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A discussão divide-se entre duas perspectivas: o que considera constitucional a

flexibilização e o que a contesta. A primeira fundamenta-se no princípio da autonomia da


vontade coletiva, que concede aos sindicatos o protagonismo na criação de normas
adaptadas à realidade de cada setor. A tese do STF, evidenciada no Tema 1.046, reforça a
importância da negociação coletiva como instrumento de adequação setorial. Argumenta-
se que essa flexibilização pode ser necessária para preservar o emprego e promover o
desenvolvimento econômico.
A autonomia coletiva é considerada um pilar central, permitindo que as partes envolvidas,
por meio de negociações coletivas, ajustem as relações de trabalho às particularidades de
cada setor. Maurício Godinho Delgado destaca que essa autonomia é uma expressão de
liberdade negocial das partes, possibilitando a adaptação às demandas específicas de cada
segmento econômico.
As teses do STF reforçam a ideia de que a flexibilização é crucial para a estabilidade
econômica e o desenvolvimento, registrando-a como um meio legítimo de adequação às
realidades setoriais. Sob uma perspectiva econômica e pragmática, a flexibilidade é
considerada essencial para a competitividade das empresas e para a geração de empregos,
conforme Fábio Zambitte Ibrahim.
A abordagem crítica destaca a primazia dos direitos fundamentais dos trabalhadores,
argumentando que a flexibilização excessiva comprometeria a proteção desses direitos
essenciais. A Teoria Crítica do Direito alerta para a possibilidade de que uma intensa
flexibilização reflita interesses econômicos em detrimento dos trabalhadores, segundo
Lucien Goldman.
A visão que destaca os direitos humanos e a dignidade do trabalhador, influenciada por
Martha Nussbaum, enfatiza a importância de condições de trabalho justas e seguras como
parte integrante de uma vida digna. A perspectiva de Antônio Delfim Net reforça a ideia
de que o Direito do Trabalho deve ser um instrumento de proteção, especialmente para os
trabalhadores mais vulneráveis.
Em conclusão, a análise constitucional do negociado sobre o legislado exige uma
ponderação equilibrada entre a autonomia coletiva e a proteção dos direitos fundamentais.
O caso apresentado destaca a complexidade dessa questão, exigindo uma compreensão
aprofundada dos princípios que orientam as relações de trabalho. A busca por um
consenso justo, que considere as particularidades setoriais sem comprometer a essência
dos direitos fundamentais, é um desafio relevante. Este debate não reflete apenas as
dinâmicas do mundo do trabalho, mas também promove uma reflexão sobre os valores e
princípios que sustentam a sociedade em seu conjunto.

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