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-Teoria – θεάομαι – θεωρός – θεωρία

„A theory must be more than a hypothesis: it can’t be obvious; it involves complex relations
of a systematic kind among a number of factors; and it is not easily confirmed or disproved.”
„The most convenient designation of this miscellaneous genre is simply the nickname theory,
which has come to designate works that succeed in challenging and reorienting thinking in
fields other than those to which they apparently belong. This is the simplest explanation of
what makes something count as theory. Works regarded as theory have effects beyond their
original field.”
„(…) theory is defined by its practical effects, as what changes people’s views, makes them
think differently about their objects of study and their activities of studying them, (…)” –
Jonathatn Culler
-Jean Paul Sartre: Que est-ce que c’est la littérature? (1948) – Afinal o que é a literatura?
-Stephen Greenblatt: What is the History of Literature? (1997)

-Formalismo
-Teoria periférica
-Positivismo do século 19. Taine – explicar o texto através dos três eixos principais: le milieu,
le moment, la race + psicologismo. Interpretar com elementos extra-textuais
-1914: Grupo Opojaz (Sklovszkij, Eichenbaum, Tinyanov, Brik) + Círculo de Linguística
(Jakobson)
-Elaboração da metodologia da primeira teoria literária. „Criar uma ciência autónoma da
literatura que se baseia nas particularidades do material literário”
-Definir o que é a literatura
-Sklovszkij: o conceito do ostranenie
-linguagem literária vs. linguagem instrumental
-Jakobson: „A poesia é uma violência organizada contra a língua cotidiana.”
-Brik: „Não há nem poetas, nem personagens literários. Só há poesia e literatura.”
-Prosa: fabula vs. sujet
-Benoist: The structural revolution (1978). „Uma revolução universal do pensamento” (Ann
Jefferson). „Um certo método de intrepretar produtos culturais cujas raízes remontam à
metodologia da linguística comparada” (Roland Barthes)
-Saussure: Cours de linguistique générale (1916). A linguagem é um sistema complexo de
signos. Signo = significante + significado. O signo é arbitrário. As palavras não espelham a
realidade, pelo contrário, organizam o fluxo contínuo e caótico de sons e imagens mentais.
„No sistema linguístico só há diferenças.” O que dá a identidade aos signos linguísticos é a
diferença: gato, mato, fato, jato, bato, pato….

-Lévi-Strauss: Antropologia (relações de parentesco, mitos)


-„A cultura em todos os seus aspetos é uma linguagem” – Barthes
-A morte do autor…
-Narratologia (Todorov: A Gramática do Decameron)
Gérard Genette: Figures III. – Discours du récit (1972)
-Pós-estruturalismo – Derrida: De la grammatologie. A linguagem não é um sistema estável e
fechado como Saussure e o estruturalismo supunha. A significação não está contida nas
palavras duma forma absoluta e inquestionável e direta. Disseminação na cadeia dos
significados e significantes. O signo linguístico nunca é idêntico, recebe a sua significação
num processo constante de „deslizamento”. A lógica do dicionário. Fala vs. escrita –
fonocentrismo/logocentrismo do pensamento ocidental: há sempre uma base transcendental
que garante a coerência do sistema. Oposições binárias (fala/escrita, presença/ausência,
material/abstrato, homem/mulher) – dominante + suplemento
-Pós-colonialismo – marxismo + pós-estruturalismo/pós-modernismo
-Acadêmicos não-ocidentais – post-colonial vs. postcolonial (contra a amnésia post-colonial)
-Anos 80 – new humanities. feminismo, estudos queer, estudos culturais
-Derrida, Foucault, anti-humanismo, anti-logocentrismo, anti-modernidade (iluminista),
crítica de Hegel e da sua filosofia de história, crítica da subjetividade cartesiana
Colônias de povoadores Colônias de sociedades Colônias de sociedades
invadidas duplamente colonizadas
Américas portuguesa e Índia e África As ilhas do Caribe:
espanhola, Estados Unidos, genocídio indígena +
Canadá, Austrália, Nova deslocamento de populações
Zelândia da África, Índia, Ásia,
Oriente Médio e da Europa
para a região
línguas nativas quase Línguas nativas praticadas Línguas nativas totalmente
extintas – línguas europeias intensamente – línguas suprimidas – línguas
dominantes europeias adotadas europeias

Colonizador Colonizado (o outro)


O centro imperial constrói o sistema pelo O outro é formado por discursos de
qual o sujeito colonizado forma a sua primitivismo, canibalismo, inferioridade
identidade como dependente ou outro; torna- cultural, linguística, epistemológica e
se a única estrutura pela qual o sujeito antropológica; Constrói-se uma separação
colonizado compreende o mundo binária entre colonizador e colonizado que
serve para justificar a supremacia da cultura,
ideologia e visão do mundo do colonizador

Descolonização I. (1776- Movimentos Independência Descolonização Movimentos Descolonização


1825) (1920-1940) no II. (1945-1949) pré- III. (1955-
Commonwealth independência 1975)
Britânico (a partir dos
(1930-1942) anos 30 -40)
Independência das Harlem Canadá, Índia, guerrilhas, África, ilhas do
Américas Renaissance, Austrália Paquistão, guerras Caribe,
Négritude Indonésia, coloniais em colônias do
Oriente Médio África sudeste asiático
e Oceania

-Edward Said: Orientalism (1978)


-„Postcolonial theory, so-called, is not in fact a theory in the scientific sense, that is a
coherently elaborated set of principles that can predict the outcome of a given set of
phenomena. It comprises instead a related set of perspectives, which are juxtaposed against.
one another, on occasion contradictorily. It involves issues that are often the preoccupation of
other disciplines and activities, particularly to do with the position of women, of development,
of ecology, of social justice, of socialism in its broadest sense. Above all, postcolonialism
seeks to intervene, to force its alternative knowledges into the power structures of the west as
well as the non-west. It seeks to change the way people think, the way they behave, to
produce a more just and equitable relation between the different peoples of the world.” –
Robert J. C. Young: What is the post-colonial?
-Gayatri Spivak: Can the Subaltern Speak? (1985)
-Aschcroft-Griffith-Tiffin: The Empire Writes Back: Theory and Practice in Post-Colonial
Literatures (1989)
-Boaventura de Sousa Santos: : “Entre Próspero e Caliban. Colonialismo, Pós-colonialismo e
interidentitidade”, Novos Estudos, 2003/66., pp. 23-52.
„Portugal é desde o século XVII um país semiperiférico no sistema mundial capitalista
moderno. Esta condição, sendo a melhor que caracteriza a longa duração moderna da
sociedade portuguesa, evoluiu ao longo dos séculos mas manteve os seus traços
fundamentais:um desenvolvimento económico intermédio e uma posição de intermediação
entre o centro e a periferia da econimia-mundo; um Estado que, por ser simultaneamente
produto e produtor dessa posição intermédia e intermediária, nunca assumiu plenamente as
características do Estado moderno dos países centrais , sobretudo as que se cristalizaram no
Estado liberal a partir de meados do século XIX; processos culturais e sistemas de
representação que, por se quadrarem mal nos binarismos próprios da modernidade ocidetal –
cultura/natureza; civilizado/selvagem; moderno/tradicional – podem considerar-se
originariamente híbridos, ainda que, no fundo, sejam apenas diferentes, uma diferença que,
contudo, não pode ser captada nos seus próprios termos.”
„A subalternidade do colonialismo português é dupla, porque ocorre tanto no domínio das
práticas coloniais, como no dos discrusos coloniais. No domínio das práticas, a subalternidade
está no facto de Portugal, enquanto país semiperiférico, ter sido ele próprio, durante um longo
período, um país dependente da Inglaterra, em certos momentos, quase uma „colónia
informal” da Inglaterra. Tal como aconteceu com o colonialismo espanhol, a conjunção do
colonialismo português com o capitalismo foi muito menos directa do que a que caracterizou
o colonialismo britânico. Em muitos casos, essa conjunção ocorreu, por delegação, ou seja,
pelo impacto da pressão da Inglaterra sobre Portugal através de mecanismos como condições
de crédito e tratados internacionais desiguais. Assim, enquanto o Império Britânico assentou
num equilíbrio dinâmico entre colonialismo e capitalismo, o Império Português assentou num
desequilíbrio, igualmente dinâmico, entre um excesso de colonialismo e um défice de
capitalismo”
„A identidade do colonizador português não se limita a conter em si a identidade do outro, o
colonizado por ele. Contém ela própria a identidade do colonizador enquanto colonizado por
outrem. Como mostrarei a seguir, o Prospero português não é apenas um Prospero
calibanizado, é um Caliban quando visto da pespectiva dos Super-Prosperos europeus. A
identidade do colonizador português, é assim, duplamente dupla. É constituída pela conjunção
de dois outros: o outro que é colonizado e o outro que é o próprio colonizador enquanto
colonizado. Foi esta duplicidade de alta intesidade que permitiu ao português ser emigrante,
mais do que colono, nas „suas” própria colónias. Haverá mesmo que averiguar se a identidade
como colonizado precede a identidade como colonizador na genealogia dos espelhos em que
se revêem os Portugueses.”
„A primeira diferença é que a experiência da ambivalência e da hibridez entre colonizador e
colonizado, longe de ser uma reivindicação pós-colonial, foi a experiência do colonialismo
português durante longos períodos. (…) Por agora há que salientar que a prática da
ambivalência, da interdependência e da hibridação foi uma necessidade da relação colonial
portuguesa. Por isso, no contexto do pós-colonialismo de língua oficial portuguesa, o
importante é distinguir entre vários tipos de ambivalência e de hibridação, nomeadamente
entre aquelas que reforçaram as desigualdades de poder dda relação colonial e as que as
atenuam ou até subvertem.”

Esta ilha pequena, que habitamos,


em toda esta terra certa escala
De todos os que as ondas navegamos
De Quíloa, de Mombaça e de Sofala;
E, por ser necessária, procuramos,
Como próprios da terra, de habitá-la;
E por que tudo enfim vos notifique,
Chama-se a pequena ilha Moçambique. – Os Lusíadas

-André Alvares de Almada: Tratado dos rios de Guiné (1594)

-João dos Santos: Ethiopia Oriental (1609)

"Mas o aparecimento de uma atividade literária e cultural regular na África associa-se intimamente à criação e
desenvolvimento do ensino oficial e ao alargamento do ensino particular ou oficializado, à liberdade de
expressão e à instalação do prelo, fatos que se registam só a partir dos anos 40 do século XIX." – Manuel
Ferreira

-African Literature in Portuguese: The First Written, The Last Discovered – Gerald Moser

-1849 José da Silva Maia Ferreira: Espontaneidades da minha alma


-1856 Revista Aurora

„No discurso literário, o nacionalismo foi a antecipação da nacionalidade, modo específico de a escrita se
naturalizar como própria de urna Nação-Estado em germinação.” – José Pires Laranjeira

-1854 Boletim do Governo da Província de Moçambique - „Se a Revista Africana for um dia útil à terra do meu
nascimento, estão conseguidos os desejos que presidem ao empreendimento da sua publicação.” – José Pedro da
Silva Campos e Oliveira

-1926 Publica-se o primeiro livro em Moçambique + Lei João Belo

-literatura colonial vs. literaturas africanas de expressão portuguesa

literatura das descobertas literatura colonial literatura de sentimento literatura de consciência


e da expansão nacional nacional

„As literaturas africanas são o inverso da literatura colonial. O universo africano perspectivado de dentro,
consequentemente saneado da visão folclorista e exótica. No espaço material e linguístico do texto o negro
privilegiado e revestido de um solidário tratamento literário – embora não sejam excluídas as personagens
europeias (de sinal negativo ou positivo). É o africano que normalmente preenche os apelos da enunciação e é
ele quase exclusivamente, enquanto personagem ficcional ou poética, o sujeito do enunciado. Os cuidados e os
esmeros do sujeito enunciador são os de organicamente moldar o enunciado com os ingredientes significativos e
representativos de especificidade africana. Se, colocados lado a lado, dois textos, um de literatura colonial e
outro de literatura africana, é como se precedêcessemos a uma justaposição de brusco contraste. O texto colonial
representa e prolonga a realidade colonial; o texto africano nega a legitimidade do colonialismo e faz, da
revelação e da valorização do universo africano, a raiz primordial.” – Manuel Ferreira

colonização existência colonial Movimentos de Guerra civil Estado Nação


(séc. XV) (séc XVI – séc XX) independência + democrático
Guerra colonial (capitalismo neo-
(1961-1974) liberal

Incipiência Prelúdio (1925- Formação (1945- Desenvolvimento Consolidação


1945) 1963) (1964-1975) (1975-1992)

„Fala -se hoje, em Moçambique, muito mais português que há 30 anos atrás quando o país
ficou independente. Quando se declarou a independência, 60% dos habitantes não falavam
português. Hoje, esse número caiu para menos 40%. Os que têm competência para falar o
português como língua materna não ultrapassam os 9%. A maior parte deles está nas cidades.
Nas cidades, mais de 20% têm o português como língua materna. Esse grupo que fala
português – negros urbanos, mulatos, indianos e brancos –, é minoritário por ser pequeno,
mas fala a língua da nacionalidade, que exprime o projecto de nação.” – Mia Couto
„…tinha 2 para 3 anos quando inventei este nome de Mia, para mim próprio…, pensava que
era um gato. (…) O nome ficou logo ali resolvido. Faltava resolver a pessoa.” – Mia Couto
Vivia em nossa casa um menino preto, que os meus pais tinham adoptado… Somos três
irmãos e este miúdo teve uma grande influência em nós três. Quando os meus pais saíam, o
João Joãoquinho (assim se chamava, era duas vezes João), que era mais velho, contava-nos
histórias fabulosas, com uma força incrível. Um dia desapareceu, foi à vida, fez-se padre de
uma seita Mazione.” – Mia Couto
„Eu vivi uma infância e uma adolescência num mundo em que não havia medo. E nós
saíamos de casa de manhã, voltávamos à noite. Espaço era todo nosso. (…) E isso foi
importante para que a fantasia fosse quase um vício. Esta ausência de limite foi uma coisa que
me formou mais. O meu pai me formou mais pela ausência da norma do que pela imposição
de uma disciplina de leitura.” – Mia Couto
„Vou aceitar-me dividido e não tentar disfarçar ou mascarar a origem europeia que tneho.
Penso que isso é também um contributo para a construção daquela moçambicanidade que é só
um projecto ainda.” – Mia Couto
„(...) nessa altura, em 1982 – em 1983 foi quando apareceu o livro – ainda a literatura de
Moçambique estava muito marcada pela literatura militante, explicitamente política, ao
serviço da causa revolucionaria, etc. Eu pretendi que o livro fosse um pouco certa reacção
contra esta única forma de escrever. (...) Pode -se falar de revolução sem falar de política no
sentido explícito do termo. Então o projecto do livro foi animado neste sentimento: era
preciso animar o eu não contra ao nós mas a favor dum colectivo mais verdadeiro. Este
espaço do individuo era preciso colocá -lo no seu lugar e eu quis um bocadinho contribuir
para isso com o livro.” – Mia Couto

Colonizador Colonizado (o outro)


O centro imperial constrói o sistema pelo qual o O outro é formado por discursos de primitivismo,
sujeito colonizado forma a sua identidade como canibalismo, inferioridade cultural, linguística,
dependente ou outro; torna-se a única estrutura pela epistemológica e antropológica; Constrói-se uma
qual o sujeito colonizado compreende o mundo separação binária entre colonizador e colonizado que
serve para justificar a supremacia da cultura, ideologia
e visão do mundo do colonizador

Colônias de povoadores Colônias de sociedades Colônias de sociedades duplamente


invadidas colonizadas
Américas portuguesa e espanhola, Índia e África As ilhas do Caribe: genocídio indígena
Estados Unidos, Canadá, Austrália, + deslocamento de populações da
Nova Zelândia África, Índia, Ásia, Oriente Médio e da
Europa para a região
línguas nativas quase extintas – línguas Línguas nativas praticadas Línguas nativas totalmente suprimidas
europeias dominantes intensamente – línguas – línguas europeias
europeias adotadas

Descolonização I. (1776- Movimentos Independência Descolonização Movimentos Descolonização


1825) (1920-1940) no II. (1945-1949) pré- III. (1955-
Commonwealth independência 1975)
Britânico (a partir dos
(1930-1942) anos 30 -40)
Independência das Harlem Canadá, Índia, guerrilhas, África, ilhas do
Américas Renaissance, Austrália Paquistão, guerras Caribe,
Négritude Indonésia, coloniais em colônias do
Oriente Médio África sudeste asiático
e Oceania

„Postcolonial theory, so-called, is not in fact a theory in the scientific sense, that is a
coherently elaborated set of principles that can predict the outcome of a given set of
phenomena. It comprises instead a related set of perspectives, which are juxtaposed against.
one another, on occasion contradictorily. It involves issues that are often the preoccupation of
other disciplines and activities, particularly to do with the position of women, of development,
of ecology, of social justice, of socialism in its broadest sense. Above all, postcolonialism
seeks to intervene, to force its alternative knowledges into the power structures of the west as
well as the non-west. It seeks to change the way people think, the way they behave, to
produce a more just and equitable relation between the different peoples of the world.” –
Robert J. C. Young

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