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TRANSTORNO DE

PERSONALIDADE
GUIA BÁSICO

@PSICOEDIREITO
SUMÁRIO
Definição .................................................................................................. 2
A personalidade .......................................................................................... 2
Classificação dos transtornos de personalidade ..................................................... 2
Fatores genéticos ........................................................................................ 4
Fatores ambientais ...................................................................................... 4
Fatores biológicos ....................................................................................... 6
Epidemiologia ............................................................................................ 7
Diagnóstico de transtornos de personalidade ........................................................ 9
Tratamento de transtornos de personalidade ...................................................... 11
Planejamento terapêutico ............................................................................ 12
Mapa mental ............................................................................................ 13
Referências: ............................................................................................. 14

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DEFINIÇÃO

Antes de entender sobre os Transtornos de Personalidade, é necessário


entender um pouco sobre o que é personalidade.

A PERSONALIDADE

É definida como padrões duradouros de percepção, relacionamento e


pensamento sobre o meio ambiente e sobre si mesmo que são expostos em
vários contextos sociais e pessoais.

Um transtorno de personalidade é diagnosticado quando os traços de


personalidade são tão inflexíveis e mal adaptativos em uma ampla gama de
situações que causam sofrimento significativo e comprometimento do
funcionamento social, ocupacional e do papel.

Segundo o DSM-5, trata-se de um padrão persistente de experiência


interna e comportamento que se desvia das expectativas da cultura desse
indivíduo. É um padrão difuso e inflexível que se inicia na adolescência ou
na fase adulta, se tornando estável ao longo do tempo.

Para se qualificar como um transtorno de personalidade, é necessário que o


pensamento, as manifestações de emoção, a impulsividade e o
comportamento interpessoal sejam intensamente desviadas das
expectativas culturais deste indivíduo.

CLASSIFICAÇÃO DOS TRANSTORNOS DE PERSONAL IDADE

O DSM-5 inclui 10 transtornos de personalidade, divididos em três grupos


baseados em semelhanças descritivas.

Grupo A – a característica deste grupo é que os indivíduos parecem


esquisitos ou excêntricos:

• Transtorno Paranoide
• Transtorno Esquizoide
• Transtorno Esquizotípico

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Grupo B – incluem os transtornos cujos indivíduos se mostram dramáticos,
emotivos ou erráticos:

• Transtornos da personalidade antissocial


• Transtorno de Borderline ou Limítrofe
• Transtorno histriônico
• Transtorno narcisista

Grupo C – incluem os transtornos dos indivíduos que carregam a


característica de parecerem ansiosos ou medrosos:

• Transtornos da personalidade evitativa


• Transtorno dependente
• Transtorno obsessivo-compulsivo.

ATENÇÃOOO!!!

O transtorno de personalidade é definido como padrão persistente de experiência íntima


ou comportamento, que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do
indivíduo, manifestando-se em, pelo menos, duas das seguintes áreas: cognição,
afetividade, funcionamento interpessoal e controle dos impulsos.
O padrão é inflexível e abrange ampla faixa de situações pessoais e sociais, provoca
sofrimento ou prejuízo no funcionamento social ou ocupacional do indivíduo.

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FATORES GENÉTICOS

Um estudo americano com 15.000 pares de gêmeos mostrou que a


concordância para transtornos de personalidade foi muitas vezes maior para
os monozigóticos do que para os dizigóticos. (Kaplan; Sadock, 1998). Além
disso, em metanálise de estudos com gêmeos e crianças adotadas, verificou-
se que 50% da variância encontrada nas medidas de comportamento anti-
social poderiam ser atribuídas a fatores genéticos (Slutske, 2001). Todavia,
apesar de estudos familiares e com gêmeos sugerirem base parcialmente
herdada para agressão impulsiva, o estudo de genes relacionados à
serotonina (cuja alteração está associada com agressão) sugere contribuição
modesta desses no comportamento anti-social (Goodman; New; Siever,
2004). Torgersen e colaboradores (2000) avaliaram gêmeos de pacientes com
transtorno de personalidade borderline diagnosticado pelo DSM-IV e
encontraram concordância de 35% para monozigóticos e 7% para dizigóticos,
indicando efeito genético significativo no desenvolvimento da doença. Uma
análise de multivariância indicou a instabilidade emocional como fator mais
importante nessa doença e a herdabilidade desse fator foi estimada em 47%
(Livesley; Jang; Vernon, 1998). Chang e colaboradores (2002) estudaram 234
parentes de primeiro grau de 94 portadores de esquizofrenia e encontraram
a prevalência de 1,3 a 3,4% de transtorno de personalidade esquizóide, 2,6 a
4,7% de transtorno esquizotípico e 3,4 a 8,6% de transtorno de personalidade
paranoide, variações estas dependentes do critério diagnóstico adotado.

FATORES AMBIENTAIS

A constatação da maior presença de pais biológicos anti-sociais levou os


pesquisadores a sugerir que tais comportamentos anti-sociais dariam-se por
“imitação”, devido a de pais frios e distantes que forneceriam aprendizagem
defeituosa de interação social ou que seriam incapazes de prover modelo
consistente a ser seguido. A incapacidade de esperar pela gratificação,
gerando atos impulsivos e descontrolados, também foi aventada como
modelo parental aprendido em ambiente familiar. Outros autores
enfatizaram a deficiência na representação de papéis sociais; os indivíduos
com transtorno de personalidade anti-social são incapazes de compreender
as objeções sociais e as punições decorrentes. Sem inibição, a personalidade
anti-social não consegue desenvolver laços afetivos, nem leva em conta os
desejos alheios, sendo incapaz de se identificar com o outro. Conflitos entre
os pais, abuso físico ou sexual na infância e institucionalização também têm
sido associados a este transtorno (Cadoret; Stewart, 1991).

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A experiência de “separação” foi associada por Bowlby (1990) com os
transtornos de personalidade. Esse autor destacou que crianças “isoladas”
teriam grandes dificuldades posteriores na formação de laços afetivos e
desenvolveriam traços de desadaptação social. Outros pesquisadores
estudaram as experiências infantis de psicopatas e suas reações quanto às
rejeições sofridas. A teoria apresenta a hipótese de que a rejeição originaria
traços socialmente destrutivos nas crianças, que tenderiam a exibir
comportamentos hostis e impulsivos, sendo incapazes de culpa e de amor ao
próximo. No entanto, tal afirmação não pode ser generalizada para todas as
crianças. Os estudos psicanalíticos, por sua vez, têm realçado a importância
da relação do indivíduo com o ambiente; suas relações objetais e seus
mecanismos de defesa. Freud escreveu, em 1916, sobre criminosos com
sentimento de culpa, cujos crimes são praticados por trazerem punição e
alívio (Freud, s/d). Contribuições sobre experiências precoces afetando o
funcionamento adulto posterior não puderam ser totalmente aplicadas na
previsão do transtorno de personalidade. Treino do controle esfincteriano,
experiência de aleitamento, onicofagia, entre outros, são experiências
infantis que não foram capazes de predizer comportamentos correlatos na
personalidade adulta. O ambiente afetivo fornecido pelos pais seria
propiciador de transtornos de personalidade. Os conflitos arcaicos tendem a
se repetir, ancorados nas relações e carências primitivamente adquiridas. A
carência narcísica precoce se traduziria nas primeiras experiências de
frustração: no ato do desmame e, sobretudo, na educação esfincteriana. A
relação que a criança estabelece primitivamente com as figuras parentais
conjugaria as futuras fontes de conflito e moldaria os seus mecanismos de
defesa. Nesse momento, a relação com o objeto é de incorporação ou
destruição, assumindo a posição esquizoparanóide, adotando a única defesa
possível, ou seja, a “identificação projetiva”. O psicopata apresentaria
superego arcaico terrificante que induz respostas psicopáticas, no qual a
atuação substitui a elaboração do conflito reatualizado. A personalidade sem
conflito interno é indicativa da impossibilidade de elaboração diante da
emergência da pulsão frente à oralidade solicitadora e da incapacidade de
verbalização de sua vivência emocional em crise (Freud, s/d). Vários tipos de
eventos adversos na infância são apresentados por muitos pacientes com
transtorno de personalidade borderline e o mais frequente é o abuso sexual,
relatado por 40 a 71% dos indivíduos internados com esse transtorno. A
gravidade dos abusos também se relaciona com a gravidade dos sintomas
(Zanarini et al., 2002). Não existe, porém, evidência de que o abuso sexual na
infância seja necessário ou suficiente para o desenvolvimento do transtorno
de personalidade borderline (Lieb et al., 2004).

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FATORES BIOLÓGICOS

Há indícios de alterações na função de alguns sistemas de neurotransmissão,


como o da serotonina. Enquanto o aumento da vasopressina no líquido
cerebrospinal está relacionado ao aumento da agressividade em pacientes
com transtornos de personalidade, o aumento da atividade dos sistemas
serotoninérgicos tem papel na inibição deste (Coccaro et al., 1998), o que é
confirmado pela correlação entre a diminuição da atividade da MAO
plaquetária e o aumento da impulsividade (Lopez-Ibor, 1997). Também
existem evidências de correlação inversa entre função do receptor de CCK
do tipo B em células T (que, quando estimulado, produz ansiedade) e os
seguintes traços de personalidade em pessoas normais: ideação paranóide e
sensibilidade interpessoal (Akiyoshi et al., 1998). Lesões pré-frontais, mais
especificamente nas porções ventromediais do córtex frontal, são associadas
a comportamento impulsivo, agressividade, jocosidade e inadequação social,
o que sugere que o comprometimento do funcionamento dessa área poderia
contribuir para a dificuldade de controle do impulso do transtorno de
personalidade anti-social (Damasio, 2000).

Em estudos de neuroimagem, foi observada redução de volume da porção


ventromedial do lobo frontal, especialmente do córtex orbitofrontal, e de
outras estruturas do sistema límbico, sobretudo a amígdala. Além disso, a
redução da função serotoninérgica também estaria relacionada ao
componente impulsivo/agressivo do transtorno de personalidade anti-social
(Del-Ben, 2005). Existem evidências cada vez mais fortes de anormalidades
estruturais e funcionais no cérebro de pacientes com transtorno de
personalidade borderline. Em comparação a sujeitos-controle normais, os
pacientes com transtorno de personalidade borderline têm prejuízo da
atenção, do aprendizado verbal e da memória verbal. Esses prejuízos são
maiores nos indivíduos com sintomas mais pronunciados (Monarch; Saykin;
Flachman, 2004).

Achados de neuroimagem indicam enfraquecimento do controle inibitório


pré-frontal e hiperatividade da amígdala, que seriam a causa da síndrome de
hipervigilância e descontrole vista nos sujeitos com transtorno de
personalidade borderline. Os comportamentos impulsivo-agressivos,
frequentemente vistos nesses pacientes, têm, como base, déficits na função
serotoninérgica e alterações em regiões cerebrais específicas, como o
cingulado e o córtex orbital pré-frontal (Goodman; New; Siever, 2004)

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EPIDEMIOLOGIA

A prevalência internacional estimada de transtornos de personalidade na


comunidade é de 11%. Em geral, os transtornos de personalidade são mais
comuns em homens jovens, com baixa escolaridade e/ou desempregados.
Entretanto, existem transtornos, como os transtornos de Borderline,
histriônico e depentes que são mais frequentes em indivíduos do sexo
feminino.De modo geral, o transtorno da personalidade esquiva e o
transtorno da personalidade obsessivo-compulsiva são os mais comuns na
comunidade.

QUADRO CLÍNICO DE TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE

O quadro clínico dos transtornos de personalidade é variado. Existem 10


tipos de transtornos, sendo que cada um possui suas características.
Entretanto, a presença de certos comportamentos e traços que se iniciam
do meio ao final da adolescência e permanecem na vida adulta, são
sugestivas de um transtorno de personalidade:

• Agressividade
• Mudanças de humor frequentes
• Explosões de raiva
• Ansiedade social suficiente para causar dificuldade em fazer amigos
• Necessidade de ser o centro das atenções
• Sensação de ser traído ou aproveitado
• Não sentir que há algo de errado com o comportamento (sintomas
egosintônicos)
• Externalização e culpa ao mundo por seus comportamentos e
sentimentos

JÁ AS MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS CARACTERÍSTICAS DOS T RANSTORNOS DE


PERSONALIDADE INDIVIDUAIS SÃO:

• Paranóico – Desconfiança e suspeita dos outros ao ponto de seus


motivos serem interpretados como malévolos.
• Esquizóide – Desapego e distanciamento das relações sociais
associado a uma gama restrita de expressão de emoções em ambientes
interpessoais
• Esquizotípico – déficits sociais e interpessoais marcados por
desconforto agudo e capacidade reduzida para relacionamentos
próximos, bem como por distorções cognitivas ou perceptivas e
comportamento excêntrico.
• Anti – social – é um padrão de desrespeitar e violar os direitos dos
outros, incluem atitudes como mentir, roubar, inadimplir dívidas,
negligenciar filhos ou outros dependentes.
• Boderline ou Limítrofe – confere instabilidade das relações
interpessoais, autoimagem, afetos e descontrole dos impulsos.

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• Histriônico – Emocionalidade excessiva e busca de atenção.
• Narcisista – apresenta um padrão de grandiosidade (na fantasia ou
comportamento), necessidade de admiração e falta de empatia.
• Esquiva – consiste numa inibição social, sentimentos de inadequação
e hipersensibilidade à avaliação negativa.
• Dependente – Sentimentos de extrema necessidade de ser cuidado,
sentimento de inadequação, incapacidade de tomar as próprias
decisões, submissão, evitação do confronto por medo de perder a
fonte de apoio.
• Obsessivo-compulsivo – preocupação com perfeccionismo, controle
mental e interpessoal e ordem, em detrimento da flexibilidade,
abertura e eficiência.

Os dados epidemiológicos sobre transtornos de personalidade são escassos.


Isto decorre, em parte, do fato de que a conceituação é imprecisa, bem como
da dificuldade em delimitar nitidamente o normal e o patológico. A
prevalência de transtornos de personalidade, em geral, varia muito de acordo
com os estudos. Há grande variação de prevalência também quando são
considerados os vários transtornos, o que pode ser devido à falta de validade
descritiva dos critérios diagnósticos. Em um estudo epidemiológico, Drake e
Vaillant (1985) estudam 369 homens, com dados registrados 33 anos antes,
quando tinham cerca de 14 anos. Desse estudo, 23% foram diagnosticados em
alguma categoria de transtorno de personalidade pelos critérios do DSM-III.
Os dados obtidos confirmam que tais personalidades eram cronicamente
disfuncionais, com queixas disfóricas, dificuldades ocupacionais e em
relações afetivas. A desadaptação e os prejuízos de funcionamento global já
podiam ser vislumbrados aos 14 anos nesse grupo. No entanto, apesar da
disfuncionalidade crônica, somente 20% das pessoas com transtorno de
personalidade estiveram sob atenção psiquiátrica. A American Psychiatric
Association (1994) estimou, por sua vez, a prevalência em aproximadamente
3% para transtornos de personalidade esquizotípica; enquanto 3% dos norte-
americanos e menos que 1% das norte-americanas apresentavam transtorno
de personalidade antisocial. Torgersen, Kringlen e Cramer (2001)
encontraram prevalência de 0,7% de transtorno de personalidade borderline
em uma amostra da comunidade. Neste mesmo estudo, as taxas encontradas
para os outros transtornos de personalidade foram: paranóide, 2,4%;
esquizóide, 1,7%; esquizotípica, 0,6%; antisocial, 0,7%; sádica, 0,2%;
histriônica, 2,0%; narcisista, 0,8%; evitadora, 5,0%; dependente, 1,5%;
obsessiva-compulsiva, 2,0% e passivo-agressiva, 1,7%. A prevalência de
transtornos de personalidade foi de 13,4%. Transtornos de personalidade dos
tipos dependente, borderline e histriônica ocorrem mais em mulheres,
enquanto os de personalidade dos tipos paranoide, anti-social e obsessiva-
compulsiva predominam nos homens (Paris, 2004a). Outras categorias
permanecem obscuras, sem informações sobre história familiar, prevalência
ou distribuição entre os sexos. No estudo realizado em cinco regiões dos

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Estados Unidos (Epidemiologic Catchment Area Study), foi encontrada a taxa
de prevalência durante a vida para o transtorno de personalidade antisocial
de 2,6%, sendo 4,5% para o sexo masculino e 0,8% para o feminino. Chama à
atenção a alta taxa de comorbidade com abuso de substâncias,
particularmente em mulheres (Robins; Regier, 1991).

DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE

O DSM-5 indica o uso de dois conjuntos de critérios para o diagnóstico de


um transtorno de personalidade. O primeiro conjunto descreve critérios
condizentes com as características gerais do transtorno de personalidade,
enquanto que o segundo visa descrever as características individuais de
cada transtorno. Este último conta com vários itens que são individuais e
diferentes entre cada um dos 10 possíveis diagnósticos de transtorno de
personalidade.

CRITÉRIOS PARA DIAGNÓSTICO DE TRANSTORNO DE PERSONALIDADE :

1. Um padrão duradouro de experiência interna e comportamento que se


desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo. Este
padrão se manifesta em duas (ou mais) das seguintes áreas:

• Cognição (ou seja, maneiras de perceber e interpretar a si mesmo,


outras pessoas e eventos)
• Afetividade (ou seja, o alcance, intensidade, labilidade e adequação da
resposta emocional)
• Funcionamento interpessoal
• Controle de impulso

2. O padrão duradouro é inflexível e difundido em uma ampla gama de


situações pessoais e sociais.
3. O padrão duradouro leva a sofrimento clinicamente significativo ou
prejuízo no funcionamento social, ocupacional ou em outras áreas
importantes do funcionamento.
4. O padrão é estável e de longa duração, e seu início pode ser rastreado
pelo menos até a adolescência ou início da idade adulta.
5. O padrão duradouro não é melhor explicado como uma manifestação ou
consequência de outro transtorno mental.
6. O padrão duradouro não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma
substância (por exemplo, uma droga de abuso, um medicamento) ou
outra condição médica (por exemplo, traumatismo craniano).

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TRATAMENTO DE TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE

Os objetivos do tratamento dos transtornos de personalidade consistem


em

• Reduzir o sofrimento subjetivo


• Permitir que os pacientes entendam que seus problemas têm origem
interna
• Diminuir comportamentos significativamente mal adaptativos e
socialmente indesejáveis (imprudência, isolamento social, falta de
assertividade, explosões temperamentais)
• Modificar traços de personalidade problemáticos

O tratamento de primeira linha e padrão ouro é a psicoterapia. Tanto


psicoterapia individual quanto em grupo são eficazes no tratamento.
Entretanto, vale ressaltar que os indivíduos que possuem transtornos de
personalidade são, muitas vezes, avessos a mudanças, mas que muitos se
tornam progressivamente menos graves.

A terapia cognitivo-comportamental está indicada no tratamento de transtornos de


personalidade, visando à modificação de pensamentos automáticos e de crenças
disfuncionais (Arntz, 1999).

ATENÇÃO!!!!!

O tratamento de transtornos de personalidade exige


integração e coordenação de diversas abordagens
terapêuticas, além de planejamento e manutenção de
motivação para mudanças.

O plano terapêutico deve ser abrangente, que atenda as necessidades


biológicas, patológicas e sociais do paciente. Por isso, em alguns casos,
esses pacientes podem ser demasiadamente sintomáticos, o que ocasiona a
prescrição de diversos medicamentos.

Os psicofármacos devem ser terapia adjuvante, e nunca a principal. Além


disso, podem ser incluídos no plano de tratamento a autoeducação,
hospitalização parcial ou breve hospitalização nos períodos de crise.

De todos os psicofármacos, os que mais apresentaram benefício de uso


foram os estabilizadores do humor e os antipsicóticos. Vale informar que a
introdução dos estabilizadores de humor deve ser lenta e gradual, com
doses iniciais baixas e aumento progressivo de acordo com a aceitação do

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paciente até atingir a dose terapêutica. Os estabilizadores de humor mais
utilizados são:

• Lítio 300 a 600 mg


• Lamotrigina 200 mg/dia

Os antipsicóticos podem ser utilizados como medicação de manutenção até


que os objetivos terapêuticos sejam atingidos. Dentre as opções de
fármacos, temos:

• Aripiprazol 2,5 mg
• Risperidona 0,5 a 1 mg
• Quetiapina 25 a 150 mg

PLANEJAMENTO TERAPÊUTICO

O tratamento de transtornos de personalidade exige integração e


coordenação de diversas abordagens terapêuticas, além de planejamento e
manutenção de motivação para mudanças. A conceituação de fases
progressivas, cada qual com suas abordagens particulares direcionadas a
problemas específicos, permite a melhor organização das intervenções. Em
princípio, nas fases iniciais predominam as terapias medicamentosas e
cognitivo-comportamentais; eventualmente, a hospitalização. Nos estágios
mais tardios, são incluídas as psicoterapias psicodinâmicas ou a psicanálise,
além de estratégias para a reabilitação e reintegração. Livesley (2005b)
propõe cinco fases subsequentes:

1) segurança e proteção na crise;


2) continência;
3) regulação e controle;
4) exploração e mudança; e
5) integração e síntese.

A construção e a manutenção de relação de colaboração entre paciente e


terapeuta são fundamentais nesse longo processo de transformação.

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MAPA MENTAL

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REFERÊNCIAS:

Manual diagnóstico e estatístico de transtornos


mentais: DSM–5. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2014.

NELSON, Katharine. Pharmacotherapy for personality


disorders. UpToDate, Inc, 2018. Disponível em:
<https://www.uptodate.com/contents/pharmacotherapy-for-
personality-disorders>. Acesso em 21 de abril de 2021.

SKODOL, Andrew. Overview of personality


disorders. UpToDate, Inc, 2018. Disponível em:
<https://www.uptodate.com/contents/overview-of-personality-
disorders>. Acesso em 21 de abril de 2021.

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