Você está na página 1de 2

Autismo e Neurociência

O Transtorno do Espectro Autista é um transtorno do neurodesenvolvimento, isso


significa que os portadores desse transtorno possuem algumas áreas cerebrais comprometidas e
com um desenvolvimento atípico.

Os sinais e sintomas do TEA como, por exemplo, dificuldade na comunicação,


hipersensibilidade com cheiros e sons, interação e comportamento social afetado, são resultados
dessas alterações em regiões encefálicas. Além disso, a intensidade em que esses sintomas
aparecem está diretamente ligada ao grau de comprometimento de determinada área.

O cérebro social é um conceito criado pela neurociência que explica a capacidade que o
ser humano tem em conviver socialmente entre pessoas, planejar maneiras adequadas de se
comportar e interagir socialmente. Ele é composto pelo hipotálamo, pela amígdala e pela junção
temporoparietal (teoria da mente). Pesquisas mostram que a pessoa que se encontra dentro do
Espectro Autista apresenta alterações nessas áreas citadas, assim como em outras áreas que
vamos mencionar.

Hipotálamo: O hipotálamo é a área cerebral responsável por transformar a memória de


curto prazo em memória de longo prazo, resultando no aprendizado. Assim, a criança com TEA
que possui essa área prejudicada apresenta uma dificuldade em seu aprendizado. Outra área
relacionada à memória é o Subículo, essa quando comprometida resulta na dificuldade na
aquisição de memória de trabalho.

Amígdala: Regula e organiza as emoções, memórias e sentimentos mais profundos.


Estudos voltados para neuroimagem afirmam que quanto maior o tamanho da amígdala, maior é
o grau de comprometimento e a severidade do autismo. Ainda assim, existem pesquisas que
discutem a importância da criança com autismo ser tratada com muito afeto, para que apesar da
regulação prejudicada, ela possa lidar melhor com questões afetuosas.

Junção Temporoparietal: A Teoria da Mente trata sobre o reconhecimento que temos


sobre nós mesmos e sobre a capacidade em reconhecer e interpretar a maneira com que o outro
está lidando com uma situação e com suas emoções, através da sua fala e expressões faciais
(empatia).

Giro do cíngulo: Composto por uma grande quantidade de neurônio espelho,


responsável pela capacidade em se colocar no lugar do outro (empatia).

Um dos sintomas que presenciamos no TEA e que resulta do prejuízo das duas áreas
citadas é a dificuldade em interpretar as emoções do outro, além de impactarem também no
comportamento frente a determinadas situações.

Lobo occipital: Responsável pelas funções visuais. A pessoa com TEA possui uma
movimentação ocular diferente com foco maior na área da boca, enquanto uma pessoa
neurotípica apresenta um foco maior na região dos olhos.

Corpo caloso: Área que faz com que os dois hemisférios cerebrais se comuniquem. No
TEA essa comunicação pode ser prejudicada e em alguns casos, a musicoterapia auxilia de
forma significativa no tratamento trabalhando nessa comunicação entre os hemisférios, mas é
muito importante considerar a anamnese e o trabalho com a equipe multidisciplinar para indicar
esse tratamento, que pode encontrar dificuldade quando utilizado em crianças hipersensoriais.
Corpo mamilar: Permite que a pessoa tenha uma boa navegação espacial (em cima, em
baixo, esquerda, direita). Trabalhar atividades que utilizam disso é importante para o
desenvolvimento nessa região.

Córtex Entorrinal: Processa informações dos aspectos sensoriais e motores. Podemos


observar o comprometimento nessa área em pessoas com TEA que apresentam
hipersensibilidade, resultado de um prejuízo no reconhecimento sensorial seja ele olfatório,
gustativo ou olfativo.

Células de Purkinje: Essas células quando não estão reguladas passam a agir de forma
acelerada e ocasionam estereotipias.

Córtex Pré-Frontal: Está relacionado ao desenvolvimento da personalidade e a


capacidade em avaliar e controlar comportamentos sociais adequados, sua maturação é mais
lenta em crianças com TEA o que impacta seu desemprenho cognitivo.

Ainda não temos uma causa para o Transtorno do Espectro Autista, mas
compreendemos que a condição genética, apesar de não ser determinante, influencia no risco de
desenvolvimento do transtorno, juntamente com condições ambientais e não genéticas. É muito
importante compreender que o diagnóstico é baseado na observação do paciente, realizada pela
família e pelos profissionais que o atendem. O diagnóstico precoce é um grande aliado ao
desenvolvimento dessa criança, assim como o trabalho de especialistas que devem acompanhar
a criança considerando tratamentos que promovem estímulos e desenvolvimento.

Você também pode gostar