EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA VARA DA INFÂNCIA

E JUVENTUDE DE SÃO BERNARDO DO CAMPO/SP

Autos nº 1008616-98.2023.8.26.0564

YSABELLA EDUARDA SOUSA SANTOS , já qualificada nos

autos do processo em epígrafe, por intermédio da Defensoria Pública do Estado de
São Paulo, dispensada da apresentação de instrumento de mandato por força do
disposto no artigo 128, inciso XI, da Lei Complementar 80/94 e que se vale das
prerrogativas de intimação pessoal e concessão dos prazos processuais em dobro,
conforme o artigo 128, inciso I, da mesma lei, vem, respeitosamente, à presença de
Vossa Excelência, apresentar CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO, cujas razões
seguem em anexo, requerendo o seu recebimento e regular processamento.

Termos em que,
pede deferimento.

São Bernardo do Campo, 06 de setembro de 2023.

ANDRÉ LUIZ S. ARAUJO

Defensor Público do Estado
Em substituição na 10° Defensoria Pública de São Bernardo do Campo

Rua Luiz Ferreira da Silva, 172, 1º andar, Parque São Diogo, São Bernardo do Campo – SP, CEP: 09732-610,
tel: 4332-9605

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AUTOS N° 1008616-98.2023.8.26.0564
ORIGEM: VARA DA INFÂNCIA E DA JUVENTUDE DA COMARCA DE SÃO
BERNARDO DO CAMPO/SP.
APELANTE: MUNICÍPIO DE SÃO BERNARDO DO CAMPO/SP
APELADO: YSABELLA EDUARDA SOUSA SANTOS

CONTRARRAZÕES DE APELAÇÃO

Egrégio Tribunal,
Colenda Câmara Especial,
Doutos Julgadores.

1. RESUMO DO PROCESSO

A parte Demandante ingressou com a presente ação requerendo ao Poder

Judiciário que condenasse o Demandado na obrigação de fazer consistente em
matriculá-la em entidade de ensino mais próxima de sua residência ou em outra
creche municipal, desde que custeado o transporte, em período integral, sob pena
de multa diária no valor de R$ 1.000,00 (mil reais).

Transcorrido o devido processo legal, foi prolatada sentença de total

procedência do pedido, confirmando-se a tutela antecipada concedida.

Contudo, insatisfeito, o réu interpôs o presente recurso de apelação

requerendo a reforma do julgado por ausência de fundamento legal do pedido.

É o relatório.

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 2. DO MÉRITO

A Constituição da República e a legislação ordinária asseguram o direito à

educação infantil às crianças com idade de até cinco anos.

O art. 208 da CF é explícito ao indicar que “O dever do Estado será

efetivado mediante a garantia de: IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às
crianças até 5 (cinco) anos de idade”.

Em complementação, o art. 227 do mesmo diploma determina o

dever do Estado de assegurar, com absoluta prioridade, o direito à educação às
crianças e adolescentes.

No tocante à legislação ordinária, o Estatuto da Criança e do

Adolescente assegura o direito à educação (art. 4º) e informa que o Estado deve
assegurar o atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a cinco anos
de idade (art. 54-A).

Quanto ao pleito de vaga em período integral, a Lei de Diretrizes e

Base da Educação Nacional é assertiva sobre o tema, não deixando dúvida de que
as crianças de até cinco anos de idade fazem jus a vagas em período integral.

Os artigos 30 e 31 do supramencionado diploma esclarecem que:

Art. 30. A educação infantil será oferecida em:

I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos

de idade;

II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de

idade.

Art. 31. A educação infantil será organizada de acordo com as

seguintes regras comuns: III - atendimento à criança de, no mínimo,
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 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para
a jornada integral.

Por isso, a jurisprudência é mais do que pacífica quanto ao direito líquido e

certo das crianças de até cinco anos serem matriculadas em período integral.

REMESSA NECESSÁRIA E RECURSO DE APELAÇÃO - Obrigação de Fazer -

Vaga em creche - Matrícula da infante em unidade de ensino da rede
pública municipal ou conveniada, em período integral, próxima da
sua residência Possibilidade Sentença de procedência em ratificação
à tutela de urgência concedida, e que não está sujeita à remessa
necessária, ante o baixo valor do proveito econômico, auferível por
simples calculo aritmético Precedente desta c. Câmara Especial - Direito
público subjetivo e de absoluta prioridade conferido à criança e ao
adolescente pela Constituição Federal, pelo Estatuto da Criança e do
Adolescente e pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação -
Inafastabilidade da obrigação conferida ao Município - Fornecimento
de vaga em período integral - Medida que viabiliza o pleno
desenvolvimento da criança, que demanda cuidados diuturnos
permanentes - Entendimento pacífico deste Eg. Tribunal de Justiça -
Precedentes da C. Câmara Especial Multa diária fixada em R$ 200,00 -
Hipóteses de redução ou exclusão que estão previstas no artigo 537, § 2º,
do CPC, não ocorrentes no caso Sentença mantida - Remessa necessária
não conhecida e recurso voluntário não provido. (TJSP. Câmara Especial
do Tribunal de Justiça de São Paulo, Remessa Necessária nº. 1004858-
18.2021.8.26.0650, Rel. ANA LUIZA VILLA NOVA, Julgado em 22 de julho
de 2022).

Neste sentido, não há que se falar em reforma do julgado por ausência de

previsão legal.

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 3. DOS PEDIDOS

Isto posto, requer seja negado provimento ao recurso de apelação,

mantendo-se a r. sentença na íntegra.

Nestes termos,
Pede deferimento.

São Bernardo do Campo, 06 de setembro de 2023.

ANDRÉ LUIZ S. ARAUJO

Defensor Público do Estado
Em substituição na 10° Defensoria Pública de São Bernardo do Campo

VANESSA PAULA DE LIMA

Estagiária de Direito

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