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Aula 2 - Diferença entre estilo e técnica

Técnica de redacção forense:

• Redacção é o instrumento de trabalho dos comunicadores em geral e, de modo específico,


dos profissionais e operadores de direito (juízes, advogados e servidores de justiça).
• A redacção técnica é diferente da literária nas finalidades e na forma.
• A redacção técnica é uma comunicação objectiva, obedecendo a uma padronização que
facilita o trabalho e dá ao redactor maior segurança da sua eficiência. Caracteriza-se por
um texto mais culto, gramaticalmente correcto, claro, obiectivo e com vocabulário
adequado à área de actuação (Marleine Toledo- “Comunicação Jurídica”).

Assim:

Escrever bem é uma técnica que exige:

• Conhecimentos gramaticais;
• Estilo próprio; e que se;
• Desenvolve e aperfeiçoa com a prática da redacção; sendo;
• Necessários recursos técnicos adquiridos com o constante exercício da reflexão, leitura e
escrita, sem medo de errar e sem preguiça de corrigir os erros.

Técnica - é todo o conjunto de procedimentos utilizados (que servem, por sua vez, para definir
o estilo) numa arte, ofício ou qualquer outra actividade.

Estilo - prende-se com a maneira/ a forma de se dizer / escrever / pintar / esculpir...

No Estilo sobressaem:

1. Texto Narrativo: (pertencem todos os textos de prosa ou verso)


• Aquele que relata acontecimentos ou situações que constituem a acção (mundo
exterior);
• Existe um narrador;
• Existem personagens que vivem a acção;
• Está determinado no tempo e no lugar,
• Sequência de eventos (ficcionais) que se sucedem no tempo;

v.g. Diário de Anne Frank


O Principezinho (Saint Antoine de Exupery)
Discurso de Agostinho Neto aquando da Independência

2. Texto dramático: (destina-se a ser representado por actores num palco)


• Vivido no tempo presente;
• Existe um texto principal (fala dos actores);
• Existe um texto secundário (indicações fornecidas pelo dramaturgo ao
encenador e actores com vista à sua representação);
• Narração de factos no espaço e no tempo;
• Não há narradores (são falas) onde predomina o discurso directo;
• O cenário encontra-se envolto em simbologia.

v.g. "A Castro", António Ferreira


"Romeu e Julieta", William Shakespeare

3. Texto lírico ou poético: (foca os sentimentos do poeta- a sua vida anterior)


• Caracteriza-se pela sua subjectividade e plurissignificação;
• Expressão subjectiva de sentimentos;
• Função emotiva da linguagem;
• Exprime o estado de alma, pensamento e sentimentos;
• “eu” ou anterioridade do sujeito
• Não tem elementos descritivos a não ser para enaltecer o “eu” poético;
• Texto estático (diferente, portanto, do texto narrativo) que representa e imobiliza
uma emoção, sensação e uma ideia;
• Subjectivo e alheado de circunstâncias, objectos, eventos...;
• Utilização de rimas e semelhanças fónicas (figuras de estilo).

v.g. "morrem as folhas..." (significará "caem as folhas").

Técnicas de redacção forense para:

a) Citação de Leis (deve fazer-se da seguinte forma):


1. Número da lei
2. Data

v.g. Lei nº 6/99, de 3 de Setembro

Decreto Lei nº 47 344, de 25 de Novembro de 1966 (C.C)

(em citações subsequentes da mesma lei pode apenas colocar-se o número da lei seguida do ano
- Lei nº 6/99).

• O texto de um artigo inicia-se com maiúscula e acaba com ponto final (excepto quando
estão a exemplificar qualquer situação v.g. no exemplo que segue estar-se-ia a falar do
princípio da igualdade e pretendia-se referenciar o mesmo numa determinada disposição
legal

Dispõe o Cód. Civil:


Art. 125º, O Juiz dirigirá o processo conforme disposições neste código, competindo-
lhe:
I- Assegurar às partes igualdade de tratamento;
II- (...)
III- (...)
Artigo com mais de um paragrafo utilizar símbolo § e nas alíneas utilizar o símbolo “)” ou
parênteses v.g.

De acordo com o§ 3 alíneas a) a e) do art. 20° do C.P.C. (ou alíneas "a" a


"c" do CPC)"

As datas devem ser citadas por extenso v.g.

25 de Abril de 1974

Os Decretos podem ser citados da seguinte forma:

Decreto-Lei nº ....
Dec. - lei nº......
Decreto-Estadual nº......
Decreto-Executivo nº .....

b) Tratamento formal:

O vocativo a ser empregue nas comunicações dirigidas a autoridades governamentais /membros


do poder legislativo ou judiciário /oficiais - generais: Excelentíssimos / Exmºs v.g.

Exmo. Sr. Presidente do Tribunal de Justiça


Ao Exmo. Sr. Desembargador

c) Maiúsculas, Citações e formatação:

Não se escreve o nome todo de um autor em maiúsculas apenas as iniciais devem ser maiúsculas
v.g.

Pascual Molina “Manual Prático do Advogado”

Para se destacar alguma expressão utilizar o negrito:, sublinhado ou itálico (mas não se deve
exagerar);

Pode-se utilizar no computador a letra "times new roman". tamanho 12/13, espaço 1/5 sempre
em todo o texto;

Utilizar folhas próprias ou requerimentos de formatação própria ou exigida (sempre preferível


fazer um requerimento com digitalização de texto do que manuscrito).

d) Boa redacção:
• Correcção gramatical;
• Emprego de linguagem simples e objectiva;
• Boa apresentação do texto (utilizar tinta preta ou azul e não rasurar o texto porém, se
necessitar de o fazer, colocar a palavra ou expressão entre parênteses e fazer apenas um
risco por cima);

Na redacção de actos normativos deve utilizar-se a técnica de redacção forense para se obter:

Clareza:

• Devem ser utilizadas expressões comuns, excepto quando a norma utilizar a


terminologia técnica, caso em que se deve usá-la;
• Frases curtas e concisas;
• Orações em ordem directa;
• Uniformidade de texto (conciliação de tempos verbais);
• Usar pontuação de forma conscienciosa.

Precisão

Articular a linguagem de modo a ser compreensível e expressar claramente a interpretação que o


legislador deu ou pretendeu dar à norma;

• Não empregar palavras com duplo sentido;


• Usar apenas siglas consagradas pelo uso (note-se que a primeira referência a essa
determinada sigla deve ser devidamente explicada no texto);
• Escrever sempre por extenso os números, excepto datas e números de leis;

Lógica:

• Restringir o conteúdo de cada parágrafo a um assunto;


• Expressar noutros parágrafos complementares ao tema tratado;
• Não alongar parágrafos ou citações;
• Observar o antecedente para expressar o consequente.

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