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MILLENA DE JESUS BRANDÃO

RESENHA CRÍTICA DO LIVRO “O MAL-ESTAR NA CIVILIZAÇÃO” DE SIGMUND


FREUD”

Trabalho de graduação
apresentado à disciplina de
Fundamentos da Psicanálise
do curso de psicologia da
Universidade Tuiuti orientado
por Iara Raittz. Turno: noite.
Turma: A.

CURITIBA
2023
Em seu livro “o mal-estar da civilização”, Freud busca as razões principais
que causam o sentimento de culpa, angústia e tristeza no ser humano, e além
desses sentimentos ele exemplifica também quais seriam as razões do sentimento
de insuficiência que a vida traz regularmente à população.
Em primeiro plano, Freud fala sobre como nós temos a tendência de fugir de
nosso sofrimento, mas estamos sempre buscando pelo prazer, porém esses dois
fatores não são excludentes, ou seja, a maioria das formas ou coisas/pessoas que
queremos pode vir a nos trazer dor no futuro, e com as alegações de Freud
tentando exemplificar várias formas de buscar esse prazer sem passar pela dor,
mostra ao meu ver que é quase impossível fugir do sofrimento. Além disso, existe
um fator que seria prazer no desprazer, uma forma que apesar de punitiva nos
gratifica de alguma forma, mostrando mais uma vez a dificuldade de fugirmos da
dor.
E como seria possível chegar à felicidade? Bem, a nossa constante busca a
partir do princípio do prazer tem uma certa ordem, nós seres humanos somos seres
insatisfeitos por natureza, não de um modo todo ruim, por exemplo, quando temos a
vontade de comprar muito um objeto e finalmente conseguimos, a sensação de
prazer não será “suficientemente boa”, e graças a isso iremos mudar o nosso foco
para outra coisa ou pessoa que possa nos trazer a sensação de prazer, e isso
apesar de ter uma parte de insatisfação sempre nos faz buscar por mais, querer
mais, nos movimentar na vida que estamos construindo, o que para mim é parte do
conceito de pulsão de vida.
Após o contexto de felicidade, Freud entra na conceito de felicidade em torno
a nossa cultura e ele demonstra como ela foi criada em um sentido de trazer
segurança e desenvolvimento, porém com essa segurança nossos instintos e libido
(vontades) são julgados pelos elementos que formaram a nossa cultura em primeiro
lugar, e como esse julgamento não é feito pela população ou pela cultura em si, pois
muitas vezes por saber o mundo em que vivemos nossos desejos não são nem
mesmo realizados, mas apenas a ideia, querer algo que não é correto para
sociedade nos traz o sentimento de culpa e nos retrai. E a partir disso, nossos
desejos e vontades são internalizados e julgados com uma frequência grande por
nós mesmos, fazendo com que soframos sem nem mesmo ter agido, causando
angústia, tristeza, entre outros sentimentos, e desses conceitos vem a pulsão de
morte, que utilizamos nós mesmo para destruição, tanto dos desejos quanto de nós
mesmos.
Freud cita também a possibilidade de retroceder no tempo, e qual seria a
possibilidade de existir a felicidade sem a existência de uma civilização, porém sem
isso, a humanidade nunca teria sido capaz melhorar sua própria existência,
trazendo a saúde e segurança, e querendo ou não a possibilidade de ter coisas que
só foram atribuídas o valor após a civilização ser criada, ao meu ver, tanto nos
tempos antigos como nos novos, não é possível ter uma existência plenamente feliz
o tempo todo e com a suficiência que buscamos incansavelmente.
Após finalizar a leitura refleti por um tempo e percebi que sim, a felicidade
não é algo imovel que iremos alcançar depois de diversas tentativas, como se fosse
algo que durará para sempre, a mesma coisa para o prazer, entretanto são essas
particularidades sobre a cultura, o amor, a família, a libido, a pulsão de vida que
fazem com que nós tenhamos um objetivo, uma rotatividade digamos assim. Claro
que algumas vezes todos iremos desejar a completitude máxima, a felicidade
máxima, mas se conseguíssemos seria mesmo tudo que imaginamos por tanto
tempo? Na minha opinião ela só serviria para demonstrar como é chato sentir
vontade ou falta de alguma coisa ou pessoa, a necessidade não é nada menos do
que vontade de viver.

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