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Seduzida Pelo Chefe Da Mafia - A Garota Do Batom Rosa
Seduzida Pelo Chefe Da Mafia - A Garota Do Batom Rosa
1ªEdição
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S erena Smith a muito tempo deixou para trás aquela menina sonhadora
e inocente, e se transformou, em uma assassina de sangue frio. Agora,
casada com o homem que arruinou a sua vida, Serena se vê em um impasse!
Entre matar o homem que assassinou o seu irmão, mas também matar a
única pessoa capaz de lhe despertar sentimentos, ou simplesmente, perdoá-
lo.
Graciele Lima.
Eu não sei e nem imagino o quão longe esse desgraçado chegou, mas
eu sei, que ele foi longe o suficiente para marcá-la, para deixar vivo em sua
memória aquelas lembranças ruins. Sinto o meu corpo se enrijecer com a
possibilidade de algum verme infeliz ter tocado a sua pele macia, e por
instinto, eu passo a minha mão por seus cabelos ondulados, sentindo o seu
cheiro me invadir.
Por outro lado, eu não poderia forçar e submeter uma menina que já
demonstrou estar tão quebrada e destruída aos meus desejos obscuros. Uma
menina que só tinha vivenciado o lado cruel e ruim do prazer. Não dava
para forçá-la. Eu não queria forçar. Não mais. Não dava para destruir o que
já estava em frangalhos, e naquele momento de calmaria, sentindo o seu
perfume e o seu corpo frágil tão perto do meu, eu percebi e compreendi,
que a queria por inteiro... Eu não queria só o seu corpo... eu queria a sua
alma, e também, o seu coração.
Saio da cama antes do amanhecer, querendo organizar os meus
pensamentos e controlar o fluxo emocional que insistia em me confundir, e
que de certa forma, me desagradava. Suspiro pesadamente e olho para a
mulher de cabelos castanhos que estava deitada em minha cama. Os seus
cabelos ondulados se espalhavam pelo lençol de maneira desordenada e a
sua posição, realçava mais ainda a sua beleza natural.
Serena era como uma criatura mística! Uma sereia desgraçada de tão
encantadora, sem falar, do seu corpo estupidamente gostoso. Ela não só
afetava o meu pau diretamente, como também, a porra do meu cérebro!
Um Don é criado para ser implacável e para jamais abaixar a guarda perante
os seus inimigos, e muito menos, diante dos seus aliados. E nesse pouco
tempo, Serena já me fez ir contra a primeira lei da Camorra! A lei da
famiglia.
— Você vai matar uma pessoa hoje! — A sua voz grossa reverbera pelo
espaço e a sua informação não me surpreende, eu estava ciente dos meus
propósitos e estava disposto a cumpri-los em nome da famiglia. — E esse
assassinato a sangue frio, vai ser a maior prova da sua lealdade e da sua
liderança!
Antonella não era a minha mãe biológica, era somente mãe de Luigi e
eu entendia perfeitamente a sua escolha em levá-lo para longe. Não havia
modos de fugir do nosso destino, simplesmente não havia escolhas no nosso
mundo! Todos já nasciam predestinados a traçar os seus caminhos
decididos pela nossa organização. Antonella apesar de ser minha
madrasta, ocupou o lugar da minha mãe, e cogitar a possibilidade de
apertar o gatilho de uma pistola em sua direção, doía...
Sinto o meu coração disparar em uma frequência absurda, fazendo
com que eu tropece em meus próprios pés e as minhas costas se choquem
no chão duro. E mesmo sabendo que eu seria punido por isso, eu deixo
escapar um soluço da minha garganta... um soluço engasgado, porque eu
sei... eu sei... que seria obrigado a fazer isso! Eu iria matar a minha
própria mãe! A mulher que deu a vida ao meu irmão!
— Antonella escolheu o destino dela! Ela sempre soube das nossas leis
e decisões. Quem nasce na máfia, morre na máfia! — Meu pai fala
calmamente, estendendo a sua mão na minha direção para me ajudar. — O
seu coração não pode ditar e passar por cima das nossas tradições! Você
vai matá-la e não vai derramar nenhuma lágrima de arrependimento!
Eu sempre soube que a minha vida seria diferente, que o meu destino
era cruel e sanguinário! Eu nunca fantasiei ou desejei outro modo de viver,
mas, eu também não imaginava que a cada novo passo que eu dava, o meu
eu de verdade iria ser apagado, substituído, moldado de acordo com a
nossa organização. Aos poucos e com o passar dos anos, eu fui tirando o
Giovanni de dentro de mim, para dar lugar ao Don... e até eu completar os
meus dezoito anos, teria muito tempo e muito treinamento pela frente, para
eu me tornar o monstro frio e impiedoso que eu deveria ser.
Eu seria um monstro...
Saio dos meus pensamentos com o toque insistente do meu celular, mas
antes de atender o aparelho irritante, eu observo Serena mais uma vez, e
institivamente, o meu olhar percorre as suas cicatrizes. Se sobrou algo bom
dentro de mim, depois de todos esses anos reprimindo e repudiando esses
sentimentos, eu estava disposto a mostrar para ela. Eu estava decidido a
abrir o meu coração... eu mostraria o meu mundo aos poucos, no seu
tempo... Eu não queria e não iria machucá-la, mas a queria para mim como
minha mulher... e estava disposto a ser paciente e respeitar o seu tempo.
Mas, se ela estivesse mentindo ou me traindo como Lorenzo havia me
alertado, qualquer resquício de humanidade que ela tenha trazido de volta
para mim, será enterrado! E aí, realmente... eu me tornaria um monstro sem
alma...
“ Lembre-se de quem são os seus amigos e quem são os
seus inimigos. ”
Série – The boys.
Passo o meu olhar pelas mulheres e nas poucas crianças que estavam
ali, e é impossível não notar, as diversas marcas arroxeadas que estavam
espalhadas pela região do rosto, dos braços e das coxas. É óbvio que o fato
da carne estar apodrecendo destaca mais os hematomas, mas é muito difícil
passar despercebido as escoriações e as visíveis surras que esses indivíduos
foram submetidos.
Aquela cena era ultrajante! Mas, não no sentido dos corpos desovados
estarem empilhados de uma maneira desumana e sanguinária, e sim, no ato
de desafio... Isso era claramente um ato afrontoso de um adversário que
estava disposto a me contrariar... Sinto os meus músculos reagirem
imediatamente e a adrenalina pulsar em minhas veias, em resposta a
imagem que estava estampada em minha frente.
— Não sabemos as suas intenções, senhor! Mas foi ele que trouxe o
caminhão até aqui. — Um dos diversos homens responde, mas sou incapaz
de tirar os meus olhos do infeliz a minha frente. — O nosso motorista foi
morto e está entre os corpos empilhados e ele também foi desovado!
— E quem disse que eu quero que você fale? Eu não quero nomes, eu
não quero informações... eu só quero te causar dor! — Falo com
sinceridade, repetindo os comandos com o meu pé, fazendo com que mais
duas apunhaladas acertem o seu corpo, formando uma melodia harmoniosa,
unindo os seus sons engasgados e grotescos com o som do ferro se
chocando contra a sua carne. — Está vendo aquele maldito caminhão que
você trouxe!? Você vai receber o mesmo destino que aquelas pessoas, mas
não espere que eu seja tão cuidadoso quando eu arrancar o seu fígado... ou
quando eu arrancar o seu coração... porque eu não vou ser!
— Você vai ter o mesmo destino deles, miserável! Olhe para eles! —
Me agacho ao seu lado e agarro o seu maxilar, virando o seu rosto com
brutalidade na direção do caminhão, sem me importar de deixar a sua saliva
cair na manga do meu paletó. — Eu vou abrir a sua barriga da mesma
forma que abriram a deles, para expor toda a merda que está dentro de
você! Mas, ao contrário desses infelizes, você vai estar bem lúcido para ver
tudo isso, eu vou amarrar você com os braços para cima e a sua cabeça vai
estar presa para você ser obrigado a olhar para baixo... para você ver o
momento exato que os seus órgãos, em especial o seu intestino grosso... vão
saltar para fora da sua barriga. E antes do seu corpo morrer de hemorragia
ou do seu cérebro entrar em colapso, pelo corte enorme e pela dor extrema,
a última imagem que vai estar cravada em sua memória, vai ser dos seus
intestinos pulando para fora da sua pele flácida.
Sinto o seu corpo tremer sob o meu agarre, como se imaginar essa cena
em sua cabeça fosse o suficiente para o seu corpo entrar em colapso. Aperto
com mais força o seu maxilar, fazendo com que os meus dedos afundem em
suas bochechas e o seu olhar amedrontado encontre o meu. Sinto os seus
espasmos involuntários e olho para a poça de sangue que já se formava ao
seu redor, me alertando que a nossa conversa divertida teria que ser
prorrogada para outro momento.
— Por fa...vor... — Ele implora, fazendo com que o meu sangue pulse
com mais intensidade dentro de mim, trazendo com isso, o meu pior lado à
tona. — Eu só si...go ordens...
— Fique calmo! Porque nada disso vai acontecer agora, antes você vai
sofrer mais um pouco. — Cuspo as palavras, sentindo o ódio se apoderar de
mim e percorrer as minhas entranhas de uma maneira obscura. — Esses
ferimentos vão infeccionar, o seu corpo vai começar a lutar para tentar se
salvar, e nossa... como eu adoro isso! Porque a dor de um corpo entrando
em estado de rejeição é muito mais alucinante do que a dor cortante de uma
lâmina afiada. E claro, você não vai morrer antes de ver a sua mulher e os
seus filhos serem abatidos!
Fito o meu olhar no homem a minha frente e vejo o seu rosto vermelho,
as veias começando a aparecer em sua testa. Eu estava enforcando-o,
sacudindo o seu corpo em um gesto visivelmente desesperado. Mas eu
queria respostas, respostas para as informações incoerentes que chegaram
até mim. Vendo que o seu rosto estava começando a empalidecer, eu
afrouxo um pouco o meu aperto violento e ele logo começa a tossir
descontrolado, buscando oxigênio.
— Que droga Gio...vanni! — Ele diz, enquanto tosse e aperta o meu
braço, tentando se soltar do meu aperto. — O seu irmão foi te visitar hoje
cedo, e é óbvio, que ele encontrou todo o estrago e me ligou em seguida.
— Reze para que ela esteja viva! — Falo, sentindo o meu coração
acelerar e bater descontrolado. — Se eu encontrá-la morta, a primeira
pessoa que vou caçar e mandar para o inferno, vai ser você!
“ Eu não sei o que são sentimentos, e muito menos sei,
externar o que grita dentro do meu peito, mas os meus
atos refletem o que eu sinto por você. ”
Esse lugar era uma fortaleza, ninguém deveria chegar até esse ponto do
prédio, houve ajuda interna com certeza! Só existem duas pessoas que
poderiam ter confidenciado a minha localização, ou foi o Lorenzo ou o
Luigi. Um dos dois estava me traindo, e eu me recusava a acreditar que o
meu irmão, que cresceu comigo, poderia planejar algo tão minucioso ao
ponto de desobedecer às minhas ordens. Por outro lado, eu não posso
ignorar a sua presença suspeita em um ataque como esse.
— Giovanni me deixa ir por favor... deixa eu ser feliz pelo menos uma
vez... — Ela sussurra em meu peito, parando para tomar fôlego e gemendo
durante todo o processo. — Deixa eu ver o meu irmão... eu estou com tanta
saudade...
— Olhe para mim... e veja o estrago que você fez! — Falo com
sinceridade, mantendo o meu agarre firme em seu rosto, obrigando-a a me
encarar. — Eu não posso deixar você ir! Eu não posso deixá-la, porque você
foi feita para mim!
Olho para o seu rosto e toco no pano que estava amarrado em sua
cintura, e no mesmo instante, eu sinto a umidade do local, e quando eu olho
para a palma da minha mão, eu vejo o sangue escuro estampar em minha
pele. Provavelmente, o balanço do veículo e movimento do trajeto
magoaram o seu ferimento, e por instinto, eu pressiono o local com a minha
mão livre.
— O seu cheiro é tão bom... — Ouço a sua voz suave e acaricio os seus
cabelos melados de sangue. — Eu deveria odiar você... eu tinha que odiar...
mas eu não consigo Giovanni... mesmo depois de você ter me machucado
tanto...
— Você sabe que eu sou incapaz de machucá-la. — Sussurro próximo
ao seu ouvido, sentido o cheiro de sangue invadir as minhas narinas. — Por
mais que eu me esforce, eu não consigo te ferir!
A perda excessiva de sangue estava fazendo com que ela delirasse, mas
só em ouvir a sua voz, mesmo que em um murmúrio, era simplesmente um
alívio. Os seus olhos estavam entreabertos e os meus dedos passeavam por
seu rosto, fazendo pequenas carícias. Ela estava visivelmente sonolenta,
mas não era falta de sono, e sim, consequência da hemorragia.
Sinto os meus músculos ficarem tensos com as suas palavras, ela estava
delirando, misturando a realidade com alguma lembrança do seu passado
desconhecido. A sua dor me afetava... e cada vez mais, eu me convencia
que estava louco! Completamente louco! Ela se remexe no meu colo
agoniada, mergulhada e envolvida em alguma memória ruim que a
atormentava.
— Sou eu, Serena! — Falo um pouco mais alto, beijando a sua testa,
tentando de alguma forma, trazê-la de volta a realidade. — Minha menina,
não é real! Não é real!
Sinto uma mão pesada tocar em meu ombro e fito o olhar aflito do meu
irmão mais novo. Suspiro pesadamente e repouso a minha testa em uma das
minhas mãos, completamente exausto. A espera por notícias era
enlouquecedora, e para ser sincero, eu não sabia dizer quanto tempo havia
se passado desde que eu entrei naquele maldito carro, parecia que eu estava
preso em um universo paralelo, acorrentado em uma realidade bem
diferente da minha.
— Fique calmo, Giovanni! Ela é jovem, Serena tem toda uma vida pela
frente para viver ao seu lado, irmão! — Luigi diz, se sentando ao meu lado.
— Ela vai se recuperar! Se ela sobreviveu aquele pai que ela tinha, ela
sobrevive a qualquer coisa!
Autor desconhecido.
Dor...
Escuridão...
Palavras distantes...
Dor...
Escuridão...
Palavras sussurradas...
Dor...
Escuridão...
Vozes confusas...
A dor que antes era alucinante agora estava mais amena, estava mais
suportável. O meu corpo ainda estava mole, exausto e relutava bravamente
em desobedecer às minhas ordens, mas pelo menos, aquela dor horrível
havia passado... Murmúrios estranhos chegam aos meus ouvidos, vozes ao
meu redor me confundem, e aos poucos, elas começam a fazer sentido, as
palavras se tornam mais nítidas e mais claras.
Era ele... era a voz dele... Sinto o meu coração falhar uma batida, e
logo, ele volta a palpitar descontrolado, descompassado. Eu queria falar...
eu queria responder... eu queria acordar... Era real? Ou era apenas um
sonho? Ele confessou... ele foi sincero... eu sinto a sua franqueza... o seu
desespero... a sua angústia... Ele estava sofrendo... ele se importava
comigo... sim... ele se importava...
A sua voz grossa era uma luz no meio da escuridão, onde o tempo era
infinito e vazio, mas as suas palavras me guiavam de volta para a realidade.
Sinto o seu toque em mim, dando vida a minha pele adormecida...
confirmando a sua presença... e abraço a escuridão sossegada, tranquila,
feliz... sabendo que ele estava próximo... que ele estava comigo...
Eu nunca precisei fazer isso, aliás, eu nunca quis falar sobre o que eu
sinto! Mas, a verdade? É que existe algo em você, existe algo no seu jeito
de ser, que me desarma! Não desista de mim... porque eu não vou desistir
de você!
Desperto com as suas palavras... sentindo a aspereza da sua barba tocar
o dorso da minha mão, deslizando suavemente por toda a extensão do meu
antebraço. Giovanni... ele está aqui... ele é real... não é um delírio... A sua
voz está carregada de culpa... sinto um frio em minha barriga... ele não
tinha culpa... não mais... Eu queria colocar para fora o que estava preso
dentro de mim... o sentimento sufocante que crescia em meu interior...
Vejo a surpresa passar por seu rosto rapidamente, dando lugar a outro
semblante em sua face, e um esboço de um pequeno sorriso surge em seus
lábios. Aguardo a sua resposta ansiosa, sentindo um frio atingir a minha
barriga. As palavras que iriam sair dos seus lábios seriam cruciais para
definir o que eu estava sentindo, seriam de extrema importância para guiar
as minhas decisões.
— Aquelas ordens não foram minhas! — Ele diz com veemência, se
aproximando e tocando o meu rosto com os seus dedos hábeis. — O seu
irmão não era uma ameaça para mim, ele nunca foi! Nunca esteve em meus
planos envolvê-lo.
Se Giovanni não estava por trás de tudo isso, outra pessoa estava... e
esse tempo todo, eu estava sendo manipulada como uma maldita marionete,
seguindo as pistas erradas. Levanto o meu braço e toco em seu rosto,
sentindo a aspereza da sua barba pinicar a palma da minha mão, em um
gesto silencioso de agradecimento. Os seus olhos claros estavam fixos em
mim, em cada movimento vagaroso que eu fazia, mantendo o seu olhar
atento em minhas reações.
Mordo o meu lábio inferior para suportar a dor e afirmo com a cabeça,
apreciando a sua massagem em meu couro cabeludo. Os seus dedos
adentravam as mechas do meu cabelo ondulado e trilhavam
desordenadamente um caminho relaxante entre os meus fios. Não demora
muito para o meu corpo começar a relaxar e para as minhas pálpebras
pesarem, e logo, eu sinto o sono me invadir sem nenhum pudor. Em pouco
tempo, os meus pensamentos cessam tranquilos, envoltos completamente na
névoa apaziguadora do cansaço.
O homem que se dizia ser meu pai, sempre valorizou a sua imagem
perante a sociedade que o rodeava, os seus espancamentos não poderiam vir
a público, a sua imagem tinha que ser sempre imaculada... pelo menos, a
sua relação com a sua esposa e filhos tinha que ser perfeita. E para o Maxell
chegar a me trazer em um hospital... era porque eu estava tão fodida e tão
mal, que o médico encarregado de cuidar da família não tinha os
suprimentos necessários para me manter viva.
— Está sentindo alguma coisa? — Ele pergunta com a sua voz potente,
abrindo a embalagem de comida e me mostrando a sopa que estava dentro
do recipiente. — Eu trouxe algo para você comer, está com fome?
Faço uma cara feia para a ideia de colocar algo em meu estômago, eu
não sei se era efeito colateral de algum remédio ou se era culpa da perda
excessiva de sangue, mas o meu estômago estava embrulhado. A única
coisa que eu queria nesse momento, era beber água! A minha boca estava
tão seca que era difícil falar, salivo, sentindo os meus lábios rachados e
ressecados pela falta de umidade, eu queria acabar com essa sede que estava
me corroendo.
Era uma sonda uretral e isso significava que eu estive apagada por
muitas horas... eu tinha perdido completamente a noção do tempo. A sonda
era incômoda e eu já não aguentava mais essa situação, então, eu forço o
meu braço novamente e puxo o objeto asqueroso de dentro de mim,
sentindo um alívio enorme ao tirá-lo. Eu odeio hospital! Simplesmente não
suporto!
Autor desconhecido.
Fecho os meus olhos por uns instantes e mordo o meu lábio inferior,
sentindo um esboço de um sorriso se formar em meu rosto. As lágrimas
ainda embaçavam os meus olhos e eu nunca estive tão vulnerável na sua
frente como agora, não só fisicamente, como também, emocionalmente.
Giovanni estava sério, mantendo as suas feições endurecidas e rígidas.
Eu jamais pensei que essas palavras iriam sair da sua boca, o homem
que estava diante de mim, estava disposto a me libertar... Giovanni estava
renunciando a tudo... a todo o seu mundo, a todos os seus princípios, a
todos os seus ensinamentos, a todas as suas regras e a toda a sua famiglia,
para abrir uma exceção para mim! Ele já não era mais o meu alvo principal
e não havia mais motivos para reprimir os meus desejos e anseios carnais.
Sinto o seu corpo pesado se acomodar ao meu lado, indicando que ele
havia sentado na lateral da cama, e logo, ele finaliza o nosso beijo, puxando
suavemente o meu lábio inferior com os seus dentes. Arfo desejosa, com a
promessa silenciosa da luxúria ainda nos envolvendo e queimando
ardentemente. Ainda envolvida por seus toques sutis, eu abro os meus olhos
e me deparo com o mar esverdeado do seu olhar, enquanto ele me fitava
com as suas pupilas dilatadas.
— Ótimo, bella! — Ele diz sério, mantendo o tom da sua voz rouca e
aveludada, enquanto me solta com cuidado do seu agarre. — Está sentindo
alguma coisa?
— Você ficou inconsciente por quase dois dias. — Ele diz calmamente,
abrindo o pote de sopa, e logo, o cheiro enjoativo invade as minhas narinas,
fazendo com que o meu estômago vazio se contorça em reprovação. —
Você precisa comer alguma coisa!
— Dois dias... — Sussurro para mim mesma, fazendo uma careta de
reprovação com o cheiro da sopa que embrulha a minha barriga. — Eu não
quero comer, eu não consigo, eu estou enjoada.
Aos poucos, ele estava entrando em meu interior... invadindo sem pedir
licença, o meu passado conturbado e desconexo. Ele estava pisando em um
terreno perigoso, descobrindo coisas que estavam intocadas e que eu não
me sentia confortável para compartilhar... pelo menos, não agora. Ninguém,
jamais chegou tão perto... e Giovanni parecia ser exceção, já que ele estava
me desvendando...
— Eu mesma... — Sussurro, sentindo a minha voz embargada. — Em
vários momentos, eu não consegui me dar uma segunda chance... eu não
enxergava um novo recomeço...
— Senhora Campanaro, você não vai poder fazer esforço por algum
tempo. Esses pontos precisam cicatrizar e eles estão um pouco inflamados.
— O médico me repreende sutilmente, mantendo o seu tom descontente e
insatisfeito. — Você precisa tomar os medicamentos se quiser melhorar!
Uma infecção nessa região não é algo fácil de se tratar!
Olho para o vestido fino que estava em meu corpo magro, e apesar do
tecido estar visivelmente limpo, eu me sinto suja. Antes de sair do hospital,
uma das enfermeiras me ajudou a tomar um banho rápido, mas, o cheiro
hospitalar ainda estava impregnado em mim, com aquele odor característico
fixo em meu cabelo sujo e oleoso. Passo a mão ligeiramente em uma mecha
ondulada e sinto os fios presos um no outro, embaraçados em meio a uma
massa corpulenta de sangue seco.
A sua voz era uma tentação, um convite sensual para entrar em seu
mundo de extremo prazer e escuridão. Mordo o meu lábio inferior e aperto
os seus braços, buscando forças para resistir a enxurrada de sensações que
eram transmitidas diretamente para o meu psicológico e para o meu sexo
que latejava, emitindo pequenas ondas pela região pulsante.
Reviro os meus olhos quando a sua barba áspera passa por um ponto
sensível da minha coxa, me deixando em êxtase. Mas, ao escutar as minhas
palavras incertas, ele se afasta, cessando todos os seus movimentos,
deixando apenas o seu rastro em minha pele, uma queimação torturante que
se espalhava nos lugares que ele havia tocado anteriormente.
Estremeço com o poder que a sua voz grossa tem sobre mim, sobre
todo o meu corpo, e sem hesitar, eu levanto os meus braços, aceitando o seu
convite indecoroso. Giovanni ergue o vestido e retira a roupa do meu corpo,
expondo os meus seios ao seu olhar predatório e devorador. Fito o seu rosto,
analisando o seu olhar descarado e cheio de cobiça que explorava sem
nenhum pudor os meus mamilos rosados, deixando-os tão rijos e
endurecidos de desejo que chegavam a doer.
Todo o meu corpo corresponde aos seus toques, aos seus estímulos
primitivos e rudes. Cada órgão, cada célula, cada tecido, cada veia do meu
corpo trabalhava em respondê-lo, me dando prazer e me levando ao êxtase
absoluto. Ele podia estar de joelhos, em uma posição vulnerável, mas era eu
que estava rendida e desprotegida, eu estava quente e estava excitada,
totalmente entregue e a mercê das suas vontades.
Aquilo era perfeito... era bom... eu estava tão atônita que nem percebo
quando Giovanni beija o meu rosto e depois toma os meus lábios para si,
espalhando o gosto do meu gozo na minha boca. Retribuo o seu beijo,
sentindo o calor do seu corpo nu e a pressão da sua mão em minha nuca,
aprofundando e aquecendo tudo dentro de mim novamente. Aquele
momento significava tantas coisas, que eu nem sinto quando uma lágrima
escapa, descendo por minha bochecha.
Ele sempre disse que eu era dele... o Will sempre finalizava os seus
atos horríveis despejando o seu sêmen em mim, me marcando com as suas
palavras e com o seu cheiro imundo, e eu realmente acreditei nele! Porque,
eu nunca fui capaz de esquecê-lo, eu nunca consegui apagá-lo da minha
memória! Agora, eu sei que pertenço a outro homem, mas por minha
própria vontade e não por imposição.
Autor desconhecido.
Abro os meus olhos e encaro o seu corpo nu, a toalha que antes
escondia a sua nudez, agora já estava jogada no chão. Apoio o peso do meu
tronco em meus cotovelos e ergo levemente o meu corpo, analisando-o de
maneira descarada. Giovanni estava diante de mim esbanjando virilidade
por todos os seus poros, e movida pelo desejo, eu deslizo o meu olhar por
seu corpo forte, fitando-o de baixo para cima até encontrar o seu olhar
atento, mas não antes de avaliar com uma boa olhada, o seu membro
comprido e ereto.
Ele me encara de forma avaliativa, observando atentamente as minhas
expressões faciais e as minhas reações. Desço o meu olhar novamente,
agora com mais calma, apreciando a bela visão do seu corpo musculoso e
do seu pau inchado. Os seus ombros eram largos, os pelos escuros
espalhados em seu peitoral desciam harmoniosos por seu abdômen,
combinando perfeitamente com os seus músculos bem definidos.
Lentamente, eu caminho uma das minhas mãos até o seu pau rígido,
tocando e apertando com vontade toda a sua extensão latente. O seu pênis
era longo e grosso, e movida pelo desejo, eu pressiono um pouco mais,
conhecendo e querendo sentir com mais clareza, o seu latejar contrastando
com a palma da minha mão. Sinto quando o seu agarre em meu cabelo se
intensifica e um gemido abafado escapa por sua boca tentadora, me
alertando que ele também já estava perdido.
Volto o meu olhar para seu o rosto bonito e encontro os seus olhos
ferozes, e o seu jeito de me fitar, afeta diretamente o meu ventre, fazendo
com que a minha intimidade se contraia desejosa e ansiosa. Perdida em seu
olhar intenso, eu deslizo a minha mão por toda a sua extensão, em um vai e
vem ritmado, sentindo-o inchar e crescer cada vez mais, em minha mão.
O meu gesto afoito faz com que labaredas reflitam em seu olhar feroz,
e logo, ele investe mais um pouco, voltando a dominar os movimentos,
afundando e saindo superficialmente da minha carne com a sua cabeça
corpulenta. A minha boca estava seca e o ar faltava em meus pulmões, os
meus neurônios não conseguiam captar nada além do calor enlouquecedor
que emanava do seu pau sedento.
Fito o seu olhar felino, ele também estava suado, a sua testa estava
molhada e os fios úmidos do seu cabelo colavam em seu rosto,
intensificando a sua selvageria. Giovanni era um homem lindo, isso eu não
posso negar! Mesmo ostentando formalidade, frieza e a sua natureza cruel,
ele conseguia ser belo, mas nada se comparava a ele se entregando ao
prazer, era um verdadeiro espetáculo à parte, que potencializava ainda mais
a sua beleza, se é que isso era possível.
Abro as minhas pernas, sentindo o meu próprio gozo escorrer por toda
a extensão da minha buceta, e assim que obedeço a sua ordem, ele geme.
Era extremamente prazeroso e excitante ouvir os seus gemidos roucos e
animalescos, era um verdadeiro espetáculo particular vê-lo assim tão à
deriva... se masturbando e buscando alívio por minha causa. Aquele homem
experiente e dominador estava totalmente entregue, se tocando e gemendo
na minha frente, enquanto me devorava com o seu olhar insaciável.
Autor desconhecido.
— Você vai ser a minha ruína, Serena! — Ele rosna, puxando o meu
lábio inferior com os seus dentes, me atiçando ainda mais. — Você
apareceu na minha vida para acabar comigo!
A sua mão áspera desce por trás dos meus quadris, apertando a minha
bunda durante o caminho, seguindo vagarosamente até uma das minhas
coxas. Para provocá-lo, eu apoio o meu pé em seu joelho, sentindo o seu
toque se tornar mais exploratório. A sua mão ensaboada volta a acariciar a
minha pele, descendo por minha coxa erguida, seguindo todo o trajeto até o
meu pé, explorando cada cantinho do meu corpo, e involuntariamente,
todos os meus pelos se ouriçam.
— Eles estavam atrás de mim, eles queriam me matar para atingir você
de alguma forma. — Digo, tomando coragem e fôlego para contar algumas
coisas, controlando o meu tom de voz a todo momento. — Todos eles
falavam em russo e os seus nomes também eram característicos do país, e
eles mencionaram um chefe... uma pessoa que era próxima a você, um
traidor!
A verdade? Era que eu não tinha muita liberdade, viver presa e sem
poder sair para onde bem entendesse, me incomodava. Eu não nasci para
ser uma mulher troféu, e em uma coisa Giovanni tinha razão... eu conheci o
gosto da liberdade e já estava desacostumada a viver sob as leis rígidas e
machistas da máfia. Mas, por enquanto, eu não tinha outra opção, ao seu
lado eu poderia ter acesso livre aos meus inimigos, e de certa forma, eu
estaria mais protegida também.
Passo para a próxima foto e deixo a arma e o celular caírem das minhas
mãos, colocando ambas em minha boca, com a tamanha barbaridade que
estava exposta naquela maldita tela...
“ Hoje, eu percebi que a mentira corrompe e devasta
tudo o que o amor constrói...”
Jean Rocha.
Matar uma pessoa por legítima defesa era uma coisa, torturar uma
pessoa desgraçada e fodida era outra, porém... torturar um inocente...
estripar e arrancar um bebê de uma barriga de uma mãe... era monstruoso!
Era doentio! Sinto a minha cabeça doer, em um aviso claro que as coisas
estavam caminhando por uma trilha indesejada, saindo de um destino
bonito para seguir por um rumo obscuro e corrompido. Talvez... esse seja o
preço! Um preço justo a ser pago, para ter a felicidade que eu nunca tive, e
que em um momento de ilusão, eu achei que a teria...
— Inocentes estão morrendo e você não faz nada para impedir! Você
faz o contrário, você usa a tortura contra eles e da maneira mais covarde!
— Respondo, sentindo o seu olhar frio percorrer o meu rosto, arrepiando a
minha espinha de uma maneira assustadora. — As suas ordens valem mais
que as regras!
— Eu não faço as regras, Serena! Por acaso, você acha que eu estou
feliz!? — Ele pergunta, deixando claro em seu tom que não era mentira, o
peso que entoava as suas palavras era verdadeiro. — Se você me matar ou
se eu desistir, você acha que o próximo Don será melhor do que eu? Acha
que ele vai ser mais justo? Você acha que a pessoa que assumir o meu lugar,
vai ser bondosa? Eu tenho obrigações. Eu nasci para ser o Don, o meu pai
também foi, e o meu filho, também será!
Sinto o meu coração falhar uma batida com a revelação que chega aos
meus ouvidos, e minha mente automaticamente, rebobina, tentando buscar
um sentido para o que acabou de acontecer. Aquela pílula e aquela arma
estavam escondidas embaixo da nossa cama, não era um lugar seguro, mas,
jamais passou pela minha cabeça que esses objetos ficariam para trás. Foi
um descuido! Mas não tinha como evitar, eu estava inconsciente e muito
ferida quando saí daquele apartamento e eu não tive opções!
— Foi ele que mandou você? — Giovanni pergunta, sondando as
minhas respostas e o jeito que eu segurava a arma em minhas mãos. —
Você trabalha para o desgraçado das penas negras!? ME RESPONDE,
CARALHO!
A sua voz potente e grossa faz com que o meu corpo vacile por alguns
segundos, me atordoando com a sua maneira bruta de falar, e nesse instante,
ele se aproxima e agarra o meu braço com a sua força descomunal.
Giovanni aperta o meu membro com brusquidão, derrubando a pistola das
minhas mãos e me puxando para perto de si com toda a sua raiva. Eu estava
em choque, eu não imaginei que essa informação chegaria tão cedo em suas
mãos, e para completar, a minha mente estava confusa, buscando alguma
solução para essa enrascada.
— Está sentindo esses tremores!? Logo, logo, você vai ficar com febre,
e depois, a adrenalina vai tomar conta da sua corrente sanguínea, e vai
obrigar o seu coração, a disparar em uma frequência absurda! — Digo
sorridente, sabendo que a maldita não iria me responder. — O seu corpo
está tentando decidir, se aceita ou não, mais essa dose da toxina, lutando
para não se entregar a uma overdose iminente. Mas, até lá... é só um monte
de dor...
Por muitos anos, eu fui obrigado a governar nas sombras, por trás do
conforto do anonimato... Por causa de uma falha minha, eu precisei me
esconder... e nesse tempo, eu percebi que era necessário criar uma fantasia,
uma imagem, uma idealização do vilão perfeito, do psicopata perfeito!
Antes de tudo... eu sou um ator! Eu precisava criar alguém, o desconhecido
misterioso precisava de um nome, pelo qual, as pessoas temessem!
Devon!
Autor desconhecido.
Vendo que ele não iria ceder, eu agarro o seu pescoço, imitando o seu
golpe, apertando também a sua garganta. Se ele queria a verdade, ele iria tê-
la! Porque agora, eu estava disposta a desabafar! Sinto as minhas costas se
chocarem contra algo rígido, espalhando uma dor fina por toda a região,
mas no meio daquela tensão, eu era incapaz de distinguir se era uma parede
ou um móvel qualquer. Em um instante de sanidade, eu busco e fito o olhar
do meu algoz, e no momento que os meus olhos encontram os seus, o seu
aperto se afrouxa, fazendo com que a minha garganta puxe o ar com força,
me afogando em uma tosse seca.
— Assume que você não consegue me matar... fala para mim que você
também sente isso que eu sinto quando estou perto de você... — Provoco,
agarrando os fios do seu cabelo, encostando o meu rosto perto do seu. —
Eu errei em não contar para você, mas como eu poderia? Se coloque no
meu lugar, na minha cabeça, você era o assassino do meu irmão! Como
você queria que eu reagisse? Que eu chegasse e morresse de amores por um
homem que só trouxe desgraça para a minha vida fodida.
Aperto os meus olhos com força, tentando afastar a dor latente que se
alastrava por minhas têmporas, causada pelas recordações daquele dia
miserável. Eu me lembro muito bem... da sensação de inércia que me
dominou... depois que o Ben morreu, eu saí correndo sem rumo, sem
direção... atordoada e confusa. No meio dos meus desacertos, eu acabei
deixando para trás a única esperança de uma vida melhor, eu fui obrigada a
dar as costas para a única família que um dia eu tive.
Ele se afasta e bate a sua mão em cima de um móvel, fazendo com que
o barulho repentino me assuste, espalhando uma dor latente em minha
cabeça. Giovanni lança o seu olhar furioso sobre mim, me subjugando com
o seu jeito dominante e predatório, me obrigando a engolir em seco. Sinto o
clima pesar e a tensão preencher o cômodo novamente, deixando a situação
cada vez mais preocupante, causando uma variação muito grande de
sensações. Ergo o meu olhar, mostrando que não tinha medo da sua voz e
do seu jeito autoritário, demonstrando que eu tinha coragem de enfrentá-lo.
O quarto que antes estava gelado, agora estava quente, dominado pela
tensão sexual que emanava dos nossos corpos. Para deixá-lo mais louco, eu
repouso uma das minhas pernas no braço da poltrona, ampliando a sua
visão, provocando-o da maneira mais baixa e indecente. Giovanni arqueia
uma de suas sobrancelhas, em um gesto questionador, mas logo, ele desce o
seu olhar para os meus seios nus, e depois, caminha lentamente até o meio
das minhas pernas, me devorando com os seus olhos de lobo, um lobo
faminto prestes a me devorar. E como incentivo, eu desço a minha mão até
o meu seio, acariciando-o suavemente, soltando um leve gemido, ao
imaginar as suas mãos grossas me tocando.
— Se você fazer isso mais uma vez, Serena, eu vou foder você aí
mesmo nessa poltrona. — A sua voz rouca chega até os meus ouvidos, me
deixando em estado de alerta máximo. — Se não for brincar, eu sugiro que
não me provoque...
Giovanni não me dá muito tempo para pensar, porque logo ele introduz
um pouco do seu dedo grosso para dentro de mim, enquanto a sua outra
mão estava espalmada na minha lombar, forçando uma fricção maravilhosa,
arrastando a minha intimidade em seu pau volumoso, me prendendo cada
vez mais em sua selvageria. Fecho os meus olhos e encosto a minha testa
em seu ombro, buscando apoio para o meu corpo que já dava sinais de
moleza. Ofego, sentindo os seus dentes abocanharem o lóbulo da minha
orelha, me arrastando novamente para o abismo do êxtase, com aquela
maldita quentura consumindo a minha pele quente.
Gemo com vontade, enquanto ele brincava com o meu corpo, repetindo
o seu movimento árduo, abrindo-me com vontade, para esfregar o seu
cacete latejante na minha fenda encharcada, mostrando toda a sua
rusticidade. Giovanni impulsiona o seu quadril para cima, e a textura das
suas veias salientes contrastam em meu clitóris, acabando com a minha
sanidade, me levando ao limite máximo. Ele buscava o seu próprio prazer, e
ao mesmo tempo, acabava comigo sem dó e sem delicadeza!
Toda vez que ele impulsiona o seu corpo para cima, a extensão do seu
pau grosso se afunda na minha entrada melada, e a cada movimento bruto,
eu perco o controle e flutuo, me perdendo em seu corpo experiente. A
minha intimidade pulsa e se contrai com vontade, cedendo as minhas forças
e deixando as minhas pernas bambas em seu colo. E sem conseguir me
segurar mais, eu beijo o seu pescoço, tentando esconder e calar os meus
sons carnais e orgásticos. Sinto o orgasmo chegar com força, escurecendo
rapidamente a minha visão, estremecendo o meu corpo, de acordo com as
contrações violentas da minha buceta gulosa.
A sua mão grosseira segura a minha nuca, puxando o meu cabelo com
o seu jeito imprevisível e indelicado, me afastando do seu corpo quente
contra a minha vontade. Giovanni força o nosso contato visual, me
deixando zonza com a sua mudança repentina. Fito os seus olhos,
percebendo a intensidade nova do seu olhar... ele estava muito mais
quente... muito mais selvagem, e esse seu novo lado, aquecia o meu sangue,
fazendo com que o meu coração pulsasse em meu peito, circulando
adrenalina por minhas veias.
— Olha como você me deixa, Serena! Sinta como você me deixa
louco! — A sua voz rouca lança choques em meu corpo, enquanto a sua
mão áspera arrasta a minha para a sua ereção, apertando os meus dedos
finos ao redor do seu pau, me obrigando a sentir a sua quentura abrasadora.
— Eu quero ouvir dessa sua boca atrevida, o que você quer que eu faça!
— Eu quero que você me faça sua, eu quero sentir você dentro de mim!
Porque você me despertou... você me acordou de um maldito pesadelo, um
pesadelo que nunca tinha fim e que me acorrentou, me prendeu... — Me
perco em minhas próprias palavras, sentindo as suas mãos grosseiras
agarrarem a minha calcinha, rasgando a peça fina com um único puxão
violento, as alças elásticas estalam em minha pele anestesiada, afrouxando
o tecido rendado. — Você é o meu marido e é o homem que eu quero para
mim! É com o calor do seu beijo... é com o fogo do seu toque... que eu me
esqueço do que passei... Você apaga tudo, Giovanni! Todas as coisas
horríveis e ruins pelas quais eu fui submetida e obrigada a passar.
Li Azevedo.
Fito o seu olhar, sentindo o poder que a sua beleza e as suas palavras
indecentes tinham sobre mim, e ali, conectada a ele, eu sinto, que ele
também era meu. Os seus olhos estavam carregados do mais puro desejo,
refletindo em suas pupilas dilatadas, as labaredas que nos consumiam
lentamente e que queimavam a nossa pele. O seu cabelo liso estava
bagunçado em uma desordem muito sexy, acentuando ainda mais, o seu
rosto bonito. Éramos como fogo e pólvora, dois opostos prestes a arder em
uma explosão de sensações.
O seu pau inchado roça em meu abdômen, deixando bem claro, o quão
duro e excitado ele estava. Sinto o seu polegar circular com aspereza por
meu clitóris, causando um espasmo involuntário em meu corpo, e no meio
da nossa selvageria, eu encontro os seus lábios, e sem pensar muito, eu
beijo a sua boca com vontade, espalhando o seu gosto saboroso por minha
língua desesperada. Ouço os seus gemidos se misturando com os meus,
fazendo com que, um fogo imensurável me lamba por dentro, aquecendo
todas as minhas terminações nervosas, juntando e unindo todas as minhas
células para uma grande explosão.
Era muita coisa para o meu cérebro processar, o meu sistema nervoso
não conseguia acompanhar a avalanche insaciável que aquele homem
selvagem desencadeava em meu ser. A sua boca quente me engole com toda
a sua fome, sugando os meus lábios com o seu desejo explícito e velado, a
sua pele arrepiada eletriza a minha, roubando o meu fôlego com os seus
toques atrevidos e sedutores. Giovanni gira o meu mundo de ponta-cabeça,
aumentando a minha ansiedade a cada segundo, espalhando uma ardência
dolorosa por meus músculos pesados.
O som rouco e primitivo que escapa por sua boca durante o nosso beijo
aflito, era um maldito gatilho para a minha insanidade, roubando qualquer
resquício de razão da minha mente nebulosa e confusa. O seu hálito quente
bate em meu pescoço, atiçando fagulhas por todos os meus poros, me
aquecendo. Eu era fogo! E ele era o combustível inflamável para essa
chama violenta! Aperto as minhas mãos em seus cabelos, sentindo a maciez
dos seus fios molhados, apreciando as suas carícias libertinas em meu sexo
escorregadio.
Mordo o meu lábio inferior, sentindo os seus dedos longos
massagearem as minhas paredes, explorando o meu íntimo sem nenhum
pudor, me atormentando com o seu vai e vem incessante e vagaroso. O meu
corpo estava sendo consumido por labaredas ferventes, concentrando em
meu ventre dolorido, um formigamento gostoso... Porra! Era muito bom!
Gemo desavergonhadamente, me perdendo... enquanto ele me marca com a
sua paixão arrebatadora, me deixando a mercê dos seus toques ansiosos e
das suas vontades impuras.
A sua mão grande desliza até o meu quadril em busca por apoio,
apertando a minha carne, e em uma investida só, ele entra todo dentro de
mim, acabando com a agonia dos nossos corpos. Choramingo, estranhando
a mudança repentina, ele era grande e muito grosso. Me afasto dos seus
lábios, respirando fundo e colando a minha testa na sua, soltando um
gemido longo junto com ele, que se endurecia dentro das minhas paredes
apertadas, espalhando uma dor e uma ardência insuportável na minha
intimidade.
Eu estava tão quente e tão molhada que a cada estocada brusca dele, eu
sentia algo escorrer por minha intimidade, descendo até a minha bunda,
melhorando o nosso encaixe. O sangue pulsa e bombeia em minhas veias,
enquanto Giovanni entra e sai repetidamente, mergulhando cada vez mais
fundo e com mais força. Tento acompanhar o seu ritmo potente, recebendo
toda a grossura do seu pau e engolindo toda a sua extensão, me perdendo
nas sensações entorpecentes.
O som dos nossos corpos se chocando ecoam por meus ouvidos,
irradiando uma onda avassaladora de tesão e selvageria por meu corpo, me
obrigando a soltar um grunhido involuntário, um ruído carregado do mais
puro desejo carnal. Era insanamente delicioso... Giovanni assume o controle
do meu corpo, me devorando com a sua boca habilidosa, ditando os nossos
movimentos com a maestria e com a experiência que os seus toques
esbanjavam. Reviro os olhos, sentindo o seu pau se enterrar com mais
seriedade, pressionando até o fim, esfregando onde ele sabia que eu
precisava.
Sem me dar tempo para respirar e para me recompor, eu sinto o seu pau
me abandonar, e em seguida, ele vira o meu corpo na cama com
brutalidade, fazendo com que, a minha barriga e o meu rosto batam no
colchão, me deitando de bruços. E no próximo instante, eu sinto um tapa
forte atingir uma das laterais da minha bunda, me fazendo soltar um grito
de surpresa, concentrando uma ardência e uma queimação na minha pele
sensível, enviando novas ondas de prazer para as minhas células agitadas.
Sem muito esforço, ele volta para dentro de mim, estocando tão fundo,
que nós dois gememos ao mesmo tempo por causa da intensidade da
posição. Mordo o meu lábio inferior com força, sentindo o impacto das suas
investidas profundas. Porra! Aquilo era bom! Era gostoso! Fecho os meus
olhos, tentando controlar a avalanche de sensações que insistia em me
soterrar, unindo os nossos gemidos descontrolados e as nossas respirações
entrecortadas. Sinto a minha intimidade apertar o seu pau com mais
violência, me perdendo na sensação deliciosa de recebê-lo por inteiro.
A sua mão pesada aperta os meus cabelos, puxando os meus fios
ondulados para perto de si, espalhando uma ardência tentadora em meu
couro cabeludo, enquanto a sua outra mão faminta, agarra e aperta o meu
seio. Arfo, sentindo o seu peitoral e o seu abdômen colarem em minhas
costas, botando o seu peso em cima de mim, intercalando as suas carícias
com as suas estocadas brutas. A essa altura, eu já nem sabia quem eu era e
qual era o meu nome, eu apenas sentia o seu corpo se fundir ao meu, com
toda a intensidade e selvageria que precisávamos.
Diego Bosso.
Volto a minha atenção para a sua silhueta, uma de suas mãos estava
embaixo do seu rosto, e a outra, estava repousada em sua cintura fina, me
dando uma visão privilegiada dos seus seios roliços, que estavam
pressionados um contra o outro, por causa da sua posição. Deslizo o meu
olhar predatório por seu corpo nu, até alcançar as suas pernas torneadas e
macias, sentindo a porra do meu pau corresponder de imediato ao estímulo
visual. Os seus cabelos bagunçados estavam jogados para trás, descendo em
cascatas pelo lençol, intensificando ainda mais a sua beleza!
Serena é uma maldita tentação! A sua pele estava corada e com uma
fina camada de suor, havia algumas marcas dos meus dentes em suas
costelas, em seu pescoço e em seus seios, e também, alguns vestígios do
meu gozo e do sangue da sua virgindade em sua barriga e nas suas coxas.
Eu ainda quero entender muitas coisas, não só sobre o que ela me disse,
mas também, o que ela fez questão de esconder, porque eu sei, que ela ainda
mente! Serena só me diz o que lhe convém, o que ela acha interessante que
eu saiba, mas ela se engana, achando que eu sou um homem manipulável.
Os sons de prazer que ela deixava escapar por sua garganta eram
inebriantes, e rapidamente, se transformavam em combustível para o frenesi
que estava prestes a acontecer. Debaixo de mim, eu sinto o seu corpo
estremecer e o seu coração bater acelerado, pulsando na veia do seu
pescoço. Eu não iria parar até ela sentir o que era ser fodida de verdade, eu
me sentia como a porra de um viciado, sempre esperando pela próxima
dose, e no meu caso, era sentir a sua buceta gulosa me engolindo com
violência.
Envolvo os seus lábios nos meus, calando aquele maldito som
entorpecente, sentindo um calor se alastrar por minhas costas, espalhando
uma pulsação latente por toda a extensão do meu pau ereto. Intensifico o
meu agarre, apertando os fios da raiz do seu couro cabeludo, sentindo a sua
língua macia explorar a minha com desespero e habilidade. Com um
movimento certeiro, eu desfaço o nosso beijo e inverto as nossas posições,
chocando as minhas costas no colchão macio e puxando o seu corpo leve
para cima do meu.
Merda! Ela era linda! Serena era gostosa demais! E sem esperar uma
atitude sua, eu puxo a sua boca deliciosa para perto da minha, saboreando e
devorando a sua língua aveludada, encaixando no meu corpo, as suas curvas
bem-feitas. Sinto os seus dedos adentrarem e apertarem os fios do meu
cabelo, me puxando e exigindo-me, para saciar a sua própria necessidade.
Por instinto, eu volto uma das minhas mãos para a sua lombar, acariciando a
sua pele suada, apertando a sua bunda e seguindo na direção da sua
intimidade.
Assim que eu insiro um dos meus dedos para o seu interior, eu sinto o
seu corpo estremecer em meu colo, enquanto o meu pau pulsa e esquenta
cada vez mais, implorando para se enterrar na sua fenda, até ela nem saber
dizer qual era a porra do seu nome! Me afundo mais em sua carne quente,
sentindo o quanto ela estava apertada, e logo, as suas costas arqueiam e a
sua boca se afasta da minha, para deixar escapar um gemido carregado de
prazer e luxúria. Caralho! Eu queria devorá-la de todas as formas
indecentes e baixas possíveis.
— Você vai aguentar o meu pau se enfiando na sua buceta, esposa? —
Pergunto em um sussurro rouco, bem próximo ao seu ouvido, deslizando a
minha língua pelo lóbulo da sua orelha, enquanto mais um dedo era inserido
em sua entrada, fazendo com que os seus músculos se contraíssem e me
apertassem. — Eu quero ouvir a sua voz, a voz safada que sai desses lábios
deliciosos, enquanto a sua bucetinha gulosa está sendo bem fodida.
Serena arfa, soltando o ar que estava preso em seus pulmões, assim que
compreende o significado das minhas palavras sacanas. Como incentivo, eu
mexo os meus dedos com mais força e rapidez, enfiando mais fundo,
pressionando o meu polegar áspero em seu clitóris sensível, fazendo
movimentos circulares cada vez menores para torturar o seu corpo esguio.
Fito o seu rosto e sorrio com o seu descontrole, vendo os seus olhos se
fecharem e os seus dentes apertarem o seu lábio inferior, tentando esconder
os seus gemidos entrecortados.
O que foi que aconteceu ontem à noite? O que foi a minha primeira
vez? Para ser sincera, eu não sei nem como descrever a intensidade do que
eu senti... tudo o que aconteceu foi real... e eu amei cada detalhe! Eu estava
feliz por ter conseguido ir em frente e por não ter recuado, e por não
lembrar daquele infeliz... De certa forma, Giovanni me ajudou a quebrar
uma barreira que me acorrentava e me aprisionava no passado, uma ligação
cruel que sempre me impediu de seguir em frente.
E não, não havia cicatrizado! Já tinham se passado muitos anos desde
da última vez que eu vi aquele desgraçado, mas eu ainda me sentia violada
e usada, por todas as vezes que ele me quebrou e destruiu. Will sabia muito
bem o que estava fazendo, ele se enraizou em mim e se infiltrou em meu
interior, tomando conta das minhas memórias, invadindo a minha alma e
transformando tudo em um inferno doentio! Era praticamente impossível
apagá-lo das minhas lembranças, até porque, ele se associou as recordações
da minha infância, ele me feriu e me machucou, enquanto eu ainda era uma
menina, e isso era muito pior... porque se um adulto não tem psicológico
para suportar aquelas atrocidades, imagine uma criança...
Mas, o destino não é previsível, ele prega peças... quem eu achava que
era inimigo, se tornou um aliado, uma âncora de sustentação, que me
impediu de me afogar em um mar tempestuoso, que era o meu passado. A
minha vingança me cegou, me fez focar em outras prioridades, me fez
chegar até aqui, me trazendo para um beco sem saída e sem respostas... e
talvez, esse seja o meu caminho. E quem sabe, se o acaso não me fez
cometer esse engano, apenas para encontrá-lo? Para achar quem eu
precisava e para encontrar o meu porto seguro.
Porque sim... ele é um porto seguro, alguém que eu podia contar, e até,
confiar, um apoio sincero que eu nunca encontrei na minha família de porta-
retratos. Mas até quando? Isso, eu não sei... talvez, até ele descobrir sobre a
Fênix e me conhecer verdadeiramente. Eu sei que em algum momento, eu
vou ter que dizer a verdade, até porque, se eu quero viver ao seu lado, eu
preciso ser eu mesma, e a Fênix faz parte de mim... ela me ajudou a
sobreviver e a me manter de pé!
Suspiro pesadamente, sentindo o turbilhão de emoções bagunçarem o
meu interior, deixando bem claro, que eu estava metendo os pés pelas mãos,
que eu estava nutrindo coisas que talvez ele não sentisse de volta. Mas,
agora estava mais claro, estava mais nítido... no calor do seu corpo, eu
percebi o quanto eu gostava dele... não só da sua presença, como também,
dos seus toques, dos seus beijos, do seu cheiro... Eu jamais me entregaria se
não sentisse confiança, se não acreditasse em suas palavras, a verdade é
que, ele me conquistou, mesmo com aquele jeito bruto e grosseiro, ele
conseguiu se infiltrar em meu coração.
Eu não posso ficar grávida! Nunca! Eu não quero ter filhos... não nesse
meio cruel em que vivemos. Olho o meu reflexo sério no grande espelho do
banheiro e coloco os meus cabelos desordenados para trás, sentindo o seu
perfume forte me invadir. Como eu poderia ser mãe no meio de tudo isso?
Como eu posso criar uma criança com a mente fodida que eu tenho? Cubro
o meu rosto com as minhas mãos por um momento, temendo as
consequências do que havia acontecido.
Uma parte de mim queria forçar uma culpa que eu não queria tomar,
um sentimento de arrependimento que já não cabia em mim, porque eu
amei senti-lo e eu adorei me tornar a sua mulher, e não havia nada de errado
nisso! Não mais! Respiro fundo e sigo na direção do box, porque depois do
que aconteceu, eu precisava de um bom banho, era necessário lavar a minha
alma e a minha pele da sua essência masculina, para só assim, eu me
resolver e me encontrar.
— Eu não posso sair daqui, não ainda, a casa é muito isolada e seria
impossível chegar na área mais movimentada da cidade sem ser vista.
Ethan, você tem livre acesso à rua, e pode conseguir facilmente o que eu
quero! — Informo, observando os arredores e analisando a movimentação
discreta do outro segurança. — Além desses medicamentos, eu preciso de
um celular via satélite, um aparelho descartável e sem registro! Eu estarei
por perto, eu vou comer alguma coisa e volto para o jardim. Eu quero sigilo
absoluto, ninguém pode saber disso, nem mesmo o Mike! Assim que você
retornar, você vai deixar tudo atrás de uma das almofadas daquele sofá,
aquele próximo a porta de vidro, entendeu?
“Eu estava grogue, ele havia me dopado... sinto a sua boca nojenta
engolir a minha, e no próximo instante, eu sinto o seu membro rígido e
asqueroso se enfiar em minha entrada... não... não... As lágrimas salgadas
escorrem por meu rosto, embaçando ainda mais, a minha visão turva...”
Eu estou no meu limite... completamente esgotada, exausta! Cansada
de lutar contra algo que é muito superior a mim... eu simplesmente não
aguento mais, eu não tenho mais forças! A minha esperança de fugir desse
pesadelo estava cada vez mais distante e fora do meu alcance. Era
doloroso demais... era dilacerante! Eu estava presa em um constante
pesadelo, acorrentada em uma aflição que nunca tinha fim! Eles me
quebravam... e quando eu tentava me recuperar, juntando os pedaços do
que restou... eles me arrastavam de volta para o fundo do poço, me
quebrando e me destruindo novamente, e isso se repetia... de novo e de
novo... Ouço a minha voz e a do maldito ecoarem em minha cabeça, me
obrigando a me encolher e a me acomodar de qualquer jeito no chão frio.
— Ahhh, minha Serena, esse seu medo me excita tanto! — Ele diz,
apertando a minha garganta, me asfixiando com as suas mãos grosseiras,
fazendo o meu coração acelerar em um ritmo desenfreado, sendo
consumido pelo pavor e pela aflição. — O seu corpo me reconhece... ele
sabe a quem pertence! Você sempre será inteiramente minha! O seu corpo,
a sua alma, os seus pensamentos, todos eles, são e sempre serão meus! ”
Aperto os meus cabelos com toda a minha força e grito em desespero,
soltando um som estridente e ininterrupto da minha garganta arranhada,
me afogando em minha própria agonia. Eu quero silenciar a sua voz... eu
quero calar o maldito som rouco que saía dos seus lábios asquerosos, os
mesmos lábios que me causavam nojo e uma onda avassaladora de ânsias
de vômito. Ao mesmo tempo que eu gritava, gastando o resto da minha
energia, eu sentia o meu corpo tremer sem controle, sofrendo pequenos
espasmos involuntários, sucumbindo ao truque sádico da minha mente
corrompida.
Eu sabia que ainda estava sob efeito de alguma droga pesada, que as
minhas células estavam obedecendo aos comandos insanos de algum
entorpecente forte que dispersava a dor do meu corpo, porque era assim
que ele fazia! Ele me dopava! Depois de uma certa idade, eu comecei a
reagir... e aí... as consequências se tornaram mais cruéis, mais brutais e
mais devastadoras! Com o apoio do Maxell, Will me transformou em um
animal acuado, em um ser humano refém do seu próprio corpo, porque sim,
era isso que ele usava contra mim!
Essa era a sua maldita arma, Will usava o meu corpo para o seu
próprio prazer, e como consequência, o usava contra mim mesma! E quanto
mais o tempo passava, mais as coisas se complicavam... as suas visitas se
tornaram mais frequentes... as torturas do homem que se dizia ser meu pai,
eram mais destrutivas... mais invasivas... e cada vez mais, ficava difícil
fugir e escapar de ambos! Eles eram criativos, não só no modo de me
submeter as suas loucuras, mas também, nas ameaças! Aos poucos, e com
bastante dedicação, eles me moldaram ao seu modo, mudaram a minha
personalidade, o meu jeito de pensar e o meu jeito de agir!
A minha sentença é sofrer e pagar por algo que eu não faço ideia do
que se trata! Eu já estava condenada e o Benjamin também! Não há mais
para onde correr e nem para onde fugir! Já não vale mais a pena viver
assim... para quê e por quem lutar? Se no fim, éramos apenas peças de um
jogo cruel, comandado por um rei perverso e manipulador, um líder que
era muito superior a nós dois e a toda essa merda. E esse mesmo rei, o
Maxell, me fragmentou de diversas maneiras... me usando durante anos...
em nome da sua glória! Ele não se importou em acabar com a minha vida,
com a de minha mãe, e provavelmente, não se importará em destruir a do
Benjamin.
Sinto um tremor percorrer o meu corpo e um frio anormal corroer os
meus ossos, enquanto eu balanço a minha cabeça em um sinal de negação,
tentando desesperadamente afastar os pensamentos ruins do meu
subconsciente. Mas, antes que eu consiga me recuperar, eu sinto uma dor
cortante se instalar em minha perna, me obrigando a gritar de dor e a
pressionar o local com as minhas mãos. Com medo e com receio, eu deslizo
lentamente os meus dedos por toda a extensão da minha coxa, e assim que
eu sinto algo molhado banhar a minha pele, eu paro, analisando a textura
espessa do líquido quente que melava a minha mão.
— Você é uma vadia! — A sua voz rouca chega até mim como um soco
no estômago, confirmando os meus piores medos, era ele... aquele tom de
voz era inconfundível, e antes que eu consiga formular uma linha de
raciocínio em minha cabeça, eu sinto uma bofetada violenta atingir o meu
rosto, fazendo o meu corpo se chocar contra o chão duro novamente. —
Você é uma vagabunda!
A sua risada cruel chega até os meus ouvidos, arrepiando a minha pele
sensível, me lembrando do quão assustador o Maxell era. Ele era um
maldito sádico, ele sempre foi! Sinto mais uma onda de náusea me abater,
me forçando a me encolher no chão, e assim que termino de colocar tudo
para fora, Maxell agarra os meus cabelos e me ergue com violência do
chão frio. As suas mãos grosseiras apertam o meu maxilar com
brutalidade, afundando as pontas dos seus dedos em minhas bochechas, me
fazendo choramingar.
. Ass. Fênix.
“ A maior fraqueza do homem, corresponde ao
sentimento mais honesto e sincero, o amor. ”
Kadija Furlam.
Passaram-se poucos dias desde a minha primeira vez, mas com certeza,
eu estava mais tranquila em relação ao que esperar do Giovanni, não
éramos nenhum casal apaixonado, não casamos por amor, e sim, por
conveniência. Ele não era o meu príncipe encantado, assim como eu não era
a sua princesa indefesa, a nossa trajetória tinha muitos defeitos e tinha
muitas chances de dar errado, de fracassar no meio do caminho, no entanto,
até agora estava dando certo.
Viver ao lado dele não era ruim, nem de longe era... ao seu lado, eu
acabei me encontrando novamente. Giovanni não era o monstro que eu criei
em minha cabeça, pelo menos, não comigo, mas alguém... queria que eu
achasse que ele era. Aquele tiro era para mim, não era para o Benjamin,
mas o mandante do crime era tão sagaz e tão esperto, que previu os
possíveis erros, ele sabia que se o tiro não me matasse, eu iria voltar e
cobrar a minha perda. E por isso, ele forjou aquela cena, ele criou uma
encenação com o soldado e me manipulou, me colocando contra o Don
Campanaro, me botando atrás da pessoa errada.
Seria como dar um tiro no escuro, a minha jogada vai ser incerta e sem
precisão alguma, porque eu vou estar às cegas essa noite. Se o Giovanni me
escutou, ou pelo menos, levou em consideração a minha confissão, o
Lorenzo não estaria nessa festa, ele já deveria estar morto ou amarrado em
alguma maldita cadeira. Por outro lado, eu duvido muito, que as minhas
palavras tivessem todo esse poder, afinal, eu estou chegando agora e eu não
acho, que o Giovanni se afete tanto com a minha presença.
Porra! Por que ele tem que ser tão bonito? Giovanni estava com os
ombros apoiados no batente da porta, vestindo o seu smoking elegante,
mantendo as suas duas mãos dentro dos bolsos da sua calça social. Me viro,
quebrando o nosso contato visual, voltando a minha atenção para o único
adereço que ainda estava em cima da cama, um colar de brilhantes. Mesmo
ignorando a sua presença, eu sinto a sua aproximação silenciosa e precisa, e
esse mínimo movimento da sua parte, era o suficiente para disparar os
batimentos do meu coração e para me paralisar.
Arfo, apenas com o seu jeito sujo de falar, me excitando com a sua
maneira bruta de me agarrar e com as suas palavras indecentes, sentindo
elas me invadirem e me incendiarem por dentro. As suas mãos apertam a
minha cintura, me puxando para um beijo necessitado e carregado de
luxúria. E porra! O meu corpo gritava por mais... muito mais... eletrizando
e dispersando as minhas células agitadas, a cada movimento árduo da sua
língua e a cada fricção gostosa que a sua ereção fazia sobre os tecidos da
nossa roupa. Eu estava sedenta, e movida pelo desejo, eu abro mais as
minhas pernas, segurando o seu quadril com aflição, puxando o seu corpo
quente para mais perto, me perdendo em um gemido sufocante entre os seus
lábios.
Filme: Frankenstein.
Ethan não estava entre eles, e eu espero, que Mike esteja no local e na
hora combinada. Observo a postura firme e implacável do meu marido,
enquanto nenhum deles tinham notado a minha presença, nem mesmo os
homens que ouviam e mantinham as suas poses de submissão e respeito,
sem fazer nenhum contato visual com o chefe. Dou mais alguns passos,
fazendo barulho com os meus sapatos, e assim que eles me percebem, as
suas posturas mudam. Imediatamente, Giovanni se cala e me analisa da
cabeça aos pés, da maneira mais descarada que só ele sabia fazer, checando
o meu vestido e o meu rosto.
Ele me puxa para mais perto, colando a sua testa na minha e fazendo
com que, a sua respiração quente e pesada bata em minhas bochechas, de
acordo com o ritmo da sua respiração. O meu coração estava indeciso,
batendo em tantas frequências que eu não sabia qual escutar? Eu gostava
dele? Eu o amava? Ele era confiável? As suas palavras eram sinceras? Eu o
odiava? Ou tudo era apenas uma ilusão? Uma fantasia que a minha mente
desesperada construiu e desenvolveu? Fecho os meus olhos e suspiro
pesadamente, sentindo as suas mãos segurarem o meu rosto, me prendendo
e me fazendo sentir o calor do seu corpo.
— Fui eu! E espero que até o fim dessa noite, você fique
completamente sem ele! — Giovanni diz bem próximo ao meu ouvido, e a
sua maldita voz rouca, era o suficiente para me deixar louca. — Lembra do
que eu falei a você?
— Isso só prova que eu não posso falar qualquer coisa a você! Que eu
não posso confiar na sua compreensão! — Encaro o seu olhar endurecido e
ergo o meu queixo, deixando bem claro, o meu descontentamento com as
suas palavras ridículas. — E sabe de uma coisa? Se eu quiser ir embora, eu
vou! E não importa que você seja o dono da porra toda, eu fujo e você
nunca mais vai me encontrar novamente!
“ Confio em todas as pessoas, só não confio no demônio
que existe dentro delas! ”
Fuzilo o seu olhar rígido, sem me deixar abalar com a frieza crua que
ele deixava transparecer em seu rosto bonito. A cor dos seus olhos era
simplesmente linda, e eu me perdia facilmente dentro daquela imensidão
esverdeada. Eu já passei por muita coisa, por diversas situações
desagradáveis e degradantes, para não dizer, infernais! E ao decorrer das
minhas viagens, eu conheci muitas pessoas... a maioria delas tinham almas
podres e ruins... corrompidas pelo poder da máfia e deslumbradas pelo
dinheiro sujo.
A sua raiva e a sua fúria eram reais, e elas estavam ali, mas por trás
delas, por baixo daquela rusticidade, existia outro sentimento... Eu sei que
ele não estava mentindo sobre me machucar, ele já me ofendeu com
palavras, mas jamais tocou em mim sem o meu consentimento ou foi capaz
de me agredir, e isso... foi mais do que eu esperava, sendo que nem o meu
próprio pai me respeitou dessa maneira. Giovanni era uma pedra no meu
sapato! Ele causava uma mistura complexa de sensações e emoções em meu
interior, criando uma relação que oscilava e variava entre o amor e o ódio.
É claro que eu posso estar enganada sobre ele, sobre nós dois, possa ser
que tudo o que vivemos tenha sido uma encenação barata, e na realidade,
ele não sinta nada por mim, afinal, monstros não tem sentimentos e não se
apegam a ninguém! E eu achei que também não me apegaria, mas, eu me
apeguei, e não é só isso, eu também gosto muito dele! Os seus beijos podem
ser falsos... tudo pode ser apenas parte de um grande engodo, mas os seus
malditos olhos não negam o quão fraco ele se permitiu ser, apenas para
conquistar a minha confiança. Ele estava arruinado e vulnerável, da mesma
maneira que eu! Traí-lo seria um erro, que ocasionaria ou o meu fim ou o
nosso recomeço.
— Você disse que eu não sou a rainha, então... me torne uma! Me faça
a sua rainha! — Falo, sentindo o meu sangue pulsar com mais força,
reverberando em meu coração confuso, enquanto ele me analisa sem deixar
nenhuma expressão escapar por seu rosto. — Quando eu fugi, eu larguei
tudo para trás! Deixei o meu passado e eu só sobrevivi por causa da
vingança do meu irmão, ela me manteve viva durante todos esses anos!
Giovanni, eu escapei daquele tiro por alguma razão... mas eu só posso
resolver isso, quando você me ajudar! Eu não posso e não consigo fazer
isso sozinha! Eu preciso de você!
— Você vai ter que ser mais convincente que isso, Serena! — Giovanni
diz, mantendo a sua pose inabalável, deixando a sua personalidade
arrogante se sobressair em seu tom de voz grosseiro. — Colocar você na
porra da linha de frente, está fora de questão! Entenda! Você se tornou uma
maldita prioridade, e perder você, não está em meus planos!
— Você não vai me colocar em risco! Não em mais do que eu já corro
sendo casada com você! — Digo, querendo convencê-lo a me inserir em
sua vida obscura, querendo usar da sua posição para ter mais acesso aos
meus inimigos. — É uma decisão minha, eu não me importo em morrer!
E era a mais pura verdade... eu era um alvo! E ele estava ciente disso!
Giovanni suspira pesadamente, soltando o ar que estava preso em sua
garganta, ponderando as minhas palavras. Era muito arriscado o que eu
estava fazendo, as chances de ele aceitar a minha proposta eram mínimas,
mas, eu precisava despistá-lo! Fecho os meus olhos, tentando controlar a
raiva que estava se instalando dentro de mim, por ele ser tão cabeça dura, e
também, por ele não ser capaz de se colocar no meu lugar.
— Se quer que eu confie em você, você vai ter que me dar um voto de
confiança primeiro! Me dê uma arma e me ensine a me defender! — Falo
decidida, observando as suas reações. — Só assim, eu posso acreditar nas
suas promessas e confiar cegamente em você! Eu prometo que não vou ser
um fardo para você!
— E o que você está sendo agora!? — Giovanni diz ríspido, enquanto
coloca a sua arma de volta ao coldre e arruma a sua vestimenta, sem nem
olhar na minha direção. — A resposta continua sendo não! E não tente me
convencer do contrário. Eu não quero ouvir mais nenhuma maldita palavra
sobre isso!
— Como assim não é você que dita as regras? Quer dizer... olha como
eles veneram você! — Falo em um fio de voz, ficando surpresa com a
maneira dos convidados nos encarar, era algo muito além de poder e
influência... era como se Giovanni tivesse conquistado eles. — Eles olham
para você como se você fosse um rei!
— Acho que eu não fui claro com você, esposa! — Ele diz com o seu
tom ríspido, me arrastando para longe dos olhares de toda aquela gente. —
Você vai fazer tudo o que eu mandar, Serena!
“ Cuidado para com a fogueira que acendes contra teu
inimigo, ela poderá chamuscar a ti mesmo. ”
William Shakespeare.
A sua mão bruta torce o meu braço com força, prendendo-o em minhas
costas, fazendo com que a minha bolsa escorregue da minha mão e
caia no chão. Eu estava sem saída, mas se eu quisesse, eu poderia me
desvencilhar do seu agarre facilmente, mas, não era bem isso que eu queria.
Essa noite era muito importante para o meu disfarce ser revelado agora,
afinal, o anonimato ainda era a chave para o meu xeque-mate. Fuzilo o seu
olhar enfurecido, tentando decifrar o que estava acontecendo e o que ele
tinha descoberto para estar assim tão desconfiado.
Declarar o que eu sinto para o Giovanni pode ser uma jogada perigosa,
e ele pode usá-la contra mim, no momento que ele quiser. A vida é cheia de
momentos decisivos, as escolhas são necessárias e obrigatórias, e não tem
para onde fugir, você tem apenas que decidir por qual caminho seguir. Mas,
se escolhermos a opção errada, teremos que viver com as consequências
para sempre... porque não dá para mudar. Por isso, para mim, eu te amo,
eram as palavras mais difíceis de se dizer! Porque elas significavam tudo o
que eu já perdi durante a minha vida... e eu não estava disposta a passar por
tudo aquilo de novo...
— Eu não vou mudar, Serena! — Ele diz finalmente, sem me olhar nos
olhos, e movida pelo instinto, eu seguro e viro o seu rosto, sentindo parte da
sua tensão se dissipar. — Eu sou um fodido! E se você acha que eu tenho
um lado bom, você está muito enganada!
Eu não sei e nem consigo imaginar o que ele passou para finalmente se
tornar quem ele é hoje, mas, eu suponho que não tenha sido nada fácil
sobreviver com o peso de se tornar o Don da Camorra. Analiso o seu olhar
indecifrável, no entanto, antes que o meu marido possa responder ou fazer
alguma coisa, o som de uma tosse forçada ecoa pelo espaço, chamando a
nossa atenção. Involuntariamente, eu olho na direção do intruso, me
surpreendendo com a figura que vestia um smoking formal e elegante.
— Desculpe interromper o casal apaixonado! — Luigi diz, se
aproximando e nos cumprimentando com um singelo aceno de cabeça,
mantendo o tom divertido em sua voz grave. — Se me permite dizer, você
está muito linda nesse vestido, cunhada!
Até onde eu sei, Giovanni não tinha pais e nenhum familiar próximo, a
não ser é claro, o seu irmão, e mesmo assim, eles não pareciam ser tão
unidos. Como dois irmãos poderiam ser tão diferentes? Isso era
inacreditável, porque um era completamente o oposto do outro e as
personalidades eram muito distintas. Luigi tem um ar de diversão e
serenidade, que nem de longe, Giovanni possui, e talvez, isso seja reflexo
dos treinamentos no qual ele foi submetido. Mas, mesmo assim, era
estranho... ele não parece ter se afetado da mesma maneira que o irmão, e é
praticamente impossível viver nesse inferno e manter a sua essência intacta.
— Sim, é Serena! Mas, você não precisa fingir que não sabe o meu
nome, Mikaela! — Provoco, analisando-a dos pés à cabeça, e infelizmente,
eu tenho que admitir o quanto essa miserável é corajosa para ter vindo me
abordar. — Não é fácil de esquecer o nome da rival que roubou o homem
da sua vida, não é mesmo?
— Você tem razão, eu preciso falar com o Giovanni com urgência, mas
ele se recusa a falar comigo. — Ela diz, e imediatamente, eu sinto um
sorriso vitorioso se alargar em meu rosto, enquanto ela pega uma taça igual
a minha e dispensa o garçom. — Eu tenho uma notícia maravilhosa para dar
para ele, mas pelo visto, eu vou ter que me contentar com você!
Puta. Que. Pariu. As suas palavras chegam até mim como um soco no
estômago, me chacoalhando e me trazendo de volta a realidade. Sinto os
meus órgãos se revirarem em meu interior, espalhando uma ânsia e um bolo
em minha garganta. Isso não pode ser verdade! A tensão me congela por
dentro, enquanto ela joga um teste de gravidez no sofá, confirmando o meu
pesadelo. Eu quero a paz que encontrei nos braços do meu marido, eu quero
acreditar em suas promessas... mas, agora... tudo foi por água a baixo!
“ A dor muda as coisas, e dependendo de como você
encara, te muda e te deixa mais forte. ”
Rosmary Krasinski.
— Você quis dizer que ele está fora do seu caminho, não é? Porque
agora, eu encontro com ele até na cama! — Provoco, saboreando as
reações do seu rosto confuso, acabando com o seu maldito sorriso. — Essa
gravidez não vai interferir em absolutamente nada! E duvido muito que ele
aceite você, aliás, eu adoraria que você fosse junto comigo dar essa grande
notícia a ele, o que você acha?
— É claro que ele me ama! E é exatamente por isso que você tem tanta
raiva de mim, porque você não suporta conviver com esse fato! Você odeia
saber que ele me escolheu! — Falo, sentindo o meu sangue ferver com
tamanha ousadia daquela vadia, e por instinto, eu aperto o seu braço, vendo
a sua boca se entortar para segurar um gemido de dor. — É o meu nome que
ele chama quando alcança o prazer, é o meu nome que ele geme no meu
ouvido quando estamos fazendo amor, não é o seu!
Empurro o seu corpo para longe, sem me importar com mais nada,
sentindo uma descarga de adrenalina circular por minhas veias, pulsando
por todo o meu corpo. Apoio as minhas mãos no chão, tentando me
desvencilhar e me afastar daquela mulher desequilibrada, querendo acabar
com a raça daquela ordinária. Ergo o meu corpo rapidamente e me levanto,
sentindo uma de suas mãos agarrarem um dos meus pés, e sem nem pensar
nas consequências, eu sacudo o meu pé e piso em sua mão, ouvindo o seu
maldito choramingo me trazer de volta a realidade.
Fuzilo os seus olhos arregalados, vendo o medo percorrer por seu rosto
transtornado e sem aguentar mais essa situação degradante, eu largo o seu
cabelo e me afasto, dando espaço para ela desaparecer e levar consigo todo
esse pesadelo. Mordo os meus lábios, sentindo os meus olhos arderem, isso
é muita humilhação... e eu não mereço mais isso... Espero o barulho da
porta sendo batida ecoar pelo ambiente fechado, tentando controlar as
batidas descontroladas do meu coração, e quando eu o ouço o ruído
característico, que me dá a certeza que eu estou sozinha, eu desabo no chão,
escorando as minhas costas no sofá.
Mikaela é uma peste invejosa e fingida, ela pode ter ido embora hoje,
mas ela vai voltar, porque ela está mordida e contrariada! Puxo o ar com
força, sentindo dificuldade para respirar, perdendo por um breve instante, a
coragem e a capacidade de reagir. Como ele pôde fazer isso comigo?
Sabendo o quanto eu já sofri... olho para as minhas mãos trêmulas e
cortadas pelo vidro, vendo o quanto eu estava abalada com aquela notícia,
sem coragem de me levantar e de encarar a minha missão.
Passo os meus dedos nos meus fios bagunçados, sem me importar com
o sangue que escorria por minhas mãos, sabendo que uma decisão precisava
ser tomada. Mesmo que essa gravidez fosse uma grande mentira, Mikaela
tem intimidade o suficiente com o Giovanni para colocar essa ideia em
prática, e isso significa que em algum momento ela transou com ele.
Imediatamente, o meu sangue congela, só em imaginar essa possibilidade
dos dois juntos, e aí, eu começo a me sentir realmente mal.
Sinto o meu estômago embrulhar, fazendo com que a ânsia chegue até
a minha garganta, demonstrando a minha repulsa por toda aquela merda. Eu
precisava pensar melhor e juntar as peças, para só assim, agir. Eu não quero
passar por essa situação, aliás, eu não precisava! Porque eu não estou
disposta a sofrer por um filho da puta como o meu marido. Me apoio no
sofá e me levanto lentamente, agradecendo mentalmente por ninguém ter
aparecido e ter presenciado essa cena patética e deprimente.
Franzo o cenho, não entendendo o que ele queria dizer com a palavra
mestre, até porque, Giovanni não era o meu mestre, e sim, o meu marido.
Ignoro o seu jeito de falar e adentro o cômodo, sendo acompanhada por
ambos, que me seguiam sem questionar. Sento em um dos puffs e coloco a
arma ao meu lado, retirando os meus sapatos, enquanto a loira tira a peruca
e começa a se despir em nossa frente, ficando somente de roupa íntima, sem
se importar com o olhar atento de Mike. Imediatamente, eu solto o ar que
estava preso em minha garganta, me lembrando que eu estava
completamente nua por baixo desse vestido, e que eu vou ter que ir para um
dos boxes para me trocar.
— Eu achei que tinha perdido você... — Mike corta o silêncio que nos
rodeava, deixando transparecer em sua voz, o seu cansaço. — Aqueles dias
em que você esteve no hospital me lembraram da minha família.
Mike investiga o meu rosto por uma rápida fração de segundos e depois
solta uma lufada pesada de ar, demonstrando mais do que desapontamento,
era como se ele estivesse com raiva. Ele suspira e passa a mão em sua testa,
visivelmente incomodado com as minhas palavras, sem nem se dar ao
trabalho de disfarçar a sua mudança de humor repentina. Observo o seu
jeito, analisando os seus olhos esverdeados e as feições frias que se
enraizavam em seu rosto, ele tinha mudado bastante, não só na sua
aparência, como também, na sua personalidade. Era como se eu estivesse
olhando para um desconhecido, era estranho... porque era o Mike, mas
havia algo diferente... algo mais rústico e áspero.
Mike bufa e revira os olhos, dando uma risada cansada e sem nenhum
humor, demonstrando um lado seu que eu não conhecia. Imediatamente, eu
semicerro os meus olhos, querendo entender essa sua reação adversa e
arredia, além da sua insubordinação absurda e totalmente fora de contexto.
Mike sempre foi um bom soldado, ele era leal e nunca ultrapassou os meus
limites, e para mim, ele era mais do que um amigo, Mike não era só o meu
braço direito, ele era alguém em quem eu podia contar. Apesar da sua
mudança e da sua irritação estampada em suas narinas dilatadas, eu sei que
ele não seria capaz de me trair.
— Não precisa nem me responder, o jeito que você olha para ele já me
diz tudo! — Ele fala com indiferença, me dando as costas e apoiando as
suas mãos na bancada da pia. — Eu vi como ele olha para você! Eu vi o
desespero dele... aliás, não deu para passar despercebido o quão louco ele
ficou quando encontrou você ferida. Eu analisei o seu marido, Serena! Me
dê um crédito!
Mike não pode me amar! Se ele acha que eu sou a saída para o seu
coração ferido, ele está muito enganado, porque eu não sou a solução nem
para a minha própria vida, quanto mais para a dele. Abro a minha boca e
tento falar alguma coisa, mas simplesmente, nada sai! Engulo em seco,
ciente que não há nada que eu possa dizer que se assemelhe ao turbilhão de
emoções que se amontoam e se acumulam em meu interior. Aperto o seu
braço com força, sentindo o tecido do seu paletó escorregar por meus
dedos.
Fuzilo o seu olhar e solto o seu braço, dando as costas para um dos
meus melhores soldados. Mike só pode estar louco! Como ele foi capaz de
jogar tudo isso em cima de mim, em um momento tão delicado como esse?
Suspiro pesadamente, soltando o ar que estava me sufocando, isso é
loucura! Primeiro, foi aquela mulherzinha com a história da gravidez e
depois essa, era só o que me faltava! Eu sei que Giovanni era um infeliz,
mas eu não controlo os meus sentimentos, assim como não consigo mandar
na porra do meu coração.
— E daí? Você não pode me julgar! Você não tem esse direito! —
Rosno, puxando o meu braço e me desvencilhando do seu agarre, me
surpreendendo com o seu atrevimento. — Volte a sua posição ou eu vou
começar a ter dúvidas da sua lealdade! Entendeu, soldado!?
Eu queria machucá-lo por ser tão filho da puta! Por ser tão mentiroso,
por me seduzir e me deixar a sua mercê como uma cadelinha apaixonada.
Aperto os fios sedosos do cabelo de Mike e aprofundo o nosso beijo,
sentindo o meu coração doer, à medida que ele retribuía e me devorava com
necessidade. Sinto as suas mãos grossas circularem a minha cintura e o seu
corpo rígido me imprensar contra a pia, e imediatamente, a minha mente se
encarrega de criar a cena repugnante do Giovanni transando com aquela
miserável, beijando-a e a tomando como sua, da mesma maneira que ele fez
comigo.
Eu o odiava por ser tão mentiroso, por ter me tratado como mais uma
em sua vida, como uma qualquer! E movida pela raiva, eu fecho os meus
olhos e me deixo levar pelo beijo, sentindo o calor das mãos de Mike
ouriçarem a minha pele, mas, de uma maneira bem diferente. Finalizo o
nosso beijo e olho para aqueles olhos esverdeados, observando as suas
pupilas dilatadas se retraírem por conta da claridade e a sua respiração
ofegante bater em meu rosto. Não era a mesma coisa! Para ser sincera, as
sensações não chegavam nem perto das que eu sentia com o Giovanni.
E era a mais pura verdade! Não era igual e nem poderia ser, afinal,
eram pessoas totalmente diferentes, com personalidades distintas e
completamente opostas. Mike é bondoso e carinhoso... e eu não sinto nada
por ele. Já o meu marido, é o inverso, Giovanni é um monstro que gosta de
matar por esporte, mas tudo com ele, é mais do que eu possa esperar.
Conhecê-lo foi uma forma de me reencontrar, de ter acesso aquela Serena
frágil que eu deixei para trás, aquela garota que eu escondo com unhas e
dentes, por ter sido humilhada, subjugada, torturada e usada covardemente
por anos a fio, sem ter nenhuma chance de revidar! Mas que ao lado dele,
encontra o conforto que ela nunca achou, porque as nossas diferenças, ao
invés de nos afastar, nos une! Nos completa!
— Está tudo limpo! — A mesma voz masculina que havia falado com
Mike em seu rádio chega até o meu ponto de escuta. — Não tem ninguém
atrás de você!
— Você não vai atirar, você não teria coragem. — Ele diz confiante,
analisando a pistola em minhas mãos. — Se fizer isso, você vai chamar
atenção de todos os soldados, e eles vão vim correndo para cá!
— A gente podia ter matado você, desgraçada. — Ele diz entre dentes,
mordendo o seu lábio e exalando o ar de maneira cansada. — Mas você
sempre foi uma praga, escapando de todas as armadilhas como uma maldita
rata!
A sua risada rouca e doentia chega até os meus ouvidos, enquanto ele
se engasga entre os seus próprios grunhidos afobados de dor. Eles eram
doentes, todos os que estavam envolvidos nessa operação eram, e não havia
exceção! Sinto o meu corpo estremecer, indicando o meu estado furioso e
instável, desejando ardentemente, vê-lo cuspir essas malditas palavras junto
com os seus dentes imundos.
Observo a garota por mais algum tempo e solto o ar que estava preso
em meus pulmões. Serena seria uma dessas pessoas, o seu jeito arredio lhe
entrega, o ódio que eu enxergo em seus olhos era o combustível perfeito
para torná-la e moldá-la em quem eu queria que ela se tornasse, para no
futuro, ela jogar e lutar ao meu favor. Era realmente uma pena ela ser filha
de quem é, a primogênita de um traidor miserável, que a essa altura, já
estava sendo consumido e devorado pelos vermes.
Realmente foi um equívoco infeliz ter tirado a sua vida de maneira tão
precoce, mas eu não me culpo por isso, afinal, eu estava cego pelo ódio e
completamente consumido pela fúria avassaladora da sua traição. É uma
pena! Eu adoraria ter visto as suas expressões de raiva e de impotência, ao
ver a sua própria cria ser leal a minha causa, ao ponto de destruir
inocentes em nome do seu pior inimigo. Esse seria o castigo perfeito para
aquele que um dia ousou me enfrentar, mas infelizmente, aquele desgraçado
já estava morto.
Matheus Carmezim.
— Durante todo esse tempo juntos, você não percebeu que ela era
problemática? — Luigi fala em um tom desagradável, carregando em suas
palavras as suas gracinhas imbecis. — Mulheres abusadas costumam ter a
mente perturbada, Serena não deu nenhum indício de instabilidade quando
vocês foram transar?!
Tento buscar a calma que ele tanto pronunciava dentro do meu interior
fodido, mas, a única coisa que gritava dentro de mim, era que eu deveria
matá-lo e destruí-lo. É impossível encontrar o meu ponto de equilíbrio
novamente, não enquanto aquela descarga pesada de adrenalina pulsava em
minhas células, fazendo com que, a minha mente perturbada criasse todas
aquelas cenas repugnantes em minha cabeça. Fecho os meus olhos, vendo
aquele maldito olhar cintilante da minha esposa tomar conta dos meus
pensamentos.
Deslizo os meus dedos pelas próximas linhas até chegar em uma série
de exames clínicos e psicológicos da minha esposa, as datas dos
documentos eram espaçadas, era mais um avanço dos estudos que
analisavam as suas reações em idades diferentes e em situações diferentes.
Que propósito doentio era esse? Por que o interesse nela? Não fazia o
menor sentido! Analiso novamente as datas e me surpreendo que a última
testagem feita, foi um ano antes dela ter escapado.
— Por falar nisso, como você conseguiu ter acesso a tudo isso!? —
Pergunto, pressionando-o e querendo ouvir a sua justificativa, para saber se
era plausível ou não. — Você ainda não me respondeu!
— Giovanni... eu acho que não vai ser mais preciso... — O meu irmão
diz um pouco abalado, enquanto observa uma foto na tela do seu aparelho.
— Olhe isso!
E dessa vez foi a minha vez de gargalhar, chamando a sua atenção para
o meu rosto sarcástico. É realmente impressionante o quanto ele me
subestimava, sendo que ele mal me conhecia, e muito menos, se deu ao
trabalho de me analisar profundamente enquanto eu estive em seu território!
Lorenzo não tinha noção de quem eu era, e nem sequer desconfiava, do
quão amarga e corrompida era a minha alma. Eu não cheguei até aqui por
acaso, eu vim disposta a saciar a minha ânsia de fazê-los pagar e perecer,
em nome da minha vingança!
— Não seja tão burro, Lorenzo! — Falo com rigidez, mantendo o meu
queixo erguido e o olhando de cima para baixo, como o maldito inseto que
ele era. — Eu sei que o seu chefe usa o anonimato para se esconder, e eu o
compreendo, afinal, o conforto de não ser visto como um alvo é algo
realmente agradável!
— Se vo...cê atirar... você sa...be que não vai ter mais volta... —
Lorenzo fala em um fio de voz, com os seus lábios ressequidos e sem
nenhuma cor. — Giovanni jamais vai perdoá-la... você vai perdê-lo...
Suspiro pesadamente, ponderando e pesando as suas palavras, e pela
primeira vez, a ideia de perder o meu marido não me doeu tanto quanto
costumava doer, e provavelmente, essa sensação de vazio fosse
consequência daquele maldito teste de gravidez. Giovanni não era
totalmente honesto comigo, ele nunca foi... e isso era uma coisa recíproca,
ambos escondiam segredos, e não havia razões para eu falar sobre a Fênix,
sendo que ele transava com quem bem entendesse, sem nem ao menos, se
importar comigo.
Toco o meu vestido e sinto o sangue fresco melar a minha mão. Meu
deus! Não tem como eu passar despercebida tão suja assim... não ia dar para
passar pelos convidados sem chamar atenção dos olhares curiosos para todo
esse sangue. Giovanni já está ciente que a Fênix está dentro do seu
território, e ele sabe também, que existe uma mínima chance do assassino
do Lorenzo ainda estar na cena do crime, ou seja, ele iria vasculhar os
rastros, e com isso, ele poderia facilmente chegar até mim. Eu preciso trocar
de roupa com a sósia, e ela teria que usar outro vestido reserva, porque esse
aqui, estava inutilizado, e quem tivesse o azar de ser pego com ele, estava
condenada a ser capturada e torturada.
Não era o que eu queria, e também, não era o que havíamos planejado,
mas teríamos que colocar o plano B em ação, porque não havia como eu
passar por aquelas pessoas lá embaixo, sem ser vista como a culpada da
morte daquele desgraçado. Aproveito a chance que eu tenho e retiro os
meus sapatos com pressa, sabendo que teria que correr feito uma louca
depois que todo o alvoroço estivesse se iniciado. Procuro o ponto de escuta
no meu ouvido e seguro o objeto pequeno em minha mão, para ter certeza,
que o homem que antes falava comigo, me escute com clareza e precisão.
Abro os meus olhos, e sem querer, o meu olhar se prende nos pedaços
de vidro daquela taça de champanhe que a Mikaela me fez quebrar, e
involuntariamente, eu estremeço, sentindo o meu coração falhar uma batida
e o meu sangue gelar. Porra! Será que alguém me envenenou? Será que
aquela desgraçada colocou algo em minha taça, antes do garçom me
entregar? Com esse pensamento, a minha frequência cardíaca acelera,
fazendo as batidas baterem dolorosamente em meu peito, forçando a minha
caixa torácica a subir e a descer em uma agonia silenciosa.
Meu Deus! Não! Não! Isso não pode acontecer! Eu não posso morrer
agora, ainda mais estando tão perto dos meus objetivos... Meu corpo
amolece e eu sinto uma fraqueza generalizada percorrer todos os meus
músculos, espalhando o medo cru e real, temendo que aquele pensamento
se torne realidade, que eu morra envenenada por culpa daquela vadia
peçonhenta. O embrulho no meu estômago retorna, mas dessa vez, a ânsia
toma uma proporção diferente, e assim que o gosto amargo e enjoativo do
regurgito chega até a minha boca, uma nova onda involuntária se forma, me
forçando a engolir aquele bolo pesado que atravessava a minha garganta.
— Se acalme, minha menina! Isso não vai fazer bem a você! — Ouço a
sua voz rouca próximo ao meu ouvido, sabendo que ele estava reclamando
dos tremores do meu corpo, que denunciavam o meu nervosismo e o meu
pavor de encontrar aquele infeliz novamente. — Acha que eu não monitorei
as bebidas que chegaram até você? Ninguém ousaria colocar nada em seu
champanhe. O que você está sentindo?
— Por favor... não deixa ele chegar perto de mim... eu tenho nojo...
repulsa das coisas asquerosas que ele fez comigo... da pessoa que ele me
transformou... — Insisto agoniada, envolvendo as minhas mãos em volta do
seu pescoço, sentindo os seus músculos fortes tencionarem à medida que eu
desabafava. — Eu não vou suportar ser violentada novamente, eu não tenho
mais psicológico para ser usada como eles faziam... eu não tenho mais
forças para lutar contra um estupro, eu não consigo... porque dói, dói na
minha alma, todos aqueles momentos... quando eles me drogavam... quando
aquele desgraçado me marcava como sua, sendo que eu era apenas uma
criança!
Honório Nunes.
— Quem você pensa que é, Serena? Você não passa de uma vadia
qualquer, igualzinha a vagabunda da sua mãe! — O meu pai grita comigo,
enquanto eu seguro as lágrimas que estavam presas a muito tempo, e que
agora, ardiam em meus olhos. — Mas você vai fazer algo por mim... vai
fazer em nome da nossa organização!
E como nada era o suficiente para aquele monstro, ele aperta com
mais violência, forçando-o até ficar intumescido de dor. Soluço, sabendo
que se eu chorasse seria pior... muito pior... ciente que se eu esboçasse
qualquer reação, as coisas tomariam outro rumo e outra proporção... que
ele não só iria me bater com toda a sua vontade de acabar com a minha
raça, como também, ele me espancaria e iria me torturar, e as
consequências eram inevitáveis, onde eu ficaria de cama por dias a fio...
O pior não era apagar... era passar pelas mãos daquele médico de
novo... Não! Não! Não! Eu não queria passar por aqueles exames invasivos
de novo... onde outro homem me explorava com a justificativa de me
medicar... com o pretexto que iria curar as minhas feridas, quando na
verdade, ele iria criar outras... outras muito piores... e irreversíveis!
Prendo a minha respiração e sufoco o meu sofrimento velado, tentando
controlar a minha vontade de gritar e de chorar, de colocar para fora todo
o meu sofrimento, que era sempre calado e sufocado, crescendo dentro de
mim como uma bomba relógio prestes a me destruir por dentro.
— É assim que eu quero você, sua vadia ordinária! — Ele rosna com
raiva, repetindo o seu movimento asqueroso em meu outro seio, como se
estivesse enraivado por meu autocontrole. — Eu não quero ouvir nenhum
resmungo seu, sua miserável! Você já deveria estar acostumada, porque já
está treinada para foder! Se você aceitar o seu destino de bom grado e
cumprir as exigências do Will sem relutar, todo esse sofrimento acaba!
Pense bem, não é tão difícil dar prazer a um homem, ainda mais,
carregando em seu sangue o gene de vadia da sua mãe.
— Eu tenho nojo de vocês! Nojo... — Respondo agoniada, sentindo as
lágrimas escorrerem por meu rosto e serem absorvidas pelo pano grosso do
capuz que cobria a minha face. — Eu nunca vou aceitar... nunca!
Soluço aflita, sabendo que ele não estava brincando, e que apesar do
Benjamin ser o seu sucessor, ele não hesitaria em machucá-lo só para me
ferir ainda mais. Estremeço e começo a sentir os efeitos do choro entalado
e contido em minhas entranhas, e sem ter controle do meu corpo, eu
desmancho, em um choro agoniante e torturante. Eles podiam fazer tudo
isso comigo, mas com ele não... ele não merece sofrer tanto... ele não vai
suportar... ele é só uma criança indefesa, que não sabe a má sorte que teve
em ter nascido nessa maldita família.
— Ele vai tocar e fazer o que quiser com o seu corpo, e você, não vai
fazer nada! Porque se eu ouvir uma reclamação... o garoto morre! — Ele
ameaça, deixando toda a sua maldade transparecer em seu tom de voz frio
e cortante. — Eu quero que essa sua mente perturbada se lembre do quão
delicioso foi violar essa bunda gostosa e deliciosa.
É obvio, que eu não acreditei em nenhuma palavra que saiu da sua boca
deliciosa, mas achei prudente respeitar o seu espaço, até porque, ela insistiu
que já estava melhor e que o enjoo já tinha passado, o que era desmentido
pelo seu semblante abatido e pálido, característico de uma pessoa que não
estava se sentindo bem. Mas mesmo contra a minha vontade, eu dei esse
voto de confiança a minha esposa, eu sei que não é fácil para ela se abrir,
afinal, eu conheço muito bem as suas inseguranças. Serena acha que eu vou
sentir nojo do seu corpo depois que ela me confessar toda a verdade, e não
tem como esse pensamento ser mais do que equivocado!
Realmente, a sua morte era uma pena, ela poderia ser muito útil para
passar informações confidenciais e revelar quais eram as reais intenções do
seu líder em meu território. Além da mulher de peruca loira, muitas outras
pessoas morreram no meio do fogo cruzado, muitos convidados e membros
da Camorra estavam entre os mortos, mas, a maior parte, eram invasores
americanos sob o comando do desgraçado do William. Por ordens diretas, a
maioria dos seus soldados foram executados no combate, sem pena e sem
piedade. Eu não quero interrogatórios e não quero perder o meu tempo com
homens cumprindo meras ordens, agora, é hora de matar... eles já foram
longe de mais, se infiltrando em minha área e ousando me desafiar
diretamente.
O teatro virou uma verdadeira chacina, repleto de corpos, sangue e
cartuchos de diversos calibres de bala, obviamente, de armamentos
diferenciados, tanto de armas leves, como pistolas e revolveres, como
também, havia munição de fuzis de elite. Parecia um cenário de guerra,
havia corpos estirados por todo o salão, homens e mulheres agonizando e se
arrastando por toda parte, enquanto os barulhos característicos dos tiros
cortavam o ar e ecoavam ao longe, se juntando aos sons guturais dos gritos
e gemidos de dor, formando uma verdadeira melodia harmoniosa, que me
agradava muito.
A minha fama precisa correr... e nada mais justo do que associar o meu
nome a esse incidente em específico, onde americanos foram abatidos em
um evento social realizado em um espaço de conhecimento público. Sem
cogitar a ideia de permanecer ali por mais tempo, eu deixei tudo para trás e
segui direto para a minha casa. Serena passou o caminho inteiro em meu
colo, repetindo que não estava se sentindo bem e me pedindo
incansavelmente, que não deixasse aquele verme encostar nela novamente,
o que me fazia acreditar, que talvez, houvesse a possibilidade de ela ter
visto aquele desgraçado hoje à noite.
Solto o ar que estava preso em minha garganta, sentindo a sua pele fria
contrastar com a minha, ela não estava bem e isso era evidente. Serena tinha
gatilhos emocionais fortíssimos, que desencadeavam nela um descontrole
generalizado, e apesar dela ser muito forte e de tentar esconder esses
sentimentos contidos, ela precisava de ajuda para aprender a controlar o seu
psicológico. Passo as mãos em seus cabelos, tirando os fios lisos do seu
rosto e acaricio o seu couro cabeludo suavemente, observando a sua beleza
singela se sobressair, mesmo ela estando em um momento tão vulnerável.
O seu corpo apesar de ainda estar meio trêmulo, estava bem mais
relaxado, os seus músculos estavam bem menos retesados, enquanto os seus
braços finos envolviam a minha cintura e o seu rosto repousava em meu
peito. Quando eu a encontrei, Serena estava tão confusa e envolta em seu
sofrimento, que não tinha noção do que falava, ela afirmava com uma
certeza absurda, que tinha sido envenenada e que estava sentindo os efeitos
colaterais de alguma substância tóxica, dizendo que estava tonta e com
náuseas. E logo depois, ela começou a se abrir... confessando entre as
palavras desconexas que tinha sido estuprada e abusada, enquanto tremia
em meu colo, totalmente alterada e presa em seu sofrimento.
É óbvio, que eu sabia que ela tinha sido violentada, antes mesmo de ter
acesso aos documentos, eu já desconfiava que havia algo errado com a
minha esposa, por causa das suas cicatrizes. A convivência também
denunciava essa parte obscura da sua personalidade arredia, mas, ter a
confirmação das minhas suspeitas por um relato desesperado de uma pessoa
presa em uma dor tão crua e tão avassaladora, era bem diferente. E de certa
forma, o seu sofrimento era meu também, e vê-la tão agoniada, me deixava
completamente louco e com sede de descontar a minha raiva no primeiro
filho da puta que aparecesse.
Termino de tomar banho e enrolo uma toalha em minha cintura,
seguindo na direção do nosso quarto, querendo ver se a minha esposa já
tinha terminado de se arrumar, e se estava pelo menos, mais tranquila. Mas,
assim que eu atravesso a porta do cômodo, eu escuto o som característico
de quem está vomitando, já sabendo muito bem, do que se tratava os
barulhos. Serena não tinha sido envenenada, e disso, eu tenho plena certeza,
então, eu sigo para o closet, querendo respeitar o seu tempo e optando por
me manter afastado.
Eu nem sequer imagino como seria a sua reação diante de uma possível
gravidez, Serena carrega tanta mágoa dentro de si e tanto medo por ter
perdido o seu irmão, que eu não acredito que ela reagiria bem logo de
início. O garoto partiu cedo e em uma situação bem desagradável, e eu sei,
que isso ainda a machuca e mexe com o seu lado sentimental. Apesar de
tudo, eu tenho certeza que ela seria uma ótima mãe e defenderia essa
criança com unhas e dentes, e esta poderia ser a solução para colocá-la de
volta ao caminho certo. Ser mãe exigiria muito dela, e com certeza, a
impediria e a faria pensar duas vezes antes de tomar decisões impensadas.
Encarei Serena até me dar conta de que porra ela estava falando, no
entanto, assim que ela termina de me acusar, lançando um olhar de desprezo
na minha direção, ela sai correndo, Serena simplesmente foge de mim, indo
embora e me deixando para trás. Franzo o cenho confuso, querendo
entender que merda era essa que estava acontecendo, e não demora muito
para eu ligar os malditos pontos... Mikaela era a resposta para esse surto
repentino! Aquela vagabunda insistente insinuou e colocou coisas na
cabeça da minha esposa, ela aproveitou a minha ausência, enquanto eu
estava conversando com o meu irmão, para plantar ideias absurdas na
mente já desnorteada da minha mulher.
— Eu estou bem! Estou com um ferimento de bala, mas não foi nada
grave. — Luigi responde e o barulho de vozes masculinas ao seu redor se
intensifica, era os meus soldados recebendo suas ordens. — Um dos
infelizes me acertou um tiro, mas eu também consegui atingi-lo, e eu tenho
absoluta certeza, que você vai adorar saber quem ele é!
— Eu não quero falar com você! — Ela sussurra com a sua voz rouca
pelo choro, se mexendo e se acomodando no sofá. — Eu não quero ouvir
nenhuma desculpa!
Puxo a sua nuca com selvageria e beijo o encontro do seu pescoço com
o seu ombro, forçando-a a soltar um gemido alto e prolongado, antes de
devorar a sua boca macia e deliciosa com toda a minha fome. Com a mão
livre, eu puxo a sua cintura contra mim, trazendo o seu corpo para mais
perto, colando os bicos duros dos seus seios em meu peitoral desnudo,
sentindo a rigidez dos seus mamilos se arrastarem em um vai e vem
tentador em minha pele, através do tecido solto do seu vestido. Aperto os
fios do seu cabelo e saboreio o gosto da sua língua macia, sentindo o
deslizar suave e cadenciado da sua entrega.
Solto a minha mão que estava em suas costas e enfio a mesma entre as
suas pernas, explorando sem aviso toda a região sensível, ouvindo Serena
gemer entre os meus lábios famintos. Arrasto dois dos meus dedos por seu
clitóris inchado, sentindo a sua entrada apertada e melada se contrair, e para
acabar com a sua sanidade, eu espalho a umidade por seus grandes lábios,
melando-a e lubrificando-a para me receber. Sob o meu toque afoito, eu
sinto o corpo da minha esposa se remexer e se contorcer em meu colo,
implorando em um gesto silencioso, para eu me enterrar naquela buceta
quente, e acabar de uma vez por todas, com a sua vontade.
Deslizo as minhas mãos por suas costas, inchando ainda mais dentro da
sua intimidade extremamente úmida, sentindo o meu pênis expandindo e
forçando as suas paredes inchadas, mantendo-as separadas para comportar
todo o meu volume. Serena geme novamente e eu solto uma risada sem
nenhum humor, isso não deveria estar acontecendo, e como se o meu gesto
chamasse a sua atenção, a minha esposa se afasta um pouco e fita os meus
olhos, querendo encontrar a razão e o motivo para os seus sintomas e para a
minha reação. Aliso o seu rosto pálido, vendo-a engolir em seco e me
abraçar novamente.
— Olhe para mim! — Ordeno com firmeza, sem dar a ela a opção de
recuar, e querendo acabar de uma vez por todas com aquela maldita
situação. — Quantos anos você tinha quando aconteceu pela primeira vez?
— Dez... — Serena sussurra em um fio de voz, virando o seu rosto para
outro lado, desviando de propósito o seu olhar do meu. — Eu tinha dez
anos quando ele me abusou...
“ Sou só mais uma alma corrompida, perdida em um
mundo de demônios, onde lembranças me atormentam e
memórias me destroem... sofrendo em meu quarto
vazio, eu busco por aquilo que nunca tive…”
Celso Junior.
— E tudo aquilo que ele me disse, todas aquelas atrocidades que eles
fizeram comigo... ficaram marcadas... e eu sinto cada uma dessas cicatrizes
até hoje... eu sinto a dor de cada ferida aberta que ele fez questão de deixar
em minha alma. — Falo ofegante, sentindo as lágrimas arderem os meus
olhos, embaçando a minha visão desfocada e atônita, denunciando o meu
descontrole iminente. — E na quietude daquela noite, tudo se transformou
em algo muito pior... a minha vida que já era um inferno, se modificou... a
minha infância e adolescência virou uma série de castigos e penitências sem
fim... porque antes mesmo que eu chegasse a varanda, eu senti mãos
grandes e grossas taparem a minha boca, me imobilizando, me prendendo...
me levando para o meu quarto... e ali eu soube que eu estava perdida! Que
era o meu fim! Eu tentei com todas as minhas forças me debater, me soltar...
mas o homem que me carregava era muito mais forte... e era desesperador...
era angustiante... porque eu queria fugir, mas não tinha como! Não tinha
como...
— Fique calma, eu estou aqui com você! — Giovanni fala sem alterar
o seu tom de voz, me apertando mais contra os seus músculos tensos e
retesados, enquanto eu coloco para fora todo o meu sofrimento. — Eu não
vou embora!
— Me diz que isso parou quando você ficou mais velha... — Giovanni
fala e eu sinto o seu corpo ficar tenso, à medida que, eu colocava para fora
o que estava preso e entalado em minha garganta embargada pelo choro. —
Me fala que isso não se estendeu por anos, Serena!
Anderson Claro.
— Eu não vou julgar você por isso, eu jamais faria isso! — Ele diz,
mantendo o seu tom sério e o seu maxilar travado, analisando o meu
semblante abatido. — Eu escolhi você, Serena, e eu fui contra as regras dos
fundadores do meu próprio clã para me unir a você! Sem hesitar e sem
pensar nas consequências dos meus atos! Você não era a minha prometida, a
sua irmã adotiva é que era! Eu escolhi você, e o peso do seu passado não
vai mudar a minha decisão!
Franzo o cenho, tentando entender e processar aquelas informações
totalmente novas, e que de certa forma, não faziam o menor sentido,
enquanto sinto as suas mãos colocarem as mechas soltas do meu cabelo
para trás da minha orelha. Giovanni Campanaro e Carolyn West eram os
noivos prometidos daquela época? Mas porque ela e não eu? Isso não se
encaixava... porque eu era a filha legítima do verdadeiro capo da máfia
americana, e não ela! As nossas vidas eram um verdadeiro quebra cabeças
dos mais complexos, onde o destino traiçoeiro gostava de brincar com a
nossa sorte. E com esse pensamento, eu me forço a me lembrar das poucas
vezes que eu conseguir escutar algo relacionado a esse noivo misterioso,
que a minha querida irmã adotiva iria se casar.
— Cale a boca, imbecil! Quem tem que achar alguma coisa aqui, sou
eu! — Maxell fala visivelmente alterado, aumentando gradativamente o seu
tom de voz. — SE EU DIGO QUE VAMOS CONTINUAR COM A PORRA
DO PLANO! VOCÊS TÊM QUE ME OBEDECER SEM QUESTIONAR!
Estremeço involuntariamente, tomando susto com o seu grito
repentino, sentindo toda a minha pele se arrepiar, me deixando em estado
de alerta. O Matteo é um homem muito bonito, mas, o que ele tem de
beleza, ele tem de crueldade, o que não o difere dos outros malditos que
vivem por aqui. Afinal, para ser um bom soldado, você precisa ser
sanguinário e possuir um estômago forte, esses são alguns dos atributos
necessários para ocupar um cargo e ingressar na máfia. Além é claro, de
uma mente aberta, porque suportar ver todas as atrocidades que a máfia
pratica e comete, não é para qualquer um
— Vai ter uma festa importante daqui a sete dias, com todos os homens
influentes de todas as máfias. — O infeliz do Will informa, sorrindo
daquela maneira nojenta e asquerosa. — O chefão vai se apresentar diante
de todos! Prestem bem atenção e não se enganem com ele! O miserável é
um sádico, e apesar de ser jovem, ele conquistou o seu império banhando
as suas mãos com o sangue de muitos líderes antigos! Ele é esperto o
suficiente para comandar essa porra toda!
Meu Deus! Eu sou essa mulher... eu sou a infiltrada perfeita! Olho para
o meu marido e sinto as minhas têmporas arderem, me dando conta do
labirinto sem fim onde eu estava metida até o pescoço. Eles planejaram
tudo... tudo fazia parte do plano deles! Eu sou apenas mais uma das peças
moldadas para esse jogo doentio, uma escrava que foi usada para matar em
seu nome, fazendo o trabalho sujo sem nem me dar conta, matando homens
do Giovanni que atrapalhavam o caminho deles também. Passo as mãos em
meus cabelos e sinto meus olhos arderem, me sentindo uma estúpida!
— É claro que não seria culpa sua, Serena! — Escuto a sua voz grossa
próximo ao meu ouvido, enquanto a sua mão indelicada aperta os fios
longos do meu cabelo. — Vocês dois foram usados!
Confirmo com a cabeça, me dando conta que essa era a mais pura
verdade, nós dois fomos usados, manipulados como peças primordiais de
um jogo cruel e desgraçado. Flexiono os meus joelhos e abraço aquele
homem que se tornou o meu suporte, sabendo que ainda tinha muita coisa
para ser exposta e para ser expurgada de dentro de mim. Era doloroso
assistir o meu próprio desespero, enquanto as lembranças que estavam
arquivadas e esquecidas retornavam com violência, forçando o meu
subconsciente a chegar ao seu limite. Com a cabeça doendo e já sentindo os
tremores do meu corpo retornarem, eu me obrigo a terminar o que eu havia
começado, abrindo todo o meu inferno particular para aquele homem que
estava bem diante de mim, sentindo a mágoa e a dor que estavam cravadas
em minha alma.
— Depois daquela noite terrível, eu fiz uma promessa... eu jurei que ia
protegê-lo, e não importava mais as circunstâncias e nem o quanto custasse!
E foi o que eu fiz, eu me sacrifiquei pelo Benjamin em vários momentos,
colocando sempre a sua vida como prioridade, mas, não demorou muito
para eles perceberem que o Ben era o meu ponto fraco. Eles me testavam...
dava para sentir que eles queriam saber até que ponto eu iria interferir para
proteger o meu irmão, e para fazer isso, eles acabaram com o meu
psicológico, me destruíram... e começaram a usá-lo contra mim, me
ameaçando, dizendo que se eu não ficasse quieta ou se eu não aceitasse as
torturas de maneira pacífica, eles iriam matá-lo. — Desabafo, pigarreando
para consertar o tom da minha voz que estava totalmente embargado pelo
choro e pelo bolo que atravessava a minha garganta. — O Maxell gritava
que se eu chorasse, enquanto aquele homem nojento me tocava e me
estuprava das maneiras mais sórdidas e asquerosas possíveis, ele ia cortar a
garganta do Benjamin na minha frente, mas não antes de fazê-lo sofrer e
pagar por toda a minha desobediência.
— A minha vida toda foi uma mentira e até a morte dele foi
planejada... — Solto uma lufada de ar, sentindo as minhas costas arderem,
enquanto os meus pulmões expandem em um movimento cadenciado. —
Eu fiquei tão perdida, sem rumo... eu não conseguia entender, como alguém
que estava vivo até poucos segundos atrás não estava mais! E com muita
dor, eu deixei o corpo dele lá e fui embora sem rumo, acreditando que foi
você que deu aquela ordem, alimentando o meu ódio por você ter me tirado
tudo! Tentando suportar e colocar na minha cabeça, que aquela presença
constante do meu irmão jamais voltaria, e era insuportável, porque eu não
conseguia aceitar... por isso eu vim atrás de você.
— Você foi usada para chegar até mim! Eles planejaram isso! —
Giovanni rosna visivelmente furioso, colocando a sua mão de volta em
minha nuca e puxando os meus cabelos com toda sua indelicadeza, me
obrigando a olhá-lo. — Eu sei que é muita coisa para você entender agora,
mas antes de mostrar a você tudo o que eu sei, nós dois precisamos fazer
uma coisa.
— Estamos bem, você e eu! Nada mais pode estar, mas nós dois
estamos. — O meu marido fala e aperta a sua mão na minha, selando
aquelas palavras e aquela promessa. — Não duvide do que nós temos! Se
aquela mulher estiver grávida, o filho não é meu! E para isso, você precisa
confiar na minha palavra!
“ São necessárias muitas verdades para se ganhar a
confiança, mas basta apenas uma mentira para perdê-la.
”
Autor desconhecido.
Qual seria a minha explicação para isso? O que Giovanni sabia era que
eu tinha sido usada contra ele, que eu cheguei em seu território para matá-lo
e que eu fracassei no meio do caminho, outra coisa bem diferente, é ele
descobrir que eu fui bem-sucedida nessa missão que eu nem fazia ideia que
era minha, e que eu matei homens da sua máfia em nome de um inimigo
sem rosto. E além de tudo isso, como eu iria explicar que eu tenho homens
infiltrados entre os seus? Que sob o meu comando existe soldados dispostos
a morrer para derrubar todo esse sistema.
Ele acha que eu sou essa mulher indefesa, Giovanni não sabe que por
debaixo desses traumas e desses gatilhos infernais, existe uma mulher que
mata e tortura igual a ele, que não hesita em apertar o gatilho e que sabe
manusear várias armas. Involuntariamente, eu aperto a palma da minha
mão, sentindo o ardor do corte e me lembrando da nossa promessa recente.
Porque tudo na minha vida tem que ser tão complicado? Porque as coisas
não podem simplesmente funcionar e trilhar o rumo normalmente? Solto o
ar que estava preso em minha garganta, sentindo o peso da minha traição.
Eu sei que estou quebrando o nosso acordo mais recente, mas não é
como se fosse algo fácil de se confessar... é complicado! E já imaginando e
criando a cena da sua reação explosiva em minha cabeça, vendo-o furioso
ao descobrir toda a verdade, eu passo a minha perna sob a sua e me abraço a
ele, chamando a sua atenção. E no próximo segundo, eu sinto a sua mão
adentrar o meu cabelo, apertando os fios e fazendo uma massagem que só
ele sabia fazer, causando um arrepio gostoso em minha pele. E minha
nossa... eu nunca iria me acostumar com aquilo, com o poder que aquele
homem tinha sobre o meu corpo e sobre mim.
Giovanni desliza a sua mão por minha coxa que estava entre as suas
pernas, subindo devagar até chegar na minha cintura, onde envolve o seu
braço e me puxa para cima, me prendendo ao seu tronco. Me ajeito e apoio
a minha cabeça em seu peito, aproveitando a nossa posição cômoda para
acariciar o seu rosto e para tocar em sua barba, sentindo os pelos ásperos e
grossos pinicarem a ponta dos meus dedos. Eu sei que estava sendo
egoísta... e que de certa forma, eu estava traindo a mim mesma, porque eu
estava quebrando o elo que me unia ao meu marido, a única pessoa capaz
de entender as minhas dúvidas e incertezas, as minhas recusas e os meus
temores, sem nem que eu precisasse dizer nada, porque ele simplesmente
me lia.
Solto um gemido baixo, assim que ele alcança uma parte sensível da
minha coxa, e eu não me importo de demonstrar todo o meu interesse, se
cada vez mais, eu tenho a certeza que ao seu lado, é o meu lugar. Deslizo a
minha mão por seu peito rígido, me permitindo ficar mais relaxada,
sentindo os pelos curtos do seu abdômen descerem até o cós da sua calça,
trilhando um caminho que era a minha perdição ou o meu paraíso. Desço
um pouco mais a minha mão e sinto a sua ereção já se sobressair pelo tecido
do moletom, e logo, eu sinto o meu rosto arder.
Coloco tudo em cima da pia e pego uma escova de cabelo que estava
próxima, me sentando no chão e torcendo para que o resultado saia como o
esperado. É impressionante como certos momentos se tornam
extremamente difíceis, e esse com certeza, era um deles, a depender do
resultado, a minha vida iria mudar completamente, e sinceramente, eu não
estava pronta para uma criança em minha vida. Um filho... esse momento
deveria me deixar feliz, mas só de cogitar essa ideia, um frio esquisito e
incômodo se enraíza em minha barriga, porque depois da experiência
traumática com o Benjamin, eu não conseguia desvincular um fato do outro,
e era praticamente impossível, me sentir tranquila diante disso.
Eu estava assustada e com o coração martelando dentro do meu peito,
em uma agonia descompassada. Giovanni queria esse filho, agora, resta
saber se eu o queria? Ajeito a minha coluna meio desconcertada, sentindo
um leve desconforto com essa pergunta. Abortar... interromper essa vida no
meio do seu curso... eu sinceramente não sei, se eu estiver realmente
grávida, esse bebê vai ser responsabilidade minha, e de certa forma, foi um
descuido meu, e eu jamais seria tão egoísta e desumana a esse ponto. Passo
a escova em meus fios devagar, e em um gesto involuntário, eu acaricio a
minha barriga por cima da camisa, tentando me convencer daquilo,
principalmente porque foi por amor... esse bebê seria fruto da nossa relação,
que não era nada parecida com aquele pesadelo que eu fui obrigada a
passar.
Cinco minutos se transformaram em cinquenta minutos, que mais
pareciam uma eternidade sem fim, respiro fundo e termino de pentear o
meu cabelo molhado, esperando o tempo do resultado sair. Fico mais algum
tempo parada, sentada e envolta em meu próprio mundo, querendo me
convencer que se desse positivo, eu ficaria bem, nós ficaríamos bem! Tomo
coragem para me levantar, sentindo as minhas pernas fraquejarem naquele
pequeno percurso, querendo evitar o inevitável, e sem querer olhar para
aquele objeto colorido, eu coloco a escova no lugar e tiro o bastão do
recipiente, jogando o meu xixi e a embalagem fora, evitando olhar o local
em específico que dava o resultado.
— Vejo que você já está bem melhor! — A sua voz grossa chega até os
meus ouvidos de uma maneira única, espalhando um arrepio em algum
lugar específico dentro de mim. — Fez o teste?
— Ainda não fiz. — Minto, não querendo lidar com esse assunto
agora, com toda a minha atenção voltada para a pistola prateada que estava
em cima do seu casaco grosso. — Quer dizer, eu ainda não tive coragem!
E sem aviso, Giovanni beija o meu ombro e arrasta a sua barba áspera
por toda a extensão do meu pescoço, mordendo a minha orelha e me
fazendo perder completamente o juízo. Como se o meu corpo funcionasse e
dependesse do seu, eu sinto a minha pele se ouriçar, me entorpecendo a
medida que o seu beijo quente avança sobre o meu corpo. Ainda segurando
a pistola, eu envolvo os meus braços ao redor do seu pescoço, me unindo
mais a ele, querendo sentir tudo o que aquele homem podia me
proporcionar, sem pensar em minhas mentiras e nos problemas que se
sucederiam, assim que a verdade viesse à tona.
“ Não fomos feitos para dar certo, mas fomos feitos para
ficarmos juntos. ”
Bruno Fontes.
S olto um gemido manhoso assim que a sua barba áspera alcança uma
parte sensível da minha pele, disparando uma reação em cadeia por
todo o meu corpo, atiçando todas as minhas células. Sinto a sua mão
grosseira se apoderar do meu pescoço, fazendo com que, a manga do seu
paletó raspe em meu queixo, desencadeando um frio gostoso em minha
barriga, e antes que eu possa assimilar qualquer coisa, ele agarra a minha
cintura e me empurra contra a parede mais próxima, me espremendo com o
seu corpo forte. A força do impacto me faz largar a arma no chão, e o
barulho abafado do metal se chocando contra o carpete fica para segundo
plano, quando eu sinto a sua boca quente encontrar a minha.
Fecho os meus olhos, sentindo tudo ficar mais intenso, e por causa da
nossa diferença de altura, eu sou obrigada a ficar na ponta dos pés, para
tentar nivelar os nossos corpos. Mas, como se o meu marido fosse capaz de
ler os meus pensamentos, eu sinto uma de suas mãos irem de encontro a
minha cintura fina, erguendo o meu corpo em uma necessidade e uma
destreza que eram só dele. E por Deus... aquilo era maravilhoso... e movida
pelo instinto, eu aperto os seus cabelos com as minhas mãos, querendo
senti-lo com mais intensidade, enquanto o meu coração bate acelerado,
despertando um misto de sensações por todo o meu corpo entorpecido pelo
prazer.
Arqueio as costas, assim que eu sinto o seu dedo forçar o tecido grosso
do jeans, arrastando-o e consequentemente, causando uma fricção deliciosa
que espalhava uma sensação dolorosa em meu ventre, me deixando cada
vez mais molhada. Já completamente perdida e envolta em seus dedos
impiedosos, eu aperto os seus ombros com as minhas unhas e inclino a
minha cabeça para trás, procurando o apoio que as minhas pernas já não
eram capazes de dar. E antes de unir os nossos lábios novamente, Giovanni
volta a sua atenção para o meu pescoço, beijando e pressionando o meu
queixo com a sua barba tentadora, enquanto um dos seus dedos circulam em
cima do meu clitóris sensível, me provocando da maneira mais baixa,
arrastando o tecido duro e o forçando contra a minha intimidade sedenta e
aflita.
— Vamos terminar o que não acabamos ontem à noite! Eu quero te
foder e eu preciso sentir o calor dessa buceta gulosa! — Ele fala com o seu
tom grave carregado de prazer, me imprensando com brutalidade contra a
parede, empurrando os seus dedos grosseiros com mais intensidade,
fazendo com que, um choque de adrenalina pulse e percorra em minhas
veias, e antes que eu consiga processar as suas palavras, ele me beija com
todo o seu jeito furioso e incontrolável. — Você é um maldito vício...
Sem conseguir pensar em mais nada, eu solto as mãos dos seus ombros
largos e desço por seu tórax musculoso, sentindo a firmeza dos seus
músculos e a sua barba grossa arranhar o meu pescoço, enquanto eu tateava
em uma busca desesperada para encontrar a fivela do seu cinto, e assim que
a frieza do metal contrasta com a quentura dos meus dedos, eu desafivelo-o,
querendo liberar o seu membro quente e pulsante. Devagar, eu abro o botão
da sua calça social e encontro a sua cueca box, e com o coração batendo
freneticamente, reverberando em minha buceta molhada, eu tiro o seu pau
pesado, deixando todo o seu comprimento e grossura saltar livre para fora.
Aperto e deslizo a minha mão por sua extensão poderosa, sentindo as
veias salientes e grosseiras darem a ele um aspecto animalesco, e a medida
que eu avançava, pressionando-o e tocando em sua cabeça robusta, eu
sentia a sua respiração falhar. Abro os meus olhos e fito o seu olhar
escurecido, me dando conta do quão intenso ele estava, as suas pupilas
estavam enormes e dilatadas, ocupando praticamente todo o espaço das suas
íris claras, dando a ele um aspecto ainda mais selvagem. Com cautela e
sondando as suas reações, eu deslizo o meu polegar por sua glande melada,
observando as expressões que passavam ligeiramente por seu semblante
sério, descontrolando a sua respiração ofegante. E sinceramente, eu não sei
se já o encarei tão duro, porque a sua rigidez se parecia como a de um aço, e
apesar de desejá-lo todo dentro de mim, eu estava um pouco receosa com a
sua dureza.
Giovanni não me deixa muito tempo no comando, e logo, ele toma o
controle para si, apertando a minha mão envolta do seu pau, para depois,
guiá-lo até a minha entrada, arrastando-o e misturando os nossos fluidos,
fazendo a sua calça cair um pouco abaixo da sua cintura, deixando-o ainda
mais irresistível. Tremo involuntariamente, sentindo a sua glande grosseira
pulsar em minha buceta quente, desencadeando um arrepio involuntário por
meu corpo, em uma promessa silenciosa do que aconteceria com toda a sua
indelicadeza e selvageria. E sem pena, ele repete e intensifica o seu
movimento tentador, enfiando toda a grossura da cabeça do seu membro em
minha fenda escorregadia, alargando os meus grandes lábios para abrir
passagem para o seu comprimento avantajado.
Não houve mais espaço entre nós para nenhuma conversa, apenas se
sucedeu o barulho alto das suas estocadas brutas, os sons abafados que
escapavam das nossas bocas e os ruídos das nossas respirações pesadas,
enquanto Giovanni aumenta a velocidade e a intensidade dos seus
movimentos. Arfo, sentindo-o tão fundo e tão profundamente enterrado
dentro de mim, que eu sou incapaz de raciocinar, principalmente, enquanto
o meu marido se encarrega de mexer os quadris assim que os seus testículos
alcançavam o limite da minha entrada, causando uma fricção entre a sua
pélvis e o meu clitóris inchado, me fazendo delirar de desejo e suplicar por
mais.
Com uma nova investida brusca, o meu joelho que apoia o meu peso,
flexiona, abaixando levemente, sem forças para me manter de pé. Ao ver a
reação do meu corpo, Giovanni levanta a minha outra perna e coloca em
sua cintura, soltando a mão que estava em meu cabelo para me prender no
seu corpo forte e inabalável. E aí... as coisas se tornam uma imensidão de
confusão e sentimentos... A minha respiração falha e os meus cabelos
molhados batem em minhas costas, enquanto as suas mãos ásperas me
seguram com firmeza pelos quadris, forçando o meu corpo em uma fricção
dolorosa contra a parede. E por vários perfeitos segundos, ele mete com
vontade, rápido e com urgência, deixando os seus próprios gemidos de
libertação escaparem por sua boca deliciosa.
— Eu quero ouvir desses lábios orgulhosos, esposa... — Ouço a sua
voz rouca e sedutora bem próxima ao meu ouvido, mas o meu raciocínio e a
minha fala se liquefazem, se resumindo a gemidos profundos e a sons
grotescos e carnais. — Eu quero ouvir dessa boca gulosa que você é toda
minha... inteiramente minha, porra!
Deixo a minha cabeça rolar para trás e arqueio as minhas costas, dando
ao meu marido um ângulo mais profundo da minha entrada faminta, que o
recebe com as suas investidas fortes e pesadas, espalhando o estralar
grotesco do choque seco dos nossos sexos. Giovanni arqueja, arfando
duramente, enquanto o seu pau é engolido e tragado para dentro de mim, de
uma maneira insana e inquietante, afastando e separando os meus grandes
lábios com a grossura do seu membro robusto. Abro os meus olhos
rapidamente, e de relance, eu vejo o seu cenho franzido e os seus lábios
entreabertos, dando a ele uma beleza única e selvagem, que casava com
perfeição com os seus cabelos lisos e desgrenhados.
Com os seus dedos presos em meu quadril, Giovanni investe mais uma
vez, fazendo a minha cabeça bater na parede e eu me desfaço em seus
braços, gemendo e gozando descontrolada, sentindo os espasmos
involuntários tomarem conta do meu corpo, ditando os meus reflexos
lentos. Sinto as suas mãos grandes me apertarem com mais força,
demarcando o seu território, e com um rugido selvagem, eu sinto o seu
membro pulsar e inchar dentro de mim, e em seguida, os seus jatos potentes
me preenchem, me lambuzando inteira, espalhando os nossos gozos por sua
extensão grossa e corpulenta.
Passo as minhas mãos em seu pescoço e ergo o meu rosto para fitar o
seu olhar, enquanto ele ainda estava dentro de mim, liberando todo o seu
prazer em minha entrada inchada. Giovanni passa o seu polegar áspero em
meus lábios sensíveis, arrastando-o de maneira grosseira, com os seus olhos
famintos me olhando como se eu fosse a sua presa favorita. Beijo o seu
lábio inferior com a minha boca, mordendo-o com os meus dentes,
descendo as minhas carícias até o seu maxilar trincado, sentindo o seu pau
ainda duro dentro de mim. Solto um gemido carregado de luxúria quando
sinto as suas mãos grossas passarem por minhas pernas, subindo por minha
cintura e abdômen, alcançando os meus mamilos rijos e doloridos de prazer.
— Eu quero você nua, Serena! — Ele fala com a sua voz potente,
raspando a sua barba tentadora na curva do meu pescoço, enquanto as suas
mãos habilidosas me invadem por baixo da minha camisa de lã, espalhando
um calor fervoroso que denuncia o nosso fogo puro. — Nua e de joelhos,
implorando para eu foder essa boca atrevida!
— Eu passei por cima de muitas coisas para ficar ao seu lado, Serena.
Não que isso seja um sacrifício, porque não é! Mas, eu estou sempre
cedendo por você, e por isso, eu exijo a verdade! — Ele diz ríspido,
mudando drasticamente o seu jeito, como se estivesse travando uma
violenta luta interna. — Vamos descer! Eu quero mostrar a você uma coisa!
William Shakespeare.
“C aro amigo, há muito tempo nós dois não fazemos negócios, você
sabe que eu tenho um apreço gigante por você e por seu estilo
de vida! Pelas notícias, eu soube que a Fênix está em território italiano,
como sempre, o seu trabalho é impecável. Tenho informações do seu
interesse, caso queira entrar em contato comigo, nos encontramos no lugar
e no horário de sempre, no dia vinte e cinco desse mês. ”
. Ass. Sky.
Sem levar nada nas mãos, eu apoio o meu corpo para fora da janela do
nosso quarto, observando os soldados que estavam fazendo a ronda no
perímetro do lugar, reconhecendo dois dos meus homens. Se existe uma
coisa útil nas edificações americanas são as escadas de incêndio, e com todo
cuidado e sutileza, eu passo pela janela e apoio os meus pés na plataforma
metálica que dava acesso direto ao beco lateral e pouco movimentado do
edifício. Em seguida, eu fecho o vidro da janela e desço as escadas devagar,
chegando à rua adjacente sem deixar nenhum vestígio da minha presença.
É claro que não seria perfeita... nunca é... mas com certeza, os riscos de
entrar em uma cilada do destino seriam bem menores, porque os que já
nasceram no meio dessa merda fodida já estavam praticamente condenados.
Ando por mais alguns minutos, sabendo muito bem que caminho seguir,
sentindo a familiaridade me preencher à medida que eu avançava os
quarteirões. Apesar dos Estados Unidos ser a minha terra de origem e de ter
passado um bom tempo vivendo na Suíça, eu não me encaixava em ambos
os países, a minha casa já era na Itália ao lado do Giovanni, e é com ele,
que eu quero ficar.
Eu queria ter ficado com ele até o fim... até o último momento... mas,
eu não pude... Alguns meses atrás, eu fiz esse mesmo percurso, mas falhei
miseravelmente, sem nem conseguir chegar na metade do caminho. Talvez
uma parte dentro de mim não quisesse fazer aquilo, ou simplesmente, eu
não conseguia colocar um fim em nossa história. A minha vida sempre foi
difícil, e o Ben foi essencial para eu estar aqui hoje, afinal, éramos parceiros
e seríamos sempre inseparáveis, mesmo que estivéssemos separados por
uma imensidão de mistérios e planos diferentes.
Sem me dar conta de que eu estava diante da sua lápide, eu permaneço
ali, parada, inerte, olhando para o seu nome escrito no bloco de cimento,
sem ser capaz de processar e compreender o que aquela imagem
significava. Alguns minutos se passam e eu continuo ali, tentando entender
o mecanismo da vida, sabendo que era a hora da despedida... e mesmo
depois de tanto tempo, isso me doía de um jeito inimaginável. Sinto a
minha mão gelar, e sem aviso, eu me ajoelho na grama, chegando bem
próximo a uma foto sua que estava presa ao seu túmulo, adornada por uma
moldura dourada.
— Nós vamos ser amigos para sempre, não vamos? — Ele pergunta e
aperta os seus braços ao redor da minha cintura, demonstrando todo o seu
interesse na minha resposta. — Jura para mim que nunca mais vai fazer
aquelas coisas no seu braço?
Deslizo o meu olhar pelo ano do seu nascimento e pela data da sua
morte, e apesar de não ter participado daquela cerimônia forjada, que
provavelmente foi o enterro do meu irmão, eu sabia que as pessoas que
participaram não sentiam nada por ele. Com os olhos ardendo e já
marejados, eu sinto o cheiro das flores velhas e o frescor da brisa gelada me
levarem direto para o meu passado. Mas pela primeira vez, me fazendo
recordar das lembranças boas... dos melhores momentos... e não dos piores
instantes, onde a dor e o medo prevaleciam.
“ Eu sabia que cedo ou tarde você voltaria para casa... o seu lugar é
ao lado da sua família... morta!
”
. Ass. Devon.
Olho ao meu redor e procuro por alguém que estivesse me observando,
e sem nem pensar, eu deixo aquele papel cair no chão, sentindo o meu ritmo
cardíaco acelerar. Me sobressalto assustada com o barulho do meu relógio,
seguido por um chiado alto do vento atravessando os galhos das árvores
secas, transformando aquele ambiente assustador em algo aterrorizante. Há
quanto tempo aquele desgraçado esteve aqui? Um dia? Uma hora? Ou
simplesmente minutos? Com esse pensamento infeliz, eu saio correndo para
fora daquele lugar infernal, ouvindo os gritos de um corvo ao longe, e o
som esganiçado do animal sombrio, dispara uma corrente de adrenalina em
minhas veias.
Maria Eduarda.
O lho para todos os lados e não encontro ninguém, o lugar e toda a sua
áurea mórbida eram sinistros, e provavelmente, aquele vulto escuro
foi apenas um resultado do meu golpe de vista. Inspiro o ar gélido e expiro
lentamente, observando com bastante atenção aquele espaço aberto, me
certificando que não havia nada e nem ninguém ali, a não ser, um monte de
túmulos e árvores mortas. Levanto novamente as golas do meu sobretudo e
coloco as minhas mãos nos bolsos, sentindo uma frieza monótona me
envolver, como se fosse um mau presságio.
Chego mais perto e vejo algo vibrar no meio das suas entranhas, me
fazendo ter uma nova ânsia violenta, que me obriga a tossir engasgada,
trazendo o gosto azedo e amargo até o limite da minha garganta. Me curvo e
tento prender o vômito, ainda ouvindo o som molhado e asqueroso do
vibrar de algum aparelho envolto em uma massa úmida de restos de tecidos
humanos. Olho novamente para aquela papa nojenta que estava apoiada em
seus pés rígidos e analiso a vibração insistente de um celular se
movimentando no meio daqueles órgãos revirados, provavelmente, era o
mesmo aparelho que ele utilizou para entrar em contato comigo. Sem
conseguir me segurar, eu coloco tudo para fora, despejando o meu café da
manhã no chão daquela sala, vendo aquele bolo azedo se misturar a toda
aquela merda que já estava ali.
Espero toda a minha ânsia passar, mas antes disso acontecer, eu coloco
tudo o que eu tinha e o que eu não tinha para fora, e assim que eu sinto o
meu estômago melhorar, aliviando o seu aperto violento, eu limpo a minha
boca com o dorso da minha mão e tiro o excesso de saliva que escorre pela
lateral dos meus lábios e pelo meu queixo. Respiro fundo e tento me
recompor, mas antes que eu consiga me reerguer, eu escuto o barulho de
passos sutis atrás de mim, e logo em seguida, o som estrondoso da porta de
entrada sendo batida com toda a força. Por reflexo, eu me viro bruscamente,
e assim que eu vejo a figura imponente e máscula, uma onda fria e gelada
desce por minha espinha como uma gotícula de suor, enrijecendo todo o
meu corpo e me deixando em estado de choque.
Ele já sabe da verdade, ele descobriu tudo! Tento encarar o seu olhar
rígido novamente, mas assim que os seus olhos negros me encontram, as
suas sobrancelhas se contraem e um vinco ameaçador se forma entre elas,
fazendo os meus olhos arderem de imediato, me dando a certeza que eu não
tinha mais saída. Ele descobriu a verdade e da pior maneira possível... Na
defensiva, eu me afasto, dando alguns passos para trás, observando o seu
jeito robótico e a calma excessiva que a sua postura exalava. As suas
passadas eram calculadas e precisas, e não expressavam nem metade da
fúria que estava cravada em suas pupilas dilatadas do mais puro ódio.
— Ah, Serena... — Giovanni rosna com a sua voz endurecida, e o seu
tom rígido, corta o ar e me atinge como uma lâmina afiada, me dilacerando
como um punhal pontiagudo. — Sua vadia mentirosa...
Toco em seu rosto e aperto o seu queixo, encarando o seu olhar vazio e
o seu maxilar trincado, forçando a minha garganta arranhada a grunhir
alguma palavra no meio daquela compressão violenta e insuportável. Luto
com o meu olhar arregalado, tentando argumentar em um silêncio
angustiante, enquanto algo dentro de mim me alertava que seriam apenas
palavras jogadas ao vento, porque ele era incapaz de me ouvir. Me forço a
falar, e assim que ele vê o meu desespero, ele sorri de maneira cínica.
Giovanni me enxergava como um alvo, como a porra de um inimigo que
ele precisava eliminar, e consequentemente, ele não podia me ver e nem
mesmo era capaz de me reconhecer.
Fito os seus olhos furiosos e vejo os seus lábios tremerem, como se ele
estivesse tentando se controlar ou lutando contra a sua natureza obscura,
mas ele não consegue se conter por muito tempo, explodindo e me
empurrando em um solavanco brusco. Giovanni levanta e se afasta de mim,
deixando tudo vir à tona como uma avalanche de fúria e insanidade, e eu
aproveito o distanciamento, para me levantar do chão imundo, sentindo a
adrenalina corroer os meus ossos, me dando forças de onde eu não tinha,
para suportar o peso do meu próprio corpo.
— EU TE AMEI, FUI EU QUE TE AMEI! EU! EU! EU! — Giovanni
grita e se vira na minha direção, batendo em seu peito com ódio e me
lançando um olhar enfurecido, com os seus olhos vermelhos e com as veias
da sua testa se sobressaindo em uma raiva incontrolável. — A PORRA DO
MONSTRO SEM ALMA AMOU VOCÊ!!
Continua...
Quem é A garota do batom rosa?
Hum... pergunta interessante... isso, ninguém nunca saberá! Muitos ao
meu redor sequer sabem que eu escrevo... maldade? Talvez... mas, eu gosto
dessa minha vida anônima, é mais gostosa!