituída uma empresa com duração limitada, o
capital próprio não tem data de vencimento. Os accionistas têm direito à
remuneração pela participação no risco empresarial, o que se traduz pelo
controlo administrativo do empreendimento e pelo recebimento de uma
remuneração média maior.

Factores A Serem Considerados Na Selecção das Fontes de


Financiamento

O ponto de partida para a análise dos recursos a serem aplicados no projecto é a


determinação do volume total de investimento a ser feito e o correspondente
cronograma de desembolsos durante a implantação. Com esses dados, será
possível a busca e selecção das fontes de recursos capazes de satisfazer as
necessidades de financiamento do projecto. Entretanto, na busca dos recursos
financeiros, há factores relevantes a ter em conta. De entre, os factores mais
relevantes contam-se os seguintes:

 Compatibilidade

A empresa (promotor do projecto) deve procurar adequar as origens dos fundos


com as aplicações previstas. Como as aplicações no projecto são divididas
basicamente em Activo Fixo e em Activo Circulante, deve-se procurar que o
Activo Fixo e o Capital Circulante Próprio devem ser financiados com recursos
próprios e empréstimos de médio e longo prazo. Deve ser assim, porque estas
aplicações têm um retorno mais lento na operação normal da empresa, não
sendo por isso viável o seu financiamento com recursos de curto prazo, que são
normalmente muito mais onerosos. Já uma parcela das aplicações em capital
circulante, sobretudo aquela devida a variações aleatórias e/ou a financiamentos
normalmente obtidos dos fornecedores, pode ser financiada com recursos de
curto prazo, conforme é ilustrado no gráfico a seguir:

Valor ($)
Empréstimos de Curto
Prazo

A.Circulante
Empréstimos de Longo Prazo

Capital Próprio
A Fixo

Tempo

Implantação Operação
91
 Risco

A existência de remuneração diferenciada em função da fonte de recursos obriga


a empresa ou promotor do projecto a procurar estabelecer um equilíbrio
conveniente entre as fontes, para minimizar o seu custo de capital.

Em termos financeiros, haverá que considerar o risco primário , como sendo


aquele que está associado à possibilidade de que o fluxo de caixa gerado pelo
projecto (cash-flows) não seja suficiente para pagar os juros e as amortizações
das dívidas; e o risco secundário que se refere à possibilidade dos accionistas
possuidores de acções ordinárias não serem remunerados.

 Rendimento

Este factor está intimamente associado com o anterior. A necessidade de


remunerar as diferentes obrigações, implica que a rentabilidade do projecto
deve ser adequada. O mesmo pode ser dito da estrutura financeira da empresa,
que deve ser favorável.

 Controle

Os accionistas ou promotores do projecto procuram manter o controle do


projecto, dado o aporte próprio que dão ao mesmo. Entretanto, caso o grau de
endividamento do projecto seja muito elevado, os credores poderão querer
interferir na gestão da empresa, de forma a garantir o reembolso do(s)
empréstimo(s).

 Flexibilidade

A flexibilidade da estrutura de financiamento para o projecto tem a ver com a


maior ou menor possibilidade de alteração na composição dos fundos, dada a
maior ou menor rigidez da da oferta de capitais.

 Época

O tempo certo para tomar a decisão de investir no projecto não diz só respeito
às questões do mercado e dimensionamento do projecto, mas também à questão
da obtenção dos recursos; isto porque a liquidez observada na economia pode
afectar a disponibilidade de recursos e o seu custo. Nestas condições, um
projecto pode ser viável em termos de obtenção de recursos em certa época e
inviável numa outra.

92
Modalidades de Amortização

O reembolso do empréstimo tomado é feito mediante o pagamento de juros e


amortização do principal. Nos sistemas de amortização utilizados pelas
instituições financeiras, os juros são sempre calculados sobre o saldo devedor.
Isto significa que é considerado apenas o regime de juros compostos. O não
pagamento de juros em dado período levará a um saldo devedor maior, já que se
calcula o juro sobre juro.

Qualquer dos sistemas ou modalidades de amortização pode ter prazo ou não,


com excepção do chamado sistema americano, porque o principal é devolvido
numa única vez. È importante referir que os juros podem ser pagos ou
capitalizados durante o prazo de carência, dependendo do acerto entre as partes
envolvidas no financiamento.

Os principais sistemas de amortização são os seguintes:

a) Sistema de Amortização Constante (SAC)

As parcelas de amortização são iguais entre si. Os juros de um período são


calculados pela multiplicação da taxa de juros contratada(na forma unitária) pelo
saldo devedor existente no período anterior. Neste sistema, as prestações
decrescem de modo contínuo.

b) Sistema Francês

As prestações são iguais entre si, e o seu cálculo é baseado numa anuidade.
Deste modo, uma parte da prestação paga o juro e a outra parte devolve o
principal. A dívida fica completamente saldada na última prestação.

c) Sistema Americano

Após um determinado prazo, o devedor (tomador do empréstimo) paga o capital


emprestado numa única parcela. A modalidade mais comum é aquela em que os
juros são pagos durante a carência. Neste sistema, o devedor poderá querer
aplicar os recursos disponíveis para gerar um fundo que iguale o desembolso a
ser efectuado para amortizar o principal. Este fundo é conhecido na literatura
americana, por “sinking fund”, ou fundo de amortização em português.

d) Sistema de Amortizações Variáveis

As parcelas de amortização são contratadas pelas partes e os juros são


calculados sobre o saldo devedor.

93
O Custo Efectivo de um Empréstimo e a Selecção entre Opções de
Financiamento
Quando uma instituição financeira se dispõe a conceder um financiamento, por
vezes, ela apresenta os termos do empréstimo, em termos nominais e não em
termos efectivos. É comum também nos empréstimos feitos, que as instituições
financeiras cobrem o imposto sobre operações financeiras (IOF), comissões, etc.
Além disso, em operações de repasse de empréstimos externos pode ser
necessário pagar um custo adicional de imposto de rendimento para a remessa
dos juros para o exterior. Estes encargos adicionais aumentam a taxa de juros
real para o mutuário, sendo por isso indispensável a sua inclusão no cálculo, de
modo que sejam possíveis as comparações das diversas alternativas.

O cálculo da taxa de juros real de um empréstimo é feito, tomando em


consideração a taxa de inflação do período em referência, ou utilizando o
conceito da taxa interna de retorno ou rentabilidade: calcula-se a planilha do
empréstimo do ponto de vista do credor e, em seguida, calcula-se a taxa interna
de rentabilidade associada ao fluxo de caixa do empréstimo, que será o custo
efectivo do mesmo.

Para se fazer a comparação entre duas opções de financiamento alternativas, o


critério a ser utilizado, é o valor actual. A taxa de juros de desconto a ser
empregue é a que mede o custo de capital para a empresa. Calcula-se então o
valor actual dos fluxos de caixa dos empréstimos e escolhe-se a alternativa de
empréstimo que apresente o menor valor actual. Caso, as alternativas sejam
iguais (em termos dos valores sacados e das datas de saque e de amortização),
pode-se utilizar o critério do custo efectivo. Neste caso, selecciona-se a
alternativa que apresentar o menor custo efectivo (de financiamento).

94
Quadro 3
Discriminação dos Custos de Produção Previstos
(Antes da imputação de custos indirectos)

Unid. Custo Total


de Produto A Produto B … Produto N Anual(Soma)
medida Quant. Cus Custo Q.de a Custo Custo Qde a Cu Cus Qua Cust Custo
a to Total com- Unitá- Total com- sto to tid Unit Total
consumir Unit sumir rio sumir Uni Tota a ário.
á- tári con
rio sum
A- CUSTOS DIRECTOS
1. Matérias-primas e subsidiárias
______________________________________________________
________________________________________________
2. Mão-de-obra
______________________________________________________
________________________________________________
3. Serviços e Fornecimentos de Terceiros
______________________________________________________
________________________________________________
4. Amortizações e Outros Custos Directos
______________________________________________________
________________________________________________
SOMA A
B.CUSTOS INDIRECTOS (a imputar)
1. Matérias auxiliares
______________________________________________________
________________________________________________
2.Mão-de-Obra
______________________________________________________
________________________________________________
3.Serviços e fornecimentos de terceiros
______________________________________________________
________________________________________________
4.Amortizações e Outros Custos Indirectos
___________________________________________________
SOMA B
TOTAL (A + B)

95

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