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17/04/13 Envio | Revista dos Tribunais

A solidariedade econômica de empresas


integrantes do mesmo grupo empresarial na
fase de execução

A SOLIDARIEDADE ECONÔMICA DE EMPRESAS INTEGRANTES DO MESMO


GRUPO EMPRESARIAL NA FASE DE EXECUÇÃO
Revista de Direito do Trabalho | vol. 127 | p. 41 | Jul / 2007
Doutrinas Essenciais de Direito do Trabalho e da Seguridade Social | vol. 1 | p. 979 | Set /
2012DTR\2007\459
Dinaura Godinho Pimentel Gomes
Doutora em Direito do Trabalho e Sindical pela Universidade Degli Studi di Roma - La Sapienza
(com revalidação sucessiva pela USP). Pós-doutora em Direito junto à PUC-SP. Juíza do Trabalho
Titular da 1ª Vara do Trabalho de Londrina-PR.

Área do Direito: Trabalho

; Comercial/Empresarial
Resumo: O presente artigo realça a eticidade do processo, principalmente na fase de execução,
como garantia de seu resultado útil, consistindo ste na solvabilidade dos créditos do trabalhador
reconhecidos por sentença com trânsito em julgado. Para tanto, a autora sustenta que empresas
de um mesmo grupo econômico, mesmo quando não integrem a relação jurídica processual na fase
de conhecimento, devem responder com seus próprios bens na fase de execução. Lastreia-se em
prestigiosa jurisprudência, inclusive da época em que vinha sendo aplicado o iterativo
entendimento da Súm. 205 do TST (cancelada em outubro de 2003). Ressalta o elo preexistente
de responsabilidade diante da previsão legal de solidariedade econômica, estabelecida
expressamente no § 2.º, do art. 2.º, da CLT. Assim, o fato do ajuizamento da ação apenas contra
uma das empresas do mesmo grupo empresarial não impede a sujeição das demais à execução.

Palavras-chave: Efetiva satisfação dos direitos trabalhistas - Solidariedade econômica - Grupo


de empresas - Processo como instrumento ético - Fase de execução
Abstract: The present article highlights the ethicity of the process, especially in the execution
stage, as a warranty for its practical result, consisting in the solvability of the worker's credits
recognized by definitive sentence. Thus, the author sustains that business enterprises belonging
to the same economic group, even if they do not integrate a legal procedural relation at the
discovery stage, should be liable to respond with their personal possessions in the execution
stage. This is grounded on respected jurisprudence, including the period of the iterative
understanding of the TST 205 docket (canceled in October 2003). The author highlights the pre-
existing link of liability in face of the legal prevision of economic solidarity, expressly established in
§ 2.º, of art. 2.º, of the CLT (Labor Laws Consolidation). Hence, the fact of filing a complaint
against only one of the business enterprises of the same group does not prevent the others to be
subjected to execution.

Keywords: Actual Satisfaction of Labor Rights - Economic Solidarity - Group of Business


Enterprises - Process as an Ethic Tool - Execution Stage
Sumário:

1.Noções introdutórias - 2.O processo como instrumento ético da efetiva tutela jurisdicional do
direito material do trabalho - 3.Grupo de empresas e a aplicação do princípio da solidariedade
econômica em prol da efetiva solvabilidade dos créditos trabalhistas - 4.A autoridade do título
executivo judicial perante empresas do mesmo grupo econômico que não integraram formalmente,
na fase de conhecimento, a relação jurídica processual - 5.Conclusões - 6.Referências
bibliográficas

1. Noções introdutórias
O processo, apesar de ser um instrumento dirigido à tutela de direitos (normalmente) privados,
representa, contudo, uma função pública, que, longe de ser um fim em si mesmo, não é outra
coisa a não ser um instrumento ético, como ensina Mauro Cappelletti. 1 Assim, suas normas são
dirigidas à resolução dos conflitos de interesses, de modo a garantir a efetividade do direito
material, tal como ocorre de forma bem específica no processo do trabalho, que se coloca a
serviço da realização dos valores sociais expressos em princípios e regras constitucionais e
infraconstitucionais, onde vêm insculpidos inclusive os direitos fundamentais sociais (arts. 6.º e
7.º da CF/88 (LGL\1988\3)).

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No século V a.C., Protágoras - o mais antigo dos sofistas gregos - muito bem proclamava que "o
homem é a medida de todas as coisas". 2 Esta assertiva de cunho filosófico e educativo induz o
estudioso do direito do trabalho a refletir mais sobre o relevante papel da empresa, para afastar
cada vez mais a teoria do capitalismo selvagem que a considera edificada exclusivamente em base
individualista voltada à obtenção de incessantes lucros em benefício de seus titulares
(proprietários, sócios, acionistas). Ao contrário, toda sua dinâmica deve ser orientada em prol do
ser humano e do bem comum, pois o produto do trabalho dos empregados também redunda em
favor da empresa e de toda sociedade civil, de onde resulta seu caráter institucional, conforme
ensina Luiz José Mesquita. 3 Nesse sentido, salienta o festejado autor que a empresa é a "sede de
uma produção econômica, da qual vivem diretamente os que nela estão interligados, i. é,
empregador e empregado e suas famílias e, além disso, é ela que fornece grande parte das rendas
de que o Estado necessita para atender o bem comum do povo. Deve, pois, acima dos interesses
particulares dos que nela estão integrados, predominar os interesses sociais, assim como o bem
comum da empresa deve subordinar-se ao bem comum de toda a coletividade civil".
Nessa senda, incumbe à Justiça do Trabalho, com sua competência ampliada, com mais força e
determinação, fazer uso do processo como poderoso instrumento ético para dar efetividade não
só ao direito do trabalho, como também para assegurar a efetiva satisfação dos direitos dos
trabalhadores que reconhece. A ela compete bem aplicar o princípio da unidade essencial entre o
direito processual do trabalho e o direito do trabalho, 4 porque é através do processo que se
resguarda, concretamente, a dignidade da pessoa humana, valor maior a ser protegido, no seio de
uma sociedade regida pelo Estado Democrático de Direito (art. 1.º, III da CF/88 (LGL\1988\3)).
2. O processo como instrumento ético da efetiva tutela jurisdicional do direito material do
trabalho
A Constituição Federal (LGL\1988\3) proclama que o trabalho humano deve ser visto sempre como
valor social (art. 1.º, IV da CF/88 (LGL\1988\3)), ao estabelecer que a ordem econômica e a
ordem social devem ter por base o primado do trabalho humano (arts. 170 e 193 da CF/88
(LGL\1988\3)). E, ao reconhecer expressamente o direito de propriedade , realça, em seguida, sua
função social (art. 170, II e III da CF/88 (LGL\1988\3)). Provém daí a assertiva de toda e qualquer
propriedade privada, aí incluída a empresa, titular dos meios de produção, só se legitimar se
cumprir função dirigida à justiça social. 5
Portanto, diante dos princípios e regras constitucionais que resguardam a dignidade da pessoa
humana e os valores sociais do trabalho, o trabalhador não pode ser colocado apenas a serviço
dos interesses econômicos de empresas que se preocupam tão somente com o aumento de lucros
e a redução de gastos. Ao contrário, eis que, na empresa "se devem conciliar, hoje, os interesses,
aparentemente conflitantes, mas materialmente convergentes, de investidores, administradores,
empregados e consumidores, que constituem os grandes setores da vida nacional (...). Sendo a
sociedade um contrato plurilateral, deve obedecer ao disposto no art. 421 do Código Civil
(LGL\2002\400) e sua sociabilidade significa tanto a democratização e a moralização do governo
da empresa quanto a realização de uma conduta que deve corresponder aos superiores interesses
do país e da sociedade". 6

Assim, a busca do lucro como a essência da democracia 7 configura manifesta agressão contra a
dignidade da pessoa humana, limite e tarefa dos poderes estatais. 8 No entanto, é o que a
realidade hodierna mais espelha diante da incessante transformação das modalidades de produção
regida pelo livre mercado a dinamizar os recursos e prover as necessidades humanas. Como
contraponto, vale sempre lembrar que sob a égide do Estado Democrático de Direito, a empresa
deve ser vista e colocada como verdadeira instituição social, onde devem ser centralizados os
interesses no restabelecimento da primazia do trabalho como expressão da pessoa humana. 9

Bem a propósito, Asquini 1 0 considera a empresa como organização de pessoas embasada em


relações de hierarquia e cooperação entre seus membros, em função de um escopo comum, para,
assim, enquadrá-la juridicamente na figura de instituição. Ensina que essa noção de instituição foi
elaborada pela ciência do direito público, na Itália especialmente por Romano e anteriormente, na
Alemanha, por Gierke, na França por Hauriou. Enfatiza que, "na empresa como organização de
pessoas, compreendendo o empresário e os seus colaboradores, concentram-se todos os
elementos característicos da instituição: o fim comum, isto é, a conquista de um resultado
positivo, socialmente útil, que supera os fins individuais do empresário (intermediação, lucro) e dos
empregados (salário); o poder ordenatório do empresário em relação aos trabalhadores
subordinados; a relação de cooperação entre esses; a conseqüente formação de um ordenamento
interno da empresa, que confere às relações de trabalho, além do aspecto contratual e
patrimonial, um particular aspecto institucional".

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É dessa forma que deve ser ressaltada a importância do papel da empresa, igualmente à luz do
ordenamento jurídico brasileiro. Este, ao acolher ostensivamente tal natureza institucional, coloca
a empresa mais como uma comunidade que integra empreendedores e empregados não só voltados
aos interesses de cada um, mas principalmente à satisfação de interesses direcionados à
promoção social de toda comunidade que dela depende direta e indiretamente. Para tanto,
determina que se deva combinar o desenvolvimento econômico com a efetivação, cada vez mais
plena, da justiça social. Eis, aqui, o real sentido da norma objetivo estatuída no art. 170, caput,
da CF/88 (LGL\1988\3), 1 1 buscando criar, "no mínimo, um capitalismo social, por meio da
estruturação de uma ordem social intensamente preocupada com a justiça social e a dignidade da
pessoa humana", nas palavras de José Afonso da Silva. 1 2
No entanto, para os ideólogos do neoliberalismo, como toda propriedade privada, a empresa, de
fato, continua tendo seu conceito e significado relativizados, para se realçar o seu vício
individualista e ser cada vez mais inserida na política de livre mercado, que compartilha da tese do
Estado mínimo e da extraordinária concentração de riqueza nas mãos de poucos, a quem cabe a
tomada de decisões que afetam a vida e as aspirações de milhões de pessoas do planeta. E,
assim, movidas pelas forças do mercado, muitas empresas deixam ao desamparo os trabalhadores,
titulares de direitos nitidamente relacionados com sua sobrevivência, na incessante busca de
maiores lucros e de menores custos.
Malgrado todas essas pressões internas e externas às quais está submetida de forma permanente,
é preciso fazer valer, no processo e por todos os meios juridicamente cabíveis, a função social da
empresa, de modo a canalizar seu interesse e finalidade à realização da justiça social (art. 170 da
CF/88 (LGL\1988\3)). Assim, urge condenar a supremacia dos interesses puramente econômicos
em prejuízo dos direitos à vida, à saúde e à integridade dos trabalhadores, pois a ordem jurídica
vigente impõe compatibilizar a livre iniciativa com os valores sociais do trabalho (art. 1.º, IV da
CF/88 (LGL\1988\3)), de modo a garantir a prevalência de todos os direitos fundamentais
centrados no princípio da dignidade da pessoa humana (art. 1.º, III da CF/88 (LGL\1988\3)).
Nesse contexto, em face do princípio da unidade essencial, realçado pelo princípio de proteção
que informa o processo do trabalho, cumpre assegurar a situação jurídica existencial de cada
empregado, que deve prevalecer diante da situação jurídica patrimonial das empresas. 1 3 A partir
daí é que deve ser também observado e aplicado o princípio da conservação da empresa, esta
como "bem comum que é de cada um, mas que também é de todos, e, por isso, é que ao lado dos
direitos sociais do empregado, que, como membro da comunidade de trabalho, deve participar nos
lucros e na direção, deve haver, também para ele, os deveres sociais para o bem comum da
empresa". 1 4
3. Grupo de empresas e a aplicação do princípio da solidariedade econômica em prol da
efetiva solvabilidade dos créditos trabalhistas
Diante da existência de grupo econômico, a situação do trabalhador, de obter a efetiva satisfação
de seus direitos em juízo, apresenta-se melhor respaldada, porque todas as empresas dele
integrantes são sujeitos legítimos para integrar a relação jurídica processual, para, ao final, serem
solidariamente responsáveis pelo pagamento de seus haveres trabalhistas. Entretanto, no
processo emerge sempre a grande dificuldade de se aplicar o princípio da solidariedade, diante da
sorrateira negativa de existência de grupo econômico e de outras diferentes formas de se ocultar
o liame existente entre as empresas.
Em face de similares controvérsias suscitadas no processo, insta relembrar, por primeiro, com
fundamento no princípio da despersonalização do empregador, em consonância com o art. 2.º, da
CLT (LGL\1943\5), que o empregado vincula-se à organização de trabalho e não aos titulares dela.
Desse modo, em face da lide, subsiste a comunhão de obrigações na forma da lei (art. 2.º, § 2.º
da CLT (LGL\1943\5)), para justificar a formação litisconsórcio passivo, porque, "no processo do
trabalho, como reflexo do direito material correspondente, a comunhão de direitos, no geral, é
atinente aos trabalhadores; a de obrigações, aos empregadores. Neste último caso, existe entre
os coobrigados um vínculo de solidariedade ou de sucessividade. Solidariedade haverá quando for
o caso de grupo econômico ou financeiro (art. 2.º, § 2.º da CLT (LGL\1943\5)); sucessividade,
quando se tratar de empreiteiro principal (art. 455 da CLT (LGL\1943\5)). Calha bem, neste
comenos, a observação de que a solidariedade não se presume: ela é produto da lei ou da
vontade das partes, nas palavras do insigne jurista Manoel Antonio Teixeira Filho.1 5
Ao tratar amplamente do tema da configuração de grupo de empresas, expondo as diversas
correntes de opinião, Magano 1 6 aponta que, no modelo da Consolidação das Leis do Trabalho, a
relação entre as empresas componentes do grupo econômico é sempre de dominação, o que
supõe uma empresa principal ou controladora e uma ou várias empresas controladas. Para ele, a
dominação se exterioriza através da direção, controle ou administração das empresas
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subordinadas. Assim, o festejado mestre considera incensurável de um ponto de vista teórico o


entendimento doutrinário esposado, dentre outros, por Russomano, que admite a constituição de
grupo econômico sem a existência da empresa líder e empresas lideradas. No entanto, assevera
que, "visivelmente, não se ajusta aos moldes da regra legal em análise".

De um modo bem objetivo, Amauri Mascaro Nascimento 1 7 preleciona que "as empresas
integrantes do mesmo grupo econômico devem manter uma relação entre si, para alguns uma
relação de dominação entre a empresa principal e as empresas subordinadas; para outros, não há
necessidade dessa configuração, basta uma relação de coordenação entre as diversas empresas
sem que exista uma em posição predominante", critério que considera melhor, "tendo-se em vista
que a finalidade do instituto é a garantia da solvabilidade dos créditos trabalhistas. A Lei do
trabalhador rural (art. 3.º, § 2.º da Lei 5.889/73) deixa bem clara essa orientação".
Mais adiante, sobre a possibilidade de configurar o grupo quando as empresas são controladas por
um ou por alguns acionistas comuns, o festejado jurista esclarece que "há entendimentos
divergentes porque para alguns só existe o grupo se a união se faz diretamente entre as
empresas, enquanto que para outros isso não é necessário, havendo o grupo desde que as
empresas estejam sob um controle comum, como parece correto. Pelo fato de estar o controle de
empresas em mãos de uma ou algumas pessoas físicas, detentoras do número suficiente de ações
para que esse elo se estabeleça, não ficará descaracterizado o grupo, uma vez que a unidade de
comando econômico existirá da mesma forma que ocorre quando a propriedade das ações é de
uma empresa". E, incisivamente, conclui: "responsabilidade solidária (art. 2.º, § 2.º da CLT
(LGL\1943\5)), entre empresas do mesmo grupo econômico, é coobrigação de qualquer uma delas
pelo débito da outra".
Portanto, para os efeitos pretendidos no processo, é preciso perquirir se estão presentes os
elementos fundamentais para configurar a responsabilidade solidária definida no art. 2.º, § 2.º, da
CLT (LGL\1943\5), e que, na maioria das vezes, vem negada em defesa. Hugo Gueiros Bernardes
18
muito bem esclarece quando salienta que "a solidariedade resulta de determinada estrutura do
'grupo' de empresas, que enquadra no modelo legal de solidariedade trabalhista. Não obstante, a
solidariedade prescinde da existência de 'grupo', consórcio ou o que seja, embora, no 'grupo', se
deva exigir, como faz a lei, que haja uma empresa principal. Pode, portanto, existir solidariedade,
isto é, empresas solidárias na relação de emprego, sem que constituam ou pertençam a um grupo;
uma simples disposição contratual pode estabelecer isto, como também a fraude praticada por
empresas pode solidarizá-las, se existia virtual solidariedade que se buscou ocultar (arts. 9.º, 444,
456 da CLT (LGL\1943\5))".

Por sua vez, Maurício Godinho Delgado, 1 9 ao se referir ao disposto no art. 2.º da CLT
(LGL\1943\5), e art. 3.º da Lei 5.889/73, incisivamente pondera que "o que quer a lei é que o
sujeito jurídico componente do grupo econômico para fins justrabalhistas consubstancie
essencialmente um ser econômico, uma empresa (expressão sugestivamente enfatizadas pelos
dois preceitos legais enfocados). O caráter e os fins econômicos dos componentes do grupo
surgem, assim, como elementos qualificadores indispensáveis à emergência da figura aventada
pela ordem jurídica trabalhista".
Exsurge dessas linhas de posicionamento doutrinário que é necessário verificar, por todos os meios
de prova admissíveis, se há, ou não, a presença de um só espírito sócio-econômico que anima as
empresas a denunciar a existência de uma unidade profunda, 2 0 sob a pluralidade de pessoas
jurídicas independentes, mas voltadas a alcançar os mesmos fins. E mais nítida se configura
solidariedade econômica entre as empresas quando o trabalho desenvolvido pelo empregado de
uma se apresenta jungido à essencialidade da atividade do grupo empresarial, que, assim, sempre
teve reais condições de bem exercer o poder de dirigir e coordenar a atividade desenvolvida por
todas, porquanto o contrato de trabalho é um contrato realidade, na difundida expressão de Mário
De La Cueva, sendo certo também que um dos princípios que informam o direito do trabalho é o da
primazia da realidade sobre quaisquer documentos, fórmulas ou ajustes, consoante ensinamentos
de Américo Plá Rodriguez. 2 1
Nessa senda e diante de cada caso concreto, cumpre ao juiz bem apreciar e valorar o conjunto
probatório para concluir se existe, ou não, uma unidade de poder diretivo a envolver empresas
apontadas como integrantes de um mesmo grupo de empresa ou, no mínimo, se elas estão
imbuídas de um mesmo espírito e fim sócio-ecônomico no desenvolvimento de suas atividades e
alcance de suas metas, apesar de ausente a formal figura de uma controladora ou controlador
(pessoa física ou jurídica). Em caso afirmativo, cumpre-lhe reconhecer o liame de solidariedade
econômica que as une, nos estritos termos do § 2.º, do art. 2.º da CLT (LGL\1943\5), atribuindo-
lhes a correspondente responsabilidade em face de todos os direitos reconhecidos ao trabalhador,
no título executivo.

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4. A autoridade do título executivo judicial perante empresas do mesmo grupo econômico


que não integraram formalmente, na fase de conhecimento, a relação jurídica processual
É inegável que, mesmo diante de uma legislação trabalhista protecionista em prol dos empregados,
inúmeros fatores sociais e econômicos, principalmente de natureza tributária, contribuem para
afastá-la da maioria da população ativa que fica relegada ao total desamparo. 2 2 De qualquer
forma, não se pode jamais afastar o caráter tutelar do direito do trabalho sob pena de se
institucionalizar a volta da barbárie, ignorando-se completamente o longo percurso das conquistas
desses direitos, colocando-se em risco inclusive a própria democracia.
É por isso que o princípio da proteção deve informar sobremaneira o processo do trabalho, para
assegurar a efetividade do direito material, "pois justo é tratar desigualmente os desiguais, na
mesma proporção em que se desigualam, e o favorecimento é qualidade da lei de não defeito do
juiz, que deve aplicá-la com objetividade, sem permitir que suas tendências pessoais influenciem
seu comportamento. Em suma: o trabalhador é protegido pela lei e não pelo juiz, conforme
preleciona Wagner D. Giglio, 2 3 o que determina imprimir no processo do trabalho a característica
protecionista do direito material do trabalho.
Bem mais se justifica a observância desse princípio da proteção na fase de execução trabalhista,
para compelir o réu a satisfazer a obrigação que lhe coube, em face do trabalhador, devidamente
reconhecida por sentença. Não raro, a dificuldade primeira vem evidenciada com a aparente
constatação da inexistência de bens ou, até mesmo, da extinção da própria empresa.
Vale dizer, a atividade jurisdicional, quando provocada, na fase de execução, deve ser
desenvolvida com plena eficácia para alcançar os devedores e deles exigir, coercitivamente, a
imediata satisfação dos direitos reconhecidos na fase de cognição, com a eliminação de
subterfúgios que se apresentam para protelar ou, até mesmo, para afastar o cumprimento da
obrigação reconhecida no título judicial. Impõe-se enfrentar energicamente a sofisticação de
verdadeiros grupos econômicos formados por empresas bem modernizadas e sua relação com os
efetivos detentores de capital, para integrá-las no pólo passivo execução, mesmo não tendo
participado da relação jurídica processual na fase de conhecimento.
A respeito, a iterativa jurisprudência restringia anteriormente essa possibilidade na fase de
excução, pois exigia a inclusão de empresas do grupo desde o início, na fase de conhecimento.
Nesse sentido, a Súm. 205 do TST, exarava o seguinte entendimento: "o responsável solidário,
integrante do grupo econômico, que não participou da relação processual como reclamado e que,
portanto, não consta no título executivo judicial, como devedor, não pode ser sujeito passivo na
execução". 2 4 Resultava daí uma questão de natureza processual que afastava a observância do
princípio da solidariedade econômica previsto expressamente no art. 2.º, § 2.º da CLT
(LGL\1943\5).

A referida súmula, cancelada em outubro de 2003, 2 5 ao limitar a aplicação do disposto no art.


2.º, § 2.º, da CLT (LGL\1943\5), prejudicava, por sua vez, a observância do príncípio da proteção
que também informa o processo do trabalho, conforme já se destacou. Ademais, tal entendimento
espelhava excessivo apego ao princípio constitucional do devido processo legal insculpido no art.
5.º, LIV e LV, da CF/88 (LGL\1988\3), 2 6 etirando a própria eficácia do título executivo judicial,
mormente em face da preexistente previsão legal de solidariedade econômica, o que, por si só,
bastava para se dessumir o total conhecimento da existência de uma ação voltada para todas as
empresas do grupo, embora apenas uma delas fosse integrante da relação jurídica processual.
Nesse sentido, outras decisões de diferentes Tribunais Regionais ostensivamente se afastavam da
orientação da citada Súmula 205, na época em que se encontrava em vigência, porém sem força
vinculante, a exemplo do que expressam as ementas jurisprudenciais seguintes:
"No consórcio empresarial, sendo o grupo econômico o empregador, tanto faz o empregado
demandar contra o grupo em si como contra qualquer das pessoas jurídicas que lhe compõe, pois
o vínculo é único, sendo os integrantes do grupo solidariamente responsáveis pelos débitos
contraídos. Na relação entre os empregado e os diversos componentes do grupo, a citação de
uma das empresas ou sociedades é suficiente, pois o grupo como um todo tem ciência da
demanda (o que em termos fáticos é quase sempre confirmado) onde se pretende o provimento
judicial formativo do título executivo. De maneira que todos os integrantes do consórcio , além de
informados da ação proposta, estão aptos ao oferecimento da defesa. Mesmo que apenas uma
empresa ou sociedade apresente contestação, a todos aproveita a faculdade de defesa, pois feita
por todo o grupo (empregador único). Destarte, as pessoas, empresas e sociedades agrupadas
são consideradas como um todo para efeitos de direito material e processual. Logo, aquela que foi
diretamente demandada atua no grupo. No caso de integrante do consórcio empresarial sua
responsabilidade solidária decorre de expressa previsão legal (art. 2.º, § 2.º da CLT (LGL\1943\5)).
Assim, a sua integração no processo no processo de conhecimento não é requerida para formação
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do título executivo, pois resulta de lei que previamente estabelece a sua sujeição e
responsabilidade à execução" (TRT-17ª Reg. - AP 02/2002.1998.006.17.00 - Ac. de 10.09.2003 -
rel. Juiz Cláudio Armando Couce de Menezes). 2 7
Atualmente, os grupos de empresas constituem um dos procedimentos concentradores mais
apropriados para se obter maior produtividade e maiores lucros com menores custos, pois, através
deles, submetem-se à unidade de poder diretivo empresas juridicamente independentes. Porém, a
existência de uma unidade de gestão em relação a uma pluralidade de empresas formalmente
autônomas tem servido como elemento ideal para fraudadores e desonestos, que vêm se utilizando
da personalidade jurídica das empresas, isoladamente, para negarem a existência do grupo e,
assim, eximirem-se de responsabilidades. Ad cautelam deve o empregado propor a ação contra a
empregadora e a outra empresa do grupo que repute idônea a responder pela execução. Porém,
havendo quebra, na fase executória, não significa que somente a empresa contratante (sujeito
aparente) deva responder pelos encargos da execução. Outras empresas do grupo devem ser
trazidas à lide para dar suporte à execução, pois o art. 2.º, § 2.º, da CLT (LGL\1943\5), prevê
solidariedade econômica e não processual" (TRT 15ª Reg. - AP 623-1992-053-15-00-3 - Ac.
9.803/2003, de 08.04.2003, rel. Juiz Luís Carlos Cândido Martins Sotero da Silva)". 2 8
Na verdade, a mera aplicação da referida súmula, em total prejuízo do empregado exeqüente,
afrontava o princípio da proporcionalidade. Com efeito, ao se fazer a devida ponderação de
valores, mormente diante de um título judicial, deveria prevalecer o princípio constitucional da
dignidade da pessoa humana (art. 1.º, III da CF/88 (LGL\1988\3)) em total sintonia com a idéia de
justiça, que se traduz na função de proteger e assegurar o direito à vida com dignidade, no qual
se insere o trabalho humano como meio indispensável à fruição desse direito fundamental, para a
maioria dos seres humanos capacitados para tanto. Bem a propósito, Teresa Arruda Alvim Wambier
29
preleciona que "a 'presunção' (empregado o termo não em sentido técnico) deve pender
sempre, no sistema como visto como um todo, para que se considere ser efetivamente titular do
direito aquele que tem o título, já que, em tese, é ao título executivo que o próprio sistema atribui
maior peso, mais valor e, como conseqüência disso, eficácia que possa realizar-se no plano
empírico independentemente de transtornos e da superação de obstáculos e incômodos. Só
situações excepcionais podem inverter este quadro, tornando-se "confortável" o caminho daquele
que pretende comprovar que não é devedor ou que não deve o quanto pelo qual está sendo
cobrado".
Assim, a satisfação dos direitos trabalhistas devidamente reconhecidos pelo Estado-Juiz exige o
eficaz desenvolvimento do processo de execução, mediante o afastamento de todas as
estratégias e artimanhas dos executados ou executadas, não raro, voltadas à frustação do
objetivo maior: a plena efetividade da função juris-satisfativa do Estado. Nessa senda, é preciso
agir com prudência, 3 0 perspicácia e rapidez no sentido de alcançar inclusive bens de empresas do
grupo econômico que se buscou ocultar, tanto no que se refere à própria existência delas ou de
seus bens, inquestionavelmente sujeitos à constrição judicial, em face do que dispõe o
mencionado art. 2.º, § 2.º, da CLT (LGL\1943\5). 3 1 Essa norma, hoje, se apresenta em sintonia
com o disposto no art. 275 do CC/2002 (LGL\2002\400), 3 2 que, por sua vez, vem informado pelos
valores da eticidade e da operabilidade. 3 3 Para melhor ilustrar esta argumentação, cumpre
transcrever prestigiosa ementa jurisprudencial que bem espelha o presente entendimento:
"Grupo econômico. Responsabilização na fase de execução de uma das empresas queridos pais, o
compõe. Ausência de participação na fase de conhecimento. Desnecessidade. Ao estabelecer a
responsabilidade solidária na hipótese de reconhecimento de grupo econômico, o art. 2.º, § 2.º da
CLT (LGL\1943\5), busca dar efetividade ao princípio da proteção do trabalhador, garantindo a
solvabilidade dos créditos trabalhistas. A responsabilização na fase de execução de empresa
pertencente a grupo econômico não pressupõe que ela tenha participado da fase de
conhecimento, tendo em vista que o art. 275 do CC/2002 (LGL\2002\400) (art. 904, do CC/1916
(LGL\1916\1)) assegura ao credor a prerrogativa de exigir o cumprimento da obrigação
indistintamente de todos os co-obrigados. Ademais, como o instituto justrabalhista do grupo
econômico não restringe a vinculação laboral ao empregador aparente, mas ao consórcio
empresarial, a citação na fase de conhecimento de qualquer empresa que o compõe conduz à
ilação de que todas tomaram ciência da ação contra elas ajuizada..." (TRT 12ª Reg. - Processo
00089/2006-023-12-00-6 - Ac. 3132/2007 - rel. Juíza Lília Leonor Abreu, DJ 26.03.2007).
5. Conclusões
"É no valor da dignidade humana que a ordem jurídica encontra seu próprio sentido, sendo seu
ponto de partida e seu ponto de chegada, na tarefa de interpretação normativa". 3 4
O incremento da concorrência comercial impulsionado pela globalização econômica e nos moldes

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estabelecidos pelos ideólogos do neoliberalismo impõe às empresas de um modo geral diferentes


formas de gestão e de organização do trabalho, primando pela rapidez e eficiência. Assim, se, de
um lado, a conservação da empresa se impõe para que sejam mantidos os postos de trabalho, do
outro, não se pode perder de vista que, no seio de uma sociedade democrática, a iniciativa
privada espelhada no pleno desenvolvimento da atividade empresarial apenas se justifica e tem o
amparo legal se tiver "por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça
social" (art. 170, caput, da CF/88 (LGL\1988\3)).
Em juízo, as partes têm o dever de proceder com lealdade e boa-fé (art. 14, II do CPC
(LGL\1973\5)) por se tratar o processo de um instrumento ético. Desse modo, "mesmo sendo livres
para dispor dos direitos substantivos deduzidos em juízo, ou seja, do objeto do processo, não são
livres (...) para dispor ao seu bel-prazer também do próprio processo, ou seja, do instrumento
processual". 3 5 Emerge daí que devem ser combatidos e condenados todos os atos processuais
que visam a mascarar ou simplesmente a negar a existência de grupo econômico, para ocultar
bens suficientes ao pagamento de créditos trabalhistas, de modo a afastar a co-responsabilidade,
retardando ou até mesmo frustrando o alcance do resultado útil do processo.
Dito de outro modo, é preciso fazer valer o princípio da lealdade processual, ao se exigir das
partes (e também dos juízes e auxiliares da Justiça) o cumprimento do dever de veracidade e,
desse modo, afastar, com rigor, essas práticas desleais que empregam artifícios fraudulentos, no
decorrer do processo e, com mais gravidade, na fase de execução, o que impõe a aplicação do
disposto no art. 601 do CPC (LGL\1973\5).
Nessa senda, incumbe ao juiz, diretor do processo, realçar a efetiva aplicação do princípio da
proteção que informa o processo do trabalho, no sentido de assegurar, com eficiência, o
pagamento do crédito trabalhista exarado no título executivo, para alcançar empresa do memo
grupo econômico que, até então, se buscou ocultar.
A integração imediata de empresa(s), apenas nessa fase processual, decorre do preceito legal
estatuído no art. 2.º, § 2.º, da CLT (LGL\1943\5), em sintonia com o art. 275 do CC/2002
(LGL\2002\400), de aplicação subsidiária. Vale dizer, por se tratar de um elo preexistente de
responsabilidade solidária, na forma da lei, sua participação na anterior fase de conhecimento
ocorreu por intermédio da outra empresa (ou mais de uma) do mesmo grupo que, formalmente,
integrou o pólo passivo. Assim, a eventual penhora de seus bens não configura nenhuma lesão ao
princípio do contraditório, porque a lide, desde o início, e a decorrente satisfação do julgado
envolvem, indistintamente, interesses e patrimônio de todos os integrantes do grupo empresarial
em face dessa previsão legal de solidariedade econômica.
6. Referências bibliográficas
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(Coords.). São Paulo: LTr, 2002.

1. CAPPELLETTI, Mauro. O processo civil no direito comparado. Hiltomar Martins Oliveira (Trad.).
Belo Horizonte: Líder, 2001, p. 38.

2. Dicionário dos filósofos. Denis Huisman, diretor da publicação. São Paulo: Martins Fontes, 2001,
p.806. Amigo de Péricles, Protágoras passou várias temporadas em Atenas. Condenava as
representações antropomórficas dos deuses. Toda a sua ação política e todo o seu
empreendimento educativo tem origem e sentido "na tentativa de salvar a humanidade através da
cultura e da ciência".

3. MESQUITA, Luiz José. Direito disciplinar do trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 1991, p. 28.

4. Cfr. ALMEIDA, Cleber Lúcio de. Princípios de direito processual do trabalho e o exame dos
reflexos das recentes alterações do Código Processual Civil no direito processual do trabalho.
Direito processual do trabalho: reforma e efetividade. Luciano Athayde Chaves (Org.). São Paulo:
LTr, 2007, p. 18-19.

5. Cf. SILVA, José Afonso da. Propriedade dos meios de produção e propriedade socializada. Curso
de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, 1999, p. 786.

6. WALD, Arnoldo. O empresário, a empresa e o Código Civil (LGL\2002\400). O novo Código Civil
(LGL\2002\400): estudos em homenagem ao professor Miguel Reale/Ives Gandra da Silva Martins
Filho, Gilmar Ferreira Mendes, Domingos Franciulli Netto. (Coords.) São Paulo: LTr, 2003, pp. 841 e
854.

7. McCHESNEY, Robert W. Introdução à obra de Noam Chomski. O lucro ou as pessoas:


neoliberalismo e ordem global. Pedro Jorgensen Jr (Trad.). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2002, p.
9.

8. Jorge Boaventura de Souza e Silva, renomado ensaísta e escritor, ressalta que se trata de um
achincalhe à inteligência dos povos continuarem a sustentar e, mais do que isso, a tentar impor,

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quando lhes convém e até pelo uso da força, a prostituição do ideal democrático a que chamam
de democracia. Assevera que, aos adoradores do "deus" mercado, escravos de uma ambição sem
limites, que os leva a sustentar, por motivos óbvios, paira a confusão entre o ideal democrático e
as formas planejadamente viciadas que o prostituem e maculam, a partir do famoso art. 6.º" (da
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789). As máscaras que estão caindo. Folha
de S.Paulo, 02.06.2003, p. A3. O

9. MESQUITA, Luiz José Mesquita. Direito disciplinar do trabalho. 2. ed. São Paulo: LTr, 1991, p.
XXXI (da introdução).

10. ASQUINI, Alberto. Perfis da Empresa (Profili dell'empresa). Fábio Konder Comparato (Trad.).
Revista de Direito Mercantil, n. 104,.São Paulo: Revista dos Tribunais, 1996, p. 123-124.

11. Art. 170 . A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa,
tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social...".

12. SILVA, José Afonso da. Curso de direito constitucional positivo. São Paulo: Malheiros, p. 786.

13. Cfr. ALMEIDA, Cleber Lúcio de. Princípios de direito processual do trabalho e o exame dos
reflexos das recentes alterações do Código Processual Civil no direito processual do trabalho, p.
18-19

14. Nas palavras de Luiz José Mesquita. Direito disciplinar do trabalho, p. 73.

15. TEIXEIRA FILHO, Manoel Antonio. Litisconsórcio, assistência e intervenção de terceiros no


processo do trabalho. São Paulo: LTr, 1991, p. 93.

16. MAGANO, Octávio Bueno. Manual de direito do trabalho: direito individual do trabalho. São
Paulo: LTr, 1986. v. 2, p. 66 e 73.

17. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 32. ed. São Paulo: LTr, 2006,
p. 141.

18. BERNARDES, Hugo Gueiros. Direito do trabalho. São Paulo: LTr, 1989. v. 1, p. 165-166. Nessa
mesma esteira, eis o entendimento de prestigiosa jurisprudência: Responsabilidade trabalhista.
Solidariedade. Grupo econômico. A solidariedade quanto às responsabilidades decorrentes das
relações trabalhistas, regidas e impostas pela CLT (LGL\1943\5) às empresas que tenham controle
acionário ou administrações comuns, deflui da presunção da existência de interesses comuns,
satisfeitas aquelas condições. Ademais, não só a existência de sócios comuns culmina no
reconhecimento da solidariedade. Comprovada a promiscuidade na administração das empresas
envolvidas, reconhece-se a constituição do grupo econômico e, emergente desta situação, a co-
responsabilidade destas pelos fardos trabalhistas (TRT-2ª Reg. - RO 02940091409 - Ac. 10ª T -
rel. Juiz Wagner José de Souza - DJ 19.01.1996, p. 245).

19. DELGADO, Maurício Godinho. Curso de direito do trabalho. 3. ed. São Paulo: LTr, 2004, p. 399.

20. Cf. GOMES, Orlando. Curso de direito do trabalho. Forense: Rio de Janeiro, 1990, p. 118.

21. PLÁ RODRIGUEZ, Américo. Princípios de direito do trabalho. São Paulo: LTr, 1993, p. 227.

22. A propósito, Arion Sayão ROMITA salienta que "a proteção proporcionada pela legislação
trabalhista brasileira ao trabalhador, na realidade dos fatos, redunda em desproteção. E a
resultante dessa desproteção também desempenha uma função social: perpetuar a posição
subalterna e submissa em que se encontra o trabalhador a justificar a necessidade de atuação
dos protetores, protegendo (aqui sim, há proteção) a posição social por eles ocupada". O princípio
da proteção em xeque. São Paulo: LTr, 2003, p. 26. Recente estudo elaborado por economista da
Unicamp, Waldir Quadros, aponta um percentual de apenas 40,6% de brasileiros ocupados em
2005, contra 45,6% no ano de 1996. O economista salienta que "ocupações precárias e mal
remuneradas vão sendo aceitas como um mal menor (...), e cada vez mais os indivíduos e as
famílias vão relaxando seus padrões morais na luta pela sobrevivência". Folha de SPaulo,
28.04.2007, p. B 10.

23. GIGLIO, WAGNER Drdla. Direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 1988, p. 77.

24. Res. 11/1985, DJ 11.07.1985.


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25. Res. Adm. do TST (Pleno) 121, de 28.10.2003, DJ 19.11.2003, Rep. DJ 25.11.2003.

26. Mesmo cancelada a referida Súmula 205 (MIX\2010\2663)/TST, alguns julgados ainda mantêm
esse entendimento, a exemplo do que consta da seguinte ementa: "Grupo Econômico. Execução. É
incabível o pedido de inclusão no pólo passivo da execução de empresa pertencente ao grupo
econômico que não tenha integrado a lide em fase de conhecimento e que não consta do título
executivo judicial, sob pena de afronta ao princípio do devido processo legal (TRT-SC - Proc.
00219-2002-035-12-85-1 - Ac. 15.679/2006 - Juiz Gilmar Cavalheri - DJ 17.11.2006 - p. 76). Vale
anotar que Carlos Henrique Bezerra Leite perfilha esse mesmo entendimento, eis que considera
como condição necessária a inclusão de empresas do grupo econômico (ou terceirizadas) no pólo
passivo, "a fim de que elas figurem no título executivo judicial e possam figurar como executadas.
Era o que dispunha a Súmula 205 (MIX\2010\2663) do TST que, apesar de cancelada, permanece
incólume o seu espírito em função dos princípios do devido processo legal e da ampla defesa".
Curso de direito processual do trabalho. São Paulo: LTr, 2007, p. 425.

27. Revista LTr 68-08/1.008.

28. Idem. Revista LTr 67-09/1.134.

29. WAMBIER, Teresa Arruda Alvim. Efetividade da execução. Execução trabalhista. Estudos em
homenagem ao Ministro João Oreste Dalazen. José Affonso Dallegrave Neto/Ney José de Freitas
(Coords). São Paulo: LTr, 2002, p. 363-364.

30. Cumpre bem informar com Rodolfo Luis VIGO que "a prudência tem duas dimensões: uma
cognitiva e outra precetiva. Para poder aconselhar ou exigir de um terceiro ou de si próprio quanto
ao que se deve fazer, é necessário conhecer as diferentes possiblidades de conduta e estabelecer
qual desses caminhos é o mais apropriado para conseguir o fim proposto. Somente quem conhece
e valora os diversos meios pode escolher adequadamente e fazer valer um deles. Precisamente, a
interpretação jurídica se inscreve nessa dimensão cognitiva da prudência, cujo objeto é deliberar
sobre as condutas jurídicas possíveis e julgar qual é a preferida... A dimensão prescritiva da
prudência manda ou aconselha aquela conduta que foi a definida como a melhor. Toda conduta em
que alguém dá ou respeita o "seu" do outro importa que seja precedida desse juízo de escolha que
finaliza a interpretação jurídica". Interpretação da lei como saber prudencial-retórico - Cap. IV, da
obra Interpretação jurídica: do modelo juspositivista-legalista do século XIX às novas
perspectivas. Susana Elena Dalle Mura (Trad.). São Paulo: RT, 2005, p. 103.

31. Com muita propriedade, Alice Monteiro de BARROS, diante do cancelamento da Súm. 205 do
TST, preleciona que "a questão agora será decidida à luz do art. 422 do CC/2002 (LGL\2002\400),
que referendou o princípio da boa fé nos contratos, do art. 50, do mesmo diploma, que permite ao
juiz, a requerimento da parte ou do Ministério Público, intervir no processo para que os efeitos de
certas obrigações se estendam aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa
jurídica. Ora, se está autorizada a desconsideração da personalidade jurídica, a ponto de se atingir
a pessoa física dos sócios e administradores, com mais razão pode-se atingir empresas do mesmo
grupo solidariamente responsáveis para efeito da relação de emprego". Curso de direito do
trabalho. São Paulo: LTr, 2007, p. 378.

32. Art. 275 - O credor tem direito a exigir e receber de um ou de alguns dos devedores, parcial
ou totalmente, a dívida comum; se o pagamento tiver sido parcial, todos os demais devedores
continuam obrigados soidariamente pelo resto. Parágrafo único. Não importará renúncia da
solidariedade a propositura de ação pelo credor contra um ou algum dos devedores.

33. Cf. PINTO, Maria Cecília Alves. O direito de empresa no novo Código Civil (LGL\2002\400) e
seus reflexos no direito do trabalho. Novo Código Civil (LGL\2002\400) e seus desdobramentos no
direito do trabalho. Emérson José Alves Lage/Mõnica Sette Lopes (Orgs.). São Paulo: LTr, 2003,
p. 139.

34. São palavras de Flávia PIOVEZAN. Direitos humanos e o princípio da dignidade humana. Dos
princípios constitucionais. Considerações em torno das normas principiológicas da Constituição.
George Salomão Leite (Org.). São Paulo: Malheiros, 2003, p. 193.

35. CAPPELLETTI, Mauro. O processo civil no direito comparado, p. 38.


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