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1ª.

Edição

2021
Copyright © Mari Sales

Todos os direitos reservados.

Criado no Brasil.

Edição Digital: Criativa TI

Esta é uma obra de ficção. Seu intuito é entreter as pessoas. Nomes,


personagens, lugares e acontecimentos descritos são produtos da imaginação
da autora. Qualquer semelhança com nomes, datas e acontecimentos reais é
mera coincidência.

Todos os direitos reservados. São proibidos: o armazenamento e/ou


a reprodução de qualquer parte dessa obra, através de quaisquer meios —
tangíveis ou intangíveis — sem o consentimento escrito da autora.

Criado no Brasil. A violação dos direitos autorais é crime


estabelecido na lei n°. 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
Sumário
Dedicatória

Sinopse

Prólogo

Capítulo 1

Capítulo 2

Capítulo 3

Capítulo 4

Capítulo 5

Capítulo 6

Capítulo 7

Capítulo 8

Capítulo 9

Capítulo 10

Capítulo 11

Capítulo 12

Capítulo 13

Capítulo 14
Capítulo 15

Capítulo 16

Capítulo 17

Capítulo 18

Capítulo 19

Capítulo 20

Capítulo 21

Capítulo 22

Capítulo 23

Capítulo 24

Capítulo 25

Capítulo 26

Capítulo 27

Capítulo 28

Capítulo 29

Capítulo 30

Capítulo 31

Epílogo
Agradecimentos

Sobre a Autora

Outras Obras
Dedicatória

Para Sara Bertemes, querida amiga, louca e superpoderosa. Suas


palavras de incentivo, em um momento importante, nunca serão
esquecidas. Você é motivação pura. Esse mafioso é todo seu.
Sinopse

Tabus e limites não existiam quando se tratava de Leonel De Leon.


Vivendo suas próprias regras, o mafioso controlava a cidade e decidia o
futuro das pessoas estando em seu escritório. Ele se achava acima de todos,
não havia ninguém que conseguisse atingi-lo.

A advogada Sara Benildes estava em um restaurante, comemorando


o aniversário de namoro, quando conheceu o poderoso De Leon. Para ele, a
moça petulante e de nariz empinado não era nada.

Eles se reencontrariam meses depois, em situações peculiares. O


mafioso tomou para si um bebê abandonado, enquanto Sara perdeu o filho
recém-nascido.

Para alguns, a segunda-chance. Para outros, uma realidade


deturpada.

Enquanto Sara lidava com o luto amamentando o filho de um


desconhecido, ela mergulhava no mundo obscuro de Leonel. Tudo indicava
que ela se moldaria ao mafioso, mas era ele que abria o coração e se
permitia ter um ponto fraco, uma família.

ATENÇÃO! Essa história contém cenas impróprias para menores


de dezoito anos. Contém gatilhos, palavras de baixo calão e conduta
inadequada de personagens.
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Prólogo

Um ano antes...

Não importava o que falassem ou o que deduziam sobre a minha


vida, eu era o dono dessa cidade do caralho e todos deveriam me obedecer,
por uma questão de gratidão.

Usar termos como: bandido, estelionatário ou assassino, era apenas


ressaltar o que todos sabiam. Eu não estava naquele mundo para me moldar à
sociedade, era ela quem tinha que se adequar a mim.

Mas, como sempre acontecia quando eu queria ter uma noite


silenciosa e tranquila, algum desavisado perturbava a minha paz. Naquele
dia em específico, era uma mulher. O nariz empinado e ombros para trás,
como se eu não fosse capaz de segurar em seu pescoço e torcê-lo com
apenas um movimento, era uma afronta.

A atrevida estava na minha mesa com o namoradinho babaca que se


escondeu atrás dela. Pelo olhar de cachorro assustado, ele sabia quem eu
era, mas não ela.

Controlei a vontade de pegá-la pelo braço e enxotá-la do


restaurante italiano, que eu era proprietário.

— Agora que se levantou, pode ir embora.


— Fiz essa reserva há mais de um mês para comemorar o
aniversário de um ano com meu... — a mulher buscou o babaca e bufou
quando o encontrou atrás dela — marido. Está sendo indelicado, senhor,
então, procure outra mesa e nos deixe em paz.

— Sarinha. — O projeto de homem pegou no braço dela, mas nada


fez para lhe dar atenção. A mulher se sentou e me ignorou, fazendo com que
um dos meus soldados se aproximasse.

Neguei com a cabeça, dispensando-o. Se eu tivesse que acionar


algum dos meus subordinados, os dois sairiam daquele restaurante em um
saco preto. Tinha acabado de reformar o estabelecimento, eu não iria
desperdiçar dinheiro, apesar de não me importar com esse tipo de gasto.
Minha paz custava caro.

Antes que o cordeirinho assustado continuasse a falar com a esposa,


eu me sentei em seu lugar – na frente dela –, ajeitei os copos e talheres e
ignorei seu olhar ameaçador.

Ah, se ela soubesse que aquele tipo de atitude me dava tesão, teria
se levantado e ido embora. A mulher estava para guerra, não sexo casual.

— O que pensa que está fazendo, moço?

— De Leon. — Peguei o guardanapo e coloquei-o no meu colo.


Ergui a mão e chamei um dos garçons, sem olhar para a atrevida. — Leonel
De Leon. Já que não vai liberar a mesa, nós iremos comer juntos.

— Porra! — O homem atrás dela estava desesperado. Meu foco


voltou para a tal Sarinha, que estava em choque me encarando. — Vamos
embora, Sara. A gente vai morrer.
— Le... Leonel, o mafioso? — perguntou com um sussurro. Piscou
várias vezes, perdida em pensamentos.

— Se dirija a mim como Senhor De Leon.

Percebendo que ela continuaria naquela inércia e o seu marido


estava prestes a se mijar nas calças, abri o paletó e tirei a minha arma do
coldre de axilas, colocando-a em cima da mesa.

A mulher deu um pulo, pegou a bolsa pendurada na cadeira e saiu


apressada com seu acompanhante. O garçom, que já me conhecia e sabia
como eu trabalhava, anotou o meu pedido e limpou a mesa sem se intimidar
com minha pistola.

— Senhor? — um dos meus soldados se aproximou e suspirei


irritado. Eu só queria uma noite em silêncio, no meu restaurante, na porra da
minha mesa. — Eles estão reclamando com o maître. Quer que eu faça algo
sobre isso?

— Eu lhe pedi alguma coisa? — Guardei minha arma o encarando


feroz, ele deu um passo para trás. — Em algum momento eu te chamei?

— Mas, da última vez...

— Só interfira no momento certo — rosnei, encarando a parede de


vidro um pouco mais à frente.

Meu soldado se afastou e finalmente encontrei minha paz,


observando o jardim de inverno e relembrando os momentos que fiquei
sozinho na vegetação.
Eu era um sobrevivente. Se tinha saído vivo daquele lugar, era
porque meu propósito de vida era maior. Meu poder trazia ordem para
aquela cidade dominada por políticos corruptos e polícia marginalizada. Eu
era a lei, ditava as regras e as fiscalizava, do meu jeito.

O olhar raivoso da mulher que confrontei anteriormente brilhou


entre as minhas memórias de infância. Se ela não estivesse acompanhada,
poderia ser a minha escolhida de luxo para o fim de semana. Eram poucas as
que me chamavam atenção ao ponto de lhes fazer uma proposta indecente. Eu
lidava com mulheres disponíveis e Sarinha tinha saído do meu radar no
momento em que falou sobre o aniversário de casamento com o marido
cagão.

Bem, acreditei que ela seria nada além de distração, uma vez que
controlava tudo o que acontecia com a minha vida. Não demorou nem um ano
para que eu descobrisse que estava muito enganado.
Capítulo 1

Coloquei a faca no peito do desgraçado e ele, finalmente, parou de


lutar. Era raro estar no meio do tiroteio causado por uma cobrança de dívida,
mas aquela luta, eu não perderia por nada.

Um dos idiotas da família Camargo tinha destruído uma barraca de


cachorro-quente que ficava na praça em um dos bairros mais humildes da
cidade. Música alta e perturbação da paz ou não, quem decidia o destino dos
trabalhadores era eu.

Ao invés de se rebaixarem e pedirem minha ajuda, os babacas


resolveram fazer justiça com as próprias mãos. Foi uma carnificina e, como
tudo na vida tinha um retorno, eu fui aquele que entregou a tempestade que
eles plantaram.

A esposa do homem que estava fazendo apenas o seu trabalho veio


oferecer seus serviços e fidelidade em troca de vingança. Ela não precisou
narrar toda a história para que eu me revoltasse e levasse aquele
acontecimento como uma afronta ao meu poder.

Nem os traficantes tinham coragem de decidir quem deveria morrer,


sem antes me consultar. Em Lumaria, eu era a força que estava no submundo,
mas que fazia a engrenagem na cidade funcionar. Criei o meu império de
forma inescrupulosa e aqueles que me respeitavam, viviam em paz, graças a
mim.
Por isso, quando percebi que uma pessoa fora assassinada sem a
minha autorização, segui com meus soldados em quatro carros até a casa do
defunto. Estávamos fortemente armados e nada nos pararia até que a última
gota de sangue fosse derramada.

Invadimos a casa e matamos todos. O último estava aos meus pés,


sua vida tinha sido ceifada pela minha faca e com a força da minha irritação.
Olhei ao redor, para conferir as minhas baixas. Poucos dos meus
subordinados se perderam, porque eu os treinava tão bem quanto eu mesmo.

— Pegue os nossos, queime a casa e avise a polícia. Sem


perturbação, quero esse assunto encerrado. — Encarei Douglas, meu braço
direito e homem de confiança.

— Sim, Senhor.

Todos pararam de se mover dentro do cômodo quando um choro de


bebê soou. Franzi a testa e conferi os mortos, eu não matava mulheres e
crianças, a não ser que elas estivessem armadas e atentassem contra a minha
vida.

— Que porra é essa? — questionei, irritado, porque eu mataria


aqueles idiotas pela segunda vez se envolvessem inocentes nessa
emboscada.

— Vou verificar os quartos.

— Não, Douglas, eu vou — ordenei seco.

Tirei minha arma do coldre, pulei um corpo no chão e fui seguindo


pelo corredor, em direção aos quartos. Sabendo que eu precisaria de apoio –
mesmo que não tenha solicitado –, caso houvesse mais da família Camargo,
senti a presença de dois soltados às minhas costas.

Abri a porta do primeiro quarto e o choro de bebê aumentou. Não


havia ninguém no cômodo e esperei os dois que me acompanhavam
atestarem o que eu já tinha identificado. Fizeram a incursão, conferiram os
cantos e não acharam nada.

— Tudo limpo, Senhor De Leon — um deles falou.

Na segunda porta aberta, nem me dei ao trabalho de checar que o


corpo estirado no chão era de uma vítima abandonada. Filhos da puta, eles
não eram fiéis nem aos seus familiares. Aquela morte não tinha sido feita por
um dos nossos, mas pelos Camargo.

— É uma mulher mais velha — o soldado comentou, se agachando e


verificando a pulsação. Aquela cena me embrulhava o estômago e ampliava
minha raiva, nenhuma mulher indefesa deveria ser tocada.

Segui meu instinto e fui até a porta mais ao fundo, que tinha o choro
de bebê mais forte. Escancarei a porta, apontei a arma para todos os lados e
ignorei o corpo de duas mulheres no chão, abraçadas. Depois descobriria
quem elas eram, mesmo que não me importasse. Estavam mortas e iriam
cobrar seus assassinos a sangue frio no inferno.

Fui até o berço, que estava do lado das vítimas e encontrei uma
boneca pequena, com roupa branca e que remexia os braços e pernas. Não,
porra, era um bebê! Guardei a arma, estiquei-me para frente e hesitei antes
de tocá-lo. O que estava fazendo?
— Senhor De Leon? — Douglas chamou e o ignorei. — Tudo limpo
e os nossos já foram recolhidos.

— Tem um bebê — atestei com raiva.

— Sim, reconheci pelo som. Vamos embora, vou botar fogo nisso
tudo.

— O quê? — Virei-me para o homem que me representava em


vários momentos. O braço direito estava falando merda e assim que o
encarei, ele se encolheu.

— Não foi isso que o senhor pediu?

— Tem a porra de um bebê dentro da casa! — gritei e o bebê


chorou mais. — Como vai explodir essa casa com alguém vivo dentro?

— Ah, tudo bem. — Ele suspirou e se aproximou. — Eu levo a


criança para um abrigo e tudo resolvido.

— Não!

Antes que ele se aproximasse do berço, meu instinto de proteção


tomou conta. Peguei o bebê no colo, segurei-o de qualquer jeito, mas parecia
encaixado no meu corpo. Rosnei para Douglas, que recuou com os braços
para cima, em rendição.

Era um Camargo, aquele bebê não merecia o meu respeito, por ter
sangue de hipócritas que disputavam o poder comigo, mas era meu. Espólio
de guerra ou apenas uma necessidade de ter um herdeiro, mesmo que nunca
tenha pensado em trazer um filho para esse mundo. Eu era egoísta demais
para dividir as minhas conquistas com outra pessoa.
O bebê diminuiu o choro de sofrimento, as lágrimas em seu rosto
calaram minhas dúvidas e a decisão tinha sido tomada antes mesmo que eu
proferisse.

— Senhor? — Douglas chamou atenção. — Podemos ir?

— Descubra quem são essas mulheres, queime tudo e mande um


aviso para os outros Camargos. Estou com o bebê e, agora, ele é meu.

— Mas...

Passei por ele, depois pelos outros soldados e saí daquela casa, que
se tornaria cinzas em algumas horas. Com passos firmes e determinados,
andei pelo quintal da frente e fui para a calçada. Entrei no banco de trás do
meu carro, impedi que outros soldados viessem comigo e admirei aquele
pequeno pedaço de gente em meu colo.

Era apenas um bebê. Quem seria a mãe e qual o motivo da família


Camargo deixar que algo tão precioso ficasse de fácil acesso para o rival?
Se eu fosse tão inescrupuloso quanto eles, teria eliminado o herdeiro do
inimigo, mas o estava roubando para mim.

Meu filho.

— Para onde vamos, Senhor? — o soldado, que estava atrás do


volante, perguntou com cautela.

— Para o apartamento do Caminho Dourado — ordenei,


balançando o bebê nos meus braços por instinto. Os olhos dele encontraram
os meus, mesmo no escuro e me identifiquei com o pequeno ser. — Oi.
— Sim, senhor? — o soldado reagiu ao cumprimento que não foi
direcionado a ele enquanto dirigia o carro. Ignorei o intrometido, minha
conversa era com aquela criatura.

— Quem é você? — Trouxe o bebê para próximo do meu rosto e


inspirei seu cheiro. O sorriso bobo que queria surgir se transformou em
indignação, quando identifiquei o aroma. Leite. Porra! Ele ainda deveria
estar dependendo do leite materno. — Precisamos achar a mãe desse bebê!
— Encarei meu soldado pelo retrovisor.

— Co-como Senhor?

— Ele está cheirando a leite. Precisa da mãe para terminar de


amamentar. Veja com Douglas, ele irá verificar se alguma das mulheres
mortas é a mãe.

— Mas... mulher morta não pode amamentar.

— Se eu não estivesse com a mão ocupada, iria acertar uma bala na


sua cabeça, idiota. — O soldado se encolheu. — Ache a mãe. Senão, quero
um peito que produza leite. Ofereça dinheiro, faça o que for necessário, eu
preciso de uma mulher para alimentar esse bebê sem se preocupar com
outro. Meu herdeiro vai ter o melhor, começando pela cuidadora.

— É seu filho?

— Sim e morrerão todos os que disserem o contrário. Pode


espalhar a informação.

Ele engoliu em seco, eu relaxei e admirei o meu filho. Meu.


Herdeiro. Eu só não esperava que minha vida estivesse prestes a sair do meu
controle no momento que me aceitei como pai.
Capítulo 2

Deitada na maca, com os olhos cheios de lágrimas, eu


experimentava uma dor pior do que a do parto. A tristeza era a minha
companhia há meses, mas não imaginava que eu poderia chegar em um nível
mais obscuro da infelicidade.

Eu queria matar Ricardo. Eu imaginava o homem que deveria estar


ao meu lado e sofrendo comigo dando pulos de felicidade, porque não
precisaria lidar com a pensão alimentícia de um bebê que não era desejado
por ele.

Tudo mudou naquele dia fatídico. O idiota que interrompeu nosso


jantar de aniversário de namoro. Estávamos planejando o casamento, por
mais que ele nunca tenha me pedido em noivado. Eu o coloquei como
marido, para enfrentar o babaca antiquado, mas tudo foi por água abaixo.

Nossa vida deveria estar mudando para melhor, a família não


precisava ser formada por apenas marido e mulher, mas, no mundo dele, era
assim que ele queria. Sem bebê.

Fiquei grávida, Ricardo me rejeitou, até que ele saiu do meu


apartamento e não me ligou mais. O doador de esperma teve a capacidade de
mandar uma intimação extraoficial, do escritório de advocacia dele, para a
realização de um teste de DNA na criança, assim que nascesse.

Filho da puta, não precisaria de mais nada disso, porque depois de


quarenta e uma semanas e dois dias de gestação, em um parto normal, eu dei
à luz a minha escuridão.

Sem bebê e sozinha no mundo, era assim que me sentia. Meus pais,
que me afastei por conta da depressão de ter que passar o momento mais
feliz da minha vida chorando, não sabiam notícias de mim há um tempo.

Tirei férias do serviço no mês passado e estava pronta para lidar


com a licença maternidade, que nunca aconteceria. Eu me sentia oca, no
útero e no coração.

Mais lágrimas escorreram dos meus olhos e eu só queria segurar


meu bebê mais uma vez. Tomando-a em meus braços por apenas alguns
segundos, os médicos a tiraram de mim e a mantiveram estável para a minha
decisão final. Minha Gabrielle não tinha salvação, mas poderia se manter
viva dentro de outro bebê.

Entreguei minha filha sem vida para um procedimento médico,


apenas para que minha raiva por Ricardo aumentasse ainda mais. Era tudo
culpa dele. Eu compraria uma arma e atiraria em sua cabeça. Não!
Amarraria seus braços e pernas, depois cortaria seu pau junto com o saco,
com uma faca de serra cega.

Os pensamentos sádicos estavam seguindo um caminho sem volta,


cada um mais terrível que o outro. Não estava preocupada em ser julgada, o
idiota pagaria por todo o mal que me causou.

Ninguém sabia da minha dor. Um aborto já era dolorido demais,


perder uma gestação no meio do processo, mais ainda. Ter todo o
procedimento do parto, dores e desespero, para no final, perceber que foi em
vão...
Eu não era mais a mesma mulher. A advogada certinha e que tentava
fazer justiça para os menos privilegiados tinha dado lugar para a vingança.
Matar. Da mesma forma que minha Gabrielle não pôde ter o direito de viver,
eu faria o mesmo com Ricardo Camargo Lacerda.

Ignorei qualquer pensamento de culpa ou sentimento de que eu tinha


sido responsável por minha filha, afinal, era dentro de mim que estava sendo
gerada. Foda-se minha responsabilidade, eu só estava mal por conta da
rejeição do homem a quem confiei minha vida.

— Senhora Sara Benildes? — Escutei uma voz masculina, mas não


me dei ao trabalho de lhe dar atenção. O ódio por Ricardo se estendia para
os homens em geral, eu queria que todos morressem junto com minha
Gabrielle. — Hei.

— Vai se foder — resmunguei virando meu rosto cheio de lágrimas


para o outro lado. Sem poder andar ou fugir, por conta da analgesia que
tomei nos últimos momentos do trabalho de parto, eu estava inerte na maca,
esperando o efeito passar.

Sozinha. Ignorada. Rejeitada.

— Se tivesse outra na maternidade, eu até iria atrás, mas eu preciso


de você, ou meu chefe vai me matar. — O homem parecia ter bom humor, o
que me irritou, por não respeitar o meu momento de dor. — Tenho uma
proposta para a senhora.

— Vai trazer minha filha de volta? — rosnei, virando meu rosto na


sua direção e o sorriso sádico do homem me deu um calafrio.
— Depende do ponto de vista. — Ergueu uma sobrancelha em
desafio. — Sou Douglas. Há um bebê precisando de leite materno, sem que
tenha que dividir com outro. Você é a pessoa ideal.

A insensibilidade em tratar do assunto me cativou. Por causa dos


meus pensamentos assassinos, quanto mais frio, mas conectada eu me sentia.
As lágrimas começaram a secar e, enquanto eu encarava aquele homem
desconhecido, eu ia entrando em um acordo que foderia minha vida.

Destruição e sabotagem me atraíam.

— O que quer dizer com isso? — perguntei, controlada.

— Diga sim. Você será paga e terá uma criança para tomar do leite
que será desperdiçado nas suas tetas caso não aceite.

— Vai se foder. De tanto que chorei, eu devo estar seca. — Fechei


os olhos em busca de controle.

— Não, está vazando aí. — Tocou meu seio e avancei nele, irritada
pelo toque indevido. Percebi a aproximação de outros homens enquanto
minhas mãos, sem força, apertavam seu pescoço. O tal Douglas me encarava
sem empatia, o típico olhar de um criminoso que não se arrependia do que
fazia. — Isso é um sim?

— Você... — Meu foco foi desviado para uma imagem na tela do


celular, que ele tinha levantado na altura dos meus olhos. Era um bebê lindo,
com uma roupa branca que me impedia de identificar se era menino ou
menina. Céus, a criança era linda e tanto quanto eu tinha me apaixonado por
Gabrielle, eu queria ter aquele bebê.
Era a minha segunda chance. Distorcida e irracional, esqueci
pudores e bom senso, apenas acenei afirmativo com a cabeça, para a
resposta daquele psicopata.

— Muito bem. — Ele guardou o celular, tirou minhas mãos do seu


pescoço e olhou ao redor. — A enfermeira falou que você ainda precisa de
trinta minutos para se recuperar da anestesia.

— Quero ir agora. Me dê o bebê! — soei enérgica e o homem riu


baixo.

— Algumas regras, Sara Benildes. — Douglas se aproximou e


ergueu um dedo. — Você está sendo contratada para amamentar um bebê. Ele
não é seu. Vai receber o dinheiro no fim do trabalho ou quando o chefe
decidir ser suficiente. Apenas uma empregada, isso que você será.

— Eu não assinei nada.

— Nem o fará. — Olhou-me da cabeça aos pés. — No nosso


mundo, palavras valem mais do que contratos impressos. Descumpra e você
poderá pagar com a própria vida.

— Vá a merda, eu estou morta mesmo — murmurei, infeliz.


Respirei fundo e tentei me levantar, mas minhas pernas estavam dormentes.

— Você, realmente, quer ir antes da sua alta?

— O bebê deve estar com fome e perderemos tempo aqui esperando


a anestesia passar.

— Segure o soro. — Ele tirou o saco do suporte e me entregou. Sem


me avisar, pegou-me no colo e fez um movimento com a cabeça para os
outros que estavam com ele. — Vamos até ele.

— Pode ser uma menina — comentei, memorizando aquele rosto


angelical do bebê, que se mesclava com as lembranças da minha Gabrielle.

— Roupas e fraldas estão sendo providenciadas. O problema é de


quem comprar errado. — Deu de ombros e caminhou comigo pelos
corredores da maternidade.

— Quem é você?

— Douglas e não estou a seu dispor, Sara.

— Idiota. Não era isso que eu queria saber.

— Quem está com você nos braços sou eu, então, tenha um pouco
mais de respeito — soou ameaçador.

— Como você teve comigo? Eu acabei de passar mais de seis horas


de trabalho de parto para não ter minha filha nos braços. Então, um louco me
abordou e está me levando até outro bebê, como se um pudesse substituir o
que perdi.

— E você está vindo, nem precisei usar minha arma para te


persuadir.

Passamos pela recepção lotada, as pessoas nos encaravam, mas não


impediam o nosso avanço. Havia muitos empresários poderosos na cidade e
um deles estava na minha lista para ser executado, junto com Ricardo.

— Minha mala e bolsa estão na enfermaria, onde eu ficaria com


minha filha. Tem como pegá-la para mim?
— Não sou seu empregado.

— Eu estou apenas de camisola hospitalar! — Tive vontade de


pular do seu colo. Ele riu baixo, como se fosse uma piada.

— Reniel, pegue a bagagem da moça — ele comandou e parou de


andar. — Consegue se sentar?

— Não sei.

Ele se inclinou e me colocou dentro de um carro confortável, com


banco de couro e cheiro forte de cigarro. Suspirei com irritação ao perceber
que não conseguia me manter equilibrada e Douglas me empurrou para o
lado, colocou o braço ao redor dos meus ombros e me manteve firme.

Inconsequente, surreal e louco. O homem poderia ser aquele que


pegaria meus órgãos e me deixaria em uma vala qualquer, sem que eu
pudesse voltar a falar com a minha família ou me vingar do idiota do doador
de esperma.

Escolhi viver de forma inconsequente, sem pensar no que minhas


escolhas poderiam influenciar na minha essência. Eu queria aquele bebê.
Entreguei o meu para dar a vida a outro, eu merecia ser recompensada.

Acomodei-me ao lado do desconhecido e me deixei ser guiada.


Nenhuma dor superaria aquela que vivenciei, eu não tinha medo de morrer e
encontrar a minha Gabrielle.

Sorri ao escutar a música que tocava no som do carro. Eu estava me


tornando tão alucinante quanto a letra.
“Não consigo encarar os fatos

Estou tenso, nervoso e

Não consigo relaxar

Não consigo dormir, porque a minha cama está em chamas

Não toque em mim, estou cheio de energia

Assassino psicótico

O que é isso?”

Talking Heads – Psycho Killer


Capítulo 3

— O que é isso? — Douglas reclamou quando me tirou do carro em seus


braços. Olhei para o banco e vi o sangue, era a menstruação do pós-parto, nem eu
tinha me lembrado daquilo.

— Pelo que pesquisei, ainda vou sangrar de uma a duas semanas, para
limpar o útero. — Segurei o soro, que já estava quase terminando.

— Vai me custar caro limpar essa merda.

— Aproveita e tira o cheiro de cigarro, está podre — rebati com


tranquilidade, sem o encarar enquanto me levava até um elevador.

— Está fazendo um rastro de sangue. Porra! — O homem começou a rir e


reparei que dois outros estranhos entraram conosco. As portas se fecharam e o
movimento para cima me fez sacudir. — Vocês vão limpar toda essa bagunça.

— Deveria obrigar que ela recolhesse essa nojeira — um deles resmungou


me lançando uma cara de asco.

— Sua mãe também te pariu e passou por isso. Espero que ela tenha tido um
marido decente e pais amorosos para não se sentir a aberração do circo. Então, mais
respeito.

— Vou precisar de um banho — Douglas continuou suas lamúrias, me


ignorando.

— Também precisarei, antes de cuidar do bebê. Pegou minha mala?

— Está chegando. — Bufou irritado e nos encaramos. — Você é bem


bocuda.
— E isso faz de mim, o quê? Não precisa das minhas palavras para
alimentar um bebê.

— O chefe vai a matar em dois dias — um dos outros homens debochou e


revirei os olhos.

— Não se pode matar uma pessoa duas vezes.

Os três ficaram em silêncio. As portas do elevador se abriram e saímos em


direção a um apartamento. Abracei o pescoço de Douglas e reparei no rastro de
sangue que eu estava deixando. Era mórbido e sem noção, mas eu até que gostava de
ver o quão vivo era o fluído que saía de mim.

Assim, eu chamaria atenção. Com aquele caminho de morte e vida, eu


iniciaria uma nova jornada, com a mente perturbada e o coração destruído. Era
daquele jeito que eu queria fazer com Ricardo.

Entramos em um quarto, depois fui posta dentro de uma banheira e o idiota


ligou o chuveiro gelado em cima de mim.

— Puta que pariu! — gritei, irritada e ele riu enquanto me debatia para não
escorregar naquele lugar. — Qual seu problema?

— Você me deu trabalho, vou te dar um pouco também, Sara. Voltarei em


trinta minutos, com sua mala e casa limpa. — Ele se virou e escutei seu riso baixo.
— Louca.

— Sem noção. — A água em cima de mim começou a ficar em uma


temperatura agradável e suspirei, aceitando minha missão.

Tomar um banho e recuperar minhas forças.

Sem me importar com a porta aberta e a nudez, tirei a pouca roupa que eu
tinha e deixei a água me banhar. Aos poucos, fui sentindo meus músculos voltarem ao
normal, minhas pernas se mexiam e meu corpo ganhava vida.
O soro tinha acabado, tirei a intravenosa com cuidado, mas acabei me
machucando do mesmo jeito. Descartei tudo sem me preocupar com a sujeira, meu
foco era estar bem para conhecer o meu novo filho ou filha.

Olhava para o sangue que ainda escorria entre minhas pernas em um misto
de saudade e revolta. Nunca teria minha filha de volta, mas poderia me entregar a
outro bebê. Quantas mães perderam seus filhos e não tiveram a mesma oportunidade
louca que eu?

Apertei o bico dos meus seios e sorri para o leite que jorrava. Eu estava
dolorida, mas nada substituía a satisfação de poder alimentar um ser indefeso.
Mesmo que não tenha saído da minha barriga, eu lidaria com aquele bebê como se
fosse meu.

Foda-se o que Douglas falou, que eu não tinha direito sobre a criança.
Estava disposta a fugir com ela quando o tal chefe achasse que eu não fosse mais
útil.

Encolhi-me quando percebi a presença do homem na porta do banheiro. O


sorriso dele não me era mais assustador, estava me acostumando com a frieza do
psicopata.

— Pronta, donzela?

— A última coisa que você pode me chamar, é disso. — Indiquei com o


queixo para ele sair, mas continuou onde estava. — Pode me dar licença?

— Não. Serei a sua babá. — Deu um passo para frente e o fuzilei com o
olhar. — Limpei sua meleca, deveria me agradecer.

— Vai se foder e me deixe sozinha para trocar de roupa. Conseguiu minha


mala?

— Está no quarto e terá que lidar comigo por perto. Ordens do chefe.
— Homens — murmurei, revirando os olhos e tomando coragem para me
levantar.

Fiquei de costas enquanto o outro permanecia me encarando, passei uma


última ducha no corpo e peguei a toalha, andando devagar e preocupada que meus
órgãos internos pareciam dentro de uma gelatina.

Enrolei-me no tecido felpudo, saí do banheiro e me surpreendi com o quarto


espaçoso e bem decorado. Olhei para a porta do banheiro e apenas naquele momento
que me toquei do luxo que me cercava.

Minha mala estava aberta em cima de uma mesa no closet. Havia roupa
masculina ao redor e encarei Douglas com preocupação. Ele cruzou os braços,
ergueu a sobrancelha e percebeu que eu tinha muitos questionamentos.

— Onde está o bebê? — Comecei.

Meu coração parecia ter voltado a bater quando escutei o choro no outro
cômodo. Ignorei a plateia e me troquei de costas para ele, usando aquele absorvente
gigante, colocando o sutiã de amamentação e um vestido largo, propício para que eu
vivesse aquele momento com a minha Gabrielle.

Outros planos me desvirtuaram do caminho.

— Como ele se chama? — perguntei por impulso, animada a cada segundo


que escutava o choro.

— Vamos falar com o chefe primeiro. Só preciso saber se você entendeu as


regras.

Fiquei de frente para ele, empinando meu nariz e o desafiando, como eu


fazia com os outros advogados em uma audiência. Eu era boa no meu trabalho,
mesmo com tantos problemas pessoais, conseguia camuflá-los com minha postura
profissional.
— Sem contrato, amamentar um bebê.

— Obedeça ou vai morrer. Está me entendendo?

— É para ficar com medo?

— Deveria. — Bufou sorrindo e indicando para que eu o seguisse. — Você


parece ter perdido o bom senso. Tenha em mente que não é a única sem uma criança
para amamentar. Será de fácil substituição.

— Vá a merda — murmurei, irritada, ele não iria tirar a minha oportunidade


de ter um bebê em minhas mãos.

Andamos por um corredor, entramos em outro cômodo e eu vi, nos braços


de um homem, que nem tomei conhecimento da face, o bebê que chorava. Por
instinto, apressei meus passos até o pequeno ser, tirei-o dos braços dele e o senti
molhado.

— Ele precisa ser trocado. — Meu olhar foi de Douglas para o outro
homem e minha respiração ficou presa na garganta. Ele! Aquele que contribuiu para
transformar a minha vida em um inferno. O culpado pelo distanciamento de Ricardo,
além dele ser um dos criminosos mais poderosos de Lumaria. — Você!

— Onde estão as roupas e fralda, Douglas? — Ele me ignorou e se


aproximou do outro. — Quem eu vou precisar matar para entender que tenho pressa?

— Está chegando, senhor.

— Na minha mala. — Apontei para a porta e os dois me encararam


surpresos. — As roupas são menores, mas tem dois tamanhos de fralda. Traga a
sacola com os itens do bebê.

Douglas se apressou em fazer o que pedi e voltei meu foco para a criança
em meu colo. Ela. Mesmo sem atestar, meu coração sabia, era uma menina e tinha
cara de Emanuelle. Ela resmungava e fechava os olhinhos, deveria estar incomodada
com a fralda e com fome.

Era a primeira vez que estava sendo mãe e meu instinto materno ditava o
que eu deveria fazer. Esqueci a raiva e a diferença que tinha com Leonel De Leon ao
meu lado. Algo tão absurdo quanto encontrar uma mãe que acabou de perder o filho
deveria ser coisa de um mafioso excêntrico como ele.

Tomei uma direção completamente diferente da que tinha planejado para a


minha vida e eu não estava com medo de enfrentar os obstáculos.
Capítulo 4

O quarto era improvisado e coloquei a bebê deitada na cama,


esperando os itens que pedi. Fiquei em silêncio, porque meus pensamentos
estavam em conflito e nada coerente sairia da minha boca.

Não me surpreendi quando me desfiz das roupinhas e confirmei que


se tratava de uma menina. Usei o lenço umedecido para recém-nascido em
todo o corpinho, ela chorou e a enrolei na manta que tinha comprado
especialmente para a saída da maternidade.

Sentei-me na beirada da cama, abaixei a alça do meu vestido e


desabotoei o sutiã de amamentação. Mal coloquei o rosto da criança perto
do meu peito, ela avançou e sugou, sem nenhum cuidado.

Acreditei que ela iria tomar tudo, mas logo cuspiu e chorou. Não
era o leite da mãe, aquela bebê não era a minha filha, meu inferno estava
voltando com tudo.

— O que está acontecendo? — Leonel apareceu no quarto e


perguntou, irritado.

— Eu não sou a mãe dela — murmurei, sentindo as lágrimas


escorrerem. Tentei fazer com que tomasse o peito novamente, mas ela
aumentou o choro e se chacoalhou. — Oh, céus!

— Se você não serve, arranjarei outra. Ela precisa comer. Douglas!


— gritou sem noção do poder que suas palavras tinham, me deixando
nervosa junto com a bebê.
— Por que não testar uma mamadeira, senhor? O leite em pó
chegou. Eu me livro da parida.

— Não! — Levantei-me com a bebê em meu colo, desesperada com


o rumo da conversa dos dois. — O que vocês têm na cabeça? Onde está a
mãe dela?

— Morta e você seguirá o mesmo caminho se não calar a boca —


Leonel rosnou e me aproximei dele com irritação. — Não me teste, Sarinha.

— Engula esse apelido do caralho ou o enfie no rabo. — Ele se


lembrava de mim tanto quanto eu, dele. O que um dia foi sinônimo de amor,
naquele momento, era raiva e vingança. Percebi que tinha falado com fúria
na presença da bebê e soltei o ar com força, para pensar no melhor dela. —
Esqueça.

— Me devolva! — Leonel tentou tirar o bebê dos meus braços, a


criança chorou muito mais e me afastei. Em um ato de desespero, corri em
direção a primeira porta que vi e me tranquei no cômodo. — Abra! Eu vou te
matar — gritou irritado.

— Então nos envie para o inferno. Eu não tenho mais filha,


Emanuelle não tem mais mãe. Fodam-se vocês. Foda-se tudo!

Fui para um canto e me encolhi com a bebê agitada, remexendo em


meus braços. Estava em um escritório e ao meu lado tinha um armário alto
de madeira. Fechei os olhos e deixei que a única canção infantil que eu
conhecia soasse para acalmar a bebê.

“Mãezinha do Céu
Eu não sei rezar

Só sei te dizer

Que quero te amar

Azul é seu manto

Branco é seu véu

Mãezinha eu quero te ver lá no céu.”

Ignorei os barulhos, meu foco era apenas a bolha que criei para me
proteger junto daquela órfã. Conforme eu me acalmava, coloquei o rosto da
bebê próximo ao meu peito e continuei a cantoria, mesmo que ela tenha
cuspido meu peito novamente.

Quem disse que amamentar era fácil, precisava conhecer todos os


cenários possíveis de uma mãe tendo que lidar com um bebê. A maternidade
estava sendo um monstro para mim, mas como toda assombração, eu estava
enfrentando mesmo tendo medo.

Aos poucos, a bebê parou de rejeitar o bico, aceitou o alimento e se


fartou do meu leite. No momento em que suspirei aliviada, a porta tinha sido
arrombada e vários homens armados me enfrentaram.

Emanuelle se remexeu e com frieza, ignorei a raiva emanada por


Leonel e mudei a bebê para tomar do outro peito. Já acostumada comigo, ela
sugou com força e senti meu útero se contrair, fazendo com que mais fluído
de menstruação descesse.
Merda, senti que tinha vazado.

Sabendo que não teria muito tempo, lidando com pessoas que
mandavam e desmandavam na cidade e no submundo dela, aceitei minha
sentença, mas não antes de mostrar como me sentira.

— Ela está mamando — falei branda para o leão raivoso que se


aproximava. A arma estava na mão e foi guardada assim que se agachou para
apreciar a cena. — Depois, você pode me matar, mas por favor, me deixe ter
esse momento. Apenas uma vez.

— Eu deveria fazer pior.

— Faça então.

— Tenho outros planos, Atrevida. — Alisou o cabelo da bebê e


suspirou. — Você ainda é útil. Continue assim. — Ele se levantou. — Mas
fuja com minha filha novamente, eu abrirei uma exceção e a matarei, mesmo
estando indefesa.

Todos saíram da sala, observei a porta arrombada e suspirei. Voltei


minha atenção para Emanuelle e cantarolei mais algumas estrofes da canção
de ninar. Dois ou três meses ela deveria ter. Ainda mamava no peito quando
foi tirada da mãe, ela era tão vítima de outros idiotas quanto eu.

— Vou cuidar de você, meu amor — prometi, mesmo que tinha


descumprido com Gabrielle. — Sua irmã não sobreviveu, mas você será
mais forte do que todos nós.

Seus olhinhos se fecharam e as sucções diminuíram. Percebi que


enquanto ela mamava em um peito, o outro escorria leite e acabei nos
lambuzando. Ninguém falava sobre essa parte do pós-parto e estava sendo
acalentador ter uma companhia.

Comecei a sentir dores abdominais, nas costas e na bunda, por estar


sentada daquele jeito. As lágrimas escorreram dos meus olhos quando não
tive forças para me levantar.

O monstro da vingança foi alimentado mais uma vez, Ricardo teria


de lidar com minha raiva e associação com o homem que ele odiava. Leonel
De Leon era rival da família Camargo e mesmo que meu namorado fugisse
daquela briga de egos, ele tomava as dores. Seguir a lei era sua forma de ser
superior.

Eu amava estar do lado certo de uma disputa, mas mudei de time


assim que minha vida foi tocada pela escuridão do luto. Ainda tinha muitas
lágrimas para derramar. Fugi do hospital, ansiando pelo novo bebê e acabei
me esquecendo daquela que saiu de dentro de mim.

— Vai ficar aí a noite inteira? — Douglas apareceu na porta e


percebeu meu choro. — Droga, o que aconteceu?

— Ela dormiu e não consigo me levantar — murmurei, chorosa. O


homem se aproximou e me deu apoio para ficar de pé, tendo a bebê nos meus
braços. — Obrigada.

— O berço móvel chegou e já está limpo. Deixe a bebê nele e vá


conversar com o chefe. Você o deixou puto.

— Não xingue na frente dela — repreendi. Olhei para baixo e vi a


mancha de sangue. — Preciso de outro banho.
— Caralho, vai morrer de tanto sangue que saiu de você. — Rosnei
para outro palavrão que ele falou e o idiota riu baixo. — Tem comida, se
apresse, mamãe.

Ele não sabia, mas tinha me dado um pedaço do que tanto ansiei.
Ser chamada pelo título mais nobre do mundo, aquela que gerou e criou o
pequeno ser que dormia em minhas mãos. Eu estava confundindo as coisas,
tinha que descansar e colocar os pensamentos em ordem.

Com Emanuelle nos braços, levei-a até o seu berço improvisado e a


coloquei de lado, por mais que tenha lido sobre a melhor posição ser de
barriga para cima. Era minha intuição ou inexperiência falando, não
importava, meu coração se acalmava assim.

— Vamos? — Douglas exigiu.

— Vou tomar banho e trocar de roupa. Será rápido.

Ele revirou os olhos, mas aceitou. Eu peguei outra muda de roupa e


me preparei para conversar com o poderoso Leonel De Leon.
Capítulo 5

Traguei do cigarro e observei a Atrevida aparecer em meu campo de visão.


O copo de uísque que eu tinha na mão era apenas para me distrair de não a jogar da
sacada, de onde estávamos.

— Leonel — falou meu nome com tanto receio, que a imaginei debaixo de
mim, implorando para que abrisse suas pernas e a tomasse sem restrições. Aquela
não era uma mulher para transar, por mais que ela estivesse querendo me foder.

— Deixe-nos — ordenei para Douglas, que acenou com a cabeça, fechou


um pouco da porta de vidro e nos deu privacidade. — Está com outra roupa?

— Sim. Acabou vazando. — Ela movimentou a mão na frente e atrás, na


altura do quadril, depois para os seios e não continuou a falar. Cruzou os braços e
suspirou, se mantendo de pé, longe de mim. — Emanuelle dormiu.

— De onde tirou esse nome?

— Como ela se chama?

— Emanuelle? — Dei de ombros, gostando de como soava, mas sem dar o


braço a torcer. — Não há registro da criança.

— Quem são os pais dela?

— Mortos, é tudo o que precisa saber.

Traguei do charuto e a encarei da cabeça aos pés. Ela não parecia a mesma
mulher que me enfrentou no restaurante. A roupa decotada e a sensualidade que me
chamou atenção deu lugar para aquele vestido ridículo e recatado, com uma barriga
saliente do pós-parto.
— E o que vai acontecer comigo? — Deu um passo na minha direção.

— Você cuidará da criança e lhe dará o leite materno que é essencial. Essa
será sua missão. Minha filha terá tudo do bom e melhor, começando pela
alimentação. Talvez não vá querer seguir meus passos no futuro, achei que era um
menino, mas... foda-se. — Bufei irritado. — Eu não lhe devo satisfação dos meus
planos, apenas execute o que lhe for ordenado.

— Tudo bem. Terei a licença maternidade reduzida, por conta do natimorto,


mas encontrarei uma forma de me adaptar e...

— Você não vai fazer outra coisa que não seja cuidar de Emanuelle —
ordenei seco e vi a Atrevida empinar o nariz com irritação. Tomei o uísque com
apenas um gole, traguei do charuto, descartando-o dentro do copo e me levantei para
intimidá-la.

Como da vez no restaurante, ela não recuou.

— Eu tenho uma vida — ela constatou o óbvio.

— Vá. — Apontei para a porta do apartamento, ela se virou e depois para


mim, confusa. — Quem está comigo, faz do meu jeito. É bem recompensado. Se não
quiser, apenas saia. Eu não preciso de você.

— Claro que precisa! Eu tenho leite, posso cuidar dela.

— Você não voltará a trabalhar, nem sairá da minha casa.

— Isso é cárcere privado.

— Ninguém está te obrigando a nada. Esses são meus termos, como eu


trabalho. Não estamos seguindo as leis da sociedade, mas as minhas regras, que
você obedecerá voluntariamente.
— Em que mundo você vive? Um bebê não prende as mães em uma redoma.
Nós podemos cuidar dos filhos e trazer o sustento da casa. — Colocou as mãos na
cintura e neguei com a cabeça. — Leonel, era assim que eu faria com minha filha e
posso ser com Emanuelle.

— Você fará como eu mandar, começando a me chamar de senhor. — Dei


um passo intimidador para próximo dela, que recuou. — Foi convocada para servir
à minha filha. Foda-se o que você pensa ou o poder que acha que tem nos meus
negócios.

— E tenho que aceitar seus termos calada e sem contestar? — Voltou a


cruzar os braços.

— Sim.

— Deveria ter mandado fabricar um robô.

— Essa é a última vez que converso com você sobre esse caralho. Ficará à
disposição de Emanuelle até o momento que eu achar necessário. Recuse, você pode
ir embora e arcar com as consequências.

— Mas...

— Não estou apontando uma arma para a sua cabeça, ainda. Eu não tenho
paciência para barganha. É ou não é. Finito.

— No meu mundo, isso se chama ameaça e cabe processo.

— Apenas se eu decidir que você merece meu tempo. — Avancei nela, que
bateu as costas na porta de vidro. Trancou a respiração e virou o rosto, ela estava
assustada, por mais suicida que ela parecesse. — Vou mandar no bebê, em você e na
minha casa. Quem manda em Lumaria sou eu. Você já deveria saber disso, Atrevida.

— As leis regem o mundo — falou, estrangulada, tentando se afastar de


mim e não conseguindo. Nossos corpos estavam colados e se eu segurasse seu
queixo, poderia tomar sua boca com a fome que eu estava daquela mulher abusada.

— As minhas regras fazem a cidade funcionar. Não gostou, vá embora. Se


quer estar com minha filha, faça o que eu mando e se manterá viva. — Ergui a
sobrancelha e ela me encarou com os olhos arregalados. — E então? O que decidiu?

— Posso dormir ao lado de Emanuelle?

— Não fuja da resposta, advogada. Sim ou não para o meu acordo de cuidar
da minha filha?

— Si-sim. — Suspirou fechando os olhos. — Seja feita a vossa vontade,


Senhor Leonel De Leon.

— Bom. Vá, fique com ela, eu estarei na sala aguardando o resto das coisas
que mandei comprar.

Dei um passo para trás e liberei a cordeirinha assustada que saiu correndo
para dentro do apartamento. Douglas se aproximou, ele estava confuso desde o
momento que carreguei aquele bebê, como se ser pai fosse a realização de um sonho.

— Senhor, Sara deveria se alimentar.

— Ela estava mais preocupada em me desafiar do que comer. Deixe que


cuide da minha filha, é o que importa. — Passei por ele e me joguei no sofá. —
Cuidou de tudo?

— Sim. O bebê ainda não foi identificado, o exame de DNA ainda vai
demorar para sair.

— Tem que ser de alguma das mulheres que morreu.

— É o mais lógico, mas sabe como a família Camargo é problemática. —


Ele me entregou o controle da televisão, prevendo que eu pediria. — Nenhum deles
entraram em contato. No último conflito que tivemos, pelo menos Guilhermo
Camargo demonstrou chateação com nossa ação.

— Foda-se aquele velho cheio de pelanca. Fez filhos bastardos por toda a
cidade e nem se importa com quem matamos. Com certeza, estamos fazendo um favor
a sociedade e para eles, que só assumem os herdeiros oficiais. — Sorri com malícia,
pensando na minha pequena Emanuelle tendo sangue Camargo e se voltando contra
eles. — Será prazeroso ver a destruição deles pelas mãos de uma filha bastarda.

— Quem?

— Minha filha. A herdeira De Leon. Emanuelle De Leon, ela já nasceu com


nome foda. — Dispensei-o com a mão. — Confira Sara, deixe dois soldados na
porta e vá embora. Preciso dormir.

— Tudo bem, senhor.

Escolhi um canal qualquer, tirei o paletó e tentei relaxar ao som da música


que tocava na televisão. Preferia minha cama, uma boa prostituta e dormir o dia
inteiro, mas eu tinha muita adrenalina no sangue para dissipar.

“Estou pegando de volta a coroa

Estou todo vestido e pelado

Eu vejo o que é meu e pego

(Quem acha guarda, quem perde chora)

Oh, sim

A coroa

Tão perto, posso prová-la


Eu vejo o que é meu e pego

(Quem acha guarda, quem perde chora)

Oh, sim”

Panic! At The Disco – Emperor’s New Clothes

Dobrei as mangas da minha camisa e percebi uma movimentação da cozinha


para o corredor. Levantei-me para conferir que merda estava acontecendo e entrei no
quarto principal, onde o berço estava.

O aperto no peito foi inevitável quando vi Douglas no chão fazendo


respiração boca a boca em Sara. Ela logo buscou por ar, se sentou, tossiu várias
vezes e começou a chorar, ela deveria ter desmaiado de fraqueza.

As informações vieram como uma enxurrada. A mulher deveria ter passado


muitas horas em trabalho de parto, perdeu a filha e ainda estava acordada, mesmo
sendo quase as primeiras horas do dia. Não se alimentou e sofreu pressão da minha
parte.

Não era o sentimento de culpa que me corroía, mas a preocupação.


Aproximei-me do berço, a bebê continuava dormindo placidamente e acariciei sua
cabecinha, percebendo que algo em mim tinha mudado quando a segurei em meus
braços.

Para alguns, fragilidade. Eu estava vendo como força, porque tudo me


motivava a fazer, por ela.

— Chame um médico — ordenei baixo para Douglas e fui até a mulher


desamparada, em prantos.

— Reniel, fique com ela. — Meu braço direito quis remediar.


— Não. Vão todos e só volte com a porra de um médico. Traga comida
antes. — Apenas com o olhar, Douglas obedeceu sem pestanejar. Peguei a frágil
mulher no colo e a deixei em cima da cama. Coloquei almofadas nas suas costas e
não a encarei, era o máximo de empatia que teria de mim.

Apesar de cruel com meus inimigos, eu não era tão ruim quando se tratava
de associados. Douglas entregou-me uma bandeja e saiu apressado. Coloquei no
colo de Sara e fui duro com o olhar.

— Coma, eu não te autorizei a morrer.

— Você não decide o que acontece com a minha vida.

— Está enganada. Assim que concordou em ficar, você me pertence. Não


queira me desobedecer, porque eu vou até o inferno te fazer pagar. — Indiquei com o
queixo a comida, ela suspirou e começou a se alimentar sem muita vontade. As
lágrimas ainda escorriam de seu rosto.

Fui para a porta e a observei. O que ela tinha de fragilidade, também


demonstrava força. Destemida, mesmo que parecesse uma criança lutando contra um
exército. Sua garra seria útil para inspirar minha filha, caso ela sobrevivesse nos
próximos dias.

O médico surgiu e nos repassou a orientação. Muita água, alimentação


saudável e apoio emocional. Caralho, teria que valer a pena toda essa merda.
Capítulo 6

Tudo parecia uma grande bagunça dentro de mim. Estava exausta,


fraca e querendo me manter firme para dar atenção à minha pequena. Por
mais que disseram que ela não era minha, eu faria de tudo para que se
tornasse.

Meu bebê. Lembrei-me de Gabrielle, que a deixei abandonada,


mesmo que sem vida e perdi os sentidos. Tive um apagão e despertei com
Douglas em cima de mim, me xingando baixo por tê-lo assustado.

Então, veio Leonel e ficou me observando comer enquanto eu não


sabia como me explicar. Talvez, nem devesse, mas eu sentia a necessidade.
Ele era o pai da menina, por mais que deu a entender que não havia vínculo
sanguíneo. A vida daquele criminoso era bem diferente da minha, com
valores sociais distorcidos que tanto repudiei estando do lado do Direito.

A disposição para seguir ao lado de um mafioso, apenas para ser a


mãe de Emanuelle, gritava afirmativo dentro de mim.

— Obrigada — murmurei, tomando a última colherada de sopa.

— Se está tentando se matar, avise, que facilito para você. —


Aproximou-se sem demonstrar emoção, tirou a bandeja do meu colo e eu
logo escorreguei na cama para dormir. — Vou trazer água.

— Por que está cuidando de mim? — a pergunta saiu sem que eu


pudesse me conter.
Ele parou na porta do quarto, deu de ombros e continuou seu
caminho. Talvez, eu só fosse um meio para um fim. Quando Emanuelle não
precisasse mais de amamentação exclusiva, eu seria descartada em uma vala
qualquer, sem que minha família fosse avisada.

Senti falta dos meus pais. Do irmão que se casou e me afastei. Por
conta de ter mudado de cidade e vivenciado momentos ruins com Ricardo,
eu tive vergonha de assumir que uma mulher forte e determinada, tendo
diploma de Direito, sofria por causa de um relacionamento fracassado.

Naquele momento, estava me sujeitando ao desconhecido, apenas


para ter uma substituta para a minha filha.

Nem percebi que tinha fechado os olhos. Quando escutei o choro de


Emanuelle, o quarto estava claro e consegui me levantar para ir até seu
berço portátil. Minha boca secou, a vontade de fazer xixi quase me impediu
de pegá-la no colo, mas ignorei tudo que me impossibilitasse de amamentá-
la.

— Bom dia, meu amor. — Abaixei a alça do vestido, coloquei meu


peito em sua boca, ela recusou como na outra vez. — Vamos, Emanuelle.
Nós só temos uma à outra.

Ela resmungou e balançou a cabeça, contrariada. Usando a mesma


tática, comecei a cantar, eu me acalmei e consequentemente, ela. Suspirei
aliviada quando começou a sugar e o leite escorreu para a sua boquinha.

Virei para o colchão e me assustei com o homem sem camisa, com


um braço dobrado e a mão na nuca, me observando. Mesmo com receio, fui
até a cama, sentei-me com as costas apoiadas na cabeceira e engoli em seco,
por conta do foco dele na minha conexão com a sua filha.
Ele passou a noite inteira comigo ao seu lado. Eu estava vulnerável
e poderia ter sido abusada, mas lá estávamos nós, em uma dinâmica
estranha. A lembrança de tê-lo me expulsado da mesa, em um restaurante,
parecia apenas uma suposição ao invés da realidade.

— Por que ela chorou? — ele perguntou ainda de olho no meu seio
sendo sugado pela bebê.

— É assim que ela se comunica. — Alisei a cabecinha dela e


suspirei melancólica, ela era maior que minha Gabrielle.

— Não tem nada doendo? Como sabe?

— Se estivesse, com certeza ela não tomaria o peito, continuaria


chorando. — Dei um longo bocejo e o homem se aprumou na cama ao meu
lado. — Que horas são?

— Tome cuidado com minha filha.

— Não estou fazendo nada de errado — reclamei, franzindo a testa.

— Água, o médico falou sobre você beber muito líquido, para


produzir leite. Você dormiu e não tomou o que eu trouxe. — Saiu da cama e
pegou um grande copo em cima da cômoda perto do closet. Reparei que
estava apenas de cueca, seu corpo era escultural e a postura intimidante com
o terno tinha ido embora. — Aqui.

— Obrigada, mas estou apertada para fazer xixi. Se tomar,


acontecerá um desastre.

— Se você cair com Emanuelle, será pior. Tome! — Colocou o


copo na minha frente e bufei, segurando-o contrariada.
— Douglas limpou meu rastro de sangue. Não vai reclamar de um
xixi. — Tomei grandes goladas e esperou, para colocar de volta na cômoda,
vazio.

— Por que sangrou? Está machucada?

— Acabei de sair do trabalho de parto, o útero está eliminando o


que foi necessário para a gestação, como se fosse menstruação. — Bocejei
novamente e lágrimas arderam em meus olhos.

— Como sabe disso?

— Olhando na internet. — Emanuelle reclamou, eu a tirei do meu


peito, ajeitei o sutiã e a coloquei para sugar no outro. — Mas nada se
compara a vivenciar.

— As roupas vieram e foram lavadas. Eu preciso dormir mais um


pouco antes de sair.

— Tudo bem, Leonel, eu cuido dela. — Quando vi seu olhar feroz,


percebi que o tinha chamado de forma errada. — Senhor Leonel De Leon.

— Não tolero falhas, tente se lembrar. — Ajeitou-se ao meu lado e


fechou os olhos, como se confiasse em mim ao ponto de dormir na mesma
cama.

— Gosto de seguir leis, mas estou abalada demais para me manter


ligada ao mundo ou as suas regras. Somos de mundos diferentes, Leo...
Senhor.

— Estamos do mesmo lado, advogada. A partir do momento que


aceitou minha proposta, você está comigo. — Seus olhos ainda se mantinham
fechados.

Era tão estranho me sentir segura com aquelas palavras. Com


Ricardo e nossas promessas, era mais superficial do que a determinação do
criminoso. Apesar de ninguém conseguir reunir provas para condená-lo, uma
vez que Leonel De Leon tinha contatos em todos os setores e esferas na
cidade, eu conheci os boatos, da sua crueldade e arrogância, depois do
nosso encontro no restaurante.

Mesmo sabendo de tudo, eu estava bem ao seu lado, com uma bebê
nos braços, criando vínculo através da amamentação. Poderia estar em casa,
chorando, em depressão e criando estratégias para destruir Ricardo, mas...
eu não me sentia mais necessitada daquela ação.

O foco era Emanuelle e sua adaptação a mim.

Ela foi fechando os olhos e largando o bico do meu seio. Olhei para
o lado, Leonel dormia tranquilamente, mas pela tensão no corpo, eu sabia
que acordaria a qualquer movimento brusco.

Tentei ser cuidadosa, levantei a criança e com dois tapinhas nas


costas ela arrotou. Percebi que tinha me esquecido de fazer aquele
procedimento da outra vez, estava me adaptando.

Coloquei-a no berço, corri para o banheiro e nem fechei a porta, de


tão desesperada que estava para me aliviar. Busquei minhas coisas para a
higiene matinal, depois bebi mais água que estava na mesa do closet e fui me
deitar no colchão.

Leonel abriu os olhos em um rompante e colocou a mão debaixo do


travesseiro. Quando me reconheceu, voltou a dormir e eu que tensionei,
porque acreditava que ele tinha uma arma muito próxima de mim e da bebê.

Ainda com muito sono, virei o corpo para dar as costas ao mafioso
e fechei os olhos. Daquela vez, eu demorei para relaxar, tendo consciência
de tudo o que estava ao meu redor. Apesar do silêncio, minha mente não
parava de funcionar, criando cenários aterrorizantes sobre o quanto eu corria
risco de vida estando ao lado de um homem poderoso e que atraía muitos
inimigos. Ele poderia dominar a cidade, mas lidava com ameaças a todo
momento.

Dormir com uma arma, nunca pensei que poderia ser uma
alternativa atraente.

Aos poucos, o sono foi me encontrando e quando acordei


novamente, com o choro de Emanuelle, ele não estava mais no quarto, mas
tinha água, comida e uma pilha de roupinhas para a filha de Leonel De Leon
estar bem- cuidada. Mesmo sem registro, com um nome que eu lhe dei, eu
queria que ela fosse minha, a qualquer custo.

Eu estava me tornando uma mulher fora da lei.


Capítulo 7

Demorou uma semana para que eu visse Leonel novamente. Eu


estava sem celular, sem acesso à televisão e com uma bebê para cuidar.
Conheci dona América, a mulher que cuidava da limpeza e estava à minha
disposição. Mesmo que não precisasse, para ocupar o meu tempo enquanto
minha Emanuelle dormia, eu a ajudava com as refeições.

Se eu não fosse advogada, com certeza me tornaria chef de cozinha.

Com uma caixa de som moderna, porém pequena, emprestada de


América, coloquei uma playlist qualquer em um volume baixo, eu me remexi
enquanto misturava o arroz para fazer um risoto de frango. Eu ainda não
sabia quantos meses Emanuelle tinha, mas como não sofria de cólicas,
imaginei que seria mais de três meses. Então, eu poderia comer derivados de
leite e todos os outros alimentos que restringiam a uma lactante.

“E eu ouvi

Que tudo o que você faz é como um grande círculo

Tudo volta para você

E eu ouvi

Você tem que ter fé do jeito que você é

Agora eu sei que é verdade”


Apocalyptica, Lzzy Hale – Talk To Me

— Sarinha? — Escutei a voz de Leonel e me virei com os olhos


arregalados em surpresa. Acreditei que ele estaria sempre por perto, para se
conectar com a filha, mas eu estava esperando demais de um homem, que
tinha o agravante de ser um insensível criminoso.

— Senhor Leonel De Leon, poderia me chamar por Sara ou outro


apelido? — Bufei voltando minha atenção para a panela, mexendo o arroz
parboilizado enquanto não dava o ponto.

— O que está fazendo na cozinha? Seu lugar é ao lado da minha


filha.

— Ela está dormindo e eu estou ocupando o meu tempo para não


enlouquecer. — Revirei os olhos, porque além de ter ignorado meu pedido,
estava me tratando como sua funcionária. Droga, de uma certa forma, eu era.

— Tem América para lidar com as coisas de casa. Saia daí.

— Ou o quê? — Mordi a língua e me virei na sua direção, ele


estava se aproximando e nem um pouco sorridente. Eu não abaixava minha
cabeça para juízes e promotores, não seria ele que conseguiria o feito de me
colocar submissa.

— Que cheiro é esse? — Novamente, ignorada. Idiota, ele estava


mostrando o seu poder, dominando a conversa. Ficou do meu lado, tirou a
colher da minha mão e colocou-a na boca.
— Hei, vai contaminar a comida. — Ele me devolveu e fui para a
pia lavar.

— Quem vai comer sou eu, então, foda-se.

— Pare de xingar. Você tem uma filha agora.

— Que não está por perto. Continue aí, eu vou ficar com ela.

— Depois de uma semana, ficou com saudade? — Tive que soltar


antes dele sair da cozinha. Ele se virou para mim e voltei para a panela,
mexendo o arroz e o encarando. — Como quer criar uma conexão com a
bebê, se não a vê todos os dias?

— Que caralho você quer dizer com isso?

— Ela não tem o seu sangue, não conviveu com você, então, precisa
criar um vínculo de outra forma. Eu estou por perto e amamento, mas e você?
Se fosse um doador de esperma, como o idiota do pai da minha filha, tudo
bem. Mas você quer a posição, mas não está presente para reclamá-la.

Minha respiração estava acelerada, eu defendia os direitos daquele


bebê como se fosse meu. E era. Emanuelle era a irmã mais velha, ao mesmo
tempo que mais nova, da minha Gabrielle. Ela chegou depois na minha vida,
mas tinha vindo ao mundo antes. Sem mãe e pai, ela merecia o melhor e ter
amor era suficiente.

Roupas, dinheiro e fama, de nada valeria a pena se não tinha o amor


dos pais adotivos, uma vez que os biológicos estavam mortos.

— Tive assuntos para resolver, porra — ele se justificou, irritado,


mas também demonstrou culpa por isso.
— Tudo bem. Você fica on-line vinte e quatro horas por dia?
Poderia ter passado aqui, mesmo na madrugada, porque ela acorda e você
pode segurá-la por alguns minutos.

— Você está se tornando uma dor de cabeça. Pare de me irritar,


Sarinha.

— Se quer que a criança seja sua, aja como um pai. Eu estou


fazendo meu papel de mãe.

Olhei para a panela e orei para que ele não apontasse uma arma
para a minha cabeça e a explodisse. Mesmo que estivesse ultrapassando
limites, eu não me calaria perante os interesses da minha filha.

Que explodisse no espaço o que ele estipulou, suas condições ou


regras. Aquele apartamento estava se tornando minha vida e ter um bebê, o
meu mundo. Abandonei meu lar, meu carro e emprego. Eu estava disposta a
ficar escondida o tempo que fosse necessário para fugir com Emanuelle.

Como eu me sentia uma bandida tanto quanto Leonel, os


pensamentos ilícitos se mantiveram ativos e sem julgamentos.

Ele tinha desaparecido da cozinha, continuei com meu trabalho, mas


sentindo o peso do mundo em minhas costas. América apareceu assustada,
com as cestas de produtos de limpeza que usava.

— Ah, Dona Sara. Vá dar atenção ao Senhor Leonel. — Ela


guardou as coisas em um canto e a ignorei. — Ele está muito bravo.

— Sim, a culpa é minha. — Ergui a colher e percebi que o ponto do


arroz estava quase pronto.
— O que a Dona fez? — perguntou, horrorizada, se aproximando e
trocando o avental.

— Falei a verdade. Acho que já deu para perceber que falo sem
filtro. — Neguei com a cabeça quando ela quis tirar a colher da minha mão.
— Vou terminar o risoto.

— Ele mandou que te tirasse da cozinha e o ajudasse com a bebê —


falou, baixo, implorando para que obedecesse.

— Ah, ele foi lidar com Emanuelle? — Escutei o chorinho dela e


revirei os olhos. — Deve ter acordado a pequena ao invés de velar seu sono.

— Então, vá até ele.

— Que conste em ata, estou indo contrariada, por ter outras mãos
executando a minha obra de arte. — Fiz bico e lhe entreguei a colher, ela
suspirou aliviada. — Você tem medo dele?

— E você não?

— Eu tinha medo de ser abandonada, largada sozinha sem minha


filha. Aconteceu e tenho que lidar com o terror todos os dias. Está tudo
errado e encarei como se fosse o certo. Se eu tiver que morrer, não terá sido
um sacrifício, já que parte de mim se foi no mesmo dia que me deram uma
segunda chance. Escolhi focar no hoje, mesmo que pareça fora da realidade.

Assustei-me quando o choro de Emanuelle aumentou e encontrei o


homem sério, de terno e sem nenhuma paciência me encarando da porta da
cozinha.
— Terminou, caralho? — rosnou para mim e revirei os olhos,
passando por ele e indo até o quarto. — O que ela tem?

— Ela é um bebê, vai chorar toda vez que quiser algo, seja o
alimento, trocar fralda, estar triste ou feliz. — Cheguei ao berço e a peguei
no colo, abraçando seu corpinho e a deixando de pé. — Calma, amorzinho,
estou aqui.

— Não vai dar o peito? Ela deve estar com fome.

— Quem você matou hoje? — Emanuelle começou a se acalmar e


encarei Leonel. — Qual foi o torturado da vez?

— De onde tirou isso?

— Está palpitando na minha vida, estou fazendo o mesmo com a


sua.

— Ah, porra! Você me obedeça e pare de me provocar.

Minha menina começou a chorar novamente, eu o repreendi com o


olhar e seus ombros cederam, percebendo que tinha provocado aquela
reação na filha.

Acalmei-a novamente, fui até ele e coloquei a bebê em seus braços.


Ele suspirou e a acariciou a cabeça enquanto ela o encarava curiosa.

— Se puder evitar palavrões na frente da menina, seria bom.

— Ela nem entende o que estou falando — rebateu, baixo e


controlado, andando pelo quarto com o bebê.
— Palavras tem energias. A cada maldição dita é uma carga de
negatividade nela, fazendo com que fique triste.

— Cara... — Ele me encarou e não continuou com o palavrão. —


De onde tirou isso? Tem na internet também? Eu mandei tirar todo o seu
acesso do mundo externo.

— Da vida, Senhor Leonel De Leon. E exatamente por isso, na


ausência de algo para fazer que não seja cuidar de um bebê, estou fazendo
comida. Vai me manter presa aqui até quando?

— Você pode sair quando quiser. — Sentou-se na cama, suavizou o


olhar para a bebê e parecia dar um sorriso.

— E quem vai cuidar de Emanuelle? Estamos nos dando bem, ela


precisa do meu leite.

Ele me dava liberdade ao mesmo tempo que eu ansiava por ficar


cativa. Presa. Refém dos meus anseios de ser mãe e da tristeza que ainda
existia em meu coração. De Leon conseguiria o que quisesse comigo, mas
isso não queria dizer que eu aceitaria calada.

Percebi que meu desespero em desligar de Emanuelle deu uma arma


para Leonel. Ele me encarou com intensidade e mostrou, sem palavras, que
usaria tudo contra mim.
Capítulo 8

Para testar suas palavras, levantei-me da cama e fui para sala, Sara me
acompanhou com preocupação. Emanuelle estava em meu colo, calma e bem
acomodada, mas eu não era a mãe.

Parei de andar quando cheguei próximo à sacada, a mulher ficou na minha


frente para impedir de avançar. Não faria mal à minha filha, mas aquele lugar era
onde eu mais gostava de ficar.

— Saia — enxotei-a dando um passo para o lado e ela me acompanhando.


Se fosse outra pessoa, eu teria eliminado antes mesmo de pedir a Douglas para
providenciar a limpeza, mas eu estava apreciando aquele desafio. Além dela me
irritar, cuidava bem da minha filha e isso me dava mais um argumento para mantê-la
viva.

Se, para oferecer o melhor para Emanuelle, ela enfrentaria o inferno e a


minha ira, então, era perfeita para a posição que lhe coloquei. Não queria uma mãe
galinha, mas uma leoa inconsequente.

— Venta muito, ela pode se resfriar.

— Ou acredita que eu posso fazer mal à minha filha? — Dei-lhe o olhar que
faria homens mijarem nas calças. Ela recuou, abaixou a cabeça, mas não por medo.
Sara tinha o brio de quem tinha ódio correndo nas veias. Em outros tempos, a
contrataria para fazer parte da minha equipe, mas ela tinha que ficar com minha
herdeira. — Estamos entendidos?

— Vou pegar um cobertor, para que ela não se resfrie. — Foi a minha vez
de impedi-la de prosseguir, ficando em sua frente. — Senhor Leonel, posso ir
buscar?
— Amamente minha filha, eu gosto de ver as duas. — Entreguei-lhe
indicando o sofá para se sentar.

— O quê?

— Não precisa que eu repita. Apenas faça. — Sentei-me abrindo o paletó e


cruzando a perna. Abri os braços e esperei que a estranheza da mulher passasse para
executar o meu comando.

— Por um acaso isso é um tipo de fetiche? — Abraçou o bebê com


proteção e me mantive impassível. Não conversamos o suficiente para averiguar o
que ela sabia sobre mim, mas algumas informações a respeito do meu caráter seriam
necessárias lhe passar para não ter que lidar com essas merdas de julgamento.

— Mulheres e crianças são exceções de grande parte das minhas leis. Se


não estiverem em posição de ameaçar a minha vida ou dos meus homens, o único
dedo que tocarei será para afastá-las da minha mira.

— E as prostitutas mortas no Salão Voyage no ano passado?

— Você acha que fui eu? — Sorri com escárnio e fiz um último movimento
com a cabeça. — Sente-se, porra.

— Não precisa falar assim — rosnou, irritada e me obedeceu.

— Se fizesse da primeira vez, evitaria o palavrão. A culpa é sua.

— Poderia sugerir e ser menos arrogante. E não estou te coagindo a nada,


então, o que sai da sua boca é responsabilidade, exclusivamente, sua.

Ela tirou a alça do vestido, expôs o seio e Emanuelle foi ávida para se
alimentar. Não era fantasia sexual, havia uma satisfação em ver que aquele ato me
acalmava. Depois da semana de merda que passei, fazendo levantamento dos mortos
da família Camargo e indo em busca dos pais biológicos da minha filha, achei o fim
da linha, sem nada que prestasse.
Então, eu tive que revirar aquele hospital de merda até encontrar a bebê de
Sara. Ela tinha sido usada em um transplante de órgão muito suspeito, seria enviada
para a universidade, como se fosse um rato de laboratório. Antes que tudo
acontecesse, interceptei o processo e estava esperando o momento certo para que
fosse enterrada.

Ela nunca comentou da filha que perdeu, mas sabia que conservar seu corpo
seria uma carta na manga no futuro.

As duas estavam bem conectadas, Emanuelle demonstrava anseio no leite e


teria força para ser uma De Leon, por mais que o meu sangue não corresse em suas
veias.

Sara se revezou entre me decifrar e dar atenção à pequena. Balancei meu pé


e fiquei vidrado naquele seio farto, com o bico pontudo, enquanto ela mudava a
posição da bebê.

— E então? Vai contar o que sabe da morte das prostitutas ou vai ficar me
secando, como se fosse a carne mais saborosa?

— Se fosse em outro momento, te chamaria para trepar a noite inteira, mas


não foi para isso que te coloquei no meu apartamento. — Sorri sem emoção, ela se
mostrou horrorizada. — Que eu me lembre, uma das garotas ficou devendo uma boca
de fumo. Eu autorizei a cobrança, mas a mulher carregava uma arma e virou uma
chacina.

— Você autorizou? Então, tem responsabilidade na morte delas.

— Nunca entenderá enquanto estiver pensando como uma advogada certinha


que não sabe o que é um orgasmo. Ou sabe? Você se masturba, Sarinha?

— Por que entramos no assunto íntimo e cheio de conotação sexual? Pare


de dizer essas coisas na frente dela. Por favor — implorou e acabei rendido pelo seu
tom de súplica.
Engoli em seco, não me reconhecendo como aquele que mandava em tudo e
todos. A mulher que ocupava a posição de mãe da minha filha estava ganhando força
e espaço em uma área da minha vida que nunca foi explorada.

Família. Como sempre fui sozinho, conquistei meu espaço e me tornei


aquele que comandava a cidade, nunca imaginei que apreciaria ter uma mulher e
filha por perto. Não tinha nada de sexual, apesar de Sara ter atributos que me
interessavam. Naquele momento, eu só queria me dar um momento de paz, que eu só
conseguia sentir quando estava ao lado das duas.

— Já dormiu um monte, não é mesmo? — Sara tirou a menina do peito,


ajeitou a roupa e a levantou. A cabeça da bebê ficou apoiada no ombro e meu olhar
encontrou o da mulher que parecia ter o domínio de tudo, como se sempre fosse mãe.
— Quer fazer arrotar?

— E precisa?

— Sim. — Ela me entregou Emanuelle, segurei-a sem jeito e me assustei


quando algo branco saiu de sua boca. Minha camisa tinha sido atingida e eu não
sabia como reagir. — Opa, regurgitou.

— O que é isso? Aonde você vai? — reclamei enquanto Sara ria e se


afastava. Olhei para a bebê, que parecia tentar me decifrar com seus olhinhos
espertos e aura angelical. — Você ainda será a mulher mais respeitada e perigosa
dessa cidade.

— Ah, não mesmo. Ela não precisa seguir seus passos. — Sara voltou com
um pano branco. Limpou minha roupa e tirou a criança dos meus braços. — Temos
que desejar sempre o melhor para os filhos.

— Ela é uma De Leon.

— Infringir leis não é o caminho adequado a se seguir, Senhor Leonel.


— Diz a advogada certinha e metida a puritana que se vendeu por conta de
um bebê.

— Vai se foder! — rosnou, irada, depois arregalou os olhos ao perceber


que tinha falado palavrão na frente da criança. — Olha o que me fez fazer.

— Como você disse? Não te ameacei, então a responsabilidade dos seus


atos é apenas sua. — Tive que rir com satisfação quando ela demonstrou ainda mais
irritação. — Vai assustar Emanuelle.

— Calma, meu bebê, está tudo bem — ela murmurou e me incomodei


quando a chamou daquela forma.

— Ela não é sua.

— Foi sem querer.

— Emanuelle De Leon é minha filha e você é apenas a mãe... não, o


alimento. — Irritei-me por ter soltado o que não queria assumir em voz alta. Sara
ficou magoada, mas eu não me importava, porque ela precisava saber o lugar dela.
— Terei que repetir?

— Não, Senhor Leonel. Eu não sou burra.

— Mas gosta de me desafiar e acredita ter poder sobre mim. — O que era
verdade. — Não saia da linha, minha paciência pode acabar. Eu não toco em mulher,
mas posso te colocar do outro lado do mundo, só porque eu posso.

Vi as lágrimas se formarem em seu olhar e ela acenou em concordância.


Levantei-me do sofá, puto por ter encerrado meu momento de um jeito que eu não
planejei.

Tudo o que envolvida minha filha, parecia fora do me alcance, por mais
próximo que eu estivesse.
Caminhei até a porta do apartamento, pisando firme e determinado a ir
embora e ficar outra semana longe, para não me indispor com aquela atrevida.

— Não vai almoçar, Senhor? — perguntou, tentando me alcançar. — Ficará


outros tantos dias sem ver sua filha?

— Farei o que for necessário. — Abri a porta e a encarei. — Você, faça sua
parte. Quero minha filha saudável e tendo atenção, não te quero naquela cozinha
novamente. Ouviu bem?

— Posso respirar, Senhor? Ou devo fazer apenas na sua ausência? —


ironizou e precisei lhe dar as costas para não mostrar meu sorriso diabólico. Ela iria
me desobedecer, estava claro.

Fechei a porta atrás de mim e segui para longe das duas que me faziam
fraquejar.
Capítulo 9

As próximas vezes que Leonel apareceu no apartamento, mal


conversamos. Tentei me manter como uma mulher submissa e obediente,
porque a promessa que fez, de me levar para outro canto do mundo, ao invés
de me matar, soou mais desesperadora.

Ele pedia, todas às vezes, para me ver amamentar e estava me


acostumando com seu escrutínio. Ainda achava que existia algum fetiche
envolvido, mas conferi várias vezes a sua virilha e nada indicava que ficava
excitado.

Quem estava pensando em putaria era eu, com certeza. Apesar de


não sentir formigamento ou vibração em meu corpo, a mente trabalhava e
relembrava tantos momentos que estive subindo pelas paredes e me
satisfazia sozinha, nos banhos.

Ricardo nunca tinha sido um bom amante, apesar dele me estimular


com ousadias da sua parte. A última vez que tínhamos transado, além de ter
doído por não estar devidamente lubrificada, ele vestiu a roupa e foi embora
do meu apartamento, como se eu fosse um caso de uma noite, não sua futura
esposa grávida.

Que palhaçada, ele era apenas um doador de esperma que


repudiava a filha que eu iria ter.

Por várias vezes, pensei em sair do apartamento e seguir minha vida


longe daquela cidade. Talvez, estivessem todos atrás de mim enquanto eu
brincava de casinha fora da linha com Leonel De Leon.

Às vezes que segurava na maçaneta da porta para me afastar


daquela loucura em que me coloquei, eu desistia, porque me lembrava de
Emanuelle e ela era a minha única motivação para acordar de manhã.

Ou nas madrugadas, dependia do horário que ela estava com fome.

Foi depois de uma mamada de madrugada, me despertando o


suficiente para não voltar a dormir, que fui me dar uma chance de prazer
dentro da banheira. A menstruação pós-parto já tinha terminado, os seios não
inchavam tanto e eu me sentia mais mulher novamente.

América me emprestou livros para distrair a mente. Sem poder


aproveitar a cozinha, ainda sem celular ou televisão, a faxineira que tinha se
tornado minha amiga me apresentou os romances contemporâneos.

Tão apegada às leis, histórias filosóficas e artigos, que nunca tinha


me dado oportunidade a esse estilo de narrativa. Estava apaixonada, por
mais surreal e fictícia que fossem aquelas histórias.

Três orgasmos em uma noite? Mal conseguia um, quem diria tudo
aquilo. Mas eu gostava da sensação do meu coração acelerado, das imagens
em minha mente e os suspiros que eu dava.

Por não ter horário fixo, dei-me aquela madrugada, depois de


atender Emanuelle, para entrar na banheira. Continuei a leitura de
“Comprada por Raphael”, por Mari Sales, pela terceira vez e tentei me
tocar.

Deixei a porta aberta do banheiro para escutar os barulhos da minha


filha. Não me importava com o que Leonel exigiu, em minha mente, ele não
mandava além dos meus medos.

Peguei o livro, a pequena caixa de som de América e preparei meu


banho. Coloquei um sabonete especial, acionei a música bem baixinha e me
sentei dentro, cuidando para não molhar o livro.

“Eu não sou forte o suficiente para ficar longe

O que eu posso fazer

Eu morreria sem você

Na sua presença meu coração não conhece vergonha

Eu não tenho culpa

Porque você deixa meu coração de joelhos”

Apocalyptica, Brent Smith – Not Strong Enough

Relaxei enquanto meus olhos vagavam pelas palavras. Remexi as


pernas ao chegar na cena erótica, na pegada de Tyr, o rei dos fetiches e o
quanto Hannah estava receptiva para o toque dele, mesmo sendo
inexperiente.

Quando ela gozou e eles fizeram suas juras de amor, larguei o


exemplar em um canto que não se molhasse e me dei um momento íntimo,
fechando os olhos e imaginando a cena que acabara de ler.
Com a mão entre minhas pernas e o ápice do refrão da música, fiz
movimentos circulares enquanto a vagina se contraía. Não tinha mais a
sensação de órgãos soltos dentro de mim, a barriga estava reduzindo e minha
autoestima, naquele momento, estava voltando à vida.

Pressionei os lábios com força, para que meu gemido não saísse e
perturbasse minha filha. Não havia nada além de prazer e reconexão com
minha intimidade. Acelerando os movimentos circulares, percebi que nunca
deveria ter parado de me dar prazer, mesmo depois da rejeição de Ricardo.

Uma avalanche de lembranças me fez broxar. Bufei irritada, abrindo


os olhos e parando de me masturbar. A visão do meu corpo naquela maca de
hospital, tomando a decisão de entregar minha filha para salvar outra vida,
uma vez que ela tinha sido feita apenas para mim.

Eu fui uma péssima mãe.

— Por que parou? — A voz rouca de Leonel me fez soltar um grito


assustado e tampar a boca ao mesmo tempo. Virei para encarar a porta e lá
estava o poderoso criminoso, em seu terno, imponência e desejo no olhar.
Conferiu por cima do ombro antes de invadir meu espaço, um momento que
deveria ser apenas meu.

— Vai embora. — Senti meu rosto esquentar e o desespero me


tomar, não havia medo.

— Não, você estava quase lá, mas parou. — Tirou o paletó e


começou a arregaçar as mangas, eu estava prestes a gritar por socorro, para
que ele não me tocasse, até que suas palavras fizeram sentido. — Vamos,
Atrevida. Eu quero te ver gozar.
— Mas... — Mudei de posição, para ficar de frente a ele e tampar
meu corpo, apesar da espuma impedir que ele visse o que estava abaixo da
água. Leonel se agachou e ergueu o braço tendo a manga da camisa dobrada.

Ele iria continuar o que eu tinha começado. O pior não era sua
sugestão sem noção, mas a vontade que crescia em mim de aceitar.

Muito tempo se passou, comigo entrando em acordo com o


inevitável. O único medo que existia em mim era de não estar ao lado de
Emanuelle, o resto, eu queria experimentar da melhor forma.

Outra música soou e me fez acenar em concordância. Seu respeito


com o meu tempo me fez confiar de que ele não me faria mal, nem abusar da
liberdade que eu estava dando.

Quem eu queria enganar? Não havia racionalidade e bom senso no


que estava prestes a acontecer, eu estava ficando louca o deixando me sentir
de forma tão íntima.

Suspirei me afastando pelos dedos desconhecidos alcançando meus


lábios vaginais. Tentei não o encarar, mas ele parecia disposto a chamar
minha atenção enquanto me dedilhava, sem me estimular.

“Você levou meu coração

Me enganou desde o começo

Você me mostrou os sonhos

E eu desejei que eles se tornassem realidade


Você quebrou a promessa e me fez perceber

Que tudo não passava de mentira”

WithinTemptation - Angels

Eu estava me entregando para um homem inescrupuloso e, ao invés


de fugir, entreguei-me de bom grado à sua perversão.

Naquele momento, permiti que minha alma fosse vendida a Leonel


De Leon para que me apresentasse a um novo mundo. Sem pudor ou
julgamento, apenas sensações e a promessa de um orgasmo tão desejado.
Capítulo 10

— Hei, olhe para mim — apesar do tom brando, era uma ordem e
estava começando a aprender a ser obediente, o que era uma merda para o
meu lado independente. Enfiou um dedo em mim e chiei, estava inchada, mas
também, desconfortável por tudo aquilo. — Está pensando merda, foque em
mim.

— Pare de xingar — resmunguei, controlando os gemidos que


queriam sair, mesmo sem o ter me esfregando com força.

— Continuarei, porque sua raiva é minha motivação. — Ele abriu a


boca junto comigo, aprofundando um segundo dedo em mim. — Tão
apertada.

— Leonel...

— Atrevida. — Sorriu de forma sensual, enquanto entrava e saía ao


mesmo tempo que me esfregava com a palma. — Sabia que seria gostosa.
Quero meu pau em você.

— Oh! — Fechei os olhos, mas logo os abri, porque minha mente


quase me direcionou para o lado que me faria sair daquele clima de luxúria.

— Vou meter tão fundo e com tanta força, que você nunca mais vai
se lembrar de outro homem na sua vida que não seja eu. Vou te marcar, vou te
foder e você pedirá mais.

— Sim. Sim!
As palavras sacanas temperaram o momento. Sua habilidade nata,
em saber mais do meu corpo do que eu mesma, me levaram até o ápice e me
joguei do precipício da perdição.

Joguei a cabeça para trás, empinei meus seios até eles ficaram
acima da superfície e me entreguei ao orgasmo. Ele não parou de me
estimular, até que voltei à posição. Meu olhar inebriado o deixou satisfeito
e, ao invés de me dar um beijo ou exigir que eu retribuísse, como eu estava
acostumada com Ricardo, ele se levantou e foi enxugar o braço.

— Leo... quero dizer, Senhor Leonel? — perguntei insegura, mais


parecendo uma virgem do que a mulher dominante que eu me achava.

— Sim? — Ele voltou a manga para a posição original e me


encarou despreocupado. Abaixei o olhar para a sua virilha e ele deu uma
risada baixa. — Você não está pronta para me chupar.

— Mas nós... O que acabamos de fazer?

— Eu te dei um orgasmo. — Ele pegou o paletó do chão e o vestiu.

— Não se excitou?

— Estou de pau duro, Atrevida. Pode acreditar, está sendo muito


difícil para mim ter que parar apenas com meus dedos na sua boceta. — Ele
se aproximou com uma toalha e me levantei, percebendo o convite. Tampei-
me rapidamente e ele bufou. — Minha vontade era de te foder de maneiras
inimagináveis, mas eu não vim aqui para brincar de criminoso que compra a
advogada com o melhor sexo do mundo.

— O quê? — Abracei a toalha e me repreendi por ter ficado


animada com o pensamento comentado em voz alta.
— Estou com alguns problemas e esse apartamento deixou de ser
seguro. A casa ficou pronta, precisamos sair daqui.

— Emanuelle! — Corri até a bebê, que estava dormindo sem


nenhuma preocupação, em seu berço. — Ela está bem.

— E continuará, mas você precisa colocar uma roupa para irmos


logo.

Agindo com meu coração, obedeci esquecendo-me da vergonha de


ficar nua na frente dele. Ia colocar tudo dentro da mala, mas Leonel se
aproximou, segurando meu braço e me impedindo de continuar.

— Esqueça a bagagem e as roupas. O pessoal fará a limpa e você


terá novas coisas.

— Por que estamos em perigo? — perguntei, indo até o berço e


pegando a pequena nos braços. Leonel alisou a cabecinha dela e me
conduziu para fora do quarto.

O momento de luxúria e prazer parecia distante, que aconteceu em


uma outra vida. Apesar da situação tensa, ficaria eternizada em minha mente.

— A única coisa que você precisa saber é que ninguém derrubará


Leonel De Leon. Lumaria é minha cidade e ninguém ocupará meu lugar,
muito menos tocará na minha família.

Engoli em seco e não continuei o diálogo ao perceber que ele


estava me incluindo naquele plano. Ele tinha deixado de ser apenas um
criminoso, para se transformar em uma incógnita em minha vida.
Depois de um mês estando naquele ambiente familiar, tendo
América e a bebê como minhas companhias, já que Leonel vinha
esporadicamente, assustei-me quando vi muitos homens no hall do andar,
segurando o elevador para que entrássemos.

Mesmo que conhecesse Douglas, não me senti confortável ao seu


lado e me aproximei mais de Leonel, com sua filha ainda dormindo em meu
colo.

— Como vai, Sara? — o homem perguntou sério e apertou o botão


do estacionamento no subsolo. — A última vez que estivemos aqui, você
estava no meu colo e sangrando.

— Parece até outra vida — comentei, percebendo que Leonel tinha


ficado rígido ao meu lado.

— Como está a pequena?

— Bem.

— Parem de papo furado. Vamos para a casa segura.

— Como quiser, Senhor. — Douglas abaixou a cabeça e obedeceu,


diferente de como me portava, rebelde.

— Onde fica? — quis saber quando saímos do elevador.

— É seguro.

— Podemos ser feridas? — Estava ficando nervosa enquanto


caminhava em direção a algum carro.

— Deixe a conversa para outro momento.


— Mas, Leo...

— Depois, Sara! — Ele soltou seco e engoli o resto da frase. Por


ter Douglas por perto, preferi me manter obediente, para me soltar quanto
estivéssemos apenas nós.

Entrei no banco de trás e ajeitei Emanuelle, para que ficasse


confortável para nós duas. Fui surpreendida com o braço de Leonel ao redor
dos meus ombros e me aproximei da sua lateral, para ficarmos protegidas.

— Não me fode. Saiba seu lugar — ele rosnou perto do meu ouvido
e acenei afirmativo várias vezes.

Alguém com a postura dele e posição entre aqueles homens, se eu


tirasse sua autoridade, como fazia algumas vezes quando estávamos apenas
nós, poderia até me comprometer.

Senti seus dedos acariciarem meu ombro e a tensão foi se


dissipando. Douglas se sentou no banco do passageiro à frente, outro ficou
atrás do volante e o carro seguiu com o silêncio dominando.

Segurei minha menina com força enquanto tentava enxergar o


caminho que estávamos fazendo. A curiosidade do que acontecia fazia a
minha língua movimentar, mas a mordia, para que nada saísse da minha boca.

Demorou para chegar a tal casa segura, que mais parecia uma
mansão. O carro parou e muitos homens fortemente armados com rifles nos
escoltaram para dentro.

Meu coração acelerado deveria ter acordado Emanuelle, que


começou a chorar, mesmo estando em meus braços.
— O que ela tem? — Leonel perguntou, como sempre fazia e
parecia que era a primeira vez.

— Deve estar com fome. Onde posso me sentar para amamentá-la?

— No quarto dela. — Apontou para uma grande escadaria depois


da sala espaçosa que passamos.

Ele ainda mantinha o braço ao redor do meu ombro, até chegar ao


outro andar e abrir uma porta. Minha boca se abriu em choque, era o quarto
de bebê mais lindo e digno de revista de arquitetura.

Encontrei uma poltrona confortável de amamentação, sentei-me


apressada e, enquanto abaixava a alça do meu vestido, encarava o berço
elegante, a decoração com leões e tigres, amarelo, dourado e creme.

— Esteve fazendo tudo isso? — Suspirei quando Emanuelle pegou


no meu peito e sugou com força. — Lindo.

— Vai precisar de algo? — questionou, indo para a porta.

— Já vai?

— Sim, tenho que resolver algumas coisas. Tem roupas no closet e


pedirei para trazer água e comida. Fique por aqui até eu voltar.

— Tudo bem. Leonel? — ousei chamá-lo sem o pronome de


tratamento. Ele se virou e me encarou com preocupação, não me corrigiu. —
Obrigada.

Vi a sombra de um sorriso antes dele fechar a porta. Meu


agradecimento envolvia muito mais coisa e eu não estava sabendo lidar com
os sentimentos que inundavam o meu peito.
Capítulo 11

— Coloque o dobro de soldados para cuidarem da mansão —


ordenei para Douglas assim que saí do quarto e deixei as duas. Com passos
largos, em direção à saída da casa, repassei minhas ordens.

— Sim, senhor.

— Os mais confiáveis e que estão há mais tempo comigo.

— São esses que estão aqui.

— Traga América e a coloque em um dos quartos dos empregados,


sem entra e sai. Ninguém pode tocar nelas.

— De acordo.

— Aquela família não terá a bebê de volta. Não me importo com o


quanto eu gaste ou o que seja necessário sacrificar. — Parei próximo da
porta. — As duas serão intocadas.

— Ok. — Voltamos a andar, eu tinha que ir para o escritório falar


com meu informante. — A advogada vai se tornar sua mulher?

— Emanuelle e Sara são minhas. MINHAS! — Dei um passo em


sua direção e ficamos nos encarando do lado de fora da residência. — É o
suficiente para tratar delas como se fossem uma extensão de mim.

— Como o leão.
— Como todos que estão nesse terreno. Aqui é minha casa, meu
refúgio e ninguém vai estragar o que construí.

— Sim, senhor. — Acenou afirmativo várias vezes e voltei a andar


em direção ao carro.

Sentei-me no banco de trás, olhei para o lar que eu visitava apenas


nos momentos de solidão e me perdi no passado. Ao som da música baixa e
melancólica, revivi momentos que foram decisivos para a minha ascensão.

“Não me chame de filho pródigo

Porque eu não vou voltar

Eu vou fazer isso sozinho

Deixe-me andar meu próprio caminho”

Blacktop Mojo – Prodigal

Eu não sabia quem era meus pais biológicos. Fui criado pelos De
Leon, uma família de políticos e empresários famosos do país. Quem ouvia o
sobrenome, reverenciava não só as pessoas que faziam parte daquele legado,
mas do quanto eles contribuíram para a sociedade, principalmente em
Lumaria.

Limpei muita merda, aprendi a tratar de flores, do jardim e de


pequenos reparos na casa. Não fui para a escola e nem precisei, porque
Dona Maria me ensinou tudo o que eu precisava para ser um homem. A
esposa do magnata Tadeu De Leon era uma boa mulher, mas tinha ambições
sem limites.

Aprendi a ler, escrever, ter malícia e a mandar. Quando ela achou


por bem, me tornar um homem de verdade, eu não sabia o que estava
fazendo, mas aproveitei cada segundo.

Minhas percepções de vida começaram a mudar. Os valores que


aprendi com as faxineiras e outras empregadas da casa se distorceram e eu
acreditei que alcançaria o topo do mundo,

O homem que me adotou e me deu um lar me pegou em flagrante


comendo sua mulher. Ele tentou nos matar, mas só teve sucesso com a
esposa. Para me defender, tive que revidar.

Para sobreviver, me assumi como sobrinho distante, falsificando


papéis e usurpando a identidade de uma família da qual eu não fazia parte. A
cada dia que passava, eu me permitia aceitar o destino e ampliei os
negócios. Com menos de trinta anos, alcancei o respeito de todos e tive o
controle de muitas vidas em minhas mãos.

Minha trajetória foi uma merda, a de Emanuelle não precisava ser


igual, mesmo que fosse uma Camargo. A briga pelo poder com essa família
sempre existiu e, com as atitudes maliciosas dela contra mim desde que
assumi a frente dos negócios, permaneci sendo um rival.

Pisquei o olho várias vezes para retornar ao presente. Eu tinha um


mantra, que naqueles momentos tensos, repetia em minha mente: Sou Leonel
De Leon, tenho trinta e nove anos e comando Lumaria.
O carro parou, saí com pressa e andei pelo estacionamento
subterrâneo do meu prédio comercial principal. Escoltado por Douglas e
outros três soldados, observei meu braço direito mexendo no celular e com a
testa franzida.

— Diga. — Entrei no elevador e eles vieram juntos.

— Uma briga no Bar Cavielli. Não acho que tenha relação com o
que está acontecendo no momento, mas pedi para um dos nossos ir averiguar.

— Todos os Camargos sabem que ele é um dos nossos.

— Eu sei, mas...

— A cidade não é feita só desse lixo.

— Sim, senhor. Irei averiguar melhor, para que nenhuma ponta solta
fique sem o nosso conhecimento.

— Me mantenha informado.

O elevador abriu as portas no andar, caminhei até a minha sala no


fim do corredor e não cumprimentei o informante, que me esperava cercado
pelos meus homens. Dispensei quase todos com um aceno de mão antes de
me sentar na cadeira atrás da mesa. Fiquei apenas com Douglas, Reniel e
Jonas.

Fiz a leitura corporal do indivíduo. A perna se mexendo


freneticamente indicava o tamanho do seu nervosismo. Por não parar o olhar
em uma direção, ele poderia estar prestes a me contar uma mentira ou estava
temendo morrer por ser o mensageiro de péssimas notícias.
— Vai continuar calado ou precisa de um estímulo para falar? —
soltei sério e recostei-me na cadeira confortável em que eu estava.

— Senhor Camargo está desconfiado. Eu... não queria voltar para


ele.

— Mas vai, porque você é meu informante. Ou já se esqueceu do


que fiz para você e sua família? Quem conseguiu que suas irmãs fossem
morar no exterior, tendo um bom emprego?

— Merda. Porra! — xingou baixo e encarou Douglas. — Eu não


quero morrer.

— Veio aqui para chorar ou contar o que sabe sobre a bebê que
encontramos na casa de Bento Camargo? — Douglas o questionou com tédio.

— Eles não gostaram de saber que você está com a bebê. — Virou-
se para mim e as mãos dele começaram a tremer. — Ouvi que precisam dela,
que tinha de ser recuperada. Estão vasculhando a cidade, em todos os
lugares.

— Quem são os pais? — perguntei, incisivo.

— Não sei.

— Você está na casa de Guilhermo Camargo, escuta que eles


precisam da bebê, mas não sabe de onde ela veio? — Bati na mesa, fazendo
com que ele pulasse da cadeira. — O que você não está contando?

— Eu... é sério, Senhor De Leon. O que escutei, veio das faxineiras,


que passaram pela cozinha. Nã-não posso dar bandeira. Tenho...
— Então, essa informação pode ser apenas fofoca da criadagem. —
Bufei irritado e Douglas deu um tapa na nuca do rapaz, que foi para frente e
gemeu de dor. — Bebê encomendado? Por um acaso, tem algum Camargo
com porra fraca e não consegue engravidar uma mulher? Quem ficaria com a
menina?

— Também não sei. Ouvi que eles têm prazo, precisam achar a
bebê. Eles vão matar um por dia, se não acharem. — Passou as mãos pelo
cabelo e estremeceu. — Me tirem de lá, por favor.

— Não merecem as mães que os pariram. — Neguei com a cabeça


por raiva. Na minha mente, mil e uma teorias se formaram sobre a
necessidade de encomendar um bebê. Barriga de aluguel, uma traição ou
apenas capricho. Se eu era perigoso, a família Camargo era cruel e
dissimulada. A minha extravagância nunca chegaria aos pés da podridão que
vinha daqueles que carregavam o tal sobrenome.

— Se é que elas não são tão ruins quanto — Douglas rebateu e o


encarei furioso.

— O foco é descobrir de onde ela surgiu e por qual objetivo. O


resto, quero que se foda, porque a bebê agora é minha. Farei melhor do que
esses putos do caralho. — Apontei com o queixo para a porta. —
Dispensado.

— Vamos! — Douglas o levantou com a mão no braço dele.

— Por favor, me tire de lá. Eu não quero morrer.

— Descubra o que preciso. O pagamento para proteger as suas


irmãs, é o seu sacrifício. Assuma as consequências!
O homem resmungou um pouco mais, Jonas também saiu do
escritório e me deixou sozinho, para que eu pudesse refletir sobre o próximo
passo.

Que Emanuelle era um tesouro e valia muito mais do que o dinheiro


pudesse pagar, isso era real, mas... por que tinha prazo de validade?

Mesmo sem as respostas, uma decisão já tinha sido tomada, a


família Camargo iria pagar.
Capítulo 12

Meu cabelo foi mexido e abri os olhos, me deparando com Leonel


sentado à minha frente. Preocupada e cansada, acabei dormindo com a
pequena Emanuelle na cama que tinha em seu quarto.

— Oi. — Tentei me levantar para encarar o empresário do crime.


— Está tudo bem?

— Parte foi resolvido, agora quero tomar café da manhã. — Olhou


de mim para Emanuelle e franziu o cenho. — Ela já fica na cadeirinha?

— Não. — Bocejei e me espreguicei, sorrindo para a dúvida dele.


Apesar de querer ser o pai, estava mais perdido do que tarraxa de brinco no
meio de brinquedos. — Vou tomar um banho, é o tempo dela acordar e
podemos descer. Pode ser?

— Eu fico com ela — falou com o tom de comando de sempre.

— Obrigada.

Saí da cama e o observei, pela minha visão periférica, que tirou o


paletó e se deitou ao lado dela, velando seu sono. As mãos não pararam
quietas, tocando seu cabelinho ralo, a barriguinha e analisando os dedinhos
das mãos.

Senti saudades daquela que não pude ter. A culpa e arrependimento


de ter entregado o corpo do meu bebê para salvar outro pesou. Antes que eu
começasse a chorar ou surtar, fui até o closet, peguei um vestido e encontrei
lingeries parecidas com as que eu usava.

De um lado, as roupas da bebê e do outro, as minhas. Acreditava


que ele me queria presa naquele ambiente. Por mais que fosse lindo e
confortável, um mês apenas cuidando de Emanuelle estava me fazendo
desequilibrar.

Sempre trabalhei e trinta dias eram o suficiente para as férias anuais


merecidas. Mais do que isso, iria despertar a mulher insatisfeita que havia
em mim.

Entrei no banheiro espaçoso, tanto quanto do apartamento. Tinha a


banheira infantil e um trocador, tudo parecia perfeito demais. Emanuelle se
tornaria a princesa De Leon e orava para que o pai adotivo não a
influenciasse para ser uma criminosa.

Fechei a porta, tirei minha roupa e entrei debaixo da ducha. Ao


ensaboar meu corpo, lembrei-me do que Leonel fez comigo e a proximidade
que tínhamos ganhado. Não era físico, mas emocional. Sua habilidade e
despudor em me dar alguns minutos de prazer e lidar com isso como se fosse
uma troca de fralda causou um rebuliço nas minhas entranhas.

Eu era uma mulher da lei, não deveria estar cogitando um


envolvimento profundo com o criminoso mais poderoso de Lumaria. Mesmo
que ninguém o indiciasse, todos sabiam que aquele homem mandava na
cidade, além de ser impiedoso com os inimigos.

Respirei fundo quando meus dedos tocaram minha vagina e a


memória do orgasmo fez meu corpo se arrepiar. Olhei para a porta e
fantasiei que ele invadisse, novamente, meu espaço pessoal e me levasse à
loucura.

Não sabia o que era pior, um relacionamento fracassado com


Ricardo, alguém que era do meu mundo, ou uma paixão pelo bandido. A
música da Britney Spears, Criminal, invadiu minha mente e comecei a cantar
o refrão:

“Mas, mamãe, eu estou apaixonada por um criminoso

E esse tipo de amor não é racional, é físico

Mamãe, por favor não chore, eu ficarei bem

Pondo a razão de lado, não posso negar, eu amo aquele cara”

Escutei Emanuelle chorando, terminei o banho rapidamente, me


sequei e vesti a roupa com velocidade. Quando abri a porta, Leonel a tinha
no colo, andando pelo quarto. Enquanto ele a chacoalhava, a pequena
chorava desconsolada.

— O que ela tem? — perguntou, desesperado, como sempre fazia


quando ela queria se comunicar.

— Já olhou a fralda?

— Precisa chorar por conta de... — Ele inspirou profundamente e


fez uma careta. — Acho que ela se sujou.
— Sim. Eu ainda não troquei desde que chegamos. — Peguei o kit
de troca, fui até a cama e Leonel a colocou em minha frente, como se eu
fosse fazer o procedimento. — Aonde vai?

— Eu estou aqui.

— Vamos lá. Você precisa aprender a fazer isso também. —


Posicionei-o em meu lugar, peguei suas mãos e coloquei em cima do
corpinho de Emanuelle. Ela estava apenas resmungando e mexendo as
perninhas no momento. — Pronto.

— Você está aqui para isso — resmungou e começou a tirar o mijão


das perninhas dela.

— Acho que você deixou bem claro que eu não sou eterna e
Emanuelle não é minha — joguei suas palavras contra ele, que me encarou
feroz. Eu amava aquela bebê, ela era parte de mim, mesmo que minha boca
falasse o contrário. — Além do mais, ter um filho e nunca trocar fralda, é a
mesma coisa que burlar as leis.

— Eu faço as minhas próprias regras.

— E eu sigo os dois lados. Vamos, é uma experiência única. —


Tirei alguns lenços umedecidos do pote e lhe entreguei. Ele buscou como
abria a fralda, virou Emanuelle de um lado, depois outro, então mostrei a
ponta saliente para ele puxar.

— Como aprendeu isso?

— Vendo outras mães fazerem, na propaganda, pela Internet.


Sozinha. — Dei de ombros e ele resmungou do que viu.
— Merda.

— Literalmente. Vamos lá, Leonel. Você enfrenta tiros de fuzis e


está com medo de uma fralda suja?

Percebi que tinha pisado no calo dele, porque me direcionou um


olhar raivoso, pegou os lenços e começou a limpar. Usou o triplo de material
necessário, mas o deixei seguir seus instintos. A visão de um homem grande
como ele, que exalava poder e não parecia se submeter a ninguém estava
abolindo todos os meus julgamentos a seu respeito.

Aquele que estragou o meu jantar de aniversário de namoro com


Ricardo mais parecia um anjo salvador. Estava sendo engraçado perceber
que um momento triste do passado se tornava em livramento.

— Aqui. — Entreguei-lhe a fralda nova, ajudei-o a tirar a suja e


fechar. Ele passou mais um lenço umedecido na bebê e não me deixou
assumir o resto.

— Como faz? Só diga.

— Erga as perninhas com uma das mãos enquanto empurra a fralda


aberta com a outra. Suba a parte principal, veja se não tem nada dobrado e
puxe o adesivo das laterais. Não aperte muito, só o suficiente para ficar
firme, para não a machucar. O corpinho dela é sensível.

— Como vou saber se não a machuquei? — Fez como eu falei, mas


hesitou na hora de fechar o segundo lado.

— Ela vai falar. — Ele me encarou confuso e sorri. — Se


incomodar, ela vai chorar. Se tem uma coisa que bebê não faz, é sofrer
calado.
— Certo. — Fechou o body, pegou o mijão e ia colocar errado, mas
corrigiu antes de subir tudo.

Emanuelle, em agradecimento, sorriu e fez gracinhas com as mãos e


pernas. Estalei a língua e ela continuou com suas fofurices. Leonel a pegou
no colo, com as mãos nas suas axilas e a ergueu. O homem sorriu, conversou
sem palavras com a bebê e me encheu de amor ver aquela cena.

— Não importa o que digam, filha. Você é minha, uma De Leon.


Ninguém vai te tirar de mim, nem se seus pais biológicos aparecerem.

Tomei um banho de água fria, porque me senti roubada. Nenhum pai


ou mãe merecia que outro tomasse sua cria, era crueldade demais. Sentei-me
na cama, tomada por tristeza e os dedos de Leonel fizeram minha cabeça se
levantar. Com a filha firme em um braço, ele me dominou com apenas um
olhar.

— Ela teria um destino muito pior do que ser criada por mim. Tudo
indica que os pais dela estão mortos, mas se não estivessem, eu o faria, por
ter deixado esse ser inocente em um quarto, sozinha, com três pessoas
mortas. Se eu não tivesse chegado a tempo, tenho certeza de que até ela
estaria sem respirar.

— Isso o torna um homem bom?

— Não confunda as coisas, Sara. Eu salvei Emanuelle, mas


continuo sendo Leonel De Leon, o dono de Lumaria.

Arriscava dizer que, do seu jeito torto, ele também estava me


salvando.
Capítulo 13

América estava na cozinha junto com Milena, outra funcionária de


Leonel. Tendo pessoas por perto, tomei outra postura e não o chamei de
forma mais íntima. Percebi que, ao usar o pronome na frente de todos, ele
confiou na liberdade que tínhamos quando estávamos só nós.

Emanuelle estava mamando em meu peito enquanto eu tentava


separar os alimentos com apenas uma das mãos. Depois que derrubei suco
na mesa, Leonel tirou as coisas de perto de mim e me serviu.

— Quer mais alguma coisa? — perguntou, seco.

— Obrigada. — Peguei a caneca e assoprei o café. — Posso


perguntar se descobriu alguma coisa sobre os pais de Emanuelle?

— Sim e não. — Colocou um pedaço de melão na boca e mastigou.

— O que isso quer dizer?

— Ela é uma Camargo. — Engoli em seco e ele percebeu que


reconheci o sobrenome. — Você conhece algum deles, além do babaca que
estava com você no meu restaurante?

— Talvez. Nem todo mundo com esse sobrenome é parente.

— Depende do ponto de vista. Guilhermo Camargo tem muitos


bastardos. Todos eles são peões na sua tentativa de destruir De Leon. —
Larguei a caneca e abri a boca em choque. Caramba, ele estava falando do
avô de Ricardo, pai da mãe dele. — Quem é?
— Esse é um nome conhecido na cidade. O grande promotor
Guilhermo Camargo. Grande parte da família segue na área jurídica. Se não
sabe, eu sou advogada.

— Sara Benildes, segunda filha de Domenico e Luciana. Advogada


contratada há cinco anos na Rubens & Fonseca. Vinte e cinco anos. Fazendo
os cálculos, podemos deduzir que você é superdotada por estar na área
desde os vinte.

— Comecei como estagiária e depois que me formei, me deram uma


oportunidade. — Engoli em seco o medo que queria me dominar, por ele
saber tanto sobre a minha vida. — Deveria saber, já que tem minha ficha
completa.

— Tem algo para esconder, Sara?

— Muito menos do que o Senhor. — Tentei me manter no páreo


daquele embate.

— Você está tomando café da manhã com alguém que não segue as
mesmas leis que você. Alguns acreditam que sou criminoso, outros adoram
me colocar como demônio. Eu me considero chefe de uma organização com
princípios diferenciados.

— Essa é a descrição de máfia.

— Sim. — Deu de ombros e colocou um morango na boca. Leonel


estava confortável em conversar sobre aquele assunto, salientando o quanto
ele estava confortável na vida que escolheu. — Me colocar dessa forma me
torna ainda mais poderoso. Lembrando os filmes e livros sobre o tema,
aqueles que estão no topo são intocáveis.
— Ninguém é invencível.

— Não, mas podemos ser eternos, deixando um legado. — Indicou


com o queixo para Emanuelle, que tinha dormido com o peito na boca.

— Normalmente, dizemos isso quando compartilhamos o DNA.

— Da mesma forma que eu não tenho nada de Maria e Tadeu De


Leon. — Balançou a cabeça e percebeu que tinha me dado algo a mais do
que estava disposto a entregar. Nunca imaginaria que ele era adotado. — Já
terminou?

— Não. Você poderia ficar com Emanuelle para eu ser mais rápida?
— Ajeitei minha roupa sem perturbar o sono da pequena.

—Tem que aprender a fazer as duas coisas ao mesmo tempo. Ela é


minha filha, mas você cuida dela.

— Pronto, Senhor. — Larguei tudo e me levantei, irritada por


aquela pressão. — Mais alguma coisa?

— Coma.

— Perdi a fome.

— Mas precisa se alimentar bem para que o leite seja nutritivo para
Emanuelle.

— Compenso no almoço. — Segui para a sala e o percebi me


acompanhar.

— Fique no quarto enquanto eu estiver fora. Para a segurança das


duas.
— Cárcere privado mudou de nome? — rosnei, baixo para não
atrapalhar a bebê em meus braços. Encarei Leonel, que parecia impassível.
— Um mês focada apenas em Emanuelle. Tentei me distrair na cozinha, você
me proibiu. Mudamos de localização, onde poderei andar e não surtar, você
me quer dentro de um cômodo? Tomar sol e estimular o bebê faz parte de
cuidar dela. É um conjunto!

— Em que momento do caralho você achou que tinha voz para


discutir comigo? — O tom ameaçador me fez encolher. — Posso arranjar
outra ama de leite para a minha filha, caralho.

— Não use essas palavras perto dela. — Abaixei a cabeça e


desviei dele, indo para o quarto como ele mandou. Segurou em meu braço e
nos encaramos, meus olhos estavam cheios de lágrimas não derramadas.

Pressionei os lábios, eu não queria me sentir tão lixo e submissa,


mas estava seguindo na mão contrária das minhas idealizações. Sem apoio
familiar e tendo uma gestação solitária, eu me transformei em outra mulher.

— Minha vida mudou no dia que dei à luz um bebê que não
sobreviveu. Mas tenho Emanuelle e estou lidando com um assunto de cada
vez. Sinto muito pela forma que tratei o Senhor. Vou para o quarto.

— Faça o que achar melhor para Emanuelle, a casa está protegida e


poderá andar com ela ao redor. Com você, eu me resolvo depois.

Queria avançar com unhas e dentes naquele semblante safado. Ele


me deu liberdade e muitas opções, além de prometer que viria para mim,
com intenções sexuais, em outro momento. Se não fossem as memórias que
ele me deu naquele dia de manhã, eu teria chutado as suas bolas.
Mas Leonel De Leon não sabia ser um companheiro, apesar de
demonstrar, de formas deturpadas, que ele queria aprender. Entendia sua
necessidade de nos proteger, mas como sempre mandou nas pessoas que
estavam ao seu redor, ele achou que seria igual comigo.

Poderia não ser sua esposa, nem a mãe da sua filha, mas eu era
diferente dos seus funcionários. Mandar não funcionaria comigo, mas
sugestões, com certeza, trariam harmonia para o nosso relacionamento.

Seria possível me envolver com um criminoso e não me corromper?


No momento, eu só queria ser mãe e tentar retomar as rédeas da minha vida
pessoal e profissional.

Surpreendi quando me aproximei, deixei um beijo no canto da sua


boca e me afastei. Ele me soltou e seu olhar, mesmo que não estivesse
vendo, queimava minhas costas e aquecia meu corpo. Sua promessa de lidar
comigo depois alimentou minha imaginação.

Entrei no quarto da bebê, coloquei-a no berço luxuoso, cheio de


leões, tigres e detalhes dourados. Eles eram os reis, disso ninguém discutia.

Fui para a janela e observei os funcionários cuidarem do jardim


enquanto outros rondavam com armas a tiracolo. Apoiei minha cabeça no
vidro e suspirei, lembrando que a família Camargo era rival de De Leon.
Não me lembrava de nenhuma conversa suspeita, mas o medo de Ricardo,
naquele dia que fomos interrompidos, fez uma peça do quebra-cabeça se
revelar.

Algumas pessoas eu conhecia pela fama, era o caso de Leonel.


Convivendo com ele por esses dias, me fez encará-lo de outra forma. Então,
o mafioso me deu a preciosa informação de que não era filho de sangue de
Tadeu De Leon, que eu achava que era o seu pai.

Saí de onde estava, verifiquei Emanuelle e fui para a cozinha, eu


olhava ao redor preocupada de que Leonel pudesse me parar e mandar de
volta para o quarto. Minha ida até aquele canto da casa seria breve, apenas
para conversar com as funcionárias da limpeza, sobre comida e os livros.

Encontrei apenas Milena, que demonstrou seriedade quando me


aproximei.

— O Senhor informou que não seria permitida sua presença aqui.

— Tudo bem, eu lidarei com ele. — Virei a cabeça, incomodada


com a segunda impressão sobre aquela mulher. — América está por aqui?

— Nos fundos. Eu informo que a procura. Pode voltar para o


quarto.

— Tem algum problema comigo? — Cruzei os braços e franzi a


testa.

— Não. Apenas sigo ordens. — Ela escondeu as mãos e pela ação


involuntária, fazendo a leitura corporal, percebi que escondia algo... ou era
apenas uma mentira.

— Tudo bem, obrigada. Vou aguardar América no quarto de


Emanuelle.

Voltei correndo para minha “cela” de luxo, joguei-me na cama e


senti falta de um celular, a caixa de som emprestada ou um livro. Odiava o
tédio ou ficar parada, mas era a minha única companhia no momento.
Capítulo 14

Leonel apareceu na casa, teve um momento com a filha, mas não


trocou muitas palavras comigo. Ao invés de me distanciar emocionalmente,
cada vez mais sentia carência e ansiava por ele aparecer de madrugada, para
me tocar e mostrar o que mais sabia fazer com o corpo feminino.

Ter muito tempo para pensar me transformou em uma sonhadora sem


limites. O bom senso deixou de existir na minha vida quando aceitei a
proposta feita por Douglas, enquanto eu me recuperava da analgesia.

Encontrei um bebê-conforto em um canto do closet e levei


Emanuelle comigo até a cozinha. Decidida em colocar minhas mãos para
trabalhar, nem que fosse para misturar farinha e água, eu iria fazer.

— Hoje a mamãe vai fazer uma arte — murmurei para a bebê antes
de sair do quarto. Ela estava animada, aquela posição mais sentada e livre
para mexer braços e pernas a animou. — Você gostou, não é mesmo?

Fez barulhos felizes e aceitei como uma resposta afirmativa. Desci


a escada, cheguei à cozinha e ignorei o olhar de reprovação de Milena. Tudo
o que eu fazia, ela tinha algo para me criticar. América defendeu a colega,
dizendo que tinha medo do Senhor Leonel. Todos os funcionários tinham,
mas apenas ela me tratava como se fosse um inseto voador.

— Pronta para ter companhia, Milena? — Coloquei a bebê em cima


da mesa e conferi se com os movimentos dela, o bebê-conforto pudesse cair.
Estava seguro, a força que minha filha tinha não ultrapassava alguns gritinhos
animados.

— Fui orientada a ter apenas América lidando com a comida.


Questão de segurança.

— Sabia que responderia isso. — Pisquei um olho com ironia para


ela e fui à dispensa pegar os ingredientes para uma massa de pão caseiro. —
Farei apenas para mim, se te preocupa que envenene a comida do patrão. —
Coloquei o que coube nas minhas mãos em cima do balcão e América
apareceu. — Olá!

— Não aguentou? — ela perguntou, divertida, enquanto seguia para


os fundos. — Quer ajuda?

— Não, Milena se disponibilizou. — Ri quando América franziu a


testa confusa. Revirou os olhos e continuou se distanciando quando percebeu
que eu estava brincando.

— A senhora pode não ter medo de morrer, mas eu sim. Tenho


família e filhos para cuidar. Farei de tudo para os proteger — Milena
rebateu séria e continuou com seus afazeres na cozinha.

Fui para a dispensa novamente e refleti sobre suas palavras. Ela


parecia muito desesperada e aquele tipo de declaração dava brecha para
muitas interpretações.

— A caixa de som está por perto? — perguntei, alto.

— Em cima do armário.
Voltei com os ingredientes e os coloquei em cima do balcão
disponível. Antes de começar com a mistura, liguei o som e escolhi uma
música para me acompanhar. Ignorei a funcionária chata e lidei com minha
bebê animada enquanto a massa ficava pronta.

“Antes eu achava que precisava de um cara

Para me ajudar a navegar nesta vida assustadora

E cada vez que eles partiam meu coração, eu pensava que iria
morrer, mas sobrevivi

Sim, estou vivinha”

Bebe Rexha – Die For a Man (feat.LilUziVert)

Era um hino de libertação, por mais que meu coração quisesse fazer
muito mais do que estava disposta, por um homem.

Fiz gracinhas e sovei a massa de pão até que ela chegou no ponto.
Dancei para animar minha menina e senti minha alma mais leve por ter feito
algo além de apenas respirar.

— Gostou, meu amor? Quando você crescer, vamos fazer juntas.


Muito bolo, cupcake e cookies.

— Ela está ficando tão linda. — América ficou ao meu lado e fez
barulhos com a boca para chamar atenção dela. — Então, vai ficar conosco
por tempo indeterminado?
— Não sei. — Dei de ombros, mas dentro de mim, tinha a certeza
de que não me separaria de Emanuelle tão cedo. — Gosto de aproveitar
cada minuto com ela.

— Está fazendo planos.

— Faz parte. Assim, eu estimulo a criatividade dela. — Rimos


juntas, eu estava inventando uma resposta. — É barulho do portão?

— Sim, acho que o Senhor Leonel está chegando.

— É melhor que volte para o quarto — Milena entrou na conversa e


me virei para ela com um sorriso falso.

— Ou o quê?

— Alguém tem que pensar com clareza nessa cozinha. Nossa rotina
não funciona desse jeito. América, faça ela ir.

— Sara é diferente, deixe que lide do jeito dela. — A mulher que


eu simpatizava sorriu para mim. — Quer conversar com o patrão? Eu fico
com Emanuelle.

— Acho que isso vai além do que o Senhor Leonel está disposto.
Eu sou a única que fica com ela.

— Entendi. Qualquer coisa, estou à disposição.

— Sara! — o dono da casa esbravejou de algum canto. Antes que


eu pudesse ir até ele, apareceu na porta da cozinha, conferiu o ambiente com
olhar selvagem e parou em mim. — Venha para o escritório. Agora! Deixe
Emanuelle com América.
O olhar de ameaça para a mulher fez minha alma gelar. Além de
pagar a língua, ele não parecia em um bom humor e estava estragando meu
momento feliz.

— Já volto, meu amor — murmurei para minha filha e me apressei


para seguir Leonel. Ainda não tinha explorado todos os cômodos da parte de
baixo, apenas os quartos no andar de cima.

Bati na porta, coloquei a cabeça para dentro e o observei abrir o


paletó e se sentar atrás de uma mesa elegante. Existia um quadro enorme, de
um leão com o pé em cima da sua presa, demonstrando dominância e poder.
Minha atenção foi para a estante cheias de livros com mesma cor de
lombada, deveria ter muitos volumes históricos ou clássicos para explorar.

— Consegue ouvir Emanuelle daqui se chorar? — perguntou sério e


acenei com a cabeça. — Ótimo. Venha até mim, Sara.

Estranhei seu convite, mas o obedeci sem hesitar. Com as pernas


abertas e cadeira virada de lado, ele esperou que eu desse a volta na mesa e
ficasse à sua frente.

Fui puxada para o seu colo, Leonel afundou seu rosto nos meus
seios e meu corpo estremeceu pelo contato. Seus braços apertaram minha
cintura e eu me derreti com aquele carinho inesperado. O jeito dele de
demonstrar carência era bem diferente do usual. Bem, se tratando de Leonel
De Leon, tudo era fora do padrão.

— Preciso foder. — Inspirou profundamente e minha vagina se


contraiu com sua declaração crua. — Me deixa te comer, Sara.
— Oi... como assim? — Eu tinha entendido, só precisava entender
qual caminho era aquele que estávamos seguindo.

— Como você quer chamar? Sexo? Trepar? Coito?

— Entendi isso, mas...

— Quero a sua boceta, tocar bem fundo e te fazer gozar mais uma
vez. Também quero sua boca no meu pau e em todos os outros lugares que
pudermos sentir prazer. Vai ser bom.

— Você convence as mulheres a transar com essas palavras?

— Eu pago para que não precise conversar ou ter que olhar para a
cara delas depois, Sara. Convivi com você tempo demais, agora eu não
quero só que seja a ama de leite da minha filha, mas que lide comigo
também.

— Ou seja, uma puta que alimenta pai e filha. — Tentei sair do colo
dele, mas não me deixou, seus braços eram muito fortes. — Me solta.

— Só depois que concordar.

— Estamos no limite entre o abuso e o bom senso.

— Você teve a oportunidade de ir embora. Ficou e se rebaixou ao


tratamento que venho te dando. Gostou do meu toque. Me olha como se
implorasse pelo meu pau.

— Suposições.

— Eu leio as pessoas. — Inclinou a cabeça e me desafiou com o


olhar. O filho da puta era sagaz e apertava os botões certos do meu juízo. —
Ou estou errado? — Riu com deboche. — Nem resistência está fazendo para
se livrar de mim.

— Não vou transar com você nesses termos, Leonel.

— Você gostou do orgasmo que eu te dei. Se tivesse sido ruim, teria


parado ou reclamado. Sei que você me quer também. Unimos o útil ao
agradável, Atrevida. Qual o problema de ultrapassar alguns limites?

— Eu... mas... — Fiquei sem fala, porque meu bom senso estava
dando adeus e deixando a luxúria tomar conta. — Sou Sara Benildes,
advogada e não transo em troca de dinheiro.

— Ótimo. Eu aceito a sua boceta de graça. — Ele me virou de lado,


colocou minha bunda mais próxima da sua virilha e senti sua ereção. — Eu
não imploro — demonstrou impaciência pelo meu silêncio, contradizendo
suas palavras.

Optei por aproximar meus lábios do dele, que abriu a boca e me


devorou. Suas mãos me apertaram de forma voraz, ele parecia estar subindo
pelas paredes e eu era a única mulher próxima para satisfazê-lo.

Abracei seu pescoço e inclinei a cabeça para me deliciar do seu


sabor de café e sua língua apressada. Antes que eu pudesse mudar de
posição, nós dois paramos ao ouvir o choro de Emanuelle, nos levantamos e
corremos para a cozinha.

América tinha o bebê-conforto em mãos e estendeu para mim


quando nos viu. Leonel me surpreendeu ao tirar uma arma do coldre da
cintura e apontar para a funcionária.
— Não! — gritei, desesperada, Emanuelle chorou um pouco mais e
meu coração quase pulou do peito.

— Eu... eu estava levando... eu ia... — a mulher gaguejou.

— Está tudo bem. Tudo bem. — Segurei o bebê-conforto com uma


das mãos e abracei Leonel com o outro braço. Nós dois suspiramos, estava
tudo bem, foi só um susto. Ele guardou a arma e olhou para a filha, tirou-a do
cinto e a pegou no colo, se afastando de todos nós.

América deixou lágrimas escorrerem e acenou afirmativo para mim.


Retribuí seu apoio com tristeza, porque Leonel De Leon estava disposto a
matar qualquer um que estivesse no caminho da sua filha.

Extremo e intolerante, ele faria pior comigo se eu não fizesse o que


ele queria. Tinha sido submissa demais no relacionamento com Ricardo. Se
outro homem surgisse em minha vida, eu não o deixaria me controlar, não
importava o quão perigoso ele era.

Cega e iludida, a verdade era que eu queria ter uma noite com
aquele homem protetor e apaixonado pela filha. Leonel me conquistou com
seu jeito distorcido de agir, mas autêntico. Não havia segredos ou mentiras,
era um homem cruel, sem medo de expor suas nuances.

Era fato, eu estava permitindo que as histórias se repetissem. Uma


intervenção especializada se fazia necessária, antes que nenhum psicólogo
ou psiquiatra pudesse me ajudar.
Capítulo 15

Procurei Leonel pela casa e encontrei Emanuelle dormindo em seu


berço. Optei por ficar no quarto, preocupada com a repercussão do que
aconteceu naquela manhã. Até a massa de pão ficou esquecida.

No almoço, América apareceu com a comida e o meu pão assado.


Percebi que ela não queria falar sobre o acontecido, já que tinha olhar baixo
e apenas murmurou palavras educadas.

O homem não poderia apontar uma arma para cada vez que a bebê
chorasse no colo de outra pessoa. Imagine ela ir para escola e cair no
recreio? Nem queria imaginar, minha mente já estava bagunçada o suficiente
para lidar com o beijo e a proposta indecente vinda de Leonel De Leon.

Passei o dia como sempre fazia, dando o meu melhor para que o
tédio não me enlouquecesse. Próximo de escurecer, dei um banho em
Emanuelle e me sentei na poltrona de amamentação para lhe oferecer o
último leite antes de dormir à noite. Ela era uma bebê comportada, que já
tinha os horários bem estabelecidos.

A porta do quarto foi aberta e Leonel apareceu, tirando o paletó e


desfazendo o nó da gravata. Fiquei em silêncio e observei o homem se
comportar como se estivesse no próprio canto, com intimidade de um casal.

— Boa noite — cumprimentou com um sussurro, tendo o tom seco


como companhia.

— Olá. Tudo bem? — perguntei, branda.


— Sabia que é a única que me faz essa pergunta? — comentou,
tirando o cinto, se desfazendo dos sapatos e dobrando as mangas da camisa.
— Eu só não gosto que ela chore.

— É a forma dela de comunicar.

— Você já me explicou, mas eu não aceito e fico irritado. Dói. —


Colocou a mão fechada no coração e se aproximou de mim. — Quero o
melhor para Emanuelle.

— Deixar chorar faz parte dela aprender a lidar com a frustração.

— Eu quero protegê-la.

— Não somos capazes disso, mas fazemos o nosso melhor. Todos


os pais sofrem por não poderem blindar os filhos das crueldades do mundo.
— Engoli em seco e o observei se ajoelhar para cheirar a cabecinha dela.
Havia algo cruel para ser dito e não poderia omitir. — Você tem medo do
que pode acontecer com ela, porque é uma ameaça na vida de outras
pessoas. — Ele me encarou surpreso.

— O que quer dizer com isso?

— Nada, Leonel. Estou cansada, quero dar mamá para Emanuelle e


dormir. O dia foi tenso e só quero começar de novo.

— Eu matarei se alguém machucar minha filha.

— Usar uma arma não resolve todos os problemas.

— Foi assim que consegui o poder que tenho.


Mas é sozinho, tem valores distorcidos e, mesmo que os outros o
vejam poderoso, é inseguro. Queria dizer, mas guardei as palavras para
mim, porque Emanuelle sugou com força e meu olhar tentava desvendar o
que ele queria me entregar, por trás daquele silêncio.

Ficou naquela posição, me observando e acariciando a filha até que


terminei de amamentar. Deixei a bebê no berço, usei o banheiro com
privacidade e fui para a cama, ignorando a presença dele.

Leonel usou o banheiro do quarto, tomou um banho rápido e veio


para a cama comigo, vestindo apenas cueca. Fechei os olhos e orei para que
ele não quisesse transar, tendo a bebê no mesmo cômodo.

Ele me puxou para os seus braços, encaixou sua frente nas minhas
costas e me apertou. Apesar de sentir a ereção cutucar a minha bunda, ele
não fez nenhum movimento para me estimular.

Um misto de alívio e frustração me dominou. Sentindo confiança de


que minha integridade física não seria violada, entreguei-me ao sono e
Leonel também.

Havia algo de especial e íntimo em dormir tão agarrada a uma


pessoa. Indicava proteção e necessidade, posse e desejo, uma conexão que
ia além da física.

Entramos em sintonia, a respiração seguia o mesmo ritmo e as


batidas do meu coração refletiam as dele. Dormi e acordei com a mesma
sensação de completude. Se aquele homem queria foder com meu corpo,
estava começando pela minha mente e o próximo alvo seria a alma.
Abri os olhos e a luz ainda não entrava pelas frestas. Sabia que era
bem cedo e não madrugada. Emanuelle dormia cada vez mais horas seguidas
de sono e a preocupação de que ela pudesse não estar bem me fazia levantar
e ir até ela, apenas para conferir se estava viva.

Toquei seu corpo e senti o coração, além da respiração suave. Bem,


para meu alívio.

— Ela acordou? — Leonel murmurou e virei meu rosto para


encará-lo na cama.

— Não, mas logo o fará.

Com movimentos lentos, saiu da cama e se aproximou de mim como


um predador. Ele tentava esconder a carência, mas eu identifiquei assim que
sua mão apertou minha nuca e seu rosto se aproximou do meu.

Apertei minhas pernas, porque meu sexo pulsou pela sua


dominância. Eu não deveria desejá-lo, muito menos me permitir tal
aproximação. Meu foco deveria ser suprir a falta que Gabrielle estava
fazendo em minha vida, não a combinação de uma substituta dela com um
companheiro. Estar com Leonel era ter o pacote completo, tendo a certeza da
procedência ilícita.

Demorou demais para me beijar ou me jogar contra a parede. Minha


respiração estava descompassada e era o convite necessário para me ter por
completo.

— O que está esperando? — perguntei com um sussurro.

— Você dizer sim.


— Pensei que você tomava o que queria e foda-se o mundo ou o que
quero.

— Não diga palavrões na frente da minha filha. — Seu braço


envolveu minha cintura e me levantou. Caminhou até o banheiro, fechou a
porta e me colocou sentada em cima da pia. — Consegue escutar daqui?

— Ela vai nos interromper no meio.

— Então, eu posso te foder. — Puxou meu vestido para sair por


cima e ergui meu quadril para ajudá-lo. — Mas quero ouvir de você. Preciso
que implore por mim, pelo meu toque e para te fazer gozar.

— Acho melhor... — Fiquei constrangida quando ele tentou tirar o


sutiã de amamentação. Meus seios estavam inchados por conta do tempo
longo sem a mamada.

— Eu quero você, Sara. Como está, do jeito que você é. Para de me


enrolar. Diga sim ou me mande à merda, antes que eu tome essa decisão
sozinho.

— Tem que ser rápido — falei tirando a minha lingerie com a ajuda
dele. — Sim.

Era tudo o que ele queria ouvir. Tomou minha boca com fome e sem
cuidado, me beijou e degustou com toda a brutalidade que lhe era
característica. Nunca pensei que estar desesperado para transar me deixaria
excitada. Eu me sentia como uma peça rara, a iguaria da culinária, a única.

Leonel De Leon me fez sentir especial com seu instinto sexual


aflorado. Baixou sua cueca e cutucou minha entrada enquanto explorava
minha boca. Suas mãos estavam na minha coxa e barriga, chegavam nos
seios, mas retornavam para baixo, deixando a antecipação como
amplificador de sensações.

Seu braço envolveu minha cintura, me apertou com força contra o


seu corpo e me fez gemer sua boca, ao sentir seu membro me preencher com
apenas uma arremetida.

— Droga. Você ainda não está molhada o suficiente — reclamou de


algo que deveria ter partido de mim. Naquele momento, eu só me importava
com o ato final, nós dois alcançando o ápice antes de Emanuelle acordar.

Leonel me soltou, se ajoelhou e colocou o rosto entre minhas


pernas. Ele não só me sugou, mas usou a língua para me explorar e a saliva
para lubrificar. Usei as mãos atrás de mim para me apoiar e me abri para
receber o toque do pecado.

Esqueci-me do meu passado e tudo o que estava ao redor. Naquele


banheiro, havia apenas dois amantes loucos ansiando pela conexão através
do sexo.

— Leonel — implorei, para substituir sua língua pela ereção.

— Mais um pouco — respondeu, introduzindo dois dedos e me


massageando por dentro. — Está quase, Sara.

— Temos que ser rápidos.

— Isso não significa que menos prazeroso. — Ele se levantou e me


beijou devagar. — Para os dois.

Ele me penetrou novamente e curvou a cabeça para beijar meus


seios. Segurei a respiração quando o senti abocanhá-los e depois soltá-los,
usando a língua para brincar com o bico. Estava inchada e nem precisava
olhar para saber que meus seios vazavam. Com um entra e sai do seu pau
dentro de mim, ele tomou o outro seio e fez o movimento suave com os
lábios e língua.

Ele conseguiu transformar algo que eu tinha como tabu em natural.


Voltou a beijar minha boca, as estocadas aumentaram de ritmo e eu o abracei
como se fosse me salvar dos monstros do julgamento.

Um resmungo soou ao longe, Leonel colocou a mão entre nós e


esfregou meu clitóris até que eu explodisse de prazer. Ele veio logo em
seguida, gemendo com desespero enquanto pulsava dentro de mim. Mordeu
meu pescoço ao ponto da dor, seus braços me apertaram com força e percebi
que aquele sexo tinha sido muito mais para ele do que para mim.

Apesar de tudo, eu ainda era mulher e poderia me permitir sentir.


Outro homem me desejou, mesmo com as estrias, o corpo em transformação
e seios fartos com leite.

— Precisamos ver Emanuelle — resmungou, demonstrando o


quanto queria ficar naquela posição. O choro começou a aumentar e acariciei
seu cabelo, dando uma parte de mim para aquele que estava acostumado a
roubar.

— Sim. Quando ela dormir novamente, podemos repetir.

Seu rosto se levantou e o olhar me queimou a alma. Não sabia


identificar se tinha gostado ou não da sugestão. Uniu nossos lábios de forma
tão suave e distinta de como começamos, que suspirei apaixonada.
— De noite, Sara. Me espere de noite, eu quero você de novo muito
mais do que por apenas alguns minutos.

Ele se afastou, consegui sair da pia e fiz uma careta ao perceber que
não houve proteção. Com Leonel, nem mesmo minha sanidade estava
blindada dos seus caprichos.

— Fodemos sem camisinha.

— Sim — respondi, neutra.

— Nada de mau te acontecerá, porque eu não prejudicaria minha


própria filha. Entende o que eu digo?

— É disso que tenho medo.

— Você é minha e eu protejo o que é meu.

Puxou-me para debaixo da ducha, tomamos um banho rápido e


assinei meu atestado de irresponsabilidade ao aceitar suas palavras ao invés
de provas impressas de que era saudável.

Nada mais importava. Eu contava os minutos para que ele me


fizesse esquecer tudo mais uma vez.
Capítulo 16

Quanto mais dias se passavam e eu não encontrava as informações


de Emanuelle, mais eu perdia o controle e agia pelo impulso. Lidar com Sara
daquele jeito, como um dia eu fiz com Dona Maria De Leon, bagunçou minha
mente.

Nunca tive a mesma percepção que as outras pessoas. Mas, naquele


banheiro, com aquela selvageria, eu tinha ultrapassado um limite e queria ir
muito além do sexo convencional.

Cheguei tarde em casa de propósito, para pegar Sara dormindo,


bem como minha filha. Tive um momento com ela pela manhã, depois que me
descobri necessitado de Sara, do seu corpo e o que me fazia sentir.

Ela era doce, suave e preenchia o vazio que existia em meu peito.
Emanuelle e Sara se tornaram uma extensão de mim e eu não conseguia –
NÃO QUERIA – ficar longe delas.

Dentro da minha casa, subi a escada e entrei no quarto decorado


com leões e tigres. Os De Leon eram predadores e o topo da cadeia
alimentar, Emanuelle seria ainda melhor do que eu estava sendo.

Sara se levantou da cama e caminhou na minha direção com seu


olhar que enchia meu peito de satisfação. Ela me abraçou o pescoço e fechei
a porta, para que nosso momento não fosse interrompido.

— Eu achei uma babá eletrônica — ela murmurou me soltando e


indo até a cômoda perto do berço. — Podemos ir para outro quarto e
continuar vigiando a bebê.

— Perfeito. — Sara pegou um aparelho com a tela monocromática e


voltou para meus braços. — Deixou tudo pronto para mim?

— Eu estou preparada para ser devorada pelo leão.

Sorri como um predador, ela iria me servir o corpo e a alma.


Saímos do quarto e a guiei até a suíte principal.

Costumava dormir em qualquer canto. Não me sentia bem na cama,


nem em quartos sozinhos, por isso acabava apagando na sala ou em
superfícies macias, quando a exaustão chegava. Então, descobri o quão bom
era estar ao lado dela e me rendi.

Sara colocou o pequeno aparelho na cômoda próximo da cama


enquanto eu fechava a porta atrás de mim. Revezei o olhar da babá
eletrônica para a mulher que eu iria foder. Apesar de estar conectado com a
luxúria, a preocupação de que minha filha estivesse bem se mantinha
presente.

— Ela nos dará o tempo necessário. — Sara tocou meu rosto e


segurei no seu pulso com força. — Leonel?

— Quero te amarrar.

— O... o quê?

— Preciso te amarrar, saber que não vai fugir e que será minha
presa. — Ergui sua mão e lambi seu antebraço encarando-a com desejo. Seu
receio era palpável, mas eu não queria medo, apenas entrega. — Me deixe te
comer como o homem selvagem que aprendi a ser.
— Por favor, não me machuque.

— Talvez sim, mas te prometo que vai apreciar. — Soltei seu pulso
para segurar na barra do seu vestido e tirá-lo por cima. Ela estava com
aquele sutiã enorme e uma calcinha grande demais para o seu corpo perfeito.
— Eu quero tudo de você, mas dessa vez, tem que ser nos meus termos.

— Eu não sei — confessou.

— Preciso que você tenha certeza.

— Por isso sou sincera. Não há um pingo de submissão em mim,


estou chegando ao meu limite com você.

— Quando pensar apenas na sua necessidade, vai parar de nos


julgar.

Passei um tempo a encarando. Eu não era um bom homem e não


queria ser um exemplo a ser seguido. Queria ter aquela mulher comigo e
satisfazer o meu desejo tanto quanto eu fazia com ela.

Queria recuperar a conexão que me foi impedida de sentir.


Necessitava ter, novamente, uma pessoa que me lembrasse de tudo o que
mais admirava em uma mulher. Minha mente estava deturpada, meus valores
invertidos, mas esse era eu me armando enquanto vivia.

— Para fazer do seu jeito, preciso confiar minha vida a você. Não
deveria, mas — respirou fundo — sim. Faça como quiser.

— Eu vou. — Tirei o seu sutiã e toquei seus seios inchados com as


mãos abertas. — Quero tudo. Você nunca mais será a mesma depois dessa
noite.
— Já não sou há muito tempo. — Engoliu em seco e respirou com
dificuldade. — Eles estão doloridos e cheios. Cuidado — sussurrou.

— Sim? — Apertei o bico e um jato de leite saiu. Lambuzei minha


mão e esparramei pela região, apreciando o cheiro e a textura. — Sou
impulsivo, Sara. Não há tabu que me faça recuar, se é isso que me
impulsiona. Última chance para você desistir.

— Vai me deixar ir?

— Só vai descobrir, se der o passo.

Sorri de forma diabólica, apertei o bico do outro seio e espalhei o


líquido branco ao redor. Ela gemeu e não precisava verbalizar se era de dor
ou prazer. Estava bagunçando a mente dela, para que ficasse tão depravada
quanto a minha.

— Estou odiando gostar de você, Leonel. — Sara avançou e


segurou forte no meu cabelo. Minha cabeça ficou firme, para que seu olhar
me fuzilasse. — Perdi meu juízo e vontade de fazer o certo. Por favor, me
mostre o seu pior lado.

Tomei sua boca e a abracei, apertando seu corpo contra o meu


enquanto deixava a impressão dos meus dedos na sua pele. Apalpei com
força suas laterais e costas, ergui-a com um impulso e dei passos longos até
chegarmos na cama.

Joguei-a no centro, puxei sua calcinha com ferocidade e me joguei


de bruços para tomar do seu sexo com a boca. Suguei seus grandes lábios
com força, fazendo pressão no clitóris. Minha Atrevida se contorceu e puxou
meu cabelo, estava na hora dela apenas apreciar sem tocar.
Levantei-me tirando o paletó e me livrando do sapato. Fui para a
cômoda, ver pelo visor minha filha dormindo aquietou a preocupação e me
ligou para o ato que estava prestes a acontecer.

Abri a gaveta, tirei a corda de lá e voltei para Sara, que estava com
o corpo erguido, apoiado pelos cotovelos.

— Leonel? — Ela me chamou e ignorei, estava em modo executor.


Puxei seus braços acima da cabeça, coloquei a corda ao redor e parei. Meu
olhar foi para o dela preocupada, mas confiante de que cuidaria do seu bem-
estar.

A mulher com quem aprendi sexo não me implorava para ser


cuidadosa, pelo contrário, ela preferia o caos. Quanto mais agressivo,
melhor.

Por instinto, tirei a corda ao redor dos pulsos dela, eu queria uma
nova memória, apenas nossa. Removi a fronha de um dos travesseiros e
coloquei no lugar da amarra mais agressiva, Sara merecia ser cuidada.
Estando firme, amarrei na cabeceira e voltei para ficar entre suas pernas.

Tirei a gravata e a camisa, a calça foi para o chão em desespero


junto com as outras peças. Massageei meu pau antes de voltar a minha
degustação da sua boceta. Coloquei minha língua no seu canal, estimulei o
seu clitóris e a fiz gozar rapidamente, dando atenção a todos os seus pontos
erógenos.

— Oh! Leonel! — falou, contida, e a virei de bruços, arrancando


um ofego surpreso. Dobrei suas pernas, coloquei-a de quatro e abri suas
nádegas, para cuspir e massagear seu ânus com meus dedos. — Eu...
— Está com medo de doer ou se vai gostar? — Dei um tapa forte na
sua perna e ela se curvou gemendo. — Quer minha boca aqui?

— Mete logo, Leonel.

— Quer meu pau? — Fiquei ajoelhado e forcei a entrada, mas ela


estava tensa demais. — Precisa de outro orgasmo.

— Isso eu aprovo. — Soltou um riso baixo e a virei novamente,


para que ficasse de frente para mim. Encarei seus seios e ela os empinou me
convidando. — Você é depravado.

— Não viu nada.

— Fodido e mandão.

— Não preciso que me elogie. — Mantive minha posição entre suas


pernas. Coloquei a língua para fora, posicionei no seu clitóris e subi pelo
seu corpo, até chegar ao seu seio. Ela se contorceu, uma mescla de desejo e
julgamento quando brinquei com o bico.

Fechei a boca, mas não suguei, queria seu coração acelerado,


acreditando que eu poderia fazer algo mais tabu do que já estávamos
executando. Ergui-me sobre ela, apoiado em uma das mãos e com a outra,
apertei seu seio para que saísse mais leite.

Lambi ao redor, apreciando o doce e pecaminoso sabor de lhe


confundir a mente. Fazia parte dela, minha filha tinha o melhor alimento e eu
também iria provar. Parte da minha excitação vinha da linha tênue entre a
mulher e a mãe. Suas pernas se abriram sem reservas, ergueu o quadril e me
implorava com seu corpo que queria muito mais.
Fui para o outro seio, fazer o mesmo movimento e manter minha
boca fechada em seu bico. Quando demonstrou impaciência, deixei os dentes
brincarem, depois a língua e abocanhei, depois soltei.

Ela gemeu e fui mais além, abocanhando e soltando, massageando o


outro seio e o levando à loucura. Voltei para o outro, que tinha leite jorrado e
o tomei, encerrando o momento de tortura sexual.

Suas pernas se flexionaram para que seu quadril se esfregasse em


mim. Pressionei-a contra a cama, deixei que meu pau domasse sua boceta
antes mesmo de penetrá-la.

Esfregou-se tanto, que os gemidos indicaram a chegada ao ápice.


Levando-a à loucura, eu estava prestes a gozar também, se continuasse com a
provocação.

— Meu Deus. — Fechou os olhos e negou com a cabeça. — Que


loucura, Leonel. Quero e repudio na mesma intensidade. Então, só faça. Não
aguento esperar mais.

— Quer ser comida pelo leão?

— Sim.

— Vai ser tão má quanto eu?

— O quê? — Abriu os olhos arregalados e sorri enquanto deixava


meu pau subir e descer na sua vagina.

— Eu já te corrompi, Sara. Basta dizer sim e aceitar a sua


realidade. Sou um puto desejando a mulher que alimenta a minha filha.
Quero me afundar na doce escuridão que você me traz.
— Ainda há luz. — Ela foi esperta e posicionou o quadril de uma
forma que minha ereção a penetrou. — Oh!

— Minhas trevas te dominaram. — Saí e entrei com força. —


Agora, você é minha!

Ergueu a cabeça para que a beijasse e, enquanto a fodia, estava


degustando a sua boca, mesclando o sabor da sua boceta com a saliva e me
levando a insanidade que o tesão proporcionava. Imagens da minha antiga
vida se mesclaram, fechei os olhos e tentei me livrar da ligação desfeita,
mas De Leon não era eu, muito menos a minha família.

Sara mordeu meu lábio inferior e rosnei pela dor. Encontrei seu
olhar nublado pelo sexo e fui rápido buscar o meu clímax. Fundo e certeiro,
o barulho de pele contra pele ecoava pelo ambiente e me excitava ainda
mais.

Escondi minha cabeça no seu pescoço quando meu pau pulsou


dentro dela. O cheiro não era o mesmo como lembrava, nem a textura da
pele, muito menos o que eu sentia. Sara não tinha nada do meu passado, ela
era o presente, a mulher que escolhi para foder e será mãe da minha filha.

A pessoa que assumiu a posição de mulher do mafioso.

Eu não precisava me explicar para ninguém. A decisão tinha sido


tomada.

Suguei seu pescoço com força e continuei a meter, mesmo sem


forças por conta do orgasmo, até que ela gozou novamente. Estava exausto,
determinado e querendo iniciar uma nova rodada, mas um choro de bebê me
tirou o foco.
— É Emanuelle — Sara murmurou e me levantei apressado,
busquei um roupão no closet e fui atrás da minha filha.

Esqueci-me que deixei Sara amarrada e vulnerável na minha cama.


Enquanto fazia minha filha dormir, balançando de um lado para o outro, eu
só conseguia pensar que eu tinha alcançado um objetivo obscuro na minha
vida, ter uma família. Nela, eu não seria rejeitado, porque eu provia,
mandava e protegia.

Estava fodido, mas realizado.


Capítulo 17

Não conseguia elencar o quanto aquele sexo tinha sido extremo. O


tempo de me preocupar com a dualidade entre ser mãe e mulher desapareceu
quando Leonel decidiu por mim. Ele acolheu as duas, sem pudores ou
diferenças.

Era perigoso, mas atraente o suficiente para me entregar por


completo para aquela alma doentia. Se ainda houvesse juízo em mim, ele
estava em algum canto, envergonhado do que eu tinha feito.

De Leon demorou para voltar e o sono ganhava força sobre minha


disposição. Meus braços estavam dormentes e minhas mãos frias, mas valeu
a pena pelo olhar preocupado com o que tinha feito aos meus pulsos.

Sentou-se ao meu lado da cama, beijou meus ferimentos e percebeu


que me amarrando daquele jeito, por mais que quisesse amenizar a
dominação, acabou por me machucar.

Poderia ser um homem perturbado e cruel, mas também sabia ser


doce e protetor.

— Ela dormiu, estava apenas assustada — Leonel comentou para


não ter que me pedir desculpas. O que o mafioso não sabia era que havia
outras formas de fazer e eu aceitava a indireta. — Quero mais uma vez.

— Está esperando o quê? — Provoquei-o com o olhar, ele franziu a


testa. — Cadê o leão pronto para devorar sua caça? Você toma, não
pergunta.
— Quer me dar esse tipo de liberação, Atrevida? — Levantou-se
para tirar o roupão e subiu na cama para ficar por cima. Seu membro parecia
nem ter descansado de tão ereto que estava. Ele o esfregava na minha vagina
e eu só queria aquelas investidas firmes mais uma vez. — Terá que aprender
a reclamar, ou irei te virar do avesso.

— Tenho boca para falar e ela quer a sua. — Abracei seu pescoço e
o puxei para me beijar. Nossos corpos estavam lambuzados do pouco leite
que ele esparramou, além de usar a saliva para me provocar.

Forcei o movimento, mas ele não me deixou trocar de posição.


Levantou-se apenas para me virar, como se eu fosse sua submissa.

— De quatro — ordenou e, sem contestar, obedeci.

Ele tentou entrar no meu ânus novamente, mas não insistiu quando
não conseguiu. Voltou para o meu canal lambuzado de nossos fluídos e
iniciou um vai e vem ritmado. Suas mãos apertaram minha cintura, eu não
sabia que iria apreciar ser marcada de forma tão visceral.

Firmei as mãos no colchão enquanto o barulho dos nossos corpos se


chocando aumentasse a minha libido. Achava que não era possível sentir
prazer naquela posição, apesar de deliciosa, mas Leonel parecia ser um
sedutor nato, um conhecedor do corpo feminino.

Em um vai e vem ritmado, por vários minutos ininterruptos, De


Leon nos fez gozar ao mesmo tempo, ou era apenas ele me esperando chegar,
para se deixar levar.

Continuou mais algumas investidas, para nos torturar, antes de se


jogar para o lado e me abraçar com força. Naquela posição, eu me sentia
forte o suficiente para acreditar que eu poderia ser amada.

Sua perna se enroscou na minha. Ri quando senti sua ereção se


mexer, o homem era uma máquina do sexo ou tinha tomado algum remédio.

— Acho que preciso de um banho. Podemos deixar para amanhã a


próxima rodada. — Acariciei seu antebraço.

— Você me lembra ela, mas não é igual — seu tom era de


confissão.

— Quem?

— Maria De Leon. Nós transávamos enquanto Tadeu De Leon


estava fora. — Retesei horrorizada, porque eu sabia que eles eram os pais
de Leonel, até onde me lembrava. A risada sarcástica não aliviou o meu
julgamento. — O tabu estava apenas na fantasia sexual. Eu não sou filho
deles. Eles tomaram uma coisa minha, eu me apossei do seu sobrenome
quando se foram. De Leon é meu.

— Como assim?

— Nunca fui tratado como filho adotivo e não queria ninguém para
mandar na minha vida. Aprendi a ser assim e hoje sou o dono dessa cidade.
Foda-se como aconteceu, me tornou forte.

— Você é um órfão criado pelo antigo De Leon e abusado pela


esposa dele. Quantos anos, Leonel? — Tentei me virar, ele me impediu e me
apertou ainda mais. — Está em busca de uma mãe, não uma companheira.

— Eu não sei o que é ter uma mãe, mas Emanuelle saberá.

— Você tomou do meu leite.


— Sou perturbado, Sara. Levei-a a acreditar nisso, porque
ultrapassar limites foi como aprendi a fazer sexo. O tabu me seduz, meu pau
só fica duro quando eu sei que estou ultrapassando um limite. — Ele colocou
a boca no meu pescoço e sugou, meus olhos se reviraram de prazer. — Você
aceitou. Agora, se eu quiser tomar, eu farei — sussurrou aquela depravação
com sedução no meu ouvido.

— Não.

— Sim.

— Você precisa de terapia.

— A única que conheço começa com se — ele se esfregou entre


minhas nádegas — e termina com xo. Pare de me provocar, você disse que
não queria mais hoje.

— O vício é apenas uma tampa nada discreta para um buraco mais


fundo. Não digo da boca para fora, Leonel. Eu também preciso de ajuda
especializada.

— Estou te dando e você está gostando. Como se sente ao me ter


duro mesmo depois de um orgasmo? — Continuou se esfregando, ele
buscava prazer e não iria me penetrar, como pedi. — Sara — gemeu.

— Para ser uma boa mãe para a sua filha, eu preciso estar
equilibrada emocionalmente — arrisquei-me a dizer, já que tinha dado
brecha sobre o assunto. Se tinha transado com um mafioso, o que era aceitar
uma filha adotiva sem os devidos trâmites legais?

— Tudo o que quiser, desde que não saia de perto de mim. —


Fungou no meu cabelo. — Vocês são minhas. Emanuelle terá meu legado
enquanto eu te fodo todas as noites.

— Nem tudo está ao alcance das mãos. Essa posse me transforma


em um objeto, sua filha também.

— A proteção vem com um preço. O pertencimento é como é. Pare


de julgar e sinta o quanto eu te quero. Isso quer dizer: você é minha.

— Eu tinha uma rotina, trabalho e planejamentos. Gostaria de


retornar a ela. Um bebê está no meio deles, sempre esteve. — Os
movimentos dele contra meu corpo aceleraram.

— Sua vida é sendo a mulher de um criminoso.

— Não estou aqui pela sua fama. — Consegui erguer minhas mãos e
puxar seu cabelo, numa tentativa de domar a fera. — Primeiro, pela menina.
Depois, pelo homem que esconde dos outros.

— Está bom para mim, depois conversamos sobre sua antiga vida.

Colocou-me de bruços, ele veio por cima e esporrou na minha


lombar, enquanto se masturbava em mim. Fechei os olhos e segui sua
dominância, deixaria de racionalizar e iria sentir.

Ele me levantou e seus fluídos escorreram pelo meu corpo. Puxou-


me para o banheiro e me deu banho, cuidando de todas as partes. A
recompensa de estar com ele, era ser tratada como uma devassa na cama em
contrapartida a princesa fora dela.

Mas eu não queria ser apenas mimada. Não tinha nascido para ser a
submissa de um homem, por mais interessante que a possibilidade estava se
apresentando. Como poderia ser uma boa mãe e exemplo para Emanuelle, se
eu me anulava perante os meus medos?

Ao invés de dormirmos na suíte principal, Leonel pegou a babá


eletrônica e nos levou para o quarto da bebê. Não me deixou vestir nada,
deitou-se em um canto e esperou que eu me aninhasse nele.

Eu gostava de ser protegida. Ele, pelo visto, apreciava ter alguém


em perigo para lidar.

Fechei os olhos e só acordamos, novamente, quando Emanuelle


chorou de fome.

Mesmo sem roupa, peguei-a em meus braços e fui para a cama,


porque sabia que Leonel gostava de me observar amamentar. Percebi que
não era nada sexual, como ele mesmo salientou. Nunca soube o que era uma
mãe e ele estava aprendendo comigo. Mas, estando com ele, eu queria servir
apenas como mulher.

— Bom dia. — Beijou a cabecinha de Emanuelle e saiu da cama.


— Vou trabalhar.

— Quais são seus negócios? — perguntei por impulso.

— Tenho lojas, imóveis e sociedade com empresários da cidade,


além das reuniões para aprovação de novos projetos. Tudo o que é feito em
Lumaria, deve ser passado por mim.

— Ou seja, você é mais do que o próprio prefeito.

— Sou Leonel De Leon, o dono da cidade e você está carregando a


minha herdeira. Entenda o seu papel na minha vida lendo nas entrelinhas,
doutora advogada.

O homem confiante saiu nu do quarto e fiquei encarando a porta por


um longo tempo. Eu já tinha entendido o que ele queria de mim, só estava
assustada demais em me perceber como sendo mais do que advogada do
mafioso.
Capítulo 18

Troquei um olhar com Douglas antes de encarar o Camargo que


entrava na minha sala. Ele tentava não parecer acuado, mas eu conseguia
sentir o cheiro de longe do seu medo.

— Olá, Senhor. É uma honra ser aquele que intermediará uma


negociação entre as famílias De Leon e Camargo.

— Ninguém falou sobre acordos, mas estou disposto a ouvir as


merdas que tem a dizer. Deu sorte pelo meu bom humor. — Forcei o sorriso,
para intimidá-lo enquanto apontava para o assento à minha frente.

— É de interesse de todos, não vai se arrepender.

— Quem decidirá isso sou eu. — Recostei-me na cadeira e o


analisei friamente. Ele demorou para continuar a conversa, estava
preocupado demais em conferir tudo o que tinha na minha sala.

Ah, se ele soubesse que, dependendo do que falasse, ele nem sairia
com vida de lá.

— Então. — Pigarreou. — Primeiramente, gostaria de pedir


desculpas pelas ações de Bento Camargo.

— Quem? — fingi-me de desentendido.

— Aquele que você... que o senhor invadiu a casa e massacrou a


família.
Abri a gaveta, coloquei minha pistola em cima da mesa e o
intimidei. Antes de me chamar de assassino, ele precisava dobrar a língua e
reconhecer o erro cometido por eles inicialmente.

— Vim em paz, senhor De Leon.

— Não, você veio me acusar e falar merdas. — Mostrei minha


insatisfação e ele engoliu em seco. Douglas se aproximou e apertou seu
ombro, o susto que levou quase me fez rir, mas me contive.

— De... De Leon...

— Senhor — exigi.

— Senhor, estou pedindo desculpas pela precipitação de Bento


Camargo. Não quero ofender, mas o senhor o matou.

— Porque agiu pelas minhas costas. Todos na cidade sabem o que


acontece quando não me consultam.

— Sim. Foi arbitrário e não reflete a postura da família Camargo.


Temos nossos negócios e queremos mantê-los sem grandes conflitos.

— Vocês acham que tem algo. Enquanto não aceitarem quem está à
frente de Lumaria, terão que lidar com meu humor.

— Por isso, estou aqui para acertamos alguns pontos. — Olhou da


minha arma para mim, depois para Douglas. — Está tudo bem, senhor.

— Não vou sair daqui, Camargo — meu braço direito respondeu.

— Eu não tenho nada para lidar com vocês. O idiota matou um


trabalhador, dei-lhe a guerra que pediu e massacrei quem estava na minha
frente, evitando mulheres e crianças. Elas não têm culpa dos babacas com
quem se envolveram.

— Quatro das nossas poderiam ser poupadas.

— As três mulheres mortas naquele quarto foram executadas por


vocês mesmos. — Fechei a cara e o fuzilei. Pela remexida na cadeira, eu
tinha acertado algum ponto. — Elas estão na conta de vocês.

— E a quarta?

— Quem?

— Havia um bebê.

— Ah. — Sorri com sarcasmo e me balancei na cadeira.

— Era sobre isso que vim conversar com o Senhor. Sabemos que o
bebê em sua posse é da nossa família. Também eliminamos o espião que
estava a seu serviço.

— Está morto.

— Sim, foi o que aconteceu. Não precisamos lidar com esse tipo de
jogo. Tem espaço para todos na cidade.

— Tem espaço no Bairro Camargo e apenas nele, para vocês. Não


saiam dali e tudo se manterá respirando.

— Muito dos prédios comerciais que você tomou, eram da família,


mas não exigimos de volta.

— Porque são fracos. — Coloquei a mão em cima da arma. —


Tomei como pagamento da morte dos meus pais. Ainda fui caridoso e deixei
o bairro Camargo intacto.

— Desse jeito não chegaremos a lugar nenhum. — Soltou o ar com


força e Douglas se afastou, sabendo da minha intenção.

— Por que veio aqui? Chega de enrolação e seja direto.

— Quero o bebê. — Encarou-me firme.

— Não.

— A cada dia que não o resgatar, uma pessoa irá morrer.

— Sendo Camargo, estão me economizando trabalho. — Empunhei


a arma e coloquei-a em cima da minha coxa. Ele acompanhou o movimento e
previa como seria o fim da conversa.

— Sei que de qualquer jeito estou morto. Mas eu tinha esperança de


tentar resolver esse impasse. Guilhermo Camargo está disposto a fazer algo
que nunca fez. Será uma chacina. Quero preservar a vida da minha esposa e
filhos, mesmo sabendo que a minha está perdida.

— Diz isso para me comover? — Ergui a sobrancelha. — Não me


importo com o que se passa com vocês.

— Iremos sair da cidade. Entregaremos todos os negócios e


imóveis para você, se entregar o bebê.

— Quem é a mãe?

— Está morta — respondeu rápido demais.

— O pai?
— Aquele bebê é um Camargo. O que pretende que não seja
humilhar? Você não precisa dele.

— Ele?

— O bebê.

— Nem sabe o sexo da criança. Isso está me cheirando a


encomenda ou tráfico. — Apontei a arma para a sua cabeça. — Negue e
talvez eu te deixe viver.

— Por favor, devolva o bebê — implorou, desesperado.

— O que iriam fazer com ela?

— É menina? — soou surpreso.

— Três.

— Senhor De Leon, a criança não tem mãe e está a serviço do pai.


Deixe que eles lidem com o julgamento ao terem a verdade revelada.

— O que é? Dois.

— É um bebê bastardo para ser usado como matriz. Tentarão um


transplante de coração...

Atirei. O corpo escorregou na cadeira e sangue espirrou para trás.


Aquele calibre não fazia estrago quando entrava, mas na saída. Encarei
Douglas, que não parecia contente como eu. O idiota Camargo não precisava
concluir seu pensamento. Tendo as mãos sujas ou não, ele era o mensageiro
de algo perverso, que nem mesmo eu teria coragem de fazer.
Algum Camargo estava entregando o próprio bebê para salvar
outro. Transplante de coração indicava que Emanuelle era apenas
descartável. Se a própria família fazia isso, nem queria saber o que mais
eles estavam dispostos com os adultos.

Sempre os odiei. Aqueles que carregavam o sobrenome Camargo


tinham uma mira na cabeça. Que eles se matassem, Emanuelle não voltaria
para suas mãos.

Levantei-me da cadeira, entreguei a arma para Douglas e fiz um


sinal com a cabeça. Queria voltar para a minha casa e estar com aquelas que
se tornaram a minha prioridade.

Saber que elas estavam seguras era primordial, por isso, ignorei os
próximos compromissos e segui para meu refúgio.
Capítulo 19

Olhei para o monitor da babá eletrônica e sorri pela imagem, era


Leonel observando a filha no berço. Eu estava na suíte principal, assistindo
televisão, já que na sala eu não conseguiria monitorar a bebê dormindo.

Era logo depois do almoço, precisava distrair minha mente com


qualquer bobeira que não fosse essa rotina dedicada apenas ao bebê.
Precisava retomar a conversa com o meu namorado sobre seguir minha
rotina.

Caramba, eu o estava chamando assim? Não via outra forma


diferente daquela. Nunca fui de casos esporádicos e não seria diferente,
mesmo que envolvesse uma proposta inicial diferente do acordo do
momento.

Estava naquela casa, com aquela família, por minha vontade e amor.
Emanuelle era tão minha quanto de Leonel.

A porta do quarto se abriu e o homem poderoso entrou com um


sorriso malicioso. Fechou a porta com o pé e começou a se despir, me
fazendo o convite para a indecência.

— Queria conversar primeiro, Leonel.

— Depois. — Tirou a camisa e abaixou a calça junto com a cueca,


seu pau estava firme e imponente. Não queria me excitar com pouca coisa,
mas sabendo do que ele era capaz, eu apenas segui meus instintos.
— Preciso falar com você quando terminarmos.

— Você acha que manda em mim? — Ele subiu na cama e puxei


meu vestido para sair pela cabeça.

— O Senhor manda na cidade. Quem sou eu para dar ordem a De


Leon? — Tirei o sutiã junto com os absorventes e joguei de lado.

Ele me surpreendeu segurando as laterais da minha calcinha e as


puxando para o lado. Rasgou como se fosse papel, ele era feroz quando
estava excitado.

Subiu em cima do meu corpo e fui abrindo as pernas para acomodá-


lo. Lambeu meu queixo, chegou aos lábios e me beijou enquanto tentava me
penetrar com movimentos firmes de vai e vem.

Deixei-o dominar, inclinei a cabeça e movimentei a língua para


provocar a sua. Suas mãos encontraram meus pulsos e os levaram acima da
minha cabeça. Rosnou quando o senti me penetrar, mas não estava tão
molhada para que deslizasse com facilidade.

— Você não quer foder? — perguntou, indignado e buscando meu


olhar. — Não minta.

— Tirei a roupa para estar com você. Meu problema é outro. Ouvi
falar que a lactação diminui a lubrificação. Então, se... — Parei de falar
quando desceu e colocou sua boca entre minhas pernas. Cuspiu e lambeu,
tornando o meu canal o lugar propício para acomodá-lo.

Remexi por conta das sensações que ele me proporcionava. Sem


pudor ou economia de gestos, ele me chupou e estimulou, até que eu
alcançasse o orgasmo.
Gemi e ofeguei enquanto seu dedo me penetrava para testar a
lubrificação da minha vagina. Sentia-me inchada e contraí os músculos da
região para mostrar que estava disponível.

Subiu pelo meu corpo, lambendo e chupando, me deixando louca


quando alcançou meus seios. Ele brincava com minha mente, transformando
meus desejos em satisfação.

Penetrou-me com um impulso, alcançando fundo e me levando mais


para cima da cama. Ele riu com satisfação e seu olhar selvagem me
contagiou. Desejava o bruto, forte e insano.

Rosnei provocando-o, Leonel entendeu o meu pedido e levantou


uma perna pela parte de trás do joelhou. Entrou e saiu, forte e intenso,
enquanto meu corpo se balançava no ritmo frenético do nosso tesão.

Inspirei profundamente e ergui a cabeça, ele tomou minha boca e


nos virou na cama, me colocando por cima. Apoiei minhas mãos em seu
peito e o cavalguei, para frente e para trás, esfregando meu clitóris e
conseguindo mais um momento de prazer extremo.

— Mais, Sara. — Ele segurou minha cintura e me ajudou a subir e


descer. — Eu ainda não terminei.

Meus olhos reviraram antes de jogar meus braços para trás em


busca de apoio. Fiz o que ele pediu, intensificando ainda mais o meu desejo.
Meus seios subiam e desciam, Leonel alisava meu corpo e me venerava
enquanto o fodia sem pudor.

— Segure na cabeceira — ele ordenou e nos desconectamos para


que eu o atendesse.
Ficou atrás de mim, massageou minhas nádegas e foi devagar para
preencher meu sexo.

— Você é muito gostosa. — Apertou meu quadril e eu gemi de


prazer. — Eu ficaria assim o dia inteiro, Atrevida.

— Leonel.

— Grite! — Meteu forte e gemi.

— Leonel!

Ele se curvou, segurou nos meus seios e investiu com pressa.


Desesperado para alcançar o clímax, ele continuou o vai e vem acelerado.

Mordeu meu ombro quando gozou, me fazendo ir para frente e quase


me desfalecendo na cama. Apertou meus seios, provocando uma onda de dor
e excitação, como só ele parecia ter o poder.

Puxou-me para abraçar meu corpo e nos deitou na cama. De


conchinha, ele me acolheu e tornou o momento carnal muito mais do que só
sexo. Esperava não estar me iludindo, ainda mais em se tratando de um
homem que fazia as próprias regras.

— Pode conversar — resmungou, esfregando seu rosto na minha


nuca. — Você sempre cheira tão bem.

— É o leite.

— Não. Muito mais do que isso. — Cutucou minha bunda com seu
membro. Como sempre, ele parecia insaciável. — Fale.

— Queria voltar para o meu apartamento.


— Não.

— Leonel, eu...

— Sua casa agora é aqui — soou irredutível e me virei no seu


abraço, com meu olhar sério em sua direção. — Acabei de te dar dois
orgasmos, não me olhe assim.

— Você não vai me comprar com sexo.

— O pagamento foi Emanuelle. — Ergui a mão para bater na sua


cara lavada, mas segurou meu pulso. — O que quer na porra do seu
apartamento?

— Minhas coisas estão lá, além da minha vida. Eu preciso voltar a


trabalhar no escritório, ou vou perder a vaga por abandono de emprego.

— Seu trabalho é com minha filha.

— Posso ser a mãe dela enquanto sou uma boa profissional.

— Ninguém faz duas coisas boas ao mesmo tempo.

— Porque você nunca tinha ouvido falar de Sara Benildes. —


Soltei-me dele e fiquei sentada na cama.

— Não.

— Então é isso que vou ser? Uma mulher para ficar presa nessa
casa imensa, sem poder tocar em um utensílio de cozinha, além de concubina
do mafioso. Doeria menos se você fizesse uma cesárea sem anestesia.

— Você tem tudo o que precisa aqui.


— O seu tudo não é suficiente para mim. — Coloquei as mãos no
rosto e tentei não surtar entre gritos e choros. — Leonel, por favor, eu só
preciso me sentir normal. — Voltei a encará-lo e seu olhar era temeroso. —
Aqui não é minha casa. O único lugar que não me sinto deslocada é quando
estou amamentando Emanuelle e, agora, transando com você. O resto do dia,
todos os outros momentos, eu me sinto uma estranha, como se estivesse em
viagem. Quero minhas roupas, preciso do meu trabalho, poder conversar
com pessoas, socializar e, então sim, voltar para casa. Se vamos namorar e
fazer esse arranjo com a bebê, temos que definir o nosso relacionamento.

— Acho que entendi.

— Então, vou poder voltar?

— A outra parte.

— Que somos namorados?

— Estou falando desse lance de casa, viajar, já senti isso.

— Nada comprará minha liberdade sendo mandão ignorante. Para


ficar com os dois, estou abrindo mão de parte da minha essência
conservadora. Por favor, Leonel.

— Atrevida, quem está agindo contra a natureza sou eu. — Mordeu


o lábio inferior e ergueu a sobrancelha, ele não estava levando o assunto a
sério. — Vou te fazer apreciar ser uma De Leon.

— Não é um casamento.

— Comigo, é tudo ou nada. Já tem meu sobrenome nos documentos


que providenciei para as duas. O que mais você quer?
— O quê?

— Me dê alguns dias.

— Eu preciso viver além dessa brincadeira de casinha, Leonel De


Leon!

— Entendi, leoa. — Coçou a testa e me encarou como se eu fosse


um bicho estranho. Céus, ele nos casou e nem me perguntou? — Vou fazer o
arranjo.

Ele deixou um selinho nos meus lábios, se levantou da cama e


vestiu a roupa como se não tivesse mexido com todo o meu mundo. Quando
saiu do quarto e me deixou sozinha, Emanuelle precisou acordar para que eu
voltasse da realidade paralela em que me encontrava.

Eu tinha me tornado uma De Leon.


Capítulo 20

Exausta por ter dormido pouco durante a noite, com a cabeça


agitada e coração inquieto, na primeira soneca de Emanuelle, deixei-a em
seu quarto e fui para a suíte principal descansar efetivamente. Tinha o cheiro
dele, o conforto de uma rainha, além de me torturar por estar aceitando todos
os seus termos.

Nunca imaginei que abandonaria minha vida organizada e legítima


para viver um romance desestruturado com um mafioso. Criminoso.
Bandido. Céus, perder minha filha tinha me virado do avesso.

Ao invés de lutar contra meu lado certinho, estava me afundando


cada vez mais naquela vida fora do padrão. A verdade era que, parecia que
estava me descobrindo verdadeira apenas naquele momento, porque eu
queria estar misturada em toda aquela bagunça emocional.

Não sabia identificar em que momento eu acolhi que meu destino


estava entrelaçado com o De Leon e não queria me desligar. Nem dele, nem
de sua filha... nossa menina.

Por mais que meu coração soubesse que era amor, minha mente não
parava de julgar como sendo loucura. Amamentar um bebê de outra pessoa
deveria ser normal, só que com isso, eu tinha sexo com o homem que tomou
aquela criança como sua.

Éramos rejeitados e excluídos formando uma nova família longe de


padrões sociais. A ilegalidade nos permitia escolher viver do nosso jeito
desajustado, sem se preocupar com julgamento. O único problema era que eu
mesma me massacrava pelas escolhas que estava fazendo.

Remexi-me na cama e acordei assustada. Meus seios doíam,


coloquei as mãos neles e os senti cheios. Meu rosto virou em direção à babá
eletrônica que estava na cômoda de cabeceira e me assustei. Pulei da cama e
corri para o quarto de Emanuelle, confirmando que não havia nada no berço.

— Oh, meu Deus! — Coloquei as mãos na boca para abafar meu


desespero. Com vergonha de ter um momento de descanso só para mim,
negligenciei minha menina.

Desesperada, busquei pelo quarto e a chamei pela casa. Mesmo que


ela não soubesse me responder, que chorasse onde quer que estivesse.

— Emanuelle! — gritei, entrando nos outros cômodos do andar de


cima. — Filha!

Desci a escada, fui para a cozinha e ninguém estava, apesar das


panelas no fogo. Nem precisava confirmar o horário para saber que era
depois do meio-dia, eu tinha dormido demais.

Abri e fechei as portas dos cômodos do andar de baixo, chamando


minha bebê e tendo lágrimas se acumulando em meus olhos. Novamente, não.
Quando eu consegui uma segunda chance, ela estava sendo tirada de mim.

— Emanuelle! — Voltei para a cozinha e encontrei a funcionária de


Leonel. Fiquei cega pela emoção e avancei na mulher, segurei em seus
pulsos e quase a joguei contra o fogão. Ela era sempre tão dura comigo, mas
naquele momento, recuou assombrada. — Onde ela está?

— Eu... eh...
— Onde está minha filha? — Aumentei a pressão no meu agarre.

— Nos fundos, com América e...

Larguei-a e marchei para o quintal da casa. Nunca tinha explorado


aquele lado do quintal, apenas admirado o jardim bem-tratado. Reduzi meus
passos quando vários homens passavam pelo corredor lateral, com móveis
que não me eram estranhos.

Enquanto ia mais longe, percebi que se tratavam das minhas coisas,


tudo o que estava em meu apartamento.

Não consegui falar nem interceptar um dos rapazes que fazia o


transporte. Quando De Leon comentou que daria um jeito para que eu me
sentisse em casa, não imaginava que ele iria ao extremo. Bem, tinha que
parar de me surpreender, já que não havia limites para o dono de Lumaria.

Um barulho animalesco me fez tropeçar em meus pés e caí de bunda


na grama. Com os olhos arregalados, encarei a cerca viva mais ao fundo e,
novamente, outro estrondoso rugido.

Levantei-me apressada, corri em direção ao barulho e encontrei


Leonel segurando Emanuelle e conversando com América, em frente a uma
grande jaula. O leão estava indo de um lado para o outro, inquieto, enquanto
o dono da casa parecia tranquilo.

Ele parou de falar, seu olhar encontrou o meu e ele disfarçou o


sorriso. Indicou a bebê, erguendo-a ligeiramente e me apressei para pegar.

— Está com fome — ele falou seco, mas sabia que estava
disfarçando o tom que realmente queria usar comigo.
Lágrimas escorreram dos meus olhos quando tomei a bebê em meus
braços. Dei passos para longe daquela jaula e acalmei Emanuelle enquanto
eu abaixava a alça do vestido.

— Calma, querida, está tudo bem. Está com fome, eu sei.

— Pode ir, América — De Leon dispensou a mulher e acompanhei


com o olhar ela se afastar.

Senti uma mão nas minhas costas, voltei minha atenção para Leonel
e ganhei beijos em minhas bochechas. Ele sugou as lágrimas que escorreram
e sorriu para meu olhar confuso.

— Eu acordei e ela não estava no berço — revelei, soltando um


grande suspiro quando Emanuelle abocanhou meu seio e começou a sugar
ávida. — Graças a Deus.

— Você parecia exausta.

— Sim. — Olhei para minha filha e depois para o homem poderoso


à minha frente. O barulho do leão chamou minha atenção e recuei um passo a
mais. — Você tem um animal selvagem em casa.

— É de estimação — ironizou sorrindo com cinismo. — Como


minha filha, ele tinha sido abandonado ainda pequeno quando o encontrei.

— Por que não o solta?

— Porque é meu — respondeu, ficando sério. — Estou resolvendo


seu problema e também não vou te devolver para o mundo.

— Está me tratando como um espólio de guerra. — Fiquei


ressentida com a sua colocação. Deu de ombros e se aproximou do leão,
irritando o animal e me ignorando. — Eu não quero ser sua propriedade.

— Tem meu nome e será minha rainha. — Colocou as mãos para


trás e encarou o animal, estando de costas para mim. — Interprete como
quiser, você tem escolhas dentro do meu universo.

— E se eu não quiser ficar?

— Blefar só irá me dar mais tesão do que já estou. — Encarou-me


por cima do ombro e sorriu como um predador. — Não vai abandonar
Emanuelle, muito menos o meu pau.

— Pare de falar essas palavras na frente dela — repreendi,


tentando ficar irritada, mas aquela declaração aquecia meu coração rebelde.

O homem veio em minha direção, ficou atrás de mim e apertou


minha cintura. Com Emanuelle no colo, meus braços estavam ocupados e não
pude impedir que Leonel me tocasse, na verdade, nem queria.

Suas mãos massagearam a região, seu quadril se esfregou na minha


bunda, demonstrando sua excitação.

— Sei que, quando amamenta, seu útero se contrai. O tabu de


alimentar o bebê e estar excitada me deixa louco. — Lambeu minha orelha e
soltou o ar, me arrepiando por inteira e me fazendo ciente do meu corpo com
sua narrativa. — Emanuelle está ávida, tomando da sua força e te
preparando para mim.

— Você é doente, Leonel — confessei, horrorizada por estar


acompanhando seus pensamentos.
Ele riu e se esfregou um pouco mais em mim. Desconcertada,
abaixei a outra alça do vestido, mudei Emanuelle de bico e Leonel me
ajudou a levantar o que estava exposto, demorando-se com a mão cheia no
meu seio.

Aquele mafioso estava ultrapassando limites que eu gostaria de


experimentar e não tinha coragem de assumir.

— Meu tesão é apenas por você, Sara. Não importa como, quando
ou onde, preservarei minha filha, darei uma vida de princesa e a blindarei de
todo o mal que me atingiu. Que te tocou. Nós estamos fodidos, mas ela, fará
muito melhor do que nós.

— Não vou transar com você enquanto amamento ela — minha voz
tremeu, era como se eu estivesse recusando algo que eu queria muito.

— Eu toparia, mas não há necessidade de fazermos tudo de uma


vez. Estou te preparando, sua boceta ficará tão encharcada, que vai gozar em
segundos, depois que eu meter.

Fechei os olhos e pressionei os lábios para evitar de lhe dar mais


argumentos. Tudo estava sendo usado contra mim e, ao invés de me colocar
em posição de coerência, estava me tornando tão depravada quanto ele.

— Leonel, pare de falar palavrão — murmurei, sem forças, porque


Emanuelle estava terminando de mamar.

— Estou tentando, da mesma forma que testaremos deixar


Emanuelle com América enquanto trepamos. Depois, você vai olhar suas
coisas e tornar essa casa o seu lar. Trouxe tudo, para a minha rainha.
— O quê? — Abri os olhos e me virei para encará-lo. Ele tirou a
bebê dos meus braços, ela chorou e ele a devolveu. — Quando disse que
queria me sentir em casa, eu estava falando...

— América! — ele gritou, assustando nossa menina.

Levantei-a para que arrotasse e dei tapinhas leves nas suas costas
para acalmá-la. Olhei do leão para Leonel, os dois tinham muito em comum,
eu estava lidando com aquele que mandava ou matava.

A mulher apareceu, sorriu receosa para mim e entreguei-lhe a bebê.


Mal tive tempo de me despedir, De Leon abaixou a parte de cima do meu
vestido e tomou meus seios para degustar.

Tabu.

Abriu sua calça, puxou-me para cima e colocou minhas pernas ao


redor do seu quadril. Forte e determinado, empurrou a calcinha para o lado
com a mão no seu pau, me preencheu e tomou minha boca antes que eu
pudesse gritar.

O leão rugiu, o medo se espalhou pelo meu corpo e, ao invés de me


congelar, ele acelerou meus batimentos cardíacos. Então, enquanto ele
entrava e saía de mim, excitado e desesperado por alívio, percebi que era o
tesão que me dominava. Desejo e luxúria, eu queria que ele tomasse tudo de
mim sem pudor, como foi desde a primeira vez.

Leonel De Leon não tinha nojo do meu corpo, nem receio de me


tocar. Tudo em mim era um estímulo sexual estando com ele e eu queria me
sentir a mulher poderosa que ele via em mim.
Abracei seu pescoço e rebolei enquanto ele arremetia. Ofegando e
fazendo esforço, eu chocava meu corpo com o dele, para nos proporcionar o
melhor do sexo. Sentia-me livre, com os estímulos certos e a paixão
avassaladora que nos dominava.

Como previsto, eu gozei rápido e querendo mais daquele mafioso.


Gemi alto e o leão, novamente, rugiu, acompanhando o ato obsceno. Leonel
mordeu meu pescoço e pulsou dentro de mim, me marcando com seu cheiro e
seus fluídos.

— Gostosa do caralho. Você me quer e não vai me abandonar.


Tenha sua casa aqui comigo, com nossa filha.

— Oh!

— Está me entendendo, Atrevida? — Reforçou suas intenções e


acenei afirmativo. — Posso te dar tudo o que quiser, mas sendo uma De
Leon, precisa aceitar os meus termos.

Suspirei quando seus braços me cercaram e ele me aconchegou.


Leonel queria ser meu dono, mas na verdade, só queria dizer que me amava,
da forma distorcida que ele conhecia.

Caramba, eu estava descobrindo que também o queria, naquela


medida.
Capítulo 21

Tomamos um banho na suíte principal e almoçamos, com América e


Emanuelle por perto. Tendo os funcionários ao redor, ele se portava como o
poderoso De Leon. As palavras tinham mais cuidado quando dirigidas a
mim, mas os sorrisos e carícias, eram apenas em nossa privacidade.

Eu o respeitava.

— Pedi para que suas coisas ficassem no depósito no fundo do


terreno. Leve o tempo que precisar, terá dois seguranças para te ajudar com
a locomoção das coisas de lá para dentro de casa. — Tomou um gole de
vinho e me encarou sereno.

— Como conseguiu entrar no meu apartamento?

— Ele está em território Camargo, mas eu consigo tudo o que


quero. — Virou o rosto para Emanuelle, que nos observava como se pudesse
entender a interação. — Tinha alguns móveis de bebê.

— Gostaria que fosse doado, para uma mãe solo que não tem ajuda
do pai da criança. — Voltou a me encarar com a sobrancelha erguida. — Se
for muita exigência da minha parte...

— Douglas fará o serviço.

— Obrigada. — Sorri com carinho. O que não pode ser aproveitado


por Gabrielle, teria outro destino, como foi sua vida.

— Há muita coisa velha. Poderá comprar outras coisas.


— Entendi.

— Tem um cômodo extra no andar de baixo, pode criar um


escritório ou sala de música, apenas para você.

— Leonel. — Estiquei meu braço e toquei sua mão, mas percebi


minha gafe e congelei. — Quero dizer, senhor De Leon.

— Fodam-se as formalidades, Sara.

— Olhe a boca! — repreendi por impulso e olhei para a bebê no


colo de América. A mulher estava mais silenciosa que o normal, mas não
tinha perdido o seu olhar terno.

— Depois te mostro o que faço com essa língua atrevida. — Piscou


um olho para mim, ainda estando sério. Meu coração corrompido estava
eufórico com sua promessa. — Torne essa casa o lar que você quer. Depois,
iremos para o seu novo escritório, vai trabalhar comigo.

— Eu já tenho um emprego.

— Tinha. Você é minha e não preciso te dividir com um emprego de


merda. Eles têm ligação com a família Camargo.

— Não pode os odiar, você tem uma conexão com eles — repreendi
empinando o nariz. Leonel umedeceu os lábios e me analisou, sabia do que
eu estava falando e procurava uma forma de me rebater. — Entendo seu
posicionamento, mas...

— Por isso que não extermino nenhum deles, apenas os que entram
em meu caminho. Você me pediu, estou te dando. Esses são meus termos e
aprenda a navegar nas limitações que são estar na minha vida. Agora,
termine de comer.

Mandão! Poderia pintá-lo de abusivo, mas eu era adulta e estava me


entregando aquela confusão. Estar com De Leon era mudar conceitos e, tendo
minha verdadeira essência exposta, eu só queria vê-lo me obedecer enquanto
se camuflava em suas ordens insensíveis.

Ele terminou de almoçar primeiro, foi até Emanuelle deixar um


beijo e trocou um olhar comigo antes de sair da cozinha sem dizer adeus.
Queria um carinho de despedida, mas entendia que algo deveria estar
passando na sua cabeça e, quando voltasse para casa, ele me contaria. Ou
faríamos sexo.

Nunca pensei que minha rotina seria viver no extremo da


maternidade e do prazer sexual. Preferia intercalar com trabalho e rotina
social, mas tinha percebido que eu havia trocado um mundo tradicional pelo
universo de Leonel De Leon.

Terminei de almoçar, peguei Emanuelle do colo de América e fui


para a sala de estar, me acomodar no sofá e dar um pouco de leite para a
bebê. Percebi que a mulher me seguiu, mas manteve distância, ficando atenta.

— Você se acertou com De Leon? — perguntei, erguendo a criança


e apoiando seus pezinhos no meu colo.

— Ele pediu que eu fizesse o papel de babá, quando você estivesse


ocupada. Estarei disponível sempre que necessário.

— Pensei que ele nunca mais confiaria em você, depois daquele dia
— murmurei minha preocupação e sorri para Emanuelle, que começou a
fazer caretas fofas.

— Compreendo as dúvidas do Senhor De Leon, mas me empenharei


ao máximo para que elas desapareçam. — Olhei-a com julgamento, não
sabia explicar a origem daquele sentimento, apenas não gostava de quem
precisava verbalizar sua fidelidade. — A senhora também.

— Eu o quê?

Emanuelle começou a resmungar, deitei-a em meus braços e abaixei


uma das alças do vestido para lhe oferecer o peito.

— Cuidarei bem da bebê quando for necessário. Não precisa me


olhar dessa forma. — Seu cenho franziu.

— Está vendo coisas, América.

— Quer ajuda com suas coisas da mudança?

— Vou ver depois de amamentar. — Suspirei e voltei minha atenção


para a bebê. Alisei seu cabelo e fiz carinho na mãozinha, aquele momento
era mágico. Sentia como se fosse minha, por mais que nunca substituiria
Gabrielle.

— Boa tarde. — Douglas apareceu na sala de estar e sorriu para


América antes de me encarar. — De Leon pediu que eu atendesse uma
exigência sua.

— Desde quando eu mando em algo?

— No momento em que deixou esse bebê sugar seu leite. — Ele se


aproximou e, como sempre, parecia atento, mas descontraído.
— Ela tem nome. Emanuelle.

— É uma De Leon e será tão excêntrica quanto o dono. — O idiota


riu quando rosnei em reprovação à sua utilização de palavras. Ele dobrou
uma perna e ficou de joelho na minha frente. — Pai e família são para os
fracos. Ele toma posse, não faz parceria. O único companheiro confiável que
o chefe tem é o leão.

— Entender o que se passa com Leonel De Leon é para os poucos.


Não me venha com o seu entendimento deturpado. Emanuelle é filha dele,
não importa como aconteceu a concepção.

— Você não precisa me convencer de nada. — Debochou com o


olhar e deu de ombros. Seu olhar foi para a bebê e suavizou, um ser inocente
como aquele sempre amolecia corações. — Ela está melhor aqui do que com
os Camargo. Escrotos filhos da puta.

— Não xingue. — Estendi o braço e bati no seu ombro, por instinto.


Ele arregalou os olhos surpreso e eu recuei. — Lembrei o motivo de você
ter vindo aqui. Os móveis de bebê que tiraram do meu apartamento, quero
que sejam entregues para alguém que precise.

— Uma mãe solo que o pai não dá suporte — América


complementou e sorriu para mim. — Nessas condições, Douglas.

— O Natal chegou mais cedo esse ano. — Ele se levantou e ajeitou


a roupa. — Quer escolher o tipo sanguíneo também?

— Aqueles móveis, roupas e todas as outras coisas de bebê foram


compradas com muito amor, por uma mãe que passou a gestação com
depressão e sozinha. — Troquei um olhar com Douglas e América. — Tem
minhas lágrimas, dor e força. Quero que alguém, que passou por algo
parecido, encontre consolo nessa doação. Está novo e Emanuelle tem o
necessário nessa casa. Não precisa de mais nada além de amor.

Os dois ficaram em silêncio me observando e não desviei o olhar.


Apesar do assunto ainda me ferir, eu estava de cabeça erguida para superar o
trauma. Perder o namorado, desistir de uma filha e construir uma família
desajustada.

— Você sabe que pode pedir — Douglas usou um tom pesaroso.


Percebi que tinha a ver com minha filha, eu ainda não estava preparada.

— Apenas a doação. É o que dou conta no momento — murmurei e


foquei na bebê, que tinha dormido com a boca em meu seio.

Ajeitei Emanuelle para poder tampar o seio, levantar a alça do


vestido e a colocar deitada de barriga em cima da minha. Esparramei-me no
sofá, coloquei algumas almofadas ao redor e suspirei ao perceber que estava
sozinha.

Não, nunca mais estaria só. Eu tinha minha filha e um homem


perigoso em meus pensamentos como companhia.
Capítulo 22

Observei o escritório feito especialmente para Sara, no meu prédio


principal, e sorri com satisfação. Ela estaria comigo, ao mesmo tempo que
pararia de me repreender, por não lhe dar liberdade para viver.

Eu tinha alguns padrões a seguir e minha mulher teria que entender


como tudo funcionava. Depois de alguns dias de oficializar as duas como
sendo De Leon, entre a observar amamentar, sexo e banho juntos, eu vivia
uma plenitude imensurável.

Nem a implicância dos Camargo, em querer a bebê, estava tirando a


minha paz. Além de deixá-las seguras, eu estava formando uma família.

— Está diferente. — Douglas apareceu ao meu lado e ergueu a


chave do carro. — Precisa de mais alguma coisa?

— Você nunca pensou em se casar? — Cruzei os braços e continuei


na mesma posição. — Ter filhos e agradar a mulher que escolher para
passarem a vida juntos?

— Gosto de América. — Abaixou a cabeça, acanhado. Apesar de


ambos terem mais de trinta anos, eles estavam agindo como adolescentes se
não estavam envolvidos. — Ela acha que você não aprovaria.

— Quando iria me contar?

— Estou fazendo agora. — Voltou a me encarar e sorriu com


sarcasmo. — Não tem importância.
— Ela cuida da minha filha, junto com Sara.

— Eu sei disso.

— Você é meu braço direito e está sempre disponível.

— Por isso, nada de sexo para mim. — Fez bico, encarando tudo
como uma piada.

— Não foda na minha casa. Nem no escritório. Sejam discretos.

— Chefe, eu dou conta de tudo.

— Vamos embora. — Fechei a porta do escritório, seria uma


surpresa para minha mulher. — E a filha de Sara?

— Emanuelle? — perguntou, confuso, enquanto caminhávamos pelo


corredor até o elevador.

— Não, a que nasceu morta.

— Ah! — Ele suspirou e descemos até o subsolo. — Está tudo


pronto para a visita e enterro, ou cremar. Só escolher a data.

— Quero ir ainda hoje.

— Tudo bem, eu faço a ligação. — Douglas tirou o celular do bolso


e clicou na tela. Andamos pelo estacionamento até chegarmos ao carro.

Percebi o movimento dos seguranças e entrei no banco de trás. O


motorista estava em posição e meu braço direito se acomodou na frente.

— Sim, deixe tudo pronto. Em breve, chegaremos. — Encerrou a


ligação e elevou o polegar para mim.
— Ligue o som.

Relaxei no banco, fechei os olhos e deixei que o balanço do carro,


junto com a melodia, me acalmasse para o próximo momento.

“Sem religião para os perdidos

Tristeza pelos perversos

Sem misericórdia na selva

Sem esperança para o pior

Salvação para os cansados

Sem misericórdia na selva”

Blues Saraceno – No Mercy in The Wild

Chegamos à mansão, saí do carro em uma missão e dei passos


largos para dentro do lar. Antes que eu fosse até os quartos, ouvi as vozes
das mulheres na cozinha. Era fim de tarde e eu estava chegando mais cedo
para a surpresa dupla.

Encontrei minha filha nos braços de Sara, enquanto América lavava


a louça e Milena cuidava do fogão. As três conversavam animadas e assim
que minha presença foi percebida, as empregadas se calaram, menos a minha
mulher.
— Chegou cedo. — Sara se aproximou, beijou meus lábios e sorriu.
Emanuelle fez gracinhas e esticou os braços na minha direção. — Trocada
pelo papai. Eu te entendo, filha.

Peguei a menina deixei um beijo na sua testa e me inclinei para


beijar a boca de Sara. Era uma rotina caseira que nunca me pareceu atraente,
até que eu me coloquei como protagonista.

— Tenho algo para te mostrar. — Olhei para América, que se


mantinha rígida. O medo que eu colocava nos meus empregados era uma
forma de me proteger e não me importava. — Faça o que tenha que fazer
com Douglas, só não trepe na minha casa.

— Leonel! — Sara me beliscou a barriga e rosnei irritado para a


Atrevida. — Não use essas palavras na frente dela.

— Não precisa ter medo, nenhum homem tocará nela, mesmo depois
de adulta. — Indiquei para minha funcionária se aproximar. — Fique com
Emanuelle, nós já voltamos.

— Ela precisa da última mamada. — Sara pegou a bebê e saiu da


cozinha, bufando irritada.

— O que foi?

— Precisa se controlar, só isso. — Sentou-se no sofá da sala de


estar e abaixou a alça do vestido. Suavizou o olhar para a nossa filha, depois
o direcionou para mim. — O que quer me mostrar?

— Você quer advogar, eu preparei o seu escritório ao lado da minha


sala. Será a assessora jurídica das minhas empresas.
— Uau. Vou aprender a lavar dinheiro?

— Acho que você não entendeu como eu trabalho. Mando na


cidade, faço minhas leis, mas todo o resto, segue o mesmo trâmite da
sociedade. Pago meus impostos, todos eles. Faço contratos e fecho acordos,
como um empresário normal.

— Você está longe de estar no mesmo padrão dos outros homens.

— Isso é você falando porque conhece o poder do meu —


movimentei a boca para falar pau e seu olhar se iluminou por ter tomado
cuidado. — Eu presto atenção nas coisas que você fala.

— Falar que me ama seria menos intenso. — Abaixou o olhar e


acariciou Emanuelle. — Gosto de você, Leonel.

— Eu sei. — Sentei-me no chão, à sua frente, para encarar mãe e


filha. — Nem lembro a última vez que ameaçou ir embora.

— Era meu julgamento falando mais alto. Acho que já superei


qualquer empecilho, depois de tantos dias entre cuidar de bebê e dormir em
seus braços.

— Só me sinto bem desse jeito. — Respirei fundo e empinei meu


nariz. Estava abaixo dela, ao mesmo tempo que me sentia grande por ter o
poder de fazê-la me desejar tão intensamente. — O que mais você quiser, eu
farei.

— Estava pensando...

— Eu tenho a sua filha. Podemos fazer um enterro decente.


Sua pele ficou branca, o corpo balançou e eu a segurei, percebendo
que a pressão baixou.

— Sara! — chamei-a em desespero. — O que foi?

— Ainda não sei lidar com Gabrielle. Oh, céus, é tão dolorido
pensar nela.

Nossa filha começou a chorar, tirei-a do peito e a coloquei de pé,


contra meu ombro, para arrotar. Enquanto Sara chorava, fui até América e
entreguei a bebê.

— Fique no quarto e não saia de lá. Douglas ficará comigo.

— Senhor, sobre ele...

— Depois conversamos. — Observei-a pegar Emanuelle e seguir


para o quarto.

Voltei para a sala, sentei-me ao lado de Sara e a coloquei no colo


enquanto chorava pela filha que nasceu sem vida e foi submetida a um
transplante de órgãos.

Imaginei Sara no lugar do bebê e uma fúria rugiu dentro de mim.


Seria inconcebível perdê-la ou à minha filha. Depois que experimentei, não
queria imaginar o fim.

— Temos uma filha e ela precisa de você tanto quanto eu. Chore,
mas depois, recomponha-se, Atrevida.

— Ricardo vai me pagar — ela resmungou entre as lágrimas.


Aquela reclamação era toda a autorização que eu precisava para
destruir um Camargo.
Capítulo 23

Fiquei alguns dias triste e cabisbaixa, para digerir um dos presentes


que Leonel tinha me dado. O poder de me despedir da minha filha biológica
tinha voltado para as minhas mãos e eu não sabia o que fazer.

Evitei Leonel e sexo enquanto não me sentia bem e percebi que ele
estava irritado. Contudo, o homem estava tão apaixonado, que me deu o
tempo necessário, não forçou a barra, mas também, não escondeu a
insatisfação.

Melhor e mais disposta, acendi velas enchi a banheira e coloquei o


sabonete de banho mais cheiroso do banheiro de Leonel. Além de nos
reconectar, queria voltar a trabalhar e fazer os ajustes necessários com
Douglas e América.

Havia um casal discreto na casa e o medo da funcionária se tornou


em motivação. Sorridente e carinhosa, ela me ajudou a dar o passo para me
entregar, mais uma vez, para De Leon.

“Woah Lord, ele simplesmente não o deixa ir

Procure no rio, pergunte-se onde ele estará

Perdido na escuridão

Com fome de ser livre


Não há volta de volta

Ele vê cada movimento dele

O diabo pegou-o

E ele simplesmente não o deixa passar

Não, ele simplesmente não o deixará passar”

Robin Loxley – Jus Won’t Let Him Go

A música melancólica e sensual conduzia o momento. Com uma


calcinha fio dental e sutiã de renda, tirei a roupa que me colocava como mãe
e me tornei apenas a mulher.

O dono da casa demorou a chegar e as velas quase se apagaram.


Fiquei sentada no chão, do lado de fora da banheira cheia, que mantinha a
temperatura por conta do aquecedor.

Quando apareceu na porta do banheiro, seu olhar sério se


transformou em um sorriso pervertido. Puxou a gravata e a tirou pela cabeça,
depois se desfez do terno e foi removendo os sapatos.

Levantei-me sem pressa, ajudei-o a tirar a roupa e ficar apenas de


cueca. Alisei seu tórax, beijei suas cicatrizes e o encarei, com um pedido de
desculpa.

— Como foi seu dia? — perguntei, baixo.

— Finalmente, voltará a ficar bom, porque você não está mais me


evitando.
— O luto está sendo difícil para mim.

— Olhe para nossa filha e encontre o sentido da vida. Se não for o


suficiente, me veja. — Pegou minha mão e colocou na sua virilha. — Você
perdeu meu tesão por dias. Não aguento mais bater punheta.

— A vida não é só sexo.

— E eu faço todas as outras coisas com você. A rotina não é


interessante de ser contada, mas a intimidade, sim. — Ele segurou no meu
queixo e lambeu a lateral do meu rosto. — Estou com fome de uma leoa
atrevida. Vou te comer e não sobrará nenhum pensamento triste para dar
atenção.

— Mate sua fome, De Leon. Não há mais nada me impedindo de ser


toda sua.

Tomou minha boca com ferocidade, minhas mãos deslizaram pelo


seu peitoral e as dele encontraram minha calcinha e a rasgaram. Abaixei sua
cueca e ele se desfez do meu sutiã, depois segurou minhas coxas e me ergueu
contra a parede.

Ele queria entrar, estava sedento para pular as preliminares e me


foder a noite inteira. Mas o mafioso sabia me agradar, e continuou me
beijando e esfregando sua ereção contra meus lábios vaginais, em um vai e
vem alucinante.

— Preciso comprar um lubrificante para facilitar as coisas para


você — prometeu, deixando beijos pelo meu pescoço e sugando a pele.

— Vai melhorar. Tenha paciência e faça o trabalho com essa língua


afiada.
Ele riu e me colocou no chão. Ajoelhou, atendendo ao meu pedido e
sugou minha boceta, depois focou no meu clitóris. Uma das mãos foi para o
meu seio e o apertou, para nos lambuzar com seu fluído tabu preferido.

Subiu para abrir a boca e enchê-la. Caramba, Leonel conseguia


transformar o pior no melhor momento de tesão. Piscou um olho, voltou para
baixo, mesclando meu sabor com o do leite que tinha em seus lábios.

— Espero que não me troque por outra ama de leite, quando eu


parar de amamentar — resmunguei, rebolando na sua boca.

— Inventaremos outra coisa para te fazer gozar loucamente. —


Sugou com força e gritei, fechando os olhos e gozando. Ele riu contra meu
sexo e se levantou, quando os espasmos foram cessando. — Vou ter que lutar
com outro discurso?

— Que tal, você é meu para o que eu quiser? — Empurrei-o até a


banheira, ele entrou e eu fiz o mesmo, me sentando de frente no seu colo e
encaixando-nos. — Está bom para você assim?

— Não. Esfrega esses peitos em mim enquanto quica no meu pau.

Coloquei as mãos nos seus ombros, subi e desci contida, até que me
cansei e me libertei. Espirrando água para todos os lados, eu o cavalguei em
busca de mais um orgasmo enquanto ele me apreciava perder o controle.

Levantou-nos antes que a posição nos deixasse com tédio, coloquei


as mãos na beirada da banheira e ele meteu por trás. Esfregou meu ponto G
naquela posição enquanto brincava com meu ânus, com o polegar.

— Está muito tensa, preciso que relaxe para eu te comer aqui.


— Minha boceta é suficiente — resmunguei, focada demais em
gozar naquela posição.

— Você vai gostar, mas tem que me deixar te tomar.

— Não pergunte, só faça.

— Quero a disputa. — Bateu na minha bunda e saiu com tudo,


depois entrou e voltou a meter com mais força. — Oh, sim. Diga não para
mim, Atrevida.

— Sim.

— Resposta errada. — Deu outro tapa na minha bunda e perdi as


forças do braço. Leonel me levantou, enlaçou abaixo dos meus seios e
esfregou meu clitóris. — Negue!

— Oh! Sim!

Ele queria brigar, enquanto o que mais ansiava era ter a calmaria
das suas excentricidades. Enquanto eu gozava, ele ria e pulsava dentro de
mim, batendo sua pélvis contra minha bunda e dizendo, com prazer, o quanto
me amava.

Sentamo-nos na banheira, ele abraçado às minhas costas e fechei os


olhos. Relaxei no seu colo, tomando suas carícias e me excitando para uma
nova rodada de sexo.

— América vai ficar com Emanuelle a noite inteira?

— Não. Ela acorda às duas da manhã, vou amamentar e volto para a


cama. — Suspirei, feliz. — Eu quero ver meu escritório.
— O que eu fiz para você continua no mesmo lugar. Trabalhar
comigo será prazeroso.

— É esse que eu quero. Perto de você, da minha família. — Fiz uma


careta e lembrei-me dos meus pais e irmão. Eu me afastei deles, como fiz de
Gabrielle e quase repeti com Leonel. — Não me dê espaço. Seja invasivo.

— Mais do que já faço?

— Não quero te perder, como fiz com toda a minha família de


origem.

— Quer ajuda para encontrar seus pais?

— Talvez. — Virei-me para ficar de frente e abri os olhos. — Uma


coisa de cada vez. Assim que eu recuperar minha rotina de trabalho, eu
pensarei nos outros assuntos.

— Já quer ser fodida novamente, conheço esse olhar.

Mordi seu lábio inferior e ele riu. Segurou na minha nuca, ergueu
minha cabeça e beijou minha boca, me posicionando, novamente, para
cavalgá-lo. Antes de me encaixar, ele segurou um seio, largou meus lábios,
para abocanhar um e depois o outro. Aquele gesto ainda era tabu, mas, ao
invés de julgar, eu me permitia sentir tesão.

Com seu olhar perverso no meu, ofereci meu corpo para sua
degustação, já que a alma tinha sido consumida para o mundo De Leon há
muito tempo.
Capítulo 24

A escolta armada e a proteção que Leonel de Leon tinha me encheu


de satisfação. No seu SUV de luxo, indo para o seu prédio comercial
principal, eu estava com o coração acelerado por conhecer meu novo
escritório.

— Tem certeza de que não preciso ir falar com meus antigos


patrões? — Remexi-me no banco e olhei para Emanuelle, que brincava com
um penduricalho à sua frente, no bebê-conforto.

— Já foi tudo resolvido. Você assinou sua carta de demissão e o


dinheiro foi depositado na sua conta, com a multa e outras indenizações.

— Mas eu pedi para sair. — Fuzilei-o com o olhar e o mafioso só


deu de ombros, olhando para frente. — Leonel!

— Eu cuido de você.

— Está comprando minhas batalhas. Eu gosto de vencer sozinha.

— Quem sabe, depois que você aprender a atirar e se defender, eu


te deixo longe da minha supervisão.

— Bem lembrado, senhor abusivo, quero um celular e computador.


Chega de ficar isolada do mundo. Não é porque vivo sob o poder paralelo,
que não gosto de conviver com outras pessoas.

— Se é um dos meus soldados falando essa merda, não me importo


— murmurou próximo do meu ouvido. — Mas é você, Atrevida. Que caralho
eu estou fazendo errado para me chamar de abusivo?

— Decidindo por mim, sobre minha rescisão — suavizei o tom,


porque Leonel estava aberto a mudar, pelo menos para me agradar.

— Mas todos fazem acerto nessas horas. Você sofreu e eles


merecem pagar.

— Ricardo o fará, mas do meu jeito. — Toquei seu rosto e me virei


para enfrentá-lo. Sua testa franzida e respiração tensa demonstrou sua
preocupação em me magoar. — Da próxima vez, me consulte. Uma simples
pergunta resolve qualquer assunto.

— Eu queria te agradar. Não gosto de ficar dando satisfação.

— Um passo de cada vez, não é mesmo?

Beijei seus lábios e sua cabeça se inclinou para aprofundar o beijo.


Emanuelle começou a chorar e interrompi o momento, para atender sua
necessidade.

— Não quer mais esse brinquedinho? — perguntei, fazendo


gracinhas.

— Douglas! Passe no shopping antes, vamos comprar algo novo


para minha filha.

Comecei a rir, o homem não tinha limites para suas vontades.


Imaginei o quanto foi difícil para ele me dar o espaço necessário para
processar meu luto e a tristeza em meu peito.

O braço direito do meu homem olhou por cima do ombro para mim
e sorriu, ele estava gostando daquela mudança em De Leon, além de estar se
aproximando mais da sua amada América.

Paramos no estacionamento, Leonel saiu primeiro e deu a volta para


pegar o bebê-conforto. Fui ao seu lado, encarando as pessoas e o ambiente
por outra ótica.

Eu me sentia poderosa.

Com seguranças e Douglas nos guiando, fomos para a loja de


brinquedos e Emanuelle remexeu em seu assento. Tirei o cinto e a peguei no
colo, De Leon entregou o bebê-conforto para um dos homens que nos
acompanhavam e nos deixaram livres para andar pelo lugar.

A vendedora estava intimidada com tantas pessoas para nos


escoltar, mas buscou meu olhar, numa tentativa de não recuar.

— Bem-vindos. Eu sou Anabela e serei sua atendente. Estão


procurando algo específico?

— Brinquedos para ela. Quatro meses, quase cinco.

— Educativos e da melhor marca — Leonel se intrometeu e encarou


as prateleiras.

Acenei afirmativo para a mulher, que me indicou para acompanhá-


la. Emanuelle não parava de se remexer, fazer barulhos fofos e querer pegar
tudo. Quando viu um leão de silicone, se esticou para o agarrar.

— Ela já sabe o que quer. — A atendente entregou na mão dela. —


Esses são mordedores, vão ajudar nessa fase oral. A gengiva coça e tudo vai
para a boca.
— Já vai nascer dente? — ele perguntou, assombrado. — Ela vai
morder seu peito, Sara.

— Acho que faz parte, não é mesmo? — Sorri para a mulher e o


encarei. — Como dizem: ser mãe é padecer no paraíso.

— Minha mulher não precisa sofrer. — Bufou irritado e fiquei na


ponta dos pés para beijar sua boca.

— Emanuelle já achou algo que goste. Pode pagar, senhor


controlador.

— Abusivo, controlador... de bom fodedor você não me chama.

A vendedora arfou com a mão no peito, meu rosto esquentou de


vergonha e o observei pisar firme em direção ao caixa. Sorri sem graça para
a mulher, que o acompanhou e me deixou sozinha.

— Seu pai não tem filtro. Teremos que nos acostumar. — Beijei sua
testinha e fiz uma careta, ao perceber que nem higienizado o brinquedo
estava. — Vou fingir que é vitamina S.

Fui para a porta da loja, Douglas estava com os braços cruzados e


olhando para longe. Fiquei ao seu lado e busquei o que chamava sua atenção,
meu coração parou uma batida ao perceber que Ricardo estava com uma
mulher elegante, nos observando de longe.

— Você sabe quem é ele? — perguntei, controlando minha raiva e


virando o corpo, para que Emanuelle não fosse vista por aquele idiota.

— Ele fede a Camargo.


— A pessoa é ruim, não a família que lhe deu a vida — repreendi
com o olhar. Minha filha tinha sangue daquelas pessoas e não conseguia
odiar todos, porque o ódio era direcionado apenas para um.

— Sabia que ele poderia ser o pai? — O braço direito do De Leon


me jogou um banho de água fria. — Tem noção do que eles queriam fazer
com a bebê?

— Ela está protegida comigo. Tenho certeza de que Ricardo não


tem nenhum vínculo com Emanuelle, já que ele preferiu não acompanhar
minha gestação.

— Aquele merdinha que você chamou de namorado no passado é


um dos piores que conheço.

— Não fale palavrão — minha voz ecoou com a de Leonel, que


apareceu ao meu lado. — Filho da puta, eu vou matar esse imbecil.

— Posso, chefe? — Douglas colocou a mão no coldre, em ameaça.

Segurei na mão de Leonel e o puxei na direção contrária daquele


que me machucava a alma. Sorri quando deu passos me acompanhando e
seguimos para sair do shopping.

— Não vale a pena — sussurrei, me aconchegando ao lado dele


enquanto caminhávamos.

— Ainda não. Mas você quer e precisa dessa vingança.

— Eu sei. — Entreguei-lhe Emanuelle e abracei sua cintura. —


Obrigada por fazer minhas vontades.

— Vai me chamar de seu rei?


— Senhor fodedor — rebati baixo, nós rimos e alcançamos o
estacionamento.

Estava brincando com conceitos que implicavam em grandes


conflitos e sofrimentos. Nenhuma mulher merecia estar em um
relacionamento, onde o homem abusa do poder que tem sobre ela. Físico ou
mental, a felicidade deveria estar sempre em primeiro lugar.

No meu caso, a mudança de conceitos veio com o sofrimento e a


raiva. Leonel De Leon foi o desafio necessário para que eu ficasse viva.
Lúcida. Naquele momento, que estava prestes a retomar parte da rotina que
eu gostava, sobre trabalho e família, eu daria mais um passo para dentro do
universo do mafioso. Ou seria ele que estava se misturando ao meu?

Sua tentativa em me agradar e ouvir minhas exigências, além das


gracinhas que estava fazendo, mostrava que ele estava disposto a abrir mão
do controle, pelo menos comigo. Eu cuidava da nossa filha, ele nos protegia
e a nossa dinâmica fora do padrão seguiria me fortalecendo como pessoa,
mãe e mulher.

— Vamos conhecer seu escritório — Leonel abriu a porta do SUV


para que eu me acomodasse e entregou a bebê nos meus braços.

— Estou pronta para voltar a advogar.

Ele colocou o bebê-conforto ao meu lado, fechou a porta e deu a


volta no automóvel. Era estranho, mas era a minha vida no mais perfeito e
incompreendido caos.
Capítulo 25

Bufei e revirei os olhos, com Emanuelle deitada enquanto mamava.


Conversar com Leonel era bom e, muitas vezes, me irritava. Mas confessava
que amava o quanto ele queria entender ao mesmo tempo que eu me permitia
ser dona de algo. Mandar estava longe de ser a minha melhor habilidade,
mas queria incorporar a senhora De Leon, para estar no controle de tudo.

Para me tornar a assessora jurídica impiedosa, eu precisava mostrar


minha força e ela vinha da maternidade. Trabalhar enquanto cuido de um
bebê intimidaria muitas pessoas e amaciaria meu ego.

— Não preciso de América para dar conta do trabalho — rebati,


seca, e fechando a cara para Leonel. — Compre um cercadinho. Vou
conciliar as duas coisas.

— Eu lido com pessoas perigosas e, às vezes, as coisas saem do


controle na minha sala, que é em frente à sua. — Ele cruzou os braços e
apoiou a bunda na mesa. — Aqui não é ambiente para Emanuelle.

— Terá que ser. Esse é seu trabalho, não iremos esconder o que
fazemos para a nossa pequena. Ela vai para a escola, terá amiguinhos e se
alguém fizer bullying por causa de...

— Vão morrer. É assim que lido com as ameaças à minha paz.

Fechei os olhos e tentei não o julgar, por ter ceifado tantas vidas.
Ninguém tinha o direito de fazer isso, mas fazia parte da natureza dele, que
eu precisava me adaptar. E ele, teria que ceder para ser um bom pai para a
filha.

— Esse não é o melhor para sua filha.

— Nossa. — Virou para pegar um papel e ergueu a certidão de


nascimento dela. — Leonel e Sara De Leon são os pais de Emanuelle.

— Quando eu estiver brava com ela, por ter feito alguma peraltice
de criança, acredite, eu a chamarei de sua filha. Mas ela continuará sendo
minha. Nossa. — Sorri para a superfície que estava atrás dele. — Obrigada
pelos eletrônicos e todo o material de trabalho. Ainda não acertamos o
salário.

— Não precisa. — Bufou e soltou o papel atrás dele. Estendeu a


mão e eu me aproximei, Emanuelle estava quase dormindo. — Na sua conta
estará tudo o que você precisa. Sou rico, você também é.

— Se eu quiser comprar um avião, então, eu tenho saldo?

— Claro. Pretende nos levar para a lua de mel? — Beijou meus


lábios e desceu para sugar meu pescoço. — Ou quer foder aqui em cima da
mesa?

— Shiu, ela está quase dormindo — murmurei, dando um passo


para trás e erguendo a bebê para melhor acomodá-la. — Pare de falar
palavrão perto dela.

— É mais forte do que eu, mas sei que preciso maneirar.

Coloquei-a no bebê-conforto que estava em cima do sofá. Prendi-a


com o cinto e beijei sua testinha. Antes que eu pudesse ajeitar minha roupa,
Leonel me virou, abocanhou meu seio e enfiou sua mão debaixo do meu
vestido.

— Na frente dela, não! — exigi, gemendo e fechando os olhos,


enquanto ele me estimulava da melhor forma.

Ergueu-me distribuindo beijos para cima, até chegar ao meu


pescoço e sugou, mais uma vez. Chegamos ao banheiro anexo, ele nos fechou
no pequeno cômodo e me pressionou contra a parede.

— Aqui pode, senhora exigente? — Abaixou a outra alça do vestido


e deu atenção para o meu seio.

— Tem que ser rápido, senhor pervertido. Mas, eu preciso que você
concorde comigo sobre o cercadinho.

— Chame América para ficar com você — rebateu, seco. Abriu a


própria calça e colocou minha calcinha de lado. Ergueu minha perna e
esfregou sua ereção no meu clitóris.

— Eu dou conta.

— Não. Você...

Empurrei-o apenas para me colocar de joelhos e colocá-lo na minha


boca. Ele se curvou para frente, excitado ao extremo, quando o suguei com
força. Meu olhar era dominante e estava determinada em fazê-lo ceder às
minhas vontades.

Sua mão apertou meu cabelo e fodeu com minha boca, ditando o
movimento. Soltei-o para sugar suas bolas, ele matinha a região bem
depilada e eu poderia me fartar de tudo o que ele tinha.
— Tudo isso para me convencer? — perguntou, com rouquidão.

— Ainda acha que eu não dou conta?

— Atrevida.

— Não o suficiente.

Voltei a sugar, com força e levando-o até a minha garganta. Fechou


os olhos e o percebi próximo do ápice, por isso parei e me levantei, ficando
de costas erguendo meu vestido.

Levei um tapa na bunda, Leonel flexionou os joelhos e me


preencheu com uma arremetida. Ofegou com a boca no meu ouvido, ele me
pressionava e metia, fazendo promessas apenas com seu gesto de luxúria.

— Essa é uma foda de convencimento? — Mordeu meu ombro e


gemi alto. — Pois estou aos seus pés, Sara.

— Confia em mim — pedi, colocando a mão entre minhas pernas e


me masturbando enquanto ele entrava e saía ritmado.

— Minha vida está nas suas mãos tanto quanto a sua está na minha.
Isso é tudo de mim.

— Eu amo você. — Virei o rosto e ele me beijou, enquanto pulsava


dentro de mim. Meus dedos aceleraram os movimentos circulares e eu me
sentia cada vez mais inchada com suas investidas.

Gozei logo, com o empenho daquele homem em me satisfazer. Ele


me virou para que pudéssemos nos beijar com mais intensidade. Sua saliva e
a textura dos seus lábios me levavam à satisfação além do tesão.
— Preciso me limpar — murmurei quando ele buscou fôlego.
Rimos quando fui para o vaso e me sentei, para facilitar a dinâmica.

Ajeitei o vestido sobre o escrutínio de De Leon. Sem pudores ou


nojo, o homem não queria apenas todas as minhas versões, mas tudo o que
envolvia a minha intimidade. Poderia ser invasivo, se isso não me deixasse
ainda mais poderosa.

Ele se ajeitou e lavou as mãos, encarando o espelho e sorrindo para


o reflexo. Acima de ver o outro feliz, era se sentir bem.

— Vamos voltar para casa, escritório batizado. — Estendeu a mão e


me levantei.

— Cercadinho.

— Terá uma secretária e poderá exigir tudo dela. Você manda,


Atrevida.

— Apenas no seu coração, Leonel De Leon. — Beijei seu tórax e


saímos do banheiro, encontrando uma Emanuelle dormindo profundamente.

Se aquela seria minha rotina diária, não teria nenhuma reclamação


da minha parte.
Capítulo 26

Voltar ao trabalho e saber como as empresas de Leonel funcionavam


me deixaram mais segura e confiante sobre a minha decisão como sua
mulher. Eu ainda não concordava com as mortes, nem com suas medidas
extremas contra a família Camargo e seus associados.

Ele se mostrou aberto a ter novos padrões de conduta, visando um


bom exemplo para Emanuelle, mas levaria tempo e ambos teríamos que ter
paciência. Enquanto eu cedia para suas paixões e perversões, ele aceitava
meus palpites e os adaptava à sua realidade.

Sentada em minha cadeira de trabalho, encarei as fotos da rede


social do meu irmão pela tela do computador e engoli em seco. Meus pais
estavam bem e felizes, formando uma família perfeita, mas eu não estava
presente. Não tinha mais o número de telefone deles, por isso, a única forma
de entrar em contato, seria pelo chat privado.

— Bu... — Emanuelle bateu na mesa com o mordedor em formato


de leão e a segurei mais forte.

— Sim, são seus avós. — Suspirei, sentindo um aperto no peito,


pelo receio da minha família julgar minhas escolhas.

— A.. da!

— Também estou com saudades deles. Mas... mamãe ainda não


sabe como retomar o contato.
Ela se esticou para frente e o mordedor acertou o teclado. Antes que
eu pudesse evitar, o botão de enviar foi acionado e um monte de letras
desconexas foi digitada.

Emanuelle riu, satisfeita, enquanto meu coração acelerou


desesperado.

— Filha!

— A... bu...

— Eu ainda não estava pronta.

Ela se virou para mim e esfregou o rostinho na minha roupa,


buscando meu seio. Conferi o horário da mamada, abaixei a alça do meu
vestido e a alimentei.

Enquanto cuidava dela, meu olhar desviava para o monitor,


esperando que meu irmão pudesse responder à mensagem. Fazia muito
tempo, eu os amava e queria por perto, mas o medo me dominava.

— Sara! — Assustei-me com a chamada de Leonel antes dele abrir


a porta da minha sala. Alisei a cabecinha da bebê, para acalmá-la, enquanto
o homem vinha em minha direção com um olhar sanguinário. — Preciso que
você fique aqui e não saia. Douglas irá te proteger.

— O que está acontecendo?

— O babaca do Guilhermo Camargo resolveu brincar com fogo.


Tentaram invadir a mansão e acertaram meu leão.

— Mataram o animal? — Abracei minha filha e De Leon se


aproximou, para beijar minha boca, depois a testa. — Por que eles te
atacaram?

— Querem a Emanuelle e já mataram muita gente, por não terem


conseguido. Eles são párias, Sara.

— Meu Deus, por que isso? O que ela tem de tão especial?

— Depois conversamos. — Ele tentou se afastar e o segurei.

— Fale.

— Caralho, mulher, me deixe resolver o problema em casa. Aquele


era o único lugar seguro para nós.

— O que Emanuelle tem que eles querem?

— Compatibilidade. — Deu passos até a porta e continuei sentada,


amamentando a bebê. — Ela nasceu, para doar um dos seus órgãos para
algum idiota da família, que fosse do mesmo sangue.

— Mas...

Meus olhos se arregalaram quando vi Douglas e outros três


seguranças entrarem na minha sala, segurando rifles. Ia virar e ficar de
costas, para preservar meu momento particular com minha filha, mas o chat
piscou no monitor. Meu irmão tinha respondido, e ele estava preocupado,
além de estar feliz por eu, pelo menos, ter entrado em contato de forma
bizarra.

Aproximei-me do teclado, digitei poucas palavras, pedindo o


número de telefone dele que depois entraria em contato. Fiquei emocionada
quando pediu para que eu não sumisse, que todos estavam preocupados
comigo.
— O que foi? — Douglas se aproximou, colocando a alça da arma e
a empurrando para trás.

— Nada. — Funguei e indiquei o meu monitor. — Consegui falar


com meu irmão. Desde a minha gestação que eu não me comunicava com
eles.

— Não é um bom momento para isso. Estamos sendo atacados,


Sara.

— Foi antes de Leonel ter invadido e falado. Sinto muito.

Emanuelle tinha dormido em meus braços. Virei-me para soltá-la do


meu peito e ajeitar o vestido. Coloquei-a de pé, com a cabeça no meu ombro
e me levantei, rodeando a mesa e ficando de frente para o braço direito do
meu homem.

— Nada vai acontecer com as duas. Os melhores homens estão


aqui.

— Quem precisa deles é De Leon, que foi pessoalmente ver isso.

— É a casa dele. — Suspirou, irritado. — Desde que se envolveu


com você, ele está mais paciente e postergando algumas ações.

— A culpa é minha?

— Claro. — Sorriu com deboche. — Leonel De Leon está virando


um homem de família e estão achando que ele ficou frouxo por conta disso.
Estão abusando da boa consciência dele. Acabou o tratamento radical, mata
ou morre. O dono de Lumaria está negociando com aqueles que não são
ameaça imediata.
— Aonde você quer chegar com isso, Douglas?

— Apenas comentando, que acima de De Leon, está você. Ainda


não sei dizer se a mudança foi benéfica ou não, apenas demonstra qual o
alvo certo para alcançar o homem mais poderoso da cidade. Por isso os
melhores seguranças estão aqui.

Por mais que eu pudesse me sentir valorizada por todo aquele


discurso, o medo me dominou. Não pela minha vida e de Emanuelle, mas por
De Leon. O homem se colocou em risco, porque sabia que uma ameaça
direta a mim seria mais dolorosa para ele.

Fui até o bebê-conforto, coloquei minha filha em segurança e


respirei fundo, organizando meus pensamentos. Se queriam a bebê, para algo
tão desumano, eles tentariam ameaçar o elo mais fraco. Como Douglas
descreveu, o meu homem estava naquela posição.

Sentei-me no sofá ao lado da bebê e fiz uma oração. Que Leonel


não sofresse nenhuma emboscada, porque eu estava pronta para aprender a
matar para protegê-lo, da mesma forma que ele fazia comigo.
Capítulo 27

O bastardo do Reniel deveria morrer uma segunda vez. Em um


confronto direto, no meio da avenida, todos os meus homens foram
liquidados e eu sobrei vivo, com dois tiros no braço. Pelo menos, o rato que
estava próximo da minha família e servindo de ligação direta com os
Camargo recebeu um tiro no meu lugar.

Filhos da puta, eles iriam pagar com a vida. Sem misericórdia,


nenhum Camargo ficaria vivo em Lumaria para contar história.

Antes de poder fugir, de trás do meu SUV, recebi mais um tiro, que
me acertou na perna e me impossibilitou de confrontá-los. Fui rendido na luz
do dia, o que indicavam o quanto estavam desesperados para resolver a
situação pendente comigo. Que se fodesse, eu me colocava pronto para
enfrentar o mundo e proteger a minha mulher e filha.

Tiraram minha arma, a carteira e o celular, eu me sentia numa


realidade paralela, tudo acontecia lento demais. Não lutei quando me
ergueram e me colocaram no porta-malas de um carro utilitário. Tentei
escutar o que eles falavam e bolava um plano para escapar de ser
encarcerado, enquanto me conduziam, mas a dor não estava me permitindo
pensar direito.

O tampão tinha sido tirado e eu conseguia ver as pessoas nos


bancos do carro. Gemi de dor e me contorci, eu não poderia morrer e lutaria
pela minha vida, mesmo que sangue jorrasse do meu corpo e minha
consciência estivesse desaparecendo.
— Vou matar todos vocês — resmunguei.

— Pode tentar, na próxima encarnação — uma voz conhecida


rebateu e, piscando os olhos, identifiquei o ex de Sara. A aparência esnobe e
olhar sombrio na minha direção me fez rir. — Já está ficando louco.

— Você será o primeiro, desgraçado.

— Quem está em vantagem, idiota? — Ricardo se esticou e cutucou


uma das feridas no meu braço. Gritei de dor enquanto ele ria. — Comeu a
mulher errada e vai pagar por isso.

— Sara é minha!

— Depois da surra que eu dar nela e você estiver morto, ela


desejará apenas o meu pau.

Tentei avançar nele, mas levei um soco no rosto e me rendi sem


forças. Fiquei naquela posição, perdendo e recuperando a lucidez, até que o
carro parou de chacoalhar.

Nunca esqueceria a música filha da puta que tocava antes de me


tirarem daquele cárcere, para me colocar em outro.

“Senhora

Seu beijo é como um paraíso

Seu corpo é uma prisão, baby

E eu não quero escapar”


Jammes Nova – Bad Boy, Bad Girl

Eu e minha Atrevida ainda estaríamos juntos contra o mundo, tendo


Emanuelle como nossa herdeira. Apesar de acreditar que nunca engravidaria
uma mulher, por conta de tantas vidas que tirei, eu queria ter muito mais do
que tinha com Sara Benildes.

A dor estava me fazendo delirar e pensar com sentimentalismo. Não


percebi o momento em que passei de poderoso De Leon para homem de
família. Por mais que Sara estivesse mergulhando no meu mundo, era eu
quem estava me abrindo para aquela mulher.

Fui jogado em um canto, próximo a uma parede de vidro, que


reconheci ser o prédio comercial do bairro Camargo. Tentei me sentar, os
machucados tiraram minha força e a boca já estava ficando seca, por conta
do sangue que ia embora.

Estava fodido, se meus homens não viessem me resgatar. O medo


que eu pregava para todos os meus associados serem fiéis a mim era o
mesmo que eu estava sentindo. Mesmo que o momento não fosse oportuno,
um exame de consciência estava acontecendo.

— Não vou falar com você. Douglas, coloque aquela puta no


telefone ou vou dar mais um tiro no idiota do seu chefe.

Abri os olhos, encarei Guilhermo Camargo de um lado, outros


seguranças ao seu redor e Ricardo, mais próximo a mim, com o celular no
ouvido e a arma engatilhada na mão.
Quando ele apontou para mim, não acreditei que iria disparar. O
imbecil acertou de raspão meu ombro e gritei, mais frustrado por não
conseguir revidar do que de dor.

— Está ouvindo? Esse é a quarta bala que o acerta. Quanto mais


vocês me irritarem, mais ele pagará o preço.

— Vai se foder — xinguei, depois eu ri, tendo a certeza de que Sara


não me repreenderia por conta do momento.

— Olá, Sarinha. Saudades de mim?

Parei de me mexer e fiquei atento ao homem, que andava de um lado


para o outro, com um sorriso de deboche. Minha mulher e filha não deveriam
estar passando por isso, deixei os melhores cuidando delas.

Eu precisava de duas equipes imbatíveis, essa era a verdade. Servi


de isca para colocar em risco as pessoas que mais importam na minha vida.

— Medo? — Ricardo zombou. — De você ou do moribundo que


está chorando e se mijando nas calças? Quem está com a arma na mão sou
eu, vagabunda!

— Pare de enrolação — Guilhermo ordenou e o futuro defunto deu


de ombros, fingindo que não se incomodou com a ordem dada. — Traga o
bebê para mim.

— Deixe Emanuelle longe disso! — rosnei, conseguindo erguer meu


tronco, apoiado na parede de vidro. Fuzilei o chefe da família Camargo com
todo o meu ódio, mas ele estava focado no outro idiota.
— Venha com a bebê. Apenas as duas no carro, sem gracinhas. —
Ele riu e continuou andando pela sala, brincando com a arma. — E você
acha que a polícia vai se envolver em uma rixa de criminosos? Estamos em
uma cidade do interior, quem manda em Lumaria são os Camargo.

— Lixo! — Cuspi no chão e conferi o tiro na minha perna.

— Não adianta vir estressadinha para o meu lado. Eu deveria ter te


ensinado uma lição desde aquele dia que você enfrentou o babaca e acabou
com minha reputação na família. Quem vai te foder sou eu, Sarinha, depois
que recuperar esse bebê.

— Você não tocará um dedo nelas, ou pagará por isso. — Mesmo


que eu estivesse sendo ignorado, eu fazia minhas ameaças veladas.

— Ricardo! — Guilhermo esbravejou.

— Que se fodam seus argumentos, não me interessa se é bebê ou


adulto, ela é nossa para fazermos o que quisermos. Hipócrita, na primeira
oportunidade, entregou sua filha para o mesmo objetivo que o nosso. Venha
agora, você tem quinze minutos, ou vou continuar atirando em Leonel.

Encerrou a ligação e minha raiva borbulhou no meu peito. Eu


poderia ser mal e sem noção, mas Ricardo e seu olhar vitorioso e psicótico
mostravam que havia um lado mais perverso do que o meu próprio.

Apesar de tudo, eu ainda tinha um coração e discernimento sobre


alguns assuntos, mas a família Camargo não fazia exceção a nada, nem um
bebê.

— Vocês irão queimar no inferno, assim que eu recuperar o meu


fôlego — prometi, respirando fundo e controlando minha instabilidade
corporal.

— Acredita em céu e inferno, leãozinho de merda? — Ricardo se


aproximou, pisou na minha perna machucada e quase o derrubei. Ele se
afastou rindo e abaixando a cabeça para quem mandava na porra toda. — É
meu momento de vingança também, senhor Camargo.

— Não te coloquei na equipe para brincar. Faça o trabalho direito e


será recompensado. Já fez merda uma vez, engravidando a advogada
vagabunda.

— Ela poderia ser uma segunda opção, se essa cirurgia não der
certo. — Os dois falavam sobre os bebês, incluindo a falecida criança de
Sara. O plano perverso, de transplante de órgão, era demais para ouvir
calado.

— Por que não usam alguém do seu tamanho? — Tossi e meus


ferimentos no braço doeram. — Fácil engravidar qualquer uma, depois usar
o bebê como matriz.

Ricardo ia se aproximar, mas Guilhermo saiu do seu canto e o


impediu de vir até mim. Com passos medidos e pose imponente, parecida
com a minha, ele ficou com o nariz empinado enquanto me encarava do alto.

— O que você faria para proteger sua filha?

— Tudo.

— Exatamente, Leonel. Minha neta precisa de pulmões e rins novos.


Um adulto não serviria, por causa da idade, então, eu providenciei alguém
compatível.
— Emanuelle é sua filha? Neta? — Arregalei meus olhos, tendo
dificuldade para respirar por conta do impacto da informação. Eu estava
deduzindo que, para conseguir um transplante compatível, teria que ter o
máximo de parentesco.

— Ela é uma Camargo e entregará sua vida, para ajudar aquela


importante. Só quem viu uma criança sofrendo na cama, sem remédio ou
opção de procedimento para aliviar seu momento, entenderá minhas ações.

— Concordaria com essa merda, se fosse um adulto e ele


precisasse pagar uma dívida. Mas... um bebê?

— E se fosse a sua filha que precisasse de um órgão? — Ele se


agachou e uma confusão se instaurava dentro de mim. — Vai esperar até
quando na fila?

Não queria admitir, mas estar naquela posição, eu percebi que


estava no caminho errado. Toda a minha vida, eu busquei poder e controle
sobre a cidade, mas o preço a pagar, para me manter inabalável, estava alto
demais.

Não acreditava que um homem, como eu, na altura da minha vida,


poderia mudar. O que passou despercebido, foi que eu estava em processo
de transformação, assim que meus olhos encontraram os de Emanuelle. A
conexão foi inevitável e sua pureza estava lapidando o meu coração obscuro.

— Ah! — gritei, ao sentir outro projétil me atingir a coxa, de


raspão. Imerso nas minhas reflexões, nem percebi que ele apontava para
mim.
— Quinze minutos se passaram. Acho que Sarinha não te ama tanto
quanto me amava.

O olhar diabólico de Ricardo, tão diferente do rato assustado do


restaurante, me fez perceber que ele estava sob o efeito de um entorpecente.
Não justificava, mas me dava vantagem sobre o seu juízo comprometido,
caso eu precisasse atacar.

— Ela chegou — uma voz desconhecida falou e todos na sala se


mexeram.

— Revistem tudo e a tragam para mim. — Guilhermo foi para uma


cadeira elegante e se sentou. — Vou me divertir um pouco antes de mandar
todos para a vala.
Capítulo 28

A cada inspiração, eu tentava controlar minha ânsia de vômito. Com


Emanuelle nos meus braços, tão assustada quanto eu, caminhávamos ladeada
por seguranças da família Camargo. Iríamos salvar Leonel e não sabia como
seria possível tal milagre.

Douglas e outros funcionários de De Leon estavam nas redondezas.


O celular foi tirado do meu bolso e quando ousaram tocar na minha filha, eu
virei bicho. Por mais que não houvesse negociação, eu tentaria.

Como advogada, eu precisava pensar rápido para argumentar,


estando no tribunal. Eu me preparava, tinha tudo planejado, mas era nas
ações instantâneas que meu desempenho melhorava.

— Vai ficar tudo bem — murmurei para minha bebê, que resmungou
inquieta, segurando na minha roupa, como se sua força fosse o suficiente
para não nos separar.

Assim que a porta do escritório se abriu e Leonel, ensanguentado,


entrou no meu campo de visão, eu me transformei. Virei o rosto, engolindo
meu desespero e vontade de chorar, para encarar Ricardo.

— Olá, puta.

— Sara... — De Leon gemeu e meu coração se partiu pelo que eu


iria fazer.
— Eu não vim falar com você, broxa — ofendi meu ex e voltei
minha atenção para Guilhermo, avô de Ricardo. — Senhor Camargo.

— Vou te mostrar...

— Silêncio, Ricardo. — O poderoso da família impediu que o


homem avançasse. Empinei o nariz e não demonstrei que estava morrendo de
medo, mas minha filha me entregou.

— Não se preocupe, bebê — falei com frieza e bati suave nas


costinhas dela, chacoalhando meu corpo. — Então, vamos falar de negócios.

— Entregue a bebê e poderá sair daqui com seu namoradinho.

— Quem, Ricardo? — debochei.

— Não está com o De Leon?

— Ah, ele. — Sorri com malícia e falsidade, encarei o homem


sofrendo do outro lado, que não me reconhecia. Merda, Leonel, precisa
confiar em mim! — Não tenho nada com ele, foi um meio para um fim.
Acabe com o sofrimento dele, tadinho.

— Sara! — O sofrimento no tom do meu homem quase me fez


fraquejar. Ainda bem que Emanuelle resmungou e voltei meu foco para a
bebê.

Fingindo indiferença, continuei batendo nas costinhas dela e me


aproximei de Guilhermo, sob o olhar suspeito dos seguranças. Sentei-me em
uma das cadeiras à frente da sua mesa e suspirei, como se estivesse
entediada.
— Está atuando, Sara Benildes. Você não é dissimulada como
parece.

— Assim você me bajula, senhor Camargo. — Pisquei um olho e


estufei o peito. — Nunca desconfiou?

— Você esteve deprimida por conta da nossa filha. Grávida,


sozinha, desamparada — Ricardo entrou na conversa e revirei os olhos.

— Foi difícil tirar dinheiro desse broxa, mas consegui com Leonel.
Agora, farei com você. — Ergui as sobrancelhas, focada em quem mandava.
— Ela precisa de alguém que a amamente até o procedimento.

— Sabe o que pretendemos fazer com ela? — O homem perguntou,


surpreso com minha falta de empatia. Se ele soubesse que eu queria arrancar
cada pedaço de pele no corpo deles com a pinça, não duvidariam da minha
crueldade. E, quando chegasse nos seus órgãos genitais, eu usaria fogo, além
de faca de serra. — Não precisamos de você, Sara.

— Mas poderia. Ou você acha que os dois foram enfeitiçados por


mim como? — Inclinei para frente, abraçando minha menina e pedindo
perdão pelas próximas palavras ditas, que ela nunca deveria ouvir. — Vai
gostar da minha boceta também, Guilhermo. Posso te dar um test drive, se
depositar o dinheiro na minha conta.

Voltei à minha posição, suspirei com medo, mas demonstrando


superioridade. Céus, ele tinha que cair na minha lábia, Leonel precisava
confiar em mim e esses seguranças tinham que se afastar.

Emanuelle resmungou, remexi na cadeira, para chacoalhá-la e


acalmar seu coraçãozinho. Era um trauma que levaríamos por toda a vida,
caso a gente sobrevivesse.

A seriedade se transformou em ambição quando o sorriso de


Guilhermo estampou seu rosto. Ricardo xingou e se aproximou, mas um
movimento de mão fez com que os seguranças impedissem que meu ex nos
interrompesse.

— Ela está blefando! — esbravejou o idiota.

— Controle-se, Ricardo.

— Ela é bocuda, mas não é esse tipo de mulher, vô.

— Vou descobrir daqui a pouco.

— Não!

— Tirem-no daqui. — Apontou para a porta e Ricardo começou a


se remexer. Tinham-no desarmado, para meu alívio.

— Aproveite para fazer com que eles nos deem mais privacidade,
vai. — Sorri e acenei para o meu ex, que saía da sala, se debatendo com
desespero.

— Pode começar mostrando o que sua boca consegue fazer.

— Com tanta gente olhando? Minhas habilidades não são para


todos, Senhor Camargo — soei sensual, umedecendo os lábios e piscando
como uma donzela em perigo.

— Saiam.

— Mas, senhor...
— O que vão fazer? Tem um quase morto ali do lado e uma puta
pronta para me chupar. Meu pau está duro, eu a quero e você fica na porta,
de guarda. — Guilhermo expulsou seu segurança, que levou todos os outros
consigo.

Levantei-me, para colocar Emanuelle em algum canto, mas um


pigarro me vez encarar o chefe do cômodo.

— Venha com a bebê. Minha mente é doente como a sua ficará,


comigo. Sabia que tinha um motivo especial para Ricardo ser apaixonado
por você até hoje.

Mantive o sorriso falso no rosto, mas desesperado por estar


mudando meus planos. Fui até ele, me ajoelhei na sua frente e Emanuelle
quis virar o rostinho.

— Não, bonequinha, esse é todo meu — falei com duplo sentido,


me sentindo um lixo humano por estar criando aquela farsa. Era para um bem
maior, estava terminando, não poderia falhar.

— Eu vou te matar, Sara — Leonel resmungou, sofrendo de onde


estava. Fechei os olhos brevemente, não queria sofrer, por ele não confiar
em mim, mesmo na pior das situações.

Guilhermo abriu a calça e tirou seu membro enrugado para fora.


Apesar de ereto, não parecia ser grande coisa. Ele era um velho conservado,
mas com certeza, podre em todos os outros lados.

— Na boca, agora.

— Calma, eu vou te preparar. Relaxe, senhor Camargo.


— Fico louco de tesão assim. — Sorriu com malícia e estiquei meu
braço, para tocá-lo, tendo a certeza de que minha pequena não estaria vendo
o ato.

Segurei a respiração para não vomitar, era a pior sensação do


mundo. Eu faria de tudo para proteger minha família, inclusive, me colocar
em perigo. Estava indo além, tendo Emanuelle nos meus braços, mas se não
fosse daquele jeito, nem Leonel teria salvação. Que ela continuasse com o
rosto escondido no meu ombro e braço, para não ter que lidar com aquelas
cenas no futuro.

Estimulei-o o suficiente, para que fechasse os olhos e me desse a


brecha que eu precisava. Cuspi na minha mão, ele abriu os olhos, apenas
para conferir o que eu fazia e voltei o sobe e desce. Mais um pouco, tirei a
mão dele, que não abriu os olhos.

Era a minha chance.

Rapidamente, tirei a pequena seringa que estava escondida entre


mim e a bebê. Trêmula e desesperada, o atrito das nossas roupas fez com que
a tampa saísse e eu pudesse aplicar a injeção de calmante com apenas um
movimento.

— O quê... — Guilhermo sentiu a picada, eu pressionei o êmbolo


com força e seus sentidos foram se perdendo. Era uma dose cavalar, que
poderia o matar, ou o deixaria desacordado por muitas horas.

O reflexo de vômito veio com força quando busquei o celular na sua


roupa e o seu cheiro invadiu minhas narinas. Emanuelle começou a chorar e
eu beijava sua testinha, pedindo perdão.
Aquele não poderia ser nosso fim.
Capítulo 29

Encontrei o celular do desgraçado e sorri por não ter senha de


bloqueio. Liguei para Douglas, que atendeu na primeira chamada:

— Pode vir, Guilhermo apagou.

— Acelerando e no caminho. Será uma chacina, entre no banheiro


e se proteja. Nós te achamos.

— Tudo bem, tomem cuidado.

Larguei o celular, virei meu corpo para o homem que eu tentava


resgatar. Ele tinha se rendido, deitado no chão e de olhos fechados.

— Não... — murmurei, com medo dele ter morrido e sua última


lembrança ter sido comigo e o inimigo.

Antes de o arrastar, fui para o banheiro, agradeci que fosse algo


luxuoso e tinha uma banheira. Coloquei Emanuelle dentro, que resmungou,
mas logo parou, quando entreguei toalhas para ela brincar.

— Seja uma boa menina e se comporte, meu amor. Eu já volto.

Corri para Leonel, que parecia desfalecido naquela posição. Antes


de ver se estava vivo, segurei debaixo das suas axilas e olhei para a porta,
com medo de alguém entrar e nos pegar em flagrante.

— Me solta — Leonel resmungou e ri, de alívio.


— Eu te amo — falei baixo, mudando de posição, apenas para
encará-lo e beijar seus lábios, que estavam frios. — Não morra, ou eu vou
até o inferno te buscar. Eu te amo, foi tudo uma farsa.

De olhos fechados, ele sorriu e gemeu. Voltei a arrastá-lo até o


banheiro, coloquei-o deitado perto da banheira e peguei uma cadeira, para
fazer resistência na porta. Tranquei-nos lá e fiquei com minha família, entre
lágrimas e oração.

— Eu não deveria rezar, mas eu imploro por um milagre, Deus. —


Sentei-me colocando a cabeça de Leonel no meu colo. Emanuelle estava
sentadinha e comportada na banheira, maravilhada com tanto pano.

— Sara... — ele resmungou e tossiu, fazendo com que todo o seu


corpo sofresse. — Você...

— Fui ardilosa e vil, eu sei. Mas foi necessário. — Inclinei para


beijar seus lábios e ele suspirou. — Fique vivo, Douglas vai nos resgatar.

Tiros soaram por todos os lados e Emanuelle chorou pelo susto. Por
mais abafado que fosse, era assustador não saber se algo atravessaria para o
nosso lado.

Estiquei-me para pegá-la e trouxe algumas toalhas comigo.


Abracei-a com força, Leonel levantou a mão e a tocou.

— Papai está aqui, ele nos protegeu. — Fiz barulho de chiado com
a boca, tentando não surtar com mais tiros soando ao longe. — Deixou os
melhores homens conosco, porque ele estava pronto para se sacrificar por
nós.

— Sim — o homem respondeu, sem força.


— Mas eu o proíbo de repetir o feito. Como vou viver sem você?
Emanuelle também precisa do pai, o único e maravilhoso que o destino lhe
deu.

Apertei a mão dele, junto com a de Emanuelle e ficamos naquela


posição por um bom tempo. Orei, mesmo não merecendo nenhuma graça. Fiz
promessas e tentei me livrar daquelas memórias com Guilhermo Camargo,
mas sabia que me acompanhariam por muito tempo.

Um barulho alto na porta me assustou. Dei um grito, que fez Leonel


resmungar e Emanuelle entrar em desespero com o choro. Abracei os dois e
me preparei para o pior, quando o que os impedia de chegar até nós foi
arrombado. Uma arma foi apontada para nós, mas o homem teve a cabeça
explodindo logo em seguida.

Douglas apareceu segundos depois, estava sujo, mas com o olhar


aliviado por nos encontrar ali.

— Merda, chefe. Precisamos ir para um hospital, mesmo que odeie.


— Ele se aproximou, agachou e olhou para mim, tocando meu rosto. O
homem que era leal tinha conseguido meu carinho também. — Consegue
andar com Emanuelle atrás de mim?

— Sim — respondi, no automático.

Ele sorriu, depois focou em Leonel e o colocou nos seus ombros,


como um ferido de guerra. Levantei-me e ajeitei uma toalha em cima de
Emanuelle, para que ela não visse nada ao redor. Colada em Douglas, ele
passou por muitos corpos no chão, como em um filme de terror, até sairmos
daquele prédio comercial.
Entramos no SUV de Leonel, rapidamente fomos para o hospital e
neguei quando quis me levar para ser atendida também. Deixei que
encaminhasse meu homem e fiquei com o motorista no carro, impaciente e no
meio da rua.

Quando o braço direito de De Leon voltou, ele esperava que eu


fosse para o hospital também.

— Não assim. Quero ficar com ele, mas Emanuelle precisa de


proteção, longe daqui.

— A mansão não é mais segura.

— Onde está América?

— Em um lugar seguro. — Ele fez uma careta e olhou de relance


para o motorista. — No momento, não confio em ninguém, nem nesse carro.

— Roube um automóvel e vamos nós dois até ela.

— Desde quando virou mafiosa? — perguntou, aceitando minha


ordem e me ajudando a sair do banco do passageiro.

— No momento em que Leonel enxergou seu próprio coração,


resgatando nossa filha. — Andamos rapidamente até uma pessoa abrindo a
porta do carro.

Ele não foi cuidadoso ao afastar aquele motorista, com uma arma
ameaçadora. Sentei-me no banco do passageiro e Douglas acelerou, até a sua
amada namorada.
“Sangue Jovem

Diga que me quer, diga que me quer de volta em sua vida

Então, eu sou apenas um homem morto rastejando esta noite

Porque eu preciso disso, sim, eu preciso disso o tempo todo”

Bilmuri, Lauren Babic - Youngblood

Se não fosse a música tocando no som do carro, eu já teria surtado.


Meus pensamentos estavam vagando por lugares perigosos e a última coisa
que Emanuelle precisava, era de uma mãe descontrolada.

América estava longe, em um bairro humilde afastado da cidade.


Assim que paramos o carro e eu desci, ela surgiu na porta, com a mão no
coração.

— Vocês estão vivos, graças a Deus.

— Preciso que cuide dela enquanto eu fico com Leonel no hospital.


— Entreguei a bebê, que foi de bom grado, por já conhecer aquela mulher.

— Sim, claro. — Ela olhou para seu homem, que se aproximou e


deixou um beijo nos seus lábios. — Está ferido?

— Não, mas o chefe está mal. Eu volto com notícias, fique


escondida.

Ela nem respondeu, correu para dentro da casa e nós, para o


automóvel roubado. Fechei os olhos assim que me sentei no banco e deixei
as lágrimas fluírem, tudo estava intenso demais.
— Vai ficar tudo bem. — Ele apertou minha coxa de forma
consoladora e acelerou o carro.

— Diz o homem que está acostumado a matar e ser perverso. Meu


Deus, minha filha quase morreu. Eu...

— Fez o necessário para sobreviver.

— Vale tudo para nos manter vivos? — Virei o rosto na sua


direção, ele estava focado em dirigir.

— Há um preço a se pagar, por sermos e agirmos como


imperadores cruéis. Seria hipocrisia da minha parte dizer que não gosto, foi
difícil no começo, mas você se acostuma.

— Eu não gosto de ser inescrupulosa. Minha consciência está me


matando por tudo o que fiz, para proteger minha filha e o homem que amo.

— Escolhas a serem feitas, Sara. Qual seria melhor de conviver:


com o peso das suas ações ou da inércia que seu medo proporcionou?

— Você tem razão. — Suspirei, deixando mais lágrimas escorrerem


dos meus olhos. Percebi que tinha sangue nas minhas mãos e corpo, Leonel
ainda estava muito ferido e fraco. — Mas nada terá valido a pena, se ele
morrer.

— Ele passou por muito. Não serão os tiros que irão derrubá-lo. —
Riu baixo e franzi o cenho, sem entender. — Vamos lá, todos nós queremos
que ele passe pela fase de ver sua filha arranjando um namorado. Esse será o
maior castigo de todos, morrer é simples demais.
Era verdade. Tudo o que envolvia De Leon e a nossa história de
amor, tinha que ser complexa, tabu e ultrapassar limites.
Capítulo 30

— Pare de debochar do sofrimento do seu chefe — repreendi-o, me


sentindo mais leve. — Ele levou muitos tiros e pode morrer.

— Da mesma forma que irá sobreviver, porque não explodiram sua


cabeça. — Continuou rindo. — Vamos falar de algo mais divertido. Eu vou
ajudar o babaca do namoradinho de Emanuelle a entrar em casa e se
esconder no quarto dela.

— Se ele for honrado, não precisará disso tudo. — Dei um soco no


seu braço e ele deu de ombros, ainda se divertindo. — Ela é apenas um
bebê. Não atropele as fases.

— Se o presente está dolorido demais, se o passado machuca ao


relembrar, dê um passo para frente e se projete no futuro que você almeja. —
Parou o carro em frente ao hospital e sorriu para mim. — Sou tão ruim
quanto Leonel, mas saiba que sua vinda para o nosso mundo foi essencial
para mudar nossa perspectiva.

— Emanuelle fez isso.

— Você. Ela quem te chamou.

Com o coração mais calmo, tentei limpar as lágrimas do rosto e


senti o sangue seco se espalhar pelas bochechas. Entramos no hospital,
Douglas falou com as funcionárias, que nos direcionaram até um quarto. Ele
estava em cirurgia e logo viria se recuperar, não precisaria de UTI, se
continuasse estável.
— Vá tomar um banho, eu vou atrás de uma muda de roupa para
você.

— Obrigada. — Aproximei-me para abraçá-lo, ele retribuiu com


carinho. — Por tudo. Você é um idiota, mas que mora no meu coração.

— Sem sentimentalismo, eu sou um homem fora da lei.

Ele se afastou, encabulado e eu entrei no banheiro para me livrar do


que restou da interação com os Camargo. Se eu lidava com pessoas que não
seguiam regras, então, eu era como elas. Mas, a minha profissão era tudo o
que eu tinha, depois de Emanuelle surgir em minha vida.

Toquei minha barriga e alisei com carinho, não poderia me


esquecer de Gabrielle. Eu poderia ter morrido ou pior e não teria a
oportunidade de me despedir da minha filha. Mesmo que eu não quisesse
tornar real tudo o que aconteceu, daria o passo para frente e me imaginaria
honrando aquela vida, de outra forma.

Com uma toalha enrolada no corpo, esperei Douglas aparecer no


quarto. Ele também foi tomar uma ducha e me troquei enquanto o aguardava.
O braço direito de Leonel foi rápido em se vestir e ficar ao meu lado, de
guarda.

Muito tempo se passou até que o poderoso De Leon apareceu em


uma maca. Desacordado e com um soro conectado ao seu braço, ele foi
colocado na cama e o médico deu explicações para Douglas.

Eu só tinha olhos e cuidados para o meu homem, que quase partiu


desse mundo, acreditando que eu o trairia. Com minha mão na dele, passei
meu amor através de palavras não ditas. Tudo estava indo tão bem, comigo
trabalhando ao seu lado, nossa filha nos acompanhando e nós nos adaptando
um ao outro.

Iríamos encontrar um equilíbrio entre as próprias regras e as leis da


sociedade, eu tinha esperança.

Ele piscou os olhos e encontrou os meus, aflitos para saber como


ele estava. Seu sorriso aliviou um pouco do peso que eu carregava, mas logo
mudou, quando ficou sério demais.

— Minha filha?

— Protegida e segura. Eu tinha que ficar com você — respondi,


suave e ele suspirou impaciente.

— Está tudo certo, chefe. Pode descansar.

— Os Camargo?

— Se sobreviveram, foram expulsos da cidade. — Encarei


Douglas, surpresa. — Estou ficando mole, eu sei.

— Fez certo. — Leonel Fechou os olhos e virou para mim. — Você


também, Atrevida.

— O quê? — questionei, confusa.

— Não se culpe de nada, você enfrentou o inimigo, para proteger


nossa filha.

— Meu amor está um pouco... deturpado. Eu ultrapassei alguns


limites pessoais.
— O necessário para quem vive no nosso mundo. — Abriu os olhos
e respirou fundo. — Somos diferentes, Sara. Não se compare com ninguém.
Fez o certo.

— Você duvidou.

— Não, eu entrei no seu jogo. — Sorriu com diversão. — Espero


que tenha matado aquele lixo que você chamava de ex.

— Eu o fiz. — Douglas deu de ombros e se afastou. — Temos


segurança no hospital e o nosso inimigo foi dizimado. Podem curtir o
momento e se recupere bem, chefe, enquanto eu garanto que tudo fique em
seu devido lugar.

— Obrigada.

Ele abriu a porta, fez uma gracinha e nos deixou sozinhos. Enquanto
eu encarava Leonel, sua alma parecia se mesclar com a minha, entre luz e
escuridão, um equilíbrio que eu nunca acreditei que fosse possível.

— Deite aqui comigo — ele pediu.

— Você precisa se recuperar da cirurgia.

— Seja meu remédio também, Atrevida.

— Eu te amo, Leonel. Não se coloque em risco novamente. —


Beijei seus lábios com carinho, ele se afastou na cama e eu me coloquei ao
seu lado.

Suspiramos juntos, minha mão ficou no seu coração e o acompanhei


relaxar. Ele ainda não sabia dizer que me amava, nunca deveria ter
presenciado amor em sua vida antes de Emanuelle, por isso, eu não cobrava
resposta, nem me sentia triste por não ouvir sua declaração.

Aquele homem estava mudando na mesma velocidade que eu e


nosso destino era estarmos juntos, entre tabus, poder e julgamentos.
Capítulo 31

Com a bunda de Sara empinada para mim, afastei suas nádegas e


cuspi no seu ânus, sem nenhuma reserva. Lambi a região e o deixei bem
lubrificado, para explorar o meu presente de recuperação.

— Oh! — ela gemeu, curvando suas costas e expondo também sua


boceta encharcada. — Leonel...

Lambi para baixo na sua boceta e cheguei até a outra entrada.


Posicionei-me para penetrá-la, meu membro já estava muito bem lubrificado,
para comê-la sem precisar me controlar.

Foram muitos dias me recuperando, sem sexo, para não extrapolar o


convencional. Com o trauma de tudo o que aconteceu, o leite de Sara secou,
a mamadeira foi introduzida para Emanuelle e minha brincadeira favorita
tinha sido trocada por sexo oral sem pudor.

Empurrei minha pélvis, seu cuzinho foi se expandindo e eu recuei.


Voltei a impulsionar, entrando e saindo cada vez mais fundo, enquanto ela
relaxava a cada investida.

— Sim. — Fechei os olhos, ajoelhado atrás dela, enquanto metia


ritmado. — Gostosa pra caralho.

— Ah! — Ela perdeu o equilíbrio dos braços e caiu de cara no


colchão, gemendo e rebolando. Vi sua mão mergulhar entre suas pernas e se
esfregar, para combinar os nossos prazeres.
Sara voltou a se erguer, eu a cobri, para que conseguisse esfregar
seu sexo. Encontrei sua boceta melada, esfreguei meus dedos e o introduzi
com a mesma velocidade que fazia atrás.

— Da próxima vez, vou colocar um vibrador aqui enquanto eu meto


gostoso na sua bunda.

— Sim, dois paus...

— Apenas o meu, Atrevida. Nenhum outro entra aqui, que não seja
movido a pilha.

Ela riu e eu investi ainda mais, esfregando seu clitóris e a levando


para o ápice. Continuei um pouco mais antes de acompanhá-la naquele
orgasmo insano, pós-experiência de quase morte.

Soltei-me dela e me deitei de barriga para cima ao seu lado, estava


exausto. Minhas forças ainda estavam voltando, os braços tinham cicatrizes e
a perna latejava, no lugar do tiro que levei.

Eu me lembraria dos Camargo por muito tempo, isso era fato. Não
só por Emanuelle, mas pela marca que fez no meu corpo e na alma de Sara.
Os seus terrores noturnos não pareciam ter fim.

— Que... sensação estranha. — Ela riu e virou-se de lado para mim.


— Estava com saudades.

— Eu também. — Alisei a lateral do seu corpo e apertei seu seio.


Percebi a sombra de uma tristeza no seu olhar, mas a afastei com um beijo na
sua testa. — Nós aproveitamos enquanto durou, agora eu tenho outros planos
para você, Atrevida.
— Emanuelle merecia ter meu leite até os dois anos.

— Não, ela teve o necessário, senão eu arranjaria outra para a


amamentar. — Ergui a sobrancelha quando a vi ficar brava.

— Nenhuma outra mulher chegará perto de você ou dela, que não


seja América. Está me ouvindo, Leonel?

— Ficou muito mandona para o meu gosto, senhora abusiva.

— Já conheceu meu lado perverso. Não queira ser minha vítima. —


Ela ia se levantar da cama, mas a segurei pelo pulso. Conversar com ela era
sempre intenso e polarizado, mas no final, a gente sempre se entendia ente
indiretas e toques íntimos. — Me solta.

— Não até te ouvir falar que me ama.

— No momento, eu quero arrancar seu pau. — Bufou. — Arranjar


outra ama de leite para Emanuelle? Sério que pensou nisso?

— Está precisando de mais um pouco da minha pica para calar essa


boca. — Puxei-a para ficar em cima de mim e fui me encaixar na boceta
dela. Mesmo irritada, ela se esfregou em mim.

— Precisamos tomar banho antes da segunda rodada.

— Você está limpa o suficiente e doida para gozar mais uma vez. —
Investi com o quadril e a penetrei. — Me usa para acabar com sua
frustração.

— Vai se foder.
— Eu vou, com você. — Sorri perverso e ela me cavalgou com
velocidade. — Isso, me puna e mostre quem manda nessa porra toda.

— Pare de xingar.

— Quem? — Bati na sua bunda e ela mudou o movimento, para


frente e para trás. Sua mão foi para meu pescoço e a deixei me controlar. —
Quem manda em mim?

— Eu.

— A única De Leon que vai existir na minha vida. Não se esqueça


disso. — Dei outro tapa e ela gemeu, rebolando cada vez mais rápido. —
Oh!

— Eu te amo e vou te ensinar a me amar também. — Apertou os


dedos e me beijou com brutalidade. Gozei com força, pela sua dominância e
por estar disposta a fazer mais do que eu merecia.

Virei-nos de posição e, mesmo com todo o meu corpo dolorido e


meu pau perdendo a força, eu a queria gozando comigo. Sua mão soltou da
minha garganta, eu puxei seus pulsos para ficarem acima da sua cabeça e
arremeti alucinado.

— Pode repetir quantas vezes quiser, mas eu já aprendi. — Fui para


seu pescoço, suguei, depois mordi e murmurei próximo do seu ouvido. — Eu
também te amo.

O arrepio do seu corpo veio para o meu. Sua boceta pulsou, apertou
minha ereção e quase gozei novamente. Gemi entre dor e prazer, só parei de
me mexer quando ela me empurrou de cima dela, tão sensível quanto eu.
Começou com um riso, depois ela chorou e me abraçou. Envolvi
braços e pernas no seu corpo e a acolhi, como sendo parte da minha
existência. Eu não tinha mais ninguém, a não ser ela e Emanuelle.

Perdi a mansão, o meu leão de estimação e muitos dos meus


funcionários nessa guerra conta a família Camargo. Guilhermo não resistiu a
dose fora do padrão de calmante que Sara aplicou. Ricardo e outros
morreram no confronto contra meus funcionários e a neta, aquela que
precisaria da minha filha para sobreviver, morreu no hospital, no mesmo dia
que eu tive alta.

Nossa realidade era uma merda, a mente estava fodida, mas


tínhamos um ao outro para nos apoiarmos. A cidade era minha e Emanuelle
teria um bom lugar para morar e crescer, enquanto eu tivesse Sara ao meu
lado.

— Estou pronta — Sara murmurou e suspirou.

— Sobre o que você quer dizer?

— Minha filha, eu quero fazer direito com ela e...

— E?

— Talvez você não goste da ideia, mas dividirei meu tempo entre
trabalhar com você e ser voluntária no Lar da Criança.

— O abrigo para crianças e adolescentes?

— Sim.

— Só diga o quanto você quer dar, que eu providencio o dinheiro e


as pessoas. Não precisa...
— Sim, é necessário. Em honra à minha filha que não pôde vir ao
mundo, eu cuidarei de Emanuelle como minha e de outras, para outras
famílias.

— Sara...

— É o que eu quero e vou fazer. — Ela ergueu o tronco e me


enfrentou. — Eu sou sua, Leonel. Você é meu.

— E eu te amo e só queria dizer que eu gostaria de participar. —


Segurei o sorriso, ela estava atônita. Achei que seria mais difícil confessar
meu amor por ela, mas depois de ouvi-la dizer as palavras, tantas vezes, só
fluiu naturalmente.

— Não pode xingar.

— Vou me esforçar.

— Emanuelle poderia brincar com as crianças também.

— O que quiser, senhora De Leon. — Fui para cima dela e a beijei.


— Quer gozar mais uma vez?

— Não, estou assada. — Riu e me empurrou, aliviada. —


Emanuelle será melhor que nós dois, pode acreditar.

— Ela é.

— Vamos tomar banho. — Ela saiu da cama e estendeu a mão na


minha direção.

— Esse apartamento... foi onde tudo começou. — Olhei ao redor e


me levantei ao seu lado. — Você mexeu comigo.
— Sou o caos perfeitinho no seu mundo desconexo. — Sara me
abraçou e caminhamos juntos para o banheiro da suíte.

— Eu fui o depravado fora da lei que bagunçou sua normalidade.

— Obrigada por isso. — Entramos debaixo do chuveiro e ela virou


o registro.

— É sempre um prazer te fazer duvidar dos seus conceitos pré-


definidos pela sociedade.

Embora soubéssemos que nada do que vivíamos era sensato,


conseguíamos nos equilibrar entre o bom senso e os limites impostos por nós
mesmos.

Que seja feita a vontade do destino, minha motivação de vida


mudou de ser poderoso e comandar Lumaria para dar o melhor para Sara e
Emanuelle. A felicidade delas se transformou no meu novo Norte.
Epílogo

Anos depois...

Coloquei os pratos na mesa e voltei para a cozinha do abrigo, para


pegar outros. Emanuelle esbarrou em mim e sorriu, ela era uma criança
amável e me ajudava todo fim de semana, abdicando dos seus brinquedos.

Outro que não dispensava a vinda para o Lar da Criança era Leonel,
com seus ursinhos de pelúcia de leão para as meninas e as bolas de futebol
para os garotos. Quem o via descontraído, entre crianças e adolescentes, não
imaginava que foi moldado na perversão e ódio. Ele não tinha se tornado um
homem bom e honesto, continuava sendo o dono de Lumaria e comandava a
cidade do seu escritório.

Leonel De Leon apenas se deu a oportunidade de sentir. E, cada vez


que interagia com as pessoas, a armadura que tinha ao redor do coração
amolecia um pouco mais.

Ninguém morria sob a supervisão daquele mafioso. Ele descobriu a


melhor forma de punir quem não seguia suas regras, que era na construção de
escolas e reformas dos hospitais.

— Mamãe, está faltando copo. — Minha filha e sua voz doce me


fizeram sorrir.
As funcionárias do abrigo estavam fazendo comida, preparando as
porções e os sucos. Tudo estava impecável e meu coração se enchia de
orgulho.

Terminei de colocar na mesa o que eu tinha em mãos, voltei para a


cozinha e trouxe o que faltava. A pequena estava em cima de uma das
cadeiras, contando e conferindo, toda imponente, como seu pai sempre foi.

— Pronto, tudo certo. Pode chamar as pessoas para comer — ela


falou, geniosa.

— Eles ainda estão brincando, filha. — Fui até ela, abracei-a e a


segurei nos meus braços. Em alguns meses, eu não conseguiria carregá-la, de
tanto que ela estava pesada.

— Mas hoje é um dia muito especial.

— Sim. É o aniversário da sua irmã. — Beijei sua testa e ela sorriu,


adorava falar do anjinho que estava no céu e que fazia parte da família.

— Ela está fazendo festa também?

— Claro. Feche os olhos. — Coloquei a mão no seu coração e


respirei fundo. — Sentiu?

— Sim. — Ela abraçou meu pescoço e apertou. — Eu te amo,


mamãe.

— Também te amo, filha.

— Mas o papai tinha que vir logo.

— Que tal assistirmos enquanto ele termina?


Emanuelle não gostava de nos compartilhar, apesar de estar sempre
presente nos momentos de caridade. Todo ano, eu celebrava o aniversário de
Gabrielle, uma desculpa para oferecer uma refeição melhor, além de
brinquedos e festa para aqueles abrigados. Natal e Dia das Crianças não era
o suficiente, algo a mais era necessário fazer.

Sentei-me no chão, ao lado de outras crianças, que observavam o


jogo de futebol. Minha filha estava aprendendo que o papai não deixava de
amá-la se ele se divertia com os outros. Ela era possessiva e insegura,
precisei acionar uma profissional da saúde para aprender a lidar com aquela
situação.

Precisávamos contar a ela que não tinha vindo da minha barriga,


que a irmã que estava no céu não era de sangue. Viver em um mundo próprio,
lidando com as regras que Leonel criou, confrontava muitas coisas comuns
da sociedade.

Eu faria o melhor para Emanuelle e Leonel estava me apoiando. A


qualquer momento, nós contaríamos e lidaríamos com as consequências. A
vida padrão não era perfeita, a nossa também não seria.

O crime nunca compensou, nem as escolhas baseadas no ódio.

Leonel fez o gol e, ao invés de comemorar com o seu time, veio em


nossa direção e pegou Emanuelle do meu colo. Vibrou com a filha, que se
sentiu realizada por ter sido a escolha dele.

O homem poderia ser duro e cruel como um leão com os outros,


mas com sua família, era um gatinho em busca de carinho para ronronar.

— Você ganhou, papai!


— Sim. Nós somos invencíveis. — Ele me ajudou a levantar e
beijou minha boca. — Estou com fome.

— A mesa está pronta para todos.

— Ótimo, deixem que se fartem, porque eu quero outra coisa. —


Piscou um olho e ri da sua indireta.

— Papai, você tem que se sentar do meu lado.

— Sim, tudo o que você quiser.

Com Emanuelle no colo, caminhamos de mãos dadas para a


confraternização e, junto de todos, não parecíamos tão diferentes. Apesar de
misturados, nós ainda éramos um casal com conceitos distorcidos, em busca
de formar uma família fora do padrão.

Enquanto houvesse amor e esperança, acreditava que tudo poderia


ser transformado. O destino cobrava seu preço, enquanto o amor amenizava
o pagamento daquela dívida.
Agradecimentos

Assistindo o filme BloodShot com Vin Diesel, logo no início, surgiu


a primeira música dessa história. Psycho Killer, por Talking Heads
representava Leonel com bravura, mas ainda faltava algo. Então, veio minha
querida leitora Adelle comentar sobre um prestador de serviço – lá da
cidade dela – chamando Deleon. Criamos mil e uma teorias, até que
incorporei na história que eu estava escrevendo no momento.

Confio no universo e acolho, com muito amor e carinho, tudo o que


surge enquanto estou desenvolvendo uma história. Nesse caso, ela começou
em março, dei continuidade em maio e finalizei em setembro. Não é o meu
padrão de trabalho, mas aceitei o desafio.

Para que eu decidisse publicar, minha amizade com Sara e as


cobranças de carinho de Adelle foram essenciais.

Leonel De Leon foi controverso, por se tratar de um amor que não


segue os mesmos valores pessoais que eu tenho. A ficção contribui para que
eu seja mais tolerante e olhe para situações peculiares com outros olhos.
Espero que vocês tenham tido uma experiência diferenciada ao chegar até
aqui.

Estou bem acompanhada de pessoas que iluminam a minha vida.


Marido e filhos; mãe, pai e irmãos; todos os nossos ancestrais; é sempre
bom compartilhar minhas vitórias com o mundo, porque sei que tem um
pedaço meu, consequentemente, nosso. Escrever faz parte da minha cura,
gratidão por torcerem por mim.
A cada lançamento, uma história para contar por trás do processo
de escrita. Também tenho sobre o apoio e a divulgação, que compartilho
com Liziane. Gratidão por fazer parte da minha vida literária e pessoal. Sua
dedicação e carinho está em tudo o que eu faço.

Rosi e Jéssica tiveram um papel especial na conclusão desse livro e


talvez elas nem saibam. Agradeço por me ouvirem, trocar ideias e
incentivar, me sinto acolhida e motivada, toda vez que converso com vocês.

Tia Sônia! Já me sinto íntima, se aventurou a pegar De Leon de


primeira mão e não me abandonou. Seu feedback me incentivou a escrever
mais histórias diferentonas.

Aquela que está sempre pronta para conhecer minhas histórias e,


mesmo fugindo da sua zona de conforto, consegue olhar com carinho e
respeito para todas elas. Gratidão, Ray, pelo apoio nos bastidores de De
Leon.

Gratidão ao meu coworking virtual formado pelas Legalzonas,


Ventas, Divulguerreiras, DesafioMariSales, Foquinhas e LS. Meu clã é
formado por pessoas maravilhosas e juntas, estamos indo cada vez mais
longe.

Para as minhas leitoras poderosas, que dispendem de um tempo


para conversar e se divertir comigo nos grupos “Leitoras da Mari Sales” e
“Vício em Livros DML”, gratidão. Receber o carinho diário de vocês faz
parte do meu combustível para continuar a escrever cada vez mais.

Um surto proibidão para as minhas leitoras, que leram meu último


lançamento e compartilharam sua opinião. Maravilindas, vocês brilham:
Lizi, Paula Beatriz, Cilene, Juliana Lelis, Mariana Telles, Rosi Dante, Enaê
Ezequiel, Luize Casal, Giane Silveira, Patrícia, Myslannia, Elena Ribeiro,
Luciana, Cristina, Lauryen, Daiany, Bruna Correia, Paloma, Ivana Sandes,
Ana Roen, Beatriz Leite, Gislaine, Ana Karina, Roseli, Bruna Rafaela,
Márcia Leão, Marcelle, Luciene Ortiz, Adelle, Nay, Regina Fabbris,
Elizangela Paiva, Priscilla Cordeiro, Yslai, Cristina Franco, Beatriz Soares,
Ionara Consuelo, Ray, Milena Vieira, Rosi, Lorrany, Thatyana, Duda, Arlene
Lopes, Marisa Gomes, Franciele, Aline Gomes, Jaqueline Silva, Adolane,
Helineh, Aymee, Rosyh Ferreira, Karina Stoco, Patrícia Almeida, Clelia,
Nedja Mendes, Tatiana Lima, Cirlleni, Andréia, Roseane Ferreira, Luciana
Dias, Carina Timm, Fernanda Fernandes, Paty Silva, Laís Calmon, Amanda
Angelina, Lívia Guanabara, Danusa, Alcilene, Luana Vitoria, Isabella
Cristina, Keth Silva, Glaucia Padiar, Scarllat Verde, Joyce Ribeiro, Sophia,
Rhayssa Lisboa, Thamires Alves, Edlaine, Nicolly e Juliana França.

Se chegou agora ou me acompanha há um tempo, você também tem


um lugar especial no meu coração. Agradeço pela oportunidade, por
contribuir com sua opinião nas redes e me prestigiar com a sua experiência.
Profundo ou raso, quem tem o poder sobre a intensidade do livro é você!

Com amor, respeito e gratidão.

Mari Sales
Sobre a Autora
Mari Sales é conhecida pelos dedos ágeis, coração aberto e
disposição para incentivar as amigas. Envolvida com a Literatura Nacional
desde o nascimento da sua filha, em 2015, escutou o chamado para escrever
suas próprias histórias e publicou seu primeiro conto autobiográfico em
junho de 2016, "Completa", firmando-se como escritora em janeiro de 2017,
com o livro "Superando com Amor". Filha, esposa e mãe de dois, além de
ser formada em Ciência da Computação, com mais de dez anos de
experiência na área de TI, dedica-se exclusivamente à escrita desde julho de
2018 e publicou mais de 100 títulos na Amazon – entre contos, novelas e
romances.

Site: http://www.autoraMariSales.com.br

Instagram: https://www.instagram.com/autoraMariSales/

Assine a minha Newsletter: http://bit.ly/37mPJGd


Outras Obras

Noivado de Mentira com o General: https://amzn.to/3kcb3qa

Sinopse: Davi Lucca Fiori tinha um único objetivo em sua vida:


alcançar a mais alta patente do exército. O General era um solteiro
cobiçado, fazia parte da família real, era respeitado e exemplo de boa
conduta.

A reputação do herdeiro Fiori ficou por um fio quando um inimigo


da monarquia descobriu seu segredo. Ele era um Príncipe e não poderia fugir
das suas obrigações.
Clarice Mattos queria esquecer sua adolescência. Se ela estava bem
naquele momento, devia ao Príncipe General, que cruzou o seu caminho
quando era mais nova. Por anos, eles mantiveram contato à distância e se
tornaram amigos, mas tudo mudou quando a generosidade ficou prestes a ser
revertida em um escândalo.

A oportunidade de Clarice retribuir a benfeitoria surgiu. Davi


Lucca não queria expor sua amiga plebeia, mas aceitou forjar um noivado
falso, para protegê-la mais de perto e à sua família.

Da mentira, veio a atração. A amizade se transformou em desejo e o


amor, que deveria unir povos, poderia ser o elemento crucial para destruir a
monarquia.
Por Você: A Virgem e o Quarterback: https://amzn.to/3gS6cs8

Sinopse: O rebelde Paulo Victor não agia como o esperado. Veterano no


curso de Administração e quarterback do time da cidade, ele era admirado
pelos seus colegas e cobiçado pelas garotas. Sua dedicação para o futebol
americano não contribuía para a carreira política que seu pai tinha
planejado.

Entrar na faculdade era o sonho de Milena Swagger. Disfarçada de Melissa


Silva, ela conseguiu a oportunidade de ter uma vida normal, longe de
perseguições e constantes mudanças. Para continuar segura, ela teria que
seguir alguns protocolos, como não se envolver com ninguém.

Quebrar todas as regras se tornou irresistível quando a rotina estudantil


começou. A atração pelo proibido e o mistério que envolvia Paulo Victor e
Melissa os conectaram muito além das conversas de corredor e festas
universitárias.

Eles não estavam preparados para que suas vidas fossem abaladas pelas
escolhas dos seus pais. O amor era forte para unir, mas também, o argumento
necessário para deixar a outra pessoa partir.
Pai por Acidente: https://amzn.to/3m6zjeQ

Sinopse: O atual CEO do Grupo Ferraro era dedicado ao sucesso


da empresa. Na vida pessoal, Nicolas Ferraro marcava encontros com
mulheres da mesma forma que agendava suas reuniões de trabalho. Apenas
assim conseguiria manter tudo sob controle para evitar decepções.

Sua vida perfeitamente programada sofreu mudanças quando um


bebê foi abandonado em seu escritório. Com dúvidas se a criança era sua,
ele escolheu descobrir a verdade antes que aquele acontecimento se
transformasse em um escândalo.

Para os cuidados com o bebê, Nicolas precisaria de uma babá.

Lane Simioni estava perdida. Em busca do seu verdadeiro


propósito de vida, ela tinha trancado a matrícula da faculdade de
Enfermagem sem avisar sua mãe. E, movida pela expectativa de ter novas
experiências, aceitou a oferta de emprego provisória.

Um bebê abandonado.

Uma babá inexperiente.

Um pai sem intenção.

Enquanto Nicolas Ferraro mudava de visão sobre o seu passado


doloroso, aquele acidente se transformava na sua melhor escolha.
Sua Para Proteger: https://amzn.to/3B9sZbp

Sinopse: O que eu mais queria era me redimir, depois das


consequências da minha ilusão amorosa. Comecei pela vida profissional e
me encontrei nas pistas de corrida.

Fazer o certo ia além de agradar os outros. Meus irmãos tinham


suas famílias e estavam felizes com suas escolhas. Eu precisava me permitir
amar novamente e encontrei minha segunda chance em uma festa, indicada
pela mesma pessoa que um dia me fez sofrer.

Rosyh Johnson não me permitiu tornar o momento de luxúria em


algo mais. Sem ter o seu contato, pensei nela enquanto foquei nas corridas e
socializei ao estilo do solteiro Mazzi.

Meu caminho cruzou com o de Rosyh meses depois, em outros


termos. Ela não era mais uma mulher desapegada, que queria apenas
diversão, mas uma grávida retraída. Diferente da nossa primeira vez, eu
insisti e mostrei que era diferente de todos os homens que ela conheceu.

Sua confiança em mim me permitiu que eu a protegesse do seu


passado. Só não imaginava que ser altruísta pudesse colocar em risco a
família que tanto ansiei formar.

Aviso: Sua Para Proteger, livro 4 da Família Sartori, é um volume


único. Por ser com casais diferentes, cada livro da série pode ser lido
separadamente, mas o posterior contém spoilers do anterior.
O Acordo: https://amzn.to/3q2BHDb

Sinopse: Samuel Vitta Dan era um CEO de sucesso na área de


investimentos financeiros. Rígido e intimidante, nas horas vagas, lecionava
empreendedorismo para o último ano do curso de Análise e
Desenvolvimento de Sistemas. Essa atividade extra lhe rendia muito mais do
que satisfação profissional.

Nem todos apreciavam o professor Samuel. Scarllat Mancini não se


adequava em sua família e estava difícil se adaptar aquela metodologia de
ensino. Ela tinha sido julgada desde o seu nascimento e nunca se acostumou
a ter que provar seu potencial, muito além das notas escolares.

Com um diploma na mão e órfã, Scarllat recebeu uma oportunidade


de mostrar sua capacidade, ela iria trabalhar na área de tecnologia da Dan
Financeira.
Novos desafios surgiram quando ela descobriu que o CEO da
empresa era aquele professor odiado. Mesmo que ainda guardasse mágoa,
Samuel estava se tornando um chefe misterioso e irresistível. Para saber
mais daquele homem, Scarllat iria se render a um acordo e descobriria muito
mais do que os segredos do CEO.
Tristan e a Sugar Baby (Amante Secreto): https://amzn.to/33YRBVa

Sinopse: O CEO da Ludwing Motors estava enfrentando


complicações no seu divórcio e, por ser um pai protetor, não queria que sua
filha fosse afetada. Tristan Adams estava decidido a aproveitar seu atual
estado civil se cadastrando em um site de encontros.

Annelise Ortiz ganhou uma bolsa de estudos na faculdade de


Stanford e perdeu o namorado virtual. Ela foi iludida e estava disposta a não
sofrer pelo término do relacionamento. Por impulso, acordou com sua
melhor amiga para serem sugar baby por um dia.

Tristan só queria uma companhia para o evento empresarial, sem


que houvesse complicações posteriores. Annelise esperava uma diversão
inocente com o homem mais velho, não acabar perdendo a virgindade.
Eles não deveriam se encontrar novamente, mas aconteceu muito
mais do que tinha sido planejado. As complicações que rodeavam aquela
relação aumentavam a cada dia. Tristan era o pai da melhor amiga de
Annelise e um final feliz estava longe de acontecer… a não ser que o amor
falasse mais alto.
Contrato com o CEO: https://amzn.to/3nUwZpV

Sinopse: Para Rico Lewis, trabalho se misturava com prazer. Ele


não sabia se relacionar com as mulheres se não fosse baseado no que estava
definido em um contrato. Essa era a forma que encontrou para nunca mais ser
enganado.

A seleção para secretária executiva do CEO da ReLByte era


concorrida. Alice Reis não achava que poderia ser a escolhida, na verdade,
nem queria. Sua confiança estava abalada ao ser humilhada pelo homem que
se dizia seu namorado.

Tudo estava acontecendo ao mesmo tempo e não havia mais nada a


perder. Sem companheiro, sem dinheiro e sem um lugar para morar, Alice
aceitaria qualquer proposta para assumir o controle da sua vida. E ela
conseguiu a vaga. Por impulso, assinou o contrato e aceitou as consequências
de ser a realização do fetiche CEO e secretária.

Ela nunca tinha sido tocada daquele jeito. Senhor Lewis não queria
sentir o coração acelerar novamente. Era a iminência de um desastre, mas
eles ignorariam qualquer emoção para se protegerem de uma nova decepção.
Valentine (Tríade Moto Clube – Livro 1): https://amzn.to/3aq5yib

Sinopse: O Doutor Brian Powell, ou Doc como era conhecido pelos


amigos, acompanhava de perto o sofrimento do presidente do Selvagem
Moto Clube devido a uma grave doença. A morte se aproximava e a
sucessão do seu legado estava gerando uma grande disputa.

⠀ John Savage nunca quis que a família se envolvesse com seus


negócios, mas sua filha Valentine estava disposta a lutar pelo cargo que lhe
era de direito. Ninguém a conhecia o suficiente para dar apoio, no entanto
isso não a desmotivaria a alcançar seu objetivo.

⠀ O primeiro contato que Valentine teve com um dos membros do


Moto Clube foi explosivo, mas Doc estava determinado a ser um aliado,
além de um bom amante. Ele já a queria muito antes mesmo de a ver pela
primeira vez.

⠀ Entre atentados e preconceito, Doc e Valentine terão que lutar


para preservar a paz do Selvagem e não se perderem entre as armadilhas
causadas pela superproteção.
Sempre Minha (Família Mazzi Sartori - Livro 3):
https://amzn.to/3gumRm3

Sinopse: A ideia de tê-la era tão dolorida quanto a de afastá-la de


mim.

Fiz mal a pessoa que amava em segredo. A única que eu deveria


proteger acabou sendo vítima dos meus desejos. Izabel Mazzi estava
comemorando seus vinte e um anos quando me pediu um beijo e eu lhe dei
meu coração.

Eu não a merecia. Nossa diferença de idade e a forma como tudo


aconteceu naquela festa me impediam de ter uma conversa franca e assumir o
meu erro. A culpa me corroía e por seis anos eu a afastei.

Mas ela tinha outros planos. Além de assumir os negócios da


família, Izzi estava disposta a destruir a barreira que construí para que não
se aproximasse. Ela merecia mais do que aquele momento descuidado que
proporcionei.

Não me achava digno daquele anjo, mas não consegui aceitar outro
homem em sua vida, nem mesmo sendo um Sartori. E, para comprovar isso,
eu teria que esclarecer o mal-entendido do passado e assumir que Izabel
Mazzi sempre foi minha.

Escrito em parceria por Jéssica Macedo e Mari Sales.


Comprada por Raphael: https://amzn.to/3atzIS1

Sinopse: O misterioso dono do Pub dos Fetiches foi influenciado


por seu parceiro de negócios a comprar uma virgem no Site Secreto. Liberto
de pudores, essa deveria ser apenas uma noite dentre tantas outras que
compartilharia uma companhia.

Tyr, como Raphael Kuhn era conhecido, ficou encantado pela


mulher que adentrou o seu camarote. Ela era bem mais nova do que ele,
inocente, mas não perdia uma oportunidade de o provocar. Querendo saber
os limites da virgem que havia comprado, Raphael estava disposto a ter mais
uma noite com essa mulher.

Hannah Braun tinha apenas um objetivo na vida, cuidar da sua Oma,


que a criou e lhe deu amor. Com sua avó enfrentando sérios problemas de
saúde e as contas atrasadas, em um momento de desespero, Hannah fez o
impensável e aceitou a proposta indecente do Site Secreto, e acabou se
entregando de corpo e alma para o momento de luxúria. Se o seu destino era
aquele, que aproveitasse a jornada antes que a ilusão acabasse.

ATENÇÃO! Essa história contém cenas impróprias para menores


de dezoito anos. Contém gatilhos, palavras de baixo calão e conduta
inadequada de personagens.
A Virgem e o Lutador: Meu Protetor: https://amzn.to/32xfzWL

Sinopse: Deveria ser mais um trabalho para o agente secreto Adam


Soares. Disfarçado de lutador, para prender o chefe de uma quadrilha
perigosa, ele não esperava que seu inimigo tivesse uma filha refém de
crueldades, ou que ela desviaria sua atenção do foco principal.

Carina Andrade vivia um dia de cada vez. Responsável pela


limpeza da academia do pai, tentava passar despercebida pelos homens que
a rodeavam. Mas um deles a viu, em seu pior momento, e parecia disposto a
tirá-la do seu sofrimento.

Para que o romance entre Adam e Carina acontecesse, eles teriam


um alto preço a pagar. Restava saber se existiria vida a dois após o
encerramento da investigação.
ATENÇÃO! Essa história contém cenas impróprias para menores
de dezoito anos. Contém gatilhos, palavras de baixo calão e conduta
inadequada de personagens.
O Segredo do Milionário: https://amzn.to/2MpBYAR

Sinopse: Ícaro Duarte estava disposto a concluir o maior sonho da


sua falecida mãe, mesmo que contrariasse as ordens do seu pai. Colocou a
mão na massa e foi para a cidade em que nunca pensou que voltaria a pôr os
pés. Não seria uma viagem rápida, mesmo assim ele não estava disposto a
criar raízes.

A construção de Elias Duarte, abandonada por anos, era conhecida


por toda Dualópis. Quando uma empreiteira resolveu assumir a conclusão da
obra, as histórias que cercavam a família começaram a ser desenterradas.

Natália Costa regressou para a casa da sua mãe depois de concluir


a faculdade e se viu desempregada. Vizinha da mais famosa construção
abandonada da cidade, ela relembrou seus tempos de menina subindo no pé
de seriguela e acompanhando o trabalho dos pedreiros.

Ícaro e Natália se apresentaram, se conheceram e descobriram que


tinham muito mais em comum do que o segredo que os pais escondiam deles.
Para que pudessem ter uma segunda chance, alguns amores precisavam
repetir por gerações até que encontrassem a redenção.
Sua Para Sempre (Família Sartori - Livro 2): https://amzn.to/2MdeX48

Sinopse : A irreverência e alegria eram minhas marcas registradas.


Já tinha sido julgado por minhas escolhas, mas nada me abalava, eu estava
em meu melhor momento.

CEO da ERW, a marca de roupas referência no mercado, eu tinha


em minha equipe a melhor estilista. Joan era, além de excepcional, minha
melhor amiga desde o colégio.

Dedicada e, por muitas vezes, solitária, ela atendia as exigências da


supervisora e me acompanhava nas excentricidades.

Por mais que eu tivesse mulheres para me satisfazer e eu


aproveitava todos os momentos, era com Joan que me sentia realizado. A
dependência dela era justificada pela conexão que criamos há anos.
Então, o meu bom momento estava prestes a se tornar caótico
quando foi necessária a presença do meu irmão Ryder. A amizade que tanto
prezei com Joan estava se transformando e, para manter o meu sorriso de
sempre estampado, eu precisaria tomar uma importante decisão. Restava
saber se estava pronto para lidar com as consequências.
As Confusões de Jesse Louis: https://amzn.to/3qOI3VM

Sinopse: Ir de penetra em um baile de carnaval, que Jesse Louis


tinha sido proibida de aparecer, deveria proporcionar histórias divertidas.
Nove meses depois, ela estava com um filho no colo sem a paternidade
reconhecida, um irmão superprotetor implicando com suas escolhas e uma
loja de doces para cuidar.

Igor era um homem que escondia suas origens. Ele preferia cuidar
de um escritório de investigação particular com seu melhor amigo do que
viver no luxo ofertado pela sua família. Ninguém precisava saber que ele
tinha outras motivações para estar próximo dos irmãos Louis.

Jesse e Igor tinham um relacionamento amigável e distante, até o


momento em que ela decide ir atrás do pai do seu bebê.

Deveria ser uma ação simples, mas tudo o que envolvia a doceira
se transformava em uma grande confusão. E, daquela vez, teve uma pitada de
fraldas sujas, intimidações e um homem protetor para ser só dela.
Decisão Perfeita: https://amzn.to/2WgcK9n

Sinopse: Pedro Montenegro perdeu a esposa e a esperança de ter


uma família ideal. CEO do Grupo Montenegro, deixou o comando com seus
diretores para estar mais próximo do seu filho recém-nascido.

Quando ele retornou ao trabalho, começou a descobrir que sua


esposa guardava segredos. O mais surpreendente de todos bateu à porta e
queria se relacionar com o seu filho: uma cunhada desconhecida.

Depois que sua querida meia-irmã faleceu, Adriana só pensava em


conhecer o sobrinho. Humilde e determinada, ela escolheu se aproximar do
viúvo rabugento, apesar do desgaste emocional. Pedro só queria proteger o
filho, mesmo que Adriana tivesse boas intenções e não houvesse o que temer.
O primeiro contato entre os dois não tinha sido nada amistoso.
Quanto mais Pedro descobria que o interesse de Adriana pelo seu filho era
genuíno, mais ela conseguia entrar na vida dos dois, alcançando também seu
coração.

Influenciado pelas revelações sobre o passado da falecida esposa,


Pedro tomaria a decisão mais importante da sua vida, que afetaria não só seu
filho, mas o amor que descobriu sentir por Adriana.
Sua Por Obrigação (Família Sartori – Livro 1): https://amzn.to/37onw2l

Sinopse: Fui desafiado a provar o quanto era bom no poker e


ganhei uma mulher onze anos mais jovem do que eu. Mesmo que fosse
apenas uma provocação, fui inconsequente e segui até o fim naquele jogo.
Deveria imaginar que não era apenas um local estranho para se fazer
apostas. ⠀

O juiz Marcelo Sartori tinha a posse de uma mulher! ⠀

O ódio pelos bandidos só aumentava. Ao invés de abandonar


Mercedes Smith a própria sorte, eu iria protegê-la. ⠀

Enquanto estivesse me esforçando para colocar atrás das grades


uma quadrilha de jogos ilegais, ofereceria meu sobrenome para Mercedes.
Um contrato de casamento, a proteção ideal para que ninguém ousasse tocá-
la.

Seria simples, se não fosse a atração que comecei a sentir,


mesclada a culpa de estar obrigando-a a ser minha. Não me importava com o
papel dado pela casa de jogos ilegal, eu deveria seguir a lei e não me deixar
corromper.

Pouco tempo foi necessário para que o desejo tomasse conta. Não
consegui mais focar apenas no grande plano, meu coração estava envolvido
demais para desapegar.

Ela não seria minha por obrigação, mas por sua própria vontade.
Cedendo à Paixão: https://amzn.to/3kpvtd8

Sinopse: Quando o grande empresário Bernardo Camargo cruzou


com Alícia em um supermercado, não esperava que a mulher fosse mais do
que uma coincidência. Ambos estavam tendo um péssimo dia, o desabafo
sobre seus tormentos foi involuntário, afinal, eles eram estranhos que nunca
mais se cruzariam.

Bernardo lutava para esquecer o passado que o marcou.

Alícia estava disposta a renunciar sua própria felicidade para ser


uma boa mãe para seus filhos.

Um momento não deveria definir um relacionamento, muito menos


abrir a brecha para que a vida amorosa de Alícia voltasse a ativa. Bernardo
queria ser visto além do homem poderoso em um terno e estava disposto a
ter mais do que apenas em um encontro casual com aquela mulher.

Restava saber se a paixão avassaladora entre os dois seria o


suficiente para superar tantos segredos.
A Filha Virgem do Meu Inimigo: https://amzn.to/2DwGGYZ

Sinopse: Antonio “Bulldog” era conhecido na cidade por seu


temperamento explosivo e trabalho árduo na presidência da AMontreal. Com
um histórico familiar de traumas com mulheres, ele era um homem solitário
que se apegava apenas ao seu ofício.

Nada o deixava mais irritado do que lidar com o seu rival, o


candidato a prefeito Ivan Klein. Ele estava ausente da cidade há muito
tempo, mas voltou para destruir com a AMontreal e ser o chefe maior de
Jargão do Sul.
Bulldog estava pronto para defender seus protegidos do ambicioso
político, mas ele não contava com a presença da filha do seu inimigo.
Deborah não só tinha quinze anos a menos do que ele, mas era uma mulher
doce, de sorriso contagiante e que tentava influenciar as pessoas, de forma
positiva, a favor do seu pai.

Ninguém disse que o destino jogava limpo. Ele não só unia pessoas
de lados opostos a uma guerra, mas confrontava segredos e revelava a
verdadeira face das pessoas. Cabia a Bulldog e Deborah escutarem seus
corações e não caírem na armadilha da ganância alheia.
Box – Quarteto de Noivos: https://amzn.to/2JQePU2

Sinopse: Essa é a história de quatro primos solteiros que encontram


o amor. Coincidência ou não, o movimento para que eles se permitissem
amar iniciou com a matriarca da família, avó Cida, em uma reunião de
família. Ela mostrou, sem papas na língua, o quanto eles estariam perdendo
se buscassem apenas relacionamentos vazios.

O que era para ser um encontro casual se tornou em uma grande


história sobre a próxima geração da família Saad.

Nenhuma das mulheres que se envolveram com o quarteto de primos


era convencional. Quem as visse de longe, julgariam suas escolhas ou
mesmo se afastariam.

Fred, Guido, Bastien e Leo aceitaram o ponto de vista da avó de


forma inconsciente, mas se apaixonaram por completo com a razão e o
coração em sintonia.

Envolva-se com as quatro histórias e se permita olhar para a família


Saad de uma forma completamente diferente.

Obs: Esse BOX contém:

1- Enlace Improvável

2- Enlace Impossível

3 - Enlace Incerto

4 - Enlace Indecente

Epílogo Bônus
BOX – Família Valentini: https://amzn.to/2RWtizX

Sinopse: Esse e-book contém os seis livros da série família


Valentini:

1 - Benjamin

2 - Carlos Eduardo

3 - Arthur

4 - Antonio
5 - Vinicius

6 – Rodrigo

1 - Benjamin – sinopse: Marcados por uma tragédia em sua


infância, os irmãos Valentini estão afastados há muito tempo uns dos outros.
Benjamin, o irmão mais velho, precisou sofrer uma desilusão para saber que
a família era o pilar de tudo e que precisava unir todos novamente.

Embora a tarefa parecesse difícil, ele encontra uma aliada para essa
missão, a jovem Rayanne, uma mulher insegura, desempregada e apaixonada
por livros, que foi contratada para organizar a biblioteca da mansão e
encontrar os diários secretos da matriarca da família.

Em meio a tantos mistérios e segredos, o amor familiar parece se


renovar tanto quanto o amor entre um homem e uma mulher de mundos tão
distintos.
Box Flores e Tatuagens: https://amzn.to/2LLjA4D

Sinopse: Eles eram ricos, intensos e poderosos em seus ternos e


tatuagens.

O CEO Tatuado Erik se apaixonou pela irmã do seu tatuador.


Orquídea fugia de um passado que a atormentava.

O Executivo Tatuado San Marino encontrou a estrela que brilharia


na sua vida. Daisy tentava escapar de um relacionamento abusivo com um
homem perigoso.

O Chefe Tatuado Dário era protetor e não hesitou em agir quando


conheceu a mãe de Enzo Gabriel. Gardênia fugia do pai do seu filho e de
uma vida submissa.

O Sócio Tatuado Laerte Azevedo era o vilão. Ele estava disposto a


contar a sua versão da história, mesmo que soubesse que não era digno de
perdão. Jasmim foi vítima da crueldade da família Azevedo e estava
disposta a superar seus medos.

Quatro casais, quatro histórias. Eles estavam dispostos a reconstruir


suas almas com o mais belo dos sentimentos, o amor.

ATENÇÃO! Essa história contém cenas impróprias para menores


de dezoito anos. Contém gatilhos, palavras de baixo calão e conduta
inadequada de personagens. ⠀
Vendida Para Bryan (Clube Secreto): https://amzn.to/2VTZTKb

Sinopse: Proprietário do Paradise Resort nas Ilhas Maldivas, Bryan


Maldonado construiu seu patrimônio com dedicação na administração de sua
herança. Além do sucesso profissional, ele explorava sua sexualidade ao
extremo. Sem compromisso ou paixões que durassem mais que uma noite,
Bryan era racional e sabia como lidar com as mulheres, tomando o que ele
queria e dando a elas o que necessitavam.

Convidado para participar do exclusivo Clube Secreto, ele estava


disposto a investir altas quantias para experimentar uma nova forma de sentir
prazer. Ao descobrir que se tratava de um leilão de mulheres, percebeu que
estava além do seu limite, ele tinha princípios. Todavia, não conseguiria ir
embora sem tentar salvar pelo menos uma delas.

Valkyria não sabia o que tinha acontecido com ela até acordar em
um quarto desconhecido. Até que chegasse nas mãos de Bryan, ela conheceu
o pior do ser humano, ela não sabia o que tinha feito para merecer tanto.

Ele não era um salvador, muito menos um príncipe, Bryan estava


mais para o perfeito representante do deus Afrodite.

Disposto a libertá-la, a última coisa que ela queria era rever


aqueles que poderiam ser os causadores da sua desgraça. E, enquanto ela
não decidia o que fazer da sua vida, tornou-se parte da rotina de Bryan,
conheceu seus gostos, experimentou suas habilidades e tentou não se
apaixonar pela melhor versão de homem que já conheceu.

O único problema era que Bryan tinha limitações e Valkyria parecia


disposta a ultrapassar todas elas antes que seu tempo com ele terminasse.

ATENÇÃO! Essa história contém cenas impróprias para menores


de dezoito anos. Contém gatilhos, palavras de baixo calão e conduta
inadequada de personagens.
Scorn: e a inevitável conexão (Série Dark Wings – Livro 02):
https://amzn.to/2YZfb0O

Sinopse: Scorn era um dos líderes vampiros do Dark Wings Moto


Clube. Apreciava sua imortalidade impondo seu poder enquanto degustava
as variedades de tipos sanguíneos de mulheres. Insensível e meticuloso,
Scorn acreditava que sabia de tudo e sobre todos. Sua maior frustração era
não ter impedido que seu irmão Trevor se unisse a Diana e gerassem o bebê
proibido, Thomy. Ele desprezava aquela criança.

Shantal Davis foi criada por caçadores, para ser a mulher do


inabalável Mestre Isaac. Alienada sobre o mundo que a cercava, ela não
imaginava que o homem que conheceu na madrugada deveria ser seu maior
inimigo. Sedutor e com o poder de deixar suas pernas bambas, ela cedeu a
todos os seus caprichos enquanto descobria seu verdadeiro propósito no
mundo.

Scorn estava na direção contrária de suas convicções. Shantal


acreditava que todos mereciam uma segunda chance.

Um novo bebê estava a caminho, fazendo com que o mais cruel dos
vampiros voltasse a sentir. Restava saber se era tarde demais para Scorn
assumir a inevitável conexão com a mãe da sua filha.
Thorent (Feitiço do Coração): https://amzn.to/3fVjxhA

Sinopse: Insensível e manipulador, Thorent era um bruxo de raio


aliado as forças das trevas. Estando em desvantagem na Dimensão Mágica
após o fim da guerra, ele se viu obrigado a viver entre os humanos. O CEO
da TMoore Tecnology era temido, mas não o suficiente para ser confrontado
com a nova rainha bruxa. Ele não iria se submeter as suas leis e, como
castigo, teve seus poderes retirados até que aprendesse a amar. ⠀

Como poderia um bruxo sem sentimentos se apaixonar? Thorent


havia trancado o seu coração e queimado a chave há muito tempo, junto com
seus amigos Bastiaan e Áthila. ⠀
Sem a magia que mantinha a empresa protegida, ataques
cibernéticos começaram a acontecer. Irritado e tão humano quanto a maioria
dos seus colaboradores, Thorent estava em busca de se vingar de quem se
aproveitou da sua vulnerabilidade. ⠀

Nayara morava na mesma casa em que acontecia o mais agressivo


dos ataques virtuais. Vítima da raiva do bruxo sem poder, ela teve a sua vida
bagunçada ao se deparar com um universo desconhecido. Não estava nos
planos se apaixonar por tamanha arrogância, mas era inevitável entregar seu
coração para alguém que parecia não ter um. Restava saber se esse
sacrifício seria o suficiente para sobreviver a Thorent Moore. ⠀ :
Operação CEO: https://amzn.to/2Chlamo

Sinopse: Sabrina é uma profissional da área de TI que está tentando


sobreviver aos trinta dias de férias repentinas do seu chefe setorial. Sua
primeira atividade será ajudar o mais novo CEO da empresa, que possui um
sotaque irresistível e olhos hipnotizantes.

Enrico Zanetti assumiu a posição de CEO de forma repentina,


depois que seu pai foi afastado por causa de um infarto. Em poucos dias de
presidência descobriu que a empresa possui um rombo em suas finanças, e
agora está disposto a encontrar o responsável a qualquer custo.

Com a ajuda do setor de TI, Enrico descobrirá não só o responsável


pelas falcatruas em sua empresa, mas também uma mulher competente,
destemida e que, aos poucos, despertará seus sentimentos mais profundos e
nem um pouco profissionais.
No meio dessa complexa investigação, Enrico e Sabrina
descobrirão afinidades, traição e amor.
Vicenzo: https://amzn.to/2Qrcgv5

Sinopse: Uma mulher enganada conseguiria confiar em outro


homem para estar ao seu lado?

Júlia passou de mulher sedutora a mãe solo insegura quando


descobriu a traição do companheiro e se viu sozinha para cuidar de uma
criança não planejada. Apesar das dificuldades, ela não desistiria, porque
Pedro havia se tornado sua razão de viver.

Ao mudar-se de apartamento para economizar, ela não sabia que sua


vida mudaria tanto quanto a de todos ao seu redor. Estar sob a proteção da
Irmandade Horus, mais precisamente de Vicenzo Rizzo, era recobrar sua
confiança, seu lado mulher e independência.
Enquanto Júlia lutava contra a atração e dedicação de Vicenzo, ele
encontrava maneiras de expor seus segredos para a mulher que não merecia
ter nenhuma mentira no seu caminho. O que era para ser apenas um acordo
entre adultos se tornou em uma nova chance para o amor.
James Blat: https://amzn.to/2ttZHG8

Sinopse: O dono da JB Notícias estava no auge da sua carreira com


a compra da MB News. Certo de que nada poderia atrapalhar o período de
transição da união dessas duas empresas, James Blat não imaginou que uma
mulher sincera ao extremo poderia cruzar seu caminho na festa de
confraternização. Flaviane era uma colaboradora, se envolver
emocionalmente não deveria estar em seus planos, por mais que ela havia
anunciado que estava cumprindo aviso prévio.

O que deveria ser apenas um momento de desabafo se tornou em


uma conexão intensa que marcou ambos. Flaviane escolheu fugir, encerrou o
vínculo de uma vez com a MB News apenas para não cruzar com aquele
homem que mexeu demais com sua cabeça e coração.
Ele fingia não se importar com o que aconteceu, ela manteve
distância do seu passado na antiga empresa. No momento que eles ignoraram
o sentimento poderoso que os uniram, a vida tratou de criar um vínculo que
nunca poderia ser quebrado.

Uma frustração profissional, um filho inesperado e familiares com


atitudes duvidosas fizeram com que James Blat e Flaviane fossem obrigados
a se olharem, porém, reconhecer que aquela noite significou muito mais do
que suas consequências poderia ser o início de uma grande batalha.
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Sinopse: Anderson Medina, dono da Meds Cosméticos, não


conseguia descansar por conta de problemas no trabalho e o término do seu
noivado. Frustrado, ele toma um porre e logo em seguida vai atrás de
remédios em uma drogaria para dormir.

Acostumado a comprar tudo e todos, ele se surpreendeu quando a


farmacêutica Gabriela o ajudou em um momento humilhante sem pedir nada
em troca. Ela não queria seu dinheiro.

Como Anderson não conseguia tirar Gabriela da cabeça e tinha um


enorme problema de marketing nas mãos, voltou para a drogaria em busca de
resolver suas pendências com um contrato de casamento. Ele buscava não
perder mais dinheiro e também se vingar da sua ex-noiva.
Gabs tentou fazer sua parte sem se envolver emocionalmente, mas
não conseguiu controlar os sentimentos que eram singelamente retribuídos
pelo CEO que não acreditava que o amor vinha de graça.
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Sinopse: Nem sempre a vida de Murilo Antunes foi assim. Sua


família agora era apenas ele e sua filha de cinco anos, que cuidava com
muito carinho e proteção. Ele não deixaria que o abandono da mãe afetasse a
criança que não tinha culpa pelas escolhas maternas.

Ele seria autossuficiente.

Ter uma rotina agitada como advogado e sensei, era quase certeza
de que Murilo deixaria algo passar. O olhar observador e quase triste de Iara
chamou atenção de Maria Augusta, professora de balé e curiosa de plantão.
Envolvidos em uma competição de Judô, em plena comemoração da escola
do Dia dos Pais, Guta e Murilo se veem envolvidos através de Iara.

Primeiro ela se apaixonou pela criança e depois, sem perceber, já


estava completamente admirada por esse pai dedicado e amoroso.
Será que Murilo daria brecha para a aproximação dela? Não
importava a resposta, uma vez que Guta estava disposta a tudo por conta da
forte conexão que sentiu por eles.

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